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GUARDA COSTAS

CAPÍTULO UM: A AMEAÇA.

Ele me puxa para um abraço apertado, e seus olhos se fixam nos meus.

- Eu -Eu quero...

Ele se inclina até nossos lábios se roçarem de leve, dando um frio na minha espinha. Olho
diretamente nos olhos dele e respiro fundo, ciente de que minha resposta vai mudar tudo
entre nós.

Mas antes que eu possa admitir o que não sai da minha cabeça desde que o conheci, uma
voz diferente e conhecida me gela profundamente.

- O que está acontecendo aqui? - Dez dias atrás...

Embora ser esposa de um senador tenha suas vantagens, as desvantagens são muito
maiores. Cada momento da minha vida é planejado e examinado, todas as minhas decisões
são ignoradas.

- Bom dia, Jessica. - Eu lanço um sorriso largo para a recepcionista, que parece quase surpresa
ao me ver.

Suas bochechas estão vermelhas e sua boca permanece aberta até as portas do elevador se
fecharem entre nós. Assim que chego ao terceiro andar, entro direto no escritório do Eli e olho
no meu relógio. Abro a boca para anunciar a minha chegada, mas o que vejo diante a mim me
deixa travada. Ele está com outra mulher, ela está meio sentada na beira da mesa, de frente
para o meu marido.

Quando noto as mãos dela se esfregando entre as pernas dele, não demoro muito para
entender o que está acontecendo. Observo, com um fascínio pouco disfarçado, a mulher em
questão dando em do meu marido na cadeira do escritório. Os lábios rachados do Eli estão
beijando o ombro exposto dela enquanto a cabeça se joga para trás e os olhos dela se fecham
de prazer. Ela geme alto quando a mão dele começa a subir pela sua coxa.

Eles estão tão envolvidos que nem perceberam que eu estava parada na porta. Assim que
ele começa a deslizar pela calcinha, eu limpo a minha garganta.

- Eli, você está pronto pra ir?

- Inês! - Eli imediatamente ser levanta, o que faz com que Lana caia no chão.

- Ai! - Não demora muito para ela voltar a ficar de pé, e seus olhos se arregalarem quando ela
percebe a minha presença.

- Sra. Nelson!

- Que bom te ver de novo! - Eu aceno em sua direção.


- Lexa.

- Ah, na verdade e Lana, senhora. Mas chegou bem perto! Uau você e linda Sra. Nelson. - Lana
ajeita a blusa pois seu sutiã estava a mostra.

- Me esqueci que você vinha, querida. Eu nem vi o tempo passar. Temos aquela...?

– A entrevista com a National News, chefe. - Eli lança um sorriso e ela fica vermelha.

- O que exatamente te deixou tão ocupado querido?

- Ah, sabe, o de costume. Ultimamente eu tenho mergulhado em uma papelada.]

- Claro. E o que a Lexa estava fazendo aqui?

- A Sra. Hale estava apenas me ajudando.

– Achei! - Lana se abaixa e pega algo do chão. - Achei o meu brinco! Eu sabia que tinha
perdido aqui ontem.

- Oh, pronto.

- Lexa querida, isso e um grão de arroz do almoço que eu preparei para o meu marido? Ele e
uma criança comendo, tendo certeza de que tem mais da onde este veio. - Eli estreita os olhos
na minha direção, e o rosto de Lana se aquece de vergonha.

- Nossa, acho que você tem razão. Ele deve estar aqui em algum lugar. - Eu resisto ao desejo de
revirar os olhos.

- Talvez ele tenha caído perto da porta?

- Tem razão! Vou ter que checar lá. Eu deveria voltar ao trabalho. Não quero ocupar mais do
seu tempo. Me avisa se você precisar de alguma coisa, Sr. Nelson?

- Obrigado, Lana.

- Ah! Antes de eu ir, aqui estão suas cartas, chefe! - Lana coloca uma pilha de cartas na mesa
de Eli e depois corre rapidamente pela porta.

- Isso era realmente necessário?

- Não, acho que não. Ninguém nunca te disse para não dormir com seus empregados? Que
falta de profissionalismo. - Eli revira os olhos e muda de assunto.

- Você analisou as respostas que eu te passei pra entrevista? Deixei uma lista no balcão da
cozinha.

- Eu olhei a lista, sim.

- E?

- Acho que você ia preferir que eu focasse em silencio. Uma boa esposa deve ser vista e não
ouvida. Não é querido? - Eli olha para mim.

- Eu realmente tirei sorte grande de me casar com você, né? Sempre tão obediente e
confiável.

- Eu procuro agradar. - Eli pega a pilha de cartas da mesa.


- A gente devia ir andando.

- Só me deixa ver essas cartas, depois a gente pode ir. - Eli joga várias cartas no lixo, sem
sequer dar uma segunda olhada. Quando chega a um envelope sem rotulo, ele faz uma pausa.

- Eli, a gente não tempo para isso.

- Para de incomodar, tá? - Ele abre a carta e desdobra o papel dentro dela, lendo o conteúdo
com atenção. Seu rosto fica branco e ele me olha com medo. - A entrevista está cancelada.
Você precisa ir embora. Agora.

- Como?

- Não discuta comigo, Inês! Va direto para casa, tenho que resolver uma coisa.

Contra a minha vontade, eu dou atenção a Eli e volto para casa. Já se passaram horas desde
que cheguei em casa, e ainda nem sinal de Eli. Falei com a National News e expliquei que a
gente precisava remarcar – dizer que eles não ficaram felizes com isso seria um eufemismo.
Fico no sofá pensando no que vi mais cedo, quando um olhar de determinação cruza o meu
rosto. Eli entra pela porta... e a deixa aberta por algum motivo.

- Tá tudo bem?

- Não exatamente.

- Eli?

- Tem alguém que eu gostaria que você conhecesse. Esse é o Warren Garcia. Ele é um ex-
membro das forças especiais e é o homem mais importante da minha equipe de segurança. -
Entra um homem forte e imponente, com um queixo afiado e uma expressão também afiada.
Seu rosto é sério, mas seus olhos são penetrantes.

- Certo...Por que ele está na nossa casa, Eli?

- O Warren vai ser seu guarda-costas pessoal.

- Meu guarda-costas pessoal? Mas que merda tá acontecendo?

- Eu recebi essa carta hoje. - Eli me entrega um envelope e eu o abro. Dentro dele, há uma
carata bem datilografada e um punhado de fotos. Eu tremo quando percebo que as fotos são
minhas numa loja, na rua e até mesmo dormindo no nosso sofá.

- O que e isso, Eli?

- Leia a carta.

CARTA

Caro Sr. Nelson...

Aqui está a prova de que não só sabemos onde ela está o tempo todo... como também de que
podemos entrar em sua casa sem você saber. Se você não desistir da sua campanha, os dias da
sua esposa estarão contados. Não diga que não avisamos.

- O que e isso?! Isso e algum tipo de pegadinha doentia?


- Não é nada pra se preocupar muito.

- Nada para me preocupar? Eli tem uma foto minha dormindo no sofá! Eles entraram na casa
enquanto eu tirava uma soneca! Como não vou me preocupar com isso?! - Os olhos do guarda-
costas piscam para mim, mas ele permanece quieto.

- Sério, essas coisas acontecem o tempo todo. A maioria dos senadores e membros de alto
escalão do Congresso já está acostumada receber ameaças de morte. Recebem elas
diariamente.

- Então, por que o guarda-costas? - Eli encolhe os ombros.

- Eu pareceria um idiota se não levasse elas um pouco a sério. Especialmente porque a carta
vazou ao público. - Dou uma suspirada.

- O quê?! Como?! - Eli olha o relógio, com uma expressão entediada no rosto.

- Eu tive que contar pra National News por que a gente cancelou a entrevista em cima da hora.
- Eu olho para ele em choque.

- Me diz que tem uma explicação sensata pra isso.

- Claro que tem. Eu não sou burro. Essas pessoas são como abutres. Eu precisava dar algo a
eles, senão nunca teriam concordado em remarcar. - Ele não parece perceber o que fez.

- Eli, eu já tinha remarcado! Eu tinha resolvido tudo! E se você só me colocou em mais perigo
ainda? Minha vida significa tão pouco para você?

- Nossa. - Eli ri, e seus olhos desdém me controlam.

- Não tem por que ser tão dramática o tempo todo, querida.

- E se eu não quiser um guarda-costas?

- Eu não me importo com o que você quer. Eu sou o seu marido. O que eu digo é o que
importa.

- Você é ridículo falando assim. Isso e um casamento, não uma ditadura.

- Independente disso, é assim que vai ser até que o assunto seja resolvido. Partir de amanhã, o
Warren vai observar todos os seus movimentos. Ele vai me informar qualquer coisa suspeita.

- Como uma babá de fachada, então? - Eli ri.

- Se você quiser ver dessa forma, então sim. Enquanto ele estiver com você, não tem com o
que se preocupar. Eu tenho que voltar ao trabalho agora.

- Eli, eu quero o divórcio.

- Agora não, Inês. - E com essas palavras, ele sai voando e sai pela porta. Eu olho pro estranho
que fica parado em silencio. Tento ignorar o tamanho absurdo de seus músculos e olho para
outro lugar, menos para o seu... tronco interior.

- É Warren, né?

- Sim, senhora.
- Bom, Warren... Acho que você e eu vamos nos divertir muito. - A única resposta que recebo
é um aceno de cabeça.

Na manhã seguinte, minha nova sombra me segue por toda parte.

- Se você vai andar tão perto de mim, o mínimo que pode fazer e conversar comigo. Senão,
você só parece psicopata me seguindo.

- Sim, senhora.

- Você é sempre tão quieto? Ou sou eu que faço esse seu lado emocionante vir à tona? - O
lábio de Warren se contrai antes que ele se recomponha.

- Só estou fazendo o meu trabalho, senhora. - Vejo minha cafeteria favorita do outro lado da
rua e vou em direção a ela. Eu sorrio, mostrando o caminho. Dez minutos depois, nos
sentamos numa mesa vazia com o nosso pedido.

- Não curte café da manhã, pelo que percebi?

- Só o café já basta.

- E você bebe ele puro. Que previsível. - Ele levanta uma sobrancelha para mim.

- O que? Não me olhe assim.

- Algo de errado em ser previsível? - Faço uma pausa por um momento. Essa é a frase mais
longa que ele me disse a manha toda.

- Acho que não. Pelo menos previsível significa que você é pontual e confiável, o que são
ótimas qualidades numa pessoa. Não tem problema, desde que você ainda se divirta em vez
de vez em quando, entende? - Warren toma um gole de café.

- Às vezes eu adiciono creme só para animar um pouco as coisas. - Eu dou risada.

- Sim, isso é bem ousado. - Ele hesita por um momento, como se não tivesse certeza se seria
grosso ou não, mas depois decide falar.

- E você pediu apenas um café com leite. Essa é a sua rotina diária?

- Você é de perceber as coisas, né? Mas você está certo. Normalmente também peco algo pra
comer. É que... todo esse lance de ameaças anônimas me deixou um pouco abalada. É difícil
de acreditar que alguém possa ameaçar o Eli usando a minha vida... Se fosse alguém próximo
dele, saberia que isso não faz sentido. Ele não se importa nem um pouco com o que acontece
comigo. - Eu dou um sorriso forçado.

- Desculpe por isso. Espero não ter te deixado desconfortável.

- Nem um pouco, senhora. Relacionamentos.... têm seus desafios.

- Parece que você passou por alguns. Sua namorada está chateada por você ter que ficar tanto
tempo fora? Desculpe se eu for intrometida.

- Eu não tenho tempo para relacionamentos no momento. Minhas prioridades são outras.

- Isso é inteligente. - Eu brinco com a xicara de café na minha mão.

- Podemos levar isso para viagem? Eu queria ir pra casa.


- Claro. - Não demora muito para voltarmos para casa. Warren terminou o café antes mesmo
de saímos da cafeteria, então eu coloquei o meu na mesa. Tento pensar em alguma coisa para
perguntar a ele.

- Você já experimentou?

- Espera. Tem alguma coisa errada. - De repente, um tiro corta o ar! O vaso no balcão se
despedaça e os cacos de vidro voam por toda parte. Aterrorizada, cubro a minha cabeça com
as mãos enquanto as balas continuam passando. Warren me derruba no chão e sinto o
deslocamento do ar quando um tiro quase acerta o meu braço. Olho para ele com os olhos
bem abertos, e percebo que ele acabou de impedir que eu levasse um tiro.

- A gente precisa sair! - Ele me puxa e me protege com o seu corpo quando começamos a
correr em direção ao meu quarto. Sinto o sangue correr forte pelos ouvidos, meu coração
batendo forte de medo, e corro o mais rápido que consigo..., mas então uma dor aguda
atravessa meu ombro e eu tropeço. Warren é rápido para reagir.

- Segura a minha mão! - Ele estende o braço e oferece para mim, me pedindo com os olhos
para confiar nele. Estendo a mão e agarro a dele sem pensar duas vezes. O outro braço de
Warren desliza por baixo das minhas coxas e ele me levanta, me segurando como se eu fosse
uma noiva meus braços automaticamente abraçam o pescoço dele e enfio meu rosto no peito
dele.

Pouco antes de chegarmos ao canto, ele resmunga de dor e tropeça.

-Warren? Você está bem? - Ele não me responde, mas sua boca permanece firme. Chegamos
ao closet do meu quarto, onde ele bate à porta atras de nós e me coloca de pé.

-Eu tenho que voltar lá.

- Mas você vai levar um tiro!

-Bobagem.

Eu já passei por coisas muito piores que isso. - Embora as palavras demonstrem confiança,
ainda sinto uma leve indecisão na linguagem corporal dele.

- O atirador não tem como nos pegar aqui. - Se você sair, vai estar em grande desvantagem.
Ele vira o corpo e o braço acidentalmente roça nos meus seios, fazendo meu coração bater
mais forte. Ele imediatamente desvia os olhos e tenta se afastar.

- Desculpa.

Esse closet é pequeno demais para nós dois.

- Seus músculos ocupam muito espaço. - Ele não diz nada, mas o canto da boca dá uma
levantada. Ele pega na maçaneta.

- Warren... por favor, não vai. Eu estou... - Tiros ecoam quando balas atingem a parede atrás
de mim. Tapo os meus ouvidos e solto um grito. De repente, a mão grande e calejada dele
pressiona a minha boca, abafando o som.

- Você tem que tentar ficar quieta. - Chorando, balanço a minha cabeça.

- Sra. Nelson, olha para mim. - Ele segura minhas bochechas e me obriga a olhar para ele. Não
consigo deixar de notar como ele está perto...
- Você está segura aqui. Ninguém vai te machucar. - Meu coração ainda está disparado
enquanto ele segura o meu olha. Lágrimas espontâneas escorrem pelo meu rosto e em sua
mão. O rosto dele amolece momentaneamente e ele usa os polegares para esfrega-las.

- Ninguém vai te machucar, Inês. Eu não vou deixar. - Meu coração palpita no peito. Ele segura
meu olhar por mais um momento, depois abaixa as mãos e dá um pequeno passo para trás. A
aparência profissional volta, e ele me olha friamente... como se aquele momento nunca
tivesse acontecido.

- Você está tendo um ataque de pânico?

- Não sei. Acho que não. - Ele olha para baixo e analisa meu corpo. Ele pega meu pulso, vira a
minha mão com a palma para cima e depois confere o meu pulso. Ele com certeza já fez isso
antes.

- Acho que você está bem.... Suas pupilas não estão dilatadas. Mas, mesmo assim, você devia
tentar respirar fundo, tá?

-Certo.

- Faça o que eu mandar. Respira fundo pela boca e segura o ar nos pulmões. - Faço o que ele
diz.

- Um... dois.... três.... Solta. Agora repete. - Eu me concentro na minha respiração. Fico
observando como o peito do Warren sobe e desce lentamente e tento imitar o máximo que
posso. Não demora muito para que o ar comece a correr mais leve.

- Melhorou?

-Sim.

- Você ainda parece um pouco abalada.

- Vou ficar bem. - Faço a pergunta que me assombra desde o primeiro tiro.

- Você acha que.... Eles já estavam na casa? Só me esperando voltar pra cá? - Warren se recusa
a me olhar nos olhos. O silêncio dele diz tudo.

- Eu realmente estou correndo perigo. - Ao perceber que estou de novo á beira de um ataque
de pânico, Warren me interrompe.

- Shh.... escuta. Você está ouvindo isso? - Eu congelo e faço o que ele diz, meu coração mais
uma vez martelando no peito.

- Eu... eu não escuto nada.

- Nem eu.

- O que isso quer dizer?

- Acho que eles já se foram. Mas ainda preciso garanti que é seguro sair. Fica aqui, eu já volto.
- Warren abre a porta e sai. Não posso deixar de me perguntar o que Eli teria feito nessa
situação. Bufando, percebo que ele teria me usado de escudo. Ou talvez até tenha oferecido a
eles uma troca... minha vida pela segurança dele.

- Homens como o Warren.


- O que você disse?

- N-nada!

- Você pode sair.

- Eles se foram?

- Sim. Eles escaparam. - Warren me olha e congela.

- Isso é sangue? - Meus olhos se arregalam e sigo os dele até o meu ombro. Ele se aproxima e
gentilmente segura meu braço para ver melhor.

- Parece que foi só de raspão. Mas ainda preciso desinfetar.

- Tem um kit de primeiros socorros no banheiro. - Warren concorda e sai do quarto. Apenas
dois minutos depois, ele volta com o kit.

-Vai doer?

- Vou tentar fazer com que doa o mínimo possível, Sra. Nelson. Warren tira a gaze e spray
desinfetante do kit e começa a limpar a ferida com maestria. Enquanto eu observo, um
pensamento de repente surge em minha cabeça.

- Eu podia ter morrido. - Warren fica mais tenso, mas logo recomeça a cobrir o meu ombro
com a gaze.

- Alguém está realmente tentando me matar. Meu único crime foi me casar com um senador.
Será que posso ser culpada disso a ponto de tentarem me matar? - Eu começo a tremer.

- Isso não é uma brincadeira. Eu vou... eu vou....

- Me escuta, Sra. Nelson. - Warren se levanta e cruza os braços sobre o peito.

- Eu fui contratado para te proteger, e é exatamente isso que pretendo fazer.

- Você não pode estar comigo o tempo todo! O que vai acontecer quando você for pra casa?
Eles entraram na minha CASA!
- Acho que você não entende exatamente o que seu marido está e pagando para fazer. - Ele se
aproxima de mim.
- Meu único trabalho, meu único objetivo agora é o de te proteger a todo custo. Eu não vou
sair de perto de você. Nunca. - Alguma coisa no jeito como ele me olhava fez eu sentir arrepios
por todo o meu corpo. Quando falo de novo, minha voz sai quase otimista.
- Nunca? - Um pequeno sorriso brilha nos lábios de Warren.
- Até que o seu marido diga o contrário. Mas você precisa entender que ia facilitar muito o
meu trabalho se escutasse as minhas instruções. - Como se fosse um sinal, a porta da sala se
abre e um homem corre para dentro. Warren gira e imediatamente saca a arma, pronta para
disparar.
- Opa! - Os olhos de Eli se esbugalham de espanto, e ele voa para trás, usando a porta como
escudo.
- Sr. Garcia! Abaixe a arma agora mesmo! - Warren imediatamente abaixa a arma.
- Desculpa, chefe. Tivemos um tiroteio aqui. Todo cuidado é pouco. - Eli acena.
- Fiquei sabendo pelo nosso vizinho que tiros foram ouvidos na nossa casa. Que porra foi
essa?
- Alguém invadiu a casa.
- Nossa. - Eli passa a mão pelo cabelo.
- Ainda bem que eu não estava tão longe. Cheguei aqui o mais rápido que pude. Quebraram
alguma coisa? Roubaram alguma coisa? - Warren o encara. Levo um segundo para lembrar por
que não é normal se preocupara mais com os bens do que com a esposa.
- Eles estavam mirando a Sra. Nelson, mas ela saiu quase ilesa...Ela aturou algumas
escoriações. - Ele olha na minha direção e Eli segue seu olhar. Seus olhos apontam para a gaze
na volta do meu braço.
- Minha esposa levou um tiro?!
- Sim, eu levei um tiro! E sabe de uma coisa? Você devia ter levado aquela ameaça um pouco
mais a sério, Eli! Você me fez acreditar que ela não era de verdade! Mas está na cara que
quem estiver por trás disso tá tentando me matar! - Eli dá uma olhada furiosa em direção a
Warren.
- Como você deixou isso acontecer?!
- Eli, ele me salvou!
- Cala a boca, Inês.
- Não vai se repetir, chefe.
- Você não estava fazendo o seu trabalho.
- O que deu em você? Se ele não tivesse comigo, teriam me matado!
- Com certeza não é mais seguro você ficar por aqui. E já que entraram na nossa casa, não
tenho outra escolha.
- Do que você está falando? - Os olhos de Eli se voltam para mim e sinto um frio na espinha.
- Vou te mandar embora com o Warren.

CAPITULO DOIS: A CABANA.

- Pra onde você vai me mandar? Espero que seja um lugar legal... tipo o Havaí.

- O que? Não! Você está louca? Por que eu te mandaria pro Havaí com seu guarda-costas?

- Achei que você podia fazer algo de bom por mim, só para variar.

- Pelo amor de deus, Inês, sua vida está em perigo!

Por favor. Você os está usando isso como desculpa pra finalmente se livrar de mim! - Pelo
canto do olho, vejo o Warren sair discretamente da sala, fechando a porta atras dele.

- Lá vem você com o drama de novo.


-Drama? Você é único que está sendo ridículo no momento. Que tal aumentar a segurança?
Que tal usar as imagens de segurança na volta da casa para rastrear o atirador? - Ele revira os
olhos e começa a digitar no telefone.

- Por que você não deixa a investigação com os homens? Eu estou cuidando disso, vai acabar
antes que você perceba. Mas você não vai ficar aqui, e já me decidi. Ponto final.

- Admita de uma vez, Eli. Você quer que eu suma porque quer comer a sua assistente! E se eu
ficar fora do caminho, bom, aí não tem nada para te impedir né?

- Não banca a ridícula. Existem motéis para isso.

- Viu?! Você nem tentou negar! - Eli ri, mas ainda não diz nada.

- Eli, por favor, não faça isso comigo.

- Tá feito. Acabei de confirmar com a minha equipe de segurança pelo telefone. - Meus
ombros caem para frente em derrota.

- Pode pelo menos me dizer pra onde vai me levar?

- Tagarela do jeito que você é, não posso confiar muitos segredos a você. - Eu e Warren vamos
ser os únicos a saber da sua localização. - Você não vai ter contato com ninguém além do
guarda-costas enquanto ficar lá.

- Eu não posso nem contar pra Hannah ou pra minha família? Mas...

- Espero que você faça as malas e esteja pronta pra ir amanhã de manhã. - Uma olhada no
rosto dele me diz tudo. Ele não vai mudar de ideia.

Na manhã seguinte....

Enquanto arrumo as últimas coisas, não posso deixar de olhar mais uma vez para o quarto que
estou deixando para trás. Percebo a sombra volumosa atras da porta de vidro e fico vermelha.
Tento tirar o Warren da cabeça sem muito sucesso e começo a pensar no que vestir. De
repente uma batida soa na minha porta.

- Entra.

- Sra. Nelson, você está pronta pra.... - Ele limpa a garganta enquanto os olhos viajam pela
extensão do meu corpo. - Você está pronta pra ir? - Ele evita o contato visual comigo.

- Ainda não. Por algum motivo estou sofrendo para escolher uma roupa. O Eli não quer me
dizer pra onde vamos, então não faço ideia se essa roupa está boa. - Ele fica em silêncio com
os olhos no chão. Dou um passo mais perto e dou uma giradinha.

- O que você acha, sr. Garcia?

- É... Ele limpa a garganta de novo.

- Boa.

- Ah, corta essa, você pode fazer melhor do que isso. - Seus olhos finalmente encontram os
meus, e o olhar dele faz meu coração disparar.
- Você tá.... encantadora, Sra. Nelson.

-Encantadora? - Ele me dá um breve aceno de cabeça.

- Imagino que isso seja melhor do que boa. - Ele solta uma risada antes de se virar para encarar
a porta.

- Vou levar sua mala lá para baixo para você.

- Obrigada. Ah, Warren?

- Sim?

- Você também está... apropriado.

- Que bom que você gostou, senhora.

Após dez horas de trajeto de carro e caminhando, chegamos a uma pequena cabana
cercada por arvores.

- É.... é aqui que vamos ficar?

- Sim.

- Ela não parece muito... confortável.

- Sinto muito se ela não está de acordo com o seu padrão, sra. Nelson.

- Então, você e eu vamos ficar sozinhos aqui esse tempo todo?

- Sim. O sr. Nelson não quis descarta a possibilidade de que essa ameaça possa ser de alguém
infiltrado. Provavelmente seria melhor se a gente entrasse. Depois de você, Sra. Nelson. - A
cabana transmite uma vibração rustica e caseira que emana da decoração simples. Não é nada
extravagante, por isso é quase um contraste surpreendente com o design luxuoso da minha
própria casa.

- Vou acender o fogo. Por que você não sobe e desfaz as malas? Você deve estar cansada.

- Onde são os quartos? - Warren me dá uma olhada como se quisesse me pedir desculpas.

- O que foi?

- Só tem o quarto principal.

- Bom, e onde você vai dormir? - Olho para o sofá no meio da sala, em frente à lareira. Warren
não responde. Em vez disso, ele caminha até um armário e pega o que parece ser um
colchonete fino. Sem falar nada, ele vai até o quarto principal, e eu o sigo confusa.

Quando ele coloca o colchonete no chão, aí cai a ficha.

- Não.

-Sim.

- De jeito nenhum.

- Eu vou ficar no quarto com você.

- Então, você vai me proteger de todos os grandes lobos maus que vão subir pela janela?
- Esse é o meu trabalho.

- E tem certeza de que não há um aqui agora mesmo?

- O quê?

- Esse era o seu plano o tempo todo?

- Claro que não.

- Agora que você me colocou a onde quer, o que pretende fazer comigo?

- Sra. Nelson...

- Você sabe que pode me chamar de Inês. E eu estou só te provocando um pouco.

- Eu juro, colocar você num quarto sozinha comigo não era a minha intenção. - Eu aceno para
ele é ignoro a pontada de decepção.

- Como eu disse antes, preciso descansar um pouco. Acho que a gente devia dormir.

- Muito bem. - Depois de ir pra cama, fico me sacudindo e revirando por uma hora. Eu sussurro
o nome dele o mais baixo possível.

- Warren?

-Sim?

-Você ainda tá acordado? - Quando ele responde, sinto um humor em sua voz.

- Sim.

- Você é um ex-fuzileiro, né? Em quais missões você esteve?

- Isso é sigiloso.

- Tá bom. - Todas ad suas respostas vão ser tão enigmáticas?

- Enigmáticas?

- Parece que sempre que eu pergunto algo pessoal, você para de falar ou me ignora. A gente
vai passar muito tempo juntos. Achei que a gente devia se conhecer melhor.

- Você sabe tudo que precisa saber sobre mim.

- Nem um pouco. Quantos anos você tem?

- 30.

- De onde você é?

-De perto.

- Qual é sua cor preferida?

- Preto. Qual é a sua?

-Ah, isso é sigiloso.

Ele ri, e o som me faz ficar vermelha.


- Você gostaria de fazer sexo comigo? O quarto fica em silencio por um tempo.

- O quê? De onde você tirou isso?

- Pensa bem. Você...eu...completamente sozinhos...

Isso ia nos ajudar a dormir melhor, não acha?

-Sra. Nelson...

- O quê? É verdade... Isso me ajudaria a pegar no sono.

- Nesse caso, sugiro que você conte ovelhinhas. Boa noite, Sra. Nelson.

- Boa noite, Warren. - Demora um pouco, mas uma hora caio em um sono profundo. Quando
acordei de manhã, o Warren já tinha saído do quarto. O colchonete no chão tinha sido
recolhido, e eu podia sentir o cheiro de bacon da cozinha. Aproveitei a oportunidade para
tomar um banho e curtir a água morna pelo máximo de tempo.

Agora, enquanto abro a cortina para sair do chuveiro, percebo que esqueci a minha
calcinha. Eu corro até o quarto para pegar.... e vejo Warren bastante chocado e bastante
pelado diante de mim! Fecho os olhos imediatamente e dou um grito de surpresa.

- Warren... Merda.

- Perdão, Sra. Nelson. Eu não sabia que você estava tomando banho.

- Você poderia, ah, poderia me passar a toalha?

-Toma.

- Eu, ah... já coloquei a minha cueca. - Espreito a minha cabeça por trás da cortina e o vejo com
uma mão sobre os olhos e a outra estendida em minha direção segurando a toalha. Eu
rapidamente a pego, seco o meu corpo e visto um roupão.

- Já pode abrir os olhos.

Warren cuidadosamente afasta a mão do rosto, como se não acreditasse em mim. Quando ele
percebe que estou vestindo um roupão, seu corpo relaxa um pouco.

- Bom. - Só então percebo que ele não está usando uma camisa. Seus músculos são
incrivelmente definidos, como se ele tivesse acabado de fazer mil flexões.

- A maioria dos homens me paga uma bebida primeiro. - O canto da boca dele se levanta
levemente, mas o sorriso desaparece rapidamente.

- Eu ouvi um barulho estranho e vim me certificar de que estava tudo bem.

- Um barulho? Eu não escutei nada.

- Teve um barulho. - Percebo que seus olhos me vigiam secretamente e sorrio para ele.

- Viu algo que gostou? Bom, agora que você investigou minuciosamente o recinto, acho que é
seguro você tomar banho. - Quando ele não se mexe, dou um pequeno sorriso.

- Se você insiste em ficar aí olhando o dia todo, quem sabe não tira uma foto? Vai poder
guardar de recordação. - Com isso, saio do quarto, sabendo muito bem que Warren está
observando todos os meus movimentos. Enquanto Warren está tomando banho, sento no sofá
e ligo a televisão. O canal do tempo é a primeira coisa a aparecer, então começo a trocar de
canal até que, de repente... vejo o meu rosto na tela.

- Mas que porra é essa?! - As imagens da cena do tiroteio piscam diante dos meus olhos, mas
desaparecem assim que o Eli aparece na tela.

-... acho que, ao tornar minha esposa como alvo, o atirador estava tentando me tirar das
próximas eleições. Se alguém tiver qualquer informação sobre o atirador ou atiradores
envolvidos, eu imploro que se pronunciem. Essa tentativa brutal de tirar uma vida inocente
não deve ficar impune. Por enquanto, a minha esposa foi enviada pra um esconderijo até que
a ameaça acabe, mas... - Ele funga e enxuga as lagrimas de crocodilo do rosto seco e enrugado.
- Eu só a quero em casa que a gente possa finalmente voltar ao normal e nos concentrar em
tornar a vida de vocês melhor ao me reeleger... - Desligo a televisão e quase jogo o controle
remoto pela sala. Tento me acalmar quando ouço o Warren saindo do banheiro..., mas ele se
dirige para a cozinha, sem me perceber. Escuto os armários sendo abertos e fechados antes
que ele chegue à sala de estar.

- Parece que não tem nada pra comer aqui. A gente vai ter que ir até a cidade pra comprar
mantimentos.

- A gente? - Meu humor melhora um pouco com a ideia de passar um tempo fora.

- Claro. A gente pode até comer alguma coisa se você quiser. Um dos meus amigos é dono de
um restaurante que serve petiscos.

- Você acha que é seguro eu sair em público?

- Eu conheço essa cidade, e pode confiar em mim quando digo que ninguém vai te reconhecer.

- Tem certeza?

- As pessoas aqui não se preocupam muito com coisas como política ou com o tipo de drama
que as notícias causam. Você vai ficar segura enquanto estiver comigo.

- Eu sei. - Ele me dá um sorriso tímido, e meu coração quase derrete.

- Mas se você quiser ficar aqui... - Warren coça a nuca e olha ao redor da sala.

- Mesmo que eu prefira que você venha comigo, eu ia ficar só algumas horas fora e essa
cabana é isolada. Como eu disse, você decide.

- Eu adoraria ir com você. - Ele sorri, e não posso evitar de sorrir de volta. - Sabe de uma coisa?
Você devia sorrir com mais frequência. Você tem um sorriso tão bonito, mas esconde ele atras
dessa cara de mau que está sempre usando.

- Eu não faço cara de mal. - Eu ando do lado dele e vou até a porta.

- Sim, faz sim.

- Minha expressão fácil é sempre profissional.

- Um profissional mau, então. - Eu o ouço resmungar atras de mim e esconder uma risada.

- E eu não sorrio.

- Claro que não. - Uma hora depois, estamos mergulhados na comida e na nossa conversa.
- Ainda acho que você está usando o seu trabalho como desculpa.

-Não mesmo.

- Ah, fala sério. Quando foi a última vez que você saiu de férias?

- Eu não tiro férias. Sou o chefe de segurança por um motivo.

- Não sei como você consegue.

- O quê? Salvar a vida das pessoas?

- E a sua própria vida? Você não quer aquela casa com cerca branca que todos os casais
sonham em ter?

- Não e isso que todo mundo sonha.

- Tá tenho que concordar. Mas não entendo como você ainda não cansou.

- É simples. Eu sou bom no que faço.

- Eu ficaria exausta no seu lugar.

- Então acho que não estar é uma boa. - Zoei.

- Além de ser casado com o seu trabalho, você se interessa por outras coisas?

- Eu não sou casado com o meu trabalho.

- Não fuja da pergunta.

- Está bom, eu gosto de ler.

- Olha só, agora fiquei intrigada. Que tipo de coisas você lê? - Por um segundo, quase parece
que o Warren ficou envergonhado.

- Livros.

- Livros? - Ele acena com a cabeça e dá uma mordida na comida.

- Certo... Que tipo de livros?

- Normalmente os longos.

- Você se acha o engraçadão, né?

- Eu nunca brinco. - Resmungo e estendo a mão para tomar um gole da minha bebida.

- Está bem, está bem. Eu gosto de ler histórias de romance. - Eu quase me engasgo com a
água.

- Viu? É por isso que eu não queria te contar.

- Eu não estava rindo! Ele me dá uma olhada sem expressão,

-Claro que estava.

- Eu nunca ia rir. Tá, eu ia. Mas prometo que eu não estava rindo. Só me surpreendeu, eu acho.

- O que tem de tão surpreendente num homem que lê romances?


- Você é sempre tão sério e desapegado. Eu não esperava que você fosse do tipo romântico.

- Só porque estou solteiro não significa que nunca me apaixonei. - A resposta dele me
surpreende.

- Então você estava apaixonado, ou ainda tá?

- Passado. Foi há muito tempo. A gente ficou juntos por quase quatro anos.

- É BASTANTE tempo.

- É. Agora, o único romance que encontro é de marias-uniforme. Eu não tive nenhuma boa
experiencia com elas. Elas conseguem set... implacáveis. - Warren estremece de nojo, e não
posso deixar de rir.

- Ah, para com isso, elas não podem ser ato ruins assim. - Ele estreita os olhos para mim, mas
com um sorriso brincalhão ilumina seu rosto.

- Você não faz ideia.

- Quer dizer que eu devia me sentir com pena do pobre Warren Garcia por ter mulheres
praticamente se jogando nele? O Eli parece gostar da atenção feminina que ele ganha por ser
senador. Então não vejo por que você também não ia gostar. - Um olhar sombrio cruza o rosto
de Warren.

- Eu não sou como o seu marido Inês. Quando me envolvo com alguém, e sério. Não tem mais
ninguém.

- São palavras bonita, mas o Eli me disse a mesma coisa antes de a gente casar. - Eu mexo o
canudo em volta da minha bebida.

- Com o tempo, as coisas mudam. Com o tempo, ele fica mais tarde no trabalho ou não volta
pra casa todas as noites. Com o tempo, você simplesmente para de se importar.

- É assim que você se sente? - Assustada, olho para ele.

- O quê? Ai meu deus, eu não quis dizer isso. - Eu tento rir disso, mas mesmo para os meus
próprios ouvidos, a risada sai vazia. Quando olho para cima, vejo o Warren me olhando com
gentileza.

- É tão ruim assim? - Eu encolho os ombros.

- No início não era, eu acho. Mas se eu olhar para trás, não acho que existia paixão entre mim
e o Eli. Talvez nos dois tivéssemos metas parecidas de vida, mas numa certa altura as metas
dele se tornaram minhas enquanto eu esquecia quem era. Eu estudei em Harvard, sabia? Eu
estava estudando para ser advogada. Até me formei com grandes honras.

- O que aconteceu? - Dou a ele um sorriso irônico.

- Você já tentou discutir com o meu marido? Ele é bastante político. O Eli tem um jeito de
convencer as pessoas a fazer o que ele quer e depois faz elas acreditarem que foi tudo ideia
delas. Ele manda muito bem nisso, sério.

- Não entendo por que você ainda não terminou com ele. Você merece muito mais, Inês. -
Warren parece surpreso com suas próprias palavras e rapidamente tenta mudar de assunto.
- Terminou de comer?

- Eu...

- Vou pagar a conta e depois vamos indo. - Warren se levanta e se afasta da mesa, me
deixando completamente atordoada. Quando voltamos para a cabana, o sol está quase se
pondo. Eu não tinha percebido há quanto tempo a gente tinha saído, mas gostei de ter
voltado. A caminhada até a casa foi silenciosa, para dizer o mínimo.

Tentei fazer mais perguntas ao Warren sobre sua vida, mas ele sempre me dava respostas
de uma palavra ou desviava das perguntas. Quando chegamos na varanda, noto uma moto
estacionada do lado da cabana.

- De quem é aquela moto?

- Que moto?

- Como assim, “que moto?”. Aquela ali do lado da cabana!

- Ah, aquela moto. - Warren vai até a cabana e eu sigo logo atras dele.

- É... minha.

- Mas quando você teve tempo de colocar ela aqui? Espera, como foi que você a trouxe até
aqui para começo de conversa? - Warren hesita antes de responder com relutância.

- Essa cabana na verdade é minha.

- Ah. Por que você me trouxe pra sua cabana?

- Você com certeza faz muitas perguntas.

- E você com certeza evita me dar uma resposta direta.

- Eu achei que esse fosse o lugar mais seguro pra cuidar de você.

- Então acho que você tinha razão.

- Sobre o quê?

- Eu me sinto segura aqui. - Warren se prepara para responder, mas de repente escutamos um
barulho lá fora.

