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HÁ VIDA DEPOIS DO AMOR?

Os primeiros raios da manhã se infiltrou


pela janela do quarto e o rapaz abriu os
olhos lentamente. Parecia que não tinha
dormido o suficiente. É claro que não.
Ele virou a cabeça para olhá-la e sorriu
para a imagem dela totalmente
adormecida em seus braços.
Respirou fundo e estreitou seu abraço
para puxá-la mais para si. Beijou as
madeixas espalhadas sobre seu ombro e
aspirou o cheiro muito peculiar da pele
dela.
Parecia então que finalmente as coisas
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se resolveriam, sem mais provocações,
sem mais namorados imbecis para
atormentar a mente apaixonada dele.
Depois da tórrida noite de amor que
tiveram, ele realmente acreditava que
ela era sua.
A moça abriu os olhos devagar e virou a
cabeça para cima a fim de olhar para
ele.
-Bom dia linda.
-Oi.
Ela ajeitou seu corpo e se aprumou a ele
que a ajudou a tirar os cabelos
revoltados do rosto.
-Parece que não dormi tudo que eu
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precisava.
-Isso porque realmente não dormiu.
Eles sorriram. Tinham brigado no início
da noite. Uma discussão feia mesmo.
Trocaram palavras doídas, gritaram um
com o outro. Choraram suas desilusões e
ao final de tudo, acabaram na cama.
Embora não tivesse sido a primeira vez
que tivesse acontecido, foi com certeza
a pior de todas as desavenças, mas tudo
ficaria bem.
Lily se sentou meio zonza. Ela precisava
de dez horas diárias de sono e o fato de
ter dormido apenas quatro a deixava
totalmente desorientada. Júnior olhou

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pra ela sem entender.
-Aonde pensa que vai?
-Voltar pra casa. Tenho um dia cheio.
Preciso ir à faculdade e depois
vou...resolver uns problemas.
-Que problemas?
-Assuntos pessoais.
Ele bufou porque sabia quais assuntos
pessoais ela se referia. Tentou se
controlar para não iniciarem outra
discussão fenomenal, mas já estava
irritado.
-Pensei que tivesse todos esses “pontos
pessoais” acertados Lily.
Ela olhou pra ele com impaciência, mas
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sua voz estava calma quando falou.
-Não gosto de ser pressionada a tomar
decisões importantes assim do nada.
Ele se levantou furioso.
-Do nada? Disse que tinha terminado
com aquele panaca. Passou a noite
comigo e vai voltar pra ele?
-Não disse que tinha terminado. Disse
que havíamos brigado e não falei nada
sobre voltar com ninguém.
Lily sentia seu coração bater
descompassadamente. Sabia onde e
como essa conversa iria acabar e não
estava no humor para prosseguir. Ela
olhou para o rapaz parado ao lado da
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cama com uma expressão assassina no
rosto. Respirou fundo e tentou pensar
com clareza.
Eles se conheciam desde que eram
crianças. Os pais trabalharam uma vida
toda juntos e suas mães eram melhores
amigas. Desde adolescentes costumavam
trocar beijos e amassos nas festas, mas
ela queria mais do que uma vida
doméstica totalmente previsível.
Tinha planos no momento dos quais ele
jamais concordaria. Queria viajar o
mundo, ousar, conhecer novas culturas,
países, raças e crenças. Queria se
voluntariar a projetos grandes como a
cruz vermelha e fazer parte de ONGs
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internacionais.
Não conseguia se imaginar casada, com
filhos e marido para cuidar. Caramba,
amava o Júnior e queria uma vida com
ele, mas não agora, não tão jovem. O
difícil era fazê-lo entender isso.
-Jú, você tem pressa para as coisas e eu
preciso ir no meu ritmo.
Ele vestiu a calça e a camisa de maneira
furiosa.
-Sabe de uma coisa? Estou farto disso.
Eu corro atrás de você há anos. Tolerei
seus flertes e namoricos com outros
caras. Esperei com paciência até agora
apenas para ouvir que tem problemas
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pessoais para resolver com um imbecil
que te trai com metade da faculdade.
-Ele não me trai. Temos um
relacionamento aberto.
Ele olhou pra ela pasmo. Que merda de
conversa era essa agora?
-O que disse?
Lily se sentou na cama e escolheu as
palavras certas para não magoá-lo.
-Eu e o Fred temos uma relação aberta.
Ele sai com outras pessoas que possa
interessa-lo e eu faço o mesmo.
Ele parecia tão estupefato que ela se
sentiu mal.
-Olha. Eu te amo, apesar de tudo eu
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sempre te amei e nunca pensei em outra
pessoa para estar comigo no futuro, mas
sabe que tenho meus ideais e não quero
abrir mão deles agora.
-Já me disse isso um milhão de vezes e
tudo que eu vejo você fazer é trocar de
parceiro como troca de sapatos, nunca
me dando a chance de me estabilizar na
sua vida.
-Não quero estabilidade nesse momento.
Tenho necessidade de outras coisas.
Você não compreende.
Ele colocou as mãos no bolso e andou
de um lado para o outro. Droga, estavam
caindo na mesma ladainha novamente e

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o rapaz jurou que estava
condenadamente cansado dessa situação.
-Olha Lily, você é o meu amor desde
que eu me entendo por gente. Eu te quero
só pra mim. Não quero ninguém mais
passeando pela sua vida em droga de
relacionamentos abertos ou não. Mas
não vou te esperar pra sempre.
-Você fala como se estivesse com a
corda no pescoço e essa fosse a ultima
decisão da sua vida. Caramba Jú, você
tem apenas vinte e cinco anos.
-E já sei o que eu quero pra minha vida.
-Pois eu quero mais que um casamento
planejado desde que éramos crianças.
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Quero mais que filhos chorando na
minha orelha de noite e um marido que
arrisca o pescoço todo santo dia em
missões policiais.
O rapaz passou a mão na jaqueta, na
chave e na carteira e saiu do quarto
deixando-a para trás com a culpa e o
remorso a corroendo.
__________ __________

O transito infernal não aliviou a tensão


que o rapaz estava sentindo desde que
saiu do quarto de Lily. Pensou em dar
uma passada na casa da irmã pra
conversar, aliviar os nervos, mas
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desistiu. Ela tinha acabado de se acertar
com o ex-marido, e pela primeira vez
estava feliz e tranquila, não precisava
que ele descarregasse todas suas
frustações em cima dela.
Ele foi dirigindo um pouco sem rumo e
de repente se viu de frente com a casa
do pai. Desceu e entrou sem bater. Sua
mãe sorriu amavelmente quando o viu
entrar.

-Hei você. Que bom que apareceu.


-Hei mãe.
Ela deu um beijo em seu rosto e olhou
pra ele com atenção.
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-Está tudo bem?
-Sim. Só queria ver vocês.
Babi conhecia seus dois filhos como a
palma de sua mão e só de olhar para
eles sabia dizer se estava tudo bem ou
não e definitivamente o filho não estava
bem.
-Seu pai está lá no escritório.
Ele seguiu para o local e bateu à porta
antes de abri-la. Murilo virou a cabeça
para ver quem estava ali.
-Hey garoto.
Júnior entrou e se sentou na poltrona.
Estava calado e não sabia bem porque
tinha ido até ali. Murilo olhou para o
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rosto inexpressivo do filho e não
precisou que ele falasse nada para saber
que tinha algo o incomodando.
-Está tudo bem no trabalho?
-Vou prestar serviços para a polícia
federal por seis meses ou até um pouco
mais.
O homem franziu o cenho surpreso.
-Está saindo da base?
-Não. Dylan deve um favor para o
pessoal de lá e eles cobraram antes que
ele finalize seu tempo na base. Precisam
de alguém para treinar uma equipe nova
de investigadores e ele me pediu pra ir.
Você sabe, com o tio ocupando o lugar
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do comandante as coisas estão um pouco
confusas. Todas essas mudanças levam
um tempo para se ajeitarem.
Murilo sabia que sim. Há um ano tinha
largado seu trabalho oficial como agente
especial de uma vez por todas. Nenhum
outro membro da equipe permaneceu
depois que se aposentaram. Apenas ele
e Ramon haviam ficado um pouco mais
prestando pequenos serviços, mas agora
com a saída definitiva do comandante
tudo estava sendo repaginado.
-Dylan Meyer entrou para a história
daquele lugar. Vai fazer falta.
-Com certeza. Mas o tio Tiago é bom o

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suficiente. Ele vai dar conta.
-Não tenho dúvidas que sim.
-Sabe que vai haver uma despedida
oficial para ele?
-Fui comunicado. Mas, não é por isso
que está aqui...
-Não.
Murilo esperou. Gostava muito dessa
confiança que seu filho tinha por ele.
Foram sempre muito amigos e mesmo
agora que ele era um homem formado,
sempre recorria ao pai quando
precisava de conselhos. Era
reconfortante saber que o garoto o
colocava como primeira opção ainda
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que já estivesse perto dos seus sessenta
anos. Sentia-se menos “velho” e mais
útil toda vez que isso acontecia.
-Não é nada demais pai, só que estou
puto.
-Com a Lily?
Júnior bufou irritado. Claro que seu pai
saberia quais eram seus problemas.
Todo mundo sabia há anos o poder que
aquela ruiva tinha sobre ele.
-Isso nunca vai acabar pai? Nunca vou
conseguir convencê-la de que sou a
melhor opção dela?
-E você é?
-Você duvida que eu possa ser?
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Murilo se ajeitou na cadeira e pensou
um pouco. Há anos vinha acompanhando
a devoção do seu filho pela Lily. Júnior
se apaixonou por ela na adolescência e
desde então foram muitas idas e vindas
entre os dois. Eles namoravam outras
pessoas, brigavam, discutiam e se
separavam. Depois voltavam a sair e
tudo se repetia.
Era claro para todos que a resistência da
Lily não era momentânea, mas seu filho
não queria enxergar a verdade.
-O que eu acho garoto é que está na hora
de você superar essa obsessão.
-Não é obsessão pai, é amor.

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-Um sentimento tóxico Júnior e
claramente unilateral.
O rapaz sentiu o coração disparar.
Nunca em todos esses anos seu pai falou
com ele de maneira tão direta como
agora.
-Unilateral?
-Lily nunca se mostrou propensa e se
relacionar de fato. Ao meu ver, ela tem
outros planos para a vida dela.
-Eu sei.
-Então faça algo sobre isso. Não pode
passar a vida toda esperando por alguém
que está fugindo de um compromisso
com você.
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-Eu não entendo, ela diz que me ama...
-E provavelmente o ama mesmo, mas
ainda não está preparada para ter algo
mais concreto. Ela é diferente das outras
garotas, sempre foi. Eu me lembro do
Sam sempre reclamar que a Lily nunca
escolhia o caminho mais fácil. É uma
moça inquieta e estão em momentos
diferentes da vida Júnior. Precisa
entender isso de uma vez por todas.
-O que está tentando me dizer é que eu
devo desistir?
-O que estou tentando te dizer é que nem
tudo na vida sai conforme planejado. Eu
me lembro de você sempre dizer que

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iria se casar com a Lily um dia. Que
teriam dois filhos, passariam a lua de
mel em uma praia paradisíaca,
comprariam uma casa de campo. Fez
planos para uma vida que apenas você
fantasiou viver.
O pai se levantou e tocou o braço do
filho que era agora mais alto e
corpulento que ele.
-Tem uma vida ai fora que está
desperdiçando em favor de esperar pela
Lily. Tem outras garotas tão bonitas
quanto ela e que poderiam ser pra você
melhores do que a filha do Sam é no
momento, mas precisa se abrir para
novas oportunidades, precisa querer sair
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dessa definitivamente.
O garoto olhou para seu pai e Murilo foi
severo ao continuar.
-Um homem precisa honrar seus
princípios e ter algum orgulho e não te
criei para ser nada menos do que isso.
Não quero meu filho comendo das
migalhas.
-Te desapontei não foi?
-Não, porque acima de tudo é humano e
tem suas falhas. Mas o que eu vejo é que
a Lily está se aproveitando dessa sua
fraqueza. Droga Júnior, que mulher não
ia querer um cara boa pinta como você
aos pés dela? Há dez anos, no mínimo,
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ela te cozinha em banho-maria, está na
hora disso parar.
Júnior concordou silenciosamente.
Estava com vergonha agora. Não que
nunca tivesse pensado no que seu pai
tinha acabado de falar, mas ouvir todas
as palavras era sem dúvida muito mais
constrangedor.
-Tudo bem pai. Vou...pensar sobre isso.
Murilo esperava que sim. Aliás,
esperava mais do que fazê-lo pensar,
queria muito que o filho superasse essa
paixão e seguisse sua vida com outra
pessoa.

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__________ __________

Duas semanas depois...

Lily gemeu quando a mão dele se enfiou


entre suas pernas de forma atrevida.
Deus do céu, ele sabia, como nenhum
outro, fazê-la se derreter como uma
manteiga no sol. A boca dele desceu por
todo o seu pescoço e ela o puxou pra si.
Júnior caiu com a menina na cama e
tirou sua blusinha com facilidade.
Tomou o seio que tanto amava entre os
lábios e o sugou com avidez. Lily
grunhiu sua aprovação. Amava ter seus
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peitos chupados por ele. Era uma parte
muito sensível do seu corpo e Júnior
tinha o jeito certo, fazia a pressão exata
e a maneira como sugava com força,
usando a língua para estimular o bico,
era perfeita.
Ela enlaçou sua cintura com as pernas e
fez pressão para poder sentir o membro
entumecido dele. Adorava a sensação e
se esfregou nele. O rapaz gemeu alto e
tirou a calcinha dela tão rápido quanto
se livrou da sua cueca e então estocou
fundo uma, duas e três vezes até se
iniciarem em um movimento constante e
sensual.
Ele a beijava por toda a parte e ela
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retribuía aos carinhos com a mesma
necessidade. Lily gemia muito e Junior
enlouquecia ao ouvi-la daquela forma
por sensações que ele estava
proporcionando a ela.
-Você é o meu amor Lily. Tem que ficar
comigo...
-Sim.
-Prometa...vamos, prometa...
-Sim.
Ele acelerou o ritmo e as batidas dos
quadris pareciam agora furiosas. Lily
gritou seu gozo e só então ele se deixou
alcançar seu prazer absoluto soltando
um ruído raivoso de satisfação.
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Minutos depois e ambos ainda tinham
suas respirações alteradas. Ela se
aconchegou a ele que a abraçou
carinhoso.
-Definitivamente a melhor maneira de
terminar uma discussão.
-Mal posso esperar pelo dia em que
faremos amor sem que antes disso haja
uma guerra nuclear entre nós.
Ela riu e ele teve que sorrir pra isso.
-Talvez sejamos um tipo de casal que
precisa construir uma tensão sexual.
-Ou talvez seja apenas uma garota muito
teimosa para admitir que me ama e que
quer ficar comigo.
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Ela se apoio sob os cotovelos, beijou a
boca perfeita dele suavemente.
-Eu te amo Jú.
Ele ficou calado, apenas esperando o
que viria depois, porque tinha certeza
que essa declaração antecedia algo
muito ruim.
-De verdade. Sei que é difícil pra você
entender que quero outras coisas antes
de me amarrar de vez. Então pensei
que...poderíamos quem sabe...encontrar
um meio termo.
-Que seria?
Ela se sentou de frente pra ele.
-Bom, eu planejei fazer algumas coisas
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depois que terminar a minha
especialização. Coisas que levaria de
dois a três anos mais ou menos para
serem finalizadas. Mas você quer se
casar, então estou disposta a ceder um
pouco.
-Quanto?
-Assim que terminar a minha
especialização nós viajaremos para os
lugares que quero conhecer, podemos
trabalhar como voluntários por um ano
e depois voltamos e nos casamos. Nem
muito do seu lado, nem muito do meu.
-Trabalho voluntário? E viveremos
como? Porque sinceramente não tenho

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mais idade para voltar a ser sustentado
pelo meu pai.
Ela fingiu estar brava.
-Está dizendo isso porque meu pai ainda
me sustenta, não é?
-Não. Você é mulher, é diferente. Não
tem cabimento eu largar tudo e pedir
mesada para o meu pai.
-Mas é só por um ano.
-Não vai rolar Lily.
-Agora está sendo intransigente.
-Não. Estou sendo realista. Temos que
achar outra maneira.
Ele também se sentou e tocou o rosto

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dela gentilmente.
-Não quero roubar seus sonhos, mas
também não quero te perder.
-Então o que sugere?
-Lily, me ama de verdade?
-Claro que sim. Eu sei que não tenho
agido como alguém que está loucamente
apaixonada, mas sim, quero ficar com
você, sempre pensei em mim como a
futura senhora Marconi.
Eles riram e ela acariciou o rosto bonito
dele.
-Estamos neste lenga-lenga há anos, não
é?
-Sim. Também quero que tudo isso se
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resolva.
O rapaz respirou fundo e disse em voz
baixa.
-Então vá e quando voltar estarei bem
aqui, esperando por você.
Ela arregalou os olhos surpresa.
-Está sugerindo que ...
-Que quero uma esposa realizada e feliz
ao meu lado e se pra isso terei que
esperar dois anos, então que seja. Posso
programar para te encontrar em algum
desses lugares nas minhas folgas se
fizermos um planejamento adequado.
Ela se atirou no pescoço dele e o beijou
com amor.
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-Sabe como isso é importante pra mim,
não sabe?
-Sei e é por isso que estou cedendo.
Mas veja bem Lily, dois anos e nenhum
dia a mais.
-Tudo bem.
-E nada de relacionamentos abertos. Se
vai viajar por tanto tempo, terá que usar
uma aliança com o meu nome e se
comportar como uma mulher
comprometida.
-E você? Também vai se comportar?
-Claro que sim. Sou fiel.
-Sei. Eu vi sua fidelidade por mim
desfilar várias vezes em minissaias
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quase indecentes e com os peitos
pulando pra fora dos decotes.
-Ciumenta.
-Sabe que sim. Fazia de propósito.
-Você não foi exatamente uma santa.
-Tinha que revidar de alguma maneira.

-E quase me deixava louco.


Ele a beijou e puxou o corpo magro pra
cima do seu. Se amaram mais uma vez e
quando o dia amanheceu a primeira
coisa que ele fez foi ir a uma joalheira.
__________ __________

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Júnior devia ter desconfiado que as
coisas estavam boas demais para ser
verdade. Os últimos meses tinham sido
perfeitos ao lado dela. Seus amigos e
seus familiares estavam espantados com
o fato deles finalmente terem se acertado
e o rapaz podia sentir que todo mundo,
sem exceção, esperava que fossem se
desentender seriamente, mais dia ou
menos dia. E estavam certos.
Foi logo depois do último estágio da
especialização da Lily, quando ela
anunciou que Fred tinha se juntado ao
grupo de voluntários, do qual ela fazia
parte, para viajar por três meses pelos
vilarejos africanos onde atenderiam
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gratuitamente a população carente do
local.
Júnior estava possesso e descontrolado.
-De jeito nenhum que vai viajar com seu
ex por três meses.
-Não estou viajando com ele Júnior.
Não seja infantil. Estamos em um
projeto e isso é tudo.
-Você não vai.
-Pára com isso. Sou médica, dei duro
para me formar e tenho objetivos na
vida que pretendo cumprir. Já tínhamos
conversado sobre isso.
-Nunca mencionou que ele iria junto.
-Isso porque eu não sabia. Ele foi aceito
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no grupo há pouco mais de duas
semanas.
O rapaz respirava com dificuldade. Uma
coisa era ela viajar com um grupo
recém-formado para desenvolver
projetos sociais, outra era passar três
meses na África com o ex-namorado.
-Olha Lily, isso não vai dar certo. Tentei
ser compreensivo e respeitar seus
sonhos, mas não sou idiota.
-Não confia em mim?
-Isso não tem nada a ver com confiança.
Tem a ver com o fato do ser humano ser
um produto do meio. Você vai estar
longe de casa, em um país estranho,
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lidando com pessoas doentes e carentes.
Vai haver pressão e desgaste emocional.
Estarão mal acomodados e suscetíveis
ao perigo e isso muda as convicções das
pessoas.
-Pensei que soubesse que eu sou alguém
difícil de mudar de opinião.
-Você e ele dormiam juntos Lily, não
espere que eu seja compreensivo porque
não vou ser. Virão outros projetos,
outras oportunidades, mas por hora vai
ter que desistir.
-Não vou desistir de nada.
-E como resolvemos isso então?
Ela bufou contrariada.
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-Eu vou e nada nem ninguém vai me
impedir. Terá que se conformar com
isso.
Ele olhou pra ela longa e profundamente
e Lily percebeu que a mente dele estava
além daqueles olhos castanhos. Sentiu
seu coração disparar e então se lembrou
de uma coisa que sua mãe havia lhe dito
por várias vezes ao longo dos anos.
Parecia que podia ouvir sua voz doce
sussurrando em seu ouvido: “Um dia ele
vai desistir de vez e então não vai haver
volta.”
-Jú...olha, tem que confiar em mim...
O rapaz ergueu a mão e a impediu de

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continuar.
-Se me amasse de verdade eu não
precisaria estar aqui discutindo com
você. Seria natural que compreendesse
minha posição.
Ele se virou para sair e ela tentou
impedir segurando-o pelo braço.
-Por favor.
-Faça como achar melhor, isso que
existe entre nós é complicado e
exaustivo e sinceramente...já deu o que
tinha que dar.
Ela empalideceu porque a voz baixa e
controlada não era comum ao
temperamento dele. O Júnior que ela
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conhecia era explosivo, teimoso e com o
pavio curto. Não era do seu feitio deixar
as coisas pela metade e isso só queria
dizer que...
-Está terminando comigo?
Ele respirou fundo e engoliu em seco,
mas foi firme quando confirmou.
-É isso.

__________ __________

Seis meses depois

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-Qual é Vivi? Ele está bem ali.


Afogando as mágoas no uísque, o que o
deixa com livre acesso, ou pelo menos
mais fácil de agarrar.
-Ele é meu chefe, mas acho que já disse
isso umas duzentas vezes pra você.
-O fato dele ser seu chefe não a impediu
de se apaixonar por ele.
Viviane olhou rapidamente a sua volta
esperando que nenhum dos seus colegas
espalhados por ali tivessem ouvido a
declaração da sua amiga.
-Shzzzzzzz. Fala baixo, sua louca.
Mia riu com desdém e bateu as palmas
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das mãos no balcão.
-A quem pensa que engana? Todo mundo
sabe.
Vivi empalideceu.
-O que quer dizer com isso?
-Exatamente o que eu disse. A galera
toda sabe. Até lá no meu departamento
já se comenta sobre seu jeitinho
apaixonado de olhar para o tenente Savi.
-Está blefando, não vai funcionar
comigo.
Mia sorriu para a amiga.
-Isso não importa. Agora seja uma
mocinha corajosa e vá lá.

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-De jeito nenhum. Todo mundo sabe que
quando a Lily está aos arredores, o
humor dele fica péssimo.
-Ela não está aqui agora e não estamos
trabalhando. Neste momento ele é
apenas mais um gato gostoso tomando
alguns drinks depois do trabalho.
Vivi olhou para o competente tenente
Savi, como ele gostava de ser chamado
embora seu sobrenome fosse Marconi.
Sim, ela estava um pouco apaixonada
por ele. Era um chefe bacana, justo e
educado na maioria das vezes, nada
como alguém gritando ordens aos quatro
ventos ou se aproveitando da sua patente
ou do fato de ser um agente especial do
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BSS para conseguir privilégios dentro
do trabalho.
Ele estava dentro do departamento de
investigação da polícia federal há quase
um ano, ajudando a resolver um caso
muito sigiloso, em uma situação de
“pagamento de favores” ou algo assim.
Trabalhavam juntos desde então e ela
havia acompanhado sua trajetória
pessoal com a ex noiva Lily.

Quando ele veio para dentro da PF, eles


já estavam noivos e não era segredo pra
ninguém o tanto que ele era apaixonado
por ela. Quatro meses depois eles

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romperam a relação abruptamente por
motivos desconhecidos, ou pelo menos
ninguém ali ficou sabendo o porquê, e
ele nunca mais foi o mesmo.
Assumiu um ar mais sisudo e sua
infelicidade ficou bastante evidente
embora ele nunca tenha descontado suas
frustações em seus subordinados.
Savi era um chefe e tanto. Focado,
competente, muito exigente e com uma
inteligência fora do comum. Ele dividia
seu trabalho entre a PF e o BSS e dava
conta dos dois.
O que Vivi mais admirava nele era a
desenvoltura para conseguir o máximo

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da sua equipe da forma mais tranquila
possível. Não que ele não estourasse ou
ficasse muito puto algumas vezes, mas
não era uma vertente comum.
Seus sentimentos por ele chegaram
devagarzinho, quase que num modo
tartaruga de se instalar em seu coração.
Ela não saberia dizer qual tinha sido a
situação exata que desencadeou sua
admiração. Foi mais como a rotina do
dia-a-dia que construiu primeiro o
respeito, depois evoluiu para...bem, esse
algo a mais que sentia.
Ele tinha encontros, namoricos e flertava
com algumas pessoas abertamente, mas
nunca com ela. Talvez porque a moça
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fizesse parte direta da sua equipe e isso
nunca o encorajou a ir adiante, ou talvez
porque simplesmente não se sentia
atraído.

__________ __________

O celular vibrou no bolso do jeans e


Júnior atendeu a irmã com um sorriso no
rosto.
-Hei Sis*.
-Jú? Está no trabalho ainda?
-Não. Estou em um pub com o pessoal
do departamento.

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-Hum...então...é...queria falar com você.
-Vá direto ao assunto Sis.

*Sis – Abreviação de sister ( irmã, em inglês).


-Não sei se é algo que possa ser dito
pelo telefone.
-Está tudo bem com o Thierry?
-Sim, não se preocupe, não tem nada a
ver comigo...bem, talvez com você, não
sei.
-Pelo amor de Deus Duda, fala logo.
-Sabe que a Lily está na cidade, não
sabe?
-Sei.

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-Sabe da...hum...novidade?
Júnior sentiu seu corpo ficar tenso.
Caramba, conhecia sua irmã o suficiente
para saber que qualquer que fosse a
“novidade”, era algo sério, porque a
Duda não era de fazer fofoca.
-O que está tentando me dizer Sis?
-Lily está grávida.
Ele ficou mudo. Sentiu o sangue fugir do
seu rosto, seu coração acelerar e seus
punhos enrijecerem. Um caroço gigante
tampou sua garganta e o ar sumiu dos
seus pulmões momentaneamente.
-Jú?
Silencio.
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-Jú? Ainda está ai?
O rapaz respirou fundo e tentou não
deixar sua voz tremer ao perguntar.
-É do Fred?
-Sim. Parece que ficaram noivos.
Silencio novamente.
-Desculpe te falar assim, dessa maneira,
mas há uns dias já que o assunto está
correndo e eu só não queria que você
soubesse por algum estranho.
-Tudo bem. Obrigado por me contar.
-Você vai ficar bem?
-Vou sobreviver.
-Jú, ela não merece seu sofrimento.

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-Vou sobreviver Sis. Nos falamos
depois.
Ele sobreviveria, com certeza que sim,
mas isso não significava que não estava
doendo. Sentia-se como se tivesse
levado uma punhalada no peito.
Grávida? Havia apenas seis meses que
tinham se separado por causa dos planos
de merda que ela tinha feito para sua
vida pós-universidade. Onde havia
ficado toda a convicção dela em relação
aos malditos sonhos que queria viver?
Sua respiração estava alterada e ele
tentou não chorar porque pelo menos
metade do pessoal do departamento de
investigação estava ali e seria sua morte
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desabar como um maldito marica na
frente de todo mundo. Ir embora era uma
opção, mas ficar em casa sozinho
curtindo o sofrimento de ter perdido de
uma vez por todas a única a quem amou
de verdade, também não era nada
animador.
Ele ouviu a voz da Mia no microfone do
videokê e olhou para o palco tentando se
distrair. A mulher começou a cantar e a
galera se entusiasmou. Junior olhou a
sua volta. Cada rosto ali parecia feliz e
satisfeito com a suas vidas, exceto ele.
Merda, tudo o que tinha planejado era se
casar com a mulher por quem sempre foi
apaixonado, ter um filho ou dois,
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trabalhar para ter uma vida
razoavelmente boa, viajar para o Brasil
nas férias, curtir os churrascos de fim de
semana.
Era uma vida simples, não era? Quase
todo mundo que conhecia tinha algo
assim nos dias de hoje. Que droga,
nunca almejou fama, fortuna, poder ou
qualquer coisa incomum aos meros
mortais, mas deu tudo errado.
Tudo bem que ainda era bastante jovem,
mas mesmo assim. Não queria pensar
que a mulher que ainda amava estava
grávida de outro, que não seria ele o pai
do filho dela. Lily estava fora da sua
vida há um tempo, mas ainda
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permanecia muito presente no seu
coração, entretanto agora tudo estava
definitivamente encerrado.
Mia Miau, como ele costuma
carinhosamente chamar sua colega de
trabalho, puxou a amiga para o palco.
Ele observou Viviane Pasha subir um
pouco tímida embaixo de aplausos
fervorosos e assovios encorajadores.
Ironicamente Mia escolheu uma música
da Avril Lavigne em homenagem à
amiga que era simplesmente a cara da
cantora canadense. A artista mantinha os
cabelos bem compridos, ao contrário da
investigadora que os usava em um corte
Chanel muito moderno que começava
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mais curto na nuca e terminava em
pontas mais longas acompanhando o
formato do maxilar. Essa era a maior
diferença entre elas porque todo o resto
lembrava muito a cantora pop.
Vivi, como era conhecida, era toda
mignon, e tinha aquele rostinho de
boneca e os seios grandes que fazia os
caras do departamento babar e sonhar
com uma noite caliente, mas ela era a
fim do chefe.

Junior sorriu se lembrando de como ela


estava toda na dele. Todo mundo sabia e
comentava o assunto, pelas costas dela é

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claro. Ele levava a fofoca com bom
humor, mas nunca se manifestou a
respeito, primeiro porque trabalhavam
diretamente juntos e ele não iria arriscar
um mal estar entre a equipe, segundo
porque ele não correspondia aos
sentimentos dela e terceiro porque ela
não fazia o tipo dele.
Era loira e ele gostava das ruivas, era
baixinha e muito magra para os padrões
dele. Gostava das altas e curvilíneas.
Merda, toda a descrição dele para
mulheres que faziam o seu tipo, era da
Lily. Tinha que por essa praga de mulher
para fora do seu sistema.
Ele pediu uma Heineken, se levantou e
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aproximou-se do palco. Puta merda e
não era que as meninas cantavam bem?
Faziam uma performance alegre com a
música “What the hell?”1 e de repente a
letra da música expressava muito bem o
seu atual estado de espírito.
Júnior entrou na farra com seus amigos e
fez coro com as garotas. Era esse o seu
lema agora... “Que se dane...”, era disso
que precisava de fato. Ser um pouco
menos convencional e um tanto mais
louco do que já tinha sido até então.
Principalmente com sua vida pessoal.
__________ __________

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Lá do palco Vivi viu o tenente Savi se
misturar à galera, cantar e aplaudir o
pequeno show que ela e a Mia estavam
fazendo.
Seu coração estourou em uma
taquicardia miserável que quase a fez
enfartar. Mia a empurrou dando um
solavanco em seu quadril com sua bunda
grande para que ela ficasse mais na
frente. O empurrão foi tão “discreto”
que ela quase voou para cima das mesas
mais próximas. Os caras apoiaram seu
corpo leve e a devolveu ao palco.
Alguns deles mal podiam parar de rir da
tentativa desastrosa da Mia de joga-la
literalmente nos braços do Savi.
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Quando desceram, foram direto para o
bar e viraram suas cervejas em goles
longos.
-Você é muito mole mesmo Vivi. Dei a
você uma oportunidade de bandeja e a
belezinha a deixou escapar.
-Me fez parecer o galo voador da Fuga
das Galinhas e quase me faz esborrachar
no chão e chama isso de oportunidade?