- Tem alguém lá fora! - Ele me agarra e me empurra para trás dele.

CAPÍTULO TRÊS: OS BANDIDOS.

- Fique abaixada e não faça barulho! - Algo bate no chão fora da cabana. Assustada, pulo e
coloco meus braços em volta da cintura de Warren.

- E se eles... - Percebendo que agora estava o abraçando, eu rapidamente me afasto.

- Warren! Me – me desculpa! Foi sem querer...


- Shih, Shih. Está tudo bem. - Sua mão se estende e gentilmente segura a minha, dando um
aperto tranquilizador.

- Fique aqui e não se mexa. Se eu não voltar em dez mitos, chame a polícia. - Ele solta a minha
mão antes que eu possa contestar e sai em silencio pela porta da frente. Pego o meu celular.
Disco o número e passo o polegar sobre o boato de chamada. Quando estou prestes a guardar
meu telefone, a porta se abre, e fazendo gritar.

- AH! - Uma mão tapa a minha boca.

- Inês! Sou eu! Calma! - Meu coração está saltando no peito, mas sinto meu corpo relaxar com
o som da sua voz. Ele cuidadosamente tira a mão da minha boca.

- Warren! Pegou eles? Eles estão amarrados? - Um sorriso brilha em seus lábios, e eu não
consigo entender por quê.

- Por que você mesma não vem conferir?

- É uma boa ideia? E se eles tentarem me atacar?

- Confia em mim, eu posso cuidar desses caras. - Coloco a cabeça para fora da porta e olho em
volta.

- Não entendo... Onde eles estão? - Ele aponta para duas lixeiras viradas ao lado da cabana.
Um guaxinim levanta a cabeça de dentro de uma das lixeiras enquanto outros dois nos olham
por trás da outra. Minha boca se abre em espanto.

- Guaxinins? Eram só guaxinins? - Ele ri.

- Não baixe a guarda demais. Esses bichos podem ser traiçoeiros.

- Agora você só tá tirando sarro de mim.

- Eu não sou esse tipo de pessoa. - Eu zombo e fecho a porta mais forte do que deveria.

- Você é bem nervosa para alguém tão pequena.

- Não sou não!

- Desculpa, mas foi o vento que bateu à porta?

- Você estava tão assustado quanto eu!

- Eu não fico assustado, Inês.

- Todo mundo fica assustado. - Ele caminha em direção ao sofá, e eu o vejo enfiando uma arma
na cintura.

- Você tem uma arma?

- Sou seu guarda-costas. Como você acha que eu ia te proteger?

- Mas por que você precisa de uma aqui? Ninguém sabe sobre esse lugar, certo?

- Bom, é melhor prevenir do que remediar. - Quando ele vê que eu ainda não estou
convencida, levanta o meu queixo com os dedos.
- Eu sei o que estou fazendo, Inês. Tenho cara de que não sabe usar a própria arma? - Eu sorrio
para ele com confiança.

- Sr. Garcia... Eu não duvido por um segundo de que você é capaz de usar a sua própria arma. -
Há um lampejo de surpresa nos olhos dele, que some quase imediatamente.

- Você quer mesmo dificultar o meu trabalho, Srta. Nelson? Eu só estou tentando garantir a
sua segurança. Mas você... - Quase sem perceber, ele começa a se aproximar.

- Parece que você acha que tudo isso é um jogo.

- Eu entendo perfeitamente a seriedade da situação. Eu não faço jogo.

- É mesmo? Porque eu poderia jurar que você está tentando me enlouquecer. - Minha boca se
entreabre levemente, os lábios dele estão a pouco centímetros de distância. Sinto meu
coração bater no peito, como uma banda marcial.

- Então, me corrija se eu estiver errada..., mas é você que está se aproximando cada vez mais
de mim. Se eu estou enlouquecendo, tenho certeza de que a culpa é sua. - Assim que o Warren
se dá conta de que ainda está segurando o meu queixo, ele o solta e dá um passo para trás. Ele
evita olhar nos meus olhos enquanto fala comigo.

- Me perdoe, Srta. Nelson.

- Inês.

-...Inês. - Depois de um momento, ele volta a olhar para mim. Seu olhar é intenso, engulo o nó
na garganta.

- Vou dar um jeito nos guaxinins. - Ele sai da sala sem dar outra palavra. Meu telefone vibra no
bolso e eu rapidamente o pego.

MENSAGENS COM HANNAH

HANNAH

O quê tá rolando? Você está em tudo que é noticiário! Alguma coisa a ver com um tiroteio?!

Você está bem?

INES

Fisicamente, sim. Mas têm sido dias bem estressantes.

HANNAH

Por que você não me disse nada?

INES
Eu diria, mas ninguém está me dizendo nada :/

HANNAH

Nossa. Tá em casa?

Posso passar aí?

INES.

Na verdade... o Eli me mandou pra um local secreto com um guarda-costas. Um ex-fuzileiro,


pelo o que eu entendi.

HANNAH

Opa! Agora eu estou com ciúmes!

INES.

O quê? Por que você ficaria com ciúmes?!

HANNAH

Ele é gostoso, né? Todos os fuzileiros são gostosos. Tá passando uma fantasia mais louca que a
outra na minha cabeça :D

INES

De que merda você tá falando?

HANNAH

Você não vê? Essa é sua chance! Você não faz sexo há SÉCULOS, menina!

Aproveita!

INES

Só tem um problema nessa sua teoria... ele está trabalhando para mim.

HANNAH

E daí? Acha que nunca dormi com um médico fazendo residência no meu hospital?
INES

Você fez o que? Deixa para lá, eu não quero saber.

Mesmo se ele não fosse meu guarda-costas, a gente VIVE juntos. Não é o suficiente para não
fazer nada?

HANNAH

Por quê? Fazer sexo com ele é sinônimo de um pedido de casamento?

INES

Não.

HANNAH

Então pare de inventar desculpas. Se você gosta dele, vai com tudo!

INES.

Acho que você tem razão.

HANNAH

Pode crer que sim.

INES.

Mas mesmo assim é impossível. Ele é muito profissional é nunca passaria dos limites.

HANNAH

Nenhum homem consegue resistir a um corpo como o seu. Você tem um corpão!

Acho que você deveria mostrar para ele exatamente o que ele está perdendo. Você levou
alguma lingerie sexy? Algum sutiã ou calcinha de renda?

INES.

Olha...

HANNAH
Essa é minha garota. Veste algo assim na frente dele que ele vai ficar caidinho!

INES

Você é uma diabinha, sabia?

HANNAH

Você me ama.

INES

Amo mesmo.

HANNAH

Preciso me arrumar para uma reunião, mas me conte como foi!

Reflito sobre a forma como o Warren me espiou depois que sai do banho. Imagens do que
poderia ter acontecido passam pela minha cabeça. Se ele tivesse se aproximado de mim e
arrancado a toalha do meu corpo... Se ele tivesse me empurrado contra a parede e tivesse
colocado a mão dele sobre a minha...

Entro no quarto e fecho a porta atrás de mim. Na base da cama está o Warren deitado no seu
colchonete.

- Então, você ainda vai dormir no mesmo quarto que eu?

- Foi esse o acordo.

- Está bom. - As palavras de Hannah correm pela minha mente de novo, e eu não posso deixar
de pensar que talvez ela esteja certa. Sinto seus olhos me olhando enquanto ando até a cama.

- Tá quente aqui, né?

- Não.

- Bom, eu estou com calor.

- Certo.

- Não consigo dormir assim. - Faço um gesto para a roupa que estou vestindo. Ele me dá um
olhar confuso.

- Então, é só trocar, não?

- Boa ideia.
- Será que você não teria uma camisa para me empresta? - Ele se senta e me olha desconfiado.

- Você não tem suas próprias roupas?

- Elas são todas muito apertadas.

- Certamente você pode dar um jeito nisso. - Afasto o olhar dele e tiro a blusa, de forma lenta e
provocativa, revelando o sutiã de renda preto que eu tinha colocado antes. A parte de baixo é
a próxima a sair, deixando minha calcinha de cetim à mostra. Me estico e dou a ele uma visão
panorâmica.

-Ah. Assim está melhor. - Ouço sua respiração bem profunda. Olho de volta para ele, mas seus
olhos estão focados no chão. Mesmo que ele seja educado e me de privacidade, o olhar
faminto em seus olhos me diz que ele preferia ficar me olhando. Vou em direção a cama e
silenciosamente puxo as cobertas ao meu redor.

Consigo ouvir o Warren tentando acalmar a respiração. Enquanto fico olhando para o teto
me perdendo nos pensamentos, ouço suas palavras sussurradas.

-Boa noite, Inês.

- Boa noite, Warren.

Na manhã seguinte, minha mente está decidida. A operação seduzir Warren começou.
Quando o Warren entra na cozinha, estou quase acabando de preparar nosso café da manhã.

-Bom dia, Warren! já preparei ovos e panquecas, mas o bacon ainda ao ficou pronto. Tem
também umas bananas, caso você prefira um café da manhã mais leve. Pode se sentar. - Ele
me olha desconfiado.

- Pra que tudo isso?

-Ah, isso? Eu só quiz fazer alguma coisa legal pra você, já que você tem sido um guarda-costas
tão incrível.

-Sério? - Me inclino para dar um prato a ele e seus olhos mergulham do meu rosto para o meu
peito. Ele imediatamente desvia o olhar. Eu franzo a testa.

- Quer alguma coisa para tomar?

-Não, obrigado.

-Tem certeza?

-Sim, Sra. Nelson.

- Certo... - Ele caminha até a mesa e se senta. Desligo o fogão e me junto a ele.

-Dormiu bem?

-Dormi sim, obrigado.

- Mesmo naquele colchonete horrível? - Ele acena com a cabaça e dá uma mordida em uma
panqueca.

-Sabe... - Coloco minha mão em seu braço.


-Tenho certeza que você teria dormido muito melhor na cama comigo. Ou talvez nem um
pouco. - Ele gentilmente tira minha mão do braço e volta a comer. O resto do café da manhã
passa em um silencio desconfortável, mas não foi por falta de tentativa. Sempre que tento
iniciar uma conversa, ele educadamente a termina com suas respostas de uma palavra.
Quando ele começa a lavar a louça, dou uma última cartada quando o volume da arma chama
minha atenção.

- Olha só. É só a arma no seu bolso, ou você tá feliz em me ver? - Eu rapidamente pego a arma
e pulo longe de seu alcance quando ele gira para me agarrar. Seu corpo fica rígido enquanto
ele me olha com raiva.

- Que pena. Achei que fosse outra arma. - Warren se atira em mim ante que eu tenha chances
de reagir. Ele me joga contra a parede e prende meus braços acima da cabeça.

- Solte-a.

- O quê...

- Largue a arma. Agora, Inês. - Faço o que ele pede, e a arma cai no chão.

- Nunca mais toque na minha arma. - Sua respiração está pesada, e eu mal posso me mover
com o jeito que ele está me segurando. Inconscientemente eu mordo meu lábio, e seus olhos
piscam para seguir o movimento. A tensão entre nós se intensifica quando o desejo em seus
olhos quase queima a minha pele. Ele se inclina para frente..., mas depois para. Sua boca está
parada a apenas um centímetro longe da minha.

Vejo o olhar de indecisão em seus olhos, sinto sua respiração se misturando com a minha.
Sem pensar duas vezes eu o beijo. Só que eu não esperava eram os fogos de artificio que se
seguiram. Uma explosão de prazer dispara por todo o meu corpo. Warren responde quase na
mesma hora, empurrando sua boca contra a minha. Nossos lábios estão quase perfeitamente
sincronizados quando ele assume o controle e morde meu lábio inferior.

Tremo de prazer e saboreio a sensação. O beijo é punitivo, bruto. Fico plenamente indefesa
e, pelo jeito que está me agarrando, acho que ele também sabe disso. Suas mãos deslizam até
a minha cintura, e ele me puxa para mais perto até que nossos corpos fiquem alinhados. O
fogo dispara pelas minhas veias quando sua língua enrola na minha.

Como se estivesse lendo a minha mente, os braços de Warren se abaixam para agarrar
minhas coxas. Ele me levanta e me pressiona ainda mais contra a parede enquanto abre
minhas pernas para encaixar em sua cintura. Ele esfrega o quadril em mim e suas mãos
apertam minhas coxas por baixo. Posso sentir o pênis dele endurecendo e pressionando contra
mim, e a sensação provoca um gemido alto da minha boca.

- Warren, por favor... - Minha voz parece carente e desesperada, mas ele parece não se
importar. Na verdade, parece até que isso o excita ainda mais. Ele geme, e o som sai como um
raio que penetra a minha espinha. Eu suspiro quando os lábios do Warren deixam os meus e
viajam através do meu queixo, deixando um rastro de tesão pelo caminho.

Enquanto ele lambe e chupa a minha pele até o meu pescoço, a barba por fazer dele roça
na minha pele. Um arrepio me atravessa e agarro seus ombros usando minhas unhas para
puxá-lo para mais perto.
- Nossa, Inês. Você é muito gostosa. - Suas palavras me deixam desesperada para me
aproximar. Sinto uma mão subir pela minha camisa até ficar alisando a borda do meu sutiã.

- Por favor...

- Por favor o quê? - Seu sussurro é sombrio, forte, e não posso deixar de me sentir chocada
com a forma como o meu corpo reage. Nunca antes um homem me controlou como o Warren
estava controlando. Nunca imaginei gostar da sensação de ser dominada, implorando que ele
me tocasse.

- Quero que você me toque. - Os dedos do Warren me provocam roçando a minha pele logo
acima do umbigo. Centímetro por centímetro, ele desce lentamente, me provocando, parando
antes de chegar à cintura. Eu puxo sua boca de volta até a minha e o ataco com um senso
renovado de urgência. Seus lábios, dedos e corpo pressionando contra o meu são como uma
combinação mortal.

- Aí Warren... - Estendo a mão para levantar sua camisa, mas sua mão me para. Ele se afasta e
eu fico sem ar, tentando entender.

- Warren? - Ele fecha os olhos e solta um suspiro frustrado.

- Eu passei do limite. - Ele dá um passo para trás e me solta no chão antes de dar a maior
distância possível entre nós.

- Me desculpa por te colocar nessa situação.

- Você não me colocou em lugar nenhum. Eu escolhi te beijar.

- Mas eu não te parei. Isso não pode rolar. - Ele gesticula entre nós dois.

- Eu sei que você também sente.

- Não importa o que eu sinta. Além de você ser casada, também é minha cliente.

- Meu casamento é uma farsa. Você sabe disso tão bem quanto eu.

- Não importa. - Se a gente passar dos limites entre nós, isso pode te colocar em grande
perigo. Não posso perder minha concentração por isso, especialmente porquê sua vida está
em jogo.

- Mas eu confio em você para me manter segura. Sei que você não vai deixar nada de ruim
acontecer comigo. Ele suspira e passa a mão pelos cabelos.

- Preciso de um pouco de ar fresco. - Fico observando enquanto ele se vira e sai pela porta da
frente, fechando-a com força. Decido tentar limpar a minha mente assistindo televisão. Ao
ficar trocando de canal, vejo uma legenda no noticiário que faz o meu sangue gelar.Debaixo da
minha foto estampada na tela, a palavra “DESAPARECIDA” fica piscando diante meus olhos.

- Desaparecida?!

CAPÍTULO 4: SEQUESTRADA

Warren se junta a mim na sala, instantemente preocupado com a expressão no meu rosto.
- O que tá rolando?

- Parece que o Eli decidiu ser um entrevistado no Late Night com a Tess Meyers.

- Aquele programa de fofocas? - Warren olha para a tela por um momento antes de se sentar
em silêncio ao meu lado.

- Ele parece tão... sensível.

- Pois é. Um fanfarrão. - Nós nos concentramos no programa.

PROGRAMA

- Não consigo pensar pelo o que o senhor está passando SR, Nelson. - Eli balança a cabeça.

- É tudo culpa minha. - A reeleição me colocou nas manchetes, e minha esposa obviamente
virou alvo como consequência. Ela não deveria ter que pagar pela escolha que eu fiz de
maneira egoísta.

- Sr. Nelson, não há nada de egoísta em deixar sua vida de lado pelo nosso país. Ninguém pode
culpá-lo por algo assim.

- Mas eu me culpo! Eu pensei que estava fazendo tudo o que podia para protegê-la. Tomei
todas as precauções possíveis, gastei muito dinheiro para garantir a segurança dela.
Obviamente, não foi o suficiente.

- Suficiente? Sr. Nelson, acho que todos podemos concordar que sua esposa é uma mulher
muito forte. Tenho certeza que ela correria direto para os seus braços se estivesse assistindo
isso agora. - Tess se inclina para a frente e dá um aperto suave na mão de ELI, e em troca ele
dá um sorriso astuto e devorador. Quando se dá conta de onde estão, Tess limpa a garganta.

- Bom, o nosso tempo está quase acabando. Você tem algumas palavras para os
sequestradores da Inês?

- Tenho. - Eli encara a câmera e endireita os ombros.

- Por favor, quem quer que seja, eu imploro que me devolvam ela. Pelo retorno seguro dela,
estou oferecendo uma recompensa de três milhões de dólares! Duzentos mil dólares para
qualquer pessoa que tiver informações valiosas sobre o paradeiro da minha esposa! Me
ajudem a levá-la para casa em segurança! - A voz de Eli trava quando ele mergulha a cabeça
nas mãos.

- Eu só a quero de volta.

- Vocês o ouviram! Se souberem de alguma coisa, não hesitem em ligar para o número que
aparece aqui embaixo na tela! Obrigado e tenham um boa noite.

FIM DO PROGRAMA.
Assim que o programa acaba vão para o comercial, fico de boca aberta. Balanço a cabeça
completamente confusa com o que acabei de ver. Eu me afasto de Warren o mais
discretamente possível.

- Não.

- Não o quê?

- Eu sei no que você está pensando, e nem tente isso. Seu marido sabe exatamente onde a
gente está. Eu o mantenho informado a cada quatro horas.

- Pode provar que tem falado com ele? - Warren acena com a cabeça e pega o celular. Ele disca
o número de Eli e pressiona o botão do viva- voz. Ele toca quatro vezes antes de ir para a caixa
postal. Warren encolhe os ombros.

- Ele raramente atende as minhas ligações. Ele geralmente me manda uma mensagem certa
hora do dia dizendo que recebeu a mensagem.

- Isso não faz feitio do Eli.

- Eu não sou sequestrador, pelo amor de deus. Você acha que eu te deixaria assistir TV se eu
estivesse te fazendo refém? - Eu aperto meus lábios. Warren suspira.

- Ele nem mencionou que tinha contratado um guarda-costas para você nessa entrevista.
Tenho certeza de que eu seria o suspeito número um dele se ele realmente pensasse que você
tinha sido sequestrada.

- Mas por que ele mentiria sobre isso? O que ele ganha em troca?

- Provavelmente, é um truque para confundir quem está metido com as ameaças. Se eles
acharem que você foi sequestrada, talvez não fiquem procurando tanto.

- Acho que faz sentido. - Meu telefone de repente apita várias vezes, assustando nós dois.
Pego ele no bolso, mas o Warren arranca da minha mão.

- Ei! Mas que merda você pensa que está fazendo?!

- Por que você está com ele?

- Um celular? Em que século você vive?

- Você não entende a gravidade da situação? Tem alguém tentando te matar, Inês! Ninguém
pode saber do seu paradeiro!

- E como saberiam? Eu não contei para ninguém!

- Você entrou em contato com alguém desde que a gente chegou aqui? - Sinto meu rosto ficar
pálido.

- Minha melhor amiga me mandou uma mensagem, perguntando se eu estava bem. Eu não
podia simplesmente ignorá-la.

- Inês...

- Olha me desculpa, mas a Hannah é muito importante pra mim.


- Importante o suficiente para você não tomar cuidado? Qualquer um podia ter rastreado seu
telefone se tivesse os meios necessários.

- Como é que eu ia saber? Eu não sou uma agente do FBI. - Abro a boca para fazer outro
comentário, mas de repente a mão dele a tapa. Afasto a mão dele e o encaro.

- Tá de palhaçada?! Você não pode simplesmente me calar quando eu estiver falando! - Ele me
ignora, e é só aí que percebo que ele está lendo minhas mensagens com a Hannah. Meus olhos
se arregalam quando me lembro da conversa que tivemos sobre ele ontem.

- Warren, para! Sério, devolve! - Ele não responde. Tento alcançar o meu telefone e de alguma
forma acabo com os braços presos nas costas.

- Me solta!

- Ela diz que está preocupada com você e quer saber se foi o seu “guarda-costas gato” que te
sequestrou. - Ele me olha brevemente com um olhar curioso.

- Você me acha gato?

- Sim, acho você um gato. E daí? - Ele abre a boca para dizer alguma coisa..., mas então seus
olhos voltam para o meu telefone.

- Ela também quer saber se você lá “deu uns tapinhas naquela bunda”. - Ele me lança um olhar
estranho.

- Ela deve ter mandado mensagem para o número errado. Eu não faço ideia do por que ela
perguntaria algo assim. Eu realmente não contei nada a ela sobre você, então se você poder
me devolver o telefone... - Eu me contorço e tento me soltar dele.

- Quando mais você se mexer, mais apertado eu vou te agarrar.

- Ela também disse...

- Pode parar de ler agora mesmo! - Warren olha para o meu telefone como se tivesse lido mal
a mensagem. O medo toma conta de mim.
- Ela disse que é mais sustentável a gente tomar banho juntos porque economiza água.

-O que significa “quero provas”?

- Você não pode simplesmente ler as minhas mensagens, Warren!

- Posso sim. Tenho que me certificar de que você não revelou nenhuma informação crucial
para essa... sua amiga.

- Eu nunca ia contar onde a gente tá pra ninguém. Você acha que eu sou besta?

- Todo cuidado é pouco. Qualquer deslize podia fazer alguém descobrir o seu paradeiro.

- Que ridículo. Por que você não pode simplismente acreditar, confiar em mim? - Warren
vasculha mais para cima, ignorando o meu comentário. Eu assisto apavorada quando o rosto
dele passa da confusão para estado de choque.

- Tá, chega, você pode parar agora! Tá na cara que não revelei nenhuma informação! Se você
pudesse devolver o meu telefone...
- Você andou conversando sobre a minha... “arma” ... com a sua melhor amiga? - Ele levanta
uma sobrancelha.

- Espera, você viu a minha arma?

- Não, eu não vi a sua ar... Por que a gente ainda está usando esse termo? - Warren me olha
desconfiado, depois solta meus braços da sua pegada.

- Você tem me espionado enquanto tomo banho?

- Claro que não! Nem fui eu que toquei nesse assunto. A Hannah só estava fazendo uma piada
idiota, só isso.

- Uma piada?

- Sim, uma piada! Não tem por que ficar todo agitado com isso. - A risada que solto sai como
um cortador de grama estragado, e fica claro que ele não acredita nem um pouco em mim.

- Será que preciso trancar a porta quando tomo banho?

- Agora tenho a sensação de que você está tirando com a minha cara.

- Bom, pelo menos a sua localização não foi comprometida. Então, agradeço por não contar a
ela.

- Viu, eu te disse. Você deveria ter acreditado em mim em vez de invadir a minha privacidade.

- Bom... você disse para ela que tem um guarda-costas. Mas enquanto ela não der um pio
sobre isso...

- Ela não vai falar nada. Ela é minha melhor amiga há anos, e confio nela até a mote.

- Não gosto disso, mas não temos muitas escolhas.

- Me desculpe por ter te colocado nessa bagunça.

- Não é nada que eu não possa dar um jeito. - Ele se levanta e caminha em direção à porta...
com o meu telefone ainda na mão.

- Espera! E o meu telefone?

- Eu tenho que me livrar dele.

- O quê? Não, não vai mesmo!

- Sim, vou sim. Alguém pode estar te rastreando.

- Mas eu preciso dizer a Hannah que eu estou bem! - O Warren já está desmontando-o antes
que as palavras da minha boca. Observo impotentemente enquanto ele arranca o cartão e o
quebra ao meio.

- Warren! - Luto em vão para pegar o telefone, e ele facilmente me impede de alcançar. Ele
puxa um isqueiro do bolso e, logo depois, os pedaços do cartão começam a derreter pela
chama. Ele joga os pedaços destruídos no lixo e depois quebra o telefone como se fosse um
pedaço de papelão. Não dou um pio.
- É melhor assim. Eu não estou fazendo isso para te machucar. - Eu o ignoro e saio sem olhar
para trás. De repente, meu estomago ronca de fome. Quando olho para o relógio, vejo que já
passou do meio-dia. Abro o armário e olho as caixas de cereal sem vontade.

- Posso fazer um almoço para nós. - Eu dou um pulo, com meu coração saindo pela boca.

- Qual é o seu problema?! Não chega de fininho quando eu estou puta com você!

-Quando você está puta comigo?

- Sim. Eu não estou nem um pouco feliz com você, então vaza.

- Então...você não quer que eu faça o almoço? - Meu estômago ronca novamente.

- Eu nunca disse isso. Eu só te disse para sair. - Ele ri.

- O que acha de frango agridoce refogado?

- Eu nunca comi isso antes.

- É uma das minhas especialidades.

- Ah é? - Meus olhos se fixam nele, e eu o vejo sorrindo. Meu coração quase para com o que
vejo.

- Ainda tá brava comigo?

- O que você fez não foi legal. Você sabe disso, né? - Ele suspira e esfrega a parte de trás do
pescoço.

- Talvez eu tenha exagerado. Eu só estou tentando te proteger.

- Eu entendo, mas existem formas melhores de fazer isso. Você não precisava destruir o meu
telefone e queimar tudo na minha frente.

- Aquilo foi um pouco pesado, eu sei. Deixar-me compensar, tá? Vou preparar meu frango e
depois você pode me dizer se ainda está com raiva de mim.

- Não e tão simples assim, Warren.

- Eu não posso deixar nada acontecer com você. Ouvir que eu esqueci de um detalhe tão
importante me pegou de surpresa. Eu realmente não estava tentando te magoar, Inês.
Entendo por que você ficou com raiva de mim... eu só queria saber como resolver isso.

- Eu aceito suas desculpas. Me desculpa por não ter percebido que o meu celular podia ser
usado pra me rastrear.

- Eu devia ter checado ele com você antes de a gente sair. Me desculpa por te ofender.

- Eu não sei como você descobriu o meu ponto fraco tão rápido.

- Ponto fraco?

- Comida é o meu ponto fraco. - O alivio em seu rosto fica evidente. Ele dá meia-volta e
começa a tirar os ingredientes da geladeira.

- Ah, Warren?

- Sim? - Eu vou até ele e dou um beijo suave em sua bochecha.


- Obrigado por cuidar de mim. - Suas bochechas ficam vermelhas quando ele me olha
pensativo, perdido e sem palavras. Me sentindo confiante, eu decidi repetir o beijo. Dessa vez,
eu miro no centro, e me aproximo lentamente, dando tempo suficiente a ele para se afastar.
Ele não se afasta.

Quando os nossos lábios se encontram, nossos olhos se fecham automaticamente, e eu o


ouço derrubar a sacola de cenouras que ele estava segurando. As mãos dele, livres agora,
seguram o meu rosto suavemente. É um beijo sedutor, intoxicante. Meu corpo todo começa a
formigar quando a língua dele separa os meus lábios encontrando a minha. Conforme as
nossas bocas se ocupam de acariciar uma à outra, eu coloco meus braços em torno dele e o
puxo para mais perto.

Ficamos parados ali, nossos corpos alinhados, perdidos no desejo e anseio. Nossos beijos
não são mais lentos e suaves, mas apressados e cheios de paixão. Quando os meus joelhos
quase cedem, minhas mãos seguram o tecido da parte de trás da camisa dele. Warren me
ergue e me coloca no balcão da cozinha, abrindo as minhas pernas para facilitar o acesso.
Meus batimentos cardíacos se aceleram conforme as minhas coxas se separam, e eu sinto o
sangue correr pelas minhas veias.

Ele morde o meu lábio inferior para me provocar, e eu não consigo segurar um gemido. A
necessidade que eu tenho desse homem supera qualquer outra, e me deixa tonta. Sem chão.
Eu quero mais e mais. Eu me agito no balcão, sentindo o aperto quase insuportável no meu
estômago.

Quando o meu joelho roça no volume rígido dele, eu o ouço xingar baixinho. Um segundo
depois, ele se afasta, e nós tentamos recuperar o folego a uma distância segura um do outro.

- Inês... eu... - Eu salto do balcão, ainda um pouco zonza. Eu pego a sacola de cenouras caída
displicentemente no chão e a dou para ele. Ele pisca várias vezes ao me ver sorrir.

- Vou deixar você trabalhar, chef Warren. Só me avisa quando o almoço estiver pronto. - Passo
perto dele, caminhado em direção à sala. Uma hora depois...

- Onde você aprendeu a fazer isso? Tem um sabor incrível!

- Quando se mora sozinho pelo tempo que eu tenho morando, é preciso aprender a cozinhar.

- Eu quase te invejo. Quando eu era criança, a minha família tinha chefs preparando as nossas
refeições ou jantávamos em restaurantes exclusivos. A comida era ótima, mas o máximo que
eu aprendi foi a fazer coisas básicas, como panquecas. Infelizmente, acho que nunca usei o
fogão da minha própria casa.

- Mas e uma vida tão ruim assim?

- Há suas vantagens. Eu costumava amar a minha vida..., mas agora vejo que não é a melhor
para mim.

- O que te fez mudar de ideia?

- Sinceramente, estar aqui. Tem algo de encantador em dormir com um fogo ardendo n sala...
ter que preparar as próprias refeições em vez de pedir o cardápio... Acho que eu gostaria de
viver esse tipo de vida.

- Comigo?
- Claro. Qual seria a pior coisa que poderia acontecer? A gente se ver pelado de vez em
quando? Eu posso viver com isso. - Os olhos de Warren se fixam nos meus... e fica obvio que
nos dois estamos lembrando do ocorrido no chuveiro. Ele se levanta abruptamente da mesa.

- Esqueci que tinha planejado consertar a minha moto hoje.

- Agora? Mas você não disse que ela estava boa?

- Dá para melhorar. - Warren sai pela porta e a fecha atras dele. Enquanto eu me sento,
perplexa com a reação bizarra dele, uma ideia me ocorre de repente. Eu lembro dos meus dias
de faculdade e das minhas habilidades lendárias de dança erótica. Quando o plano começa a
se formar na minha mente, um sorriso surge no meu rosto. Uma hora depois, enquanto
Warren toma banho, encontro e coloco a minha roupa mais sexy e provocante.

A porta do banheiro se abre para revelar um Warren sem camisa, vestindo apenas uma
cueca. A água brilha na superfície da sua pele enquanto ele passa a mão pelos cabelos
molhados, e minha boca fica seca com os músculos fortes e definidos do seu abdome e
peitoral.

- Inês? Achei que você estivesse na sala. - Seus olhos vigiam o meu corpo com um olhar
devorador. Sinto minhas coxas se contorcerem com a ideia.

- Eu queria colocar a minha camisola antes de dormir.

- Sua...camisola? - O pomo de adão dele se mexe enquanto ele engole. Provocando, arrasto
minha mão pela roupa bem apertada no meu corpo. Seus olhos seguem todos os meus
movimentos com sede.

- O tecido é bem macio. - Adoro a sensação que ele dá na minha pele.

- Parece bem macio mesmo.

- Por que não toca nele para entender o que eu quero dizer? - Minha pergunta parece assusta-
lo quando ele dá um passo inconsciente para trás. Mordo meu lábio enquanto meu olhar passa
do peito para os olhos dele. O Warren parece estar em um dilema, mas me permite pegar sua
mão e puxa-lo em direção a cama.

- Tá tocando música?

- Sim, curtiu?

- Parece que o tipo de música que se escuta em boate.

- Estava muito quieto aqui.

- Pode ser. - Quando chegamos a cama, eu me viro e o empurro sobre ela.

- Opa, Inês. O que tá rolando?

- Eu quero te mostrar uma coisa.

- Acho que é... - Coloquei um dedo nos lábios dele.

- Shiu. Você confia em mim? - Ele permanece quieto, mas posso ver nos olhos dele.

Ele não pode resistir a mim. Eu levanto a minha perna para montar nele, e seus olhos se
arregalam.
- O que você está fazendo?

- Uma coisa que você vai ver que sou muito boa. - Warren parece confuso, então eu continuo
movendo minha cintura sensualmente contra ele. Ele congela, depois fecha os olhos. Eu me
inclino em direção a orelha dele e sussurro baixinho...

- Já te fizeram uma dança erótica, Warren? - Sua respiração acelera quando me pressiono mais
forte contra suas coxas musculosas. Minhas mãos percorrem seu peito largo e nu, e roço
minhas unhas ao longo de sua pele exposta.

- Eu sei que você não quer passar dos limites... então não vou te beijar. Mas você sabe tão bem
quanto eu que existe uma conexão obvia entre nós. Nos dois queremos ser tocados, e faz
muito tempo que nenhum de nós tem isso com alguém. - Ele não reclama e me deixa
continuar. Pego as mãos dele e as coloco nas minhas coxas, deliciando – me com a sensação
quando sinto seus dedos apertarem em volta de mim. Movo meu corpo devagar,
sedutoramente contra o dele, ao ritmo da música. Meus dedos passam pelos seus cabelos, e
eu o ouço soltar um gemido baixo de prazer. Eu posso sentir seu pênis endurecendo em baixo
de mim, e o som do meu nome nos lábios dele apenas alimenta o meu desejo.

- Inês... - Pressiono meus lábios contra seu pescoço e sinto suas mãos viajarem pelas curvas
das minhas costas, me puxando para mais perto. A barba dele roça em meus lábios e imagino
como seria em outras partes do meu corpo. Eu me pressiono contra ele, e as gotas molhadas
de água escorrendo pelo seu peito começam a umedecer minha pele e minha roupa
minúscula. Nos dois estamos respirando forte. Estamos tão envolvidos no momento que
demoramos um pouco para perceber que a música acabou.

- Essa foi a última música? - Não respondo. Nossos rostos estão separados por um fio de
cabelo, tão próximos que o cheiro de pasta de dente beija meus lábios. Seus olhos procuram
os meus, e quando os encontram, ele sussurra.

- Obrigado.

- Obrigado? - Warren acena com a cabeça e se move desconfortavelmente embaixo de mim.


Olho para baixo entre nós para ver a excitação obvia que ele está tentando esconder de mim.

- Inês... - Me inclino para frente e pressiono meus lábios firmemente contra os dele. Ele hesita
por um momento, mas depois aceita o meu beijo com tesão, acabando com todas as
negações. Ele desliza meu corpo para a frente até eu descansar diretamente em cima do seu
pênis.

- Aí Warren... - Eu suspiro com a sensação, e ele aproveita a oportunidade para deslizar sua
língua na minha boca. De repente, ele me vira e fico deitada na cama. Minhas pernas
automaticamente se cruzam ao redor dele, e sinto sua mão agarrar a minha coxa e depois
deslizar para baixo. O beijo se torna mais sensual, nossas línguas lutando pelo domínio. Seus
dentes gentilmente puxam meu lábio antes que ele interrompe o beijo por completo.

- Droga. - Nos dois estamos ofegantes, tentando recuperar o folego.

- Qual é o problema?

- Eu não devia... A GENTE não devia ter feito isso. - Meus olhos procuram sinais de remorso,
mas não há nenhum.

- Você quebrou sua promessa, sabia?


- Pois e.

- Por que você me beijou?

- Às vezes, na vida... a gente precisa trapacear para ganhar. - Algumas horas depois, ainda não
consigo dormir direito. Acordei inúmeras vezes, me contorcendo e me virando, tentando
encontrar uma posição confortável, mas sem sucesso. Olho para o Warren e o vejo dormindo
tranquilamente. Seus lábios estão um pouco abertos, seu rosto relaxado. De repente, ouço
algo.

- “Inês...” - Eu congelo, me perguntando se eu tinha falado em voz alta. Olhando para baixo,
vejo o Warren com os olhos fechados, ainda dormindo profundamente.

- Você disse alguma coisa, Warren? - Eu ouço de novo.

- “Inês...”

- Sim? - Eu o observo curiosa, tentando descobrir o que ele está dizendo, quando de repente
tudo fica muito claro.

- “Inês... Inês... Inês...”

CAPITULO CINCO: VACA BÊBADA.

Entro na cozinha e encontro o Warren já tomando café.

- Bom dia.

- Bom dia. - Ele está encostado no balcão e imediatamente me ofereceu uma xicara. A
lembranças dele ontem à noite, gemendo meu nome várias vezes, coloca um sorriso nos meus
lábios.

- Você parece bem alegre hoje.

- É porque eu tive o sonho mais maravilhoso. Mas tenho certeza que você sabe como é, ne?

- Como assim?

- Com certeza você se lembra.

- Lembro do que?

- De ontem à noite? Você repetiu meu nome várias vezes. - Seu rosto fica bem vermelho.

- Deve ter sido um sonho bom demais. Estou tão curiosa, então, exatamente o que eu estava
fazendo com você?

- Desculpa, não era para você ouvir isso...

- Não precisa pedir desculpas. Adoraria ouvir você gemer o meu nome de novo. - Warren
aperta a ponta do nariz e suspira.
- Inês, tenho certeza que você sabe que a nossa relação está virando tudo, menos profissional.
Talvez fosse melhor se a gente não passasse mais dos limites. Já fiz o café da manhã, então
pode se servir quando quiser. Vou estar lá na rua de você precisar de mim.

- Espera! - Warren se vira para mim, com o rosto cuidadosamente sem expressão.

- Eu adoraria sair hoje. Você acha que seria possível? Eu sei que tecnicamente eu sou uma
pessoa desaparecida..., mas eu me sinto tão presa nessa cabana.

- Você pode ser reconhecida.

- Não tem nada que a gente possa fazer pra mudar um pouco a minha aparência? - Warren
não leva muito tempo pra amolecer com o meu rosto implorando.

- Na prateleira de cima do closet de roupas de cama, você vai encontrar alguns corantes pra
cabelo e uma tesoura. Também deixei umas roupas no quarto, que vão te ajudar a se disfarçar.
Se você ficar irreconhecível, a gente pode ir em algum lugar hoje.

- Sério?!

- Eu achei que alguma hora você iria querer explorar a cidade.

- Warren! - Eu pulo para frente e jogo meus brações em volta dele. Ele para e não demora
muito para que gentilmente me afaste. Não deixando suas ações me impedirem, eu sorrio
para ele.