1. What the hell – Traduz-se como “Que se


dane” – A letra conta a história de alguém
que foi bom a vida toda mas de repente
deixou de se importar com o “politicamente
correto” e passou a ter um estilo de vida

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louco.
Mia riu alto e viu quando o tenente se
despedia dos amigos e rumava para a
porta. Saiu correndo e o segurou pelo
braço.
-Hei Savi, se importa de dar uma carona
para a Vivi? Ela bebeu demais e temo
que não seja aconselhável deixa-la
voltar pra casa sozinha.
Ele olhou dela para a moça que estava
recostada no balcão e parecia distraída.
Por certo não tinha idéia que a amiga
estava tentando cavar um encontro de
fim de noite pra ela.
-Mia, aprecio seus esforços, mas não
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seria uma boa companhia hoje e
também, acho que a Pasha já está
crescidinha o suficiente para arranjar
seus próprios encontros.
-E eu acho que você é muito bonito e
inteligente para se deixar arrasar por
uma relação que não deu certo há tanto
tempo, mas acho que isso não é da
minha conta.
Ela se virou e o deixou ali, parado e
pasmo com a ousadia dela em tocar na
vida pessoal dele. Tudo bem que todo
mundo que o conhecia sabia da Lily, mas
era isso que eles achavam? Que era um
homem emocionalmente arrasado por
uma mulher que não o valorizou?
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Caracas, estava tão na cara assim o
quanto a Lily havia detonado com seus
sentimentos?
Ele respirou fundo. Será que o achavam
fraco e incapaz de sair com outras
mulheres? Ou pior, será que futricavam
pelas suas costas coisas imbecis como
talvez o fato dele ter sido um corno?
Francamente, nunca tinha pensado que
seu pessoal pudesse pensar isso dele,
mas se não o faziam, iam começar a
fazer. Lily estava de volta à cidade,
tinha ficado noiva de repente e agora
estava grávida. É claro que haveria
boatos sobre infidelidade. Foi muito
pouco tempo entre uma relação e outra,
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para ela ter dado um passo tão
importante na vida como ter um filho.
Que merda. Mia tinha plantado uma
insinuação da qual ele não queria fazer
parte. Precisava mostrar que dava uma
merda para Lily e seu novo status de
mãe de família. Não ia ser enxergado
como a parte fraca, o que não superou a
relação fracassada, nem fodendo. Já
tinha perdido muito dentro dessa relação
dos infernos para perder também a
dignidade diante da sua equipe.
Júnior caminhou de volta para o balcão.
Vivi olhou pra ele um pouco sem
entender e Mia sorriu vitoriosa. Homens
e seus malditos egos. Mexer com eles
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sempre funcionava.
O rapaz pegou a moça pela mão e a
puxou para fora do lugar lotado e
barulhento. Mal tinham saído e ele a
tomou nos braços se esquecendo da
regra número um que o tinha mantido
indiferente aos sentimentos dela até
aquele momento.
A boca dele se fechou sobre a dela e a
menina ficou extasiada. Tinha imaginado
vezes incontáveis como seria beijá-lo e
agora ele estava ali, beijando-a com
voracidade. A língua dele devorando a
dela com uma sensualidade de deixar as
pernas moles.

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Ela se agarrou ao pescoço dele e se
deixou levar pelo momento. Não queria
saber porque ele tinha tomado essa
atitude uma vez que era claro para todos
que o chefe não tinha nenhum interesse
nela. Apenas ia aproveitar cada gota de
insensatez que podia permitir a si
mesma.
Ele se afastou um pouco e olhou ao
redor. Localizou seu carro com certa
dificuldade e a puxou para dentro do
veículo.
-Sua casa ou a minha?
-Eu não moro sozinha.
-Então a minha.
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Foi tudo tão rápido e inesperado que
Vivi não teve tempo de raciocinar sobre
as consequências. Assim que entraram
na casa ele abriu a porta e sequer
acendeu a luz, a ergueu pela cintura e a
encostou na parede. Abriu a camisa dela
e tomou um seio na boca, tirou a
calcinha com alguma impaciência,
desceu suas calças até os joelhos e a
tomou sem nenhuma gentileza.
__________ __________

Quando o dia amanheceu, o sol começou


a entrar pelas frestas das persianas e a
claridade acordou o homem que dormia

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de qualquer jeito no sofá da sala.
Ele se sentou meio que atordoado. A
cabeça latejava e o rapaz precisou de
alguns minutos para se situar. Segurou as
têmporas entre as mãos e então flashes
de memórias da noite anterior vieram
como marteladas de aço em sua mente
debilitada pelo excesso de álcool.
-Jesus Cristo, que merda foi essa que eu
fiz?
Olhou ao redor e nem sinal da Pasha.
Claro que não. Estava bêbado na noite
passada, mas não o suficiente para não
se lembrar do ocorrido. Deus do céu,
ainda bem que tinha o fim de semana

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para amenizar o impacto dos
acontecimentos porque olhar pra ela na
segunda-feira ia ser osso.
__________ __________

-Está triste hoje tia Vivi?


-Ah, não meu bem. Só com dor de
cabeça.
A pequena Alison sorriu para ela e lhe
deu um beijo na bochecha, era uma
menininha muito carinhosa e a presença
dela na casa lhe fazia um bem enorme. A
mãe da menina apareceu no solado da
porta.
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-Ally querida, deixa a tia Vivi em paz.
A mulher olhou para ela desconfiada.
-Noite difícil?
Vivi sorriu sem vontade.
-Decepcionante, eu diria.
-Quer falar sobre o assunto?
-Ainda não.
-Tudo bem. Estarei aqui se precisar
conversar.
-Obrigada.
Ela não queria conversar. Queria apenas
entender que porcaria foi aquela que
aconteceu entre ela e o Savi e como tudo
ficaria entre eles no trabalho.

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Mia ligou para ela um pouco depois do
almoço. Estava tão empolgada para
saber dos detalhes que a atitude irritou
Vivi profundamente.
-Pode me dar um tempo por favor, Mia?
Não tem uma vida pra cuidar ao invés
de tentar direcionar a minha?
Ela não esperou resposta, bateu o
telefone na cara da amiga e por mais que
no minuto seguinte já estivesse
arrependida, não voltou a ligar.
No domingo à noite o que já estava ruim
ficou inacreditavelmente pior. O
telefone da Vivi tocou no quarto e ela
correu para atender. O visor com o nome

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do Savi chamava sem parar. Ela havia
previsto isso. Era óbvio que ele ia tentar
falar com ela fora do ambiente de
trabalho.
A menina prendeu a respiração por um
minuto inteiro e só depois atendeu.
-Hei Savi.
-Pasha, podemos conversar?
-Claro.
-Pode me encontrar na praça de
alimentação do Copley Place?

-Tudo bem.
Quase uma hora depois quando a menina

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chegou, ele já esperava por ela com uma
xícara de café puro e sem açúcar, como
ele gostava de tomar.
-Quer um café?
-Eu aceito, obrigado.
Ele fez o pedido e olhou pra ela um
pouco sem jeito. Respirou fundo e foi
direto ao assunto.
-Acho que te devo um pedido de
desculpas.
Vivi ficou em silencio e deixou que ele
falasse.
-Não preciso nem dizer que estava um
pouco fora de mim ontem.
-Eu percebi.
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-Te machuquei?
-Não sou tão frágil quanto pareço.
-Não interessa isso, o fato é que sai do
controle e isso nunca devia ter
acontecido. Eu sei que não justifica, mas
gostaria que soubesse que esse não é o
meu comportamento normal.
-Eu imagino que não.
Um silêncio constrangedor recaiu sobre
eles. A atendente trouxe o café e Vivi
molhou a boca saboreando o líquido
quente e também tentando encontrar algo
para dizer.
-Olha Savi. Vamos esquecer tudo isso
tudo bem? Não foi nada de outro mundo
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também. Um pouco mais selvagem do
que eu estou acostumada, mas não
precisa fazer parecer que foi um ato de
violação porque esteve bem longe disso.
E ...para dizer a verdade, eu ... bem,
tenho que admitir que gostei do sexo, o
que não foi legal foi ...
Eles se encararam. Júnior estreitou os
olhos pensativo. Ele sabia o que ela ia
dizer, mas tentou evitar essa parte, levou
o assunto para a maneira nada gentil
com que a tinha tratado e esperou que
todo o resto ficasse enterrado para
sempre.
-Quanto a isso, esqueça.

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-Precisa superar sua perda.
-Eu disse pra esquecer.
-Não é tão fácil.
-Foi um equívoco.
-Não foi não.
Ele respirou fundo e ela continuou.
-Fez declarações muito intensas do seu
amor pela Lily enquanto transava
comigo. Sussurrou juras de amor e
tomou meu corpo querendo que fosse o
dela...foi humilhante.
-Está tentando me envergonhar ainda
mais?
Ela olhou pra ele incrédula.

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-Eu? Claro que não. Só estou tentando
esclarecer os fatos para que a gente
possa continuar trabalhando juntos sem
que essa noite dos infernos nos afete.
Precisa entender que seus sentimentos
por ela não é saudável. Me magoou
profundamente ontem e nem se dá conta
disso. Assim que percebeu que não
estava com ela, se afastou de mim
enojado e me mandou embora.
-Estou aqui me desculpando, não estou?
-Não por ter fantasiado estar com outra
pessoa enquanto estava comigo. Está se
desculpando apenas por ter sido rude no
ato em questão, o que sinceramente não
me afetou em nada além do fato de eu
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estar um pouco dolorida.
Outro momento de intenso silêncio. Ela
pensou que seria melhor ir embora, mas
antes precisava esclarecer uma dúvida.
-O que deu em você ontem para querer
ficar comigo?
-Não era o que desejava?
-Nunca me olhou antes.
-A Mia praticamente te jogou de cima do
palco tentando fazer eu te notar.
Vivi ficou vermelha de vergonha e com
muita vontade de apertar o pescocinho
da Mia até que ela ficasse roxa e sem ar.
-Então se sentiu na obrigação de sair
comigo por causa disso?
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-Porque parece tão surpresa?
-Porque pensei que estivesse
interessado em mim, pelo menos por
uma noite.
Ele bufou e estava bravo. Bravo por ter
cedido à provocação da Mia e deixado
as coisas chegarem a esse ponto
embaraçoso, bravo porque mesmo não
querendo, Lily estava impregnada em
suas veias e em sua alma de tal maneira
que o estava enlouquecendo e fazendo-o
se passar por ridículo e bravo por ser
tão imbecil a ponto de deixar um
sentimento insano como esse tomar
conta da sua vida desse jeito. Assim,
movido por seu sentimento de fúria
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tentou esclarecer os fatos com sua
funcionária.
-Vamos falar com bastante honestidade
por aqui e acabar logo com essa
palhaçada. Ontem a noite foi um erro
que eu não pretendo repetir jamais.
Infelizmente ainda estou muito preso aos
meus sentimentos pela Lily e não vou
fingir que isso não está afetando a minha
vida já que você viu com seus próprios
olhos que está. Deixei me atingir pela
provocação da Mia e acabei fazendo a
estupidez de te levar pra minha casa.
Espero que possamos ambos superar
tamanha burrice e seguir nossas vidas
sem problemas, especialmente no
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trabalho.
Vivi estava tão estupefata pelas ofensas
que ele acabara de cuspir entre as
palavras ditas que ficou
momentaneamente sem fala. Então era
isso? Tudo que ele podia pensar sobre
ter estado com ela se resumia em
“palhaçada, erro, estupidez e burrice”?
-Por mim, está tudo bem. Sou
perfeitamente capaz de manter o
profissionalismo mesmo diante da sua
avaliação tão cordial sobre o tempo que
perdeu comigo. Mas se me permite
dizer, o único palhaço, burro e estúpido
aqui é você que sempre pareceu mais
como uma marionete sexy na mão da
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idiota da Lily.
Júnior se levantou e agora estava
possesso. O que essa porra dessa
menina sabia sobre sua relação com a
Lily? Marionete sexy o escambau.
-Perdeu o juízo tampinha de uma figa?
Não sabe nada da minha vida e é melhor
retirar agora mesmo o que disse sobre a
minha pessoa.
-Posso ser uma tampinha, mas tenho
minha dignidade.
-Está insinuando que eu não tenho a
minha?
Eles estavam tão alterados que não
perceberam que estavam em pé, de
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frente um para o outro com os
indicadores apontados
ameaçadoramente na cara um do outro.
Bem, não exatamente na cara, já que
Vivi era muito menor que ele.
O guarda do local se aproximou.
-Estamos um pouco alterados aqui? Por
favor, mantenham a compostura
senhores, temos famílias com crianças
aos arredores.
Júnior se desculpou com o guarda e
relaxou o corpo tenso, então voltou a se
sentar. Vivi fez o mesmo.
-Eu juro Pasha, se repetir essa maldita
história da marionete novamente, vai se
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arrepender.
-É uma aviso?
-Uma ameaça na verdade e não pense
que não vou cumprir.
Vivi estava chocada.
-Ameaça mulheres? O que isso implica
realmente, pretende me bater?
-Nunca me atreveria ou jamais tentaria,
mas poderia arriscar meu pescoço de
muitas outras formas para fechar essa
sua maldita boca.
-Não precisa se preocupar tenente, não
sou o tipo de fofoqueira que se gaba
com a desgraça dos outros.
Ele virou os olhos indignado. Essa
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pequena ordinária queria mesmo tirá-lo
do sério.
-Minha desgraça?
-Alguém que está tão envenenado de
amor por uma mulher que não o
corresponde não pode ser considerado
nada menos que desafortunado.
O queixo do homem caiu pasmado. O
quê? Ela estava com dó dele? Ah pelo
amor de Deus, isso já era demais.
-Engraçado, tem tantos adjetivos para
me classificar e sequer olha a si mesmo.
-O que quer dizer?
-Como chamaria alguém que baba em
cima do chefe igual criança cobiçando
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uma guloseima de vitrine? Alguém que
inventa mil desculpas para criar
situações sensuais em atos desesperados
para se fazer notar?
-Eu nunca fiz isso.
-Você faz isso o tempo todo. Me sinto
até constrangido com a maneira que me
come com os olhos no meu próprio
ambiente de trabalho.
A voz dele tinha um som de
incredulidade, como se ele não
acreditasse na audácia dela. A menina
ficou irada.
-Mas você é muito convencido mesmo.
-E você, apaixonadinha pelo convencido
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aqui.
-Pois saiba que eu tinha sim uma queda
por você, mas depois de ontem não
repetiria a dose nem por um milhão de
dólares. Foi uma decepção total.
-Não pareceu que estava decepcionada.
Estava molhada, quente e se
contorcendo embaixo de mim como uma
minhoca na chapa enquanto eu me
enterrava dentro do seu corpo e eu
apostaria o mesmo milhão de que não
perderia a próxima oportunidade por
nada.

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Ela arregalou os olhos e tentou arrumar
uma argumentação forte o suficiente para
desmoraliza-lo, mas não conseguiu.
Apenas balbuciou fracamente.
-Vai ficar pobre de marré se apostar.
-Quer pagar pra ver?
Ela se levantou e saiu e ele pediu outro
café. Estava tenso, irritado e muito
determinado em provar pra essa
lambretinha de gente que não era um
homem destruído por uma rejeição. Ela
e o departamento inteiro veriam com
seus próprios olhos.
__________ __________

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Por mais que tenha discutido e tentado
se impor, Vivi estava arrasada com a
forma que a conversa entre ela e o Savi
terminou. Não era pra ter sido assim.
Ele estava preocupado em tê-la
machucado, mas não tinha razão pra
isso, na verdade o sexo foi ótimo, mas
foi dureza ouvir o nome da Lily em seu
ouvido repetidamente. Ouvi-lo dizer o
quanto a amava e como sentia sua falta.
E depois a maneira em como ele a
mandou embora...bem, ninguém merece.
Ela tomou um comprimido para dor de
cabeça e tentou dormir. A segunda feira
ia ser um dia de cão.
__________ __________
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Dentro cozinha do departamento Mia


olhou de esguelha para sua amiga.
Estava abatida e chateada. Respirou
fundo e mesmo se arriscando a levar um
toco, como tinha acontecido pelo
telefone, arriscou uma conversa.
-Está péssima.
-Eu sei.
-Caramba Vivi, o que aconteceu? Estou
começando a me sentir culpada.
-E deveria mesmo.
-Sério? Foi tão ruim assim?
-Foi pior.

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-Ai minha santa protetora dos paus
pequenos.
Vivi teve que rir.
-Não foi esse o problema Mia. Alias
esse é o último dos problemas dele.

-Uia. Verdade?
-Sim.
-Então sofre de ejaculação precoce?
-Também não.
-Já sei. É um filho da puta egoísta que só
pensa em seu bel prazer e não a fez
gozar.
-Não, quer dizer...ele não é egoísta, não

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nesse aspecto.
-Então fez você gozar?
-Sim.
-Quantas vezes?
-Não acredito nisso Mia. Jesus.
-Então me conta. Sou sua melhor amiga.
Vivi olhou a sua volta e antes que
pudesse dizer alguma coisa, viu seu
chefe entrar no departamento, todo
imperativo e cheio de si. Se remexeu
incomodada. Mia se virou para ver o
que tinha perturbado a amiga e suspirou
descontente.
-O filho da mãe precisava ser tão
charmoso? Mas e ai?
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-Nem pensar que vou arriscar falar
qualquer coisa agora e ele ouvir. Nos
falamos mais tarde.
A manhã foi tensa. O tenente estava mais
sério que o habitual e somente depois do
almoço foi que pareceu relaxar um
pouco.
Estavam trabalhando em um caso de
investigação de um grupo de
sequestradores profissionais. Havia uma
super cautela e sigilo absoluto sobre as
informações porque desconfiava-se de
que havia policiais civis envolvidos
com o grupo. Assim todo final de tarde
era feito uma reunião confidencial para
apurar os avanços da equipe.
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Depois da pauta final, o grupo estava
mais tranquilo e Lion, um dos
investigadores mais experientes do
grupo, soltou uma gracinha no ouvido da
Pasha.
-Pegou o chefe finalmente hein.
Ela quase engasgou com a água e se
mostrou muito ultrajada com o
comentário.

-Não sei de onde tirou essa idéia.


-Ora, foram embora juntos. Ele
praticamente te arrastou pra fora do bar.
Junior ouviu o comentário e fingiu que
continuava a digitar em seu laptop. Que
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grande merda tudo isso. As vozes
estavam baixas, a sala era grande, mas
ainda assim dava para ouvir. E não
somente ele, todos os outros fingiam que
não, mas estavam escutando.
-Ele apenas me deu uma carona.
-Uma carona direto para a cama dele?
Os outros caras da equipe bufaram
divertidos e antes que a coisa se
estendesse e ficasse constrangedor, Savi
interveio, mas o fez de uma maneira bem
humorada para não criar conflitos. Se
levantou, fechou seu computador portátil
e sorriu olhando diretamente para a
investigadora no canto da sala.

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-Uma mulher pode sonhar.
Todo mundo riu alto e Vivi sentiu seu
rosto enrubescer. Maldito. Tinha dado a
impressão pra todo mundo que ele era o
sonho de consumo dela.
-Você é um imbecil Savi.
-Sou seu superior Pasha, modere suas
palavras ou posso te dar uma
advertência por escrito.
Ela abriu a boca para retrucar, mas seu
colega de trabalho a impediu
comentando baixinho.
-Não abusa. Ele é um chefe legal, mas
pode rachar como qualquer outro se se
sentir desrespeitado.
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Vivi engoliu as palavras e saiu da sala
soltando faíscas.
__________ __________
Júnior sorriu sozinho em sua sala se
lembrando da cara espantada da Pasha
quando ele se intrometeu na conversa
dos caras. Ela tinha dito que ele ficaria
um milhão de dólares mais pobre, não
é? O chamou de marionete,
desafortunado e ainda insinuou que sua
vida pessoal era uma desgraça. Pois
bem, sua fase “Que se dane...” tinha
começado naquele exato momento em
que ela o desafiou na aposta. Ela iria
ver quem era a maldita marionete e o
quão desgraçada uma vida pode se
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transformar quando a pessoa errada
cruzava seu caminho e se instalava bem
no meio da porra do seu coração.
Ela tinha acabado de encontrar a pessoa
errada da vida dela e uma merda se
quando sua brincadeira com ela
terminasse, a mulher não ia saber
exatamente como era ser uma marionete.
Vivi percebeu uma mudança na
atmosfera do trabalho. Os dias que
seguiram depois da segunda-feira foram
tão tranquilos que quase não parecia um
departamento de investigação federal.
O tenente se aproximou da sua mesa e se
sentou ao seu lado.

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-Pasha, olha esse caso em especial.
Ele abriu um dossiê e tirou uma folha de
dentro.
-Rastreamento de informações de
computadores.
-Não quaisquer computadores, mas
especificamente os de pessoas ligadas
aos sequestrados dos últimos dois anos.
Ela ajustou seu corpo e pegou os papéis
na mão.
-Esse dossiê não é nosso.
-É do departamento de tecnologia da
base. Foi arquivado porque não
precisaram mais das informações lá,
mas acredito que está relacionado ao
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que estamos procurando aqui.
-Como fez a conexão?
-Eu trabalhei nesse caso lá no BSS e
acabei me lembrando de alguns pontos.
-Uau. Isso vai alavancar nossa
investigação de uma maneira ímpar.
-Eu sei, mas antes de qualquer coisa
quero que cheque os dados Pasha.
Averigue tudo que puder e faça as
conexões que achar relevante.
-Mas, eu sou uma investigadora júnior.
O Max e o Lion são os sêniores.
-Acontece que eu quero te dar novas
oportunidades. Nunca vai deixar de ser
júnior se não tiver maior
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responsabilidade dentro dos casos.
O semblante dela se iluminou e o tenente
sorriu carismático. Ela agradeceu
eufórica.
-Não sabe como isso é importante pra
mim.
Ele se levantou.
-Mãos a obra, tampinha.
Desse dia em diante, se estabeleceu um
clima amistoso entre eles e o incidente
ocorrido estava quase esquecido.
Semanas depois, Júnior começou a
flertar discretamente com Vivi.
No início ela ficou um pouco receosa,
achou que estava imaginando coisas. Um
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sorriso mais aberto, olhares longos e
demorados quando estavam apenas os
dois na sala de reuniões.
A constatação de que sim, ele estava
flertando com ela, veio um dia na
cozinha do departamento. Mia e Vivi
estavam tomando café e fofocando sobre
a nova amante do chefe do setor de
operações táticas, que ficava ali no
mesmo prédio, quando Júnior entrou,
pegou sua xícara e encheu até a metade.
Ele se recostou no balcão e olhou pra
elas.
-Quais são as novas?
Mia franziu o cenho, curiosa.
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-Quer saber as fofocas dos
departamentos?
-Estão fofocando em serviço?
-Estamos tomando café.
-Sei.
Ele se aproximou de Vivi e disse em tom
de voz baixo.
-Não se mexa. Tem um cisco em seu
cílio que pode entrar no seu olho.
A menina ficou bem parada.
-Fecha os olhos devagar.
Ela obedeceu e ele delicadamente tirou
o que ele dizia que estava pendurado ali.
Depois desceu o dedo indicador pelo

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rosto dela e segurou a ponta degrade do
seu cabelo. Colocou parte da cabeleira
atrás da orelha dela e sorriu.
Depois saiu da cozinha sem olhar pra
trás.
Mia colocou sua xícara laconicamente
em cima da pia.
-O que foi isso?
Vivi estava desconcertada.
-Não faço idéia.
-Que porra de desculpa esfarrapada foi
essa? Nem minha sobrinha inventa essa
de cisco no olho.
A mulher riu alto e estava eufórica.

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-Ele está na sua Vivi.
-Não começa. Da última vez deu tudo
errado.
-Mas isso foi porque ele estava de
ressaca amorosa. Com certeza já
superou. Ah minha santinha dos casais
desengonçados, a coisa finalmente está
caminhando.
-Mia, pára com isso e eu não quero ser o
par desengonçado de ninguém.
-Sem desculpas Vivi. Eu vi com esses
olhos cor de mel que a Terra não há de
comer porque vou doá-los quando eu
morrer.
Vivi saiu da cozinha. Não queria mais
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complicações. Sua vida não era um mar
de rosas e ela já tinha tido o suficiente
sobre sair com chefes. Deveria aprender
com seus erros, é...por certo que
deveria.

Duas semanas mais tarde, Vivi, Max e


Lion estavam na rua atrás de informação
para os casos em que trabalhavam e
Júnior estava concentrado em um
relatório em particular quando alguém
bateu à porta.
Ele sorriu para a imagem da irmã com o
sobrinho que veio correndo em sua
direção.

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-Hei moleque.
Júnior ergueu o menino de quatro anos
no colo e beijou a bochecha rosada. A
irmã se aproximou também.
-Hey irmão.
-Sis.
Ela se sentou de frente com ele.
-Muito trabalho?
-Demais. Estou alternando entre a base e
aqui. Tá puxado.
-Vai chegar o dia que terá que escolher e
deixar um dos departamentos pra trás.
-Eu sei.
-Tem preferencia para algum deles?

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-Não sei. Eu gosto de estar aqui, mas é
bom estar na base também.
-Papai acha que você tem predileções
pela PF.
-Sério?
-Sim. Ele acredita que você gosta mais
de estar aqui entre os federais do que no
departamento de suporte da base.
-Eu não sei. Ser agente do BSS é um
ápice na vida de qualquer policial, mas
lá eu sinto como se fosse apenas mais
um e aqui não.

-Aqui você faz a diferença, comanda


uma equipe, é o chefe.
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-É isso.
Eles se encararam. Eram gêmeos e se
conheciam como a palma da mão um do
outro. Quando ela teve seus primeiros
problemas sérios no início do casamento
ele foi o primeiro a perceber o que nem
mesmo seus pais conseguiram ver. E
agora ela estava ali para averiguar como
ele estava.
-Estou bem Sis.
-Mesmo? Você anda muito sumido.
-Sim. Não vou dizer que estou feliz,
porque estaria mentindo, mas como eu
disse, não vou morrer por causa disso.
-Estou preocupada, Jú. Nossos pais
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também estão, mas não querem se
intrometer.
-Acho que passei tantos anos planejando
minha vida super feliz com a Lily que
não considerei o fato de que havia uma
porcentagem de chances disso não se
concretizar.
Ele deu de ombros e a irmã sorriu
tristemente. Por mais que tentasse
parecer indiferente, Júnior não
conseguiu deter sua curiosidade e
acabou perguntando.
-Você se encontrou com ela?
-Sim.
-Ela...
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-Perguntou de você e eu disse poucas e
boas pra ela.
-Discutiram?
-Não. Pode não acreditar, mas a
desgraçada não disse uma única palavra
para rebater minhas acusações.
-Do que você a acusou?
-De ter sido egoísta e manipuladora. Fez
você acreditar no amor dela, te enrolou
todos esses anos para depois engravidar
do ex em um projeto social na África?
Pra que ir tão longe para acabar tendo a
vida que você tão apaixonadamente
ofereceu pra ela bem aqui?
Júnior sentia seu maxilar tenso porque
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sua irmã tinha exatamente o mesmo
pensamento que ele.
-Não devia ter comprado a briga Duda.
São amigas.

-Não mais. Não a quero por perto e te


digo mais Jú. O tio Sam está uma fera
com ela e até a tia Chloe não consegue
esconder a decepção. Engravidar
daquele imbecil do Fred? Te trocar por
aquele babaca? Faça-me o favor. E toda
aquela conversa sobre ter foco e
dedicação profissional? Conversa fiada.
-Melhor deixar isso pra lá.
-Só espero que você possa encontrar
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alguém que vá te amar da maneira que
você merece.
Ela se levantou e veio até ele. Se curvou
e o abraçou por trás da cadeira. Thierry
batia nas teclas do computador e se
divertia com o monte de folhas que
estava em cima da mesa.
O menino quase derrubou o notebook do
tio no chão e os irmãos riram das
peripécias do pequeno.
-Ele está um serelepe.
-Igual ao pai dele.
-Vocês estão bem?
-Melhor impossível.
Ela sorriu feliz e ele ficou contente por
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ela. A porta se abriu e Vivi entrou
falando alguma coisa sem prestar
atenção que havia gente a mais na sala.
Parou de supetão assim que percebeu.
-Ops, me desculpe. Eu volto outra hora.
Eduarda se endireitou e sorriu.
-Nada disso, eu já estava de saída.
A irmã do tenente olhou cuidadosamente
para o rosto da menina a sua frente.
-Nossa, você me lembra alguém.
Vivi sorriu, tímida.
-Algumas pessoas acham que eu sou um
pouco parecida com a Avril Lavigne.
-Nossa, verdade...caramba, é isso

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mesmo. Você é a cara dela.
Elas sorriram e Júnior as apresentou.
-Pasha essa é a Duda, minha irmã
gêmea. Duda essa é uma das
investigadoras do departamento, Viviane
Pasha.
Elas se cumprimentaram e então
Eduarda pegou seu pequeno no colo.
-É seu filho?
-Sim. Diga olá para a senhorita Pasha,
Thierry.
-Olá sen-oi-ta Passa.
-Oh meu Deus, como ele é tão fofo.
Posso segurá-lo?

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Ela estendeu os braços e o menino pulou
para o colo da moça que o abraçou forte
e beijou sua cabeça.
-Eu adoro crianças.
Júnior olhou aquela cena e estreitou os
olhos. Parecia que a Pasha estava um
pouco emocionada. Eduarda se despediu
e a moça acenou para o garotinho que
balançou suas mãos gordinhas até
desaparecer porta a fora.
-Nunca me disse que tinha uma irmã
gêmea.
-Nunca me perguntou.
Eles conversaram sobre as novas
informações que ela tinha recolhido para
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o caso dos policiais envolvidos nos
sequestros e assim que terminou se
levantou da cadeira tencionando ir
embora.
Antes que saísse da sala Júnior a
interrompeu.
-Quer tomar alguma coisa depois do
expediente?
A moça olhou pra ele desconfiada.
-Não sei...
-Acho que deveríamos nos dar uma
segunda chance para tirar a péssima
impressão que deixamos na primeira.
-Está me convidando para uma bebida
ou para...
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-Uma bebida. Eu e você.
Ela pensou um pouco e ele se fez de
ofendido com a indecisão dela.
-Ah, esqueça Pasha. Nos vemos na
segunda-feira.
-Não. Quer dizer, porque não?
Ele sorriu sedutor e ela prendeu a
respiração. Como diria a Mia: “Ah
minha nossa senhora protetora dos
homens lindos e gostosos, rogai por nós,
pobres mortais.”

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Eles entraram em um pub sofisticado e
muito aconchegante. O tenente pediu
duas cervejas Heineken e eles se
sentaram em uma mesa.
-Me fala de você Pasha. Trabalhamos
juntos há um ano e percebi que quase
não sei nada sobre sua vida. Seus pais
são vivos? Tem irmãos?
-Todo mundo vivo. Tenho uma irmã mais
nova.
-Você pediu transferência para
Filadélfia, ficou apenas um ano lá e
voltou.
-É, não me adaptei.
Vivi tentou não parecer incomodada com
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o assunto como realmente estava. Sorriu
e mudou o tema. Falaram sobre o Brasil,
país natal dele, um pouco sobre a
infância dela e também sobre futebol. É
claro que ele era fanático, era brasileiro
afinal de contas, ainda que tivesse
nascido ali em Boston. Passaram horas
agradáveis na companhia um do outro e
ele ofereceu para leva-la embora.
-Não é realmente necessário. Eu pego
um táxi.
É claro que o rapaz não concordou e a
levou pra casa. Estacionou próximo à
calçada, desligou o carro, se virou pra
ela e tocou seu rosto pequeno. Vivi
ficou na expectativa. Não sabia se devia
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ou não deixar que ele a beijasse. Parecia
um pouco ridículo impor limitações
depois do sexo selvagem que tiveram no
início do mês, então quando a cabeça
dele baixou para se aproximar da dela,
apenas fechou os olhos e esperou.
O beijo dessa vez foi calmo e sensual.
Santo Deus dos casais enamorados, ele
tinha uma boca deliciosa e sabia
exatamente como usá-la. A mão dele a
puxou para mais perto e o beijo se
intensificou. Vivi colocou sua mão no
rosto dele e sentiu a pele macia sob sua
palma. Ele se afastou um pouco e
sussurrou roucamente.
-Me convida pra subir.
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-Eu não moro sozinha.
-Não tem um quarto só pra você?
-Tem uma criança na casa. Temos regras
sobre trazer visitas.
Ele se afastou curioso.
-Uma criança?
-Filha da minha amiga.
Ele balançou a cabeça em compreensão.
Então se endireitou ao volante, ligou o
carro e pegou o caminho da sua casa
sem nenhuma explicação.

Quando Vivi entrou na casa dele dessa


vez, havia um clima diferente entre eles.

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O tenente se aproximou dela e a tocou
gentilmente. Se beijaram novamente e
foram subindo para o quarto no andar de
cima. Ele acendeu a luz e a abraçou
carinhoso beijando seu pescoço e
prendendo o corpo dela ao seu de
maneira firme.
Vivi sentiu o membro entumecido na
base do seu estomago e o desejo
pareceu implodir de dentro para fora.
Ela ficou na ponta dos pés para se
pendurar no pescoço dele. Junior a
olhou de cima e sorriu.
-Nunca estive com uma mulher tão
pequena.

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Ela não queria pensar no tipo de mulher
que ele já tinha saído. Podia imaginar se
tirasse por base sua ex-noiva, embora
mesmo ela ficasse bem abaixo dos um e
noventa e dois dele.
O homem era grande em várias
proporções e ela se aconchegou mais a
ele porque adorava essa sensação de
proteção que os caras muito altos e
largos costumavam passar.
As roupas não foram tiradas com pressa,
como da última vez. Ele tomou um bom
tempo despindo cada peça que a cobria
e quando finalmente caíram nus na cama
ele explorou cada pequena parte que
compunha o corpo delicado da moça.
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Junior pensou que dessa vez, sem o
efeito do álcool e sem a fúria dos
acontecimentos recentes, podia sentir
melhor as sensações de estar com ela e
concluiu que a menina era uma coisinha
muito boa de se ter entre os braços.
Receptiva e desinibida, Pasha parecia
encantada de estar ali com ele. Faria
desse momento algo muito melhor do
que tinha sido a primeira vez. Era
diferente estar com uma mulher tão fora
dos padrões de que estava acostumado,
ainda assim, ela o acendia.
Sua boca tocou o mamilo rosado de bico
pontudo e levemente adocicado. As
mãos escorregaram pela cintura muito
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fina de pele sedosa e extremamente
branca. Seu pênis estremeceu e
endureceu ainda mais, se é que era
possível, quando sentiu o calor úmido
coberto por uma camada fina de pêlos
pubianos, mas ele resistiu. Ainda não.
Ele a provou com a boca, sugou seu
sexo, lambeu e experimentou seu sabor
sem pressa e então sentiu o corpo dela
se retesar em um orgasmo intenso
quando trabalhou seus dedos e sua
língua sob sua intimidade muito quente.
Era tão singela que não sabia como não
a tinha quebrado ao meio com a força
brutal do ato experimentado na primeira
vez.
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-Está muito molhada.

Ela respirava com dificuldade enquanto


as palavras dele iam aquecendo ainda
mais seu sangue já fervente.
-Gosto muito disso. Está pulsando sob
meus dedos e isso deixa meu pau ainda
mais duro.
Ela gemeu alto quando ele tirou a mão e
colocou seu membro dentro dela.
Junior fechou os olhos porque por Deus
que quase se derramou todo logo na
primeira investida que deu no corpo
dela. Queria prolongar o momento um
pouco mais e por isso se movimentou
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devagar, entrando e saindo lentamente
até que o tormento ficou insuportável e
ele então bombeou intensamente girando
seu quadril para que houvesse fricção
sob o clitóris dela e dessa forma ela
pudesse gozar novamente tão rápido
quanto ele precisasse que fosse, já que
sentia suas bolas reprimirem e
apertarem furiosamente anunciando a
chegada do seu prazer.
Assim que sentiu o pulsar do segundo
gozo dela, seus músculos tensionaram e
seu corpo sacudiu em deliciosos
espasmos que o fez soltar um grunhido
forte enquanto empurrava mais uma vez
para dentro dela.
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Aos poucos o casal foi relaxando e
voltando em suas condições normais.
Júnior foi até o banheiro e voltou
minutos depois, já recomposto. Ela
estava toda à vontade em sua cama e por
mais que tenha tentado, não conseguiu
não pensar em Lily. Ela quase sempre
adormecia imediatamente após fazerem
amor e ele adorava ficar olhando para o
rosto sereno e satisfeito enquanto a
segurava em seus braços. Lily tinha
sido a única mulher a compartilhar essa
cama com ele até agora e talvez por
isso, de repente não se sentiu a vontade
de ter outra pessoa ali.
Limpou a garganta para chamar a
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atenção pra si e ela sorriu preguiçosa.
Não queria ser grosso, mas não estava
preparado para ter alguém passando a
noite em sua cama, mesmo que o sexo
tenha sido incrível. Ele se aproximou e
se sentou na beirada da cama.
-Está cansada?
-Não. Quer dizer, um pouquinho...
Ela acariciou o rosto dele. O rapaz
pegou sua mão e beijou seus dedos. Em
seguida se levantou novamente, vestiu
sua calça e sua camisa e falou sem se
voltar para olhá-la.
-Vou te levar pra casa antes que fique
tarde.
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Vivi ergueu as sobrancelhas em nítida
surpresa. Era isso mesmo? Ele estava
gentilmente dando um pé na bunda dela
nem meia hora depois de terem transado
de maneira tão apaixonada?
Diante do silencio que seguiu, ele olhou
pra ela por sobre os ombros. Caramba,
será que teria que ser mais claro?
A menina deu um pulo da cama e buscou
por suas roupas espalhadas entre os
lençóis. O tenente a observou de rabo de
olho. Era um vulcãozinho em erupção.
Toda deliciosa em sua estatura mínima.
Ela enfiou o dedo entre as bochechas da
bunda e tirou a calcinha do vão. Os
seios empinados ainda desnudos
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chamaram a atenção para seu corpo
sedoso e quase que ele a empurra de
volta pra cama, mas não.
Se lembrou que aquela lambretinha de
gente tinha a língua afiada e o tinha
desmoralizado ao último com sua
opinião abestalhada sobre a vida
pessoal dele. Não falaram abertamente
sobre a tal aposta, mas ambos sabiam
quem tinha ganhado o primeiro round.
Foram em silencio no carro e dessa vez,
quando estacionou em frente ao
apartamento dela, não desligou o motor.
Ela sorriu um pouco sem jeito.
-Obrigado.

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-Bom fim de semana tampinha.
Ela apenas acenou e desceu. Entrou no
prédio e o olhou uma vez mais antes de
fechar a porta.
Junior voltou pra sua casa e encheu o
copo de uísque, sentou-se no sofá e
fechou os olhos. Pasha tinha sido uma
das melhoras transas da sua vida e sem
dúvida de que tinha valido a pena estar
com ela, mas o buraco no seu peito
ainda estava ali. Sua mente se voltou
para a imagem da ruiva fogosa e
apimentada, de gênio forte e opinião
decidida. Imaginou o corpo esbelto e
bem cuidado se arredondando com a
gestação e sentiu seu peito queimar.
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Tomou outra dose e mais outra e no
início da madrugada adormeceu bêbado
no chão da sala.
__________ __________
Mia arregalou os olhos.
-Filha de uma putinha trambiqueira, nem
me falou nada.
-Estou te falando.
-Quando foi?
-Sexta-feira.
-E já estamos no domingo. Podia ter me
ligado e me colocado à par. Ah santinha
poderosa dos amantes insaciáveis, me
dê os detalhes.

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-Ah Mia... – Vivi respirou fundo e sorriu
tímida. – Ele é um sonho.
-Pensei que tinha dito em algum
momento que havia sido o pior.
-Da primeira vez foi...desconfortável,
estávamos bêbados e ele tinha algum
ressentimento guardado à respeito da
Lily que bem...atrapalhou um pouco.
-Ainda a Lily?
-Parece que ele está tendo alguma
dificuldade em superar.
-Mas cacete, já se passaram meses.
-Eu sei.
-Não importa, me conta de sexta.

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Vivi compartilhou o ocorrido de uma
maneira geral, mas a Mia era a Mia e
não se absteve de perguntar os detalhes
mais sórdidos.
-Vivi, eu estou toda quente só de
imaginar aquele tamanho de homem em
cima de você. Sabe que é uma biscate
sortuda, não sabe?
-Não sou biscate.
-Eu sei, eu sei. Mas sinto necessidade
de te ofender porque estou te odiando
nesse exato momento.
Elas riram e Vivi voltou sua mente para
o homem lindo com quem tinha passado
a noite da sexta. E daí que ele não pediu
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pra ela ficar? Tudo bem que essa frase
era um eufemismo, ele na verdade não
deu a mínima chance dela escolher, mas
não se importava. Estava nas nuvens e
queria mais, queria tudo com ele.

Naquela semana as coisas ficaram


tensas no departamento. Houve a
constatação de que policiais civis
estavam de fato muito engajados dentro
do grupo de sequestradores de elite e as
provas foram alcançadas. A equipe de
investigação passou a trabalhar com o
pessoal do setor de operações táticas
para elaborar um plano de execução.

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Vivi e Júnior quase não tiveram tempo
para conversas pessoais porque a rotina
se intensificou muito, mas pequenos
gestos como trazer café um para o outro
e de ficarem sempre lado a lado nas
reuniões não passaram despercebidos à
equipe.
No início da tarde da sexta-feira, o
celular da Vivi tocou e ela pediu licença
para atender fora da sala. Minutos
depois a moça retornou à sala um pouco
pálida.
-Desculpe Savi, mas eu tenho que ir
embora.
-Está tudo bem?

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-Só tive um contratempo.
Ela foi juntando seus papéis e saiu
apressada. O tenente olhou para os
demais que deram de ombros sem
entender nada.
O sábado e o domingo foram lentos e
entediantes para o rapaz. A mãe ligou o
convidando para almoçar com eles, mas
ele não estava no humor para os olhares
de compaixão dos pais. Ficou em casa
assistindo DVD, trabalhando nos casos e
pensando, em Lily.
__________ __________
Na segunda-feira de manhã Mia bateu no
vidro da sala do tenente Savi e entrou
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logo em seguida.
-Bom dia. A Vivi não vem trabalhar
hoje.
O homem estreitou os olhos
desconfiados e bateu a ponta da caneta
na mesa.
-O que aconteceu?
-Problemas pessoais.
-E porque ela mesma não me ligou?
-Não sei.
-O que exatamente está acontecendo?
-Já disse. Problemas pessoais.
-Você me entendeu, mas vou esclarecer.
Quero saber se “pessoais” quer dizer

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família, doença, um possível namorado?
Mia suspirou.
-Desculpe Savi, mas é melhor perguntar
pra ela.
-Ela está bem?
-Acho que sim.
Ele concordou com a cabeça e Mia
deixou a sala. Savi pegou seu celular e
discou, mas a moça não atendeu, nem a
essa ou nenhuma outra das quatro
ligações que ele fez durante o dia.
__________ __________

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Vivi olhava para o vidro do hospital


infantil com expressão mortificada. Sua
irmã se aproximou.
-Ele vai melhorar. A médica disse que já
está reagindo bem.
-Tinham que ter me ligado quando ele
foi internado Megan. Se acontecesse
alguma coisa...
A moça abraçou a irmã carinhosamente.
-Desculpe, só não achávamos que seria
algo sério. Vai ficar tudo bem.
As duas irmãs ficaram ali olhando pela
janela a respiração aparentemente
tranquila do bebê. Mãe e tia
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preocupadas com o pequeno Jordan.
A médica veio até elas quase duas horas
depois.
-Ele respondeu muito bem ao
medicamento. Se passar bem por esta
noite receberá alta amanhã de manhã.
Não houve nenhuma sequela aparente.
As meninas concordaram abraçadas.
-Qual das duas é a mãe do nosso
Jordan?
Vivi se manifestou.
-Sou eu.
-Ele vai precisar de cuidados extras na
próxima semana e todas as pessoas que
tiveram contato com ele devem tomar
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um medicamento preventivo. A bactéria
é contagiosa. Devem ir pra casa agora.
Não há nada que possam fazer no
momento. Voltem pela manhã.
A médica estendeu a receita dos
remédios que ambas teriam que tomar e
as moças voltaram pra casa. Vivi ligou
para Mia e explicou a situação. Ela era
a única que sabia sobre Jordan e podia
ajuda-la nesse momento.
Na terça-feira pela manhã Vivi abraçou
seu menino com carinho e agradeceu a
Deus por estar levando-o para casa sem
nenhuma consequência grave. Uma
semana hospitalizado e ela há quatro
dias sem dormir.
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Voltaram para a casa da sua mãe onde
ele morava com sua família e ela se
recusou a ir embora antes de ter certeza
que seu bebê estava realmente fora de
perigo.
Somente na quarta-feira à noite foi que
retornou e na quinta-feira de manhã que
apareceu de volta ao departamento.
Mia havia ligado todos os dias e a
tranquilizado sobre o trabalho, mas ela
sabia que não conseguiria uma desculpa
boa o suficiente para explicar quatro
dias úteis de ausência.
Assim que chegou, seus colegas se
mostraram preocupados e ela deu a

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desculpa que seu pai tinha sofrido um
pequeno acidente. Parece que tinha
colado, mas quando o tenente Savi
entrou no departamento e a viu com os
demais na cozinha tomando o café, foi
rápido e direto.
-Na minha sala agora.
O pessoal olhou pra ela como que dando
um apoio mudo e ela engoliu o café
quente de um gole só. Seguiu seu chefe
que se instalou em seu escritório e pediu
que ela fechasse a porta. O rapaz
indicou a cadeira para que ela se
sentasse e se acomodou atrás da sua
mesa girando de um lado para o outro
enquanto a observava calado.
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Vivi achou que ele estava dando espaço
para ela se explicar e começou a falar.
-Desculpe por sair correndo de forma
tão inesperada e por me ausentar do
trabalho por todos esses dias. Meu pai
teve um acidente e minha mãe não sabe
lidar com imprevistos muito bem.
-Mesmo?
-Sim. Eu tive que ir até a cidade onde
eles moram e dar uma força.
-Em Manchester.
Ela olhou pra ele um pouco receosa.
-Sim, em Manchester.
-Ele está melhor?

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-Ah sim. Obrigado por perguntar.
-Que tipo de acidente?
-Nada muito grave, apenas uma
desatenção de um motorista alcoolizado,
mas que acabou causando uma pequena
contusão.
-Sei.
Ele colocou os cotovelos em cima da
mesa e olhou direto pra ela.
-O que eu não entendo é porque teve que
se ausentar por quatro dias para cuidar
do seu pai, que mesmo contundido, foi
trabalhar normalmente todos os dias
aparentemente sem nenhum problema.
Vivi empalideceu. Júnior se levantou e
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fechou as persianas dos vidros,
tencionando dar a eles maior
privacidade. Depois se virou pra ela.
-Como está seu filho?

Ela olhou pra ele com expressão


apavorada e permaneceu muda.
-Pasha, eu perguntei como está seu
menino?
-Melhor agora.
-E porque inferno ninguém dentro dessa
unidade sabe que tem uma criança de um
ano de idade? O que você esconde? Ou
melhor, a quem está protegendo?
A moça se levantou e estava tão nervosa
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que quase não conseguia falar.
-Como descobriu?
-Acha mesmo que trabalhando há cinco
anos no BSS e mais um ano dentro desse
departamento de investigação eu não
desconfiaria que havia algo muito
estranho acontecendo nesses dias em
que se ausentou e com todas as
desculpas esfarrapadas que a Mia tentou
me dar? Sou um agente especializado
Pasha, tenho faro, tenho instinto e muito
me preocupa saber que nenhum dos seus
colegas tenha reparado que esconde algo
tão importante na sua vida.
-Não falou com ninguém, não é?

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-Não, mas quero respostas e as quero
agora.
-É minha vida pessoal tenente, não tenho
que te dar satisfação.
-Então foi por isso que pediu
transferência para a Filadélfia. Para
transcorrer com a gravidez secretamente
e longe daqui. Porquê?
-Já disse que é assunto meu e não tinha o
direito de levantar a minha vida dessa
forma. Ultrapassou um limite pessoal
muito delicado Savi e sabe disso.
Ele respirou fundo. Colocou as mãos na
cintura pensativo e depois se aproximou
dela.
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-Não usei as informações para fins
pessoais e tenho o direito de averiguar
qualquer suspeita que recaia sobre
algum membro da minha equipe.
-Está suspeitando de mim?
-Quer me convencer que o fato de
esconder um filho de todas as pessoas
que fazem parte do seu ciclo
profissional e social não tem a ver com
esse departamento?
Ela ficou muda e ele soube que sim,
tinha alguma coisa errada ali dentro. Já
tinha sido alertado sobre isso pelo
superintendente da policia federal, mas
nunca imaginou que teria alguém da sua

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confiança envolvido.
Quando procuraram o comandante
Meyer e pediu que ele infiltrasse alguém
no departamento de investigação para
averiguar com maior cautela a ligação
de profissionais da polícia civil com
coisas ilícitas de maneira sigilosa,
também cogitaram a possibilidade da
rede ser mais extensa do que se
imaginava a princípio, mas nunca ele
pensou que a garotinha mignon, de
rostinho doce e delicado pudesse ser o
fio da meada.
Precisava ter cautela ou ela destruiria
todas suas possibilidades de chegar ao
traidor ali dentro.
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-Pasha?
-Eu juro Savi, não tenho nada além de
motivos muito pessoais para ocultar
esse detalhe da minha vida.
-Quem é o pai do Jordan? Porque não há
registros sobre ele?
-Não acredito, sabe até o nome do meu
filho.
-Sei mais do que imagina e vou chegar
as respostas de qualquer forma,
então...porque não relaxa e me diz o que
eu quero saber.
Ela concordou e fez conforme lhe foi
dito.
-Realmente não há nada de tão
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misterioso a não ser pelo fato de que o
pai do Jordan é alguém que já tem
família e não quer ser exposto.
-Entendo. É alguém importante aqui
dentro?
-Não daqui exatamente.
-Se envolveu com um homem casado
que não assumiu seu filho. Até ai tudo
bem, mas porque todo esse sigilo sobre
a existência dele?
-Vou mesmo precisar detalhar cada
particularidade da minha vida?
-Só preciso ter certeza de que isso nada
tem a ver com nossas operações aqui
Pasha.
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Ela se levantou e agora estava brava.
-Ele é casado com alguém que sabe
muito sobre tudo. Sobre as operações.
Enfim... Alguém que eu não faço idéia
de quem seja descobriu sobre nós e fez
chantagem com ele. Eu realmente não
intencionei causar toda essa confusão e
jamais seria o motivo da destruição de
um lar. Quando descobri que estava
grávida, pedi transferência e só voltei
porque fui obrigada, mas assim que for
efetivada como uma investigadora
sênior e puder escolher meu próprio
local de trabalho, vou embora daqui
para poder cuidar do meu filho e ser
feliz com ele.
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-Está me dizendo que o cara nem sabe
que tem outro filho?
-Não.
-Está louca? Não fez essa criança
sozinha.
-Mas vou cria-la sozinha.
-Quem é ele?
-Não é da sua conta e eu juro Savi que
se colocar o dedo na minha vida
pessoal, vai se arrepender.
O tenente Savi viu toda a determinação
de alguém que sabia o que estava
dizendo, mas não se intimidou. Era mais
do que isso e ele iria descobrir.
-Não vou me meter na vida particular de
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ninguém. Se isso for tudo então nossa
conversa termina aqui.
Ela concordou e respirou fundo antes de
falar.
-Olha Savi eu não posso...não quero que
ninguém saiba, por favor.
-Não sou uma maldita maria-fofoqueira.
-Obrigado.

Assim que ela saiu, o tenente Savi ligou


para seus colegas da base e pediu um
relatório completo sobre a vida da
investigadora Viviane Pasha. Precisava
ter uma pista de quem era o pai do
pequeno Jordan porque alguma coisa lhe
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dizia que essa história não era apenas
um detalhe pessoal da vida da moça.
Sua mãe ligou à noite e exigiu que ele
estivesse no jantar de aniversário do seu
cunhado que seria no próximo sábado.
Jesus Cristo, será que seus pais não
conseguiam compreender que ele não
estava no humor para reuniões
familiares?
Já tinha decidido que não iria quando na
sexta-feira à noite seu pai tocou a
campainha da sua casa.
Ele estava sozinho, o que significava
que era uma conversa de homem pra
homem.

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O rapaz pegou duas cervejas na
geladeira e eles começaram a falar
sobre futebol. Assim como ele, seu pai
tinha seu time brasileiro de coração e
acompanhava via satélite os
campeonatos do Brasil.
Júnior chamou pizza e eles comeram
enquanto assistiam a um jogo de
baseball no canal de esportes.
Contrariando suas expectativas ele não
tocou no assunto “Lily” conforme achou
que faria.
No final da noite o homem se despediu e
deixou o filho ali pensativo sobre uma
mensagem muda de força e
companheirismo. Esse era seu pai,
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sempre fazendo a coisa certa nos
momentos mais inesperados.

No sábado à tarde ele ligou para Vivi,


ele pensou que seria bom aparecer com
uma companhia feminina na reunião de
família. Acalmaria os ânimos das
pessoas que esperavam ver nele alguém
que estava definhando em sua dor.
-Hei Savi.
O rapaz ouviu o choro de uma criança.
-Pasha? Está em Manchester?
-Sim, vim ver meu filho.
-E ele está bem?

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-Um pouco choroso, mas recuperado.
-Isso é bom. Ah...eu queria dizer que se
precisar de alguma coisa...
-Obrigado.
O rapaz desligou e suspirou
desanimado. Teria que ir ao jantar
sozinho mesmo. Que merda.

Apesar de não estar disposto a ir, Júnior


fez o papel de bom samaritano e
apareceu na pequena reunião. Sua mãe o
beijou várias vezes e sua irmã estava
cheia de cuidados com ele. Aquilo o
irritou um pouco, mas ele manteve a
compostura. Seu cunhado Antonino já
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tinha sido um dia seu melhor amigo, mas
os problemas com sua irmã no início de
casados tinham afastado um do outro
consideravelmente. Ainda agora que ele
se mostrava o marido mais apaixonado
do mundo, não era mais a mesma coisa.
Apollo, o francês amigo da Duda e que
era praticamente da família, estava
grudado na sua noiva Kimi e de repente
parecia que só havia casais nessa
porcaria de festa.
Ele saiu para um canto isolado da área
gourmet da casa da irmã e ficou
pensando que assim que terminasse sua
participação na investigação da PF iria
sair de férias. Precisava espairecer.
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-Hei campeão.
Ele reconheceu a voz de Sam, o pai da
Lily e a última pessoa que gostaria de
bater um papo agora. Se virou para
cumprimentar o homem que também
tinha sido seu treinador nos negócios de
tecnologia da base.
-Hei Sam.
-Tem um minuto?
-Claro que sim.
-Só queria deixar esclarecido que sinto
muito por toda essa confusão que a Lily
se meteu.
-Sem problemas.
-Ela está mal. Acredite, eu não sei que
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merda toda foi essa, mas...ela não está
feliz.
-Desculpa Sam, mas não é mais da
minha conta.
-Eu sei, mesmo assim eu queria que
soubesse que se dependesse de mim, as
coisas teriam sido diferentes.
Os homens se encararam e Júnior falou
baixo.
-Infelizmente, sobre tudo que envolveu a
minha vida com a da Lily, as decisões
nunca estiveram na minha mão ou na sua.
Chloe, a mãe da Lily, chegou perto dos
homens, deu um beijo na bochecha do
Júnior e sorriu triste, mas não disse
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nada. O casal entrou e deixou o rapaz
ali, mas uma vez sentindo que havia,
mais do que nunca, uma cratera aberta
em seu peito.

No domingo, Júnior acordou tarde. Deu


uma olhada na geladeira e ficou
desanimado de preparar uma refeição.
Se trocou rapidamente e foi almoçar no
shopping.
Entrou em uma livraria querendo
comprar alguma coisa para seu sobrinho
que era fã do homem aranha. Viu um
livro diferente, feito de plástico para
entreter crianças enquanto tomavam

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banho. Ele comprou dois exemplares e
seguiu o corredor rumo à praça de
alimentação.
Dizem que um olhar, quando é muito
intenso, pode chamar a atenção de uma
pessoa, ainda que ela não esteja olhando
naquela direção. Foi bem assim que
aconteceu.
Júnior estava distraído, olhando nada
em especial quando sua cabeça se virou
para o local exato onde Lily o
observava. Os passos diminuíram
lentamente até que ele se viu parando.
Estavam em lados opostos do corredor,
mas na mesma direção. Os olhos dele
baixaram para a barriga ainda reta dela.
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Mesmo de longe ele viu que ela prendeu
a respiração com o gesto tão intuitivo
dele.
Eles se encararam por alguns segundos e
então Fred apareceu ao lado dela vindo
de algum lugar. A rapaz passou o braço
pelo ombro da moça e então o encanto
se quebrou. Júnior voltou a andar e
seguiu em frente.
Quando teve certeza que estava fora do
alcance de visão dela, saiu do shopping
e foi embora. Tinha perdido a fome e
seu coração estava tão disparado que
parecia sufocar a garganta.
Enquanto dirigia, sua mente se voltava

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para a imagem dela. Linda. Alta, magra,
ruiva. A saudade era tanta que ele jurou
que podia sentir o cheiro dela. Aspirou
o ar com força e apertou as mãos no
volante. Será que nunca ia se livrar
desse sentimento infernal?
A tarde foi lenta e cheia de amargor. O
tenente se sentia sufocado e parecia um
tigre enjaulado dentro da sua própria
casa. Ele pegou as chaves do carro e
saiu sem rumo. Quando parou, não sabia
bem porque estava ali, mas era o único
lugar onde queria estar.
Ele pegou o celular e discou.
-Hei Savi.

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-Está em casa?
-Sim. Acabei de chegar.
-Pode descer um minuto?
-Está aqui?
-Sim.
Ela desligou e desceu tão depressa que
o surpreendeu. Ele estava encostado no
carro. As pernas cruzadas uma na outra
e os braços sobre o peito pareciam
tensos.
-Está tudo bem?
O homem a puxou para ele e a esmagou
em um abraço de urso. Beijou a cabeça
dela e acariciou o rosto de pele macia.

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-Trouxe um presente para o Jordan.
A moça arregalou os olhos surpresa e
sorriu pra ele se aconchegando ainda
mais entre seus braços.
-Porque fez isso?
Ele deu de ombros.
-Eu me lembrei dele quando estava na
livraria hoje à tarde.
-Estava pensando no meu filho?
A voz terna, o olhar quente e a
receptividade tão apaixonada dela era
do que ele precisava naquele momento.
As mãos pequenas dela subiram pelo
tórax musculoso e então ela se esticou
para alcançar a boca.
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Ele deixou que ela o beijasse e
correspondeu a língua ousada que
invadiu sua boca por inteiro. Os lábios
eram macios e a forma dela beijar, longa
e demoradamente, acalmou seu coração
aflito.
O homem se deu conta de que naquela
noite precisava dela o abraçando,
fazendo amor com ele para manter a
imagem da Lily num canto escuro e
esquecido da sua mente.
-Preciso de você Pasha, vem pra minha
casa comigo.
-Você está bem? Parece tenso.
-Só preciso estar dentro de você, sentir
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o calor do seu corpo ...
As palavras dele, tão estupidamente
honestas, despertaram a libido dela.
-Me dá um minuto pra pegar meu
celular.
-Pegue uma troca de roupa também.
-Quer que eu durma na sua casa?
-Te quero a noite toda ao meu lado.
Ela concordou sorrindo e subiu
correndo. Não queria saber o que tinha
dado nele, só queria satisfazer suas
vontades e sentir todas as sensações
maravilhosas que ele despertava nela.
Dentro do carro ela folheou o livro de
plástico que ele tinha comprado para o
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Jordan. Podia ser inflado e usado como
bolas coloridas com letras em alto
relevo. Era lindo.
-Ele vai se divertir com isso.
-Viaja todo o fim de semana para
Manchester?
-Quase todos. Sinto muita falta de estar
com ele.
-Porque não contrata uma babá e o
mantem com você?
-Porque é muito caro. A relação custo-
benefício não compensaria. Não tenho
condições pra isso ainda.
-Deve ser difícil pra você ficar longe.
-Muito.
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A voz dela estava um pouco emocionada
e ele não quis prosseguir com a
conversa para não chateá-la, por isso
mudou de assunto.
-Está com fome?
-Na verdade não, mas posso ficar mais
tarde.
Ele sorriu malicioso e pousou sua mão
na perna dela acariciando a pele macia
por baixo do tecido da saia.

__________ __________
Vivi sentia as estocadas furiosas dentro
de si e embora essa fosse apenas a
terceira vez que estavam transando, ela
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sabia com certeza quem estava nos
pensamentos dele e não era ela.
Alguma coisa tinha acontecido no
decorrer do fim de semana que
atormentou a mente do homem e era essa
a forma que ele encontrou de colocar a
raiva pra fora.
Quando terminaram ela ficou olhando o
teto e pensando. Não era agradável ser o
descarrego de frustação de um coração
partido, mas por mais estranho que
pudesse parecer, ela o compreendia.
Já esteve na posição de amar
desesperadamente a pessoa errada e
sabia qual era a sensação. Ela sofreu

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muito e teve momentos em que pensou
que ia enlouquecer, por isso tinha a
idéia exata de como ele estava se
sentindo.
Como da outra vez, ele se levantou
rapidamente e se enfiou no banheiro.
Assim que ele saísse de lá, seria um
momento crucial e ela precisava se
posicionar sobre isso. Há tempos tinha
uma queda por ele, uma paixonite que
estava crescendo rapidamente em seu
peito. Ele estava perdido de amor por
alguém que claramente não podia ter ou
não o queria. Talvez eles encontrassem
um meio termo e a coisa pudesse
funcionar de maneira que agradaria a
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ambos.
O rapaz saiu do banheiro com uma
expressão de culpa. Olhou pra ela com
arrependimento óbvio e abriu a boca pra
falar, mas ela fez sinal de silencio.
Sentou-se na cama sobre seus
calcanhares e estendeu a mão pra ele.
-Vem cá.
Ele hesitou por um momento, mas
caminhou até ela, enlaçou sua mão e se
sentou.
Ela envolveu o rosto dele com a mão
livre.
-Não sei o que aconteceu, mas
acredite...eu sei exatamente como se
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sente.
-Pasha, eu...
A menina colocou um dedo na boca dele
e o calou. Depois o beijou com
delicadeza.
-Agora, faça amor comigo. A sua Pasha.
Só você e eu.
Ele a deitou com suavidade entre os
travesseiros e acariciou o corpo
excitado. Ela não tinha gozado. Em sua
ânsia para descarregar sua tensão, nem
se deu conta de como tinha sido egoísta.
Júnior cobriu o corpo pequeno e
delicado com o seu e não precisou de
muito para estar novamente duro e cheio
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de tesão por ela.
Dessa vez ele a amou como ela merecia
ser amada. Beijou seu corpo inteiro e
quase a levou a loucura quando chupou
seu sexo enquanto acariciava e
estimulava os bicos dos seus seios com
as mãos grandes e macias.
Depois a tomou com cuidado e gentileza
e deixou que o ritmo do seu membro
entrando e saindo dela a levasse ao
ápice do prazer.
-Você gosta assim?
-Gosto...gosto muito.
A voz dela denunciou seu segundo
orgasmo e ele sorriu satisfeito. Virou de
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costas trazendo-a para cima de si e
então ela estava cavalgando-o e
empalando seu membro com fome sexual
que o deixou maravilhado. Ela era
incrível na cama e ele estava mais que
disposto a dar a ela todo o prazer que
não tinha dado na primeira transa.
Quando ela desabou exausta em cima
dele, o rapaz a segurou com carinho e
deslizou as mãos pelas suas costas nuas.
Depois sussurrou acariciando os
cabelos louros e sedosos.
-Obrigado.
Ela levantou a cabeça um pouco para
poder olhar nos olhos dele.

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-Obrigado também.

Mais tarde eles desceram para preparar


algo pra comerem. Júnior ligou o rádio e
ficou observando a mocinha de lingerie
preparando sanduíches na sua cozinha.
-Eu posso me acostumar em te ver assim
tão a vontade pela casa.
Ela riu gostoso e entrou no ritmo da
música. Júnior se encostou no batente,
de braços cruzados e riu da performance
dela.
-Você está imitando as backing vocals?
-São as melhores. Adoro aquelas
boconas que elas fazem com aqueles
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passinhos ensaiados, estalando os dedos
assim.
Então ela virou os lábios em uma
imitação engraçada de uma boca ainda
mais carnuda do que a dela, começou a
mexer o pescoço no melhor estilo
dançarina do ventre e deixou seu corpo
balançar pra frente e pra trás enquanto
estalava os dedos e esgoelava um R&B
ao estilo Beyoncé.
A cena era cômica e Júnior jogou a
cabeça pra trás e riu com vontade. Ela
continuou e girou pra cá e pra lá
balançando a bunda pequena e muito
redonda e de repente ele se sentiu muito
relaxado e quase feliz de verdade.
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Já na mesa ele quis saber sobre o


Jordan.
-Não há muito para contar. Ele é apenas
um bebê. Um bebê lindo e muito fofo.
Ela sorriu com a lembrança e ele ficou
observando o rosto delicado que jamais
denunciaria a ninguém que ela já era
mãe.
-Ele se parece com você?
-Ah sim. Quer ver?
-Claro.
Vivi mexeu em seu celular e abriu uma
foto do filho. Estendeu o aparelho para
ele ver. Júnior sorriu para a imagem da
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criança muito loira e de bochechas
rosadas e gorduchas.
-Ele é mesmo lindo.
-Não é?
-Se parece com você. Quer dizer, não
faço idéia de como é o pai dele, mas
deve ter herdado muito pouco do lado
paterno já que é a sua cara.
Ela não disse nada e ele deslizou o dedo
no tela para ver a próxima foto. Dessa
vez, mãe e filho estavam abraçados de
uma maneira muito espontânea. Júnior
reparou que ela tinha um sorriso lindo e
parecia muito feliz com seu bebê nos
braços.
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Ele continuou a olhar as fotos e Vivi foi
explicando quem eram as pessoas e
onde estavam. A noite adentrou a
madrugada e eles foram dormir bem
tarde.