- Muito obrigada. Você não sabe o quanto isso significa pra mim.

- Estarei lá fora quando estiver pronta. Vamos levar minha moto parra a cidade. Você já andou
numa antes, né? - Antes que eu possa responder, o telefone de Warren toca. Ele olha para
baixo assim que o puxa do bolso.

- É o Eli. - Warren vira o telefone na minha direção para que eu também possa ver as
mensagens.

Mensagens com Eli.

Eli.

Sr. Garcia, qual é o problema? A menos que seja por emergência, evire de me deixar mais
mensagens na caixa postal daqui em diante. Seu trabalho é manter minha esposa segura e não
me incomodar com detalhes desnecessário. Entendeu?

Olho para o Warren e vejo seus olhos se estreitarem em aborrecimento. Ele digita uma
resposta de uma palavra e coloca o telefone no bolso.

- Bom, pelo menos agora tenho certeza que você não me sequestrou. - Warren luta contra um
sorriso antes de sair da sala. Entro no quarto e olho para as opções que o Warren comprou
para mim. Depois de arrumar o cabelo, eu foco nas várias roupas colocadas cuidadosamente
na cama. Eu ouço o som de uma moto acelerado do lado de fora do chalé e vou em direção á
saída. No minuto em que saio pela porta, vejo Warren parado ao lado de sua moto.

Meus olhos se voltam imediatamente para o veículo. Eu caminho até onde ele está, com
entusiasmo evidente no meu rosto.

- Eu posso dirigir? Sempre tive vontade.

- Não.

- Por favor?! - Ele me dá um sorriso largo.

- Talvez na próxima. Você não consegue usar o GPS sem um telefone, consegue?

- E de quem é a culpa? - Warren pega um capacete grande e coloca cuidadosamente na minha


cabeça. Ele o ajusta e depois levanta a viseira para que o ar bata no meu rosto.

- Segura firme, tá? - Eu aceno. Warren sobe na moto e depois se vira para mim com a mão
estendida.

- Pronta?

-Certo. O que eu faço?

- Coloca a perna do lado e abraça a minha cintura. - Faço o que ele diz. Ele envolve as mãos sob
minhas coxas e me puxa para frente, para que eu fique encaixada em suas costas. Warren
coloca seu capacete e acelera o motor de novo. O som é quase ensurdecedor, mas me enche
de adrenalina.

- Vai ser barulhento, então é só tocar nas minhas costas se precisar que eu pare ou diminua a
velocidade, tá? - Ele vira a cabeça até ver meus olhos.

- Preciso que você confirme, Inês. Você confia em mim? - Eu o encaro com uma expressão
séria.

- Com a minha vida. - A minha resposta parece pegá-lo de surpresa. Os lábios dele se
entreabrem e ele busca respostas nos meus olhos.

- Você foi mais confiante do que eu esperava.

- É o que eu sinto. Você me protege, cuida de mim, sempre pensa na minha segurança em
primeiro lugar. Como eu poderia não confiar em você?

- É meu trabalho, Inês.

- Eu sei. Mas esse trabalho é realmente a única razão por você estar fazendo tudo isso? Era de
se esperar que você me mantivesse presa entre essas quatro paredes... não que você saísse
comigo. - A boca de Warren se abre para explicar o que “sair” significa, mas eu continuo
sorrindo. - Aceite, Warren. Você se importa comigo.

- É claro que eu me importo com você. - Agora é minha vez de parecer surpresa. Ele se vira na
moto, para olhar para mim. - É difícil não desenvolver nenhum tipo de relação cordial com um
cliente nesse tipo de situação. Você é a única pessoa que eu vejo no momento.
- Então... eu sou só uma cliente para você? Quando toda essa palhaçada acabar, as coisas vão
simplesmente voltar a serem como eram antes? - A minha voz fica mais baixa, com um toque
de tristeza. - Nós não vamos nem sequer manter contato?

- Eu nunca disse isso, Inês. Mas, depois que tudo tiver acabado, você pode decidir que prefere
esquecer de todo esse drama. Inclusive de mim. - Os olhos dele não se desviam do meu, e eu
sei que ele está falando a verdade.

- Eu jamais conseguiria esquecer de você, Warren. - Ele sorri, mas não com os olhos.

- Agora, vamos. Segure firme. - Três horas depois, estamos passeando por um parque local.

- Não acredito que uma cidade tão pequena tenha tantos tesouros escondidos.

- É de se admirar, né? Eu sempre gostei daqui.

- Dá pra entender. Tem algo de muito pacifico em ficar longe de toda barulheira da cidade. Dá
até para ouvir os pássaros cantando sem o barulho do trafego no fundo.

- Isso é uma coisa que eu sinto muita falta quando trabalho nas cidades.

- Por quanto tempo você viveu aqui?

- Pela maior parte da minha vida, na verdade. Minha mãe e eu nos mudamos da Califórnia para
cá quando u tinha cinco anos. A cabana em que a gente tem ficado foi a nossa primeira e única
casa aqui. - Assim que abro a boca para perguntar o que aconteceu com sua mãe, Warren
aponta para um estabelecimento próximo.

- Um dos meus amigos é dono desse bar. Quer pegar algo pra comer?

- Comer seria bom. - Ao nos aproximarmos, não demora muito para eu notar a placa com o
nome.

- Vaca bêbada?

- Não pergunta. - Eu sorrio enquanto ele segura a porta aberta para mim. A primeira coisa que
noto quando atravesso a porta é que parece bem vazio, apenas outro casal sentado no bar.
Parece que as paredes precisam de uma pintura nova e os bancos parecem um pouco bambos,
mas mesmo assim, é um lugar acolhedor.

- É aconchegante.

- É o melhor bar num raio de cem quilômetros. - Logo depois de dizer isso, um homem grande
e imponente se aproxima de nós com um enorme sorriso estampado no rosto e dá um tapinha
nas costas de Warren.

- Não de ouvidos para esse cara. É o melhor bar em todo o estado, pode ter certeza. - Warren
zomba.

- Agora você está exagerando.

- Não tô! - Que outro bar daria bebidas de graça de boas-vindas assim que você entra? - Ele
nos serve choppe da biqueira, desliza o copo ao longo do balcão e pisca para mim.

- Por conta da casa, querida. E eles continuarão saindo enquanto você quiser.
- A gente pode pagar pelas próprias bebidas, Jack. - O barman balança a cabeça. – Besteira.
Meu melhor amigo não vai pagar nada aqui. E nem qualquer companhia dele. - Warren suspira
e toma um gole de cerveja.

- Não sei como você mantem os negócios na ativa. Você faz a mesma coisa com metade dos
clientes. - Jack encolhe os ombros.

- Os clientes são fies. Eles nunca iam me deixar falir. Além disso, as mulheres praticamente
fazem fila quando me enxergam administrando o lugar. - Ele se flexiona, e Warren ri. - Falando
de mulheres... - Ele pega minha mão e beija meus dedos. Warren imediatamente endurece ao
meu lado. - Olá, gata. Meu nome é Jack Wayne.

- E eu sou...

- Ashley Carter.

- Muito prazer.

- Um prazer?

- Jack...

- Querida, eu posso te mostrar o verdadeiro significado do prazer. - Embora as palavras soem


paqueradoras, posso ver um brilho provocador em seus olhos e é obvio que ele está tentando
irritar o Warren. Ele pisca de novo para mim.

- Cai fora, Jack.

- Ei, ei eu só estava me apresentando.

- Ela é comprometida.

- Não se preocupe, Warren. Eu vi a aliança. - Eu sigo seu olhar até minha mão esquerda e
franzo a testa para a aliança de casamento no meu dedo. - Parece que finalmente você se
achou, Garcia! Fico feliz por você, cara.

- Somos apenas amigos.

- Apenas amigos, é?

- Apenas. Amigos.

- Ah, então eu posso tentar algo com ela, né? - Warren começa a se opor, mas Jack joga o
braço em volta dos meus ombros e começa a me levar em direção ao bar de novo. Warren se
arrasta atras de nós, e eu posso praticamente sentir o olhar que ele está lançando por trás de
Jack. - Só se sentar aí, mocinha, que eu consigo outra coisa para você beber. - Ele aponta para
o copo cheio de cerveja que eu ainda estou segurando em minhas mãos.

- Não curte cerveja?

- Cerveja está ótimo, sério. Eu só... esqueci de tomar. - Eu tomo um gole e Jack ri.

- Então, como vocês dois se conheceram?

- Eu e o Garcia? Ah, a gente se conhece há séculos.

- A gente cresceu juntos.


- Sabe, ele sempre teve ciúmes de mim.

- A única coisa que tive ciúmes era da velocidade com que você espantava as mulheres.

- As mulheres me amam.

- Claro, calor.

- Amam, sim! Numa noite dessas, tinham duas me implorando para ir pra cama com elas.

- Ele também é um ótimo contador de histórias. - Jack faz beicinho.

- Ele é tão mau comigo, Ashley.

- Warren, para de ser mal com o Jack.

- Obrigado.

- Ei!

- Ele já te disse que é por causa dele que perdi minha perna? - Olho para o Warren em choque.
Ele nega com a cabeça.

- Não seja tão dramático, Jack.

- Eu não estou sendo dramático.

- Então, não é por sua causa que ele perdeu a perna?

- Não da forma que ele tá dizendo.

- Não entendi. - Eu me viro para Jack, e ele sorri para mim.

- Aconteceu quando éramos fuzileiros juntos. Eu tinha levado uma rajada de balas e achei que
era o fim.

- Você foi baleado?!

- Pra caramba.

- Nós dois fomos baleados várias vezes. - Minha cabeça vira para o Warren, que encolhe os
ombros em timidez.

- Ossos do oficio.

- Naquele dia, eu fui atingido na perna e no ombro sem ter pra onde correr. Ninguém estava lá
para me ajudar, e eu estava sangrando muito rápido. - Ele coça a nuca e desvia o olhar.

- Eu realmente pensava que era o fim da linha, mas esse idiota aqui... - Jack joga o polegar em
direção ao Warren.

- Ele simplesmente não podia me deixar morrer.

- Entendeu o que eu quero dizer sobre dramático?

- O que ele fez?

- Quando ele não conseguiu me encontrar, voltou correndo pra linha de fogo. Não me lembro
de nada além de ver lindas asas de anjo brotando das costas dele quando me ergueu e me
arrastou para um lugar seguro. - Jack bate os cílios em direção a Warren.
- Meu lindo anjo da guarda. - Eu rio da expressão no rosto do Warren, e Jack também.

- Agora, eu tenho essa prótese de perna sexy aqui. - Ele levanta a calça e me mostra.

- Um ímã caçador de mulheres, bem aqui. Elas adoram esse negócio. - Ele olha para mim,
esperançoso, como se tivesse pedindo minha aprovação. Prefiro não comentar, então sorrio
de forma educada para ele.

- E difícil andar por aí com ela?

- Que nada, eu já tô acostumado. Não me impediu de fazer o que quero na vida.

- Mesmo assim, sinto muito pelo que aconteceu com você.

- Ei, não foi tão ruim assim. Eu posso ter perdido uma perna, mas o coitado do Garcia perdeu o
coração. - O Jack ri, mas o Warren fica inquieto.

- Seu coração, Warren? - Warren se recusa a me olhar no olho. Em vez disso, ele se levanta e
sai do bar. Eu observo atordoada quando ele bate à porta ao sair.

- O que acabou de acontecer? - Virando para Jack, noto que seu sorriso sumiu.

- Eu não devia ter dito isso. Não sabia que ainda era uma ferida aberta para ele.

- Como assim?

- Desculpa, gata, mas não sou eu quem vai te contar essa história. - Eu franzo a testa e me viro
em direção a porta.

- Eu já volto. - Jack sorri em concordância e vai cuidar dos outros clientes. Eu ando em direção
a porta e cuidadosamente enfio minha cabeça para fora.

- Warren? - Eu o vejo sentado em um banco. Ele não se mexe, mas eu sei que ele me ouviu.
Vou até ele e me sento cuidadosamente ao seu lado. - Você está bem? - Depois de alguns
momentos de silencio, ele finalmente me responde.

- Acho que só precisava de um pouco de ar fresco.

- A gente não precisa conversar sobre isso, se você não quiser.

- Não é isso. Eu só não me permitia pensar muito nela faz tempo.

- Uma paixão antiga, né. Ela te magoou?

- Tipo isso. - Eu espero com paciência, não querendo pressiona-lo a falar. Mas não preciso
esperar muito.

- Acho que eu devia começar do início. Bom, quando a gente estava no Afeganistão, perdemos
muitas pessoas boas. Éramos poucos, e a gente basicamente perdeu contato com todo mundo
em casa. Eu olho para ele, e ele está olhando diretamente para frente, aparentemente perdido
em pensamentos. - Nosso navio era pequenino e nossa tripulação menor ainda. Fomos
repartidos em grupos e nos espalharam pelo oceano pra aumentar o perímetro.

- Quantas pessoas estavam no seu navio?

- Tinha uns quinze, todos homens. Eles não deixavam mulheres fuzileiras serem navais naquela
época.
- Quinze homens? Não parece tão pouco.

- Pode acreditar... Quando você fica num navio vinte e quatro horas por dia, sete dia por
semana, é pouco. Imagina viver em lugares apertados com outras catorze pessoas. Nós
combinamos todas as refeições junto, ficávamos jogando carta por horas... E não havia muita
privacidade. Às vezes a gente ficava entediado com os próprios pensamentos.

- Então, como você conheceu ela?

- Ela era uma garota que a gente conheceu em um bar local. A gente tinha dois dias de folga de
vez em quando, dependendo do nosso turno, então a gente aproveitava todas as
oportunidades pra fazer alguma coisa diferente. Alguns de nós ficávamos bêbados, e o Jack
sugeriu que a gente jogasse um jogo idiota com umas mulheres da área. Eu nem me lembro
qual era o jogo. Verdade ou consequência, talvez? - Ele balança a cabeça e suspira. - Eu e a Lola
fomos desafiados a ficar juntos, por mais infantil que isso pareça. Eu me lembro de me virar
pra dizer que a gente não precisava fazer isso, mas ela me abraçou e me beijou antes que eu
dissesse uma palavra. A gente continuou se vendo por um tempo. - Ele encolhe os ombros. -
Eu não saia do navio com muita frequência, mas ela me escrevia cartas. A gente planejou
começar uma família nos estados unidos, assim que o meu tempo de serviço acabasse. Eu até
comprei uma aliança para ela. Na época, eu pensei que estava pronto para isso... agora vejo
que era só um idiota com 23 anos. No dia em que decidi pedi-la em casamento, encontrei-a na
cama com outro cara. Ao invés de se explicar, ela me disse para sair e nunca mais voltar.

- Por que ela faria isso? Ela não te amava? - Warren encolhe os ombros.

- Talvez em algum momento ela tivesse me amado, mas eu nunca vou saber. Descobri um
tempo depois que ela estava na verdade saindo com aquele cara ao mesmo tempo. Sempre
que eu saia pra embarcar no navio, ela corria de volta para ele. Algumas mulheres adoram a
ideia de ficar com soldado... e não percebem o compromisso real que existe nisso. É muita
espera, tempo sozinhas, imaginando se vão voltar pra casa. Não posso culpa-la por querer
mais.

- Não fale assim. Ela não devia ter te traído. Você seguiu fiel a ela, não?

- Claro. - Ele olha apara mim. - Eu queria dar o mundo para ela, só que ela simplesmente não
conseguiu esperar.

- Então ela é uma idiota. - Warren ri.

- Bom, eu desejo tudo de bom para ela, onde quer que esteja. Mas fico feliz que tenha
acabado assim no fim das contas. Eu não estaria aqui se não tivesse. - Eu o observo
curiosamente.

- Você perdoa muito para uma pessoa que foi traída.

- E você não é igual? - Nós olhamos um para o outro e caímos na gargalhada. O ar


instantaneamente parece mais leve. Warren se levanta e estende a mão para eu pegar.

- Obrigado por sair por minha causa, Inês. Agora a gente devia voltar lá para dentro. O Jack
está provavelmente se perguntando o que aconteceu.

- Certo. - Pego a mão dele e voltamos juntos à vaca bêbada, um do lado do outro.
- Ei, antes de vocês partirem, a gente vai organizar um evento amanhã à noite. É um buffet de
encontros relâmpagos.

- Por que a gente viria nisso?

- Na verdade, parece divertido, não acha? - Warren me olha friamente.

- Não, nem um pouco. - Eu o puxo para o lado, longe dos ouvidos do Jack.

- Ei, como alguém que está prestes a ficar solteira, acho que seria bom voltara a ativa. Além
disso, já que você decidiu que vamos manter as coisas “profissionais” ... eu não mereço a
chance de conhecer e flertar com alguns solteirões sexy?

- Não.

- Como? Por que não?

- Por quê?

- Por quê...?

- Não é seguro.

- Não é “seguro”?

- é.

- Mas isso nem faz sentido. A gente está no meio do nada e passamos o dia todo em público.
Ninguém sequer olhou para mim.

- Inês... - Ele geme e passa a mão pelos cabelos. - Você quer mesmo fazer isso?

- Sim.

- Está bom, a gente pode vir então.

- A gente?

- É obvio que eu também vou.

- Maravilha! - Eu sorrio para ele feliz.

-Mal posso esperar para ver a sua reação ao ver todos os “solteirões sexy e livres “daqui.

- O que isso quer dizer? E por que você tá rindo?

- Vem, vamos para casa. - Warren sai do bar e acena para Jack quando ele se despede.

CAPÍTULO SEIS: O ENCONTRO RELÂMPAGO.

No dia seguinte... Enquanto o Warren está lavando a louça e eu secando, eu quebrei o silêncio
fazendo uma pergunta a ele.

- Então, que horas a gente vai?


- Vai onde?

- Naquele negócio de encontro relâmpago no bar do seu amigo.

- Ah tá... eu tinha esquecido disso. Tem certeza de que quer ir?

- Claro! É melhor do que não fazer nada. E vai saber? Eu posso conhecer alguém legal e ir pra
casa com ele. - O corpo inteiro do Warren congela e ele quase deixa cair o prato que estava
segurando.

- O quê?

- Sabe, se eu me der bem com alguém, e ele me convidar para ir na casa dele.

- Você NÃO vai a lugar nenhum com ninguém sem mim. Já se esqueceu por que estamos aqui?

- Tá bom. Se eu não posso ir até a casa dele, então vamos nos agarrar no bar.

- Na frente de todo mundo?

- Porquê não? Não tenho problemas em demonstrar afeto em público. - O Warren só me olha
com a cara fechada.

- Se é o que você quer...

- É sim. Vou tomar um banho e me arrumar. Só me avisa que horas vamos sair. - Ele me dá um
breve aceno de cabeça, então eu me viro e corro até o banheiro. Eu espero o Warren na sala, e
não demora muito para que ele apareça.

- Pronta pra ir?

- Prontíssima. - Eu encaro o Warren. Ele está se vestindo no modo casual, mas parece
arrumado mesmo assim. Mordo o lábio quando o olho e percebo que ele está fazendo o
mesmo comigo.

- Você está bonito.

- E você está... ah... - Ele limpa a garganta. - Bom, acho que você sabe muito bem que está
incrível nesse vestido, Inês.

- Você está bonito.

- Você também.

- Espero que você não seja o único a pensar assim hoje á noite. - Warren zomba.

- Esses caras seriam idiotas de não achar você atraente. Na verdade, aposto que você vai ter é
problemas para se livrar deles. O que me lembra que... se em algum momento você se sentir
desconfortável ou quiser ir embora, me avisa a hora.

- E se você estiver gostando da pessoa com quem estiver conversando? Eu não gostaria de
interromper.

- A única razão pra gente ir hoje à noite é por você que quer ir. É obvio que você é a minha
prioridade.

- Então você sairia do seu encontro só pra ter certeza que eu estou bem?
Que gentil da sua parte.

- Eu só estou fazendo o meu trabalho, Inês.

- Bom, você é muito bom no seu trabalho. - Percebo um sorriso em seu rosto, e sua postura
finalmente relaxa.

- É melhor a gente ir andando se queremos chegar a tempo.

- Beleza. Vamos na sua moto de novo?

- Podemos ir... se você quiser?

- Sim, com certeza! Ontem eu me diverti muito. Eu não esperava gostar tanto quanto gostei. -
Warren sorri como criança, e essa imagem me dá um frio na barriga.

- É uma moto legal, né?

- É sim.

- Bom, então... vamos lá te apresentar aos melhores solteirões da área?

Atravessamos a porta da frente da vaca bêbada, e a primeira coisa que noto é que o bar
está completamente lotado.

- Eu não esperava que ficasse tão cheio.

- Acho que um evento como esse é o assunto da cidade, não acha? - De repente, alguém corta
na minha frente, então eu desequilibro para trás..., mas o Warren rapidamente me segura. -
Você está bem?

- Sim, obrigada. - Homens e mulheres começam a nos olhar das mesas ao redor do bar, e
alguns olhares se fixam nas mãos do Warren na minha cintura. - Talvez devêssemos nos
separar? - Eu me viro para o Warren, o que faz com que suas mãos se soltem da minha cintura.

- Separar?

- Se a gente ficar muito junto, vai parecer que somos um casal.

- Você quer que eu te deixe aqui sozinha?

- Eu não posso conversar com alguém se você ficar colado ao meu lado. - Minhas provocações
parecem ter o efeito oposto assim que Warren se fecha.

- Beleza. Como eu disse antes, me procure quando quiser ir embora. - Sem outra palavra,
Warren desaparece na multidão. Eu franzo a testa para ele. Uma companhia toca e o barulho
se acalma. Consigo ver o Jack parado em cima do balcão, com uma lista na mão.

- Senhoras e senhores! Obrigado a todo por terem vindo. As regras são as mais simples
possíveis, sempre que a campainha toca, vocês precisam mudar de par. Então, encontrem um
lugar vazio na frente de outra pessoa e vamos começar! - Aplausos são ouvidos ao redor do
bar enquanto todo mundo começa a se misturar. Eu me sento na frente de um homem bonito
que parece ter quarenta e poucos anos. Ele me dá um sorriso gentil assim que a primeira
campainha toca.
- Meu nome é Billy. Qual é o seu, querida? - Detecto um leve sotaque sulista quando ele fala e
decido que combina com ele. Eu hesito, lembrando que provavelmente devia usar um nome
falso.

- Meu nome é Makayla. Prazer em te conhecer.

- Você não é daqui, é?

- Como notou?

- Uma garota tão gostosa quanto você facilmente chama a atenção numa cidade pequena
como essa.

- É mesmo? - Ele sorri.

- Se você ainda não notou, tem poucas opções por aqui. A maioria das mulheres nessa cidade é
maria-uniforme, mas isso cansa depois de um tempo. Eu olho ao redor do bar e percebo que
há mais mulheres do que homens.

- Existe uma base naval a alguns quilômetros ao sul, e esse é um bar que os fuzileiros- navais
costumam frequentar.

- Fuzileiros, é? - Olho ao redor do bar procurando o Warren. Quando finalmente o encontro,


noto que ele está sentado à mesa com uma mulher bonita, de vestido preto curto e salto alto.
Ela está tocando no braço dele e empurrando o peito na direção dele, mas o olhar vidrado em
seu rosto me diz que ele está entediado. Ele lentamente tira a mão da mulher de seu braço. A
mulher parece irritada com o movimento dele, mas ela logo descansa a mão no seu joelho.

Warren pressiona a boca numa linha dura e diz algo que a faz recuar completamente. Ele
chama a minha atenção e fala as palavras “me ajuda” enquanto eu escondo uma risada. Ele
sorri para mim, depois vira o olhar para o Billy. Percebendo que provavelmente estou
parecendo grosseira, me viro para o homem sentado à minha frente contra a vontade.

- Você é um veterano?

- Infelizmente não. Sou agricultor, mas meu sonho é me tornar um fisiculturista a nível
mundial. - Billy flexiona o braço feliz e o admira.

- Na verdade, eu sou... - A campainha toca, sinalizando que é hora de mudar de par.

- Foi bom te conhecer, querida. Me encontra mais tarde se quiser ver o que um homem de
verdade pode fazer. Ele me dá uma piscadinha e depois me enxota. Olho ao redor do bar e
depois vou em direção a um solteiro de vinte e poucos anos, os outros dois pareciam estar
beirando os setenta.

Quando me sento, meu novo par sorri para mim.

- Caramba. Má ocê é uma belezura. - Ele olha para o meu corpo com satisfação e me dá uma
piscadinha.

- Hmmmm, oi. Qual o seu nome?

- Rusty. Mas talvez você me conheça melhor como o vencedor da copa do mundo de corrida
de trator do ano passado. - Rusty sorri com orgulho.

- Na verdade, eu não sou daqui, mas parabéns. Deve ser uma conquista é tanto.
- Foi uma batalha e tanto, mas o melhor venceu.

- Só imagino como deve ter sido intenso.

- Um dos momentos mais marcantes da minha vida, com certeza.

- Então, você vive aqui há muito tempo?

- Eu até tenho o troféu na prateleira da minha sala. Seve pra me lembrar todos os dias que
meus anos suados de treinamento valeram o esforço.

- Certo. - Minhas observações sem entusiasmo não parecem impedir ele de continuar.
Enquanto Rusty continua a tagarelar sobre sua vitória na copa do mundo, seus olhos logo se
afastam dos meus e descem para o meu decote. Sua língua desliza para umedecer o lábio
inferior.

- Então, o que você acha de nós sair daqui? O meu trator tá estacionado lá nos fundos. Você já
transou num trator, querida? - Eu nego com a cabeça.

- Não posso dizer que já tive o prazer.

- Dá para sentir cada solavanco e buraco na estrada. É uma sensação bem louca, pode ter
certeza. - Ele me dá um sorriso cheio de dentes. - Eu poderia te dar uma canseira e tanto, se
você tivesse interesse. Eu nunca dormi com uma mulher mais velha.

- Na verdade, não. Você não faz muito o meu tipo.

- Você também não faz o meu. Mas como minha mãe sempre diz, panela velha é que faz
comida boa. - Eu olho para ele.

- Você devia ir pra casa.

- Por quê?

- Já não está na hora de dormi?

- Vai se ferrar, senhora. Pra “cê” quer saber... - A campainha toca naquele momento e o Rusty
jamais termina sua frase. Ele me dá um último olhar zangado antes de se afastar.

- Você andou assustando os meus solteiros bons por aqui? - Eu viro a cabeça e encontro Jack já
sentado na cadeira que o Rusty desocupo.

- Não sei se chamaria aquele cara de solteiro bom.

- O Rusty não é tão ruim assim. Acho que ele ganhou o primeiro lugar na corrida de trator do
ano passado, ou algo do tipo...

- Que conquista sexy. - O Jack ri.

- Você está participando dos encontros relâmpagos também?

- Infelizmente. Não apareceram muitos caras, então eu tô fazendo volume.

- Pelo o que eu ouvi, muitas dessas mulheres estão procurando fuzileiros.

- Acertou na mosca!

- Então, você não devia ficar feliz com isso?


- Não quando a maioria são mulheres com quem eu já... tive relações.

- Ah, parece um dilema e tanto. - Sorrindo, Jack olha para trás de mim.

- Então, você e o Warren já...?

-Não, nada.

- Que pena. Está na cara que tem alguma coisa rolando entre vocês dois.

- Não sei do que você está falando.

- Você não me engana. Assim que vocês dois entraram no meu bar ontem, eu percebi.

- Acho que você está errado. O Warren deixou bem claro que nada pode acontecer entre nós.

- Eu não seria tão rápido em descartá-lo. Do jeito que ele tá te observando hoje à noite, eu não
ficaria surpreso se ele voltasse atras. Ele obviamente gosta de você. - Eu o encaro intrigada. -
Você não consegue enxergar, né? - Eu nego com a cabeça. O Jack ri e se inclina para frente até
que sua boca fique bem perto do meu ouvido.

- Eu diria que é só dar uns trinta segundos.

- Dar o quê... - Jack beija a minha bochecha e escuto uma cadeira gritar alto atras de mim.

- Jack, o que você está... - Antes que ele possa terminar minha pergunta, sinto uma presença
parada atras de mim.

- Acho que já tá na hora de mudar de par.

- Não, eu não toquei a campainha...

- Levanta. - Sorrindo, Jack se levanta e oferece a cadeira ao Warren.

- Foi realmente um prazer te conhecer, Ashley. - Eu rio, e o Warren fecha o rosto. Assim que o
Jack sai, Warren se senta e me olha sem mudar de expressão.

- Ah, você é o meu próximo par?

- Sim. Sobre o que você e o Jack estavam falando?

- Ele estava me dizendo para parar de assustar todos os solteiros bons. - O rosto do varrem se
amolece quando ele solta uma risada baixa. - Fiquei me perguntando o que aconteceu quando
seu último par saiu correndo daquele jeito. O que você disse a ele?

- Eu perguntei a ele seja não era hora de dormi. - As sobrancelhas do Warren se erguem, então
eu corro pra explicar. - Eu não estava sendo preconceituosa! Ele me chamou de “panela velha”
e era só uns anos mais novo. Eu tenho cara de cinquentona ou algo assim? - Warren ri alto.

- Não fale besteira. Você parece jovem e deslumbrante.

- Até mesmo pra uma panela velha? - Faço barulho como se fosse uma panela de pressão. Ele
ri de novo e eu rio junto. Percebo como ele está despreocupado e feliz, seus olhos ficam
enrugados e duas covinhas aparecem nas bochechas.

- Ele era tão ruim assim?

- Acho que ele não era ruim. Ele venceu a Copa do mundo de corrida de trator do ano passado.
- Agora você tá só inventando merda. - Eu faço um movimento cruzado sobre o peito.

- Eu juro, tô dizendo a verdade.

- Credo, eu nem sabia que a cidade ainda fazia eventos desse tipo.

- Pelo o que vi, a gente tem perdido muita coisa. - Warren sorri para mim e olha ao redor do
bar. Outros casais começaram a dançar ao som da música, e eu solto um sorriso ao ver.

- Quer dançar comigo? - Meus olhos voam de volta para ele.

- Jura?

- Só se você quiser.

- Eu adoraria. - Warren se levanta e estende a mão para mim. Eu a pego e ele me puxa para
cima, depois me guia até uma área aberta perto dos fundos. Sigo a deixa dele enquanto ele
coloca uma mão gentil na parte debaixo das minhas costas e a outra segura minha mão.
Colocando minha mão livre em seu ombro, olho para o homem bonito diante de mim e
encontro seus olhos nos meus. - Vamos desistir dos encontros relâmpagos então?

- Parece que sim.

- Que foi? Você já encontrou a mulher dos seus sonhos essa noite? - Ele ri e balança a cabeça.

- Não, não a encontrei aqui. - Ele me dá um sorriso secreto, e eu reconheço o brilho em seus
olhos. Eu dou um sorriso largo e provocante dessa vez. Eu dou um sorriso largo e provocante
dessa vez.

- Aqui? Então, você já a conhece? - Warren dá um sorriso de lado, se aproximando. A voz dele
não passa de um sussurro com todas as vozes ecoando ao nosso redor.

- O que você acha?

- Parecia que você estava pensando em uma mulher especifica. Sorte dela.

- Na verdade, eu estava. A única dúvida é... Ela se considera sortuda? - A respiração quente
dele faz cócegas no meu pescoço, e eu engulo em seco.

- Eu diria que sim. Quer dizer, ela teria que ser louca para não se sentir assim. Olhe para você. -
Eu gesticulo, apontando para o corpo todo dele, dos pés à cabeça. A expressão que surge no
rosto dele e de puro prazer.

- E o que eu tenho de tão especial?

- Nossa, por onde eu começo? A sua gentileza, por exemplo. Você e protetor. Corajoso.
Audacioso. Você ouve a mulher quando ela está falando. E você ainda cozinha! - Ele ri.

- Claro que eu cozinho.

- Sem falar nisso... - Eu coloco as mãos no peito rijo dele e engulo em seco de novo. O pomo-
de- adão dele sobe e desce, e eu sei que ele consegue sentir a eletricidade entre nos.

- Quer dizer, você precisava mesmo ser tão malhado? Você faz qualquer outro homem no
mundo parecer insignificante.

- Por causa do meu abdômen?


- Por causa de tudo. - Nossos olhos se encontram. Há sentimentos por trás dos olhos dele,
sentimentos que ele está tendo dificuldade em conter. Sentimentos que ele está
desesperadamente tentando controlar.

- Obrigado pelos... elogios. Eu vou lembrar a mulher de sorte de todas as minhas qualidades se
eu a convidar para sair um dia. - Nós rimos juntos, aliviando a tensão.

- Ela seria uma idiota de recusar. Agora, vamos... - Eu aponto o queixo para o bar e sorrio para
ele. - Me paga oura bebida?

Quando decidimos sair, já era quase meia-noite. Assim que chegamos ao quarto, eu me
sento na cama e tiro os sapatos, flexionando os pés e sentindo o alivio imediato assim que os
saltos saem.

- Bom, essa noite com certeza não foi bem o que eu esperava, mas acho que você salvou a
noite.

- Eu?

- Sim, você. - Eu caio de volta na cama e olho para o teto. - Você se divertiu?

Ele fica quieto por um momento, então eu sinto a cama se mexer enquanto ele se deita ao
meu lado.

- Por mais surpreendente que pareça, sim.

- Por mais surpreendente?

- Eu nuca tinha ido num desses negócios antes. - Eu rolo para o meu lado para encará-lo e o
vejo me observando.

- Por que não?

- Isso não faz muito o meu estilo.

- Desculpa ter feito você ir.

- Mas eu gostei que a gente tenha ido.

- Gostou? - Ele estende a mão e passa uma mecha solta de cabelo para trás da minha orelha.
Eu fico tão chocada com a ação dele que tenho medo de me mexer a estragar o momento. -
Você estava muito linda. - E então ele franze as sobrancelhas.

- Qual é o problema?

- Isso foi muito mais difícil do que eu pensava. Observar você flertar com aqueles homens hoje
à noite... eu não gostei nem um pouco. - Eu abro os olhos e o vejo me estudando com cautela.

- Eu não estava flertando.

- Parecia que estava. Especialmente com o Jack.

- O Jack? Eu não estava flertando com o Jack, pode acreditar.

- Ele beijou a sua bochecha.

- Ele fez isso pra provar uma coisa.


- Que coisa?

- Ele estava tentando me dizer que você sente algo por mim, mas eu não acreditei nele. -
Warren fica calado. - Eu não quis te magoar.

Sua mão passa suavemente sobre minha bochecha, e eu sinto seu polegar se mover
lentamente para frente e para trás. Eu fecho os olhos quando formigamentos de desejo se
espalham pelo meu corpo, aquecendo minha pele e intensificando a necessidade de senti-lo
ainda mais. De repente, sinto uma pressão delicada em meus lábios. Meus olhos se abrem em
choque e meu coração bete mais forte.

Warren se afasta depois de um segundo sem responder, mas eu me sinto atordoada demais
para me mover.

- Desculpa, eu não deveria ter feito isso. - Seus olhos me observam atentamente enquanto
espera pela minha resposta. Estendo a mão e agarro a frente da camisa dele. Quando eu puxo
na minha direção, ele me encontra no meio do caminho, e nossos lábios se tocam juntos em
um beijo apaixonado. Ele geme e passa os braços em minha volta, me envolvendo em um
abraço apertado.

Meu corpo inteiro fica em chamas. Parece que nada sacia a minha vontade. Minhas unhas
cravam em suas costas enquanto meus dentes puxam seu lábio inferior. Warren rola para cima
de mim, assumindo o controle da situação. Agarrando os meus pulsos com uma mão, ele os
coloca acima de mim e sorri.

- Aí Warren... - Eu suspiro quando ele se abaixa e dá um beijo suave logo abaixo do meu
queixo. Sua boca se arrasta pelo comprimento do meu pescoço, me mordendo, chupando e
lambendo até que eu fique tremendo de prazer. Eu me contorço embaixo dele e gemo seu
nome quando sinto seu pênis ficando duro e se pressionando em mim onde eu mais preciso
dele. Fico completamente entregue, e ele sabe disso.

Eu o sinto chupar com força a pele exposta do meu pescoço, sem dúvida deixando uma
marca. O som da minha roupa sendo rasgada repentinamente ecoa no quarto, me fazendo
congelar. Eu me contorço em ´protesto enquanto tento siar de sua pegada.

- Você rasgou minha roupa?

- Sim.

- O q... - Antes que eu possa pronunciar outra palavra, sua mão agarra o meu peito e seu
polegar toca em minha pele sensível. Mordo o lábio e jogo a cabeça para trás enquanto meu
desejo aumenta ainda mais. - Meu deus!

Ele finalmente solta os meus pulsos e rapidamente prende meus braços em volta de seu
pescoço, e sua boca logo volta para a minha. Sua língua surge na minha boca, colidindo com a
minha, e um gemido alto e nervoso sai rasgando da minha garganta. Suas mãos viajam pelas
minhas costas, onde ele abre meu sutiã com destreza e o desliza pelos meus ombros. Os olhos
do Warren me olham com sede, com o seu peito subindo e descendo rapidamente em sintonia
com o meu.

- Você é muito bonita. - Envolvo minhas pernas em volta da sua cintura e suspiro quando seus
lábios envolvem meus seios nus. As ondas de prazer que atravessam o meu corpo são quase
intensas demais para aguentar. Eu quero afastá-lo, quero puxa-lo para mais perto, e a tontura
sedutora deixa meus pensamentos cambaleando. “Por favor”, eu sussurro.

Eu o ouço dando um sorriso abafado e as vibrações mandam formigamentos ao longo do


meu peito, aumentando a tesão dentro de mim.

- Sempre tão impaciente. - Seus dentes e língua continuam me atormentando enquanto ele
coloca uma mão entre as minhas pernas. E vez de implorar, tiro a camisa do corpo dele e a
jogo no chão. Ele parece sentir meu desespero porque começa a desbotoar suas calças
enquanto seus lábios encontram os meus mais uma vez. Eu imediatamente me abaixo e o
ajudo a tirar as únicas barreiras que restam entre nós.

Sentindo frio sem o seu toque, eu agarro seu pênis duro e o sinto se contorcer ao meu
toque. “Nossa, Inês”, ele geme. Eu sou surpreendida quando ele se inclina e prende seus lábios
nos meus seios mais uma vez. Continuo a acaricia-lo e me deleito com o prazer que posso dar
a ele. Sua mão livre desce pela minha barriga até chegar a minha virilha.