Vivi acordou primeiro. Júnior estava


todo descuidado em seu sono profundo.
Era ainda muito cedo e ela ficou
observando-o dormir. As mãos para
cima próximos da cabeça que estava
afundada no travesseiro macio e o fazia
parecer extremamente frágil.
Cada poro do seu corpo bem formado
indicava um homem muito másculo e

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viril, mas profundamente machucado
pelo amor. Não era uma contrariedade
irônica um único sentimento causar
felicidade e dor ao mesmo tempo? Não
deveria ser o amor uma plenitude
altruísta com o poder de revigorar a
vida humana?
A menina suspirou sozinha e pensou que
talvez Deus tivesse deixado o amor
como algo a ser trabalhado e lapidado e
não apenas sentido e desfrutado. As
pessoas deveriam se permitir amar e
deixar de amar quando isso já não lhes
fizesse bem.
O amor estava destruindo aquele homem
ao seu lado de uma forma tão voraz que
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já estava visível em seu semblante, nas
suas atitudes.
De repente Vivi sentiu que queria fazer
algo por ele. Não podia mudar os
acontecimentos ou força-lo a se
apaixonar por ela, mas podia tornar seus
dias melhores, mais felizes e menos
solitários.
__________ __________
Júnior acordou com o cheiro de café
fresco. Passou as mãos pelo rosto
tentando se situar. Pasha devia ter
preparado o café da manhã. Ele pensou
um pouco e se preocupou em como ela
estava enxergando esses encontros.

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Sabia que ela nutria algum sentimento
por ele, todo mundo sabia, e não queria
magoá-la, mas não retribuía da mesma
forma então precisava ser honesto e
esclarecer os fatos.
Se trocou e desceu para a cozinha. Ela
já estava vestida e arrumada para o
trabalho e tinha uma mesa farta de café
da manha preparada.
-Bom dia Pasha.
A menina se virou sorrindo.
-Hei Savi.
Ele olhou a arrumação bonita e pensou
em como iria tocar no assunto com ela.
Vivi observou a hesitação dele e o
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abraçou.
-É apenas um café-da-manhã.
Ele sorriu e relaxou e então eles se
sentaram para comer.
-Posso pegar um táxi para o trabalho.
-Porque faria isso se estamos indo para
o mesmo lugar?
-Sei lá. Se nos virem juntos vai haver
fofoca.
Júnior riu da preocupação dela.
-Não sabe mesmo?
-O quê?
-As pessoas já fofocam sobre nós, então
não seria nenhuma novidade.

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-Verdade?
-Sim. A Mia nunca te falou?
-Ela me disse, mas não sei o porquê, não
acreditei.
A expressão da Vivi era de horror. Então
era verdade. Todo mundo sabia como
ela se sentia sobre ele. Jesus Cristo de
todos os imbecis fofoqueiros, como ia
lidar com isso agora?
Júnior riu da maneira como ela reagiu.
Cruzou os braços sobre a mesa e
aproveitou a oportunidade para
esclarecer os fatos.
-Está tudo bem Pasha. Só não quero que
fantasie as coisas, entende? Que leve
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essa nossa convivência a um estágio
acima do que realmente temos.
Ela concordou, mas decidiu tentar um
caminho novo.
-E o que nós temos Savi?
O homem pensou um pouco e depois deu
de ombros mostrando a mesa e a eles
próprios.
-Isso. Ficamos juntos quando queremos
ficar, temos nossas vidas sem
invadirmos o espaço um do outro.
-Você invadiu o meu espaço quando me
investigou.
-Isso foi um situação isolada e sobre
trabalho.
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-Ok, de qualquer forma esse não é o
ponto aqui. O que eu quero te dizer é
que posso ver que está em uma fase
difícil e parece estar com dificuldades
para superar. Eu não sei bem o que
acontece, mas presumo que seja algo
envolvendo sua ex-noiva.
-Eu realmente não quero discutir isso
com você.
-Não é minha intenção, mas também não
quero me colocar na posição de “step do
amor mal resolvido”.
Júnior se remexeu incomodado.
-Não posso e não quero um novo
relacionamento agora Pasha.
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-Não pode, não quer ou não se sente
preparado?
-É tudo a mesma coisa pra mim.
-Eu gostaria de tentar Savi.
Uma tensão recaiu sobre ele e o rapaz se
levantou recolhendo os pratos. Colocou
a louça na máquina e se encostou na pia
olhando para o moça que o observava.
Depois sorriu e por fim riu alto. Vivi
não entendeu nada.
-O que foi?
-Está me pedindo em namoro senhorita
Pasha?
A menina ficou vermelha, depois acabou
rindo também.
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-Caramba, acho que eu estou. Me
desculpe.
Júnior balançou a cabeça divertido, mas
também aliviado por poderem rir dessa
situação inusitada. Vivi parou de frente
com ele, mas manteve uma distancia,
evitando tocá-lo.
-Eu estou sozinha e você precisando
desesperadamente de companhia. Eu
estou a fim e você gosta de transar
comigo. Você conhece meu segredo e eu
sei exatamente onde estou entrando. Não
espero que se apaixone por mim do dia
para a noite, mas seria bom ter um corpo
quente pra me aquecer nas noites frias e
poder falar do meu filho abertamente.
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Talvez você possa tirar algum proveito
disso se deixar a coisa ir simplesmente.
Então, quer me namorar?
Ele a fitou profundamente. A boca dela
esboçava um sorriso um pouco sem-
vergonha, um pouco sedutor que ele já
adorava, mas não queria arriscar o
pouco que tinham.
-Veja bem, não me preocupo comigo.
Você é bonita, engraçada e uma ótima
companhia, mas não posso enviar um
SMS para o meu coração dizendo quem
ele deve amar ou não. E no final de tudo,
você poderá sair magoada.
Ele estendeu a mão e acariciou o rosto

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dela. Vivi tocou a mão dele com a sua.
-Tudo bem. Só quero que saiba que
estou aqui, caso mude de idéia.
Ele concordou e ambos seguiram para o
trabalho falando da investigação e dos
pontos a serem alcançados para finalizar
o trabalho no tempo esperado.
__________ __________
Mia arregalou os olhos quando os viu
entrar juntos e um ou outro olhou o casal
de soslaio. Lion, seu parceiro de
trabalho mais próximo, sorriu malicioso
e deu uma piscadela do tipo “eu-sei-o-
que-vocês-fizeram-na-noite-passada”.
A amiga da investigadora não foi tão
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discreta. Foi logo puxando a menina
para a cozinha.
-Minha nossa senhora dos casos
perdidos e dos amores recentes, então é
oficial?
-Não. Estamos ficando, mas isso você já
sabia.
-Mas ele foi te buscar em casa??? Isso é
um passo muito a frente de apenas ficar.
-Não. Eu dormi na casa dele.
-Cre.Ti.Na. Está escondendo o ouro de
mim?
-Não Mia. É apenas isso. A gente tá
caminhando. Devagar. No passo da
tartaruga manca, para ser mais precisa.
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Mia riu e abraçou a amiga.
-Sabe que foi a tal tartaruga que ganhou
a corrida, não sabe?
Elas se olharam e riram.
__________ __________

O tenente trabalhou muito a semana toda.


Estava montando o quebra-cabeça com o
que os investigadores tinham relatado
nos dossiês. Fez muitas ligações, e
construiu um gráfico na parede do seu
escritório com alguns nomes suspeitos.
Almoçou com um dos colegas do
departamento de tecnologia da base que
havia lhe trazido o levantamento sobre a
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vida da Pasha. Voltou a tarde para o
departamento e buscou nos arquivos
alguns fatos indicados nos relatórios.
Foi uma semana cheia, o que foi bom já
que ele tinha evitado pensar no ocorrido
na manhã da segunda-feira na cozinha da
sua casa, embora agora a conversa entre
eles estivesse definitivamente em sua
cabeça.
Recostou-se na confortável cadeira
giratória e repassou a proposta da Pasha
em sua mente. A moça estava se
tornando sua opção mais propensa nos
dias de angústia ou quando mais se
sentia sozinho e sem rumo.

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Era agradável e muito, muito boa na
cama. O que mais precisava no
momento? A porra do seu coração era
um órgão estúpido e completamente
burro. Talvez fosse a hora dele tomar as
rédeas dos seus sentimentos e escolher
com a razão. Pasha era uma boa escolha
e alguém que ele podia aprender a
gostar de verdade. Ela estava ciente de
que ele não a amava e possivelmente
nunca o faria, mas podiam ser bons um
para o outro.
Tinha uma reunião com sua equipe na
quinta-feira e se preparou para isso. Na
hora certa, os investigadores entraram
na sala trazendo suas conclusões. Vivi
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também entrou e foi muito profissional.
Ele mostrou seu gráfico e apontou as
diretrizes do caso. Discutiram as novas
providencias e coisas afins até que
finalmente a reunião chegou ao fim.
-Ok, pessoal. Isso é tudo. Se não se
importam, eu tenho que falar com a
minha namorada e gostaria de fazê-lo a
sós.
Max olhou para a porta, mas não viu
ninguém.
-Não tem ninguém te esperando ali fora.
-É óbvio que não. Ela está sentada ao
seu lado.
Todos os que estavam na sala olharam
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de um para outro com bastante surpresa.
Vivi tinha os olhos arregalados e a boca
aberta em total descrença.
Júnior se divertiu com a reação da sua
equipe. Lion pirralheou com a amiga.
-E o sonho se tornou realidade.
Houve um murmúrio de tira-sarros e os
caras se apressaram em sair da sala.
Vivi se levantou e não sabia bem como
proceder. Namorada? Quando ele tinha
decidido isso?
-Parece um pouco surpresa.
-E estou.
-Bom, eu raciocinei sobre tudo. Fizemos
uma aposta e eu ganhei, mas isso não me
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trouxe nada de concreto. Então agora
que fez uma proposta real, eu decidi
aceitar. Afinal não é todo dia que uma
mulher bonita te pede em namoro.
Ele sorriu e parecia tão certo do que
estava fazendo que ela se derreteu por
dentro.
-Bom, já que eu estou um milhão de
dólares mais pobre, você vai ter que
pagar o jantar.
-Não parece triste por estar na miséria.
-O que eu ganhei, vale muito mais que
isso.
__________ __________
Quando chegou em casa naquela noite,
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depois do jantar, Júnior abriu a pasta
com tudo que o pessoal da base levantou
sobre Viviane Pasha.
Tinha vinte e quatro anos. A família era
de Boston mesmo, mas tinham se
mudado para Manchester há quatro anos
devido ao emprego do pai. Sua única
irmã era mais jovem que ela, estava na
universidade e namorava o mesmo rapaz
há quase três anos. Uma típica família
americana.
Vivi tinha tido alguns namorados ao
longo da sua vida. O departamento de
informação anexou um laudo completo
de cada um deles e nenhum era da área
policial ou levantava a menor suspeita,
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mas uma coisa lhe chamou a atenção.
A transferência para a Filadélfia tinha
sido somente no papel e constava apenas
nos arquivos do RH da polícia federal
de Boston. Ela não trabalhou nem um
dia dentro do departamento da cidade da
Filadélfia e não havia indícios de que
receberam sequer um pedido formal.
Foi uma informação plantada.
A moça era uma funcionária júnior o que
não lhe dava o direito de afastamento
remunerado a não ser por causas
médicas. Uma gravidez devidamente
comunicada teria lhe dado todos os
direitos legais, mas como ele bem sabia,
não era o caso dela, uma vez que
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escondeu a gestação. Então a
transferência se explicava porque era o
único meio de permanecer legalmente na
folha de pagamento de outra unidade.
Entretanto o nome dela não constava nos
relatórios de caixa da unidade da
Filadélfia o que deixava claro o fato de
que ela não atuava dentro desse local,
era fácil deduzir que ou ela ficou todo
esse tempo sem salário, ou ela tinha sido
incluída em um caixa dois.
Júnior pensou um pouco. Alguém teve a
preocupação de “sumir” com a
investigadora das vistas de olhos
alheios. Ela não foi transferida, apenas
deixou de trabalhar ali. Provavelmente
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tinha ficado esse um ano na casa dos
pais, mas porque providências tão
elaboradas para esconder uma gravidez?
As razões podiam ser pessoais, mas
parecia para ele que era como se ela
estivesse fugindo de alguém.
Ele virou outras páginas e outra
informação muito curiosa. A
investigadora não havia sido transferida
de volta para a unidade de Boston. O
nome dela não estava na lista dos
funcionários daquela unidade. Era como
se ela não estivesse trabalhando ali.
Uma funcionária fantasma bem debaixo
do nariz de todos eles. O tenente fez uma
nota mental para observar com maior
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cautela o gerente do RH.
O rapaz entendia agora porque o
superintendente precisou da ajuda do
comandante. Estava nítido que havia
uma rede interna de agentes ilícitos do
qual a PF não conseguia se livrar. O
BSS tinha carta branca para
“desaparecer” com esse tipo de gente
sem ter que prestar contas, porque era
uma base secreta. Assim que os nomes e
as provas estivessem às claras, toda
essa gente seria limpa dos arquivos da
polícia federal.
Júnior se preocupou profundamente. E
se a pequena Pasha estivesse envolvida
nisso tudo? Depois de considerar os
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prós e os contras, o tenente decidiu que
trabalharia em conjunto com o seu
pessoal da base, porque definitivamente
ninguém ali dentro do departamento de
investigação ou mesmo dentro da força-
tarefa, era de confiança no momento.
__________ __________
Na sexta à noite, depois de fazerem
amor, Vivi contou a Júnior que iria à
Manchester no dia seguinte.
-Teremos que achar uma solução pra
isso. Não vai dar certo se nunca
tivermos um fim de semana juntos.
-Não posso deixar de ir. Minha mãe
cuida do Jordan a semana toda. Precisa
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de uma folga pelo menos esses dois
dias.
Júnior pensou um pouco. Seria bom
conhecer a família dela, poderia
conseguir detalhes sobre o pai do Jordan
entre uma conversa e outra.
Ele ficou sob seus cotovelos e tirou o
cabelo do rosto dela.
-Se incomodaria se eu fosse com você?
A moça olhou intensamente pra ele.
Depois se sentou e puxou os lençóis
sobre o corpo.
-Não acho que seja uma boa idéia. Meus
pais sequer sabem que eu saio com
alguém e então apareço com um
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namorado para dormir na casa deles...
-Tem razão. Porque então não busca o
Jordan amanhã bem cedo, vocês passam
o fim de semana aqui e eu vou com você
no domingo à noite leva-lo de volta.
Não é tão longe e teria a chance de
conversar com seus pais sobre nós antes
deles me verem.
Ela pensou um pouco. Seria diferente e
uma boa maneira dele logo saber como
era namorar alguém que já tinha um
filho. Bom, na verdade nem ela mesmo
sabia uma vez que não namorou ninguém
desde que seu bebê nasceu.
-Tem certeza? Pode ser um fim de

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semana bem diferente do que você está
acostumado.
-Adoro finais de semana diferentes.
__________ _________
Vivi estacionou na frente da casa do
tenente já quase na hora do almoço.
Embora tenha saído bem cedo para ir
buscar Jordan, a conversa com os pais
tinha sido longa. Eles se preocupavam
com ela, em especial com o neto. Mas
ela tinha feito o seu melhor para
tranquiliza-los sobre seu novo
relacionamento.
A porta da frente se abriu e Savi saiu
para ajuda-la. Só quem tinha filhos
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podia compreender a carreta de coisas
que era necessário carregar para cima e
para baixo. Enquanto ele caminhava,
alto e forte em sua direção, ela ficou
pensando que não dava para acreditar
que aquele homem era agora o seu
namorado.
Ele se aproximou e a ajudou com as
malas de roupas, brinquedos e
acessórios. O rapaz pegou quase tudo de
uma só vez com uma facilidade de dar
inveja. Vivi desatou o cinto de
segurança e tirou seu bebê adormecido e
o aconchegou em seus braços.
Eles seguiram para a casa e para a
surpresa dela havia um berço portátil no
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quarto de hóspedes dele.

-Mas, como conseguiu isso tão rápido?


-Minha irmã. Me lembrei que ela tinha
um desses para quando viajava com meu
sobrinho e liguei hoje de manhã
perguntando se podia emprestar para
uma amiga.
-Que atencioso da sua parte, obrigada.
-De nada. Quer que eu o acomode pra
você?
-Eu faço isso.
Júnior ficou observando-a enquanto
colocava o filho com todo o cuidado no
berço. O garotinho era ainda mais lindo
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pessoalmente. Uma vasta cabeleira loira
caia sobre a testa e cobria as orelhas.
-Ele deve dormir por mais uma hora
ainda.
Assim que ela terminou de arrumar tudo
eles desceram e se acomodaram no sofá.
Conversaram sobre a pequena viagem,
os pais dela e a família dele.
-Os brasileiros são bastante apegados
uns aos outros. Não são como os
americanos que saem cedo de casa.
Normalmente os filhos só deixam a casa
dos pais quando casam.
Ela parecia pasma.
-Por quê?
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-Porque é assim que funcionam as coisas
por lá. Demoramos para cortar o cordão
umbilical.
-Mas você nasceu e cresceu aqui.
-Porém meus pais criaram a mim e a
minha irmã com todos os costumes e
hábitos de lá. Dentro da minha casa só
se fala português, a menos que tenha
alguém conosco que não seja brasileiro
é claro.
-Isso é legal, não é? Falar outra língua
tão diferente..
-Pra mim é normal. Fui criado assim,
passei todas as férias de verão durante
minha infância e adolescência com os
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meus avós. E mesmo agora que já não
são mais vivos, ainda tenho minha tia
Mel e meu tio Gu que moram lá.
-Seus pais foram imigrantes que vieram
tentar a sorte grande na América como
tantos outros?
-Não. Meu pai veio a convite do
comandante do BSS, ele e minha mãe
estavam iniciando uma relação e
acabaram formando uma vida aqui.

Eles almoçaram e o pequeno Jordan


acordou. Sua mãe deu banho e
mamadeira, depois o colocou para
brincar com seus bonecos do
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Backyardigans. Ele já andava e por isso
não ficava muito tempo no mesmo lugar.
Vivi ficou atenta e estava muito
preocupada que o menino pudesse
bagunçar ou quebrar alguma coisa que
estivesse ao seu alcance. Júnior
percebia a preocupação dela cada vez
que o bebê tentava pegar alguma coisa
que lhe chamava a atenção. Ela
explicava que isso não podia, aquilo era
proibido e aquela outra coisa nem
pensar. O garotinho parecia se divertir
com o apavoramento da mãe porque
algumas vezes ele ria inocente.
Somente quando ela ficou um pouco
brava e tirou pela enésima vez algum
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objeto da mão dele tentando explicar
inutilmente como era feio mexer no que
não era nosso, foi que o tenente
percebeu que precisava tranquiliza-la.
Em determinado momento Júnior
segurou o rosto dela e sorriu.
-Hei. Fique calma. Deixe-o matar a
curiosidade dele. Apenas me preocupo
com algo que possa machuca-lo porque
do resto, nada me incomoda. Tudo bem?
Ela balançou a cabeça quase que de
maneira infantil e ele colocou um beijo
suave em seus lábios. A menina enlaçou
o pescoço dele e se ergueu para beijá-lo
mais profundamente e Jordan escolheu

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esse momento para cair sentado e
começar a chorar.
Júnior interrompeu o beijo e pegou o
menino no colo.
-Hei garotão, vamos lá pra fora respirar
ar puro e gastar toda essa energia.
Ele pegou um dos bonecos gigantes e
coloridos que o menininho estava
brincando e seguiu para o quintal. Vivi
olhou a bagunça que estava a sala e
tentou arrumar tudo rapidamente. Lá de
dentro ela viu aquele homem imenso
brincando com seu filho que ria muito
enquanto rodopiava pra lá e pra cá
pendurado no cangote.

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Depois do jantar, quando o menino
dormiu, o casal teve um momento para
eles. Assistiram DVD e se amaram no
sofá da sala. Naquela noite Júnior ficou
observando a menina adormecida em
seus braços e voltou seus pensamentos
sobre as lacunas não preenchidas
daquele quebra-cabeça sobre os
sequestradores de elite. Só esperava que
ela não tivesse nada a ver com o
assunto.
Jordan choramingou e ele se
desvencilhou do abraço dela com
cuidado para ir até o quarto.
O menino estava inquieto e resmungou.
Antes que ele chorasse, o rapaz o pegou
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no colo e tentou fazer com que ele
voltasse a dormir. O bebê pareceu
relaxar ao sentir os braços de alguém o
envolvendo e logo adormeceu
novamente.
Júnior ficou olhando o rostinho infantil e
não pode deixar de pensar que se tudo
tivesse seguido o curso natural dos seus
planos, talvez a situação fosse outra.
Talvez a mulher adormecida lá na sua
cama fosse a Lily e a criança que
segurava agora fosse seu filho de
verdade. Bem, não poderia ser, já que
ele era moreno e a Lily ruiva, nunca
teriam um bebê tão loiro como aquele,
mas poderiam ser uma família, com
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sonhos e rotinas diárias. Uma família
feliz. Talvez.
O domingo transcorreu tranquilo e a
tarde eles se prepararam para levar
Jordan de volta.
__________ __________
Os pais da Pasha tinham já uma certa
idade. Ele ficou impressionado que uma
senhora com quase setenta anos pudesse
cuidar diariamente de um bebê tão ativo
como Jordan. Devia ser um inferno de
cansativo. O homem, com seus cabelos
totalmente brancos, deveria estar
aposentado e desfrutando de sossego,
mas ainda trabalhava.

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Tinham uma casa pequena, mas bonita e
muito bem arrumada. A irmã Megan
morava com o namorado, mas estava ali
e o tenente desconfiou que era por pura
curiosidade de conhece-lo.
Foram todos educados e gentis. O pai da
menina se interessou pelo trabalho dele
e a conversa girou basicamente em torno
do departamento. Ele aceitou o café
oferecido e foi carinhoso com a
namorada na frente dos pais porque
sabia que seu comportamento estava
sendo totalmente avaliado ali.
Na hora de ir embora, abraçou e beijou
Jordan e ficou penalizado quando o
menino se pendurou no pescoço da mãe
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chorando sem parar. É claro que Vivi
também chorou e eles pegaram a estrada
de volta alguns minutos depois.
Dentro do carro ele ficou em silêncio
respeitando o sentimento dela. Por mais
que pudesse imaginar como era difícil
para uma mãe se separar do filho tão
pequeno, nunca passou pela sua cabeça
que fosse assim tão dolorido pra ela.
Enfrentar essa separação todo fim de
semana era quase um castigo.
Ela limpou as lágrimas e ele soltou a
mão do volante e acariciou os cabelos
dela.
-Desculpe essa cena toda, mas é que...

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-É difícil se separar dele. Eu entendo.
__________ __________

Na terça-feira de manhã, Júnior tinha


uma reunião com o superintendente da
PF juntamente com o comandante Dylan
Meyer do BSS. O homem já estava
aposentado e o controle da base
praticamente pertencia ao seu tio Tiago
Savi, mas ainda assim, a força do
homem que construiu o BSS era algo que
os demais líderes gostavam de partilhar.
Ninguém do departamento sabia sobre
essa reunião. Ele não queria que
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nenhuma informação vazasse para
traidores.
-Como anda as investigações tenente?
-Tenho dados o suficiente para acreditar
que alguém da cúpula tem comandado a
equipe de sequestradores. Na verdade
eu acho que o time todo é formado por
policiais civis e também federais.
-Malditos
Peter Sparks era um homem da lei e
devia ter por volta dos quarenta anos.
Embora estivesse no mais alto cargo da
policia federal, estava de mãos atadas
para resolver o assunto, uma vez que
muitos dos envolvidos tinham ligações
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importantes dentro de muitos
departamentos de segurança.
Antes de mandar todo mundo em uma
viagem só de ida para o inferno,
precisava dos nomes dos envolvidos
porque não eram mercenários e não
matariam inocentes. Uma parte da lista
de suspeitos já estava trabalhada e com
as provas arquivadas ao processo, mas
ainda faltavam chegar nos cabeças.
Júnior colocou seus dois chefes por
dentro das informações e ambos ficaram
impressionados com a forma que o
rapaz, ainda bem jovem, estava levando
a equipe e comandando a operação.
Ficaram mais de três horas discutindo
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possibilidades e as maneiras como todo
o esquema criminoso viria pra baixo em
poucos meses.
Estava quase tudo terminado quando o
tenente pensou que poderia obter
algumas respostas do seu superior.
-Major Sparks, a PF tem um caixa dois
de uso do RH?
O homem ergueu a sobrancelha curioso.
-Claro que sim, para assuntos sigilosos.
Porque?
-Há um funcionário da unidade fora dos
registros do RH e da folha de pagamento
oficial o que significa que
provavelmente ele está sendo pago pelo
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caixa dois. Há algum assunto sigiloso
sendo tratado ou guardado que envolva
pessoas da minha equipe e do qual eu
deveria ser informado?
O major olhou para o tenente um pouco
desconfiado. Limpou a garganta e andou
até a janela.
-Você disse “da sua equipe”?
-Sim, foi o que eu disse.
-Como chegou a essa informação?
-Fazendo um levantamento de dados.
O comandante Meyer interferiu no
assunto.
-Está desconfiado que há informantes na
sua equipe?
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-Não senhor.
-Então porque pedir um levantamento
pessoal dos seus?
Júnior pensou um pouco. Ali dentro
estava dois dos mais renomados nomes
da segurança pública dos Estados
Unidos. Não havia porque mentir ou
omitir nada.
-Bom, foi meio que acidental. Uma das
minhas investigadoras se ausentou do
trabalho por cinco dias e simplesmente
não deu sinal de vida. Achei o
procedimento estranho e pedi pra o
departamento de informação da base
levantar a vida dela pra mim. Enfim,

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acabou que a menina teve um filho de
algum idiota com quem se relacionou e
que não assumiu a criança.
-E o que isso tem a ver com nossa
investigação?
-Nos relatórios consta que essa mesma
pessoa foi transferida para a Filadélfia
no período em que estava grávida, mas o
fato é que o departamento de lá nunca
recebeu sequer uma notificação dessa
transferência. Ela está estagnada no
meio do caminho das duas unidades,
sendo que oficialmente não trabalha
para nenhuma das duas.
Dylan Meyer novamente perguntou.

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-Já conversou com ela sobre o assunto?
-Ela diz que foi transferida e que não se
adaptou portanto voltou, mas não citei
que tinha um dossiê em mãos porque não
sei quem está por trás dessa bagunça
administrativa e não estou certo que seja
apenas um acordo entre os dois RHs.
Tenho minhas dúvidas sobre isso.
-Acha que ela pode estar envolvida?
Uma espécie de espiã?
-Para ser honesto, não, mas essa história
me parece que tem muitas pontas soltas.
Porque ela não foi devidamente
recolocada em sua função na unidade?
Porque o pagamento dela está sob sigilo

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dentro do RH? Quem é a pessoa que a
protege e do que ela precisa ser
protegida? E porque diabos eu não fui
informado que havia alguém com
pendencias bastante suspeitas dentro do
meu time?
Peter Sparks olhava para o tenente à sua
frente com expressão cautelosa. Um
silêncio pairou sob a sala e Dylan
Meyer deu as primeiras coordenadas.
-Acredito que suas desconfianças tem
fundamento tenente Savi e acho que deve
manter essa moça sob vigilância
absoluta até que tenhamos uma posição
do RH sob essas questões. Fez bem em
não alarmar a situação diretamente para
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eles porque não sabemos se há traidores
ali também. Se autorizar Peter, posso
enviar um dos meus para fazer uma
pequena auditoria privada.
O comandante e o tenente olharam para
ele esperando por uma resposta e só
então viram que o homem estava um
pouco pálido. Antes que qualquer um
deles pudesse falar qualquer coisa, o
major se manifestou.
-Disse que ela tem um filho?
-Sim.
-Quantos anos?
Júnior olhou seriamente para seu chefe e
seu estômago retorceu, não sabia se
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devia dar as informações. Pasha teve
seus motivos para esconder o
nascimento de Jordan e confiou nele,
mas agora já era tarde.
-Um ano.
Os homens se encararam e o comandante
percebeu que havia muito interesse
pessoal envolvido ali.
-Peter? Será que o tenente Savi precisa
ser esclarecido sobre alguma situação
em especial?
O major limpou a garganta e pareceu
ponderar como iria responder a
pergunta.
-De fato, se estivermos falando da
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mesma pessoa...
-Viviane Pasha.
O superintendente confirmou com a
cabeça.
-Sim, há um arranjo especial para a
senhorita Pasha dentro do departamento.
Júnior sentiu seu sangue começar a
esquentar.
-E posso saber o porquê?
-Fiz um favor a um amigo que
erroneamente se envolveu com a
senhorita Pasha. Houve conflitos
familiares em grande escala. A mulher
dele ameaçou entregar algumas
informações para a mídia e a coisa se
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complicou. Eu providenciei a
transferência dela e a deixei aos
cuidados de alguém da minha confiança,
mas não fui informado de que ela tinha
voltado para o departamento de
investigação aqui de Boston, tampouco
que tinha uma criança.
-Quem é o seu amigo?
-Isso não lhe diz respeito tenente, mas
posso garantir que ele não está
envolvido nessas falcatruas, foi algo
puramente pessoal, embora bastante
desastroso.
-Entendo.
A reunião pareceu estar acabada e
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Júnior juntou seus documentos para ir
embora. Despediu-se do comandante e
do major, mas antes que saísse, seu
chefe na PF o parou.
-Tenente Savi?
-Sim?
-A senhorita Pasha está no departamento
agora?
-Possivelmente.
-Muito bem, vamos almoçar e depois
seguiremos para o sua unidade.
O homem acenou afirmativamente e
saíram juntos.

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Júnior desconfiou durante todo o almoço
que o major não tencionava dar nenhuma
oportunidade para que ele ligasse para
Pasha e a alertasse sobre a visita que
iria receber e ele não ia arriscar criar
uma confusão dos infernos por causa
disso.
A superintendência da polícia federal
tinha sede em outro edifício da cidade e
raramente algum funcionário de lá, que
era considerado de altíssimo escalão,
aparecia na unidade de investigação e
operações táticas. Portanto quando o
major entrou no local logo depois do
tenente, ouve uma tensão palpável e
bochichos podiam ser escutados entre
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um setor e outro.
O homem foi até o escritório do Savi e
sem rodeios pediu que Viviane Pasha
fosse trazida até ele. Antes de atender ao
pedido do seu chefe, Júnior resolveu dar
seu parecer.
-Me desculpe a intromissão major,
mas...a senhorita Pasha não deixou que
ninguém soubesse da sua maternidade e
prometi a ela que manteria seu segredo.
-Esse é um assunto que vou tratar
diretamente com ela tenente Savi.
Existia uma hierarquia de patentes ali
que Júnior não podia de modo algum
desrespeitar, mas uma merda que o
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major iria tomar decisões sobre a vida
particular da Pasha e ele não iria
interferir. Era seu namorado agora e
jamais deixaria que ela fosse
prejudicada por causa de informações
que ele repassou ao seus superiores por
questões profissionais.
Por hora deixaria que os dois
conversassem, e dependendo do rumo
que as coisas tomassem, então
interferiria.
Júnior caminhou até a sala dos
investigadores e olhou por sobre as
repartições. Ela estava de costas para a
porta trabalhando em cima de alguns
relatórios. Ele se aproximou.
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-Hei.
Ela olhou pra cima e sorriu.
-Hei, tudo bem?
-Sim. Tem alguém na minha sala
esperando para falar com você.
-Alguém?
-Vá até lá.
-Mas...
-Vai Pasha.
Ela se levantou já receosa e obedeceu.
Ele ficou ali esperando e começou a
pensar que devia ter averiguado as
informações por si só antes de abrir sua
boca, mas como ia imaginar que o

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chefão estava envolvido com a história
do pai do Jordan. Que grande merda.
__________ __________
Vivi abriu a porta da sala e entrou.
Estacou no lugar e sentiu seu coração
subir para a garganta num batuque
enlouquecido dentro do peito.
Peter Sparks estava bem ali, olhando
para ela com uma expressão de morte e
os olhos fuzilantes.
-Como vai Viviane?
Só mesmo ele para chama-la pelo
primeiro nome. Sua voz desapareceu
subitamente e ela engoliu em seco.
Diante do silêncio, ele continuou.
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-Feche a porta.
Ela obedeceu. Peter se sentou na beirada
da mesa e cruzou os braços no peito.
-Pensei ter mandado que ficasse em
Manchester até que as coisas estivessem
se resolvido.
-Eu fiquei.
-Não me lembro de ter te dado
permissão pra voltar.
-Eu...achei que não tinha problema
voltar, precisava trabalhar, precisava de
dinheiro.
-Mentirosa. Recebeu seu salário
integral, mesmo afastada.
Quando voltou a falar sua voz estava
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ainda mais baixa porque não queria ser
ouvido.
-Onde está seu filho?
Vivi não imaginou que pudesse ficar
ainda mais pálida, mas sentiu cada
gotícula de sangue se esconder atrás dos
seus ossos e deixar seu rosto quase
fantasmagórico. O rosto dele se contraiu
e ele se levantou.
-Ele mora com os meus pais.
-Essa criança é minha?
Ela bufou indignada. Ele sabia que era,
a conhecia suficientemente bem para ter
certeza de que não esteve com mais
ninguém enquanto estiveram juntos.
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-Sabe que sim.
-E o que pretendia quando levou essa
gestação adiante?
-Nada. Não pretendia nada.
-Nunca soube de porra de gravidez
nenhuma. Sabe o tamanho do problema
que enfrentei por sua causa e ainda
assim teve um filho meu? Ficou louca?
Perdeu o juízo de vez? Porque não
tentou me avisar? Teríamos dado um
jeito, interrompido o processo enquanto
havia chances.
Os olhos dela brilharam em fúria. Deus
do céu, um dia tinha amado intensamente
esse homem. A tal ponto de se colocar
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em situação de humilhação vezes e
vezes seguida e pagou caro por seu
envolvimento. Enfrentou tudo sozinha e
tinha sobrevivido. Nunca se arrependeu
de ter optado por seu filho e jamais ia
deixar que ele fosse tratado como um
problema em potencial a ser resolvido.
-Olha Peter, eu fiz tudo que mandou.
Abandonei minha carreira, me retirei da
sua vida, me afastei dos meus amigos e
sim, assumi meu filho por minha conta e
risco. Não pode me cobrar nada porque
nunca te pedi nada.
-Até as coisas apertarem e você usa-lo
como fonte de renda.

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Vivi queria voar pra cima dele e socar
seu rosto soberbo até que estivesse
sangrando.
-Nunca faria isso. Eu jamais encarei
minha gravidez como um meio de
sobrevivência.
Ele sabia que não. Olhou para a menina
assustada a sua frente. Uma bonequinha
linda e singela por quem ele quase
perdeu a cabeça um dia. Viviane era
honesta e bem intencionada e se não
fosse a louca da sua mulher e o fato dela
saber demais, provavelmente teria
jogado tudo para o alto para ficar com
ela.

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Deus do céu, tinha que agir
racionalmente agora e se esforçar para
pensar com a lógica dos fatos. Não
podia deixar que nenhuma afeição
adormecida viesse à tona
inesperadamente.
-Não posso ter um escândalo com meu
nome envolvendo um filho bastardo
Viviane.
-Não chame meu filho de bastardo.
-É como são classificadas as crianças
concebidas fora do casamento.
-Seria assim se ele tivesse um pai que
respondesse por ele, mas fiz questão de
ser a única responsável.
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-E terá que continuar sendo assim.
-Nunca esperei nada vindo de você.
O homem respirou fundo. Por tudo que
era mais sagrado, um filho? Ainda
estava estupefato com a descoberta. Seu
filho mais velho já estava com mais de
vinte anos e sua filha era adolescente e
então, um bebê de um ano com a amante
que foi obrigado a abandonar.
Ela estava observando-o desconfiada.
-Como ele se chama?
-Jordan. Jordan Pasha.
-Ele se parece...comigo?
Ela tirou o celular e escolheu uma foto
de rosto do pequeno e estendeu para ele.
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O homem olhou a imagem do filho que
sequer sabia que existia.
-É todo você.
-Sim.
-Tão lindo quanto a mãe.
Vivi estendeu o braço e retirou o
aparelho da mão dele. Depois respirou
fundo e tentou se acalmar. Ele chegou
perto.

-Cortou os cabelos e está mais magra.


-Preciso voltar para o meu trabalho
Peter.
-Sou o chefe aqui, posso requisitar sua

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presença por quanto tempo achar que
devo.
-Não me peça para ir embora de novo,
para ir pra longe porque essa é a
unidade mais próxima de Manchester e
não vou pra longe do Jordan.
-Quem sabe que eu sou o pai dessa
criança?
-Ninguém sabe, nem meus pais. Disse
apenas que era um colega de trabalho
que não quis ficar comigo, nem assumir
o bebê.
-Essa informação não pode vazar em
hipótese alguma.
-Se não tivesse colocado aquele tenente
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enxerido para trabalhar aqui, nunca
saberia sobre o Jordan.
Peter colocou as mãos no bolso e
caminhou para longe dela.
-Escuta Viviane, tem um motivo sério
para termos trazido o tenente Savi para
dentro desse departamento. Há mais
coisas acontecendo do que eu posso te
falar no momento. Sou um homem que
fez muito inimigos e que está tentando
colocar ordem no galinheiro. Tudo que
meus oponentes querem agora é ter um
filho meu nas mãos deles.
Ela gelou com a possibilidade e ele viu
o pavor nos olhos dela.

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-Está trabalhando no caso dos
sequestradores de elite e sabe que o
buraco é mais embaixo, mas isso ainda
não é tudo. Não deixe que saibam sobre
o Jordan porque você e ele seriam alvos
fáceis.
-Mas, nem conhece ele, sequer sabia da
sua existência.
-E acha que alguém vai acreditar nisso?
-Ah meu Deus.
-Mantenha sigilo absoluto sobre a
criança se quer protege-lo.
Ela concordou e ele olhou as horas.
-Preciso ir. O tenente estava com a pulga
atrás da orelha em relação à você e os
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arranjos que eu fiz quando foi embora. O
homem é esperto demais, bom para o
que precisamos, mas infelizmente
descobriu mais do que gostaríamos que
soubesse. Mas não precisa se preocupar,
eu me entendo como ele e você não deve
ter nenhum problema para se manter
aqui, exceto talvez se minha mulher
descobrir.
-Então veja se dessa vez consegue ter
algum controle sobre ela.
A menina se virou para ir embora e ele
não a impediu.

Vivi entrou na sala dos investigadores e


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sentiu todos os olhares fitarem-na.
Júnior estava com as mãos no bolso e
olhando pensativo pela janela quando a
viu tomar seu assento e voltar sua
atenção para a tela do computador.
Ele se aproximou rapidamente.
-Hei
-Me deixa em paz.
Ela tinha as mãos trêmulas e estava sem
cor no rosto. Havia muitos ouvidos ali
prestando atenção neles. A cozinha
sempre tinha alguém entrando e saindo e
sua sala não era a melhor opção no
momento. Assim, ele se virou para os
demais.
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-Pausa para o café pessoal.
Todo mundo entendeu e saíram sem fazer
perguntas. Assim que ficaram sozinhos
ele tentou se explicar.
-Pasha, me escuta, eu não sabia,
realmente não sabia que ele estava
envolvido com os problemas da sua
vida pessoal. Pensei que todos esses
arranjos estranhos tivessem a ver com
trabalho.
-Pode economizar sua saliva Savi. E
obrigado por confiar em mim e me
causar um problema gigante com o
superintendente da PF.
Antes que o tenente pudesse continuar,
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Mia bateu à porta e entrou.
-Hum, desculpe atrapalhar mas o major
Sparks pediu que fosse até ele agora
mesmo.
Júnior respirou fundo e concordou. Mia
entrou e fechou a porta.
-Ah minha santinha protetora dos
corações partidos, como você está?
-Estou tremendo até agora.
-O que ele veio fazer aqui?
-Descobriu através do Savi que eu
voltei para a unidade.
-Assim do nada?
-Não sei como foi exatamente, mas isso

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não é o pior.
-Deus Vivi, não me diz que...
-...ele sabe sobre o Jordan.
-E como ele reagiu?
A moça deu de ombros.
-Friamente de início. Depois pareceu
ficar ... curioso, eu acho. Nada além.
Mia abraçou a amiga.
-Eu sinto muito.
__________ __________

Júnior entrou na sala e o major estava


estudando o gráfico gigante que estava
montado com nomes e fatos relevantes.
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O homem olhou para ele por cima do
ombro.
-Quero que mantenha um olho sobre a
senhorita Pasha tenente e me mantenha
informado sobre os passos dela.
-Isso tem a ver com o trabalho que
desenvolvo aqui?
-Não de fato.
-Então me desculpe major, mas ...
-É um favor pessoal. Só quero me
certificar de que ela não causará nenhum
tipo de problema para meu amigo
novamente. Nada muito profundo, só
preciso ter certeza de que ela não tem
segundas intenções...
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-Segundas intenções sobre o que?
-Sobre usar o filho dela para se
favorecer. Meu amigo não tem idéia de
que seu deslize gerou um fruto. Como eu
disse, a situação entre eles foi
complicada e ...bem, quem pode julgá-lo
por ceder à tentação, não é? Quem de
nós nunca se sentiu ameaçado por um
par de seios perfeitos ou duas pernas de
enlouquecer?
O major riu do próprio comentário, mas
o tenente não gostou de ouvir as
insinuações. Talvez porque a referencia
para tal comentário era sua namorada.
Ficou na dúvida se devia ou não expor
sua relação com a investigadora para o
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chefe, mas não achou apropriado no
momento. Entretanto, se sentiu no direito
de assumir uma posição diante do
assunto.
-Não acha que ele tem o direito de saber
sobre o filho e o dever de assumi-lo?
-As coisas não são tão simples tenente e
não vou entrar em detalhes. Apenas me
avise se perceber algum comportamento
suspeito por parte dela. Talvez eu tenha
que intervir na situação.
O homem se dirigiu para a porta e saiu.
Júnior ficou ali pensando sobre a grande
merda que fez.

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Naquela tarde quando tentou falar com
Vivi novamente, soube através de Max
que ela já tinha ido embora. O homem
suspirou cansado. Tinha que tranquiliza-
la, conversar com ela e deixa-la saber
que estava tudo bem. Ligou para seu
celular, mas ela não atendeu.
Pegou o carro e foi até o apartamento
que ela morava. Com um pouco de
persuasão conseguiu que um dos
moradores que estava chegando naquele
momento o deixasse subir sem ser
anunciado. Tocou a campainha e
esperou.
Uma garotinha de uns dez anos de idade
abriu a porta um pouco desconfiada.
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-Mamãe, tem um homem aqui na porta.
A mãe da menina veio depressa,
estranhando é claro que ninguém tenha
sido anunciado. Ele se precipitou para
dentro atrevidamente e se apresentou
com educação porque não queria ter a
porta batida na sua cara.
-Olá, sou o tenente Savi. Poderia dizer à
Pasha que preciso falar com ela?
Na verdade a mulher não precisou dar
mais que dois passos. A moça apareceu
na sala com expressão nada amigável.
-Tudo bem Amber, é o meu chefe.
Mãe e filha foram para o que ele
imaginou ser a cozinha para dar
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privacidade à eles.
-Saiu antes do expediente terminar.
-Vai me despedir por isso?
-Não. Talvez eu ligue para o major e
peça que ele te transfira para Los
Angeles ou quem sabe Seattle.
Ela ficou branca como um fantasma e ele
se arrependeu na mesma hora de ter
falado tamanha estupidez.
-É uma piada Pasha. Uma de mal gosto,
eu admito. Me desculpe.
-Está se divertindo com tudo isso?
-Não. Já me desculpei.
-O que está fazendo aqui?

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-Precisamos conversar. Não espera que
eu não queira saber o que o major falou
pra você nas quase duas horas que
ficaram trancados na minha sala.
-É um enxerido.
-Sou seu namorado, tenho o direito de
saber. Senão por isso, então como seu
chefe. Escolha para qual dos dois quer
falar, mas saiba que não saio daqui sem
as respostas para essa confusão toda.
-Porque não perguntou pra ele?
O tenente chegou perto dela.
-Ele é o poderoso chefão. Não posso
simplesmente exigir respostas, se ele
não as quer dar, mas o homem pediu que
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eu mantivesse você sobre meus olhos.
-Ele te pediu isso?
-Sim. Disse que o pai do Jordan é um
amigo a quem ele ajudou na época que
vocês se relacionaram.
A menina olhou em direção à cozinha,
claramente preocupada com o fato da
sua colega de apartamento poder ouvir.
Depois tomou uma decisão rápida.
-Volto em um minuto.
Ela apareceu de volta com uma bolsa
transpassada em seus ombros, o celular
na mão e me puxou para fora do
apartamento.
Dentro do carro o rapaz a questionou
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-Está com fome?
-Um pouco.
-Ótimo, porque também estou, então
vamos jantar enquanto conversamos.
Ele escolheu o bistrô do seu amigo
Apollo, onde sua irmã trabalhava como
chef.
-A comida aqui é muito boa e o
ambiente nos permite bastante
privacidade.
Eles entraram de mãos dadas e logo
estavam acomodados em um espaço
muito confortável e aconchegante.
Consultaram o menu e fizeram seus
pedidos. Júnior estava tentando dar à ela
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o tempo necessário para começar a
falar, mas já estava ficando ansioso.
-Olha Savi, a coisa toda é complicada.
-Posso lidar com isso.
-Tudo bem. O que quer saber
exatamente?
-Quem é o pai do Jordan e porque toda
essa maldita proteção com a imagem
dele?
Vivi desviou o olhar e respondeu quase
que num sussurro.
-Peter é o pai do Jordan.
Júnior apenas fitou o rosto corado e
muito sem graça da moça. Que porra era
essa? Era um agente da base secreta
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mais conceituada dentro dos âmbitos de
segurança do país. Trabalhava com uma
equipe de investigação da polícia
federal dos Estados Unidos e como não
desconfiou que o major pudesse ser o
homem por trás de toda a história. Que
lapso dos infernos.
Se bem que, claro, fazia sentido. O
superintendente de um órgão tão
importante quanto a PF não poderia
estar envolvido em um escândalo de
traição e infidelidade e não precisa ser
um gênio para saber que a mulher de um
major teria acesso à coisas que o
pudesse colocar em situação no mínimo
perigosa.
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Mas como diabos uma investigadora
júnior chegou ao papel de amante do
chefão?
-E como passou de estagiária pra amante
do homem mais importante dentro dos
departamentos?
-Eu estudava com o filho dele na
universidade. Ficamos amigos e como
ele sabia que eu estava precisando de
emprego e que já tinha intenção de
entrar para o ramo policial, pediu que
seu pai me ajudasse. Comecei como
assistente da secretária dele.
Ele bufou irritado.
-Não poderia ser mais clichê.
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-Se vai me julgar Savi, então podemos
deixar essa conversa pra lá.
-Não estou te julgando, apenas...merda,
continue...
-Me envolvi com ele por todas as razões
mais óbvias que se possa imaginar. Um
homem bonito, inteligente, bem
posicionado e cheio de artimanhas. Eu
estava saindo de um relacionamento
repleto de mágoas e sabe como
funciona, só se cura um amor, com outro.
Foi fácil me deixar levar.
-Era amiga do filho dele, não acredito, é
fácil ver como toda essa merda poderia
estourar na mídia e derrubar a carreira

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dele com dois palitos.
-Sim. Diferença de idade considerável,
posição social muito superior, homem
importante e comprometido com a
segurança nacional. Seria um escândalo
difícil de abafar.
-E quanto a você?
-Eu era uma garotinha apaixonada.
-E o que aconteceu depois?
-A mulher dele descobriu. Estávamos
muito...eufóricos, entusiasmados, sei
lá...só sei que fazíamos loucuras para
ficarmos juntos e a coisa toda ficou
muito óbvia para quem convivia
conosco.
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-Que vacilada...
-Eu sei. Acredite, eu paguei pela minha
imprudência. Ela fez da minha vida um
inferno e ele fez o que era o certo a fazer
na época.
-Te abandonou em prol de salvar a
própria pele. Grande atitude.
-Ele tentou me afastar da fúria da mulher
dele, mas ficou com medo de que ela
pudesse usar a influencia que tinha para
descobrir em qual departamento eu
estava trabalhando e não sei, fazer algo
estúpido. A megera estava possessa e
incontrolável.
-Posso imaginar.
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-Então ele fez todos os arranjos que
você descobriu, mas pediu que eu
sumisse por uns tempos. Fui para
Manchester ficar com meus pais e
descobri que estava grávida. Eu tinha
meu salário que era depositado em uma
conta secreta. Acho que ele pagou meu
salário do seu próprio bolso, não sei.
-Ele nunca tentou te contatar? Nunca
procurou saber se estava bem ou não?
-Não. Talvez tenha colocado alguém
para me averiguar no início, de maneira
muito discreta, não diretamente, mas é
claro que depois que a tempestade se
acalmou, não quis arriscar. Se tivesse
feito, então saberia de Jordan.
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-É verdade.
Os pedidos foram colocadas à mesa e
eles começaram a comer. Houve uma
pequena pausa na conversa, mas logo
depois ela recomeçou.
-Eu queria voltar a trabalhar. Precisava
ter uma vida profissional de volta.
Nunca deixaria de ser uma investigadora
júnior se não retomasse meus estágios.
Tenho um filho pra criar. Não queria
viver de doação para sempre.
-A unidade de Boston é a mais próxima
de Manchester.
-Sim. Qualquer outra ficaria muito longe
para que eu visse Jordan com
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frequência.
-Como conseguiu voltar sem aparecer na
folha de pagamento do RH?
-Mia me ajudou. Ela tem habilidade com
os computadores.
-Claro que sim. Ela trabalha no setor de
operações táticas.
-Isso, fez algumas alterações internas
que ninguém percebeu. Enviou uma carta
de transferência com o logotipo da
unidade da Filadélfia, para que eles
pudessem me receber no setor, mas
depois que tudo estava acertado,
eliminou os registros secretamente. O
depósito do meu salário é
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automaticamente apagado pelo sistema
meia hora depois de efetuado e nunca
aparece nos relatórios.
-E ninguém percebeu nada?
-Não é como se eu estivesse na lista de
suspeitos do FBI, então não há porque
procurar por informações minhas.
-Mas você não aparece nos relatórios de
nenhuma natureza relacionado ao
departamento.
Ela deu de ombros.
-Dei sorte. Nunca precisaram rastrear
nenhuma informação minha nesse um
ano.
-Mas afinal, tudo isso é um exagero.
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Porque não ligou para o Peter e
simplesmente pediu para que ele te
recolocasse em alguma função? A
mulher dele é tão rancorosa assim?
-Não sei. Nunca discutimos o fato. Ele
achou melhor que eu não estivesse
dentro de nenhum departamento por
algum tempo. Tive receio de voltar e ele
mexer os pauzinhos para me colocar na
rua. Não posso me dar ao luxo de ficar
desempregada e essa é a minha
profissão. Não queria arriscar acabar
como escrivã de alguma delegacia de
uma cidadezinha do interior, ganhando
ainda menos do que já ganho.
-Não pode ser apenas isso Pasha.
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-Eu desconfiei que houvesse alguma
coisa além, mas nunca encontrei nada.
-E como fica a situação do Jordan?
-Como tem ficado.
-Mas ao que me consta, você tem dois
salários agora. Ou ele deixou de te
pagar?
-Sim, mas Jordan mora com meus pais,
eu tenho que contribuir com as despesas
de lá e tenho meu sustento aqui. Você
sabe que não é barato. Ainda ganho
como estagiária.
-Mas está quase concluindo o ano como
investigadora júnior e então poderá ser
promovida a sênior.
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-Mal posso esperar. Quando for
efetivada poderei ter Jordan comigo em
definitivo.
A moça sorriu e ele pegou a mão dela
carinhosamente.
Houve um burburinho em uma mesa nos
fundos do bistrô. Ambos olharam para lá
e a imagem da Lily, um pouco
desfalecida, foi como uma injeção de
adrenalina direto na veia do rapaz.
Ele se levantou em um tiro de bala e
correu para lá. O tenente abriu espaço
entre as pessoas. Apollo, o dono do
bistrô, já estava chamando a
ambulância. Júnior segurou a moça

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delicadamente e tomou o pulso dela.
Vivi mostrou seu distintivo federal e
afastou as pessoas curiosas tentando
desobstruir o caminho. Ela olhou seu
namorado ajoelhado ao lado da moça.
Ele tinha colocado a cabeça dela em seu
colo e tinha uma expressão apavorada
no rosto enquanto falava com alguém
que ela imaginou ser o proprietário do
lugar.
Embora a tivesse visto uma ou duas
vezes no departamento, na época em que
eram noivos, Vivi reconheceu a mulher.
E para o inferno se não era uma puta de
uma coincidência a ex noiva dele estar
desfalecida em seus braços agora.
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Não queria se sentir ciumenta em uma
situação como aquela, mas o olhar terno,
preocupado e apaixonado de Savi, era
mais do que podia lidar naquele
momento. Os paramédicos chegaram e
Vivi se afastou. De um canto mais
discreto observou seu namorado voltar
para a mesa, pegar seus pertences e sair
apressado atrás da ambulância. Nem se
deu conta de que a tinha deixado para
trás.
__________ __________
Júnior chegou ao hospital no momento
exato em que a ambulância estacionava.
Lily ainda parecia inconsciente e ele
segurou a mão dela enquanto caminhava
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a passos apressados ao lado da maca.
Fred apareceu de repente e o empurrou
para poder tomar seu lugar junto da
moça. Júnior retrucou o gesto e então
eles se encararam como dois galos de
briga.
-Saia do meu caminho Fred.
-Fica fora disso.
O enfermeiro passou por eles bufando e
os dois voltaram a acompanhar a maca,
um de cada lado. O médico responsável
barrou a entrada dos dois na área
reservada e ficaram ambos ali olhando
desolados enquanto Lily desaparecia
atrás das portas.
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Eles voltaram para a sala de espera e
Fred fez algumas ligações. Uma das
quais ele reconheceu ser para Sam, o pai
da moça.
Apollo entrou no hospital um pouco
depois e ergueu as sobrancelhas para a
cena curiosa do ex e do atual
relacionamento da moça estarem juntos.
Ele conversou primeiro com Fred,
depois com o Júnior e ficou ali
esperando notícias. Enquanto
aguardavam o médico retornar, os dois
rapazes se encaravam de maneira nada
amigável.
Sam e Chloe entraram afobados e não
disfarçaram a surpresa por encontrar o
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Júnior ali. A situação ficou
constrangedora quando o doutor
apareceu. Júnior foi o primeiro a ir até
ele e Fred se exaltou.
-Ela é a MINHA noiva. Pode entender
isso de uma vez por todas?
-Uma merda para o que você é dela. Só
preciso saber que ela está bem.
O médico olhou de um para o outro e
falou em voz alta.
-Ela está bem para todos os efeitos.
Sam chegou mais perto.
-O que quer dizer com isso?
-Eu preciso primeiro saber quem é o
responsável por ela.
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-Eu sou o pai e eu o noivo.
Chloe abraçou o marido e não precisou
se identificar, era óbvio que era a mãe
da moça. O médico concordou.
-Podem vir até meu consultório, por
favor?
O médico olhou para Júnior e Apollo.
-Os amigos devem esperar aqui.
Júnior sentiu o corpo ficar tenso. Sentiu
como se tivesse levado um tapa na cara.
Ele não era mais nada dela, sequer
podia-se dizer que era amigo. Não, não
eram amigos.
Apollo se aproximou e colocou a mão
em seu ombro.
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-Sei como se sente, mas seria melhor ir
pra casa. Eu te mantenho informado,
prometo.
O rapaz concordou e saiu do hospital.
Seus ombros estavam pesados, como se
o mundo pairasse sobre eles. Estava
preocupado, irritado, bravo e
malditamente ferido pelas
circunstancias.
Dirigiu de volta tentando conter sua
fúria, os pensamentos perdidos na
situação e os olhos presos no celular no
banco do carona para ter certeza de
atender ao primeiro toque assim que
Apollo ligasse.

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Entrou em sua casa e pareceu que tinha
um incomodo em sua mente tentando
lembra-lo de alguma coisa...Ah Deus,
não...Puta que pariu, tinha esquecido a
Pasha no restaurante. Merda, merda e
dez vezes merda.
Ele checou as horas. Caramba, já tinha
se passado mais de duas horas desde
que deixou o bistrô, apavorado em
acompanhar a ambulância que levava a
Lily.
Esfregou o rosto com ambas as mãos.
Pegou o celular e ligou, é claro que ela
não atendeu. Que droga de situação.
O celular tocou e ele atendeu um pouco

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afobado.
-Hei Júnior.
-Fala Apollo. O que aconteceu com ela?
-Então, nem sei se deveria te falar, é um
assunto bem particular, mas eu conto
com sua discrição.
-Merda, fala logo homem.
-Ela sofreu um aborto.
O telefone ficou mudo por uns instantes.
-Aborto?
-Foi. Olha Júnior, ela está bem na
medida do possível e só estou te
contando porque...bem, sou amigo da
sua irmã e sei como se sente à respeito

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da Lily e como as coisas terminaram
mal, mas dá um tempo para a família
absorver tudo isso antes de tentar se
aproximar novamente. Não me leva a
mal, é só um conselho.
-Tudo bem. Obrigado por me informar.
-Boa noite.
Antes de seguir para o banheiro e tomar
um banho para tentar relaxar, Júnior
tentou falar com a namorada mais uma
vez, mas não houve retorno. Pensou em
Lily e no fato de que agora, não estava
mais grávida. Não que isso mudasse
alguma coisa, mas não podia deixar de
pensar que um filho era algo muito

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permanente e agora que ... bem, deixa
pra lá. Era muito egoísta da sua parte
ignorar o fato de como ela e Fred
deveriam estar sofrendo com tamanha
perda. Como Apollo fizera questão de
lembra-lo, sutilmente e através das
entrelinhas, aquela era uma família da
qual não fazia mais parte.

__________ __________
Vivi estava enrolada em seu edredom,
com uma xícara de chá bem quente nas
mãos e os olhos inchados de chorar. Foi
um dia péssimo. Um dos piores que já
teve em toda a sua vida. Primeiro, a

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desagradável surpresa de reencontrar
Peter, ele um dia tinha sido muito
importante em sua vida, será que alguém
se deu conta do quanto mexeu com ela a
visão dele? Em como a proximidade
daquele que um dia amou de forma tão
intensa foi dolorida?
Depois a maneira quase profissional
com que tratou o assunto sobre Jordan,
como se descobrir que tem um filho não
fosse mais do que resolver um caso
policial. Nenhuma emoção, nenhuma
palavra de carinho ou qualquer interesse
em conhecer o garoto. Depois ter que
desdobrar as folhas do seu passado para
Savi e sentir sua desaprovação pelo fato
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dela ter se envolvido com um homem
casado.
Ele não tinha pronunciado uma palavra
sobre isso, mas a acusação sutil estava
em seus olhos, na sua expressão. Será
que ele a considerava uma oportunista?
E para finalizar a noite, o acontecimento
totalmente inusitado dentro do bistrô.
Boston era uma cidade grande com no
mínimo um milhão de restaurantes e
bistrôs. Porque ela tinha que estar lá?
Porque ela tinha que passar mal
justamente quando ele estava tão focado
na conversa deles? A vida era injusta, e
a parte de injustiça que cabia à ela
estava acima da média.
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Não bastasse todo o sentimento tão
claramente exposto no rosto do
namorado, ele ainda tinha se esquecido
completamente dela. Tão fácil quanto a
tabuada do dois, ele tinha caminhado
para fora do restaurante sem se dar
conta de que ela havia ficado pra trás.
Isso nada mais era que um medidor frio
e calculista do grau de importância que
ela tinha na vida dele. Tão significativo
quanto a tabuada do zero.

Levantar no dia seguinte e encarar os


fatos era difícil, mas inevitável. Vivi
pensou em como iria conduzir os fatos.

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Quando entrou no departamento foi
direto para a sala dele. Não fazia
sentindo fingir que não tinha acontecido
nada. Problemas devem ser resolvidos e
não ignorados
Bateu à porta para se anunciar e entrou.
Ele continuou sentado e a olhou um
pouco sem jeito. Vivi se aproximou
devagar e Júnior se remexeu na cadeira
parecendo um tanto quanto incomodado.
Os dois falaram ao mesmo tempo.
-Eu te liguei ontem / -Como ela está?
Ele fez sinal para ela falar primeiro.
-Eu vi suas ligações, mas ontem não
estava preparada para falar ou ouvir.
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-E agora está?
Ela deu de ombros.
-Está tudo bem Savi. De verdade, eu
entrei nessa sabendo que você nutria
fortes sentimentos por outra pessoa.
Ele se levantou e veio até ela, segurou
seu rosto, se abaixou e deu um beijo
casto na boca dela.
-Me desculpe por ontem.
-Ela está bem?
-Sofreu um aborto. Deve estar abalada e
triste, mas o médico disse que quanto à
saúde, ela está bem.
A moça segurou o punho dele e deslizou
sua mão pelo antebraço de maneira
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carinhosa enquanto falava.
-Não sabia que ela estava grávida. Eu
sinto muito Savi.
Ele ficou surpreso com as condolências
dela.
-Sente muito por mim?
-Deve ser difícil saber que a garota que
ama está grávida de outra pessoa. Quer
dizer, eu sei que ela agora não está mais,
mas...mesmo assim...
Ele sorriu triste.
-Foi difícil – Ele suspirou fundo antes
de continuar. – Na verdade, ainda é
difícil, mas eu tenho alguém muito
especial que tem me feito um bem
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enorme nessa caminhada rumo à
superação.
Vivi abriu um sorriso feliz.
-Muito especial?
-Muito, muito especial.
Ela o beijou e dessa vez ele enlaçou a
cintura dela e a trouxe mais perto.
-Sobre eu ter te deixado no bistrô...
A menina colocou um dedo na boca dele
pra silencia-lo.
-Você a ama e ela estava precisando de
ajuda. Eu peguei um táxi e cheguei em
casa bem. Fim da história.
__________ __________

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Durante o dia Júnior ficou pensando o


que poderia fazer para recompensar a
falta de consideração que teve com sua
namorada no dia anterior. Nem pensar
em ir jantar fora, era o tipo de programa
que não seria bem vindo se considerar o
ocorrido tão recente, talvez um presente.
Ele pensava em suas opções quando seu
celular tocou. Claro que sua irmã iria
ligar.
-Hei Sis.
-Jú? Como você está?
-Bem. Vejo que o Apollo te colocou a
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par dos fatos.
-Sim, ele fez. Eu liguei pra tia Chloe.
Independente de qualquer coisa, não
posso ignorar que eu e a Lily sempre
fomos amigas.
-Eu sei. E o que ela disse?
-Disse que a Lily está um pouco abatida,
mas que sai do hospital em um ou dois
dias. Fred está com ela o tempo todo.
Júnior virou os olhos para o comentário
da irmã. Não era bobo, sabia ler as
entrelinhas e entendeu o recado.
-Não se preocupe Sis, não vou procura-
la ou nada do gênero.
-Espero que não, realmente precisa
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deixar essa fase da sua vida pra trás.
-Olha Duda, ela passou mal perto de
mim e eu fiz por ela o que faria por
qualquer um.
-Eu sei. E fico feliz que estava jantando
no bistrô. Já estava preocupada com seu
hábito de se isolar para encher a cara
sozinho nos fins de semana.
-Do jeito que fala parece que eu estou
vivendo em reclusão.
-E não está? Porque sinceramente, não
aparece para ver seu sobrinho há
semanas, não visita nossos pais e sequer
liga para dar notícias.
-Pois se te interessa, não estou pensando
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em virar monge.
Ela ficou em silencio por um momento.
-Apollo me disse que você não estava
sozinho.
-Não. Eu estava com alguém.
-Alguém quem?
Ele riu. Sua irmã era muito curiosa, mas
de repente surgiu uma idéia.
-Alguém que eu quero que você
conheça.
O entusiasmo dela foi delirante.
-Ai meu Deus Jú? Tá namorando?
-Sim. Que tal chamar o pai e a mãe pra
jantar e eu a levo comigo para todos

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conhecerem?
-Hoje à noite?
-Tem algum compromisso?
-De jeito nenhum. Vou adorar. Nos
vemos a noite.
Ela desligou e ele podia imaginar a
fofoca entre sua mãe e sua irmã naquele
exato momento. Seria bom acabar com
aquela preocupação que todo mundo
insistia em ter por ele como se fosse um
adolescente perdido.
Se recostou na cadeira e pensou em Lily.
Eles nunca tiveram um encontro oficial,
ou jantar em família ou todas as coisas
normais de casal em início de namoro.
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Como cresceram juntos, estavam sempre
aos arredores um com o outro. As coisas
pareciam simplesmente normais. Era
novo pra ele esse lance de apresentar
namorada à família e precisava se
acostumar com isso, mas antes tinha que
fazer uma coisa.
Ligou para a recepção e pediu que a
atendente enviasse um ramalhete de
rosas brancas para o hospital em seu
nome, com um cartão de melhoras para a
paciente.
__________ __________
-Conhecer sua família? Mas assim? Do
nada?