“Você me quer mesmo?”, ele pergunta. Minha única resposta é um gemido. Ele gentilmente
morde a minha pele enquanto estou beijando o seu ombro. Eu tento dar o meu melhor para
me preparar enquanto ele levanta minha perna e se posiciona na minha frente..., mas nada
poderia ter me preparado para isso.

No momento em que ele me penetra, as sensações mais intensas e agradáveis correm pelo
meu corpo. “Nossa, é bem apertada”, ele geme. Minhas mãos agarram os lençóis quando ele
se afasta lentamente e entra em mim de novo. Eu quero gemer, quero gritar seu nome, mas a
boca dele desce para dominar a minha mais uma vez e me silencia completamente.

Enquanto ele continua em seu ritmo, enrosco minhas pernas ao redor dele para colocá-lo
mais fundo dentro de mim. Sua mão se põe entre nós e ele mexe os dedos de uma maneira
que me faz ver estrelas. Não demora muito para que meu prazer atinja um pico que eu nem
sabia que era possível... e então outro surge logo depois. Meus dedos arranham suas costas, e
eu o ouço gemer novamente enquanto ele vai mais rápido.

Quando ele termina, nos dois estamos completamente exaustos, e ele cai na cama ao meu
lado. Nos doía estamos sem folego, e leva um tempo para colocar nossas roupas intimas.

- Isso foi...

- Uau. - Ele concorda com a cabeça. Pego a mão dele e entrelaço meus dedos nos dele. Viro a
cabeça para olhar para o Warren e percebo que ele já está dormindo profundamente.
Sorrindo, me encolho em seu peito e também fecho os olhos, sentindo uma sensação de
conforto e satisfação tomar conta de mim. Não demora muito para eu adormecer.

Na manhã seguinte... Desde que a gente acordou, o clima tem sido bem desconfortável
entre o Warren e mim. Nenhum de nós sabe o que dizer ao outro, então parece que
silenciosamente concordamos em evitar um ao outro a todo custo. Se ele vai para a cozinha,
eu vou me sentar na varanda. Se eu vou para o quarto, ele sai para mexer na moto.

Mas, em algum momento, nos dois acabamos no sofá, sentados em um silencio


constrangedor até que o Warren decide quebrá-lo.

- Então.

- Então.
- Você está se sentindo bem hoje?

- Por que eu não estaria?

- Hum, acho que é uma boa pergunta.

- Também acho.

- O que acha de... ligar a TV?

- Tudo bem.

- Quer assistir alguma coisa especifica?

- Que tal notícias? Talvez tenha uma atualização sobre a minha situação.

- Claro. - Warren pega o controle remoto e liga a TV. Quando ele troca o canal de notícias,
ouço o controle remoto cair no chão com um estalo alto. Nos dois olhamos para a tela com
total pavor quando um corpo ensacado está sendo colocado numa ambulância... na frente da
minha casa.

- Mas que inferno?

- Só pode ser piada. Isso não é real.

- Estou ligando pro telefone dele. - Warren se levanta e disca o número do Eli. Deve ter ido
direto para a caixa postal, pois ele o joga na mesa de centro quase na mesma hora. Minha mão
começa a tremer quando eu a levanto para apontar para a tela. Warren olha para mim com
preocupação e raiva.

- Ali está escrito...? - Em letras garrafais e em negrito na parte debaixo da tela, as palavras
“Inês Nelson foi declarada morta esta manhã!” se estampam na minha cara. - Ali está escrito
que eu estou MORTA?

CAPÍTULO SETE: O LAGO

- Deve ser um engano.

- Warren, aquilo é um saco pra corpo!

- Era cedo da manhã quando os restos de uma jovem foram encontrados ao lado de um prédio
abandonado na Lake Streit. Dois corredores notaram o corpo e imediatamente ligaram para o
serviço de emergência. Embora tenha sido relatado que ele foi queimado e não de para
reconhecer, a mulher supostamente usava um anel de casamento na mão esquerda. Apenas
uma hora atras, o senador Eli Nelson identificou o corpo como o de sua agora falecida esposa,
Inês Nelson. A esposa de Nelson havia desaparecido poucos dias antes de...

- Desliga isso! Por favor, desliga! - Warren pega o controle remoto da mesa de centro e desliga
a TV rapidamente.
- Ei, olha para mim.

- Não posso!

- Respira fundo.

- Warren, eu... - Warren gentilmente pega minhas mãos com as dele e esfrega círculos suaves
nas palmas das minhas mãos com os seus polegares. Eu dou o meu melhor para combinar a
respiração dele com a minha, mas meu coração está pulando do peito.

- Tem que existir alguma explicação para isso.

- Por que o Eli faria isso, Warren? O que a gente ganha com isso? Dizer que eu fui sequestrada
é uma coisa, mas morta?!

- Não sei o que está acontecendo, mas vou chegar ao fundo disto. Talvez tinha outra ameaça
que a gente não saiba?

- Outra ameaça?

- É possível que ele achasse que não tivesse outra escolha.

- Não tivesse outra escolha senão me matar? Acho que você tem razão... pode ter uma boa
explicação.

- Bom, espero ouvir uma explicação logo... porque não estou gostando disso.

- Não só você. Toda essa situação está muito estranha. Afinal, um corpo de verdade foi
encontrado. Pode ser que tenham se confundido com a identidade... só que a mulher estava
usando o meu próprio anel de casamento!

- Isso me lembra uma coisa. O seu anel não está aqui? Eu vi você usando-o esses dias. - Seus
olhos caem nos meus dedos nus.

- Eu tenho dois. O Eli os perdeu antes do casamento, então encomendou outro par. Só que aí
ele encontrou uma semana depois... e deve ter usado um deles.

- E possível.

- Enfim, não entendo como toda essa farsa serviria pra me proteger. É possível que ele... tenha
matado alguém?

- Sei lá. Eu... não sei do que o seu marido é capaz, Inês.

- Pra ser sincera... nem eu sei. - Nos dois olhamos para baixo. As implicações terríveis do que o
Eli fez finalmente vem à tona, e eu aperto meus dedos.

- Todo mundo acha que eu estou morta. Meus vizinhos, meus amigos, minha família. - Warren
percebe a mudança no meu comportamento e seus olhos se concentram no meu rosto.

- Inês...

- Eu não posso mais sair dessa, você não percebe isso, ne? Todas as minhas finanças, meus
pertences, até a minha casa... Não são mais meus. Tudo pertence ao Eli.

- Não, não pertence. Isso é algo temporário. Vou entrar em contato com ele e ele vai explicar
tudo.
- Como você pode ter tanta certeza?

- Porque eu vou obrigá-lo. - Algo perigoso pisca em seus olhos, mas eles amolecem quando ele
me olha de novo.

- Não desista assim tão fácil. - Ele abre bem os braços, e eu derreto em seus braços
reconfortante. Mesmo com todas as coisas caóticas acontecendo na nossa volta, isso ainda é o
mais segura que eu já me senti. Ele beija a minha testa, depois descansa o queixo no topo da
minha cabeça, então eu aproveito a oportunidade para me aconchegar em seu peito.

- A gente vai superar isso, viu? Vou entrar em contato com ele de algum jeito, e vamos resolver
isso. - Eu franzo a testa e me afasto.

- E se ele não responder?

- Então vou continuar tentando até que responda. Olha, que tal se eu fizer algo para você
comer? Você está estressada.

- Acho que eu não vou conseguir comer nada agora.

- E que tal chá, então?

- Certo, pode ser. - Warren pega o pesado cobertor de lã do encosto do sofá e o coloca sobre
os meus ombros.

- Descansa. Eu já volto. - Quinze minutos depois, quando tomo um gole do meu chá, Warren
volta para a sala e joga o telefone na mesa.

- Liguei no celular dele, no telefone residencial, no número do escritório e até no telefone fixo
da secretaria. Ninguém atende.

- Que novidade. - Eu encolho os ombros.

- Eu me pergunto se o Eli disse para Hannah e para minha família que isso não era verdade.
Mas tenho as minhas dúvidas. Provavelmente estão devastados com a minha morte e não
posso falar com eles. E mesmo que eu pudesse, meu medo e que meu pai tenha um ataque
cardíaco assim que ouvir a minha voz. - Warren pega minha mão na sua.

- Eu não vou deixar você ficar sentada aqui pensando bobagem o dia todo. Vou te levar em
algum lugar.

- Onde?

- Você vai ver.

- Warren, eu não estou afim de ficar perto de outras pessoas agora. Prefiro ficar em...

- Confia em mim, não vai ter mais ninguém lá. - Eu o olho com desconfiança, mas depois
decido acreditar nele. - Vai lá colocar uma roupa quente e depois a gente vai.

- Tá bom. - Ele me dá um pequeno sorriso, depois se vira para caminhar em direção a porta da
frente. Seguindo seu conselho, vou para o quarto. Uma brisa suave e fresca faz meu cabelo
levantar e dançar ao vento. Fecho os olhos e inspiro profundamente.

- Uau. É tão bonito aqui. - Warren sorri para mim.

- Um pouco de ar fresco sempre me ajuda a clarear as ideias. Tá se sentindo melhor agora?


- Por mais surpreendente que pareça, sim. Limpar a mente é exatamente o que eu precisava.

- Fico feliz em poder ajudar.

- Como você descobriu esse lugar? - Warren ri, e eu olho para ele curiosa.

- É uma história engraçada. Foi totalmente por acaso. Eu estava brincando no quintal da
cabana quando ouvi minha mãe começara a gritar o meu nome. Mas não foi um daqueles
gritos do tipo “Warren! Vem pra dentro, querido!”. Foi mais um do tipo “Warren! O que você
fez?!”.

- Quantos anos você tinha? - Ele faz uma pausa, pensando por um minuto.

- Eu deveria ter uns sete ou oito anos de idade. Então, depois que ouvi o meu nome, sabia que
ela tinha encontrado os pedaços da caneca que eu quebrei e varri para baixo do armário. - Eu
rio e ele me dá um sorriso.

- Por que você fez isso?

- Pra esconder as provas, claro. Era uma das canecas de café favoritas da minha mãe.

- Que garoto mau. O que aconteceu depois? Você fugiu?

- Pode apostar que sim.

- A, para com isso. Ela não podia ser tão assustadora assim.

- Inês, quando aquela mulher olhava para você, não importa o que tinha feito, você corria o
mais rápido que pudesse. A decepção dela era pior do que balas. - Warren ri. - Enfim, virando
uma estrada que normalmente não andava e meio que me deparei com esse lugar. Virou um
santuário para mim. Sempre que eu precisava me afastar ou queria um tempo sozinho, era
para cá que eu vinha.

- Bom, obrigado por me trazer aqui. Significa que você tenha compartilhado um lugar tão
especial comigo.

- Sem problemas. Fico feliz que alguém possa aproveitar ele também.

- Eu estou até meio surpresa de como me ajudou tanto. - Warren me lança um sorriso.

- Então, sua mãe nunca te encontrou aqui?

- Nunca, mas ela não me procurava muito. Se eu ficasse fora o suficiente, ela acabava se
acalmando.

- Seu pai nunca se meteu pra ajudar?

- Sempre fomos só eu e minha mãe. Eu nem sei quem é o cara. Ela nunca me falou.

- Ô.

- Não e tão triste assim. Eu cresci sem ele, então nunca senti que faltava alguma coisa. Minha
mãe pode não estar mais aqui, mas sempre foi o suficiente para mim. - Quando ele vê a
pergunta nos meus olhos, me dá um sorriso triste.

- Ela faleceu há três anis.

- Eu sinto muito.
- Tá tudo bem. Já faz um tempo. - Tranço os meus dedos nos dele e suspiro. Os meus dedos
nos dele e suspiro. Warren aperta a minha mão e eu descanso minha cabeça em seu ombro.
Ficamos assim por mais algumas horas, batendo um papo e nos abrindo sobre momentos
felizes do nosso passado. Warren se levanta e se estica.

- Acho que nós deveríamos voltar antes do sol se por. Pronta para ir?

- Acho que sim. Obrigada de novo por me trazer aqui. Eu estava precisando disso. - Ele acena
com a cabeça, e depois vamos até a sua moto. - Quando chegamos a moto, noto um homem
caminhando na estrada em nossa direção. Ele está carregado com uma vara de pescar com
uma caixa de equipamentos e não demora muito para que nos note. Ele acena para nós, mas o
Warren não reage.

- Conhece ele?

- Quem?

- Aquele homem. - O homem acena de novo.

- Parece que ele conhece você, não? - Warren não responde. Em vez disso, ele liga a moto e
me dá um capacete para colocar. O homem parece acelerar o passo quando sente que
estamos prestes a sair.

- Warren? Você ouviu o que eu disse? - Antes que eu possa perguntar de novo, Warren acelera
o motor e dispara. Não tenho escolha a não ser me agarrar a cintura dele enquanto nos
afastarmos em direção a cabana. Desde que voltamos para a cabana, Warren ficou
estranhamente quieto. Eu tentei iniciar uma conversa com ele algumas vezes, mas ele não me
deu muita abertura. Eu o noto para dentro com os ombros caídos e a boca amarrada.

- Ei, você está bem?

- O quê?

- Você parece... - Há um olhar assombrado em seus olhos e ele solta um suspiro trêmulo. Eu só
quero confortá-lo, mas não sei bem o que fazer.

- Você sabe que pode conversar comigo sobre qualquer coisa. Tem alguma coisa te
incomodando?

- Sim... não... sei lá. Não é algo que eu gosto de lembrar.

- Tem algo a ver com o homem que a gente viu hoje? Aquele que acenou para você?

- Na verdade, sim. - Warren solta um suspiro profundo.

- Eu quero te conhecer, de verdade... só não quero que você me olhe diferente depois disso.

- Eu nunca ia te olhar diferente, Warren. Sei que a gente não se conhece há muito tempo...,
mas tenho certeza que sei que tipo de pessoa você é. E quero te conhecer ainda mais. Então
fala comigo, Warren.

- Eu não sou a pessoa mais falante, caso você não tenha notado. É difícil para mim me abrir.

- Acho que você está indo muito bem. - Ele suspira e olha para mim.
- Ele é o irmão de um cara que costumava ser um dos meus melhores amigos. O Jack e nós
éramos como unha e carne. As nossas mães costumavam nos chamar de problema em tripo. O
Jack sempre foi a mente suja, mas a gente sempre seguia todas as ideias malucas dele. Até os
nossos professores perceberam e começaram a tentar nos separar pra não atrapalhar a aula. -
Ele ri e eu rio com ele.

- Eu realmente não consigo imaginar você se metendo em confusa.

- Ah, pode acreditar. O Jack sempre teve umas ideias bem criativas pra pegadinhas, e eu e o
Kyle sempre ficávamos ansiosos pra ver como elas se saíam.

- Então, vocês eram basicamente os brincalhões da turma?

- Tipo isso. Foi só depois de completar dezoito anos que a gente percebeu que precisava fazer
algo de útil nas nossas vidas. Nenhum de nós tinha as melhores notas e nem pretendia ir pra
faculdade.

- Foi quando você decidiu servir nas forças armadas? - Warren concorda, e seu rosto fica triste.

- No início, a ideia foi minha de entrar pra marinha, então a gente se alistou e logo nos
mandaram pro Afeganistão, nos três. Se eu soubesse como as coisas iam terminar, nunca teria
pedido que fossem comigo. - Ele fica quieto por uns minutos, então espero pacientemente que
ele continue. - Teve uma granada. - Warren coloca a cabeça entre as mãos. - Eu não a vi, e
acho que nenhum de nós viu.

O semblante torturado nos olhos de Warren faz meu coração apertar de dor. Vou até onde
ele está passo meus braços em volta da minha cintura. Ele hesita por um momento, mas então
sinto dois braços me puxando para mais perto. A voz de Warren sai quase como um sussurro
quando ele finalmente volta a falar.

- A granada explodiu em metade dos nossos homens, e os tiros que deram depois terminaram
o serviço. Foi como uma cena de um filme de terror.

- Ah, Warren... Você também foi atingido?

- Em algum momento, uma bala atravessou o meu ombro, mas eu nem senti isso acontecer. A
adrenalina me deixou incapaz de ouvir ou sentir qualquer coisa. Eu me lembro de cambalear
até recuperar o meu equilíbrio, e depois tentei encontrar o Jack e o Kyle.

- E encontrou? - Ele acena com a cabeça.

- Levou um tempo, porque todo mundo estava abaixado para se proteger. Eles não paravam
de atirar em nós. A gente teve que esperar quasse um dia inteiro pros reforços chegarem. Foi
um dos dias mais longos da minha vida.

- Vocês tiveram que ficar lá enquanto atiravam em vocês durante um dia inteiro?

- Não tinha pra onde correr. Era uma planície aberta, além das colinas e pedras perto dos
nossos caminhões.

- Isso parece tão assustador.

- A gente já tinha se acostumado. Felizmente, eu consegui achar o Jack bem rápido. Foi nesse
dia que ele perdeu a perna. Meus olhos se arregalam.

- Ele estava caído embaixo de um dos caminhões, mas xingando como um marinheiro.
- Por algum motivo, isso não me surpreende.

- Sim, ele tem uma boca e tanto. Eu tive que arrasta-lo pra fora de lá e carrega-lo nos meus
ombros enquanto gritava e me xingava, enquanto ele dizia para eu o deixar lá morrendo. Eu
não conseguia parar, não até encontrar o Kyle. Não me importava se eu fosse atingido, tudo o
que importava era tirar os meus melhores amigos de lá. - Quando olho para o rosto do
Warren, fico surpresa ao ver lagrimas se formando em seus olhos. - Ele era um dos soldados no
meio do tiroteio. Continuei chamando quando finalmente o vi, mas depois de um tempo ele
parou de responder. Eu nunca tirei os meus olhos dele. Só quando os reforços chegaram que
eu pude me aproximar dele. Tinha estilhaços presos no peito, e ele chiava enquanto lutava por
ar. Mas ele conseguiu me ver. Ele me viu, e eu pude ver o alivio nos olhos dele. Pensei que ele
ia ficar feliz se eu fosse lá para salvá-lo. - Warren solta um sorriso triste. - Mas assim que vi as
feridas no peito dele, sabia que era o fim. Ele me implorou para acabar com o sofrimento dele.
Acho que ele ficou esperando a noite toda para morrer. - Warren fecha os olhos com força. -
Essa e a lembrança que me assombra quando eu durmo. Olhando para trás, sempre me
pergunto se eu poderia ter feito mais, mais era muito sangue. Ele me implorou ara dizer aos
pais dele que os amava que lutou o máximo que pode até o fim. É claro que eu ia contar a eles,
mas ele nem precisava pedir. Agarrei na mão dele e depois ele sussurrou um “por favor” uma
última vez... eu atirei na cabeça dele.

Meu coração se parte com o que eu vejo na minha frente.

- Warren, você fez o que tinha que fazer. Não foi culpa sua.

- Eu matei o meu melhor amigo, Inês, e tenho que viver com isso o resto da vida. A família dele
nunca me culpou, mas eu me culpo todos os dias. Eles não deviam ser lembrados de que vivi
enquanto o filho deles morreu. Por isso não consegui falar com o irmão dele quando vimos ele
hoje mais cedo.

- Para com isso! - Eu me empurro contra seu peito e ele tropeça para trás, surpreso.

- Você sabe quanta forca precisou ter pra fazer o que fez? Você não o matou, Warren, você o
salvou! Ele estava morrendo e sentindo muita dor. Você mesmo disse que não tinha nada que
pudesse fazer!

- Mas...

- Não tem “mas”! Não existem muitas pessoas que conseguiriam fazer o que você fez. Ele
poderia ter sofrido mais por horas, talvez até dias, até que o coração finalmente parasse. Que
tipo de vida teria sido essa? - Warren pressiona sua boca firmemente, com a intensidade de
seu olhar me dando calafrios.

- Você o amava muito, Warren. Você o amava o suficiente para livra-lo da dor. - Sinto seus
olhos lacrimejarem, e o Warren me puxa para seus braços.

- Você o salvou, e ele sabe disso. - Não sei por quanto tempo ficamos lá, mas estávamos
perdidos no abraço um do outro. Em certo momento, o Warren desandou o queixo na minha
cabeça e inspirou profundamente.

- Obrigado, Inês. - Quando fui dormir algumas horas depois, o Warren já estava em seu
colchonete. Não acho que ele tenha dormido nenhum segundo naquela noite, mas quando a
manha chegou, ele fingiu que nada tinha acontecido. A gente nunca mais tocou no assunto.
Alguns dias depois, o aquecedor quebra. A cabana fica mergulhada em um frio congelante e
amargo que me deixa quase sem fôlego. O Warren sai na hora para checar, e ele está longe de
ficar feliz quando volta.

- Isto é ridículo!

- Warren? Voce consertou?

- Não... não consigo. Parece que uma das válvulas quebrou.

- O que? Mas por que?

- O aquecedor ficou parado por meses antes de a gente começar a usar... Eu deveria ter
conferido antes. - Ele parece tão infeliz que me apresso para tranquiliza-lo, mas meus dentes
batendo não ajudam.

- Es-está tudo bem, Wa-Warren. Eu esto-estou bem.

- Não, voce não tá bem, Inês! Voce está tremendo!

- Eu sou b-bem grandinha, sabia? Eu sei m-me cuidar.

- É a droga do meu trabalho me preocupar com voce, Inês. Não posso te proteger se voce
morrer de frio!

- Por que voce est-tá fazendo escândalo sobre isso? Eu esto-estou com frio, não...

- Seus lábios estão ficando azuis, pelo amor de deus!

- D-digo, se voce está realmente preocupado, por que não ve-vem me aquecer? - O corpo do
Warren fica tenso.

- Eu... - Warren hesita a minha oferta. Seu olhar se aquecer quando os olhos percorrem o meu
corpo tremulo, e eu posso sentir minhas bochechas ficarem vermelhas.

- Como voce mesmo di-disse, voce foi contratado pra cuidar de mim, não é? - Warren dá um
passo em minha direção, seus olhos presos aos meus.

- Warren? - Seus braços se estendem, e ele gentilmente me puxa para mais perto para me
prender em um abraço. Não posso deixar de tremer de desejo quando sinto sua pele contra a
minha.

- Tem razão, é o meu trabalho. - Ele coloca uma mão na minha cintura, enquanto a outra segue
pela minha bochecha até que descanse suavemente contra o meu pescoço.

- Sua pele parece gelo.

- Não por muito tempo... se você continuar me tocando assim. - Ele inclina a cabeça até o nariz
deslizar ao longo do meu pescoço. Seu hálito quente na minha pele exposta deixa meu corpo
ardendo em chamas, e consigo ver a sede em seus olhos.

- Acho que posso dar um jeito nisso. - Sua boca fica beijando o meu ombro, e o gemido
ofegante que me escapa sai com um tom de desespero e desejo.

- Assim ajuda?

- Por favor...
- Por favor o quê? - Suas palavras são provocadoras, mas ele obedece ao meu pedido. Seus
lábios se tornam mais persistente enquanto ele segue dando beijos de boca aberta pelo meu
corpo. Uma mão aperta a minha cintura enquanto a outra explora minhas curvas. Seus dentes
rocam em minha orelha, e eu me agarro em seus ombros quando sinto minhas pernas
enfraquecerem.

- Tá se sentindo mais quente agora?

- Eu...

- Não? E agora?

- W-Warren! - Sua boca começa a se mover mais para baixo, e cada centímetro envia outra
onda de prazer pelas minhas veias. Jogo minha cabeça para trás e suspiro de prazer,
tremendo, já imaginando..., mas aí ele para.

- Me diz o que voce quer. - Quando eu não respondo, ele se afasta para olhar meus olhos. Nos
dois estamos ofegantes, a movimentação de nossos peitos perfeitamente em sincronia.

- Eu- eu quero... - Ele se inclina até nossos lábios se rocarem de leve, dando arrepios na minha
espinha.

- O que voce quer, gata? - Olho diretamente nos olhos dele e respiro fundo. Cada toque, cada
beijo, cada abraço que compartilhamos nos últimos dias tem sido eletrizante. Mordo meu
lábio e passo gentilmente uma mão sobre sua bochecha. Enrosco meus dedos em seus cabelos
e puxo seu rosto para mais perto até que seus lábios estejam parados diretamente sobre os
meus.

- Eu quero voce, Warren. - Ele dá uma pausa, mas antes que eu possa implorar para ele
continuar, outra voz me arrepia até os ossos.

- O que tá rolando aqui?!

CAPITULO OITO: A CONFISSAO.

- O Eli? - Eu pulo do sofá e percebo o Warren fazendo o mesmo.

- Por que está tão frio aqui?

- O aquecedor está quebrado, chefe.

- Então por que voce não está consertando?

- A empresa de aquecimento mais próxima fica a oitenta quilômetros de distância, e eles não
poderão trazer ninguém aqui até amanhã. - O Eli revira os olhos e joga sua pasta na mesa da
cozinha. Ele só reconhece minha presença acenando em minha direção. Eu e Warren nós
olhamos e é obvio que nenhum de nós sabe o que Eli está fazendo aqui.

- Você tem alguma novidade sobre quem está ameaçando-a? - Eli balança a cabeça.

- A polícia é inútil.
- Então... eu ainda estou correndo perigo?

- Bom, talvez não tanto quanto antes, agora que te declararam morta com sucesso.

- Pois é, o que acha de conversar sobre isso? Por que eu fui declarada morta?

- Porque ninguém vai atras de pessoas mortas, Inês. Não e obvio?

- Então foi ideia sua?

- Claro que não. A polícia queria fingir a sua morte. Demorou uns dias, mas encontraram uma
drogada sem identificação e sem amigos ou família e depois usaram ela para fingir sua morte.
Colocaram seu anel no dedo dela, largaram ela na nossa rua e tacaram fogo no corpo. - Eu
tremo e dou um passo para trás, esbarrando no Warren. Eu quase tinha me esquecido que ele
estava junto até que seus braços agarram os meus ombros para me firmar.

- Mas isso é...

- Não fique tão surpresa. Pelo menos funcionou, não? Não recebo uma única ameaça faz cinco
dias. - Não posso deixar de me sentir esperançosa com as palavras dele.

- Isso significa que eu posso ir pra casa? - Os olhos de Eli se endurecem.

- Não até depois da eleição.

- O quê? Por que tanto tempo? É sério que você vai deixar as pessoas pensarem que eu estou
morta por mais duas semanas?

- Sim.

- Você não poderia ao menos contar a Hannah e a minha família que eu estou bem?

- E por que eu faria isso?

- Tá falando sério mesmo?! Eles acham que eu estou morta! Provavelmente estão arrasados!
Eles...

- Chega! Corta esta pra cima de mim, Inês. Sua família não quer nada com você, ou você já
esqueceu disso? Eles te odeiam, e voce odeia eles. Eles não se importam se voce está viva ou
morta.

- Quem você pensa que é?

- Você sabe que é verdade. Eu sou o único que se importa com você. Eu inclusive vim até aqui
porque estava preocupado com voce. Porque eu queria explicar o porquê de fazer o que fiz. Eu
estava com tanto medo que voce fosse fugir e estragar o disfarce, que assumi o risco de
alguém me seguir até aqui. Meus homens vasculharam a área para garantir que isso não
acontecesse, é claro. - Eu zombo dele.

- O Warren tem estudado a área esse tempo todo e não encontrou nada de suspeito.

- Eu aprendi há muito tempo que, se voce quiser algo bem feito, tem que fazer voce mesmo.
Um nunca é o suficiente. Enfim, quero mudar você de lugar de novo daqui a dois dias.

- O quê?
- Eu e o Warren discutimos sobre isso e acredito que é a coisa certa a fazer. - Eu me viro para
encarar o Warren.

- Quando você decidiu isso?

- Seu marido e eu conversamos sobre isso antes mesmo de a gente chegar aqui. É melhor
mantê-la em movimento. Ficar num lugar por muito tempo é perigoso.

- Exatamente. Você fica confortável e começa a dar bobeira. É aí eles te pegam.

- Voce disse dois dias?

- Dois dias. Certifiquem-se de estar tudo arrumado e pronto para partir.

- Vamos estar prontos.

- Ótimo. Vamos nos falando.

- Você já está indo?

- Eu estava pensando em ficar na cabana, mas não imaginava que o aquecedor estivesse
estragado. - O nariz do Eli se contorce com nojo. - Sem contar que eu teria que dor, ir no sofá,
o que me daria dor nas costas. Tranquem as portas depois que eu sair. - A voz do Warren sai
tensa quando ele responde.

- Com certeza, chefe. - Observamos o Eli ir até a porta e abri-la. Uma rajada de vento gelado
que entra no cômodo me gela até os ossos, e ouço meus dentes baterem quando Eli bate à
porta atras dele.

- Merda. - Seus braços estão ao meu redor antes que eu possa pedir, e ele me puxa com forca
em seu peito. Inspiro seu calor e sinto meus arrepios diminuir.

- Vamos pra cozinha. - Assim que chegamos, ele se dirige ao fogão e o acende.

- É propano, então pelo menos vamos nos aquecer um pouco se deixar ele funcionando por
um tempo. Você está bem?

- Tá só um pouco frio. Você me ajudou muito a me aquecer antes, então tô me sentindo muito
melhor agora. - Eu pisco de brincadeira, mas Warren não parece animado.

- Não e disso que eu estou falando.

- Não entendi.

- Não gostei do jeito que ele te tratou.

- O Eli? Com ele é sempre assim. Me desprezando, humilhando, ignorando... nada de novo. -
Warren vira a cabeça pra ao lado e olha para o chão. - Você merece muito mais do que isso.
Ele fica mandando em voce toda hora, como se voce fosse um animal de estimação e não a
esposa dele.

- Olha, ele não vai fazer isso por muito tempo, já que eu vou dar um pé na bunda dele. - Eu
sorrio e mudo de assunto.

- Então... o que acha de beber alguma coisa?

- Beber?
- Tá frio demais agora, e o álcool ia nos aquecer. - Eu pulo da bancada e vasculho a cozinha.

Finalmente, encontro o que estou procurando.

- Você quer beber uma garrafa de uísque?

- Pode apostar que sim.

- Você sabe que é uma das únicas garrafas que sobraram?

- Mais uma razão para aproveita-la agora. - Warren hesita, mas então vejo a determinação nos
olhos dele.

- Tá bom. - Espero perto do fogão enquanto o Warren pega dois copos. Ele derrama um dedo
de uísque em cada copo e depois entrega um para mim.

- A gente devia brindar.

- A que, exatamente? - Dou uma pausa para pensar nisso.

- Por estarmos juntos. - Warren levanta o copo para bater no meu.

- Saúde. - Assim que o liquido começa a escorrer pela garganta, sinto meu corpo
instantemente começar a se esquentar. Warren se vira para desligar o fogão e depois pega a
minha mão. Pego a garrafa de uísque no balcão e sigo enquanto ele nos leva até a sala. Warren
me puxa para o sofá e coloca um cobertor em volta dos meus ombros. Ele pega a garrafa das
minhas mãos e me surpreende ao tomar um grande gole.

- Warren Garcia, você está mesmo bebendo?

- Como assim? Você acabou de me ver bebendo na cozinha.

- Uma coisa e beber de um copo, e outra e tomar um gole direto da garrafa.

- Eu preciso relaxar. - Ele leva a garrafa aos lábios de novo. Meus olhos se arregalam quando
ele toma mais três goles.

- Talvez você devesse ir mais devagar. - Warren me surpreende rindo, e ele limpa a boca com a
parte de cima da mão. Alguma coisa nesse gesto é muito sexy, e sinto o tesão começando a
aparecer.

- Talvez você devesse dar uma acelerada.

- Não é uma corrida, bobo.

- Não, não é. Mas uma coisa é certa, eu mal estou sentindo frio. - Analisando seu olhar
desafiador, eu lambo meus lábios estendo minha mão para a garrafa. Warren sorri e a entrega
para mim. Eu torço o nariz quando o gosto forte me atinge de novo, depois coloco a garrafa na
mesa de centro.

- Como voce consegue beber tão rápido? Esse negócio é horrível. - O sorriso de Warren se
transforma em um sorriso provocador.

- Acho que eu tenho uma tolerância mais alta que voce.

- Nisso não tem o que discutir. Eu já tô começando a me sentir um pouco alegre.

- Jura? Você mal bebeu.


- Eu não sei o que é isso aí, mas é bem forte. - Warren se acomoda no sofá, então o
acompanho e me aconchego mais perto dele. Ele me olha e levanta uma sobrancelha.

- Você tá quente.

- Você tá roubando o calor do meu corpo?

- Roubando? - Eu dou risada. - Acho que nunca fui acusada de fazer isso antes. Se o quiser de
volta, então pode pegar. - Dou um sorriso sensual, mas o sorriso dele de repente some e seu
rosto fica sério. Eu me afasto dele.

- O que foi?

- Nada.

- Não é “nada”, voce estava rindo a um minuto atrás. O que mudou.

- Não é nada, sério. - Warren olha para baixo e começa a brincar com um fio solto no cobertor
em volta de mim. Quando ele finalmente olha para cima, está com um olhar de culpa, mas ele
tenta esconder.

- Warren, por que você tá me olhando assim?

- Eu já te disse que adoro quando você me chama pelo nome? - O jeito como os seus lábios se
move para falar é muito atraente. Eu quase me engasgo. Ele vai tomar outro gole da garrafa,
mas eu estendo minha mão para impedi-lo. Ao me sentar, eu me viro para encará-lo no sofá.

- O que tá acontecendo?

- Esquece isso.

- Não, eu não vou esquecer. Você não pode dizer algo assim e esperar que eu deixe isso pra lá.
- Os olhos de Warren piscam de um lado para o outro entre os meus. Sua mão se aproxima
para segurar minha bochecha, e eu fico chocada demais para me mover.

- Eu juro que tentei, mas é possível lutar contra isso. - Sua voz mal sai, como um sussurro, e eu
percebo que a minha também está saindo mais fraca.

- Lutar contra o quê?

- Voce não facilitou para mim. Voce faz ideia como tem sido difícil, tentar equilibrar o meu
trabalho com os meus sentimentos? - Sinto meus batimentos cardíacos se acelerarem,
enquanto sua outra mão se levanta para colocar meu cabelo atras da orelha.

- Eu não aguento mais. Não quero.

- Warren, o que... - Seus lábios quentes e com gosto de uísque de repente estão juntos ao
meu, me calando com eficiência. Antes que eu possa processar o que está acontecendo, ele se
afasta e sorri.

- O que acabou de acontecer?

- Pra uma mulher tão esperta, as vezes voce consegue ser bem avoada. - Eu faço beicinho, e
ele sorri. - Eu nunca tive chance, né? - As mãos do Warren passam no redor da minha cintura,
e ele me levanta para que eu fique sentada em seu colo no sofá. Um chiado sai da minha boca
com o movimento repentino. Ele me beija de novo, com sua língua deslizando na minha boca,
e toda a lucidez sai da minha mente.

- Talvez eu consiga esconder isso melhor do que eu imaginei. - As mãos dele viajam pela minha
cintura e pelas minhas coxas. Ele me puxa para perto, e o atrito entre as minhas pernas envia
formigamentos de prazer por todo o meu corpo.

- Palavras nunca foram o meu forte. Eu não consigo descobrir como expressar o que estou
sentindo. Eu... eu tentei lutar contra esses sentimentos, mas, mesmo assim, voce conseguiu
me conquistar. Não quero passar mais uma noite sem te ter em meus braços, Inês. - Warren se
inclina para a frente e beija logo abaixo da minha orelha, causando arrepios na minha espinha.
- Deixa eu te aquecer hoje á noite?

- Você... você tá me dizendo que me quer? - Mal posso acreditar que esse momento se tornou
rela. O olhar ardente do Warren me deixa aprisionada, eu fico impotente para desviar o olhar.

- Você não faz ideia do quanto eu te quero. Eu nem acho que eu conseguiria controlar por mais
tempo. - Seus dedos deslizam por baixo da minha camisa, tocando em minha pele nua, e o ar
frio me faz tremer..., mas ele me mantém firme.

- Você tá com frio, Inês? - Eu concordo com a cabeça, e ele me lança um olhar desafiador.

- Deixa eu te aquecer. - Em vez de responder, eu bato meus lábios nos dele e o empurro para
trás. Warren devolve meu beijo sedento com tanto fervor que perde temporariamente o
domínio enquanto seu corpo quente afunda ainda mais nas almofadas no sofá. Ele chupa
minha língua e o desejo inflama em minhas veias, incendiando a minha pele. Enquanto sua
boca fica na minha, suas mãos deslizam sob a minha camisa, levantando-a..., e lentamente
subindo até que ele agarre nos meus seios.

Eu me curvo em sua direção, aumentando a pressão deliciosa. O cobertor que estava


enrolando em meus ombros cai no chão, mas nenhum de nós nota. Seus polegares deslizam
sobre o tecido que cobre meus mamilos, e eu enrolo meus dedos em seus cabelos, esfregando
meu quadril em cima dele.

- Inês... - O gemido estrangulado de Warren milha minha calcinha, e a vontade de colocá-lo


dentro de mim ultrapassa todos os meus sentidos. Estendo a mão para arrancar a camisa do
corpo dele, e ele voluntariamente me ajuda.

- Impaciente?

- Sempre. - Ele sorri enquanto monto nele. Arrasto meus dedos pelo peito recém-exposto dele,
trocando o contorno de seu abdômen que dá água na boca. Seus músculos se apertam sob as
pontas dos meus dedos exploradores, então sua barriga fica ainda mais parecida com a de um
deus grego. Quando alcanço meu objetivo, ele suspira e eu travo meus olhos nos dele.

- O que você vai fazer, Inês?

- O que você acha? - Eu aperto minhas coxas e me delicio com a sensação do seu pênis
endurecendo debaixo de mim. Me pressionando até ficar totalmente alinhada com ele, movo
meu quadril e puxo seus lábios de volta aos meus. Embora eu achasse que não pudesse ficar
com mais tesão, a sensação de ter um homem tão forte se derretendo embaixo de mim faz
minhas partes intimas sentirem coisas entusiasmas. Enquanto provo seus lábios mais uma vez,
sua respiração sai em um sussurro quente.
- Voce é mesmo uma provocadora, hein?

- Eu sou? Tá funcionando?

- Acho que voce sabe tão bem quanto eu. - Ele morde meu lábio inferior e coloca a mão entre
as minhas pernas. Eu choramingo de prazer quando seus dedos passam pela cintura da minha
calcinha e entram em contato com a pele excitada e formigante.

- Tira a roupa. - Concordo com a cabeça e a jogo no chão com obediência, ficando apenas de
calcinha. A boca do Warren se agarra no meu pescoço, e eu posso sentir sua barba raspando
contra a minha clavícula.

- Aí Warren... - Ele dá uma mordida de leve enquanto sua mão continua com seus movimentos
torturante lentos entre as minhas pernas.

- Gosta assim?

- Mhm... não para... - Seus dedos diminuem a velocidade até o ponto em que tenho que
morder o lábio para me impedir de implorar.

- Por favor, Warren! - Eu posso sentir seu sorriso no meu pescoço quando ele finalmente
começa a mover sua mão mais rápido. Gemidos começam a escapar dos meus lábios, e eu não
posso mais me conter de gritar seu nome. Ele sorri e se inclina para trás para me olhar, seus
olhos brilhando de desejo.

- Você é muito sexy. - Eu jogo minha cabeça para trás enquanto ele continua mexendo os
dedos e sinto seu olhar queimando meu corpo. A cada segundo a tensão continua
aumentando e logo estou à beira..., ele para. Eu lamento em protesto, mas ele me cala.

- Só um pouco. - Ele puxa os dedos de volta. Ele abre meu sutiã e as alças começam a cair pelos
meus ombros. Eu tremo de prazer quando os olhos do Warren observam meu peito agora nu.

- Não é justo como você é deslumbrante. - Uma mão envolve minha cintura e ele nos vira para
que minhas costas fiquem presas no sofá. Enquanto o Warren fica sobre mim, ele lentamente
traça beijos do meu pescoço a minha barriga. Sua língua, lábio e dentes fazem eu me contorcer
com tanta forca debaixo dele que mal percebo minha calcinha sendo deslizada pelas minhas
pernas. De repente, sua boca me lambe, e eu não posso deixar de soltar um gemido com a
garganta.

Aperto as almofadas no sofá enquanto seus brancos mantem minhas pernas firmemente no
lugar, e seu hálito quente envia enquanto ele ri da minha reação. São necessários apenas
alguns movimentos de sua língua até que eu esteja me derretendo e caindo numa das
sensações mais intensas que já tive. Demoro alguns minutos para me recuperar, mas o Warren
é paciente. Quando volto ao planeta terra, a sede em seus olhos não pode mais ser controlada.

- Eu não quero mais resistir a você. Não sei se CONSIGO mais resistir a você. - Warren tira a
cueca e se posiciona entre as minhas pernas. Eu olho para ele, e ele está me encarando com
tanto desejo que eu quase gozo de novo na hora. Warren se inclina e eu o encontro no meio
do caminho. Nossas bocas se movem juntas em um beijo urgente e apaixonado, e quando sua
língua desliza na minha boca, eu gemo com o sabor.

Meu coração está martelando no peito e eu fico ofegante por ar contra seus lábios. “Você
está pronta, gata?”, ele sussurra. Tudo o que posso fazer é concordar. Ele entra facilmente em
uma só estocada.
Ele agarra meu quadril enquanto começa a entrar e sair de mim e cedemos as nossas
necessidades primitivas, gemendo, gritando e ofegando. O sofá range embaixo de nós, mas
não damos bola. Não demora muito para eu chegar ao ápice de novo. Quando nossos olhos se
encontram, eu o vejo me olhando com uma intensidade vidrada.

Falta pouco, ele rosna, acelerando o ritmo. Eu agarro sua bunda para colocá-lo mais fundo,
suspirando sempre que ele atinge o lugar certo. Aperto meus músculos quando não consigo
mais segurar, e isso nos envia para além do limite. Surfando a onda junto, engolindo os
gemidos um do outo..., até ouvirmos um barulho ato, e acabarmos os dois no chão.

“O que foi que aconteceu? “eu me pergunto depois de uns minutos, olhando para o estrago
que causamos. “Tenho quase certeza que quebramos o sofá”, ele ri. Nem olhamos de novo. Ao
invés disso, ele me levanta em seus braços e me carrega para o nosso quarto, onde ele
continua me aquecendo até adormecermos.

Warren e eu somos subitamente acordados no meio da noite por um baque alto vindo de
dentro da cabana. Eu rapidamente me esforço para sair da cama, mas o aperto rígido do
Warren no meu braço me impede de me mover.

- Tem alguém aq... - Ele coloca o indicador em seus lábios e depois sai lentamente da cama.
Observo com olhos aterrorizados enquanto ele atravessa o quarto e vai até a porta. Depois de
algumas tentativas vendo-o girar a maçaneta da porta, percebo que há algo de errado.

- Warren, o que foi?

- Não vai abrir.

- Tá trancada? - Ele balança a cabeça, parecendo frustrado. Eu pulo em choque quando ele
joga seu corpo contra a porta. Ele bate contra a porta de novo, e eu sinto a casa inteira tremer
com a força.

- Tem alguma coisa bloqueando a porta.

- Mas como?

- Não sei.

- Não me lembro de ter nada perto da porta quando a gente veio pra cama!

- Isso porque não tinha. - Warren faz uma pausa e se vira em minha direção. - Fica atras de
mim. Tem alguém na casa, e assim que essa porta se abrir, eu preciso te proteger. - Concordo
com a cabeça e corro para ficar atras dele. Depois de maus uma tentativa, o corpo do Warren
se joga na porta e ela solta das dobradiças com um estrondo. Olho horrorizada para a sala que
sumiu quase completamente por trás de nuvens espessas de fumaça venenosa. Sinto meus
pulmões começarem a queimar enquanto inspiro a fumaça. - Fica aqui! - Warren desaparece
na fumaça, e eu tenho que fechar bem os olhos para impedi-lo de arder. Fecho a porta, mas a
fumaça ainda entra, me fazendo tossir tanto que meus olhos começam a lacrimejar. Ouço
ruídos de algo caindo e se arrasta caindo e se arrastando na cozinha, mas nada além. Logo
quando penso nisso, vejo um vulto familiar atravessando a fumaça intensa.

- Warren!

- A gente tem que sair daqui. Me segue. - Vou atras dele até a cozinha e imediatamente noto
que algo está muito errado.
- Alguém acendeu todas as bocas do fogão e... - Sua tosse o interrompe enquanto eu me
esforço para ver seu rosto. - Colocaram panos de prato ao redor. Seja lá quem for, sabia o que
estava fazendo..., e não queria que saíssemos vivo. Vou te lavar pra fora até que a fumaça
diminua. - Concordo com a cabeça, e ele me carrega em direção a porta.

- Warren! Olha lá. - Eu aponto, e a cabeça do Warren se vira.

- Fica aqui, Inês! - Warren me coloca no chão e abre a porta.

- Pode parar aí mesmo! Nem pense em se mexer! - Olho pelo batente da porta aterrorizada e
vejo o vulto se virar para encarar o corpo enorme do Warren. Um brilho do luar reflete algo de
metal na mão do homem enquanto ele a levanta na direção do Warren. Meu sangue corre frio.

- Warren! Ele está armado! Ele está... - Warren derruba o homem no chão antes que ele
consiga atirar. Eu grito quando o Warren leva um soco no rosto, mas ele não recua. Os dois
homes lutam pela vantagem e não fica claro quem está ganhando. Warren está gritando algo
para o homem, mas não consigo entender o que é. Warren consegue chutá-lo com força nas
costelas e enfia a mão no bolso de trás para sacar sua própria arma. - Eu disse, pro chão! - A
voz do Warren ecoa ao redor da floresta silenciosa enquanto aponta a arma firmemente na
direção do invasor. O homem, hesitante, levanta as mãos e fica de pé. Sinto meus ombros
relaxarem. Tremo de frio e vejo o Warren caminhando em direção ao homem em passos
lentos e controlados, nunca abaixando a arma.

O homem permanece imóvel e observa cada movimento do Warren com uma


concentração calculada. Assim que o Warren tenta agarrar as mãos do homem, ele corre
novamente.

- Merda! - Tiros ecoam no meio da noite e eu preciso cobrir meus ouvidos por causa do som.
Depois do quinto disparo, vejo os ombros do Warren caírem em derrota antes que ele se vire e
volte para a casa.

- Você tá bem?

- Tô bem. Só alguns machucados.

- Como que isso foi acontecer? Como nos encontraram?

- Não sei. - Warren se aproxima de mim e envolve seus braços protetores em volta da minha
cintura, me puxando para mais perto. A preocupação em seu tom de voz me faz tremer.

- Seja lá quem for, acabou de tentar nos matar.

CAPÍTULO NOVE: O PLANO

- Mas... por quê? Como?


- Tá vendo o fogão e todos os panos de parto ali? Fogões a gás propano emitem monóxido de
carbono. O monóxido de carbono é basicamente um assassino silencioso. É um gás sem cor e
sem cheiro.

- Então por que tinha fumaça?

- Minha teoria é que ele esperava que os panos de prato pegassem fogo – o que acabaria com
o lugar. E se não desse certo e eles não pegassem fogo, no fim o gás teria nos matado durante
o sono. - Meus olhos se arregalam em choque.

- Isso é tão assustador. Se a gente não tivesse ouvido aquele barulho, poderíamos estar mortos
agora. - O aceno de Warren é sombrio.

- A gente não está mais seguro aqui.

- Mas pra onde a gente pode ir? Tem outra casa segura em algum lugar?

- Não. Talvez eu consiga entrar em contato com alguns dos meus contatos antigos, mas isso
pode levar uns dias.

- A gente não tem todo esse tempo. Aquele homem pode voltar! E pode ter cumplices!

- Eu sei. Agora que sabe o que vimos, ele pode ficar mais violento. - Ele olha na minha direção,
subitamente hesitante. - O Eli ter vindo aqui na noite passada... isso não pode ser uma
coincidência. Alguém deve ter seguido ele.

- Acho que voce tem razão. Ele provavelmente não tomou tanto cuidado quanto imaginou.

- Exato.

- Bom, levando isso em consideração... será que a gente conta pro Eli?

- Não. Se ele souber, pode acabar dando uma pista para eles. não dá pra dizer a ele para onde
vamos até ter certeza que é seguro. Não quero fazer nada que te coloque em risco.

- Certo, então vamos embora sem dizer nada?

- Isso vai nos dar a vantagem que a gente precisa. Tem algum lugar onde o Eli jamais pensaria
em procurar?

- Não consigo pensar em lugar nenhum, pra ser sincera. Eu não costumo sair muito sem ele.

- Que tal lugar onde ele pensasse que voce nunca iria por escolha própria? Faço uma pausa
para pensar no que ele disse.

- Bom... por mais que eu odeie dizer isso, tem um lugar. Mas eu realmente não quero ir lá. - Os
olhos do Warren se iluminam quando ele me olha com expectativa. - Não falo com eles desde
o meu casamento com o Eli. Duvido que eles nos deixariam ficar lá depois de tudo o que
aconteceu.

- Quem são” eles”?

- Meus pais.

Uma hora depois... Apesar de quente e relaxante, meu banho não fez nada para acalmar
meus nervos à flor da pele. Balanço a cabeça e tento não pensar no passado. Pego a minha
mala na sala e encontro o Warren já me esperando.
- Vamos?

- Só tem uma coisa pra fazer antes de ir.

- Que seria?

- Precisamos virar esse lugar do avesso. - Eu dou a ele um olhar confuso.

- Por que a gente viraria a sua cabana do avesso?

- Não dá pra deixar nada que possa indicar a sua presença. E também deve parecer que
ninguém vem aqui há um bom tempo.

- Tem razão. Eu não tinha pensado nisso. Então, por onde vamos começar?

- Eu vou cuidar da cozinha, você pode decidir qual cômodo vai bagunçar. Só... - Ele olha para
mim e coça a nuca.

- Por favor, não destrua nada muito valioso, tá? Porque ainda é a minha casa. Então, nada de
quebrar a TV?

- De jeito nenhum.

- E as janelas?

- Se fizer isso, eu a deixo aqui.

- Buuu, você é sem graça. - Warren zomba.

- Eu estou te deixando bagunçar a minha cabana, é claro que sou engraçado. - Reviro os olhos
e solto uma risada quando ele entra na cozinha sem dar outra palavra. Eu imediatamente pego
as lambadas posicionadas ao redor da sala. Pego a primeira, comtemplando o que fazer com
ela. Largo a lâmpada segurando-a longe do corpo e observo o vidro quebrar no chão.

Pulando para trás, quase não desvio de um estilhaço maiores quando ele salta na minha
direção. Uma risada distante me faz revirar os olhos, e decido ignorar o Warren. Eu continuo
com as lâmpadas até que todas as quatro tenham sido suficientes esmagadas. Enquanto
observo a sala, Warren aparece da cozinha e examina os danos.

- Impressionante, Inês.

- Obrigada.

- Sabe... eu nunca gostei muito desse sofá. Que tal voce me dar um motivo para comprar um
novo?

- Tem certeza?

- Absoluta. Além disso, depois da noite passada, ele não vai ter muita serventia mesmo. - Fico
vermelha com as palavras dele.

- Bom, pensando por esse lado...

- Me dá um segundo. - Warren solta para a cozinha e chega cinco segundo depois com uma
faca grande. Ele me dá ela.

- Divirta-se.
- Pode deixar. - Pego a faca e a enfio no estofado do sofá. A faca afunda com tanta precisão e
que atinge a armação do sofá, e quando a arrasto para a direita, um som alto sai preenchendo
a cabana. Eu espalho algumas penas que voaram do estofado enquanto o Warren examina os
danos.

- Você pode fazer mais do que isso.

- Tem razão. Sorte que eu estou só começando.

- Ótimo. Vou curtir o show. - Warren sorri, então levanto a faca novamente e começo a
esfaquear o sofá repetidamente com movimentos cortantes rápidos. O tecido se rasga
facilmente sob o meu ataque. Eu pulo para a esquerda e apunhalo uma almofada e depois me
giro para a direita para pular no sofá e cravar a faca. Penas voam por todo o meu rosto sempre
que perfuro o estofado e, quando finalmente fico satisfeita, chuto o sofá e ele desliza
brevemente pelo piso de madeira. Quando o sofá fica suficiente destruído, até eu ficar
satisfeita, levanto os olhos e vejo o Warren olhando para mim.

- O quê? Impressionando com as minhas habilidades ninja? - Eu sopro uma pena da minha
boca, quando ela cai nos meus lábios e depois tiro mais umas do meu cabelo. Olho para o
Warren de novo e ele parece estar se segurando para não rir. Limpando a garganta, dou a ele a
minha melhor voz sem sentido. - E então? Ainda acha que não sou uma ameaça? - Eu giro a
faca no ar, agradavelmente surpresa por ela não cair no chão. O olhar intenso do Warren está
preso no meu, e ele ainda está em silêncio. - Ficou sem palavras, né? Não tem problema em
admitir que eu te assustei até ficar em silêncio. Eu não ficaria surpresa, de verdade.

- Essa foi uma das coisas mais fofas que eu já vi.

- Até o homem mais forte do mundo teria se encolhido quando... - Eu pisco. - O que você
disse? Fofa?! - Estreito meus olhos para ele. - Não teve nada de fofo nisso. Foi ameaçador e
impressionante. Minhas habilidades são incomparáveis, e você devia se lembrar disso. - Ele
tosse e esconde um sorriso.

- Com certeza.

- Tenho a sensação de que você não está me levando a sério.

- Eu acabei de concordar com você.

- Mas foi num tom sarcástico. Quer dizer que não foi habilidoso e magnifico o suficiente pra
assistir?

- Eu nunca disse isso.

- Mas você... - Ele levanta a mão para segurar minha bochecha e eu imediatamente paro de
falar. Ele se inclina para mais perto, tão perto que nossos lábios ficam separados por um
centímetro. Sinto o hálito quente dele se misturando com o meu e ouço seu batimento
cardíaco saindo pela camisa. Eu começo a me aproximar para um beijo..., mas então ele se
afasta e me mostra uma pena que acabou de tirar do meu cabelo. - Acho que você é um pouco
perigosa. - Não posso deixar de ficar vermelha, então ele me dá um sorriso sedutor. - Vamos,
madame? - Ele pega a minha mala numa mão e a minha mão na outra e saímos da cabana.
Algo em relação a estar na garupa da moto do Warren me faz sentir mais livre do que já estive
em toda a minha vida. A forca do vento contra a minha pele, o corpo do Warren pressionando
firmemente contra o meu... Com seus braços em volta dele, me sinto tão em paz.
O Warren fica sempre muito à vontade com sua moro. Ele exala um ar de confiança e
equilíbrio que mostra que ele sabe exatamente o que está fazendo. Eu nunca imaginaria o
Warren como um motoqueiro, mas sempre que ele está andando nela, parece que essa é a sua
praia. Conforme avançamos em direção a casa dos meus pais, percebo que é exatamente disso
que eu precisava enquanto me preparo para a tempestade. Olho para a casa onde passei
minha infância e congelo.

- Não dá.

- Inês...

- Não, você não está entendendo! Eles me odeiam. Me disseram para não voltar. Isto foi uma
péssima ideia. - Eu vou pegar o capacete do banco da moto, mas os braços do Warren se
agarram na minha cintura. Ele me puxa contra o seu peito e fico sem forças para resistir.

- O que está acontecendo? Você parecia bem quando a gente saiu. O que aconteceu entre
você e eles, Inês? - Ele descansa o queixo na minha cabeça e depois de um segundo eu me
inclino na direção dele. - Eu nunca a vi tão nervosa assim. Se eu soubesse que isso a deixaria
tão chateada, teria procurado um abrigo diferente para nós.

- A gente... teve uma briga muito feia.

- Você sabe que pode conversar comigo sobre qualquer coisa, né?

- O problema é que... eu não falo com os meus pais faz cinco anos, Warren. Cinco anos! Nada
de ligações, nada de cartões de natal, simplesmente nada. Eles não querem nada comigo.

- Duvido que seja verdade. Qualquer pessoa que não te quisesse teria que estar louca. - Eu
reviro os olhos e rio.

- Aí ele aquele sorriso lindo.

- Para.

- Parar de fazer você sorrir? Nunca. - Sorrimos um para o outro, mas então o meu desaparece.

- Só acho que não consigo. Eu cometi um erro horrível e não acho que eles possam me
perdoar.

- Eu jamais te julgaria. Diga-me o que aconteceu, Inês. Por favor.

- Eu sei. Eu acredito em você. Só acho difícil pensar nisso.

- Você sempre teve uma relação ruim com eles?

- Sinceramente? Não. Na verdade, eu tive uma infância incrível. Eles me mimaram muito. - Dou
a ele um sorriso de tristeza. - Nós éramos muito próximos. Eles me levaram em muitas viagens
de negócios ao redor do mundo e me colocaram nas melhores escolas particulares da região.
Eu não podia ter pedido pais melhores. - Consigo ver a perplexidade no rosto do Warren.

- E o que aconteceu. É bem simples, pra falar a verdade.

- O Eli aconteceu.

- E eles não gostam dele? - Eu concordo com a cabeça.


- Odiaram ele até a alma. O fato é que eu o conheci quando estava na minha melhor fase.
Formada em Havard com um futuro promissor. Eu até tinha um plano de 10 anos. Entrar numa
empresa, virar uma associada júnior em até três anos e aí uma associada sênior quatro anos
depois.

- Mas ele apareceu e destruiu completamente esse plano.

-Ele não apoiou a sua carreira?

- Exatamente. Só que ele foi muito sutil sobre isso. Muito calculista. - Eu faço uma careta.

- Ele começou a sugerir que o meu local de trabalho não me valorizava, que eu ficava
preenchendo papelada em vez de lidar com os processos. Obvio que não dá pra simplesmente
entrar e virar advogada, você tem que ralar um pouco primeiro, mas ele me deixou
gananciosa. Coisas pequenas como isso me tiraram do jogo. Eu queria conquistar o meu lugar,
mas o Eli de alguma forma me convenceu de que eu deveria receber uma bandeja de prata. Ele
finalmente me fez desistir, pedindo que eu virasse sua gerente de campanha quando ele se
candidatou a prefeito.

- Por que você iria desistir do emprego de seus sonhos para cuidar da campanha dele?

- Ele fez parecer que eu era o centro do mundo dele. Ele alegou que eu podia voltar a trabalhar
facilmente depois que a campanha terminasse. Por que eu acreditei nisso, não faço ideia.
Ninguém quer uma graduada que não se dedique a virar advogada.

- E o seus pais...?

- Eles ficaram furiosos comigo. Exigiram que eu terminasse com ele e implorasse pelo meu
emprego de volta. - Sinto a mão do Warren deslizar na minha e aperto seus dedos com
gratidão. - Eles não sabiam que o Eli e u já havíamos saído de casa a meses. Acho que isso que
mais partiu o coração deles.

- Você... saiu? - A surpresa em seu rosto é evidente. Eu aceno.

- No fim das contas, eles me deram ultimato. Ou eu voltava pra casa com os papéis do divórcio
assinados ou nunca mais voltava. Eu achei que era blefe deles. Disse a eles que amava o Eli e
que ele só queria o melhor pra mim. Agora que eu queria ter dado ouvido a eles. As coisas
teriam sido tão diferentes. Talvez eu ainda estivesse trabalhando, ou talvez estivesse virado
associada sênior num escritório famoso de advocacia. Mas não adianta se apegar aos “se” da
vida. - Warren levanta meu queixo com os dedos e me faz olhar para ele.

- Seus pais te ainda te amam, Inês. Senão nunca teriam exigido esse tipo de ultimato.

- Como assim?

- Você não vê? Eles estavam dispostos a sacrificar a relação entre vocês pra tentar fazer com
que você enxergasse as coisas do ponto de vista deles. Lógico, a escolha deles de cortar
completamente a relação foi um pouco drástica... Mas a gente não estaria aqui agora se isso
não tivesse acontecido. Eu nunca teria te conhecido.

- Não, a gente não teria se conhecido. Se eu pudesse voltar no tempo, acho que faria as
mesmas escolhas. Gosto do lugar onde cheguei. - Warren sorri para mim.

- Fico feliz que você se sinta assim também. Enfim, acho que você teria se dado bem, seja lá
qual caminho tivesse escolhido. Você é excepcional quando foca em algo.
- Obrigada Warren. - Ele muda de um pé para o outro. - Então, você acha que está na hora?
Olho para a casa dos meus pais e tremo de apreensão.

- Você devia tocar a campainha.

- Mas...

- Eu vou estar bem atras de você o tempo todo. Vai dar tudo certo, Inês. - Respiro fundo e sigo
eles em direção a casa. Todas as minhas inseguranças passadas ressurgem e minhas mãos
ficam suando, apesar do frio intenso. - Não pense demais. - Quando chegamos a porta, posso
sentir minhas mãos tremendo visivelmente. Warren as agarra e me gira para ficarmos um de
frente para o outro. - Não importa o que aconteça, isso não muda nada. Você conseguiu viver
sem eles por cinco anos e pode fazer isso de novo. E te deixar de lado assim... nenhum pai ou
mãe devia virar as costas pro filho, não importa a circunstância.

- Mas...

- Não. - Ele me corta com um aceno de mão. - Se tem alguém aqui que devia pedir perdão, são
eles.

- O quê? Por que eles fariam isso se foi tudo minha culpa?

- Porque o amor dos pais deve ser incondicional. Mesmo se você fosse jogada numa prisão por
assassinato, eles ainda deviam te amar, porque esse é o papel dos pais, Inês. Eles podem não
gostar das escolhas que você faz, mas não tem o direito de te julgar e te excluir da vida deles.

- Tem razão. Eles não deviam ter feito isso.

- Viu? Minha mãe sempre fez questão que eu entendesse que mesmo se ela não concordasse
com tudo o que eu fizesse, ela sempre me apoiaria. Então, tenha um pouco de fé. Se você se
tornou essa pessoa tão boa, eles claramente fizeram um bom trabalho. - Dou um sorriso
agradecido.

- Beleza.

- Beleza?

- Seu discursinho bobo e motivacional me convenceu, beleza? Vou fazer isso. - Ele aperta a
minha mão.

- Eu estou bem aqui se você precisar de mim.

- Eu sei. - Eu me viro para encarar a porta novamente e respiro firme. Estendo a mão, aperto a
campainha e ouço o toque alto e estridente ecoando por toda a casa. Alguns momentos
depois, ouço o som de passos na escada, até que param em frente a porta. Pressiono meus
lábios e observo com medo enquanto Melania Harrington abre a porta e engasga em choque.

- Inês, é você? - Uma mão cobre sua boca e ele se agarra a porta para manter o equilíbrio.

- Oi, mãe. - Minha voz sai num sussurro, mas ela me ouve mesmo assim. Lágrimas escuras de
rímel escorrem por suas bochechas. Um segundo depois, seus braços finos estão ao meu redor
e ela está me puxando com força contra seu pequeno corpo.

- Você está viva?! Nós achávamos que você tinha morrido!

- Querida, quem está aí?


- Richard! - Meu pai desce as escadas correndo e tropeça no final quando me vê abraçada na
minha mãe.

- Minha filhinha... Você está aqui! - Eu fico atordoada quando meu pai nos leva para dentro de
casa e não deixa de olhar com desconfiança para o Warren.

- Ele está comigo. - Após o choque inicial, meu pai recupera a compostura.

- Inês, nós vimos as notícias... Por que eles acham que você está morta? - Eu balanço a cabeça.

- É uma longa história. Obrigada... por não nos mandarem embora.

- Nós... nunca deveríamos ter feito aquilo. - Minha mãe soluça ainda mais com as minhas
palavras e a tristeza no rosto envelhecido do meu pai é surpreendente.

- Nós sentimos muito.

- Te amamos tanto. Nós... - De repente, a porta da frente se abre atras de nós, seguida por um
estrondo. Eu me viro e o Warren faz o mesmo, enquanto saca a arma. Sacolas de compras se
espalham pelo chão, mas não é isso que faz meu coração bater de incerteza.

- Inês? - E sim a visão da minha melhor amiga, Hannah parada na porta.

CAPÍTULO DEZ: OS PAIS.

-Hannah?! - Antes que eu posso pronunciar outra palavra, a Hannah joga os braços em volta
do meu pescoço e grita meu nome várias vezes.

- Inês! Você está viva?! Ai, meu deus, você está... você está aqui! - Ela soluça no meu ombro
enquanto devolvo o abraço.

- Oi Hannah.

- Senti tanto sua falta! Quando você parou de atender, eu fiquei com tanto med... O que
aconteceu? E por que todo mundo acha que você está morta? - Um silencio constrangedor se
segue, até meu pai falar.

- Que tal levar essa conversa pra sala?

- Seu pai está certo. Posso mandar as empregadas prepararem um café... e talvez adiantar o
almoço? Tenho certeza que vocês dois estão com fome! - Warren fala a palavra” empregadas”
para mim com um olhar interrogativo, mas eu só dou de ombros com um sorriso tímido.

- Alguma comida seria realmente bom. A gente está tentando não chamar a atenção, então
não paramos em lugar nenhum pra comer no caminho.

- Vocês dois estão fugindo? O Eli está vindo pra cá? - Minha boca fecha numa posição firme
enquanto penso em como a responder. Olho para o Warren, e ele balança a cabeça “não”.
- Hannanh, a gente devia dar um tempo para eles. Ela chegou aqui poucos minutos antes de
você. - Meu pai gesticula em direção a sala.

- Vamos? - Quando nos sentamos, eu imediatamente me viro para a Hannah.

- Então... o que você tá fazendo na casa dos meus pais?

- Quando vi a notícia de que você tinha sido declarada morta... eu não quis ficar sozinha. Sei
que você não fala com os seus pais há séculos, mas tive a sensação que eles precisavam de
apoio.

- Que bom que você veio, Hannanh. Você tem ajudado muito.

- É mesmo? - Meus pais acenam com a cabeça e dão a ela um sorriso agradecido.

- Ela trouxe duas caçarolas e a torta favorita do seu pai.

- Também nos atualizou sobre certas coisas. - O tom do meu pai é surpreendente duro e faz
com que a minha mãe coloque uma mão firme em seu braço.

- Agora não, Richard.

- Hmmm... oque eu exatamente a Hannah contou pra vocês?

- Não contei nada pessoal demais. Só algumas coisas sobre o Eli que você e eu odiamos.

- Como os amantes dele que pelo o que eu entendi você sabe, ou a forma como ele te trata
como uma esposa troféu em vez de uma parceira! Não foi assim que a gente te criou, Inês.

- Richard, por favor! Você vai afastá-la de novo! - Meu pai abre a boca para continuar, mas as
palavras da minha mãe devem ter surtido efeito, porque ele fecha rapidamente com um estalo
audível. Eu suspiro.

- Me perdoa, pai. Eu nunca deveria ter ido embora. É uma coisa em que tenha pensado muito
ultimamente. Perder minha relação com vocês dois me machucou muito. Se não fosse a
Hannah ficar do meu lado, eu estaria completamente isolada.

- Sentimos muito por você ter tido que decidir por isso. Nós tínhamos tanta certeza de que
você ficaria.

- Você não faz ideia de como ficamos abalados quando isto saiu pela culatra. - Percebo que
minha mãe olha para o Warren e na hora certa, ela sorri para mim e muda de assunto.

- Mas você está aqui agora e é isso que importa. Que tal você nos contar o que aconteceu?

20 minutos depois... Depois de contar a minha história, meus pais ficam indignados... e
preocupados. Warren e eu demoramos um pouco para convencê-lo de que fiquei
perfeitamente segura com ele. Quando a Hannah fala, percebo que ela ficou em silencio pela
última meia hora.

- Você acha que o Eli teve algo a ver com o que está acontecendo com você?

- Como assim? - A cabeça do Warren se vira na direção da Hannah enquanto ele estreita os
olhos.

- Ah, qual é, vai dizer que vocês não cogitaram isso? Assim que fiquei sabendo das ameaças,
pensei na hora que ele podia ter algo a ver com elas.
- Mas por que o Eli faria isso? Não faz sentido.

- Ele é um mentiroso, safado. Quem sabe por que ele faz tudo isso?

- Por mais que eu não goste desse homem, duvido que ele organize tudo isso só para se livrar
da Inês. Ele só precisava se divorciar dela.

- Mesmo assim, isso não me tranquiliza nem um pouco sobre a situação.

- E um informante?

- Essa é talvez a opção mais provável.

- Ah! E se rastrearam o seu telefone? - Ao mencionar o meu celular, solto uma tosse estranha.
Os olhos da Hannah se arregalam.

- Ai deus! Eu não te coloquei em perigo, coloquei?

- Não foi culpa sua. Eu deveria ter me cuidado mais.

- Sinto muito, Inês! Se eu soubesse, nunca teria mandado uma mensagem para você! Eu estava
tão preocupada com você...

- O que foi feito, está feito. De qualquer maneira, o Warren se livrou dele.

- Como?

- Digamos que ele... o quebrou em dois e depois derreteu em pedaços. - Hannah engasga e se
vira para olhar o Warren.

- Isto é tão sexy.

- Hannah!

- Será que ele pode fazer isso com o meu celular também?

- Qual é o seu problema?

- O quê? Você tem ideia de como ele deve ser forte pra ter literalmente quebrado o seu
telefone ao meio?! -Minha mãe, obviamente tentando mudar de assunto, educadamente
limpa a garganta.

- Hannah, querida, e aquela discussão que você teve com o Eli esses dias? Você notou alguém
seguindo-o?

- Você falou com ele?

- Quase nada. Ele não podia nem marcar um horário comigo. Ele estava em um encontro com
aquela garota daquele programa de fofocas irritante. Tess Meyers, eu acho? Talvez eu tenha
estragado a noite dele.

- Ele falou com você?

- Na verdade, assim que ele me viu, saiu do restaurante e nem pagou a conta. Não tenho
certeza se haverá um outro encontro. - Meu pai pensa nisso por um segundo.

- Está Tess é suspeita. Ela está em tudo que é lugar. Acho que talvez eu possa investigar algo
sobre esta situação. Posso ligar pra alguns dos meus amigos no departamento de polícia e ver
se têm informações uteis sobre estas ameaças. Do meu ponto de vista, não parece que o Eli
tenha se dedicado a descobrir quem está por trás delas.

- Eu concordo. - Ouvir a voz do Warren me lembra que ele ainda está na sala. Ele ficou tão
quieto durante toda a conversa que quase esqueci que ele estava aqui. - Acho que seria muito
útil.

- Ótimo, considere isso feito. Vou ligar para eles agora mesmo.

- Isso me lembra de que preciso cancelar a sua cerimônia fúnebre.

- Minha o quê?!

- Oi? Você morreu, lembra? O quê? Você achou que eu não ia fazer nada pra homenagear a
minha melhor amiga?

- Acho isto nunca me passou pela cabeça. O que você vai dizer quando perguntarem por que
você vai cancelar?

- Vou só dizer que os seus pais ainda estão sofrendo e não conseguem lidar com uma
cerimônia no momento. - Enquanto a Hannah se levanta, aproveito e vou até o Warren.

- Ei, mãe? Você se importa se eu e o Warren deixarmos as nossas coisas num dos quartos de
hospedes? - Os olhos da minha mãe se arregalam quando ela olha entre nós dois.

- Vocês estão dormindo juntos?

- Sim.

- Não. - Warren e eu respondemos ou mesmo tempo, o que parece confundir ainda mais a
minha mãe.

- Então... vocês estão dormindo em quartos separados?

- Não.

- Não.

- Ele dorme no chão enquanto eu durmo na cama.

- Ahn?

- Bom, pelo menos as vezes.

- Só as vezes?

- Como estava um frio insuportável ontem à noite, a gente dormiu juntos na cama. Ah, e teve
aquela primeira noite também, porque eu não queria dormir sozinha num lugar desconhecido.
- Minha mãe levanta uma sobrancelha. - Hm, então tá. Qual quarto?

- Lá em cima, segunda porta a esquerda.

- Obrigada. - Evitando o sorriso tonto dela, volto para hall de entrada para pegar minha mala.

- Mãe, você não precisava nos seguir até aqui.

- Bobagem! Que tipo de anfitriã eu seria se não te desse um conjunto de lençóis limpos pra
cama?
- Você podia só dizer onde pegar. Embora fosse melhor ficar num quarto com duas camas, né?
- A cama King Size no meio do quarto está deixando as intenções da minha mãe claramente
obvias, embora eu esteja esperando que o Warren não tenha entendido.

- Já te disse, Inês, todos os outros quartos estão em reforma.

- Que conveniente.

- Bom, vou deixar vocês a sós. Se precisarem de mim, o número do meu celular está anotado
na geladeira.

- Aonde você vai?

- Eu tenho que ir comprar comida, já que a Hannah deixou as compras caírem lá embaixo, e
seu pai foi até a delegacia. Volto daqui a uma hora, mas se quiserem mais tempo do que isso, é
só me mandar uma mensagem!

- Mais tempo pra quê?

- Ah, você sabe. - Para meu horror absoluto, minha mãe pisca para mim. - Divirtam-se,
crianças. - Com isso, minha mãe sai do quarto e desce as escadas. Eu e o Warren ficamos
congelados no lugar, observando-a sair.

- Hum.

- Concordo.

- Sua família é...

- Eu sei.

- Mas eles parecem... legais?

- Isso foi super desconfortável. Não me lembro dela sendo tão direta.

- Ela com certeza estava insinuando algo. - Olho em volta do quarto, tentando mudar de
assunto.

- Então... quer conhecer a casa?

- Eu não me importaria de fazer um tour.

- Então me segue.

- Então, essa é a piscina externa da minha família.

- É gigante.

- Sinceramente, ela parecia maior ainda quando eu era mais nova. Eu costumava passar tanto
tempo nela que meus pais tentaram até colocar um cadeado na porta pra me impedir de usar
quando não estivessem em casa. Depois da terceira vez que eu arrombei, eles desistiram e
contrataram salva-vidas. - Eu rio com a lembrança e o Warren ri do meu lado.

- Acho que faz sentido.

- O quê?
- Eu pensei que você fosse teimosa só comigo, mas parece que foi teimosa a vida toda. - Eu o
cutuco de brincadeira.

- Vem, tenho mais coisa para te contar. Aqui é onde a gente assistia a filmes na noite de
cinema em família. - Warren olha em volta da sala com admiração, seus olhos examinando
todos os detalhes. Quando ele vê a máquina de pipoca, sua expressão se ilumina.

- Vocês tinham que fazer a própria pipoca também? Nossa, eu teria matado por isso quando
era mais novo. Eu provavelmente teria passado dias nessa sala.

- E eu passei.

- Quantas vezes vocês faziam esse negócio em família?

- Uma vez por mês. Eles trabalhavam muito, mas fizeram o possível pra encontrar tempo pra
passar em família. Na época, me incomodava um pouco que eles raramente ficassem em casa
à noite. É bom ter todas essas coisas materiais, mais depois de um tempo, meio que ficava
solitário.

- Você se sentia solitária quando era criança? - Dou de ombros quando percebo seu olhar
investigador. - Você se sente solitária agora?

- Se você tivesse me perguntando isso umas semanas atrás, eu teria dito que sim. Eu guardei
muitas coisas pra mim mesma ao longo dos anos, mesmo a Hannah estando por perto. Isso me
afetou. - Seus dedos levantam meu queixo.

- E agora as coisas estão diferentes? - Dou um sorriso caloroso e provocador, e ele devolve.

- Tá tudo diferente agora. - Dou um passo para trás para colocar alguma distância entre nós. -
Tem mais um lugar que eu gostaria de te mostrar. Acho que você vai gostar.

- Vai me guiando.

- Essa é a SPA particular dos meus pais. - Warren entra na sala e olha em volta, maravilhado,
com os olhos vidrados nas espreguiçadeiras e na piscina.

- Eu nunca entrei num desses antes. - De repente, sinto uma mão no meu tornozelo. Me apoio
nos cotovelos para olhar para ele e admirar seu rosto lindo. Sua mão lentamente desliza pela
minha perna e para quando chega a minha calcinha. Eu prendo a respiração esperando pelo
próximo movimento.

- Algum problema?

- Por que você acha isso?

- Você ficou muito tensa. Foi algo que eu fiz? - Seus dedos brincam com o forro da minha
calcinha, e eu me esforço para ficar parada.

- Não sei o que te fez pensar isto. - Sua mão começa a se mover novamente e o ritmo
provocante de seus dedos dançando na minha pele incendeia o meu corpo. Sem querer, um
gemido baixo escapa quando sinto seus lábios pressionarem a parte interna da minha coxa.

- Aí Warren...

- Sim? - A mão do Warren desliza por baixo do meu sutiã e logo minhas costas estão se
arqueando na espreguiçadeira enquanto tento me aproximar dele.
- Por favor...