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-Eu já conheço a sua, é justo que você
conheça a minha.
-Olha Savi, se está fazendo isso por
causa do que aconteceu ontem,
sinceramente, não é necessário.
-Deixa de conversa, te pego as oito.
Esteja pronta.
__________ __________

Eduarda abriu a porta e abraçou o


irmão. Reconheceu a menina da vez que
esteve no departamento.
-Por favor, sinta-se em casa.
Vivi se sentiu um pouco tímida quando
viu todos os olhos voltados pra ela na
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sala. Júnior fez as apresentações.
-Meu pai Murilo Marconi, minha mãe –
pode chama-la de Babi – meu cunhado e
aquele ali você já conhece, é o Thierry e
seu inseparável cachorro, o Aranha.
Ela cumprimentou a todos com simpatia.
Aranha pulou na perna dela que
acariciou a cabecinha do animal com
cuidado. Vivi pensou que essa era uma
família de gente bonita. O pai do tenente
era um senhor com traços muito bonitos
o que dava uma idéia de como ele era
quando jovem e por ser muito parecido
com o pai, de como Júnior ficaria
quando mais velho.

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A mulher chamada Babi era uma senhora
elegante, do tipo mignon, mas com um
rosto ainda belo e conservado. A filha
era a cara da mãe numa versão bem mais
jovem e seu marido, uau, era do tipo
saído das páginas de uma revista de
moda.
O jantar foi tranquilo e muito gostoso.
Eduarda era uma chef e tanto e todo
mundo acabou comendo muito. Murilo
observava o filho e achou que ainda que
não estivesse apaixonado pela moça,
pelo menos estava tentando e isso era
um bom sinal.
-Então Viviane, conta pra gente como
tudo começou.
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Vivi sorriu sem jeito, mas aquelas
pessoas eram tão adoráveis que ela não
se intimidou em falar.
-Me chamem de Vivi por favor e bem, a
coisa toda foi muito simples. Estávamos
bêbados em um pub, ele me levou pra
casa dele, ficamos juntos, brigamos logo
em seguida e fizemos uma aposta, que
devo confessar eu perdi, então voltamos
a sair e eu o pedi em namoro.
Todo mundo estava pasmo com a frase
final dela. Antonino riu alto.
-Você pediu o Júnior em namoro?
-Sim. Foi eu que pedi.
Murilo olhou para o filho divertido.
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-Caramba, achei que tivesse te ensinado
mais do que isso.
Todo mundo riu e o rapaz tentou se
defender.
-Não se enganem com a aparência doce
e frágil da Pasha. Ela me encurralou.
A conversa foi longe. Thierry e Aranha
arrancaram boas risadas e estavam
todos descontraídos. Pasha brincava
com o menino quando Eduarda comentou
sua desenvoltura.
-Você parece gostar bastante de criança.
-E gosto.
Júnior não queria que Jordan fosse um
segredo ou um assunto desconfortável
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entre eles, por isso resolveu falar dele
abertamente.
-Pasha tem um filho.
Vivi reparou que estavam todos
surpresos, mas foram gentis o suficiente
para disfarçarem a noticia inesperada. A
irmã do Savi agiu com mais naturalidade
do que os demais.
-E onde ele está? Porque não o trouxe
para brincar com o Thierry?
-Ah, ele mora com meus pais em
Manchester, por razões financeiras.
-Quantos anos ele tem?
-Um ano.
Júnior abraçou sua namorada.
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-Ele é um garotinho incrível.
Babi sorriu e pareceu sincera quando
falou.
-Traga-o com você nas próximas vezes.
Adoramos crianças. Todos nós.
__________ __________
-Adorei seu pessoal.
-E eles a você.
-Sério?
Júnior beijou o pescoço da menina com
delicadeza e suas mãos começaram a
passear pelo corpo dela.
-É tão bonitinho sua irmã te chamando
de Jú.

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-É?
Ele tomou a boca dela em um beijo
profundo. Adorava quando ela ficava
nas pontas dos pés para beija-lo. Seus
braços estreitaram sobre o corpo magro
e a ergueu facilmente do chão.
Savi deslizou a palma da mão pela
bunda dela e puxou sua perna para
enlaçar sua cintura. Ela gemeu quando
sentiu o membro dele pressionado em
suas coxas.
-Eu te quero Savi. Quero que me tome,
que faça amor comigo.
-Não há uma única chance de você não
ter seu desejo realizado.
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Ele subiu as escada com ela pendurada
em sua cintura e em sua boca. Caíram na
cama e o rapaz enfiou a mão por baixo
do vestido dela.
-Ah Pasha, está tão excitada...
-Você me deixa assim.
O tenente tomou a boca dela e foi
beijando o corpo pequeno e delicioso na
medida em que ia despindo-a das suas
roupas. Vivi se sentia em êxtase. Ele era
tão incrivelmente másculo na cama e a
provocava até ao ponto do seu sexo
pulsar em desespero para ser tomado.
A moça segurou o membro rijo na mão e
o guiou para dentro do seu corpo. Júnior
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riu do descontrole dela e se sentiu muito
satisfeito em ver o poder que exercia
sobre ela. Na verdade, não podia negar
que estava viciado no corpo dela
também. A cada dia ficavam mais em
sintonia um com o outro e se conheciam
com mais intimidade. Ela gostava que
ele a tocasse com os dedos antes de
penetrá-la e seu pescoço era
particularmente sensível, especialmente
próximo do lóbulo da orelha. Ele
adorava que a boca dela estivesse em
seu membro e os gemidos tão
descontrolados e femininos o levava a
loucura total.

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Pasha ficou brincando com os gomos do
abdômen duro dele enquanto descansava
sua cabeça no seu peito. Quando desceu
pela lateral do corpo toda em forma, o
homem se encolheu e segurou a mão
dela rapidamente.
-Tem cócegas?
Ele riu porque viu a intenção dela de se
aproveitar da sua nova descoberta.
-Não se atreva Pasha.
Mais rápido do que ele podia prever ela
subiu em cima dele e o atormentou com
a brincadeira de lhe provocar cócegas.
O homem pulou de um lado para o outro
tentando fugir dos dedos ágeis dela
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enquanto ria muito e gritava para ela
parar.
Segurando os pulsos dela com uma
única mão, ele a virou e a prendeu com
seu corpo grande. Totalmente dominada
pela força imperiosa dele, a menina
tentou se soltar, mas ele estava
preparando uma vingança.
Os braços acima da cabeça
pronunciaram seus seios descobertos.
Júnior se curvou e tocou o bico exposto
com a língua. Ela se retorceu querendo
mais.
-Judiou de mim com as cócegas. Agora
vai ter que pagar o preço.

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E ela pagou. Pagou de uma maneira
deliciosamente torturante. A boca do
homem explorou suavemente a carne
branca de pele acetinada. Vivi estava a
ponto de implorar, de ceder a qualquer
capricho dele para que ele a deixasse
alcançar seu prazer.
O corpo dela estava tão estimulado que
gritava por alívio sexual. Júnior sorria
com malícia. Estava adorando aplicar
seu castigo sensual e só deu a ela o que
queria quando já não conseguia mais
controlar seus próprios instintos. Então
entrou nela com força e determinado a
leva-la a satisfação absoluta.
Olhou para baixo para ver seu quadril
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batendo no dela, entrando e saindo,
aquecido pela umidade calorosa do
corpo em chamas. Ele observou o rosto
corado, os olhos fechados e a boca
semiaberta que tentava respirar enquanto
alcançava seu prazer através dele. Ah
Deus, como era gostoso estar assim com
ela.
Um arrepio subiu por sua espinha,
estremeceu seu corpo e então ele gozou.
Sentia-se derramar dentro dela, apertou
ainda mais seu corpo enterrando seu
membro grande até o fim enquanto sentia
os espasmos que ainda tomava sua
pequena e deliciosa namorada.
-Isso é muito bom.
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Vivi concordou.
-Muito, muito bom.
Júnior a beijou com tamanho carinho,
segurando seu rosto com suavidade, que
tocou o coração dela. As vezes ele era
tão extremamente atencioso que até
parecia um pouco apaixonado por ela.
Tentou não pensar assim, porque não
queria se precipitar. Estar com ele era
bom e isso era o suficiente no momento.
As mãos pequenas tocou o rosto dele e o
puxou para si em um abraço apertado.
__________ __________
Vivi terminou o banho e estava se
enxugando quando ouviu o celular dele
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tocar. Não queria ficar bisbilhotando,
mas já era quase dez horas da noite e
talvez pelo horário, ou quem sabe tenha
sido o tom de voz um pouco surpreso
dele lhe chamou a atenção.
Aproximou-se da porta entreaberta e
ficou ouvindo.
__________ __________
Júnior checou o visor do celular e ficou
tenso. Olhou para a porta do banheiro,
Pasha ainda estava no banho, apertou o
botão e atendeu.
-Hei Lily.
-Jú?
-Sim. Está tudo bem?
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-Está. Recebi suas flores. Obrigada.
-De nada.
-Eu...
Ela começou a chorar e ele sentiu seu
peito se apertar. Odiava que ela
chorasse porque ficava tão malditamente
frágil que ele tinha vontade de abraça-la
e protege-la do mundo inteiro.
-Deus Lily, não chora. O que aconteceu?
-Pode vir aqui um minuto? Eu sei que
está tarde, mas...eu queria te ver. Sei que
não dorme cedo.
-Não sei Lily, não acho que seja uma
boa idéia, eu e o Fred tivemos um
contratempo no hospital.
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-Eu sei, eu sei...mas ele foi pra casa
descansar um pouco.
Júnior respirou fundo e olhou para a
porta do banheiro. Vivi estava enrolada
na toalha e olhando pra ele. Ele respirou
fundo antes de responder.
-Chego ai daqui a pouco.
-Obrigado Jú.
Savi jogou o celular em cima da
cômoda. Se levantou e vestiu a calça.
Vivi começou a procurar suas roupas
apressadamente.
-Pasha, eu...preciso ir.
Não ia inventar qualquer desculpa
esfarrapada. Sabia que ela tinha ouvido
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a conversa. A moça se vestiu em tempo
recorde, estava colocando a botina e
amarrando o cadarço com mais força do
que o necessário. Ele foi até ela.
-Por favor, não fique chateada, eu
só...quero ter certeza de que está tudo
bem. Ela estava chorando e ... enfim,
pode ficar aqui se quiser, não tem que
sair correndo.
-Eu prefiro ir pra casa. Rapidamente eu
chamo um táxi.
-Eu te levo.
-Não, o hospital fica do lado oposto de
onde eu moro. Não é necessário desviar
seu caminho.
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Ele colocou parte do cabelo dela para
trás da orelha, sabia que a estava
magoando profundamente, mas não
podia evitar. Nunca mentiu em nada para
ela e a voz chorosa de Lily estava em
sua mente atormentando seus sentidos.

A menina pegou seu celular e discou


para a companhia de táxi. Passou o
endereço e pegou sua bolsa e estava
saindo quando ele a alcançou e segurou
seu braço. Que merda, estava se
sentindo muito mal por coloca-la nessa
situação. Queria encontrar palavras para
se justificar, mas não conseguia. Os
olhos dela estavam com uma umidade
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brilhante, ainda assim ela sorriu.
-A gente se fala amanhã. Se cuida.
Ele consentiu sem palavras e a deixou ir.
A porta se fechou e ele buscou uma
camiseta no guarda-roupas. Se olhou no
espelho e arrumou os cabelos. Conferiu
seus documentos e pegou as chaves do
carro. Bateu a porta atrás de si e saiu
apressado.
__________ __________
Júnior entrou no quarto e viu Lily
adormecida. Se aproximou da cama
silenciosamente e estendeu a mão para
tirar a mecha do cabelo que caiu sobre
seu rosto de anjo.
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Ela abriu os olhos lentamente e esboçou
um sorriso fraco. Mesmo estando
visivelmente debilitada era bonita.
-Oi.
-Oi.
-Obrigado por vir.
Ele se sentou na beirada da cama e ela
entrelaçou suas mãos com as dele.
Júnior acariciou os nós dos dedos finos
dela e falou com voz baixa.
-Sinto muito por sua perda.
Os olhos dela se encheram de lágrimas e
ela respirou fundo.
-Pensei que me odiasse.

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-Sabe que jamais poderia te odiar.
-Te magoei tanto.
-Deixa isso pra lá. Apenas descanse e se
recupere.
-As coisas não parecem ser como são
Jú. Há tanta coisa a ser dita.
-Não é hora para desenterrar o passado.
Só quero que fique bem.
Ela acariciou o rosto dele.
-Você estava certo em tudo. Eu devia ter
esperado outras oportunidades, outros
projetos.
-O que está feito, está feito Lily.
-É, eu sei.

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Dito isso ela desabou a chorar
novamente e ele a abraçou carinhoso.
Limpou as lágrimas dela e disse
palavras de conforto.
-Não fique assim. Está fragilizada com
os acontecimentos, mas tudo se
resolverá. Poderá ter outros filhos, tenho
certeza que você vai superar tudo.
-Obrigada por ajudar a me socorrer.
-Não precisa agradecer.
-Engraçado que sempre vou ao bistrô e
nunca te vejo lá.
-Eu não tinha te visto até tudo acontecer.
-Nem eu a você, mas fiquei feliz quando
me disseram que você estava ao meu
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lado. Isso não foi coincidência Jú, foi o
destino.
O coração dele deu um salto em seu
peito. O que ela estava dizendo? Os
olhos dela piscaram sonolentos e ele
achou que era melhor deixa-la
descansar.
-Durma Lily. Nos falamos outro dia.
Ela adormeceu quase que imediatamente
e ele voltou pra casa.
__________ __________
Vivi se arrastou do quarto para a
cozinha. Olhou as horas. Céus, quatro da
manhã e mal podia pregar os olhos. Fez
um chá, ligou a TV bem baixinho e se
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enrolou no sofá. Sentia-se magoada e
muito insegura com tudo.
Estava apaixonada pelo Savi, sempre
estivera, desde antes de começarem a
ficar juntos e embora soubesse
plenamente como era estar em uma
relação tóxica e unilateral, não
conseguia deixar de se sentir
menosprezada.
Que tipo de namorado que acabou de
fazer amor de maneira incrível com
você, sai correndo com um único
telefonema da ex? Uma vozinha no seu
subconsciente respondeu em sua mente o
que ela não tinha coragem de dizer em
voz alta: “Um que não te ama.”
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Era dolorido encarar isso, mas era a
realidade. Talvez dali a algumas horas
quando entrasse no departamento ele
estaria esperando por ela para dizer que
estava tudo acabado e que voltaria para
a Lily.
A constatação de que aquilo podia
acontecer apertou seu coração e trouxe
lágrimas aos seus olhos. Fazer o quê?
Como se luta com o amor de uma vida
inteira? Ela não fazia a menor idéia.

Mia balançou a cabeça incrédula.


-Minha santa Gertrudes dos cafajestes
ingratos Vivi, não acredito que ele fez
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isso com você.
-Pois é. Ele fez. Mas eu sempre soube
que é ela quem ele ama.
-Isso não interessa. Tem uma coisa
chamada consideração e ela deve ser
estendida aos que são bons pra você. E
você tem sido boa pra ele. A mulher
acabou de perder um filho que era de
outro homem, pelo amor de Deus.
-Me diz Mia, como eu levo isso?
-Caramba Vivi, isso é um cacete de
complicado. Eu vejo que está ainda mais
apaixonada por ele, mas não acha que
merece alguém que possa te amar, que te
priorize pelo menos uma vez na vida?
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-Será que consigo um dia encontrar
alguém disposto a isso?
-Disposto a que?
A voz do tenente sobressaiu-se no
silencio da cozinha e as meninas se
assustaram. Ele olhou de uma pra outra e
seguiu para a cafeteira. Mia saiu sem
fazer cerimonias e deixou a amiga com
seu namorado e seu imenso problema
para resolver.
Júnior se virou e analisou a feição
cansada e abatida da namorada.
Obviamente ela teve uma noite difícil e
ele não precisava pensar muito para
adivinhar o porque.

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-Parece que não dormiu bem.
-Não muito.
-Eu te magoei ontem...
-Não vou dizer que não.
-Desculpe.
Ele desviou os olhos e ela prendeu a
respiração. Será que seria agora que ele
ia falar pra ela que estava reatando com
a Lily? Não queria levar um pé na
bunda, não estava preparada pra isso.
-O que foi Pasha? Está pálida.
-Você e a Lily voltaram?
Ele franziu o cenho com a pergunta
inesperada. O coração dele se

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compadeceu dela e quase que ele perde
a compostura e a abraça forte apenas
para confortar sua angústia.
-É isso que está pensando? Que eu e ela
estamos nos entendendo novamente?
-Não é uma coisa impossível, é?
-Não foi isso que aconteceu ontem. Lily
apenas precisava de um pouco de
companhia. Está muito abalada com
tudo.
-Então ainda estamos juntos?
-Quer terminar comigo?
-Não.
-Sendo assim, acho que ainda tem um
namorado.
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Ela sorriu aliviada e ambos voltaram
para o trabalho.
O resto da semana foi difícil. Eles
estavam programando a operação que ia
trazer para baixo alguns policiais civis e
o ambiente estava tenso. Ambos tiveram
que trabalhar no fim de semana e
emendaram as horas de trabalho com
poucas horas de descanso e Vivi não
pôde ir até Manchester ficar com o filho.
Na segunda-feira logo de manhã o major
estava novamente ali no departamento.
Vivi quase engasgou com o café quando
o viu entrar. Mia murmurou um
palavrão.

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-Mas que inferno ele está fazendo aqui
de novo?
-Só espero que não tenha nada a ver
comigo.
Júnior ficou surpreso quando a porta se
abriu e o major Peter Sparks entrou.
-Tenente Savi.
-Bom dia major. Algum problema?
-Nenhum. Apenas passando para
verificar a força tarefa que vamos
executar na quinta-feira. Está tudo certo,
eu imagino.
-Sim, mas minha equipe não está dentro
dos planos da invasão. Apenas os
federais de campo, se quiser detalhes
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precisará conversar com o chefe do
setor de operações táticas.
-Eu sei, eu sei.
Junior sabia bem o que Peter estava
fazendo ali e não gostou nada. Uma
merda se ia facilitar para que ele tivesse
fácil acesso à Pasha.
-Fique a vontade major, mas eu tenho
que dar algumas coordenadas ao meu
pessoal.
-Vai falar com os investigadores?
-Sim. É o que eu pretendo.
-Vou acompanha-lo.
O tenente estreitou os olhos e cerrou os
punhos, mas achou melhor não
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contrariar. Saiu da sala e foi até a sala
de investigação. Quando entrou seguido
do superintendente, todas as atenções se
voltaram para ele.
Distribuiu alguns papéis com o
cronograma para cada um deles e suas
tarefas para aquela semana. O major
logo encontrou Pasha sentada em sua
baia e colocou-se a observá-la. A moça
ficou nervosa com a avaliação a que
estava sendo submetida.
Júnior queria dar um soco na cara do
seu chefe, mas tentou se controlar.
Terminou suas recomendações e se virou
para sair. Ouviu o major falar com sua
namorada.
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-Senhorita Pasha, me conceda dois
minutos para um café, por favor?
Vivi se assustou com o convite na frente
de todo mundo e demorou uns segundos
para responder. Savi a interrompeu e
tomou a frente da situação.
-Venha Pasha, vamos tomar café com o
major.
Peter Sparks ficou claramente
contrariado e houve um silencio tenso na
cozinha. Engoliram o café sem trocar
uma única palavra e assim que
terminaram o homem se despediu
secamente e foi embora.
Vivi ficou olhando-o se afastar.
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-O que foi isso?
-Isso, foi o filho-da-puta do homem
querendo uma brecha com você.
-Não é possível.
-Pode acreditar.
Ela voltou seus olhos para a porta onde
o chefão tinha acabado de sair e Júnior
ficou bravo.
-Está interessada?
-Como?
-Parece estar esperançosa em ver a
maldita porta se abrir e quem sabe o
major entrar novamente.
-Claro que não.

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-Cair no mesmo erro duas vezes é
burrice Pasha.
Vivi encarou seu namorado e por um
instante pareceu que ele estava com
ciúmes, o que era uma grande ironia
considerando que ele mal podia ouvir a
voz da Lily para sair correndo ao
encontro dela. Não estava sequer
cogitando a idéia de reviver seu
romance desastroso com o Peter, mas
Savi era a última pessoa que podia
criticá-la sobre isso.
-Acha isso mesmo?
-O que está insinuando?
-Nada. Mas se considerar o que ocorreu
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essa semana, você sabe, o lance do
bistrô seguido da sua visita ao hospital,
é no mínimo contraditório o que acabou
de me dizer, não é?
Ela não esperou resposta porque queria
apenas provoca-lo e pelo jeito
conseguiu porque Savi ficou com o
humor de cão o resto do dia.
Naquele dia Vivi não viu seu namorado
ir embora e presumiu que ele estava
muito bravo mesmo. Pegou um táxi e foi
até a casa dele.
__________ __________
Júnior estava tomando cerveja quando
ouviu a campainha. Sabia quem era e
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pensou que não devia atendê-la.
Merecia ficar plantada lá fora pelo dia
infernal que deu a ele, mas mesmo assim
abriu a porta, carrancudo.
Ela olhou pra ele com aqueles olhos
verdes sedutores e sorriu amplamente.
Savi estava descobrindo que era difícil
resistir à doçura dela. Nenhuma palavra
foi pronunciada.
Vivi se adiantou uns passos e se
pendurou no pescoço dele que brincou
com ela dificultando o acesso à sua
boca. Por mais que a menina se
esforçasse, não tinha altura suficiente
para beijá-lo se ele não se inclinasse
consideravelmente.
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-Sua lambretinha de gente.
-O que significa isso?
-Alguém muito pequeno, assim como
você.
Júnior enlaçou a cintura dela com ambos
os braços e a suspendeu no ar até que
suas bocas estivessem no mesmo nível.
Se olharam sorrindo um para o outro e
ela o beijou. Um beijo longo, molhado,
apaixonado.
O rapaz caminhou com ela pra dentro da
casa e fechou a porta com o pé.
Enquanto sentia os lábios macios se
movimentando contra os seus, ele
pensou que ela era uma garota fácil de
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gostar e estava feliz por tê-la ao seu
lado.
Não tocaram mais no assunto sobre seus
ex. A força tarefa na quinta-feira levou
vários dos sequestradores de elite que
eles buscavam para a prisão.
Era um numero suficiente para que em
poucos dias chegassem aos chefões.
Seria perigoso, mas já estava tudo
estruturado.
Megan trouxe Jordan pra ficar com a
mãe na sexta à noite. Ela e o namorado
tinham planos para o fim de semana e
passaram por Boston a fim de evitar que
Vivi precisasse viajar.

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Júnior fez questão que eles ficassem na
sua casa e ligou para a irmã trazer seu
sobrinho para brincar com Jordan.
Apesar da diferença de idade, os
garotos se deram bem.
Duda estava ajudando Vivi a cuidar das
crianças. Antonino e Júnior estavam na
sala assistindo futebol. Momento ideal
para conversa de mulherzinha.
-Então, você e meu irmão estão sérios?
Vivi não sabia bem o que dizer, deu de
ombros.
-Estamos caminhando.
-Hum, essa não parece ser uma boa
resposta.
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-Ah, desculpe, não quis parecer
grossa...é que, bem...eu e ele temos
nossos passados para lidar.
-Pode ser sincera comigo Vivi. Ele
ainda está na da Lily? É isso que está
querendo me dizer?
-Uau, você é direta.
-Sim. Ele é meu único irmão. Sempre
fomos melhores amigos e ele sempre me
ajudou quando eu precisei, mas
infelizmente por mais que eu tenha
tentado, foi impossível ajudar o Jú nesse
lance com a Lily.
-Ele é muito apaixonado por ela.
Duda estreitou os olhos e suspirou
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desanimada.
-Ah não. Você disse que ele é e não que
ele era. Isso é péssimo sinal.
-Não fique tão preocupada. Nos damos
bem e estamos indo no nosso ritmo.
-Porque então acha que ele ainda não
superou a Lily?
-Não sei exatamente o que acontece, ele
não fala muito sobre isso, mas uma das
razões talvez seja pelo fato dela ficar
puxando-o de volta para sua vida.
-Ela faz isso?
-Eu penso que sim.
Vivi contou sobre o que tinha acontecido
de fato no bistrô e do telefonema
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seguido da passada dele pelo hospital.
Duda quase enfartou.
-Não dá pra entender essa fixação que
ele tem por ela e tampouco a
necessidade dela de tê-lo por perto.
Sempre foi assim. Lily sempre empurrou
o Júnior com uma mão e o puxou de
volta com a outra, mas nunca se decidiu
completamente por uma relação estável.
Isso me irrita profundamente.
-Porque eles terminaram?
Duda contou o que sabia e ela sabia
bastante, então Vivi teve uma visão bem
ampla do tamanho do problema que
estava enfrentando.

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As meninas levaram os garotos para
dentro. Jordan ficou manhoso e começou
a chorar. Estava com sono. Júnior veio
até sua namorada.
-Deixa que eu cuido dele. Prepare um
banho quente pra ele poder relaxar um
pouco, está cansado.
-Tudo bem. Obrigado.
Vivi subiu e Duda ficou ali observando
o irmão cuidar do pequeno Jordan com
carinho. O menino recostou-se no peito
dele sonolento e a mão do rapaz foi
direto para a cabeleira loira e acariciou
o menino até que ele adormecesse de
vez.

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-Você leva jeito Jú.
-Jordan é um ótimo menino.
-E a mãe dele também.
O rapaz olhou para sua irmã e sorriu.
Caramba, sua família já estava criando
expectativas sobre ele e Pasha.
-Eu sei Sis. Ela me faz bem.
-Então, vê se não perde a oportunidade.
-Sem pressão Sis. Sem pressão.
Com extremo cuidado para não acordá-
lo ele se levantou e carregou o menino
para o quarto de cima. Vivi tirou a roupa
dele e deu um banho rápido apenas para
que ele dormisse limpinho e depois o
colocou no berço portátil.
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-Você é uma boa mãe.
-Eu tento ser. Só quero que meu bebê
cresça bem e seja feliz.
-Ele vai ser.
__________ __________

A força tarefa daquela semana foi


difícil, tensa e muito desgastante. Era
mais fácil abordar um traficante
internacional do que policiais corruptos.
A imprensa ferveu em cima do
acontecimento e houve muito alarme
sobre a atual condição da segurança
pública do país.
O tenente Savi lidou com tudo muito
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bem. O superintendente da PF foi firme
nas acusações e dois líderes de
diferentes unidades foram apontados
como chefes das organizações
criminosas.
Para completar a semana Vivi recebeu
um telefone urgente da irmã. Quando
desligou, estava pálida.
-O que aconteceu Pasha?
-Meu pai. Ele enfartou e está na UTI.
Preciso ir à Manchester Savi.
Ele concordou e desejou poder
acompanha-la, mas estavam muito
atarefados ali para que ele deixasse o
departamento.
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O rapaz ligou para ela duas vezes
durante a tarde, mas o celular parecia
desligado. Estava preocupado e queria
notícias.
Somente mais a noite ele retornou as
chamadas.
-Ele está muito fraco e vai precisar de
cuidados.
-Vai precisar de uns dias?
-Sim, tenho que ajudar minha mãe. Ela
não tem condições de ficar com o Jordan
e minha irmã não pode abandonar a
faculdade para cuidar dele.
-Cuide de tudo por ai, não há pressa.
Seus pais precisam de você agora.
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Talvez seja o momento de considerar
trazer o Jordan pra cá. Sua mãe não vai
ter condições de continuar a cuidar dele.
Seu pai vai precisar de cuidados extras.
-Eu sei. Preciso pensar em como vou
lidar com isso.
-Simplesmente traga-o Pasha.
Resolveremos o que for necessário
quando ele estiver aqui.
Se despediram e Júnior ficou pensando
sobre o assunto. Vivi tinha dois salários
que juntos mal podia ser considerado
um. É claro que a família dela precisava
da ajuda que ela dava e um filho
requeria mais do que os rendimentos de

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uma estagiária podia pagar.
Ele pegou o telefone e ligou para sua
irmã. Conversaram um bom tempo sobre
alguns procedimentos que ele queria
tomar para ajudar sua namorada e
quando desligou já tinha algumas coisas
resolvidas para a acomodação de
Jordan.
Querendo ou não Vivi teria que aceitar
sua ajuda e ele não iria aceitar recusas.
No sábado de manhã considerou ir para
Manchester, mas quando ligou, Vivi
disse que estava vindo embora logo
depois do almoço. Como ele sugerira,
ela decidiu por trazer Jordan com ela e

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deixar a mãe livre da responsabilidade.
Seu pai sairia do hospital em dois ou
três dias e precisaria de atenção.
-Vou direto pra casa e arrumar todas as
coisas que eu estou levando do Jordan.
Acho que terei tudo no lugar à noite e
podemos nos ver.
-Ótimo. Me liga quando chegar.
Júnior aproveitou a manhã para visitar
os pais e ir ao supermercado. Almoçou
com o cunhado e o sobrinho, já que sua
irmã estava trabalhando no bistrô no fim
de semana, e ficou à toa no início da
tarde assistindo televisão e bebendo
cerveja.

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Vivi ligou pra ele por volta das seis
avisando que estava quase tudo
arrumado na casa e que poderiam comer
pizza no apartamento dela.
-Minha colega viajou com a filha dela e
só volta no domingo a noite. Temos o
lugar só para nós.
-Isso parece interessante Pasha.
-E Jordan está cansado da viagem,
provavelmente vai dormir cedo e direto
até amanhã.
-Estarei ai em uma hora e levo um
vinho.
Ela desligou sorrindo e foi correndo
tomar banho. Escolheu uma lingerie
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sensual e entrou no chuveiro. A noite
estava apenas começando.
__________ __________

Júnior ouviu a campainha e se enrolou


na toalha para atender a porta. Não fazia
idéia de quem poderia ser já que não
estava esperando ninguém.
Abriu a porta e não conseguiu disfarçar
a surpresa.
-Hei Lily.
-Oi Jú. Posso entrar?
-Claro.
Ela olhou para o corpo úmido e para a

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toalha envolvendo a cintura do rapaz.
-Acho que interrompi seu banho.
-Tudo bem.
Eles se encararam e Júnior não
acreditou no que viu nos olhos dela.
Havia desejo ao fitar o corpo dele tão
exposto daquela maneira. A moça
desviou os olhos, mas era tarde, ele
percebeu a vontade reprimida que
despertou nela. Essa pequena fagulha do
que eles já tinham partilhado juntos o
excitou. Caramba, precisava se trocar
antes que ela percebesse como o
simples olhar que havia lhe direcionado,
mexeu com a libido dele.