- Por favor o que, gata? - Eu suspiro em vez de responder a ele. Seus lábios continuam pelo
caminho escaldante pela minha perna até que eu possa sentir seu hálito quente entre as
minhas coxas. Seu dedo roça em meu mamilo, e eu tenho que segurar o tremor de prazer que
me segue. Ele me beija uma vez, depois outra, sacudindo a língua em um ritmo constante
enquanto a outra mão agarra o meu quadril para me impedir de me contorcer.

Gotas de suor escorrem pelo meu pescoço enquanto a temperatura na sala começa a subir
ainda mais. Warren coloca os dedos na minha calcinha e a desliza pelas minhas pernas até que
caia sem cerimônia no chão.

- Senta. - Faço o que ele manda e me sento para encará-lo. Ele chega pelas minhas costas e
abre o meu sutiã. - Você é tão linda. - Ele me dá um vejo suave no meu pescoço antes de me
levantar e me puxar para que eu fique sentada na sua cintura. Eu gemo com o contato do seu
pênis duro entre as minhas coxas. - Quero que você cavalgue em mim. - Mordo meu lábio com
suas palavras safadas, mas hesito. - Você nunca fez isso antes? - Eu balanço a cabeça.

- Ótimo. - Warren sorri quando puxa sua cueca pelas pernas e se esfrega em mim. Eu gemo e
agarro seus ombros. Sem aviso, Warren me empurra para baixo, e o forte início de prazer
avassalador percorre o meu corpo. Meu grito sai abafado quando mordo o seu ombro
enquanto ele continua me movendo para cima e para baixo em cima dele.

“Warren”, eu gemo o seu nome, e ele empurra mais fundo. Fico chocada em ver como
nossos corpos entram em sintonia tão rápido. Quando eu quero mais rápido, ele obedece.
Quando preciso mais forte, ele me recompensa com seu ritmo punitivo.

Seus lábios vão para onde eu preciso e suas mãos acariciam todas as partes que ele pode
alcançar. O vapor do aquecedor está se misturando com a transpiração dos nossos próprios
corpos e a combinação arrebatadora apenas intensifica a sensação. Não demora muito para eu
me sentir chegando no ápice e seu pênis duro logo me faz gozar. Quando ouve o ponto
culminante dos meus gemidos, ele pressiona a boca do meu pescoço e solta um grunhindo
enquanto acelera.

Ele agarra no meu quadril com mais força quando goza e caímos sobre a espreguiçadeira, os
dois respirando mais forte que nunca. Ele me alcança a calcinha e coloca sua cueca.

- Isso foi... tão... incrível.

- Foi mesmo. - Warren me beija com paixão antes que eu possa me levantar e sorrio contra os
seus lábios.

- A gente precisa de um banho, né? - Ele ri quando vamos até a porta, sinto um tapa na minha
bunda.

- Ei! - Eu me viro para encontrar um sorriso diabólico no rosto do Warren. - Você acaba de me
dar um tapa? - Ele sai sem dizer uma palavra, mas eu juro que vi um sorriso antes de ele virar a
cabeça. Eu tomo um banho primeiro, depois, deixo o Warren ocupar o banheiro enquanto eu
analiso o meu armário. Naquele momento, Warren sai do banheiro, e os meus olhos focam nas
gotas de água brilhando no corpo em forma dele. A reação parece ser mutua- ele me examina
dos pés à cabeça, claramente gostando do que vê.

- Uau.
- Você também não é feio. - Naquele momento, Warren sai do banheiro, e os meus olhos
focam nas gotas de água brilhando no corpo em forma dele.

- Terminei.

- Estou vendo. - Ele sorri e veste roupas limpas, depois fala.

- Estou preocupado com a Hannah.

- O que tem a Hannah?

- Só não sei dizer se confiar nela é a coisa certa a se fazer.

- Espera, você não confia nela?

- Não sei mais em quem confiar. - Ele para e se vira para mim. - Você pode dizer honestamente
que confia nela cem por cento?

- Claro que eu confio nela! Ela sempre me ajudou e nunca me deu motivos para duvidar dela.
Não dá para você acreditar na minha palavra?

- Não fica brava comigo quando só estou cuidando de você. Eu sinto que estou sempre três
atrasado em relação a pessoa que está te ameaçando e não gosto disso. Contar a sua família já
é arriscado demais. E se a gente tiver cometido um erro ao incluir a sua amiga?

- Agradeço pela preocupação guarda-costas, mas a Inês e eu nos conhecemos há anos. - O


Warren e eu nos viramos e encontramos a Hannah parada na porta. - Eu a amo com todas as
minhas forças. Ela é a única família que eu tenho. - Eu não teria nada a ganhar com a morte
dela, a não ser tristeza e dor.

- E o marido dela? - Hannah faz uma cara de nojo.

- O que tem ele?

- Você podia estar com ciúmes de Inês.

- Ciúmes de ela estar casada com um idiota?

- Ela me contou como você convenceu ela a se divorciar dele. Talvez você queira que ela fique
fora do caminho e você possa ficar com ele.

- Se esse é o tipo de amiga que você pensa que eu sou, então precisa rever seus conceitos. -
Warren olha para ela e ela faz uma careta para ele. Um silêncio constrangedor se instala ao
redor da sala enquanto espero que um deles finalmente fale. Para a minha surpresa, o Warren
é o primeiro a falar. - Desculpa.

- Talvez eu não devesse ter te acusado, mas não estaria fazendo o meu trabalho se não fizesse
isso.

- Eu agradeço por colocar a segurança dela acima de tudo, mas você não precisa se preocupar
comigo. Eu jamais colocaria a vida dela em risco.

- Eu acredito.

- Sério? O Warren se vira para mim, mas não me olha nos olhos.
- Vou verificar o perímetro da casa. Volto logo se você precisar de mim. - Enquanto o Warren
sai rapidamente pela porta, a Hannah fica ao meu lado.

- Ele se importa mesmo com você. Que bom que vocês se conheceram.

- Espera, o quê? Achei que você o odiava!

- Pode me chamar de louca, mas dá pra notar como você fica alegre quando está com ele. Seus
olhos estão com um brilho que não via há muito tempo. Eu senti falta de ver você sorrindo. -
Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ela passa os braços em volta de mim e me puxa par
um abraço breve.

- Eu comprei uma passagem para casa amanhã de manhã. Queria ficar mais tempo, mas se eu
faltar mais no trabalho, meu chefe vai me demitir.

- Eu gostaria que você não tivesse que ir, mas nos duas sabemos o quanto você precisa desse
trabalho. - Ela coloca a mão no coração como se estivesse ofendida.

- Tá me chamando de pobre?

- Não! Mas o que eu faria sem todas as suas histórias ridículas dos pacientes?

- Verdade. O que me faz lembrar... sabe a Sra.Larson?

- A hipocondríaca? - Passamos a tarde rindo e colocando a fofoca em dia.

Algumas horas depois, meu pai finalmente chega em casa. Hannah, Warren, minha mãe e
eu estávamos todos sentados na sala quando ele entra.

- Vocês nunca acreditariam no que eu descobri!

- O que foi?

- Meus amigos na delegacia conhecem um dos homens que trabalha no escritório do Eli e
entraram em contato com ele. Tudo indica que as cartas com ameaças continuam chegando
no escrito dele por dois dias depois do desaparecimento da Inês..., o que eu imagino que foi
quando você se escondeu com o varem?

- Sim... Então, o que você quer dizer é que o Eli não teve nada a ver com isso?

-Parece que sim, só que ele é um safado esperto. É possível que ele tenha ido tão longe assim
pra planejar as coisas.

- Mas isso significaria que ele enviou as caratas para ele mesmo e continuou mandando-as só
pra esconder seus atos... Isso não faz dele um suspeito improvável?

- Não necessariamente.

- Eu ainda não confio nele. Alguma coisa nisso não faz sentido, tipo, por que ele não falou nada
pra Inês?

- Ela tem razão. Embora o Eli me deixar de fora não seja algo tão fora do comum assim. - O
Warren examina os papéis que o meu pai colocou na mesa.

- Essas são as ameaças?


- Sim, a gente recebeu por fax do cara no escritório do Eli. A secretaria do Eli guardou elas em
sua mesa desde que tudo isso começou.

- A secretária que ele tá pegando?

- Como?

- A Layla, ou seja, lá qual for o nome dela, está transando com o meu marido. Eu já os peguei
no flagra várias vezes.

- E você deixou que ela continuasse como secretária?

- Richard... calma.

- O que é isso? - Warren devolve uma folha de papel para o meu pai.

- Ah, isso aí é bem interessante. Pelo o que parece, nenhum dos outros senadores recebeu
ameaças como essa. Seja lá quem estiver por trás delas, deve odiar muito o Eli.

- Ou a mim.

- O Eli me disse que é normal os senadores receberem cartas de ameaça.

- Por que ele mentiria sobre isso?

- Ele estava tentando me convencer a aceitar um guarda-costas. - Eu olho para o Warren.

- Eu não curti muito a ideia no início.

- Essas informações tornam as coisas mais perigosas para você. Seu pai tem razão... Estão
mirando especificamente o Eli e não temos como saber quando vão parar.

- Bom, o Eli tem muitos inimigos. - O Warren se vira para o meu pai, com a expressão séria.

- Eu prometo, senhor, não importa o que aconteça... vou proteger a Inês. Juro pela minha vida.
- Meu pai esfrega o queixo.

- E por que exatamente? - Warren pisca várias vezes.

- Não entendi a pergunta.

- É por que faz parte do seu trabalho proteger ela? Ou por que você está apaixonado pela
minha filha?

CAPÍTULO ONZE: A RODA GIGANTE.

Meu pai olha fixamente para o Warren, cuja expressão facial é impossível de interpretar.

- Eu... - Antes que alguém possa comentar, meu pai solta uma risada alta e estrondosa.
- Foi uma piada, rapaz!

- Pai, sério?

- O quê? Ele é tão sério o tempo todo, eu queria ver se conseguia fazer ele rir. - Minha mãe
revira os olhos e a tensão na sala parece diminuir. - Então, Warren.

- Sim, senhor?

- Me fale um pouco sobre você. Como você se tornou o guarda-costas da minha filha? -
Observo com interesse enquanto o Warren fala com o meu pai. Enquanto meu pai e o Warren
estão conversando, a Hannah sussurra em meu ouvido.

- Parece que seu pai acertou na mosca.

- Ele não tá apaixonado por mim. Não teria como.

- Você é cega? Esse cara tá apaixonado por você, Inês. - O Warren escolhe esse momento para
olhar para mim. Sentindo claramente o meu nervosismo, ele chama a minha atenção com uma
expressão curiosa, como se perguntasse se estou bem. Dou um sorriso tímido e aceno,
colocando meu cabelo atrás da orelha. Seus lábios se separam em resposta e ele rapidamente
desvia o olhar.

Penso em tudo o que ele disse e fez desde que começamos essa jornada louca juntos. A
Hannah sorri para mim.

- Às vezes, é preciso se soltar e se permitir experimentar as coisas. Você não concorda, Inês?

Na noite daquele dia...

- Tem certeza de que não precisam de nada? Posso trazer um copo de água, talvez um chá?

- Mãe...

- E mais cobertores? Não esqueça que esfria um pouco a noite.

- Sério, mãe...

- Vocês dois estão usando proteção?

- Mãe!

- Eu só quero garantir que você esteja segura!

- Eu não sou adolescente, pelo amor de Deus! - O Warren solta uma risada atrás de mim.

- Todo cuidado é pouco.

- Por favor, sai daqui. - Coloco minhas mãos em seus ombros e começo a conduzi-la para a
porta.

- É completamente natural...

- Tchau, mãe! - Fecho a porta e depois encosto a testa nela. O Warren parece não conseguir
mais segurar a risada, ele solta uma gargalhada alta e eu me viro para encará-lo.

- Isso não tem graça. Não me lembro de ser tão envergonhada por eles.

- Não foi tão ruim assim. Ela só está cuidando de você. Pessoalmente, acho isso fofo.
- Fofo?

- Ela se importa com você. Você tem ótimos pais.

- Por favor. Não acredito que você está dizendo isso depois do que o meu pai soltou essa noite.
- Minhas bochecham queimam com a lembrança. Seus lábios se pressionam com firmeza antes
que ele pegue na minha mão e me leve até a cama.

- Eu vi o seu rosto quando ele me fez aquela pergunta.

- Viu? - Warren acena com a cabeça. - Não percebi que você está me observando.

- Eu estou sempre te observando. - Ele inclina a cabeça para baixo até que sua boca esteja a
apenas centímetros da minha. Meus olhos se fecham quando sinto sua respiração acariciar
meus lábios.

- Está é?

- Sim. - A mão do Warren passa em volta da minha cintura, enquanto a outra se aproxima da
minha bochecha. Seu braço me guia para mais perto até que nossos corpos estejam alinhados.
Consigo sentir cada parte da sua forma forte e firme pressionando contra mim e isso faz meus
pensamentos cambalearem. - Eu não sou muito bom com palavras. - Seu polegar acaricia
suavemente a minha bochecha. - Mas mesmo assim, eu estou lutando pra não soltar as
palavras que quero dizer.

- Que palavras são essas? - Sinto sua hesitação e abro meus olhos para encontrar os seus. O
desejo que vejo refletido me deixa com as pernas bambas.

- Não posso te dar uma resposta ainda. Mas talvez eu possa te mostrar. - Enquanto as palavras
saem da sua boca, ele se inclina cuidadosamente para pressionar seus lábios contra os meus.
Meu corpo responde imediatamente, sem esperança de resistir. Meus braços vão ao redor do
seu pescoço enquanto separo meus lábios e o beijo de volta. Quando sua língua roça na
minha, tremo de prazer.

Mas parece diferente dessa vez. Cada carícia suave, cada toque gentil, cada movimento
apaixonado mostra o que ele está sentindo por dentro. Quando ele respira, suspira o meu
nome e isso mexe profundamente dentro do meu peito..., algo tão lindo que eu não quero que
acabe. Seus dedos se movem para baixo pra agarrar a minha blusa e lentamente eles começam
a puxá-la sobre a minha cabeça.

Sigo suas ações e levanto a camiseta do Warren para que eu possa sentir sua pele quente
por baixo. Suas mãos gentilmente agarram a parte de trás das minhas coxas. Ele me levanta
sem esforço até que minhas pernas fiquem seguras em volta dele. Sinto-me quase flutuar
quando ele sobe na cama e de dita embaixo dele. Seus lábios percorrem o meu pescoço,
evocando um gemido silencioso meu em resposta.

- Você é tão macia, Inês... Amo a sensação. - Warren trança seus dedos com os meus e prende
minhas mãos aos lados da minha cabeça. Ele lentamente esfrega seu quadril contra as minhas
coxas e minhas pernas tremem com o delicioso atrito de seus movimentos. Eu curvo as minhas
costas para chegar nele quando o sinto sedutoramente chupando a pele do meu pescoço.
Antes que eu possa gemer seu nome, ele coloca a mão na minha boca. - Shh... - Seus lábios
voltam para capturar os meus e ele engole meus gritos. Uma mão viaja para o lugar que mais
preciso e eu tremo de desejo. - Temos que fazer silêncio, gata. - A mão do Warren afunda
ainda mais e ele fica me provocando sobre as rendas da minha calcinha. - Você acha que
consegue não fazer barulho por mim? - Seus dedos roçam no tecido molhado. Rasgando outro
grito da minha garganta, a boca do Warren cai na minha. - - Você me deixa te mostrar? - Eu
luto para lembrar da nossa conversa enquanto a boca e os dedos dele eletrificam cada
centímetro do meu corpo, mas o Warren esclarece para mim. - Deixa eu mostrar como você
me faz sentir. - Eu aceno com a cabeça só para morder meu lábio inferior quando ele desliza
um dedo. Eu agarro os lençóis, enquanto eles me enchem de tesão..., fazendo todos os
movimentos certos, acertando em todos os pontos certos..., até que eu não aguente mais.

“Warren... por favor...” eu imploro. Sem precisar ser avisado duas vezes, as mãos do Warren
deslizam a minha calcinha até que eu esteja deitada nua debaixo dele. Seus lábios continuam
acariciando os meus, seus beijos dominando os meus sentidos. Enquanto eu chupo seu lábio
inferior, ele se posiciona acima de mim e eu abro minhas pernas para acomodá-lo.

Posso sentir seu pênis se esfregando contra minha abertura, pedindo permissão e eu
levanto o meu quadril para convidá-lo. Começamos a nos mover juntos, devagar no começo e
depois ganhando velocidade quando eu me acostumo com seu pênis duro. Seu
comportamento gentil e beijos fervosos me fazem alcançar o ápice do meu prazer várias vezes.
Sua boca devora todos aos gemidos, todos os gritos que eu solto.

Envolvo minhas pernas em sua cintura para senti-lo mais fundo e o ato me coloca no limite,
fazendo meu corpo tremer de tesão. Ele logo atinge seu próprio clímax e depois cai ao meu
lado na cama. Um sorriso gentil suaviza a expressão do Warren quando ele me vê chegando
mais perto. Seu braço passa pela minha cintura e ele me puxa para o lado dele, colocando o
edredom sobre os nossos corpos. Nos damos boa noite antes de cairmos num sono profundo.

Na manhã seguinte, estou ajudando a minha mãe a preparar o almoço.

- Foi... muito gentil da sua parte dar um dia de folga pra chef.

- Bom, não posso esperar que ela trabalhe todos os dias do mês, posso?

- Claro que não. Mas nunca vi você chegar a essa conclusão antes. - Minha mãe estreita os
olhos para mim.

- Não sou uma soberana arrogante e rica que não se importa com as pessoas que trabalham
para mim. Eu lhes dou quatro dias de folga por mês!

- Quatro dias? Que gentileza a sua, mãe. Eu rio e ela joga um pedaço de pão em mim.

- Ei!

- Eu pago quase três salários mínimos, senhorita. Ninguém pode dizer que eu não cuido da
minha equipe.

- Só estou brincando com você, mãe. - Eu a cutuco com o cotovelo e ela finalmente sorri.
Enquanto continuamos preparando o almoço, sinto a curiosidade dela atingir o ponto de
ebulição. Posso afirmar que não falar sobre o Warren está matando-a. Infelizmente, não posso
evitar o assunto sempre.

- Então...

- Pergunta de uma vez, mãe.

- Perguntar o quê?
- Você sabe muito bem.

- Tá, tá bom! Ele parece... legal.

- Ele é legal.

- E forte também.

- Aham.

- Ele é difinitavemente um homem com bons costumes. Já estava na hora de você achar um
desses.

- Mãe...

- Talvez dessa vez você tenha o bom senso de ficar com ele.

- O que isso quer dizer? - Minha mãe encolhe os ombros e se ocupa pegando algo na geladeira.

- O que eu quero dizer é que eu gosto dele. - Ficamos em silêncio e continuamos preparando a
comida.

Uma hora depois...

- Eu tenho que dizer, que bom que você tá aqui, Inês. Essa refeição não ficou tão ruim. Sempre
que sua mãe tenta cozinhar, geralmente acabamos pedindo pizza.

- Richard!

- Eu achei delicioso, Sra.Harington. - Minha mãe dá um sorriso satisfeito para o Warren.

- Viu, Richard é assim que os verdadeiros cavalheiros devem agir.

- Legal, Garcia, você tinha que queimar o meu filme. - Meu pai dá um tapinha nas costas do
Warren, enquanto minha mãe revira os olhos.

- Sinceramente, você podia aprender uma coisa ou duas com ele. Parece que ele sabe como
tratar uma mulher com respeito. Talvez eu saia e arranje um guarda-costas, se todos forem
assim.

- Para que você precisaria de um guarda-costas?

- Acho que fui sortuda com o Warren. - Todos os olhares se voltam para mim e eu paro com o
garfo levantando na boca.

- O quê? - Um sorrisinho brilha nos lábios do Warren, mas ele fica quieto.

- Então, quais são os seus planos agora, Inês?

- Como assim?

- Bom, você vai espalhar pro mundo que está viva?

- Acho que nem pensei muito nisso. - Meus pais trocam olhares e seus rostos parecem ficar
sérios.

- Parece... surreal ter você aqui, Inês.


- A gente não quer que você se vá. - Meu pai estande a mão para agarrar a mão da minha mãe.
Ela morde o lábio e acena para ele.

- Sua mãe e eu conversamos, e vamos te ajudar como der. Se você precisar de um lugar pra
ficar, se precisar de comida ou roupas... É só falar.

- Qualquer coisa.

- Posso até te ajudar a achar um emprego, se precisar.

- E com a conexão do seu pai com o governo, a gente podia conseguir até uma nova identidade
se você quiser começar do zero.

- Por que tudo isso?

- A gente te ama, Inês. Só queremos fazer parte da sua vida de novo.

- Deixar você partir anos atrás foi o maior erro das nossas vidas. Nós nunca vamos nos perdoar
por isso.

- Não dá pra voltar no tempo..., mas podemos tentar recompensar. Perdemos tanto anos
juntos. Tantos aniversários, tantos natais...

- Você nos aceitaria de volta em sua vida? Deixa a gente te ajudar?

- Claro, mãe! Amo muito vocês dois. Como não aceitaria? - Me levanto e abraço os dois e
quando me afasto, vejo lágrimas nos olhos dele.

- Nós também te amamos.

- Vou dar uns telefonemas hoje à tarde. Vamos arranjar uma casa para vocês o mais rápido
possível, mas, enquanto isso, adoraríamos que você ficasse aqui.

- Eu adoraria isso. Mas tenho que pensar um pouco sobre isso. Não sei ao certo quais serão os
próximos passos. Parece que eu estou sempre olhando desconfiada. Eu e o Warren mal saímos
na rua desde que toda essa perseguição começou.

- Olha, talvez tenha uma solução para isso. E o parque de diversões?

- Que parque de diversões?

- O de Halloween que a cidade recebe todos os anos. Você adorava ir quando era mais nova.

- Não sei se é uma boa ideia. Mas é sempre tão cheio, não?

- É halloween nesse fim de semana, então duvido que alguém te reconheça usando uma
fantasia!

- Sei lá, mãe.

- Parece uma boa ideia você sair um pouco de casa.

- Uma boa ideia pra vocês dois!

- Vocês têm mascaras aqui? - O rosto da minha mãe cai um pouco, mas ela não deixa que isso
a detenha.

- Não, mas tenho certeza de que podemos encontrar algo que sirva.
- Bom, se alguém me perguntar quem eu sou... Posso apenas dizer: “Sou a esposa morta
daquele senador”.

Dois dias depois...

- Inês? Quase pronta pra ir?

- Sim, tô indo! - Quando chegamos no parque...

- Eu esqueci o tanto de brinquedos que esse lugar tinha! O que a gente devia fazer primeiro? -
Olho para o Warren com animação, só para vê-lo já sorrindo para mim.

- O quê?

- Não é nada.

- Não, me fala! É bom te ver tão feliz. - Minhas bochechas ficam vermelhas.

- Obrigada. Então, aonde vamos primeiro?

- Aonde você quiser. A noite é sua.

- Acho que daria pra ir no carrossel?

- Vai na frente. - Empolgada, agarro sua mão e o puxo em direção ao carrossel.

- Eu não ando num desses desde pequena!

- Nem eu. - Eu levanto minhas sobrancelhas e solto uma risada.

- O quê?

- Nada.

- Bom, em quais cavalos você gosta de andar?

- Geralmente naqueles do lado de fora, porque parece que você tá indo mais rápido. - Eu me
viro e noto a fila enchendo rapidamente o círculo onde o carrossel fica. Pego a mão do Warren
novamente.

- Vem! Se a gente não correr, os lugares bons vão sumir.

- E existe um lugar ruim no carrossel? - Apenas olhando, eu decido não responder. Ele ri, mas
felizmente me segue. Escolho dois cavalos que estão lado a lado e pulo no de fora.

- Bom, vai em frente e monta no seu cavalo.

- Como?

- O que você quer dizer com “como”? - Warren olha para o cavalo todo duvidoso.

- Eu nunca montei num negócio desses.

- Você nunca andou a cavalo?

- Não. - Eu sorrio e pulo do meu para que fique do lado dele.

- Olha, eu vou mostrar. - Colocando o pé esquerdo no estribo, uso meu impulso par me erguer
sobre o cavalo e me acomodar na sela. O Warren me observa com atenção, mas após sua
primeira tentativa, ele consegue sem problemas.
- Esse negócio não é o mais... confortável de se sentar. - Warren ajusta as calças e solto uma
risada alta.

- Eu nem tinha pensado nisso. Você vai conseguir?

- Consigo, só não é confortável. - Uma campainha indica que o carrossel está prestes a
começar a girar, então eu seguro as rédeas.

- Lá vamos nós.

- Irra!

- Não estraga a diversão, garanhão. - Warren resmunga para si mesmo, mas estou muito
ocupada focando no cavalo para ouvi-la. Á medida que o carrossel ganha velocidade, nossos
cavalos também. Enquanto eles sobem e descem, eu solto as rédeas e fecho os olhos,
inclinando a cabeça para trás. O vento no meu cabelo e os movimentos rápidos do brinquedo
fazem com que pareça quase como se eu estivesse voando. Não consigo evitar um sorriso. -
Não acredito que já fazia tanto tempo que não montava! Eu senti falta dessa sensação.

- Você fica linda. - Surpresa, viro minha cabeça para encará-lo. Alguns fios de cabelo sopram no
meu rosto, então os coloco de volta no lugar. O Warren está me observando com a cabeça
apoiada no poste do carrossel. Eu imito sua ação, fazendo ele sorrir.

- Linda, é? - Não é a primeira vez que você me fala algo do tipo, você sabe.

- Eu sei. - O brinquedo começa a desacelerar, mas meu coração parece não querer fazer o
mesmo. Parece que ele está galopando no meu peito. A campainha toca de novo, sinalizando
que acabou. Eu fecho os lábios enquanto desço do meu cavalo.

- Não foi tão ruim assim, né?

- Não, acho que não.

- A gente devia ir de novo.

- De novo? A gente acabou de sai desse troço.

- Vem. - Tranço meus dedos aos dele e o puxo em direção à fila.

Duas horas depois...

- Vem, anda logo!


- A gente não precisa correr para ir em todas as atracões, sabia? - Puxando o Warren atrás de
mim, vou para o nosso destino final da noite. É quase uma hora da manhã e a maioria das
pessoas já foram.

- Aonde estamos indo?

- No meu lugar favorito do parque.

- Que é? - Eu aponto para a roda-gigante.

- Esse é o seu favorito, é? - Chegamos facilmente à entrada e a roda-gigante diminui para nos
deixar entrar. Subo primeiro e sinto o carrinho balançar levemente com o meu peso. O Warren
entra depois e se senta à minha frente. O funcionário da roda-gigante acena para a frente e a
roda se mexe mais uma vez.
- Isso é incrível. Que bom que a gente veio hoje à noite.

- Você se divertiu, então?

- Esse foi um dos melhores dias que tive nos últimos anos. - Eu sorrio para ele.

- Eu sei que foi tecnicamente o seu trabalho vir aqui comigo, mas mesmo assim, que bom que
você veio. Espero que tenha se divertido pelo menos um pouco.

- Foi divertido.

- Digo, tirando o palhaço assustador da casa assombrada...

- Eu não fiquei com medo, quantas vezes tenho que te dizer isso? - Eu jogo minhas mãos para
cima em falsa rendição.

- Tá bom.

- Eu só estava cuidando da sua segurança.

- Tenho certeza que estava.

- Eu estava.

- Eu nunca disse que não estava.

- Seu tom sugeria que eu não estava.

- Verdade, mas nunca disse com essas palavras. - Eu sorrio para ele e ele solta uma risada
relutante. - Ei, Warren? Posso te perguntar uma coisa?

- Qualquer coisa. - Tiro meu olhar dele e olho para o horizonte.

- Você sente alguma coisa por mim? - Quando ele não responde, eu olho para ele. O rosto do
Warren fica cuidadosamente inalterado. Depois de um longo momento de nada além dos sons
do parque de diversões ao nosso redor, ele finalmente fala.

- Sim.

- Quê?

- Sim, eu estou apaixonado por você. - Sua voz sai apenas como um sussurro, mas eu ouvi tudo
mesmo assim. Meu coração começa a bater forte no peito.

- Warren...

- Tudo bem, você não precisa dizer nada. - Ele suspira e balança a cabeça.

- Eu deveria ter guardado isso pra mim, mas tá ficando mais difícil resistir a você. Eu nem sei
mais quando aconteceu, ou talvez tenha sido o tempo todo. Por favor, me diz que isso não vai
mudar nada entre nós? Eu posso manter as coisas profissionais.

- Eu não quero mais que as coisas sejam só profissionais entre nós.

- Como? - O olhar supresso no rosto do Warren me faz sentir um calor no peito. Eu me inclino
para frente e coloco minhas mãos em suas bochechas. - Eu também estou me apaixonando
por você. - Os olhos do Warren se arregalam. Ele se aproxima para me abraçar e me puxar
para mais perto até minhas pernas ficarem acima da sua cintura. Nós dois estamos respirando
fundo enquanto nossos lábios roçam uns contra os outros. - Eu estou me apaixonando por
você, Warren. Estava desde o começo. - Seus dedos passam pelo meu cabelo enquanto a outra
mão me segura com firmeza contra o seu corpo duro e firme. Ele solta um gemido baixo e se
aperta mais forte em mim. Seus lábios são como chamas enviando choques de correntes
elétricas nas minhas veias. Sinto sua língua pressionando contra os meus lábios, pedindo
passagem na minha boca. Eu ansiosamente concedo a ele acesso e sinto sua língua colidir com
a minha.

Gemo com a sensação e abro meu quadril em um ritmo erótico contra o seu colo. Seu
gemido de prazer em resposta envia formigamentos de desejo direto ao meu interior.

- Eu quero você. - As palavras do Warren são como uma linha que vai direto à minha libido.
Suas mãos descem até o meu quadril, onde ele me guia em um ritmo próprio, criando atritos
que deixam meus pensamentos girando.

- Eu também quero você. Será que poderíamos...?

- Não tem ninguém em nossa volta. - Nós dois estamos respirando fundo enquanto
examinamos rapidamente os outros carrinhos ao nosso redor. Estamos protegidos da vista, só
tem essas duas janelas grandes dos dois lados do carrinho. Seus dedos dançam ao longo da
bainha das minhas roupas.

- Você que sabe.

- Só não sei se posso aguentar até te levar em casa. - Tiro as minhas roupas e as jogo no chão
do carrinho. Fico de frente para o Warren, vestindo apenas a minha calcinha. - Não posso
esperar mais. Eu te quero agora.

- Tem certeza? - Agarro seu cinto e rapidamente o tiro, logo em seguida soltando o botão em
sua calça. Ele sorri quando sua camisa se junta à pilha de roupas, e seus lábios encontram os
meus novamente.

- Eu preciso de você, Warren. - Seu gemido de resposta é o suficiente para incendiar o meu
sangue.

- Você é linda demais. - Suspiro contra os seus lábios, incapaz de reter o som. O Warren sorri. -
Adoro ver você se soltar na minha frente. - Suas mãos encontram o caminho até a minha
calcinha e eu me sento para ajudá-lo a tirá-la das minhas pernas. No minuto em que ela sai,
seus dedos começam a tocar habilmente em mim enquanto a outra mão fica presa na minha
boca para calar os meus gritos. Quanto mais rápido ele me toca, mais eu cravo minhas unhas
em sua pele. A mão do Warren permanece firmemente no guar sobre a minha boca enquanto
seus lábios fazem seu caminho até o meu peito nu.

Sua boca encontra meus seios, me torturando, enquanto a outra mão me levanta para cima
e para baixo em seu colo. Meu corpo estremece de puro tesão. Os sentimentos que
compartilhamos um com o outro apenas torna a nossa conexão mais profunda. Não demora
muito para eu me aproximar do clímax.

O Warren percebe o aumento na intensidade dos meus gemidos e imediatamente acelera


mais. Meu grito sai abafado pela mão do Warren quando nós dois gozamos juntos. Ofegando
por ar, encosto a testa no peito dele e tento diminuir minha respiração. Suas mãos me
envolvem enquanto nos sentamos lá, entrelaçados no topo da roda-gigante.
Passamos os próximos minutos observando silenciosamente a multidão abaixo de nós e a
roda finalmente começa a nos descer até o chão. Enquanto estou deitada na cama uma hora
depois, com a respiração calma do Warren sendo o único som do quarto, penso na conversa
do almoço. Eu franzo a testa pra mim mesma. À medida que a minha determinação aumenta,
percebo o que tenho que fazer.

Eu cuidadosamente saio da cama e me arrasto até o guarda-roupa. Deslizando num


moletom e casaco encapsulado, vou até a porta e viro a maçaneta silenciosamente. Quando
estou prestes a abrir a porta, uma voz familiar me faz congelar em pânico.

- Onde você pensa que vai?

CAPÍTULO DOZE: A PISTA.

Lentamente, eu me viro e encontro o Warren parado logo atrás de mim. Seus braços estão
cruzados e seu olhar e tão fixo que está queimando um buraco na minha pele.

- Anh, eu tenho que ir no banheiro.

- Não mente pra mim. - Eu suspiro e largo a maçaneta da porta. - Eu não vou perguntar de
novo.

- Olha, eu não posso simplesmente ficar sentada sem fazer nada. Podem existir pistas que a
gente não conhece, pistas que o Eli não nos contou. Acho que seria uma boa procurar no
escritório dele em casa.

- Então, esse era o seu plano? Você ia voltar? Sozinha?

- Eu preciso!

- Você tá maluca?

- Não! Olha, meus pais tinham razão. Eu preciso ter um plano. Não posso passar o resto da
minha vida fugindo ou me escondendo e o único jeito de isso acontecer é se a gente descobrir
quem está por trás de tudo. - Warren me olha da cabeça aos pés.

- Você ia fazer o quê? Espionar?

- Talvez.

- E se você fosse reconhecida? E como você chegaria lá?

- Eu pegaria um ônibus.

- Um ônibus.

- Olha, você não precisa concordar comigo, mas não vai me impedir. Sou adulta e posso tomar
minhas próprias decisões.

- Então aja como uma.


- Oi?

- Em vez de sir de fininho pelas minhas costas, me fala o que está acontecendo. Em vez de
tentar fazer tudo sozinha, deixa eu e ajudar e proteger. Caso você tenha esquecido, faz parte
do meu TRABALHO fazer isso.

- Olha, desculpa, tá?

- Não, não está bem. Por que você não me contou?

- Porque pensei que você ia me impedir... e está na cara que eu estava certa! Mas você não
enxerga por que tenho que voltar lá, Warren? Estamos deixando algo escapar e nunca vamos
descobrir nos escondendo. - Warren solta um suspiro frustrado, depois vira as costas para
mim. Ele caminha até o guarda-roupa e pega as nossas malas.

- O que você está fazendo?

- O que parece que estou fazendo? Estou fazendo as malas.

- Fazendo as nossas malas?

- Não dá pra deixar tudo pra trás. Vamos precisar de umas roupas e mantimentos. - Chocada
demais para dizer qualquer palavra, eu automaticamente ando até ele e começo a colocar
alguns dos meus pertences na mala que ele pega pra mim.

- Obrigada.

- Não faz mais isso. - Quando arrumamos tudo e estamos prontos para ir, o Warren olha para o
bloco de notas na mesa da cabeceira. - Vai deixar um bilhete pros seus pais?

- Acho que é uma boa. - Pego o bloco de notas e uma caneta da primeira gaveta.

“Queridos mãe e pai, sinto muito fazer isso com vocês, mas eu e o Warren temos que ir
agora mesmo. Temos que cuidar de uns assuntos inacabados e ficar esperando que algo
aconteça simplesmente não parece certo. Eu só queria agradecer por tudo o que vocês fizeram
por nós. Esses últimos dias me lembraram de tudo que eu perdi e não estou disposta a perder
novamente. Vocês são a minha família e fiquei muito feliz por nós encontrarmos de novo
depois de todos esses anos. Vamos nos falando. Por favor, fiquem seguros e não se
preocupem comigo. O Warren vai cuidar de mim. Com amor, Inês”. - Quando termino, me viro
para o Warren.

- Eu encontrei uma locadora de carros aqui perto aberta 24 horas. A gente podia ir na minha
moto, mas é uma viagem de cinco horas... prefiro deixá-la na garagem.

- Beleza. - Warren abre a porta do quarto em silencio e saímos. Coloco o bilhete para os meus
pais no balcão da cozinha antes de saímos da casa. Assim que o Warren sai da loja de
conveniências do posto de combustível, olho para as mãos dele. Ele está carregando barras de
chocolate e um pacote de salgadinho... e nada muito além disso. - Eu não posso comer doces
no café da manhã.

- É tudo que eles tinham. - Olho em volta com tristeza e noto uma lanchonete do lado da
estrada. Meu estômago ronca em resposta e dou ao Warren um sorriso pidão.

- Que tal um café da manhã responda naquela lanchonete?


- Sério? - Uma olhada para o meu rosto convence. - Tá bem, mas não podemos demorar muito.
Não conheço muito bem essa região e você pode ser reconhecida.

- Duvido que eu seja reconhecida. A gente já saiu algumas vezes, e fomos até naquele parque
de diversões. Ninguém me reconheceu ainda!

- Vamos torcer pra que não seja apenas sorte. - Antes que eu possa entrar direto na
lanchonete, o Warren me impede. - O que foi?

- Toma. - Warren me entrega uma carteira de identidade com a minha foto e o nome “Liz
Garcia” escrito em letras grandes e em negrito.

- Então, se meu nome é Liz Garcia, o que eu seria sua?

- Você podia ser a minha tia, irmã, mãe...

- Sua MÃE? - Eu faço uma careta, e ele ri. - Quando você fez isso?

- Ontem.

- O meu pai te ajudou?

- Não, um amigo estava me devendo uma. - Quando ele não fala mais nada, eu decido deixar
para lá. - Eu também peguei umas roupas pra você usar que não fazem o seu estilo. Seria
melhor se você trocasse antes de entrarmos. Eu não quero correr nenhum risco.

- Tudo bem. - Warren acena com a cabeça e estira os braços no banco de trás do carro. Ele
levanta uma sacola plástica que parece pesada que estava no chão atras. Do meu banco e fez
um gesto para eu escolher uma roupa. Eu dou uma olhada dentro. - Olha, você tinha razão
sobe uma coisa. Com certeza elas não fazem o meu estilo. - Depois que eu me troco, ele me dá
um sorriso agradecido.