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-Um minuto e eu já volto Lily. Fica a
vontade se quiser beber alguma coisa.
Ele foi rápido em colocar um jeans e
uma camiseta de manga longa. Desceu
descalço e com os cabelos despenteados
e a menina sorriu para a imagem tão
familiar desse jeito despojado que ele
tinha e que há tempos não via.
-Está tudo bem?
-Sim. Eu...não estou te atrapalhando, não
é?
-Não...não, mas eu tenho que ser honesto
e te falar que estou muito surpreso de te
ver aqui.
-Queria conversar. Quer dizer, preciso
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te falar uma coisa.
Ela estava um pouco nervosa e ele
indicou o sofá para que eles se
sentassem.
-Você está melhor? Sobre o aborto, eu
sei que deve ter sido um baque e tanto.
-Estou tranquila quanto a isso.
Lily ficou em silêncio e Júnior esperou.
Não fazia idéia do que ela pretendia
falar, mas claramente a moça parecia
estar enfrentando uma guerra interna
entre o sim e o não a respeito de alguma
coisa.
O rapaz começou a ficar apreensivo ao
ver que por mais que ela quisesse, não
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conseguia colocar pra fora o que a
afligia. Sentou-se ao lado dela e segurou
sua mão.
-O que está acontecendo? Porque está
tão nervosa?
-Eu...sabe, a gente...
-Respira Lily e fica tranquila. Hei,
somos amigos acima de qualquer coisa,
pode confiar em mim.
-Eu sei, mas não é fácil.
-Não me deve nenhuma explicação.
Sabe disse, não sabe?
-Sei, mas eu quero te dar uma
explicação porque...quando eu fui para o
projeto dos voluntários da Africa, eu
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tinha um sonho, um objetivo em mente e
não quis abrir mão dele, mas eu pensei
que as coisas seriam diferentes.
A voz dela estava baixa e sofrida. Ele
não a interrompeu mais.
-Não queria abrir mão de você, mas
achei que tínhamos algo que resistiria à
distancia. Eu tinha certeza de que
quando eu voltasse, iríamos nos acertar
e finalmente eu conseguiria ser a mulher
que você queria que eu fosse. Tentei
manter isso fresco na minha memória,
mas já estava arrependida no momento
em que coloquei meus pés no avião.
Júnior se levantou e foi até seu bar

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particular. Preparou duas bebidas e
entregou uma pra ela que recusou
gentilmente. Ele encarou a moça com
seriedade.
-Você foi Lily, viveu seu sonho e a vida
seguiu.
-As coisas não foram um mar de rosas
Jú.
-Tenho certeza que não. Você foi para
um país pobre e cheio de pessoas
carentes e miseráveis que vivem em
condições quase desumanas. Mas isso
você já sabia quando aceitou fazer parte
do programa.
-Sim.
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Ela se levantou e caminhou até a janela.
-Quando digo que não foi fácil, não me
refiro às condições de vida que
encontrei lá. Fiquei feliz em ajudar
enquanto eu pude.
Júnior tinha instinto policial. Havia algo
que Lily estava tendo dificuldade em
expor e ele tentou persuadi-la a se abrir.
-Me diz logo o que aconteceu naquele
lugar.
-Há mais do que o descaso do governo
com a pobreza e a miséria. A vila em
que nos instalamos nos últimos três
meses de programa é bastante distante
da civilização e muito suscetível à
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violência.
-Deus Lily. O que está tentando me
dizer?
Ela se virou de costas pra ele e sua voz
era um sussurro sofrido.
-Fui violentada lá.
O rapaz ficou pálido e a tensão era tão
grande e preencheu tanto o ambiente
que a sensação era de que poderia ser
cortada com uma faca.
-Não me diz isso Lily.
Quando a moça se virou, seus olhos já
estavam marejados e um soluço escapou
do fundo da sua garganta.
-Foi horrível...horrível.
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Ele caminhou depressa até ela e a tomou
nos braços.
-Jesus Cristo, como isso aconteceu?
Por longos minutos ela apenas chorou,
mas não conseguiu falar. Depois ela se
afastou dele, que teve dificuldades em
deixa-la ir para longe, limpou seu rosto
e começou a explicar.
-Há gangues que se deslocam por toda a
parte pobre do país e vivem de saquear
as vilas. São bandoleiros e há muitas
lendas sobre eles. Um grupo deles
invadiu a vila e nos fez refém por vários
dias.
-Em quantos vocês eram?
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-Seis no total. Eu e outras duas garotas.
O Fred e mais dois professores
responsáveis. Eles renderam os homens,
e forçaram a mim e as outras meninas,
algumas da vila, a fazermos sexo com
eles.
-Uma vila inteira e ninguém ajudou?
-Como se fosse possível. Era um bando
de mais de dez homens. Todos armados.
Fomos presas fáceis. O pessoal da vila
não os enfrenta, morrem de medo, não
têm apoio ou qualquer segurança a quem
recorrer. A cidade mais próxima fica há
trinta quilômetros de carro. Não é como
se pudessem buscar socorro rápido.
Quando as autoridades foram avisadas
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da invasão já havia três dias que
estávamos nas mãos deles.
-Deus do céu. Três dias?
-Um dos nossos professores foi morto
ao tentar fugir para buscar ajuda. O
outro foi surrado quase até a
inconsciência. Fred foi torturado e mal
podia se defender. E eu, bem...você
pode imaginar.
Júnior tinha um nó na garganta e suas
tripas se contorciam com as imagens que
se formaram em sua mente. A imagem
chorosa dela à sua frente era algo que
nunca mais sairia da sua cabeça.
-Seu bebê...
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Ela concordou sem dizer nada mais.
-Eu tinha parado de tomar as pílulas
porque tínhamos rompido e na minha
cabeça não haveria ninguém mais até
que eu voltasse pra você.
Júnior respirava com dificuldade agora.
Poderia ter imaginado todo o tipo de
obstáculo que ela pudesse ter passado
nesse maldito projeto, menos uma coisa
dessas. Lily voltou a falar.
-Eu precisei esperar para provocar o
aborto porque fiquei muito machucada,
tive ferimentos internos devido à
violência dos atos e uma infecção para
tratar.

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-Então seu aborto não foi natural.
-Não. Eu sei que pode parecer horrível,
especialmente por eu ser uma pediatra,
mas...eu não queria um bebê que me
lembraria todos os dias o inferno pelo
qual eu passei.
-É claro que não. Não te julgo por essa
decisão, jamais faria isso.
-Estou tomando coquetéis, você sabe, na
África há o maior índice de infectados
pelo vírus do HIV e isso provocou a
perda antes do planejado.
Ela se explicou rapidamente diante do
horror estampado nos olhos dele.
-Eu já fiz todos os exames e nada foi
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encontrado, mas optei por tomar o
medicamento por precaução, caso esteja
encubado ou algo parecido, pode
demorar uns meses para aparecer.
Júnior se aproximou e acariciou o rosto
dela.
-Eu sinto muito. Deus, eu sinto muito
mesmo.
Ela enlaçou a cintura dele e se agarrou
ao rapaz com força.
-Foi em você que eu pensei o tempo
todo. Você foi minha força Jú. Só
pensava que queria estar nos seus
braços quando voltasse.
-Não me procurou...
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Ela respirou fundo.
-Levou algum tempo pra gente conseguir
voltar. O governo africano quis evitar
um escândalo, principalmente porque
éramos americanos, então nos
colocaram em um local seguro até que
estivéssemos recuperados o suficiente.
Houve ainda toda a situação da morte do
professor para apurar. Em seguida,
descobri que estava grávida e que não
era aconselhável um aborto naquele
momento. Foi então que o Fred achou
melhor assumir minha gravidez, simular
um noivado até que eu estivesse curada
e forte o suficiente para interromper a
gestação. Se todo mundo pensasse que
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era dele, não haveria fofocas, pareceria
natural já que a gente havia namorado
antes. E eu queria que fosse aqui, perto
das pessoas que eu amo.
-Seus pais, como eles reagiram?
-Eles não sabem Jú. Esse é um segredo
entre eu, você e o Fred. Meu pai ficaria
atormentado até fim da sua vida e minha
mãe, nossa...não...não quero isso pra
eles. Eles não precisam conviver com
essa infelicidade.
-E você? Como vai lidar com tudo?
A moça deu de ombros.
-Eu escolhi isso não foi? Você me
ofereceu a oportunidade de uma vida
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feliz, de um lar, uma família...eu recusei.
Júnior segurou o rosto da menina com as
duas mãos.
-Você escolheu salvar vidas, escolheu
ajudar os mais pobres. O que aconteceu
foi uma fatalidade, não pense nisso
como um castigo ou algo assim. Nunca.
Ela começou a chorar
descontroladamente e ele a acolheu em
seus braços. Por Deus do céu que a
situação estava exigindo todo o
autocontrole dele para não pegar um
avião e sair em uma caçada atrás dos
malditos que tinham feito isso com ela.
Seu celular tocou e ela se soltou dele
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para que o rapaz pudesse alcançar o
aparelho. Era Pasha. Ele olhou o visor e
recusou a chamada. Não tinha condições
de falar com ninguém agora. A sua
cabeça estava atordoada, seu coração
sangrando em imaginar tudo pelo que
sua Lily tinha passado.
O celular tocou novamente e por fim,
bastante contrariado, ele atendeu.
-Hei Savi.
-Pasha, não posso falar com você agora.
-Está tudo bem? Aconteceu alguma
coisa?
-Nos falamos depois.
Ele desligou e jogou o aparelho no sofá.
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Lily havia ido ao banheiro e estava
retornando. O rosto lavado, os cabeços
presos em um rabo de cavalo.
-Desculpe por isso Júnior. Eu só queria
que soubesse que embora eu tenha
escolhido seguir com o projeto, nunca
desconsiderei o que me ofereceu. Só não
sabia que as coisas iam desandar dessa
forma. Pensei que quando voltasse, tudo
se resolveria.
-E quanto ao Fred?
-Nunca estivemos juntos de fato nesse
período. Ele me deu o apoio que eu
precisava e segurou a barra junto
comigo. Foi um amigo maravilhoso.

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Agora vamos anunciar nosso
rompimento e seguiremos nossas vidas.
-Que loucura tudo isso.
-Eu sei. Estou fazendo terapia para
amenizar o impacto disso na minha vida.
Eu só quero agora conseguir um
emprego, continuar ajudando a salvar as
vidas das pessoas e esquecer essa
desgraceira toda.
-Porque decidiu me contar?
-Te magoei muito com as minhas
escolhas e apenas achei que merecia
saber a verdade. Sempre foi muito
honesto comigo e sei o quanto minha
gravidez deve ter te machucado. Pensei
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que te faria bem saber que nunca
tencionei ter um filho que não fosse seu.
Ele fechou os olhos tentando controlar a
emoção de ouvi-la dizer isso. Se
aproximou e colocou sua testa na dela
que acariciou o rosto dele.
-Não quero que tenha pena de mim.
-Sinto orgulho de você. Por ter passado
por toda essa merda e ainda assim
continuar firme, se esforçar para superar
sem deixar se destruir. É muito corajosa
Lily.
Ela sorriu e deu um beijo breve na boca
dele.
-Sei que estamos separados há um tempo
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e não sou inocente para pensar que ainda
me ama ou que esperou por mim. Eu sei
que nossas famílias ficaram estranhas
uma com a outra por causa das minhas
atitudes e especialmente depois que eu
voltei. A Duda então, mal pode me
cumprimentar. Então queria que
acertássemos os pontos pelo menos para
preservar a nossa amizade e a dos
nossos familiares.
Júnior olhou para o rosto dela, fitou sua
boca. A menina passou a mão pelo
pescoço dele e o trouxe para baixo
devagar. As bocas se encontraram de
leve, mas não tiveram tempo para
aprofundarem o contato, a campainha
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tocou.
O momento se quebrou, mas eles
estavam sorrindo um para o outro. O
rapaz foi até a porta e abriu. Pasha
entrou afobada com Jordan um pouco
choroso nos braços.
-Deus do céu Savi, você está bem?
Fiquei preocupada, achei que tivesse
acontecido... alguma...coisa.
A moça estacou ao se deparar com Lily
em pé no meio da sala. Ela viu os dois
copos de uísque em cima do balcão. Um
cheio e o outro vazio. Ela olhou de um
para o outro. Lily a fitou com alguma
curiosidade.

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-Desculpe. Só vim porque...ah, não
importa, eu...não devia ter vindo.
Ela se virou pra sair e Júnior, muito
desconcertado, demorou um pouco para
cair em si.
-Me dê um minuto Lily.
Ele se virou e saiu correndo atrás de
Vivi. A moça estava colocando o cinto
de segurança no filho e ele parou ao
lado dela.
-Pasha.
-Está tudo bem Savi. Me desculpe por
ter vindo. Só fiquei preocupada porque
com toda a operação sobre os policiais
acontecendo e você estava estranho no
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telefone, fiquei pensando bobagens.
-A Lily apareceu sem avisar e precisava
conversar...
-E é claro que ela é sua prioridade.
-Podemos falar disso depois?
Vivi bufou magoada.
-Sem problemas. Deus me livre de
deixa-la esperando, não é? Chatear a
mim? Ah isso tudo bem, mas chatear a
Lily? De jeito nenhum.
-Pára com isso. Está sendo infantil.
-Não. Não estou e não sou infantil. Sou
apenas uma namorada com fome, que
esperou por duas horas alguém que não
se deu ao trabalho de ligar, que se
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preocupou e que tirou o filho dormindo
da cama para checar se seu namorado
estava bem e se deparou com ele e sua
ex em uma situação bastante a vontade.
Então eu trocaria a palavra infantil por
rejeitada. Mas quem se importa com a
maneira como me sinto? Você com
certeza não.
Ela entrou no carro e ele ficou ali, muito
atordoado para fazer qualquer coisa.

Quando se virou para entrar, Júnior viu


Lily o observando pela janela. Fechou a
porta com cuidado e ela se apressou em
dizer.

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-Te causei problemas. Me desculpe, não
fazia idéia de que havia alguém na sua
vida. Não disse nada, a gente quase se
beijou.
-Eu sei. Caramba, foi muita coisa pra
uma noite. Preciso absorver tudo isso...
-Eu vou embora.
Ela pegou a bolsa e então parou
pensativa.
-Quantos anos tem aquele bebê?
-Jordan não é meu filho.
Lily sorriu para a esperteza dele em
perceber o intuito da pergunta.
-Ok. Nos falamos outro dia então.
Obrigado por me ouvir.
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-Tudo bem. Obrigado por ter confiado
em mim.
A moça se foi e o rapaz se deixou cair
pesadamente no sofá. Que noite! Tudo
que ouviu de Lily estava pesando em
seus ombros agora. Com certeza
demoraria um tempo até que a confissão
dela amenizasse o peso que corroía seus
sentimentos. Era doído ter ciência de
tamanha brutalidade e não poder fazer
nada a respeito.
Então pensou em Pasha. Caramba,
poderia ter respondido a chamada dela,
e conversado decentemente. Ela tinha
esperado por ele por horas, sem saber o
que tinha acontecido. Quando ligou ele
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foi ríspido e evasivo e por fim, ela tinha
tirado o garoto de casa, em um dia frio
para se certificar que ele estava bem
para apenas constatar que seu namorado
estava com a ex.
Não podia trair a confiança de Lily e
falar para Pasha sobre a natureza
obscura da conversa entre ele e a antiga
noiva, mas podia se redimir.
O tenente pegou a chave do carro e foi
até o apartamento da investigadora.
Devia uma explicação à ela e iria dá-la
pessoalmente. Era o mínimo que podia
fazer.
__________ __________

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Jordan deu trabalho para dormir depois
que tinha sido acordado para ir com a
mãe até a casa de Savi, mas finalmente a
moça havia conseguido tranquilizar o
filho e fazê-lo pegar no sono novamente.
Ela fez um chá e olhou para a pizza fria
em cima do balcão. Perdeu a fome e
acabou não jantando. Ligou para sua
mãe e ficou feliz em saber que seu pai
estava se recuperando.
O interfone tocou.
-Alô.
-Vivi. Abra a porta pra eu entrar.
-Melhor conversarmos outro dia Savi.
-Não. Abra, por favor.
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Ela pensou um minuto antes de apertar o
botão e o clique da porta permitir a
entrada dele. A menina abriu a porta
antes que ele tocasse a campainha e
acordasse o menino há pouco
adormecido.
Savi entrou e fechou a porta em silencio.
Ela se sentou no sofá e não deu muita
atenção à ele. Não ia facilitar em nada
para que se explicasse. O rapaz sentou
de frente com ela. Apoiou os cotovelos
no joelho.
-Eu sei que deveria ter ligado, avisado
que iria me atrasar, ou que não daria pra
vir, mas não deu.

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-Eu imagino o porquê.
-Não, você realmente não tem idéia, mas
sei que não vai acreditar em mim.
Ela fitou o namorado com olhos
magoados.
-Pasha, eu e a Lily estávamos tendo uma
conversa muito difícil e eu não tinha
cabeça naquele momento para lidar com
mais nada. Não vou te falar do que se
tratou porque não cabe a mim expor as
particularidades de ninguém, mas posso
te garantir que não é o que está
pensando.
-Não sabe o que eu estou pensando.
-Tenho uma idéia clara do que se passou
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pela sua cabeça quando viu a Lily na
minha casa.
-E meus pensamentos não condizem com
seus sentimentos por ela? Porque se não
aconteceu nada, não foi porque você não
quis. Estou errada?
O rapaz ficou em silencio e a ausência
de palavras falava mais do que qualquer
outra explicação que ele poderia lhe dar.
-Posso ver aonde isso vai parar, porque
agora que ela perdeu a criança, é só uma
questão de tempo até que você dê o
primeiro passo. É ela quem manda no
seu coração e sempre será.
-Isso você já sabia.
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Doeu ouvir aquilo. Embora ele tivesse
certo, ela já sabia, as palavras ditas em
alto e bom tom perfuraram o coração
dela. Tentou evitar que as lágrimas
subissem aos olhos, mas foi em vão. Ele
olhou o rosto dela e podia ver o esforço
que estava fazendo para não chorar e se
sentiu um bosta. Tentou se aproximar,
mas Vivi se desviou do toque.
-Pasha por favor, eu nunca te
enganei...tivemos um bom tempo
juntos...
0 verbo no passado não passou
despercebido e ela se levantou do sofá.
Estava furiosa.

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-Não cansa de bancar o palhaço? Ela te
chutou pra fora da vida dela vezes e
vezes seguida. Te colocou de lado e te
deixou como segunda opção por anos a
fio e em um estalar de dedos você corre
como um cachorrinho carente.
O tenente se levantou também.
-Você não sabe nada sobre minha vida
com a Lily, então não tire conclusões
baseadas em sua imaginação fértil.
-Sei mais do que você possa imaginar.
Sua irmã me contou quantas vezes ela
passava a noite com você para passear
com outro na semana seguinte bem
embaixo do seu nariz.

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-Isso só aconteceu enquanto não
tínhamos um compromisso firmado. Eu
também saia com outras. Pare de julgar
uma situação que não conheceu.
-Porque veio aqui Savi?
-Porque achei que merecia uma
explicação. Se soubesse que ia me
atacar como uma gata furiosa, não teria
me dado ao trabalho.
-Acha que não tenho motivos para estar
brava? Acha que eu tenho que me fingir
de cega enquanto aquela trambiqueira de
pouca índole invade meu espaço?
-Não ofenda a Lily, não sabe nada sobre
ela.
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-Pois sabe o que eu acho dela? Acho
que é uma vadia egoísta que só pensa no
bem estar dela. Não dá a mínima pelos
sentimentos dos outros e que engana
você e o coitado do noivo dela sem
nenhum remorso. Mal se recuperou de
um aborto e já está ciscando no quintal
alheio. Uma desclassificada que não
respeita a relação dos outros. É isso que
eu acho.
-Já chega. Olha pra si mesma. Você
respeitou a esposa do major? Respeitou
a família que ele tinha? Pare de bancar a
puritana traída porque foi amante de um
homem casado e teve um filho dele sem
pensar no quanto isso afetaria a vida dos
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seus familiares. É uma desclassificada
tanto quanto acha que a Lily é e ela
nunca se envolveu com alguém
comprometido antes.
Vivi estava pálida e sem palavras. Ele
tinha razão é claro. Não tinha moral para
julgar Lily. Estava com muito ciúme e
acabou passando da conta.
-Tem razão. Me excedi. Melhor ir
embora Savi.
O rapaz passou a mão pelo rosto em um
gesto nervoso.
-Me desculpa, não tenho que ficar
jogando isso na sua cara também. Não é
da minha conta e não tive a intenção,
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mas você me deixou bravo.
-Sabe, é bonito de ver o quanto você
lança mão de todos os argumentos pra
defender quem você ama, não
importando a que ponto vai chegar.
-Pasha, desculpa, já disse que ...
-Tudo bem.
Ela o interrompeu e seguiu até a porta,
abrindo-a sem olhar pra ele. O rapaz se
aproximou, mas não foi embora.
-Eu arrumei uma babá para o Jordan.
-Não era necessário. Não tem nada a ver
com os meus problemas, não precisa se
preocupar.
-Deixa de representar a mula teimosa
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Pasha. Vai precisar de alguém que cuide
dele até se reestabelecer por aqui. A
semana da moça já está acertada e ela
vem às sete.
Júnior saiu e Vivi fechou a porta. Estava
arrasada, mas pensou que tinha sido
melhor assim. Quanto mais tempo
ficasse com ele, mais profundos seriam
seus sentimentos e por fim só estava
adiando o inevitável. Ele nunca a amaria
da forma como amava Lily.
A babá foi pontual no dia seguinte, era
uma mocinha comportada e parecia
bastante experiente com crianças.
Depois de passar e repassar todas as
recomendações Pasha deu um beijo no
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filho que chorou muito ao vê-la sair.
Considerando que as investigações
sobre os sequestradores de elite tinham
sido encerradas e a responsabilidade
repassada para o departamento de
operações táticas, novos casos foram
atribuídos para os investigadores e
havia rumores de que o tempo do tenente
dentro da PF estava se esgotando.
Savi não falou com Vivi durante todo o
dia e ela também não falou com ele. Mia
estava horrorizada com as notícias.
-Deus todo poderoso, livrai-nos dos
toupeiras cegos e dos pintos obcecados.
O que ele espera dela afinal?

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-Reatar, é claro. Bastou que ela
perdesse o filho para ele se encher de
esperanças.
-Mas afinal de contas ele tem um milho
seco no lugar do cérebro? Porque os
imbecis são tão cegos?
-Já não me importa se ele não quer ver o
que está bem embaixo do nariz perfeito
dele.
-O que ele não vê? Que a “Bu” dela não
vai livrá-lo de um coração partido?
-“Bu”?
-Sim. Aquela rachinha quente que os
homens adoram e que rudemente é
chamada de buceta. Como o termo me
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parece muito pejorativo e inapropriado,
então eu apelidei de “Bu”. Faz parecer
fofo.
Pasha teve que rir. Só mesmo o bom
humor dos pensamentos esquisitos da
Mia para fazer o dia dela melhor.

Passou-se quase a semana inteira sem


que Júnior e Vivi falassem um com o
outro além do estritamente necessário.
Ela pegava seu cronograma e se enfiava
dentro do seu departamento ou saia para
a rua a fim de cumprir seus deveres. Ele
teve uma sucessão de reuniões,
prestações de conta, relatórios e uma

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infinidade de papelada burocrática para
finalizar o caso dos sequestradores e
isso o manteve demasiadamente
ocupado.
À noite em sua casa ele estava com seu
pensamento dividido entre suas
possibilidades. Uma delas era a de
recomeçar com a Lily, o que era
arriscado. Ela estava fragilizada ainda e
talvez nem quisesse retomar o
relacionamento. O fato de ter procurado
por ele e de quase se beijarem não dizia
muita coisa, pelo menos não com Lily.
Agora, surpreendentemente pensou
bastante na pequena Vivi. Sentia falta
dela. Do seu humor, do seu alto astral.
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Dela dançando em sua cozinha, o que
tinha se tornado uma constante. Suas
performances eram sensuais e
engraçadas e ele adorava observá-la.
Como será que estava sendo a rotina
agora que o filho estava com ela? Como
será que estava o pai dela? Caramba,
esqueceu-se de perguntar por ele. Só
esperava que o velho pudesse estar
melhor.

-Jú?
-Oi Lily.
-Estou tão feliz, tão feliz. Sou a mais
nova pediatra do Hospital Infantil de
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Boston.
-Essa é uma ótima notícia.
-Sim. A melhor em muitos meses, por
isso vamos comemorar. Vamos almoçar
juntos e depois pode me ajudar a
comprar um par de sapatos brancos para
combinar com meu uniforme.
Ele riu para o entusiasmo dela. Lily
tinha essa capacidade de envolver todo
mundo com seu carisma. Era impossível
dizer não à ela.
-Onde quer almoçar?
-Pode ser no bistrô. Sabe que eu amo a
culinária de lá.
Júnior ficou apreensivo. Não tinha
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certeza se a irmã estaria trabalhando no
dia de hoje, mas seria ruim se ela
estivesse.
-Tem certeza que quer ir ao bistrô?
-Algum problema?
-Não. Não. Te pego logo mais.
-Tudo bem.
Ele desligou e ficou pensativo. Seria um
saco aguentar as criticas da irmã mais
tarde, mas não queria que houvesse um
mal estar entre a Lily e sua família e
para isso seria bom que todo mundo
estivesse ciente que ele era adulto e que
se quisesse estar com ela, então estaria.

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Jordan estava gritando há horas. Estava
impaciente e muito chorão. Vivi
desconfiava que era o fato dele estar
trancado em um apartamento. Não estava
habituado a lugares pequenos e sem
espaço e isso estava deixando o menino
estressado.
-Vem meu amor, vamos dar uma volta e
ver um pouco de gente diferente.
Ela agasalhou bem o menino e saiu para
passear. Estava caminhando tranquila na
calçada, empurrando o carrinho quando
uma buzina chamou-lhe a atenção.
-Hei Vivi.
O moça olhou e sorriu para Eduarda que
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estacionou ao seu lado na calçada.
-Onde está indo?
-Jordan estava cansado de ficar trancado
no apartamento. Decidi dar uma volta
com ele.
-Ah, vamos almoçar lá no Bistrô. Tenho
que passar por lá para resolver umas
pendencias de qualquer forma e
mantenho um quarto de brinquedos nos
fundos para o Thierry. Ele vai gostar de
brincar com outra criança.
-Não vai te atrapalhar?
-De jeito nenhum. Vou adorar ter alguma
companhia enquanto faço a revisão dos
cardápios para a próxima semana.
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Vivi sorriu e concordou.
Elas entraram pelos fundos e Jordan
logo se distraiu com a montanha de
brinquedos e com o cachorrinho do
Thierry.
-Podemos deixa-los aqui. Vou pedir para
uma das meninas da cozinha olhar
nossos bebês enquanto almoçamos.
Assim que as crianças estavam
acomodadas e devidamente
supervisionadas elas saíram para o
salão, escolheram uma mesa e fizeram
seus pedidos.
Mal puderam trocar meia dúzia de
palavras e os olhos da Eduarda
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congelaram. A mudança brusca de
expressão e o fato dela ter emudecido
repentinamente levaram Vivi a olhar
para a porta do restaurante. Sua
respiração faltou e seu coração perdeu
uma batida.
Duda olhou do casal que se acomodava
sorridente em uma mesa reservada, para
uma Vivi muito pálida à sua frente. A
irmã do tenente falou muito baixo, mas
ainda assim se fez ouvir.
-O que está acontecendo?
Vivi deu de ombros. Não conseguia
achar a sua voz dentro da garganta
sufocada.

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-Vocês terminaram?
A investigadora fez que sim.
-Quando foi isso?
-Semana passada.
-Filho da puta e já está arrastando asas
para a Lily? Ela mal terminou o noivado
dela...peraí, disse que terminaram na
semana passada?
-Foi.
Duda fechou os olhos vencida.
-Ela terminou com o Fred na semana
passada, logo depois de perder o bebê.
Não pode ter sido coincidência.
-Ela procurou pelo seu irmão.

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-Não acredito.
Vivi contou o que tinha acontecido. A
comida chegou, mas as meninas tinham
perdido o apetite. Duda colocou sua
mão nos braços da loira.
-Não pode desistir assim.
-Não fui eu quem desistiu.
-Estou com vontade de cortar um órgão
muito importante do meu irmão para fora
do corpo dele nesse exato momento.
-Olha Duda, eu agradeço seu convite,
mas acho que vou embora porque vai
ficar muito constrangedor na hora que
ele me ver aqui.
Eduarda olhou para o lado e sussurrou
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contrariada.
-Tarde demais.

Júnior entrou no bistrô distraído e


apenas concordou com a escolha de
mesa da Lily. Ela estava muito animada
com sua contratação e disse alguma
coisa engraçada que fez com que ele
risse, mas assim que se sentou viu a
Pasha almoçando com a sua irmã.
Que droga, nunca imaginou que ela
pudesse estar ali. Mas o que era isso,
ela e a sua irmã eram melhores amigas
agora?
Lily sentiu a tensão dele.
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-O que foi?
Ao mesmo tempo que perguntou, ela se
virou para checar o que tinha chamado a
atenção dele. Reconheceu a moça loira,
parecida com a Avril Lavigne, sentada
junto com sua amiga Duda. De repente a
ficha caiu de forma estrondosa em sua
mente.
-Aquela é a garota que foi até sua
casa...com a criança.
-Sim.
-Ela e a Duda parecem bem próximas.
Espera um minuto. Estava namorando
com ela?
-Sim.
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-Um namoro sério...
Foi mais uma afirmação do que uma
pergunta.
-Mais ou menos.
-Eu conheço todo o ciclo de amizade da
Eduarda e com certeza aquela moça não
era amiga dela há seis meses. O que me
faz pensar que ela está engajada na
família.
-Ela conheceu meu pessoal e eu o dela.
Lily arregalou os olhos.
-Então estavam muito sérios, do
contrário as famílias não estariam
envolvidas. Porque não me contou? Ah
meu Deus Júnior, vou ser crucificada.
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Aquele dia na sua casa, não me dei
conta de que eram tão íntimos. Tudo
bem, ela foi até lá e parecia preocupada,
mas não pensei que...ah não sei o que
pensei...estava tão atordoada que não me
toquei de imediato. Depois acabei me
esquecendo dela.
-Está tudo bem Lily.
-É melhor irmos até lá e sermos
amigáveis. Posso explicar que não há
nada demais acontecendo entre nós, que
é apenas um almoço entre amigos.
Antes que ele pudesse impedir, a moça
se levantou e caminhou em direção as
meninas. Só lhe restou segui-la e tentar

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agir naturalmente.
Lily sorriu amplamente.
-Oi Duda. Como vai?
Eduarda a fuzilou com os olhos e sem
seguida encarou o irmão que deu graças
a Deus deles estarem em um lugar
público, porque a expressão da Eduarda
era de matar e ele sentia que ela poderia
cortar a garganta dele ao vivo e a cores,
ou Deus me livre, fazer coisa pior.
Tentou amenizar a hostilidade da irmã e
se dirigiu à Vivi.
-Hei Pasha.
A moça acenou com a cabeça e evitou
olhar pra ele. Lily se virou para ela.
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-Oi. Eu sou a Lily, aquele dia que nos
encontramos não tivemos a oportunidade
de nos conhecermos. Muito Prazer.
Vivi sentiu que ia desmoronar, mas
tentou ser educada.
-Oi. Sou Viviane Pasha.
Eduarda se levantou e estava realmente
brava. Ela falou baixo, mas seu tom de
voz era agressivo.
-É muito cara-de-pau.
Finalmente Lily percebeu que a coisa
toda era muito pior do que imaginava.
Embora ela e Duda tivessem discutido
logo depois dela ter voltado da Africa,
nunca imaginou que a amiga tivesse
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guardado tanto rancor. Júnior tentou
interromper a irmã.
-Sis, por favor.
Ela apontou o dedo para ele e falou
entre os dentes.
-Com você, eu converso depois. Agora
você Lily, pode me fazer um favor
imenso e sair da minha frente agora
mesmo.
Júnior se irritou com a irmã.
-Sis, eu não admito um comportamento
desse.
-E acha que eu me incomodo com o que
você admite ou não?
Vivi se levantou. Estava se sentindo
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muito mal com toda aquela cena.
-Por favor, fiquem calmos. Eu já estava
de saída mesmo.
Ela olhou para Lily.
-Foi um prazer te conhecer. Se me dão
licença...
Lily olhava tudo aquilo incrédula.
Eduarda deu as costas para eles e o que
clima ruim ficou ainda mais
constrangedor.
-Vem Lily. Vamos pra outro lugar.
-Foi por isso que não queria vir aqui,
não foi? Ela me odeia Jú. Sua irmã me
detesta. Eu nunca imaginei que...Seu pai
e sua mãe se sentem dessa forma
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também?
-Claro que não. Olha Lily, as pessoas
estão olhando, vamos para outro lugar.
-Não...não. Eu quero ir pra casa.
-De jeito nenhum. Vamos almoçar e
depois comprar seu sapato.
Ela concordou laconicamente e eles
saíram do bistrô.

Júnior e Lily almoçaram no shopping e


seguiram o cronograma de comprar os
sapatos brancos que ela precisava. A
moça estava triste e pensativa. Ele
tentou alegra-la, mas não conseguiu.
-Não precisa se sentir mal com o que
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aconteceu.
-Como não?
Um minuto de silencio e ela voltou a
falar.
-No fundo eu sei que sua família e seus
amigos tem razão em me odiar. Eu
sempre fui muito instável e indecisa
sobre nosso relacionamento.
Ela olhou pra ele com expressão de
pesar.
-Não pense que não sei o quanto sofreu
esses anos todos com minhas atitudes.
Como ele ficou em silencio, ela
continuou.
-Sempre te amei Jú.
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O rapaz olhou pra ela um pouco
espantado e ela sorriu. Pegou na mão
dele e entrelaçou os dedos dela nos
dele.
-É a verdade...mas sempre tive muita
coisa acontecendo na minha vida ao
mesmo tempo e...eu queria abraçar o
mundo enquanto você queria apenas
formar uma família.
-Meu pai sempre me disse que nosso
“time” estava em desacordo.
-E ele estava certo. Precisou eu passar
pelo inferno e sobrevivê-lo para poder
enxergar que ...
Ela parou e desviou o olhar. Júnior
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esperou um minuto e depois incentivou a
moça a continuar.
-...pra enxergar que...
-Que casar com você, ter uma
família...crianças, cachorro...enfim...ter
tudo que sempre me ofereceu, é a única
coisa que eu quero de verdade agora.
O tenente estava com seu coração
metralhando seu peito. Como quis ouvir
isso dela um dia. Esperou muitos
condenados anos para que o seu sonho
fosse também o dela e agora que Lily
estava ali confessando seu desejo, ele
mal podia acreditar e de fato, não queria
se precipitar novamente.