- Fazendo o seu estilo ou não combina muito bem com você.

- Obrigada. - Eu guardo a identidade no bolso e vamos juntos para a lanchonete. Dou uma
mordida na minha comida e faço um barulho de satisfação. - Isto tá muito bom.

- Que bom que você está gostando.

- Ainda não entendo por que você não pediu nada. São tantas opções aqui! Você podia pegar
ovos mexidos com torradas? Ou talvez um waffle belga?

- Não estou com fome.

- Você tem que comer alguma coisa! A gente só vai chegar lá daqui a umas horas.

- Vou sobreviver. - Warren toma um gole do seu café puro enquanto dou outra mordida na
minha comida. Ele se encosta no banco e seu olhar perspicaz examina a lanchonete.

- O que você está procurando?

- Eu sempre estou vigilante, não importa onde formos.

- Mas ninguém nos conhece aqui, e você disse que não fomos seguidos.

- Todo cuidado é pouco.

- No momento em você baixa a guarda, os erros acontecem.


- Mas sua guarda nunca fica baixa.

- Exatamente. Prefiro não arriscar quando se trata da sua segurança. - Olhando ao redor da
lanchonete, noto que ela ficou muito mais lotada do que quando chegamos. As mesas ao
nosso redor estão cheias de famílias conversando alto enquanto tomam seu café da manhã.
Uma fila de garçons e garçonetes surge da cozinha com bandejas de comida apoiadas nas
mãos. Há também uma fila na porta que começa a se formar enquanto as pessoas esperam
que novas mesas fiquem vagas.

- Eu não percebi que estava tão cheio.

- É mais do que isso.

- Como assim? - Warren acena na direção de uma família de aparência jovem, algumas mesas
à frente. O homem está lendo um jornal enquanto a mulher cuida das refeições das crianças. -
O que tem eles?

- Olha direito. - Faço o que ele diz. Vasculhando a cena, finalmente entendo o que ele está
falando, e meu estomago ronca de medo.

- Eu estou na capa do jornal?

- É uma notícia e tanto quando a esposa de um senador morre misteriosamente. - Nervosa,


percebo que ele não é o único a ler o jornal. Pelo menos outras sete pessoas estão com o
jornal nas mãos, duas das quais murmuram e apontam em nossa direção. Fico pálida e viro a
cabeça para o Warren.

- Warren, eles sabem. Estão olhando direto pra nós.

- Eu sei.

- O que fazemos?!

- Mantenha a calma. - De repente, uma ideia me ocorre. Eu chamo a nossa garçonete e evito o
olhar interrogativo do Warren. – Oi. Então, hoje é o meu aniversário do meu husband. - Faço
um movimento em direção ao Warren, que está olhando para mim do outro lado da mesa. Ela
sorri. - Ele vai viajar a negócios hoje de tarde e não vamos conseguir comemorar juntos. Será
que daria para equipe de vocês vir aqui cantar parabéns para ele? - Ela concorda com a cabeça
e sai.

- O que você está fazendo?

- O quê? Existe forma melhor de anunciar que NÃO SOU a esposa morta do Eli Nelson
comemorando o aniversário do meu amado husband? - Antes que ele pudesse pronunciar
outra palavra, um alto som de aplausos vindo da cozinha de repente emerge da lanchonete.
Garçons e garçonetes se aproximam da nossa mesa, cantando em voz alta parabéns enquanto
carregam uma pilha de panquecas com uma vela no meio. O Warren fecha os olhos e parece
que está rezando por paciência. Rindo, eu me junto à cantoria.

- Parabéns pra você! Nesta data querida! Muitas felicidades! Muitos anos de vida! - A
lanchonete explode em aplausos, enquanto o rosto do Warren fica com um tom não natural
de vermelho. - Muito obrigada! - Eu aceno para a nossa garçonete. Ela ri e coloca uma coroa
de flores sobre as nossas cabeças antes de pôr a conta em nossa mesa.

- Eu vou te matar.
- Bom, isso não parece combinar com o trabalho de ser o meu guarda-costas, parece? - Warren
solta um grunhindo. Olho para o casal que estava apontando para mim antes – agora o jornal
deles está sobre a mesa, e seus corpos voltados em outra direção. Eles não parecem estar
prestando atenção em nós. - Acho que funcionou.

- Acho bom.

- Eles nem estão mais olhando pra nós. É quase como se estivessem perdidos completamente
o interesse!

- Oba. - Eu rio e coloco a minha mão na dele.

- Divirta-se um pouco, de vez em quando. Não foi tão ruim, foi? - Ele me acena por um tempo
antes de sorrir contra a vontade. Ele pega o garfo e para a minha surpresa, enfia nas
panquecas depois de soprar a vela. Encontrando a chave escondida atrás de um canteiro no
pátio, abro a porta da frente da minha casa e vou até a sala. Para a minha surpresa, o alarme
está desarmado. - Que estranho! A gente sempre aciona o alarme quando saímos de casa.
Acho que o Eli seria ainda mais cuidadoso agora por causa das ameaças.

- Talvez ele pense que ninguém vai atras e você agora que foi declarada morta.

- Talvez. - Olho melancolicamente o lugar que chamei de casa dos meus sonhos. Os moveis são
impecáveis e os tapetes foram limpos recentemente. Meus livros favoritos ainda estão em
seus devidos lugares nas estantes, exatamente onde eu os deixei. Pego meus dedos e passo
pelas capas deles.

- Esqueci o quanto sentia falta desse lugar. - Suspirando, me viro e vejo o Warren me
observando com uma expressão de arrependimento. - Qual é o problema?

- Não é nada. - Eu ando para ficar na frente dele.

- Warren, me fala.

- Odeio que você esteja nessa situação. Você foi forçada a sair da casa que ama, forçada a fugir
e desistir de todo esse luxo. Que justiça é essa?

- Eu amo a minha casa, mas isso tudo são coisas materiais. Prefiro estar viva do que morar
numa casa onde podem facilmente tirar fotos de mim dormindo. - O rosto do Warren fica
rígido.

- Nós vamos descobrir quem está por trás disso.

- Não vou parar até que você esteja segura.

- Eu sei. - Eu chego até a mão dele e entrelaço os nossos dedos. - Obrigado por isso. - Seu rosto
relaxa momentaneamente, antes que ele se afaste e deixe nossas mãos caírem.

- Onde o Eli guardaria informações sobre as ameaças?

- Não tenho certeza. Qualquer papel importante que ele tem, coloca na pasta dele. Mas ele já
foi trabalhar, então tenho certeza que levou com ele.

- Mesmo assim dá pra procurar na cozinha. Talvez eu encontre algo.

- Eu vou vasculhar este cômodo, então. - Warren acena e sai. Suspirando, eu me viro e
continuo procurando na sala. Meia gora depois, o Warren volta de mãos vazias.
- Achou alguma coisa?

- Não, nada mesmo. A pasta não estava lá.

- Também não tinha nada aqui.

- Onde mais podemos procurar?

- A gente pode tentar no escritório dele.

- Ele tem um escritório em casa?

- Sim, mas geralmente está trancada. Eu costumava saber onde ele escondia a chave, mas ele
trocou de lugar um tempo atrás e nunca me disse onde.

-Talvez eu consiga abrir. - Eu rio e ele levanta uma sobrancelha.

- Se a gente arrombar a porta, obvio que ele vai perceber.

- Quem falou em arrombar? - Eu olho para ele intrigada.

- Você sabe como destrancar a fechadura?

- O fato de você me perguntar isso já é um insulto. - Franzo a testa e o Warren sorri.

- Onde você aprendeu a fazer isso?

- Nos fuzileiros.

- Você pode me mostrar como se faz isso? - Warren me olha com humor.

- Você quer aprender a destrancar a fechadura?

- Quem não gostaria?! - Dou a ele o meu melhor olhar implorador. - Por favor, Warren? Parece
muito divertido. E tenho certeza que seria útil também!

- Por que você precisaria saber como destrancar uma fechadura?

- Eu me tranquei fora de casa tantas vezes que você nem ia acreditar. Foi por isso que comecei
a esconder as chaves nos canteiros do pátio. - Warren olha pra mim duvidoso.

- Duvido que você se tranque fora de casa com tanta frequência. Você é uma das pessoas mais
organizadas que eu conheço.

- Você ficaria supresso. Acontece com mais frequência do que você imagina. Quando meus
pensamentos estão voando a quilômetros por hora, pegar a chaves da minha casa é a última
coisa na minha mente. - Com uma risada, o Warren gesticula para eu ir na frente. Eu sorrio
com empolgação. - Então, você vai me ensinar?

- Eu vou me arrepender muito disso. - Observo com espanto quando o Warren abre facilmente
a porta usando um clipe de papel e um grampo dobrado. Foram necessárias algumas
manobras, mas ele fez a tarefa parecer fácil. Girando a maçaneta, Warren abre a porta e
entramos no escritório do Eli. - Isso foi tão legal!

- Então, você acha que entende como fazer agora?

- Talvez, mas definitivamente vou precisar praticar. - Warren sorri e se endireita. Nossos olhos
percorrem o escritório. - Nossa, olha só. Tá quase exatamente como eu me lembro. - A
papelada fica espalhada pela mesa e pratos vazios de comida ficam fedendo na poltrona.
Warren torce o nariz com nojo.

- Parece que ninguém limpa esse lugar há semanas.

- Isso porque ninguém limpa mesmo. - As sobrancelhas do Warren se erguem de surpresa.

- Sério?

- Infelizmente. O Eli raramente permite que alguém entre no escritório.

- Mas o resto da casa é bem limpo.

- Eu sei. Ele manteve a empregada, pelo jeito. - Dou de ombros e vou até a mesa. Quando
chego, percebo uma pilha familiar de pastas de papel pardo. - É aqui que ele mantém os
nossos registros financeiros. - Levanto um, puxo a papelada de dentro.

- Ele guarda isso em pastas na mesa? E o computador?

- Não, o Eli não confia em computadores. Ele diz que qualquer pessoa poderia invadir hoje em
dia se tivesse os meios pra fazer isso. - Começo a folhear as páginas quando encontro um
adesivo azul. - Pagar o encanador, se os ratos desaparecem, 15.000? O que isso significa? - O
Warren pega o adesivo e o vira.

- Tem um número de telefone aqui na parte de trás.

- A gente devia anotá-lo. Nunca vi um bilhete assim antes. Por que você acha que está escrito
em enigma? - Warren não responde. Em vez disso, ele pega o celular e tira uma foto do
bilhete. Tento memorizá-lo na cabeça, repetindo os números até ter certeza de que me
lembrarei. Abro as gavetas da mesa do Eli. Duas delas estão cheias de canetas, papel e fita
adesiva, enquanto outra está cheia de pacotes de salgadinho e lanches.

Quando tento abrir a quarta gaveta, ela não se mexe. Eu puxo com mais forca, mas nada
acontece.

- Está trancada?

- Parece que sim.

- Não faço ideia de onde ele guardaria a chave. Você consegue destrancar essa gaveta?

- Claro. - Warren se ajoelha na frente da mesa e observo fascinada. Usando o grampo e o clipe
de papel de antes, ele agita cuidadosamente as ferramentas até que elas entrem. Demora
mais ou menos um minuto, mas, finalmente, a gaveta se abre com um som retumbante.

- Essa é realmente uma habilidade bem útil de se aprender. - Warren sorri e se afasta,
deixando-me fazer as honras. Quando a gaveta se abre, noto uma pasta verde-limão sem
rótulo, dispostas bem, no fundo. - Eu nunca vi essa pasta antes. - Eu a tiro e a coloco sobre a
mesa. Warren se aproxima. Abrindo a pasta, franzo a sobrancelha em confusão. - O que é isso?
Um contrato? - Warren puxa o papel e o estuda de perto.

- Então? - Uma sombra cruza seu rosto e ele calmamente coloca o papel na mesa. - Você e o Eli
investiram em seguro de vida?

- Seguro de vida? - Olho o papel e o pego das mãos do Warren.


- É a sua apólice de seguro de vida. - Enquanto analiso o papel, ele folheia o conteúdo restante
da pasta. - Não encontro uma do Eli.

- Isso porque nunca fizemos apólices de seguro de vida. Na verdade, ele nunca fez a minha. -
Olho para o final do papel. - Essa data é de três meses atrás. Mas não faz nenhum sentido. Por
que ele não me contaria?

- Essa é a sua assinatura no final, né? - Eu sigo seu olhar e encontro a assinatura rabiscada.
Olho para ela confusa.

- Parece a minha, mas... Eu não lembro de assinar isto.

- É de cinco milhões de dólares.

- O quê? - Ele aponta para o valor impresso em negrito.

- Ele assinou um contrato de seguro de vida pra mim por cinco milhões de dólares? Por que ele
faria isso?

- Você realmente não sabia disso?

- De jeito nenhum. Cinco milhões de dólares é muito dinheiro. Eu me lembraria de assinar algo
assim. - Warren tira uma foto do contrato com o celular antes de recolocá-lo na pasta. - A
gente devia colocar isso de volta onde encontramos. - Eu aceno e automaticamente dou um
passo para trás da mesa. Minha mente ainda está cambaleando quando ele fecha a gaveta e
usa suas ferramentas para trancá-la de novo. - Warren, o que significa isso? - Ele fecha os
lábios com firmeza.

- Eu não estou gostando disso, Inês. Não estou gostando nem um pouco disso. Temos que sair.

- Não era melhor olhar em volta mais um pouco? Talvez a gente não tenha outra chance. - Ele
hesita por um segundo.

- Não vejo nenhuma das mensagens de ameaça na mesa, então ele deve guardar no local de
trabalho.

- Ou a polícia levou.

- Também é uma possibilidade. Tem mais alguma coisa que você queira conferir antes de ir?

- O quarto. Quero pegar umas roupas, se não tiver problema?

- Tá, mas não demora. Não se sabe quando ele vai voltar. - Assim que entramos pela porta,
meus olhos se arregalam. - O que houve? - Quando entramos no quarto, vejo caixas
empilhadas contra a parede. - Essas são todas as minhas coisas. Minhas roupas, minhas joias,
até algumas das roupas de cama que escolhi pro quarto. - Olhando para o closet, noto que a
pintura da porta ainda está no lugar. Warren fica quieto perto da porta e me observa
vasculhando as caixas. - Não tem nenhumas das coisas dele nessas caixas. Será que ele está
planejando o divórcio ou algo assim?

- Talvez ele tivesse planejado te enviar algumas das suas coisas?? Você já está longe faz um
tempo.

- Mas todas as minhas coisas? - Eu aponto para as caixas. - Essas caixas guarda, literalmente
tudo o que eu possuo. Cada camisa, cada vestido, até os meus sapatos! - O rosto do Warren
fica cuidadosamente inalterado enquanto completa a situação.
- Eu não... - De repente, ouvimos um barulho. Warren e eu congelamos enquanto nós
olhamos, alertas. Uma voz familiar e bajuladora fala: “É por aqui, querida”, e uma risada
feminina seguida por passos ecoa pelas escadas.

- É o Eli!

CAPÍTULO TREZE: A REVELAÇÃO.

- E ele não tá sozinho. O que a gente faz?! - Os olhos de Warren analisam rapidamente o
quarto e então ele agarra o meu braço e se dirige para o closet. Ele silenciosamente fecha a
porta atrás de nós. Um momento depois, a porta do quarto se abre. - O que ele está fazendo
aqui? - Warren leva um dedo aos lábios, mas eu balanço a cabeça.

- Tudo bem, dá pra conversar aqui. Esse é um dos quartos do pânico que a gente projetou ao
comprar a casa.

- É um quarto do pânico?

- Sim e é totalmente à prova de som. - Warren levanta uma sobrancelha, aparentemente


impressionado.

- Essa foi uma ideia muito boa. - Vou até a parede onde os sapatos do Eli estão empilhados.
Retiro cuidadosamente o par mais próximo da porta e abro o painel para revelar o quarto.
Warren me segue e observa com interesse quando o Eli e sua assistente aparecem.

- Esta é uma janela de observação. A pintura na porta do closet serve como um vidro
espelhado. A gente pode ver pra fora, mas eles não conseguem ver de dentro.

- A pintura das montanhas?

- Sim. Os detalhes ajudam a nos esconder atrás dela. Eu quis garantir que desse pra ver e
monitorar o que acontecia no quarto.

- Isso é brilhante. - Eu levanto minha mão para pressionar o pequeno botão vermelho ao lado
da janela.

Do outro lado...

- Acredita em mim agora?

- O que você está planejando fazer com isso?

- Posso doar as roupas, mas as joias e as decorações... - Eli envolve um braço em volta da
cintura da Lana e a puxa para perto. - O que você quiser, é seu. - Os olhos dela brilham.

- Posso pegar o que eu quiser?

- Qualquer coisa. Ela tinha algumas peças bastante valiosas.

- Tem certeza de que não tem problema?


- Ela está morta, querida. - Eli estica a mão para passar os dedos na bochecha da Lana. - Não
precisamos mais esconder como nos sentimos.

- Eu... - Um olhar conflituoso cruza seu rosto e ela abruptamente o empurra para longe. Eli se
espanta com sua ação, mas rapidamente percebe seus traços envoltos de preocupação.

- Qual é o problema?

- Você prometeu que a gente ia conversar. Não pode ficar tentando me seduzir pra evitar essa
conversa!

- Você é tão linda. É difícil deixar minhas mãos longe.

- Ah, Eli.

- Eles estão se beijando.

- E se eles abrirem o armário? Ele acaba de prometer dar os meus vestidos para ela! - Eu olho
para todas as peças que o Eli não impactou com o resto das minhas coisas. - Eu me recuso a
deixar a amante do meu marido usar o meu vestido favorito.

- Então, vista-o enquanto você ainda pode. Eu vou me virar e ficar de guarda.

- Vamos ver o que temos aqui... - Warren sorri para mim.

- Você está certa. Seria uma pena qualquer outra pessoa usar esse vestido. Você está incrível.

- Obrigada. O que esses dois estão fazendo?

- Venha ver por si mesma. Eles pararam de se beijar, pelo menos.

- Eu quero ficar com você, de verdade, mas preciso de respostas. Por que toda a sua campanha
gira em torno da morte da Inês, especialmente quando você nem parece triste por isso. Você
está mesmo usando a morte dela pra sua própria vantagem? - O rosto do Eli se fecha.

- Você está questionando se eu estou ou não sofrendo pela minha esposa MORTA, Lana?

- Desculpa, Eli. Talvez eu não devesse ter perguntado tão direto assim, mas isso tá me
incomodando muito. Não posso continuar ignorando o que está acontecendo bem na minha
frente.

- Eu não te culpo por ficar preocupada. - Eli vai até à cama e se senta com as mãos na cabeça. -
Pensei que você, de todas as pessoas, entenderia. - Lana rapidamente caminha até ele e se
ajoelha na sua frente. Ela afasta as mãos do rosto dele e s aperta firmemente nas dela.

- Eu entendo! Você sabe como me sinto por você. Só quero que você confie em mim o
suficiente pra me contar tudo.

- Acho que tenho guardado uns segredos. Eu e a minha esposa vivemos uma vida muito
particular juntos. Ninguém sabia o que se passava a portas fechadas. Não tenho certeza de
quando foi, mas em algum momento, o nosso amor um pelo outro foi se acabando. Como já te
disse antes, ela bebia muito e muitas vezes descontava a raiva em mim de noite. - Lana
engasga.

- Ela abusou de você?


- Não com frequência, mas o suficiente pra eu perceber que o nosso casamento tinha chegado
ao fim. A primeira vez que ela me bateu foi há quase três anos, e só piorou a partir daí.

- Ela bateu em você? - O rosto da Lana se contorce de raiva. - Como ela foi capaz? O que você
fez?

- Eu fui criado pra nunca levantar as mãos pra uma mulher. Implorei a ela várias vezes pelo
divórcio, mas ela sempre dizia que isso pegava mal pra minha campanha. Ela não trabalhava e
só dependia da minha fonte de renda. Se a gente tivesse se divorciado, ela ficaria sem nada.

- Seria bem feito pra ela! Como ela pôde?! - Eli olha solenemente para o chão.

- Eu me importava muito com ela. Ela foi o meu primeiro amor.

- Ela te manipulou!

- Sim, mas eu também via de outra forma. Eu seguia com esperanças de que ela mudasse.

- Eli... - Lana segura o rosto dele e o olhar nos olhos. - Eu não fazia ideia de que era tão ruim
assim.

- Eu tinha vergonha. Não é sempre que se ouve uma espoca espancar o próprio marido. Quem
teria acreditado em mim?

- Sinto muito, Eli. Você não merecia ser tratado assim.

- Fiquei triste por um tempo, mas você apareceu na minha vida. - O rosto da Lana amolece. -
Quando você entrou no meu escritório pedindo emprego, eu sabia que precisava de você.
Você estava tão bonita. - Lana dá um sorriso triste.

– Na primeira vez que a gente dormiu juntos, senti como se estivesse destruindo a sua família.
Eu não queria ser vista como uma destruidora de lares, mas não conseguia parar de te amar,
mesmo que tentasse.

- Acho que foi o destino que nos uniu. - Ela acena com a cabeça.

- É difícil pra mim ficar triste com a morte da minha esposa, quando tenho tanto o que sonhar
com você. Eu não estou mais amarrado num casamento sem amor.

- Eu não devia ter duvidado de você. Foi errado da minha parte pensar mal de você.

- Eu entendo por que você pensou assim. Só sinto muito pela forma como as coisas acabaram.
Eu adoraria saber que ela foi feliz em vez de apodrecer num necrotério. - Eli enxuga uma
lagrima de crocodilo e a Lana choraminga.

- Eu odeio te ver com tanta dor. Me diz como eu posso ajudar?

- Pode não ser a hora certa, mas que se exploda. Casa comigo, Lana? - Os olhos da Lana se
arregalam em descrença.

- O quê?

- Parecia que eu estava esperando uma eternidade pra te pedir em casamento, mas agora que
a Inês se foi, a gente não precisa mais esconder os nossos sentimentos dela. Finalmente a
gente pode ficar juntos.
- Ah! - Lana passa os braços em volta do pescoço de Eli e o abraça ferozmente. Eli esfrega as
costas dela enquanto revira os olhos irritado. - Eu te amo! Eu te amo há tanto tempo, não
acredito que isso esteja realmente acontecendo! Mal posso esperar pra contar pra minha
família!

- Ah não, Lana, acho que você me entendeu mal. - Ela recua.

- Como assim?

- Ainda não podemos ir a público.

- Mas... por quê?

- Por mais que eu adorasse dizer ao mundo que você é minha e só minha, temos que esperar
alguns meses até que as coisas se acalmem. - O rosto da Lana despenca.

- Você quer manter o nosso relacionamento em segredo? A gente não ganhou o direito de
finalmente mostrar a todos como nos sentimentos um pelo outro?

- Se as circunstâncias fossem diferentes, claro, mas não são. A morte da minha esposa ainda
está sob investigação e você sabe que a polícia sempre considera o marido o primeiro suspeito
da lista. Não quero dar a eles nenhum motivo pra duvidar de mim e se a gente divulgasse
agora, isso pareceria suspeito.

- Acho que entendo onde você quer chegar. - Eli a beija no nariz.

- Só temos que ter um pouco mais de paciência até que a poeira baixe. Você não pode contar a
ninguém, nem mesmo pra sua família. Entendeu bem? - Lana contrai os lábios.

- Tem certeza de que não está fazendo isso pra ganhar simpatia por causa das eleições se
aproximando? Se você simplesmente explicasse o público o que o seu relacionamento com a
Inês acabou há muito tempo, acho que eles... - Eli não deixa que ela termine a frase. Calando-a
com um beijo, ele a gira de um lado para o outro, pressionando-a contra a cama. Ela grita
quando ele agarra a perna dela e a envolve na cintura.

- Não consigo mais esperar, preciso de você agora, querida. - Os dois se beijam ferozmente, e
suas roupas são arrancadas em questão de minutos.

- Eles estão...?

- Caramba.

- Na minha cama?! - O Warren e eu nos afastamos da janela de observação e eu estremeço de


nojo. - Não acredito nisso. Ele está comendo a maldita secretária na minha cama depois de
falar sobre a minha morte e me acusar de abuso! Dá pra acreditar nas mentiras que esse idiota
fala?

- É obvio que ela não sabe de nada. Senão ele não teria mentido para ela assim.

- É verdade. Eu pensava que ela, de todas as pessoas, saberia realmente o que está rolando. -
Os gruninhos e gemidos vindos do quarto começam a ficar mais altos. Warren espia pela
janela.

- Caramba, ele ainda está completamente vestido e eles estão mandando ver.

- Sério? Por que você tá assistindo?


- Não é porque eu quero! Mas e se ele matar ela, e a gente deixar de ser testemunhas porque
não estamos prestando atenção?

- Acho que você tem razão.

- Ah, espera. - Os olhos do Warren se arregalam e então ele balança a cabeça com nojo.

- O que foi?

- Ele terminou.

- Ele terminou? Não deu nem cinco minutos.

- Ele fez uma cara muito estranha. - Torço o nariz, sabendo exatamente do que ele está
falando.

- O que eles estão fazendo agora? O Eli geralmente pega no sono depois do sexo.

- Acho que você vai querer ver isso.

- Ver o meu marido traidor com uma das várias amantes dele? Não, muito obrigada.

- Não parece que ela está muito feliz agora. - A curiosidade toma conta de mim quando me
viro para a janela.

- Foi incrível.

- Foi legal. Agora, se levanta e põe a roupa. Eu tenho mais o que fazer, então você pode ir
andando. - A Lana se senta surpresa.

- Você quer que eu vá embora?

- Eu pensei que tinha sido bem claro. - Lana faz beicinho.

- Posso te fazer companhia enquanto trabalha? Não tem muito o que fazer no escritório.

- Sai da minha casa, Lana. - Eli sai do quarto e vai em direção a seu escritório. Lana o observa
com desdém. A magoa e a decepção em seu rosto são aparentes, mas ela faz o que ele manda.
Depois de prender o cabelo no espelho e garantir que suas roupas não estejam amassadas, a
Lana sai do quarto, fechando a porta.

- Ele tem problema? É ASSIM que ela trata a mulher com quem supostamente quer se casar?
Que piada.

- Posso dizer com sinceridade que não esperava que terminasse assim.

- Acho que as coisas mudaram e está na cara que não foram pra melhor.

- Você acha que ele a ama? - Eu zombo e reviro os olhos.

- Essa é a coisa mais longe de amor que essa coitada poderia ter. Ele está só usando-a.

- Pra fazer oque? - Faço uma pausa, mas não consigo elaborar uma explicação lógica.

- Talvez ele queira outra mulher do lado dele durante a campanha?

- Não, senão ele não teria dito pra ela manter as coisas em segredo. Ela não pode contar nem a
própria família sobre o relacionamento deles. - Warren ri. - O quê?
- Ela?

- O que tem ela?

- Você só chama ela de “Ela” e nunca pelo seu nome.

- Acho que eu saberia o nome da secretaria do meu marido, valeu. - Warren dá uma risada
calorosa e depois se vira para a porta.

- Vou conferir se o Eli e “ELA” goram embora. Fica aqui. Eu te chamo quando a barra estiver
limpa. - Warren sai do closet e silenciosamente se dirige para a porta do quarto. Eu suspiro e
me afasto da janela de observação, descansando a minha cabeça contra a parede. As
prateleiras do closet estão vazias depois de tantos anos exibindo todos os meus sapatos
favoritos. Minhas roupas foram tiradas dos cabides, deixando uma sensação vazia e dolorida
no meu peito.

A ideia de imaginar as roupas de outra mulher no meu closet faz meu humor despencar
imediatamente. Fico no closet relembrando por mais alguns minutos quando um pensamento
me ocorre de repente. Cuidadosamente, eu me viro para encarar a janela de novo e olho para
o quarto. Por alguma razão, não consigo parar de me preocupar com o que poderia ter
acontecido.

Contra a lucidez, desafio as ordens do Warren e chego na porta do closet. Abrindo- a com
cuidado e sem fazer barulho, olho no quarto para me certificar de que ele ainda está vazio.
Quando fico convencida de que estou sozinha, saio para o quarto e fecho a porta do closet, me
afastando do quarto do pânico. Antes que eu possa terminar o meu pensamento, um par de
saltos soa do corredor, indo em direção ao quarto. Freneticamente, corro de volta para o
closet e fecho a porta o mais rápido possível e com o mínimo de barulho.

Um momento depois, a porta do quarto se abre. Abro a janela de observação novamente e


vejo a assistente do Eli voltando para o quarto. Os olhos dela examinam o quarto. Ela se abaixa
para pegar um lenço no chão, mas depois faz uma pausa.

Nós duas ouvimos a voz do Eli vindo do corredor. Sua risada é alta e jovial e o som faz sua
assistente dar a volta pela porta com curiosidade. ELI: “Não, não, você não precisa fazer isso”.
“Mas vou te dizer que a noite de ontem foi melhor do que eu imaginava.”

O ronronar na voz do Eli me faz estremecer de nojo. Sua assistente parecer confusa, mas
continua ouvindo. ELI:” Quem imaginaria que a Tess Meyers não era só a rainha das fofocas,
mas a rainha de outras coisas também.” Ele ri de novo.

ELI: “Você não tem ideia do quanto gostei da sua visita surpresa ontem a noite”. “As coisas
que você consegue fazer com essa sua boca sexy...” Resistindo ao desejo de vomitar, vejo
rosto da sua assistente se encolher de dor quando ela finalmente percebe o que está
acontecendo. ELI: “Repetir?” “Maravilha, você leu a minha mente”. “Que tal essa noite?”

Para o meu espanto total, a assistente dele grita com toda a força, quase me fazendo
tropeçar em um par de sapatos no chão.

- ELI! - Ela bate a bolsa na porta e solta um grito ensurdecedor. Eli entra no quarto e ela
tropeça para trás, com o rosto zangada e contorcido de raiva.
- Te ligo depois. - Eli desliga o telefone e agarra os ombros dela, empurrando-a com força
contra a porta. Ela estremece quando sua cabeça bate na madeira, mas Eli não demonstra
compaixão.

- Como você foi capaz!?

- Eu não sei o que você acha que ouviu...

- Você me disse que estava fora da cidade até hoje de manhã! Disse que tinha uma conferência
importante! - Seu grito é cortado pelas mãos do Eli enquanto ele as passa em volta da
garganta dela. Seus olhos se arregalam quando ela arranha inutilmente tentando arrancá-las.
Eli a solta alguns segundos depois e ela cai sobre a porta.

- Jamais ouse me questionar de novo, Lana. Não sei que tipo de chilique você pensa que está
tendo aqui, mas é inaceitável e detesto assistir. Entendeu? - Ela tosse, segurando a garganta.

- C-como voce pode fazer isso comigo? Você m-me ama, não ama? - Eu estremeço com o som
do seu tapa na cara dela. A cabeça dela balança para o lado, uma marca vermelha brilhante
colorindo quase que na mesma hora a sua pele. Ela o olha horrorizada.

- Se comporte e não se esqueça do seu lugar. Eu não te devo e ou você faz o que eu digo ou
sai da minha frente. - Com essas palavras de despedida, o Eli se afasta dela e sai do quarto
mais uma vez. Lagrimas escorrem pelo rosto da sua assistente. Ela sai correndo pela porta e a
fecha com força, com os saltos batendo contra o chão de madeira. Enquanto fico absorvida,
pelos meus pensamentos, a porta se abre e o Warren entra no quarto. Ele gesticula para eu
sair do closet.

- O que houve?

- A gente precisa ir, rápido. - Ele estende a mão e eu voluntariamente estendo a minha para
segurar a dele. Com os dedos entrelaçados, ele me puxa pelo corredor e as escadas. Indo para
a sala, o Warren para, me fazendo hesitar.

- Como vamos sair sem ser vistos?

- Eu deixei uma porta... - De repente, Eli desce correndo as escadas. O Warren me joga no
tapete atrás do sofá e eu caio com um baque forte. O sim faz com que a cabeça do Eli se
incline em nossa direção. Warren congela acima de mim.

- Sr.Garcia? - O espanto na voz do Eli é inconfundível. Escuto com atenção, mas meu coração
frenético não está me ajudando. Com medo que ele escute a minha respiração trêmula, aperto
a mão na boca.

- Olá, chefe.

- O que você está fazendo aqui? - A voz calma do Eli manda um arrepio gelado na minha
espinha. O corpo do Warren está rígido de tensão enquanto ele avalia a situação.

- Eu vim o mais rápido que pude. Alguém tentou nos matar na cabana. - Eli permanece em
silêncio.

- Não sei como te dizer isso, chefe, mas a sua esposa não resistiu. Ela morreu.

- Ela foi levada pra algum hospital? - A testa do Warren franze.

- Não, já era tarde demais pra salvá-la.


- Cadê o corpo?

- Foi descartado.

- Ótimo. - Meu coração para.

- O quê? - Ouço o clique de uma arma e o Warren levanta as mãos. - É ótimo que sua esposa
não tenha resistido?

- Sim, porque senão eu não poderia fazer isso. - Ele dispara a arma.

- ...

CAPÍTULO QUATORZE: A PRISÃO.

Eu assisto horrorizada enquanto o Warren cai no chão.

– Inútil, isso é o que você é. - Eli vai até aonde o Warren está deitado e o chuta de lado.
Warren geme e eu mordo meu lábio para não gritar. Eu ouço os passos do Eli correndo pelas
escadas e me mexo para correr até o Warren, mas ele me impede.

- Não se mexa. - Sua voz sai tensa e fraca, tão diferente dele.

- Não posso simplesmente te deixar aí.

- Inês, não pensa em se mover um centímetro desse sofá. - Eu fico imobilizada, observando a
cor se evaporar das suas bochechas. Ele me observa até as pálpebras começarem a cair.
Segundos depois, os passos do Eli descem as escadas enquanto ele caminha até o Warren.

- Agradeço tudo o que você fez por mim, Garcia. Você foi fundamental em tudo isso. - Ele sorri.
- Eu não ia conseguir sem você. - O Eli se abaixa com o lenço esquecido da sua assistente nas
mãos. Ele mergulha cuidadosamente o lenço no sangue do Warren até que fique encharcado.
Eu quase engasgo com um soluço quando vejo o peito do Warren mal se movendo para cima e
para baixo. Sua respiração forçada pode ser ouvida ecoando por toda a sala, e isso parece
fazer o Eli sorrir. - Obrigada pelo seu serviço. Quase sinto pena de ter terminado assim. - Eli
coloca o lenço na mão entendida do Warren e depois se endireita e se dirige até a porta. Assim
que ouço logo a porta fechar atrás dele, corro até o Warren. Com lagrimas ocultando a minha
visão, eu tento desesperadamente acordá-lo.

- Warren! Warren, por favor! Acorda! Eu preciso de você! Você não pode morrer assim! -
Machas de sangue se espalham em minhas roupas quando pego sua cabeça e coloco no meu
colo. Sua respiração rouca é o único indicador de que ele ainda está vivo. Eu coloco a mão no
seu bolso para pegar seu celular. Alô, 9-1-1, qual é a sua emergência? - Preciso de uma
ambulância. - Um soluço se espalha pelo meu corpo enquanto tento descrever a cena. - Teve
um disparo de arma! - A operadora do 9-1 fica no telefone comigo enquanto esperamos que
os paramédicos cheguem à casa. Ela me faz perguntas sobre onde o Warren foi baleado, se há
alguma arma em casa e me instrui sobre como diminuir o sangramento. Quatro minutos
depois, ouço as sirenes. A porta se abre e quatro pessoas de uniforme médico entram na sala.
- Por favor, ajudem ele! - Eles fazem um rápido trabalho de curativo no sofrimento de bala e o
levantam em uma maca. Enquanto o colocam na ambulância, eu entro também, segurando a
mão gelada do Warren na minha. A corrida até o hospital é um borrão. Me fizeram inúmeras
perguntas, e tive que preencher um depoimento como testemunhas.

Apenas a família tem permissão para ouvir novidades sobre a condição do Warren.
Felizmente, ainda tenho o documento de identidade que o Warren me deu no bolso, então
posso me passar facilmente pela esposa dele por enquanto. A polícia anota o eu depoimento e
eu recebo uma muda de roupas limpas de hospital para vestir. Quando olho para o relógio,
quase três horas se passaram desde que chegamos ao hospital e ainda não pude ver o Warren.

- Inês...

- O que foi? Ele tá bem? Já faz horas!

- Não se preocupe. O homem que fez a cirurgia é alguém em que confio muito. Ele é um colega
meu há quase quatro horas. Se tem alguém que pode ajudar o Warren, esse alguém é ele. -
Por mais que eu queira saber o que está acontecendo, sei que não tem mais nada que ela
possa me dizer agora. - Ele está vivo. Vão transferi-lo para sala de observação em breve e aí
você vai poder vê-lo. Só aguenta firme, tá? E... tenta pensar positivo. - Suas palavras não me
oferecem muita segurança, mas pelo menos eu sei que ele está vivo. Poucos minutos depois, a
porta da sala se abre e um médico a chama.

- Hannah?

- Tenho que ir. - Ela some por alguns minutos e depois volta. - Vem comigo. - Vou te colocar no
quarto dele, mas à gente tem que ser rápidas. O máximo que posso oferecer são cinco
minutos, já que ele é monitorado a cada quinze.

- Você vai me deixar vê-lo? - A esperança floresce no meu peito. Ela pressiona o botão para
subir no elevador e esperamos ele chegar.

- Tenta não sutar, tá? - Fico com frio na barriga.

- Por que eu surtaria? O que foi?

- A cirurgia foi um sucesso. - Posso ver a palavra “mas” dançando nos lábios dela. O elevador
finalmente chega e entramos. Nós duas ficamos quietas enquanto o elevador sobe e quando a
porta se abre a Hannah me puxa para o corredor. Ela faz uma pausa fora de um quarto com
monitores sonoros e o que parece ser um respirador. - Fica calma. O que ele precisa de você
agora é ouvir a sua voz. - Entro no quarto e empurro a cortina para o lado. Olho as maquinas
conectadas ao Warren e meu coração se parte com a visão. Seus olhos estão fechados e um
respirador está ajudando seu peito a subir e descer, forçando o oxigênio para dentro do corpo.
O batimento constante do monitor cardíaco é a única garantia de que o Warren ainda está
vivo.

- Warren? - Não há nenhum movimento ou sinal de que ele tenha me ouvido. Me sento na
cadeira ao lado da cama e gentilmente seguro sua mão na minha. Um gotejador se projeta da
sua pele e fluidos intravenosos vão até o tubo conectado ao braço. Um enorme curativo está
enrolado em seu peito, cobrindo completamente o local onde a bala o atravessou. - Warren...
Não acredito que você faria isso por mim. Você literalmente levou um tiro para me salvar. Eu
devia ter te dito isso antes... Eu devia ter te dito o quanto você é importante pra mim. - Uma
lagrima cai em sua mão quando eu a pego para dar um beijo suave em seu pulso. - Eu te amo,
Warren Garcia. E quero passar o resto da minha vida com você. - Analiso seu rosto em busca
de qualquer sinal de que ele tenha em ouvido, mas não há movimento nenhum. Nem um
minuto depois, a Hannah se aproxima e coloca a mão no meu ombro. Contra a vontade, me
levanto e a sigo até a porta. Com mais uma olhada para o homem que salvou a minha vida,
saio do quarto. - Eu te agradeço muito por isso, Hannah. Não percebi que estava tão feia
assim.

- Não é nada demais. Eu sabia que era melhor te tirar de lá. Esperar por aí assim pode
enlouquecer uma pessoa. - Eu aceno com a cabeça. - Grita se precisar de mim, tá? Vou estar
do lado de fora da porta.

- Obrigada. - Observo enquanto a Hannah sai da sala e fecha a porta. Me virando para o
espelho, dou uma olhada para minha aparência de novo e estremeço. Eu paro antes de
completar o meu pensamento. Em vez disso, penso em todas as coisas que deveria ter feito
diferente. Inclino minha cabeça contra a parede e tento me acalmar.

- Quente o suficiente para você? - Eu aceno para a cabeça, tomando um gole cuidadoso do
chocolate quente que ela colocou diante de mim. Uma bandeja de marshmallows repousa no
meu colo, junto com chantilly aerado, granulado e lascas de chocolates. - Eu não como isso há
muito tempo.

- Como que a gente inventou mesmo o chocolate quente supremo? - Hannah faz uma pausa
com a caneca levantada nos lábios.

– Acho que foi logo depois que você descobriu que passou no exame da ordem.

- Ah, é verdade. Foi a prova mais difícil que eu já fiz na minha vida.

- Mas você passou com folga! - Sorrio quando um bigode de creme chantilly aparece no rosto
dela.

- Obrigado por isso, Hannah. Eu realmente agradeço.

- Para, você sabe que nem precisa pedir. Eu faria qualquer coisa por você, especialmente
passando por algo assim. - Ela passa um dedo no lábio superior e pega o chantilly. - Como você
está se sentindo?

- Eu estou tão... triste.

- Eu entendo. Eu me sentiria exatamente da mesma forma no seu lugar. - Ela estende a mão
para a colocar na minha, mas hesita. - Você está pronta para falar sobre o que aconteceu?

- Eu realmente não sei, pra ser bem sincera. Tudo aconteceu tão rápido.

- O que você disse a polícia era verdade?

- Não totalmente. - Ela espera paciente para que eu continue. - A gente estava na casa
procurando pistas.

- Pistas do quê? Das ameaças?

- Sim, as coisas simplesmente não estavam se encaixando. Sai da casa dos meus pais sem me
despedir e o Warren viu antes que eu pudesse sair. Na verdade, eu tentei fugir. - Eu rio sem
humor. - Eu devia ter pensado direito.
- Ele teria te seguido de qualquer forma. Esse homem está completamente dedicado a você.

- Sim... Nós vimos o Eli com a assistente dele quando estávamos escondidos no armário. Eles...
eles transaram. - Eu torço o nariz com a lembrança enquanto a Hannah parece enjoada. - Foi
tão desconfortável. Aí ele a mandou ir embora.

- Ele a expulsou?

- Logo depois que transaram.

- Que babaca.

- Né? Quando eu e o Warren descemos, achamos que chegaria até a porta, mas o Eli apareceu.
Consegui me esconder atrás do sofá, mas o Eli viu o Warren e parou. O Warren tentou fingir
que estava lá pra conversar com o Eli e informar que eu tinha morrido.

- O Eli acreditou nele? - Fecho os olhos.

- Ele acreditou tanto a ponto de tentar matá-lo.

- Mas por que ele ia querer que o Warren morresse? O Warren tentou acabar com ele?

- Na verdade, foi exatamente o oposto. O Warren ficou lá com as mãos levantadas e o Eli
basicamente disse que estava feliz por eu ter morrido, porque agora poderia matar o Warren.

- Por que ele iria querer matar o Warren? Isso não faz sentido, faz? - Balanço a minha cabeça,
perdida. - E depois, o que aconteceu?

- Ele... ele atirou nele. E depois chutou ele.

- O quê? - Os olhos dela se arregalam de fúria. - Mas que porra é essa?! O que tem de errado
com esse idiota?!

- Foi horrível de assistir. Eu não pude fazer nada pra impedir.

- E ele simplesmente o deixou lá assim?

- Sim, ele... - Eu paro. - Não, na verdade ele não deixou.

- Não deixou?

- Ele subiu as escadas e pegou o lenço que a assistente esqueceu na casa.

- O lenço dela? Por que ele ia fazer isso? - Minhas mãos começam a tremer com a lembrança.

- Ele m-mergulhou o lenço no sague do Warren...

- Tá, tá! A gente não precisa falar sobre isso agora. - A Hannah fica me encarando com
preocupação estampada no rosto. - Você está tão pálida, Inês. Quando foi a última vez que
você comeu algo?

- Eu... - Tentei pensar na minha última refeição, mas não conseguia nem lembrar. - Pela
manhã?

- Inês! Tá falando sério? - Ela se afasta de mim e vai para a cozinha.

- Hannah, eu estou bem!


- Não, não está não! - Poucos minutos depois, ela volta com uma sopa de macarrão com frango
e um sanduiche de peru com queijo. - Come isso, ou eu vou enfiar goela abaixo.

- Você está exagerando!

- Você está tão pálida que parece o Gasparzinho. Come. - Contra a vontade, sigo seu conselho
e dou uma mordida no sanduiche. Meu estomago parece gemer de agradecimento, fazendo a
Hannah me dar um sorriso satisfeito. - Foi o que pensei.

- Obrigada. Não sei bem o que faria sem você na minha vida.

- Não precisa agradecer. Você vai precisar de toda a força possível pra acabar com aquele
safado.

Algumas horas depois...

- Inês, acorda! Inês! - Grogue, olho de mansinho quando a Hannah acende o abajur ao lado do
sofá. - Ele acordou!

- Quem? - Ela revira os olhos e meus pensamentos nebulosos finalmente começam a clarear. -
O Warren está acordado?!

- Sim! - Eu me levanto do sofá. - Quer ver ele?

- É claro que eu quero! - A Hannah sorri e me atira as chaves do carro. Pego as chaves e jogos
meus braços em volta dos ombros dela. - Obrigada!

- Para de me agradecer e coloca essa bundinha fofa no carro! Seu homem está te esperando. -
Sem perder mais um segundo, calço os sapatos e saio correndo pela porta.

- Eu sou a esposa dele! Por favor, você tem que me deixar entrar. Me falaram que ele acordou!
- A enfermeira acena com a cabeça hesitante e me permite passar. Assim que entro no quarto,
vejo o rosto vazio do Warren olhando cautelosamente em minha direção. Ele não reage
quando eu vou correndo em sua direção, nem demonstra que me conhece. Seu rosto sereno é
uma visão bem-vinda, principalmente porque o conheço muito bem. – Ei. - Eu sorrio para ele e
ele estreita os olhos. - Fiquei sabendo que você acordou. - Ainda assim, nenhuma reação. Sem
jeito, balanço em meus saltos, sem saber o que fazer. - Como você está se sentindo? - Sem
nenhum aviso, sua mão se levanta para me agarrar pela cintura e ele me puxa para cima dele.
Eu suspiro, com minhas pernas montando nele na cama. - Warren, você tá machucado!

- Vou sobreviver. - Warren olha profundamente nos emus olhos e vejo o medo dos sorrisos
suavizados no seu rosto. - Sentiu a minha falta? - Meus olhos começam a lacrimejar.

- Muito. - Inclino meus lábios até que rocem nos dele. Ele é rápido na resposta. A boca do
Warren se move contra a minha, enviando arrepios de necessidade e desejo que me enchem
de tesão. Eu me afasto um pouco, com medo de machucá-lo.

- Você tá bem? Ele não te machucou, né? Eu fiquei com tanto medo que ele te encontrasse.

- Não, ele não me machucou. Ele nem sabia que eu estava lá.

- O que aconteceu depois que eu levei um tiro? - A lembrança dolorosa me faz olhar para o seu
peito enfaixado. Logo abaixo do curativo, há uma grande marca em preto e azul cobrindo suas
costelas. Eu passo meus dedos sobre ela gentilmente.
- Ele te chutou. Bem forte. - A expressão do Warren fica rígida. - E ele zombou de você o tempo
todo. Eu tive que me segurar pra não pular e atirar nele eu mesma. Eu nem sei quem era
aquele homem, porque com certeza não era o homem com quem eu passei todos esses anos.
Warren estende a mão e coloca uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha.

- Ele vai sumir por um tempo pelo que fez. Tentativa de homicídio é um crime sério. Nenhum
juiz vai deixá-lo escapar por isso. - A incerteza me atinge quando me lembro do lenço da sua
assistente, mas antes que eu possa contar ao Warren, alguém bate na porta.

- Desculpa interromper, mas preciso da Inês.

- Hannah?

- Está tudo bem? - O olhar no rosto da Hannah diz tudo, menos que algo está bem. Com
cuidado, o Warren me ajuda a descer da cama até eu ficar do lado dele. Ele beija a minha mão.

- Vai lá. Não vou a lugar nenhum tão cedo, então você sabe onde me encontrar. - Suspiro e
rapidamente sigo a Hannah pela porta.

- O que foi?

- Aqui não. - Os olhos dela vasculham os corredores enquanto caminhamos para o carro.

- Como você chegou aqui?

- De Uber.

- Ah. - Quando entramos no carro da Hannah, ela acelera e saímos correndo do


estacionamento. Quando voltamos para cada, a Hannah fica andando de um lado para o outro
no corredor. Depois de vê-la passando por mim pela quinta vez, finalmente estendo a mão e a
paro. Ela se vira para mim com um olhar preocupado. - O que foi? - Ela respira fundo, como se
não tivesse certeza por onde começar.

- É o Eli. - Meu coração dispara.

- O que ele fez?

- Aquele escroto esperto arranjou um jeito de se safar desta.

- Como assim?

- A assistente do Eli, Lana Hale, acaba de ser presa por tentativa de homicídio.

CAPÍTULO QUINZE: FIM

- Ela foi presa? E o Eli? Cadê ele?

- Não faço ideia.

- Mas como você descobriu isso? - Ela finge que não ouviu a minha pergunta e se dirige para a
porta. - Ei espera ai! Aonde você vai?
- Eu já volto, tá?

- Por que você tá sendo tão enigmática? - Ela se vira para mim, visivelmente irritada.

- Você é persistente, né?

- Eu só quero saber o que está acontecendo, Hannah. Você está agindo estranho. - Ela suspira.

- Eu não queria te contar porque é muito recente e você está passando por tanta coisa, mas.
Eu conheci uma pessoa. - Eu a encaro, chocada.

- Tipo, namorando alguém? - Ela me dá um sorriso tenso.

- Como eu disse, a gente se conheceu faz pouco tempo. Você está chateada?

- Chateada? Tá brincando? Fico tão feliz por você!

- Pode não dar em nada. Só não quero ficar.

- Eu entendo! Então... me conta mais? - A Hannah ri.

- Ela trabalha na polícia. Foi assim que descobri sobre a prisão.

- Ah, agora faz sentido! Então, você tem uma mulher aí dentro. - Dou uma cutucada nela de
brincadeira. Ela ri, mas soa errado.

- Não saia, Inês, entendeu? Senão eu volto e assombro você até o dia em que você morrer.

- Eu prometo que não vou sair.

- Boa garota. - Com um olhar final de despedida, ela sai da casa. Não consigo parar de pensar
no que aconteceu alguns dias atrás, na minha cidade natal. Um dia antes de irmos ao parque
de diversões, nós fomos comprar algumas roupas mais discretas..., e praticamos o que deve
ter sido o melhor sexo da minha vida.

Alguns dias atrás... Assim que entramos na boutique, a gerente vem direto em nossa
direção, com um grande sorriso estampado no rosto. Mas antes que ela possa exclamar um
alegre “bom dia!”, Warren lenta a mão.

- Nós não precisamos de ajuda, obrigado. - Ela balança a cabeça, desapontada, mas volta
imediatamente a dobrar camisetas. Eu me viro para ele e ergo a sobrancelha.

- Você não precisava ser tão grosso com ela.

- Eu não fui grosso. Eu só queria impedi-la de olhar para você mais de perto. Você ainda está se
escondendo, Inês.

- Eu sei disso. - Eu suspiro e começo a explorar a arara de roupas mais próxima.

- Eu não acredito que a minha mãe doou todas as minhas roupas. E ela nem sequer me deixou
ir na minha loja favorita.

- Você sabe que não é seguro. Alguém pode reconhecer você. Eu não sei porque você não e
deixou escolher algumas roupas para você e leva-las para a sua casa.

- Eu confio em você, Warren, mas não quando se trata do meu gosto para moda. Agora, venha.
Vamos para o provador. - Eu pego algumas roupas e o arrasto para o outro lado da boutique.
Abrindo a cortina, eu entro no provador enquanto o Warren espera pacientemente no
corredor. Eu penduro as roupas na barra instalada na parede e examino a seleção, quando um
item chama a minha atenção instantaneamente. Eu pego o item extra e o separo da etiqueta
da busca que eu havia escolhido.

Eu visto a peça de lingerie, gostando da sensação do material acetinado deslizando pelo


meu corpo. Quando eu vejo o meu reflexo no espelho, balanço a cabeça aprovando o visual.

- Warren? Você pode entrar aqui um pouquinho. - Ele passa pela cortina e a fecha antes de se
virar para mim. Assim que ele vê o que estou vestindo, Warren pisca várias vezes, como se eu
fosse uma miragem. – Gostou? - Ele limpa a garganta, enquanto os olhos famintos deles
queimam a minha pele.

- Você está... inacreditável. Mas há um problema.

- É mesmo? Qual?

- Você vai acabar chamando a atenção de todo mundo com essa roupa. - Eu sorrio para ele
com um olhar sedutor.

- Que bom que só há uma pessoa aqui de quem eu quero chamar a atenção. - Eu fico na ponta
dos pés e o puxo para um beijo. Ele corresponde imediatamente, emendando os dedos no
meu cabelo enquanto os nossos lábios se movem em sincronia. Quando eu apero o meu corpo
contra a rigidez dele, Warren geme.

- Eu mal posso esperar até nós chegarmos em casa.

- Quem disse que nós precisamos esperar? - Minha mão avança entre as penas dele e toca
suavemente o seu volume. Warren xinga sussurrando quando a minha mão começa a
massagear o material.

- Não podemos. Nós estamos...

- Em público? - Ele confirma, distraído. - Isso torna tudo ainda melhor. Eu calo a boca dele com
um beijo e começo a desabotoar as calças dele. Deslizo a mão dentro da cueca boxer dele e o
encontro, depois seguro o que ele deseja que eu segure. Ele é quente e pulsante, e eu sorrio
sem para de beijá-lo. - Estou vendo que você está pronto para mim. - Ele me vira e me encosta
contra a parede. Eu tremo quando sinto a respiração quente dele no meu pescoço, sua mão
firme segurando os meus quadris. Enquanto as mãos dele percorrem toda as minhas curvas,
sua boca se aproxima do meu ouvido. As palavras saem em um sussurro.

“Você não pode fazer nenhum barulho”. Um segundo depois, minha calcinha está no chão e
ele está dentro de mim. Eu gemo quando ele me penetra rapidamente, por isso, ele cobre a
minha boca com a mão e começa a se mover. Nós nos movemos juntos, rápido, corpos em
perfeita sincronia.

Eu me inclino para frente para facilitar o acesso dele, e ele agarra a oportunidade
imediatamente. Eu seguro a barra na parede conforme ele acelera os movimentos...,
segurando cada gemido que ameaça escapar da minha boca. Sempre que ele atinge o local
certo, a pressão dentro de mim cresce mais um pouco. Eu grito o nome dele na minha mente
sem parar, chegando lentamente à beira do êxtase.

A paixão nos devora completamente, e ambos chegam ao clímax ao mesmo tempo. Um


gemido escapa dos lábios dele quando eu mordo sua mão, sem conseguir me controlar.
Deixamos as ondas de prazer nos iludirem até a tempestade aliviar, tentando controlar nossa
respiração rápida. Depois do que pareceu uma eternidade, pegamos nossas roupas no chão e
sorrimos um para o outro.

- Eu não sabia que você tinha esse lado. - Ele se inclina e pressiona suavemente seus lábios nos
meus.

- Eu também não sabia, até conhecer você. - O olhar dele é intenso, tão intenso que eu não
tenho escolha, a não ser desviar os olhos. Ele aponta para as roupas nos cabides. - Você vai
experimentá-las? - Eu balanço a cabeça.

- Vou comprar todas e experimentar em casa. Eu só quero sair agora mesmo, caso a gerente
da loja tenha nos ouvidos. - Ele sorri e entrelaça os dedos nos meus.

- Então, minha querida fugitiva..., vamos? - Pensar naquele dia me faz sorrir. Eu queria que ele
estivesse aqui agora. Mas ainda não acabou. Olhando ao redor da sala, começo a notar
quantos lugares escuros e janelas a casa dela tem.

Ando até cada janela, fecho bem as persianas e acendo todas as luzes da casa. Pelas
próximas duas horas, sinto tudo, menos calma. Cada barulho me faz pular e cada ruído faz a
minha cabeça virar na direção para ver o que foi. O pior momento é quando o gato da Hannah
decide pular ao meu lado no sofá. Eu grito tão alto que fico surpresa que as janelas não
quebrem.

- Cacete! O que foi?! - A Hannah entra correndo na sala, segurando um guarda-chuvas. Eu grito
de novo quando a vejo correndo em minha direção. – Inês! Sou eu! Para de gritar!

- Ai meu deus! Você me assustou! Não faz isso de novo!

- O quê? Entrar na minha própria casa? - Reviro os olhos enquanto ela olha em volta. - Por que
todas as cortinas estão fechadas? E por que você acendeu todas as luzes? Fico surpresa que
não tenha caído a energia.

- Eu estava com medo! É assustador ficar aqui sozinha.

- Ei, desculpa. Eu nem parei pra pensar como seria te deixar aqui sozinha. Mas não aconteceu
nada, né?

- Não, mas eu não queria arriscar. - Ela suspira e se senta no sofá ao meu lado. - Como foi o seu
encontro?

- Produtivo.

- Essa é uma forma bem estranha de explicar um encontro, eu acho. Pra onde ela te levou? - A
Hannah ri.

- Não, eu quis dizer que consegui algumas informações com ela. Demorou um pouco pra
convencer ela, mas não demorou muito pra ela contar como foi o cenário.

- Hum, convencer, é? - Dou uma risada irônica e ela fica vermelha.

- Certo, enfim, é muito pior do que a gente imagina.

- Como poderia ser pior?

- O Eli está dizendo à polícia que foi o Warren que matou você, enquanto a Lana foi quem
tentou matar o Warren.
- Espera, o quê?! O Eli está culpando o Warren pela minha morte? Que loucura! E que tipo de
argumento ele está usando contra a Lana?

- Bom, o Eli admitiu ter contratado o Warren como seu guarda-costas particular. Ele também
disse que, com o tempo, o Warren começou a ficar mais agressivo e ultrapassou os limites. Ele
contou uma história sobre o seu guarda-costas basicamente tentando te agarrar. - Meu queixo
cai e juro que estou vendo tudo embaçado. - Segundo o Eli, Warren enlouqueceu depois que
você o rejeitou. Ele te matou numa cabana no meio do nada e tentou fazer sua morte parecer
um acidente.

- Isso é... isso é tão...

- E não é nem metade.

- Então, como o Eli explicou o Warren acabando em sua casa?

- Ele afirmou que o Warren se arrependeu depois de te matar. Ele queria pedir perdão ao Eli e
se entregar, mas quando chegou na casa, encontro a Lana lá.

- E como o Warren e Lana se conheciam?

- Ele já tinha trabalhado na equipe de segurança do Eli, então acho que essa é a explicação que
ele deu. Enfim, assim que a Lana percebeu quem era o cara, ela ficou “assustada que ele fosse
causar problemas para carreira política do Eli”. - Eu zombo.

- Por que as coisas sempre envolvem a carreira política do Eli?

- Acho que uma coisa é a esposa dele set assassinada por um maníaco..., mas outra
completamente diferente é ele ser a pessoa que contratou esse maníaco. - A verdade vem à
tona.

- É claro. Se as pessoas soubessem que foi ele que contratou o Warren, ele não receberia mais
votos de compaixão por uma esposa morta, e receberia uma multidão de dúvida na
capacidade dele de tomar decisões.

- Exatamente. E foi por isso que, quando o Warren ameaçou se entregar à polícia, a Lana
apaixonada tentou acabar com ele, porque faltavam poucos dias pra eleição.

- A polícia acreditou nisso?

- Em cada palavra.

- Tá brincando? - Hannah encolhe os ombros.

- O Eli saiu parecendo a vítima, completamente inocente e lamentando a morte da querida


esposa falecida.

- Mas que evidencia eles... - Eu congelo. - O lenço. Acharam o lenço da assistente dele
ensopado com o sangue do Warren, né? - Ela acena séria. - Naturalmente, esse lenço faz dela
o alvo ideal. Sem ele, os argumentos do Eli não se sustentariam.

- Exatamente.

- Como vamos sair dessa? Como podemos mostrar ao mundo quem o Eli realmente é?
- Não sei... - Lentamente, um plano começa a se formar na minha cabeça. - Talvez eu tenha
que te pedir um grande favor. - A Hannah me dá um olhar sério.

- Qualquer coisa, você sabe disso.

- Ótimo, porque a gente precisa dar uns telefonemas.

Alguns dias depois...

- Olá, e sejam bem-vindos ao meu programa de entrevistas, Late Night com Tess Meyers!
Sentado aqui comigo está o Eli Nelson. O Sr.Nelson concordou mais uma vez em nos dar uma
entrevista exclusiva sobre os eventos recentes. - Com uma expressão cuidadosa, ela coloca a
mão no joelho do Eli. - Bom, Sr.Nelson, você tem certeza de que está pronto para contar à
plateia o que realmente está acontecendo?

- Já esperei o suficiente, Tess. Eles merecem a verdade. - Tess sorri e acena para ele.

- Concordo plenamente. Então, por favor, conte-nos o que aconteceu naquela noite fatídica
em sua casa?

- Bom, Tess, eu estava em uma conferência a negócios quando a Lana Hale invadiu a minha
casa. A Sra. Hale é minha assistente pessoal há muitos anos, mas eu fui tolo o suficiente para
não perceber como ela me admirava tanto.

- O que exatamente você está tentando dizer, Sr.Nelson? Sua assistente sentia algo além por
você?

- Infelizmente, era exatamente isso. A Sra. Hale fez algo indescritível. Ela passou do limite que
um ser humano nunca devia passar tirando a vida de outro. - Suspiros ecoam por toda a
plateia.

- Você quer dizer que sua assistente, Lana Hale, matou alguém de fato? - Eli suspira.

- Em minha casa. Inclusive. Eu não consegui acreditar quando fiquei sabendo da notícia, mas as
evidencias eram irrefutáveis.

- Não consigo imaginar o peso que você deve estar sentindo, especialmente com as eleições
daqui há apenas dois dias.

- Vou ser sincero com você, Tess, a eleição tem sido a última coisa, coisa em que quero pensar.
Mas sei que não posso esquecer meus deveres para com o meu país. Só espero que as pessoas
boas da América possam olhar além de todo o caos e votar no candidato que sabem que será o
mais adequado para o trabalho. - Eli se vira para a câmera e dá um aceno confiante. - Se vocês
acessarem o meu site, verão mais detalhes e informações sobre o que pretendo fazer se for
reeleito como senador. Um dos meus colaboradores vai distribuir meus cartões de visita na
saída. Sintam-se à vontade pra me mandar um e-mail com todas as dúvidas ou preocupações,
pois eu adoraria ouvir a opinião de vocês. - A Tess sorri.

- Agradeço pela sua sinceridade, Sr.Nelson.

- Eu que agradeço por você me receber.

- Ah, antes de partir, eu tenho uma surpresa pra você. - Eli levanta uma sobrancelha e sorri.

- Você sabe como eu adoro surpresas.


- Está quase na hora de entrarmos no palco. Você está pronta para o show?

- Quase. Só preciso vestir a minha roupa.

- Bom, uma coisa é certa... Eu acho que você vai receber muitos números hoje.

- Que bom que eu estou prestes a exigir um divórcio na TV ao vivo. O Eli nem imagina o que
vem pela frente.

- Ótimo. - Nós nos viramos para a câmera que acena discretamente para nós.

- Eles estão sinalizando para nós entrarmos.

- Participando conosco hoje à noite, temos duas convidadas especiais que estão morrendo de
vontade de subir ao palco e compartilhar a versão delas da história.

- A versão delas? Eli olha em volta e fica visivelmente pálido quando nos vê entrando em sua
direção.

- Senhoras e senhores, deem boas-vindas à Inês Nelson e Lana Hale! - O público fica
mortalmente quieto, assistindo com a respiração parada.

- Olá Tess. - O rosto do Eli fica quase branco quando a Tess se levanta para me abraçar. A Lana
se senta e cruza bem as pernas, ignorando cuidadosamente o olhar interrogativo do Eli. -
Muito obrigada por nos receber.

- Sem problemas! Fico tão feliz que vocês puderam se juntar a nós aqui no palco.

- O que está acontecendo? - A Tess também o ignora.

- Tenho certeza de que foi difícil encontra tempo nessa sua agenda lotada. Ter o marido
fingindo a sua morte deve certamente incomodar uma mulher.

- Pode acreditar, eu sei bem como é. - Eli se levanta e caminha até mim, apontando um dedo
acusador em minha direção.

- Quem é essa impostora?! Ela não é a minha esposa!

- Cala a boca, Eli. A gente já cansou das suas mentiras.

- Por que você não está presa?! Você tentou matar alguém! Policia! Produtores! - Ele procura
freneticamente na multidão. - Alguém pode tirar estas mulheres do palco agora?! Não vou
tolerar essa palhaçada! - A Tess Meyers olha diretamente para a câmera.

- Sim, vocês ouviram aqui primeiro, gente. A Inês Nelson não está morta, e não, ela não é uma
impostora. Confiem em mim, a gente conferiu a identidade dela. - Eu sorrio e ela ri. - Quando
recebi um telefonema de alguém afirmando ser a Inês Nelson, eu quase não acreditei. Pensei
que era uma farsa, mas algo me disse o contrário. Concordei em me encontrar com ela e
quando ela me contou o que tinha acontecido nas últimas semanas... Bom, vou deixar essas
mulheres falarem por si mesmas. Senhoras, tenho certeza de que o público concordaria
comigo quando digo que estamos loucos para ouvir a suas versões da história. - A Lana olha
para mim e sorri.

- Gostaria de fazer as honras?

- Com prazer. - Eu retorno o sorriso, respiro fundo e começo a falar...


Eu visito o Warren no hospital assim que posso. Depois de trocarmos todas as gentilezas,
ligo a TV e ignoro seus olhares curiosos. Olho para o meu relógio de vez em quando enquanto
falo com ele.

- Por que você continua olhando pro relógio?

- Por nada.

- Não joga esse joguinho comigo.

- Tá bom. Em dois minutos, um programa muito emocionante vai entrar no ar.

- Que programa emocionante?

- Você vai ver. - Finalmente, os comerciais terminam e o Late Night com Tess Meyers surge na
tela. Ele olha pra mim, confuso.

- Pensei que você odiava esse programa, não? - Dou de ombros e tomo meu café.

- As coisas mudam. Só assiste. - Warren faz o que eu peço e se vira para olhar a TV. Observo o
rosto do Eli ficar branco como um lençol quando eu e a Lana subimos no palco.

- É você ali?! - Eu sorrio quando ele vira a cabeça para mim.

- Só observa. - Ele se vira para a TV e esculta a Lana e eu nos revezamos para explicar o que
realmente aconteceu. A Lana dá os detalhes de como o Eli escreveu as ameaças e as colocou
em seu computador de trabalho. Ela conseguiu desbloquear o computador para a polícia
quando foram revistar o escritório dele.

- O Eli estava enviando ameaças para ele mesmo? Foi ele esse tempo todo? - Eu rio enquanto o
Warren olha para a tela, atordoado.

- Foi tudo pelo dinheiro do seguro de vida. Dá pra acreditar? Ele estava realmente tentando
me matar. - O Warren franze a testa e olha para mim. - Não, você tem que continuar
assistindo! Essa é a melhor parte! - Nós dois assistimos enquanto três policiais andam até o
palco e algemam o Eli depois de jogá-lo no chão. Seus xingamentos mal podem ser ouvidos
com o rugido da plateia. Os três policias o escoltam para fora do palco e a câmera foca na Tess
enquanto ela se despede da plateia.

- Como diabos você conseguiu isso?

- Foi preciso panejar bem. Tinham muitas peças em jogo. Eu nem sabia se isso ia funcionar.

- Pensei que a Lana Hale estava na prisão, não?

- Ela estava.

- Então, como ela também apareceu no programa?

- Mandei a Hannah dar uns telefonemas e ela conseguiu ir visitar a Lana. Depois de escutar
bem a versão dela da história, usei parte do meu dinheiro para pagar a fiança.

- Depois de tudo o que ela fez com você, você libertou a mulher da prisão?

- Claro que sim. O único crime dela foi amar o Eli e não acho que ela merecesse apodrecer na
cadeia por isso.
- Mas como você conseguiu todas as evidencias?

- Você se lembra do número de telefone que a gente achou no escritório do Eli?

- Sim?

- Bom, eu liguei pra ele. O assassino que tentou nos matar atendeu. - Os olhos do Warren se
arregalam.

- Você falou com um assassino de aluguel? Você é louca?!

- Sim, falei com um assassino de aluguel.

- E se ele rastrear a ligação e te encontrar? Eu juro, Inês...

- Ele já me encontrou. - O Warren se esforça pra manter a respiração calma. - Mas foi
impressionante como consegui convencê-lo depois de pagar um suborno. Tudo o que eu
precisei foi gravar a conversa como garantia a prometer não divulgar nada à polícia. Foi uma
vitória para nós dois.

- Mas ele tentou te matar! - Eu encolho os ombros.

- Eu não sou de guardar ressentimentos. - Ele ri.

- Depois disso, tudo meio que se encaixou. Entrei em contato com a Tess e ofereci a ela uma
revelação exclusiva que faria o ibope dela disparar. Ela mal podia esperar pra me conhecer. -
Warren balança a cabeça.

- Você realmente é uma mulher incrível. - Eu sorrio para ele, mas seu rosto fica sério.

- Eu queria te agradecer.

- Pelo quê?

- Por salvar a minha vida.

- Eu não fiz nada demais! Foi você que levou um tiro para me proteger. Tudo o que consegui
fazer foi ligar pra ambulância e rezar pra que eles pudessem te salvar.

- Mesmo assim, ter pensado rápido foi o que salvou a minha vida. Se demorasse mais um
pouco, talvez eu não tivesse resistido. - Seu dedo levanta o meu queixo para que ele possa me
olhar nos olhos. - O médico disse que foi por pouco, então eu teria morrido se não fosse por
você.

- Você nem estaria metido essa bagunça se não fosse por mim também. - Ele abaixa a mão.

- Eu não mudaria nada no mundo. - Com cuidado, olho para ele procurando sinais de
decepção, mas não vejo nenhum.

- Tá falando sério?

- Sim.

- Então, quais são os seus planos agora? Você vai se aposentar da vida emocionante de guarda-
costas e encontrar outra coisa pra fazer?

- Eu nem pensei muito nisso ainda. Talvez eu vire um bombeiro ou paramédico. Não acho que
eu aguentaria um trabalho chato de escritório.
- Não, isso definitivamente não combina com você. - Um silencio paira entre nós enquanto
enrolamos para tocar no assunto no qual mais queremos tocar.

- Hmmm...

- Sim?

- Você... você já pensou no que quer? Quero dizer... - Ele engole seco e descansa as mãos no
colo. - Já pensou em nós? - Respirando fundo, olho para cima e encontro os seus olhos.

- Eu quero nos dar uma chance. - Seus lábios se abrem enquanto ele me observa sem
acreditar, enquanto meu coração bate sem parar no peito. - Mas já vou te avisando, eu venho
com muita bagagem. Tenho uma melhor amiga louca, sem limites e um grande coração. Tenho
uma relação complicada com os meus pais, mas que estou tentando melhorar. E acabei de sair
de um relacionamento horrível, onde meu ex-marido acabou na cadeia. - Warren solta um
assobio baixo.

- Hm, isso é bastante coisa pra levar em consideração.

- Ah, e eu mencionei que eu sou teimosa?

- Não, mas já anotei.

- Não vai ser fácil, mas eu quero isso. Eu quero ficar com você, Warren. Não sei quando foi,
mas em algum momento eu me apaixonei por você. Você me faz mais feliz do que qualquer
homem já fez. - O Warren se levanta, me puxando para ficar de pé e em seus braços. Eu vou de
bom grado e fecho os olhos enquanto inspiro seu cheiro familiar.

- Eu te amo, Inês.

- Mesmo com toda a minha bagagem?

- Ficar com você vale a pena. - Ele se inclina e seus lábios batem nos meus. Eu o beijo de volta
com uma intensidade feroz que me faz sentir o desejo correndo pelas minhas veias. Uma tosse
atras de nós nos faz parar. Eu dou risada.

- Parece que a gente chamou atenção de quase todas as enfermeiras e pacientes aqui.

- Bom, então é melhor dar a eles um show daqueles. - Curvando-se, Warren me levanta e me
carrega no estilo noite de núpcias em direção a porta. - Mal posso esperar pra te levar pra
casa. - Antes de sairmos, ele se inclina e murmura sedutoramente no meu ouvido. E com isso,
começamos nossa nova vida juntos.

Cinco anos depois...

- Não, não, não, isso nunca vai funcionar. - Minha assistente enfia a cabeça no meu escritório e
aponta para sua prancheta. Eu aceno para ela e encerro minha conversa pelo telefone. - Tenho
que ir. Só pede para ele me liga quando resolverem os detalhes. - Quando deslizo o telefone,
noto uma notificação de chamada perdida no meu celular. Olhando para a porta para ter
certeza de que a minha assistente não está a uma distância que possa ouvir, eu ligo
rapidamente para o número. O toque vem de trás da porta. Logo em seguida, minha mãe
entra no escritório, sorrindo. – Mãe! O que você tá fazendo aqui?

- Oi, Inês! Eu só queria ver qual a cor de vestido que você vai usar hoje à noite. - Rindo, eu
reviro os olhos.
- Mãe, não tem problema se a gente usar vestido da mesma cor.

- Eu sei, mas esse é o seu grande dia! Quero ter certeza de que tudo seja perfeito. - Eu sorrio
para ela.

- E vai ser.

- Seu pai ainda não faz ideia. Mal posso esperar pra ver a cara dele!

- Nem eu. Você conseguiu a camisa que eu pedi pra ele?

- Sim! - De repente, vejo lagrimas brotando em seus olhos. - Não posso acreditar que isso
finalmente está acontecendo! Eu vou ser avó!

- Shh, shh. Minha assistente ainda não sabe!

- Ela não sabe?

- Vai saber em breve. - As coisas têm sido agitadas aqui na empresa, principalmente porque
vou tirar uma licença maternidade daqui a uns meses. Eu quero cuidar de tudo antes de sair.
Suspirando, afundo de volta na minha cadeira. - Quem diria que ter um bebê dava tanto
trabalho antes mesmo de nascer?

- Vai ser a experiencia mais incrível da sua vida. Fico tão feliz por vocês dois. - O rosto agitado
da minha assistente aparece no meu escritório quando ela mais uma vez aponta para a
prancheta.

- Só um segundo, Courtney. Minha mãe está aqui. - Ela suspira e caminha até a minha mesa,
largando a prancheta e apontando para a linha onde precisa da minha assinatura. Eu aceno
para ela e ela sai do escritório. - Tenho certeza de que a Courteney vai pedir demissão.

- Não banca a ridícula. Ela é a sua assistente pessoal há quase dois anos. Ela sabe que não
existe trabalho melhor por aí, especialmente com o salário que você está pagando pra ela. - Eu
rio.

- Bom, eu tenho que ir. Meu cabelereiro me espera.

- Claro. Vejo você e o pai hoje à noite.

- Certo. Vejo você na festa! - Minha mãe sai do escritório e eu leio a papelada que a Courtney
deixou para mim. Mas antes que eu possa terminar a segunda página, minha pessoa favorita
no mundo entra pela porta.

- Olá, gato. O que você está fazendo aqui?

- Olá, minha linda esposa. Trabalhando até tarde de novo, é? - Ele me oferece uma das xicaras
que ele está segurando.

- Eu estava pelas redondezas então pensei em te trazer um pouco de combustível. - Dou a ele
um grande sorriso.

- Você é perfeito. - Seu rosto se abre em um sorriso largo.

- Acabei de falar com a Hannah. Ela disse que não podemos chegar antes das 19 horas em
ponto. - Ele ri e eu resmungo.

- Como é que a gente não pode chegar no horário do nosso próprio chá de bebe?
- Se bem me lembro, deixá-la planejar isso foi ideia sua.

- Da próxima vez, me impeça. - Ele ri.

- Sua mãe pegou as camisas?

- Sim!

- Mal posso esperar pra ver o meu pai colocando-a e lendo a palavra “vovô” estampada na
frente.

- Foi uma ótima ideia. Ele vai adorar.

- Parece que a gente tem planejado isso há tanto tempo. Parece até surreal que finalmente vai
acontecer hoje à noite. - Ele se inclina sobre a mesa para me beijar.

- Eu te amo. - Eu mordo o lábio.

- Eu também te amo.

- Vou indo então. Dá pra ver que você está bastante ocupada e ainda tenho que dar uma
passadinha em casa.

- Eu chego em casa daqui a pouco, tá?

- Acho bom, porque senão eu volto aqui e te arrasto para casa. - Eu dou outro beijo nele.

- Tô contando com isso.

FIM.

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