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-Lily, não é segredo pra ninguém o que
eu sinto por você, mas...
-...mas mudou de idéia por causa do que
me aconteceu, não é?
Ele estatalou os olhos incrédulo.
-Claro que não...de jeito nenhum que
isso mudaria meus sentimentos.
-Então...é por causa da sósia da Avril
Lavigne? Se apaixonou por ela...
-Gosto muito da Pasha e se eu consegui
manter minha sanidade mental, desde
que você voltou da África, grávida e
noiva do Fred, é porque ela esteve ao
meu lado, mas não...eu não me apaixonei
por ela.
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-Então por quê? Sua família não me
aceitaria de volta à sua vida?
Ele segurou o rosto dela e deu um beijo
leve em seus lábios.
-É por mim Lily. Preciso confiar que
dessa vez...você sabe, que vai ser pra
valer, que ninguém ou nenhum projeto
dos infernos vai se colocar entre nós
novamente.
-Eu prometo Jú.
-Eu quero sentir o caminhar das coisas
Lily, quero construir uma confiança
porque por tudo que é mais sagrado, se
arrebentar meu coração mais uma vez,
eu juro que faço uma loucura.
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Lily rodeou o pescoço dele e o beijou.
Estavam no meio do shopping e nem se
importaram com as pessoas olhando.
Beijaram-se profundamente e quando se
afastaram estavam sorrindo. A moça
perguntou ansiosa.
-Então ... como ficamos?
-Podemos fazer o que nunca fizemos
antes.
-O quê?
-Vamos ter encontros e namorar.
-Tivemos milhares de encontros no
decorrer das nossas vidas Jú.
-Não. Nós esbarrávamos um com o
outro aqui e ali e muitas vezes
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terminamos nossas noites na cama. Nos
conhecemos desde crianças então tudo
parecia natural. Íamos e voltávamos em
uma relação tumultuada e sempre regada
a discussões. Quando as coisas
pareciam estar entrando nos eixos, você
viajou e foi o fim.
-Nunca tinha pensado na gente dessa
forma, mas agora que falou...é verdade.
-Sim. Por isso quero fazer diferente.
Ela sorriu encantadoramente.
-Encontros hein? Me parece bom.
-Sim. Jantares...cinema...sairemos para
beber e enquanto isso...
-Você avalia se pode ou não confiar que
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eu realmente te amo.
-Sei que me ama Lily. Sempre nos
amamos...entretanto...
-Isso não foi o suficiente...
-Não, de fato não foi.
-Mas vai ser. Eu sei o que quero Jú e
vou reconquistar sua confiança.
Eles foram embora de mãos dadas e ele
a deixou em sua casa no final da tarde.
Assim que ela fechou a porta ele ligou o
carro e seguiu para a casa da irmã.
__________ __________
Eduarda viu o carro do seu irmão
estacionar e bufou indignada. Não era
possível que ele tinha se dado ao
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trabalho de vir até ali apenas para
repreende-la por causa da Lily. A moça
desceu as escadas e abriu a porta quase
ao mesmo tempo em que ele tocava a
campainha.
Ainda bem que seu marido tinha saído e
que o pequeno Thierry estava dormindo,
porque a conversa entre eles ia ser
difícil. A carranca na cara do irmão não
a intimidava nem um pouco.
-Precisamos conversar Sis.
-Acho que sim.
-Então vou direto ao ponto. Eu cuido da
minha vida e eu saio com quem eu achar
que devo quer você goste ou não,
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estamos entendidos? Não vou mais
tolerar demonstrações públicas de
desafeto como a de hoje Sis e não estou
brincando. Foi desnecessário e
constrangedor.
-Mesmo?
-Não seja irônica. Sempre fomos amigos
e sempre respeitei seu espaço. Respeite
o meu. Se eu quiser ficar com a Lily,
ninguém vai impedir, então não adianta
ficar dando peti toda vez que me
encontrar por ai e eu estiver com ela.
Você é a minha irmã e eu te amo Sis,
mas outra situação como a de hoje e...
-E o que? Vai cortar relações comigo?

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A voz dela era suave e magoada e Savi
se deu conta do que tinha insinuado e
antes que pudesse retroceder suas
palavras Eduarda continuou.
-Porque eu não duvidaria nem um minuto
que você o faria.
-Claro que não Sis.
-Pela Lily? Sim, você faria.
Ela caminhou até a janela e olhou
pensativa para o bonito jardim na frente
da sua casa. Depois se virou pra ele.
-Não vou me intrometer na sua vida Jú.
É um homem já e quero acreditar que
sabe o que é melhor pra você, mas
talvez ainda esteja com a visão
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obstruída pela obsessão que sente pela
Lily.
Ele fez menção de falar, mas ela não
deixou.
-Sim, você é obcecado por ela, sempre
foi. Me lembro como se fosse hoje
quando você a beijou pela primeira vez
aos quinze anos na festa da Emma.
Depois disso foi uma sucessão
desastrosa de idas e vindas que por mais
problemáticas que pudessem ser nunca
te fez desistir.
Junior não sabia o que dizer pra irmã.
Foi ali com um único intuito que era
repreende-la sobre o mal

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comportamento com a Lily, mas de
repente as palavras tinham sumido.
-Eu sei que você a ama, mas o que não
percebe Jú é que isso nunca foi um
assunto entre você e ela. É um assunto
entre você e o que sente por ela e nisso
eu posso me intrometer porque é algo
que está te destruindo há anos.
-Eu e ela nos acertamos agora Sis.
-Não é a primeira vez que eu ouço isso.
Minha pergunta é até quando? Até o
próximo cara popular pedir pra sair com
ela? Até que um novo projeto seja mais
interessante? Até que ela se canse ou
não se sinta preparada pra algo mais

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sério? Qual será a próxima desculpa
dela?
-Aconteceram algumas coisas que
mudaram a situação. Vai ser diferente.
-Acredita mesmo nisso?
Ele respirou fundo e impaciente.
-Sim, eu acredito nisso e estou cansado
de todo mundo ficar se intrometendo
nessa história.
-E a Vivi?
-Esse é um assunto entre eu e ela Sis,
mas se faz você se sentir melhor, eu
nunca enganei a Pasha. Ela sempre
soube que meu coração era da Lily. Fui
honesto desde o principio.
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-Não se esqueça irmão que o peso das
palavras não é amenizado pela verdade
implícita nelas. A honestidade da Lily
quando dizia que não estava pronta para
se casar ou para se relacionar
seriamente com você, te impediu de
sofrer por ela? Te impediu de definhar
na dor de vê-la sair com outros caras ou
quando soube que ela estava grávida do
Fred?
-Está tentando me deixar com a
consciência pesada em relação à Pasha?
-Não, porque eu sei que a única que
move qualquer coisa no seu peito é a
maldita da Lily Foster, mas ainda que
minhas palavras não surta o efeito
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esperado eu vou dizê-las. Você foi
ingrato com a única que te deu alguma
paz nesses tempos difíceis desde que a
Lily preferiu viajar a se casar com você.
A Vivi foi seu fôlego renovador. Foi
alguém que te fez sorrir de novo, te
tratou com respeito e te valorizou.
Entretanto bastou a Lily estalar os dedos
pra você virar as costas pra alguém que
tinha tudo pra dar certo com você e
voltar para uma que só te fez sofrer. Me
desculpa Jú, mas você fez com a Vivi
exatamente como a Lily fez com você
esses anos todos. Acha isso certo? Se
esqueceu de como se sentia quando ela
simplesmente te descartava sem te dar
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nenhum valor?
O rapaz ficou calado e eles se
encararam. Antonino, o marido de
Eduarda, chegou e sentiu o clima
estranho entre eles. Júnior se despediu
com um aceno de cabeça e saiu.
__________ __________
Uma semana depois do encontro no
restaurante e Vivi ainda não tinha falado
diretamente com o tenente. Eles se
evitavam mutualmente e ainda havia um
certo constrangimento pairando no ar.
No início da segunda semana o chefe do
departamento de R.H a chamou no final
do expediente.

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Ela entrou e ele fechou a porta. Pasha
ficou apreensiva porque alguma coisa
lhe dizia que havia problema se
aproximando.
-Senhorita Pasha, temos um pedido de
transferência direcionado a você.
-Pedido de transferência? Você quer
dizer transferência de departamento ou
de cidade?
-Na verdade é uma requisição para
cobrir uma vaga que abriu no
departamento da superintendência. É
algo como um trabalho sigiloso e por
isso burocraticamente falando temos
muitos detalhes para acertar. Seu nome

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precisa desaparecer dos nossos sistemas
eletrônicos. Como não consigo encontrar
nada relativo a você nos meus
programas, o que é estranho, acho que o
pessoal do outro departamento já tomou
essas providencias. Ainda assim, tenho
que deixar tudo registrado em papel.
-Superintendência?

O sangue da menina ferveu. Sabia quem


estava por trás disso e sabia no que
implicava essa mudança.
-Sim. Peter Sparks em pessoa fez o
pedido porque está montando a equipe
ele mesmo. Isso é um grande avanço
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Pasha. Vai sair da condição de
investigadora júnior para um grupo
especial da polícia federal. Meus
parabéns.
-O Savi sabe disso?
-Ainda não falei com ele. Preciso ver
com o Peter o grau de
confidencialidade. Ele pediu segredo
absoluto sobre seu novo trabalho e que
te pedisse para estar na sala dele
amanhã pela manhã. Qualquer dúvida
você deverá sanar com o próprio Peter.
-E se eu disser que não quero ir?
O homem arregalou os olhos surpreso.
-E porque não iria querer ir? Porque
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raios iria continuar na posição júnior se
pode subir dez degraus de uma vez só?
Sabe quanto tempo leva para se chegar a
ser agente especial da PF em um ritmo
de sucessão normal? Sem contar o
aumento salarial. Um agente especial
ganha três vezes mais.
Ela concordou, mas estava intimamente
preocupada. Trabalho sigiloso uma ova,
o que o Peter estava tentando era leva-la
de volta pra cama dele. Precisaria falar
com o Savi e pedir que ele intervisse.
Essa promoção era um problema na
certa e dos grandes. Estaria em maus
lençóis se fosse, mas se recusasse seria
demitida com certeza. Peter não era um
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homem que aceitaria um não.
Vivi saiu da sala do chefe do RH e foi
direto para a sala do tenente. Bateu antes
de entrar, mas não esperou permissão.
Ele estava falando ao telefone e tinha
uma expressão besta e um sorriso bobo
na cara. Ela podia imaginar quem estava
do outro lado da linha e seu peito se
apertou com um sentimento estranho
entre o ciúme, a dor de cotovelo e a dor
da rejeição.
Savi olhou pra ela sério e parecia
constrangido. Ela cruzou os braços e não
pode evitar uma carranca na cara.
-É...eu preciso desligar...sim, ...ok...eu

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também. Nos falamos mais tarde.
Ele desligou o aparelho e fechou a cara
pra ela.
-Essa sala por acaso é de acesso
público?
A raiva contida nas palavras ditas de
forma brusca surpreenderam a menina.
-Como? Eu bati antes de entrar.
-E não me lembro de ter te dado
permissão pra isso, entretanto, ai está
você parada e escutando minha
conversa.
-Savi, não tive a intenção...só preciso
falar com você.
Ele olhou para o relógio.
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-São quase sete da noite. O expediente
terminou oficialmente as seis. Então seja
o que for, terá que esperar até amanhã.
Vivi ficou olhando pra ele boquiaberta.
-Porque está me tratando assim?
-Assim como?
-Ríspido.
-Acha que merece tratamento especial
por alguma razão?
A menina ergueu as sobrancelhas em
descrença.
-Não disse isso. Nunca contei com
privilégios aqui.
-E não será dessa vez que vai poder

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contar. A menos que seja caso de vida
ou morte ou algo de extrema relevância
para algum dos casos que estamos
trabalhando, terá que esperar amanhã
quando retomaremos nossas atividades
no departamento.
Vivi sentiu uma raiva misturada com
uma dor no seu coração que
assemelhava-se a uma faca perfurando-a
lentamente. Nos últimos dias eles se
evitaram e mal trocaram meia dúzia de
palavras e já tinha sido um inferno de
difícil, mas ser tratada dessa forma era
algo que ela realmente não esperava.
Tentou manter a voz firme, mas o tremor
em suas cordas vocais traíram sua
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confiança.
-Me desculpe tenente.
Ela deu as costas e saiu da sala. Junior
sentou-se pesadamente na sua cadeira e
já estava arrependido do que fez.
Merda, ela não tinha culpa de seu mau
humor, mas estava farto de ouvir que a
Vivi isso, a Vivi aquilo. Ele não sabia se
seu pessoal realmente havia gostado
tanto dela assim, ou se estavam apenas
tentando diminuir a importância da Lily
na vida dele.
Não bastasse todo o sermão da sua irmã
que o deixou super pensativo sobre tudo
que estava vivendo, ainda teve que ouvir

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sua mãe, seu pai e tolerar a carranca e
as indiretas da Mia. A vida era dele
droga, as decisões eram suas e ponto
final.
Mas o que realmente o incomodava era
o fato de que por mais que não queria
admitir, tinha sentido muita falta da
Pasha no seu dia a dia. Havia pensado
no Jordan também. Ele disse a ela para
trazer o menino porque tinha intenções
de ajuda-la com ele, mas sequer visitou
o garoto desde que ele veio morar com
ela. As coisas desandaram de uma
maneira impar e ele estava se sentindo
perdido.
Acabou descontando nela sua frustração
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com o desenrolar da história. Sua
família vestiu a camisa “A Vivi era
perfeita pra você” e isso o irritou
demais porque no fundo sabia que era
verdade.
__________ __________
Vivi foi pra casa e se emaranhou com
seu filho debaixo do edredom. Não pode
evitar de chorar um pouco. Estava
ressentida e de mãos atadas. O pai ainda
não estava cem por cento, a mãe
continuava muito atarefada e ninguém
escondeu o alívio que era não ter uma
criança para cuidar integralmente. Não
que eles não gostassem do Jordan, claro
que o amavam. Ligaram para saber dele
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e se preocupavam também, mas era
inevitável que estivessem menos
atarefados e mais descansados com a
ausência dele.
No outro dia de manhã ela se apresentou
no RH da superintendência conforme foi
solicitado.
-Parece que pediram para que eu me
apresentasse aqui hoje.
-Ah sim, senhorita Pasha. Doutor Peter
está aguardando em sua sala. Vou
informa-lo que está aqui.
Vivi respirou fundo quando a secretária
particular abriu a porta e sorriu
indicando que ela podia entrar. Peter
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estava esperando por ela e fez sinal para
que se sentasse.
-Como vai Viviane?
-O que quer comigo Peter?
-Café ou chá?
Ela respirou fundo.
-Café está ótimo.
Ele mesmo preparou a xícara e serviu a
menina com cavalheirismo. Ela sorveu
um gole do café caro e muito saboroso e
esperou. Peter a olhava com carinho.
-Quero que venha trabalhar comigo.
-Foi o que pensei, mas pra falar a
verdade não quis acreditar. Pensei que

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já tivéssemos tido problemas o
suficiente Peter. Sua doce esposa sabe
disso?
-Eu me entendo com ela Viviane. E além
do mais, não é algo que vai te expor. É
algo realmente privado.

Vivi arregalou os olhos, indignada.


-Não está pensando que eu...que...
A moça se levantou.
-Isso é muito baixo até mesmo pra você
Peter.
-Acalma-se menina linda, não é o que
está pensando.

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Ela se remexeu nervosa.
-Temos um grupo muito secreto que
trabalha em conjunto com o BSS. Só
casos muito sigilosos. Como os agentes
da base são muito conhecidos, mantemos
a identidade desse grupo em segredo
para que os agentes possam ser
infiltrados com segurança. Precisamos
de uma mulher para o grupo e estamos
tendo dificuldades de encontrar alguma
que se encaixe no que estávamos
procurando. Mas agora penso que você
é perfeita para o trabalho.
-E porquê?
-Porque é pequena, singela com

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aparência de anjo. Ninguém jamais
poderá desconfiar de que é uma
investigadora federal.
Ele olhava intensamente pra ela. Sorriu
e continuou.
-E além disso, é uma forma de te ajudar
a ter um salário melhor, uma
oportunidade que demoraria para
acontecer pelas vias normais.
Vivi bebeu mais um gole do seu café e
os olhos dele pousaram na boca dela. A
moça se remexeu desconfortável.
-Sei que não fui muito correto com você
Viviane e não posso assumir o Jordan
sem que isso se torne um escândalo que
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não faria bem a nenhum de nós, nem
mesmo ao menino, mas posso ajuda-la
de outras maneiras.
-Entendi. E onde seria meu local de
trabalho? A base?
-Não. Temos uma casa que funciona
como sede. Uma casa normal em um
bairro classe média. Ela tem uma
entrada subterrânea coligada a uma outra
propriedade. Você teria que se mudar
pra lá e fixar residência pelos próximos
meses.
Vivi arregalou os olhos.
-Mas...
-Não precisaria pagar aluguel e por ser
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uma casa coligada, é bastante segura.
-Não sei Peter...essa casa...
-Ela tem caminho interno para a sede,
mas é completamente individual. Você
não teria sua privacidade compartilhada.
-E quanto a você?
-Como?
-O que espera em retorno por estender a
mão com tanta generosidade a alguém
que só lhe trouxe problemas?
-Não espero que pule na minha cama e
me retribua com sexo Viviane, embora
eu tenha certeza que não seria nada ruim
se decidisse fazer isso, mas
acredite...não tenho segundas intenções
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com essa ajuda. Temos um filho que
provavelmente nunca saberá que sou seu
pai, o mínimo que posso fazer é dar a
ele certo conforto.
-E quando começo?
-Vou te levar até lá para te apresentar a
equipe.
Ela concordou e ele se levantou,
caminhou até ela que ficou em pé. O
homem colocou parte do cabelo dela pra
trás da orelha.
-Ah esses olhos tão doces...
A moça deu um passo pra trás para
cortar o contato.
-Olha Peter, se espera algo a mais do
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que ...
-Não espero mais do que lhe ressarcir
de todo o desconforto a qual foi
submetida quando nos separamos, mas
não posso fingir que você não me afeta.
Ele sorriu e caminhou para a porta
seguido por ela que tinha o coração
batendo descompassado. Grande
porcaria de encrenca era tudo isso.
__________ __________
Júnior entrou no departamento de
investigação e notou o computador da
Vivi desligado.
-Onde está a Pasha?
-Ainda não chegou.
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O homem checou as horas. Caramba, era
quase nove horas. Ele esperou que a
menina o procurasse para falar o que
quer que ela tencionava dizer na noite
anterior, mas como ela não apareceu foi
procura-la. Não era comum que ela se
atrasasse e ele achou que a ex-namorada
estava tentando provoca-lo.
As dez ele ligou para o celular dela e
caiu na caixa postal. Foi até o
departamento de operações e procurou
pela Mia. A mulher fechou a cara
quando o viu. O tenente foi curto e
grosso.
-Onde está a sua amiga?

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-Eu não a vi hoje, achei que ela
estivesse trabalhando em campo.
-Não está e não apareceu. E também não
atende a porra do celular.
Mia estreitou os olhos, preocupada.
-Como assim não apareceu? Será que
aconteceu alguma coisa com o Jordan?
A moça pegou seu telefone e discou.
Esperou e esperou, mas ninguém
atendeu. O tenente ficou preocupado.
Que droga, nem tinha pensado nada
sobre o bebê, mas agora que a Mia
havia mencionado...caramba, será que
ontem ela queria pedir alguma coisa ou
quem sabe estivesse precisando de
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ajuda. Que grande idiota ele tinha sido.
O rapaz pegou o celular e discou para
Lana, a babá que estava cuidando do
menino.
-Lana? É o Júnior. A Pasha está ai?
Sei...e está tudo bem com o Jordan? Ok.
Não..não, tudo bem. Obrigado.
Mia olhou pra ele apreensiva.
-Ela saiu pra trabalhar no horário
normal e o Jordan está com a babá.
Nenhum problema com ele.
-Se saiu no horário normal devia ter
chegado aqui há mais de duas horas.
Júnior saiu do departamento apressado e
agora estava se sentindo muito culpado.
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Com certeza ela o tinha procurado
porque precisava dele e o que tinha
feito? Agido como um imbecil. Se
acontecesse alguma coisa com ela...
Mal tinha entrado na sua sala para pegar
as chaves do carro e sair a procura da
menina quando o chefe do departamento
do RH entrou com uns papéis na mão.
-Hei Tenente, preciso que assine esses
papéis ainda hoje.
-Mais tarde, estou com pressa Jay...
-É rápido. Preciso arrumar isso ainda
hoje.
-Sobre o que é?
-Sobre os novos arranjos para a
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senhorita Pasha.
Júnior parou o que estava fazendo e
olhou pra ele sem entender.
-Acho que não compreendi.
O homem fechou a porta e se sentou para
explicar.
-Viviane Pasha deixou de ser
funcionária dessa unidade.
-Ela se demitiu?
-Não. Peter Sparks a levou para
trabalhar com ele.
O tenente ficou lívido.
-O que? Assim? De repente? E sem me
comunicar?

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-Bom, ele é o chefão então...acho que
ele pode fazer isso.
-Uma porra que ele pode. Quando foi
isso?
-Ele acertou tudo no departamento dele
e me comunicou ontem logo depois do
almoço, eu conversei com a Vivi um
pouco depois do término do expediente.
Então era isso que ela queria falar.
Droga, e ele sequer deixou que ela
dissesse meia dúzia de palavras. Sem
dúvidas que ela estaria muito
contrariada com essa decisão arbitrária
e procurou pela intervenção dele.
Merda.

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-Não vou assinar porcaria nenhuma.
Peter pode ser o chefão, mas ele tem que
respeitar meu trabalho aqui. Não pode
tirar uma funcionária importante da
minha equipe do dia pra noite sem que
eu saiba disso com antecedência.
O rapaz saiu da sala furioso e seguiu
para o prédio da superintendência.
Júnior sabia muito bem o que o chefão
queria da Pasha e usou do seu poder
para encurralar a menina. A palavra de
uma investigadora júnior contra a do
“big boss” dos departamentos valia
porra nenhuma e ela jamais conseguiria
sozinha revogar a decisão dele e o
maldito sabia disso.
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__________ __________
Quando Peter retornou à sua sala, o
tenente já o esperava há quase duas
horas. Vivi não estava com ele. Tinha
ficado na sua nova sede em uma reunião
com os membros daquela que seria sua
nova equipe.
Se ficou surpreso em ver Savi dentro do
seu escritório, não demonstrou. O
tenente por sua vez estava possesso e
explodiu sua frustração.
-Pode ser o bam-bam-bam da polícia
federal dos Estados Unidos, mas me
deve respeito major. Quero a Pasha de
volta à minha equipe agora mesmo.

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Peter se serviu de café e se sentou à sua
mesa tranquilamente. Depois do
primeiro gole ele falou ríspido.
-Não te devo explicações tenente, mas
considerando seu excelente trabalho no
departamento de investigação e o fato de
que é na verdade um funcionário
especializado e emprestado pelo BSS,
posso lhe conceder o benefício da
exceção.
-Não tente me enrolar Sparks.
-Não seria estúpido desse tanto. Sim,
trouxe Viviane para trabalhar em uma
nova equipe, e sim, foi por motivos
pessoais. Quero tê-la sob minha

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vigilância, será mais seguro. Mas de
fato ela é boa no que faz e será muito
útil para o que precisamos aqui.
Entretanto, já requisitei alguém bastante
eficaz para substituí-la a fim de
amenizar sua perda.
-Não existe perda nenhuma aqui. Eu
montei minha equipe e Pasha fazia parte
dela. Não me lembro de ter autorizado
sua saída, portanto ela volta e ponto
final.
Peter Sparks era um homem inteligente o
suficiente para enxergar além do
horizonte, para ler as entrelinhas ou para
perceber uma situação pessoal onde ele
pensou que existia algo puramente
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profissional. O homem ficou muito
surpreso em constatar que sua ex-amante
estava emocionalmente envolvida com
seu novo chefe. Que ironia, ela tinha
algum tipo de fetiche ou o que?
-Seu interesse em Viviane Pasha parece
estar além do âmbito profissional
tenente.
-Assim como o seu.
-Já disse que ela foi uma grande dor de
cabeça para um amigo parti...
-Economize sua explicação dos infernos
porque eu sei a verdade major.
Peter sentiu o sangue fugir do seu rosto e
os homens se encararam friamente. O
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major se levantou e colocou ambas as
mãos sobre a mesa.
-Então mantenha seu traseiro fora disso
tenente, ou posso intervir de maneira
nada agradável. É um agente excelente,
um dos melhores com quem já trabalhei,
mas não hesitaria em chutá-lo para fora
do departamento com um dossiê que
poderia estagnar sua brilhante carreira
para sempre.
O tenente podia sentir o sangue em
ebulição e se aproximou. Seus olhos
estavam faiscantes e sua voz baixa e
firme foi ameaçadora quando ele falou.
-Não sou oficialmente funcionário da

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polícia federal. Como bem lembrou,
estou sob empréstimo em uma troca de
favores, portanto teoricamente sua
patente não é superior à minha porque
sou agente especial do BSS onde seu
dedo podre não pode tocar. Meu chefe
em questão é meu tio Tiago Savi que
responde apenas ao departamento de
segurança nacional do governo dos
Estados Unidos. Assim, guarde a porra
do dossiê no fundo da sua gaveta porque
ele não vai te ajudar em nada. Agora
preste atenção às minhas palavras, quero
minha investigadora de volta ao
departamento amanhã de manhã ou volto
para a base e deixo que os malditos
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policiais da operação tática descubram
sozinhos quem eles vão mandar para o
inferno na próxima missão.
-Está cruzando uma linha muito delicada
aqui tenente. Espero que não se
arrependa disso.
-E o major cruzou uma ainda mais frágil
quando trouxe a ex-amante para
trabalhar diretamente com você, mesmo
a tendo abandonado com um filho pra
criar porque não teve cacife para
enfrentar sua mulher e assumir seu erro.
Peter deu um murro na mesa e apontou o
dedo para o tenente de maneira raivosa.
-Você não conhece nada da minha vida
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pessoal. Minha mulher sabe demais e
quando mandei a Viviane embora daqui
foi para proteger à ela e a tantos outros.
Eu sequer sabia que ela estava grávida.
-Não me interessa os detalhes da sua
vida privada major, mas não trouxe a
Pasha de volta a superintendência
porque ela é somente boa no que faz. Ao
que me parece ela é boa o suficiente em
outros quesitos que lhe agradam ainda
mais.
-E ao que tudo indica, a você também.
Os homens ficaram em silencio. O major
foi o primeiro a falar.
-Eu vejo que está bastante empenhado
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em levar a Viviane de volta ao seu
departamento, mas já parou pra pensar
que ela pode não querer voltar?
-Ela vai querer.
-Não me pareceu que ela estava
insatisfeita com a promoção que ganhou.
Eu achei até que ela ficou bem contente
com a nova equipe.
-Sua opinião é subjetiva.
-Minha opinião é a única que vale aqui,
mas vou conceder à Viviane o direito de
opinar e de repente, quem sabe, posso
reconsiderar a transferência.
O homem deu um meio sorriso e
continuou.
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-Vá em frente tenente e pergunte você
mesmo a ela se quer ou não voltar.
Deixe-me saber sobre a decisão dela.
__________ __________
Vivi olhou o visor e desligou o celular.
Era a décima vez que o Savi ligava e ela
recusava a chamada. Era final de tarde e
com certeza a notícia da sua
transferência ou promoção já tinha
virado bochicho dentro do
departamento. Mia também tinha ligado
e elas tinham se falado rapidamente.
Combinaram de tomar café-da-manhã
juntas no dia seguinte para conversarem
melhor.

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Enfim, passado o primeiro impacto
negativo, não parecia que a mudança de
departamento seria uma coisa tão ruim.
Depois de ser apresentada à nova
equipe e principalmente ao seu novo
salário, Vivi estava confiante de que as
coisas estavam mudando para melhor.
Além do mais, ficar longe do Savi era
uma boa idéia. Ela podia disfarçar sua
tensão e agir naturalmente diante dele,
ou pelo menos tentar agir, mas a verdade
era que doía ver que ele estava tão feliz
com outra e que em nenhum momento
sentiu a falta dela ou dos momentos que
compartilharam.
Os poucos meses juntos tinham sido tão
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importantes pra ela que a maneira
insignificante com que ele tinha lidado
com tudo a machucava muito. Ficar
longe era a coisa certa a fazer para curar
seu coração novamente ferido.
Jordan resmungou choroso e Vivi voltou
à sua realidade.
-Hei, que tal brincar um pouco na
banheira para relaxar?
O menino pareceu entender porque
sorriu abertamente e Vivi lascou um
beijo barulhento na barriga dele que o
fez gargalhar.
Mãe e filho entraram na banheira cheia
de água quente e perfumada. Vivi deixou
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o pequeno brincar bastante enquanto
aproveitava para lavar a cabeleira loira
e macia.
A moça ouviu um barulho na porta e
alguma conversa vinda da sala. Com
certeza sua colega de apartamento tinha
chegado de viagem.
-Vamos sair garotão. Precisamos avisar
nossa amiga de que vamos nos mudar na
próxima semana.
Vivi equilibrou o pequeno Jordan nos
braços enquanto se desdobrava para
vestir o roupão felpudo a fim de voltar
para o quarto e agasalhar o menino.
Antes de sair ela o colocou bem colado

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ao seu corpo úmido e fechou o hobby
mantendo o bebê bem coberto.
A moça atravessou o corredor correndo
e entrou no quarto no mesmo instante
que soltava um grito ao se deparar com
o Savi encostado na cabeceira da cama
com os braços cruzados sobre o peito,
toda à vontade e carrancudo.
-O que está fazendo aqui?
Antes que ele respondesse ela soltou
outra pergunta.
-Como entrou na minha casa?
-Sua amiga estava saindo quando eu
cheguei e me deixou entrar.
-Então saia porque eu preciso me trocar
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e agasalhar o Jordan.
-Pode se trocar Pasha. Não há nada em
seu corpo que eu já não conheça.
-Mesmo assim, eu quero que saia.
-Pra você se trancar aqui dentro e
ignorar minha presença como ignorou
minhas ligações?
Jordan começou a chorar e o tenente se
aproximou.
-Deixe que eu cuido dele enquanto você
se veste.
-Pare de bancar o engraçadinho Savi.
Me espera na sala.
Com um gesto decidido, Júnior puxou o
menino do colo dela e o envolveu no
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cobertor jogado em cima da cama. O
roupão se abriu expondo parte do seio
dela. Os olhos dele foram atraídos
momentaneamente para o local e ele
respirou fundo se apressando para sair
do quarto.
-Vamos te esperar lá fora.
O rapaz saiu e a menina se vestiu
rapidamente porque já estava
congelando.
Vivi entrou devagar na sala porque
queria registrar aquela cena em sua
memória. Jordan adormecido no peito
do Savi que olhava com ternura para o
rostinho sereno do menino enquanto

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acariciava a bochecha rosada. Parecia
uma imagem quase familiar. Poderia ser,
se ela tivesse conseguido despertar o
amor dele. Se isso tivesse acontecido,
então Jordan teria um pai com quem
jogar futebol aos fins de semana e ela
um companheiro com quem pudesse
fazer planos para o futuro e quem sabe
envelhecer naquela casa de campo com
cercas brancas que sempre tinha feito
parte dos seus sonhos.
O rapaz olhou para cima e sorriu.
-Acho que ele estava cansado.
-Sim.
Vivi pegou o menino e o levou de volta
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para o quarto, Savi a seguiu a passos
largos e observou enquanto ela
agasalhava o filho e o colocava em seu
berço.
-Precisamos conversar. Sei que tem
motivos para me evitar...
-Tenho sim. – Ela o interrompeu. – Mas
quaisquer que sejam os meus motivos,
não faz diferença agora. Só não entendo
sua insistência em falar comigo hoje se
ontem praticamente me chutou pra fora
do seu escritório sem se dar ao trabalho
de me ouvir.
-Escuta Pasha...olha, eu sinto muito,
muito mesmo. Tive uma atitude imbecil,

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eu sei, nada justifica...
-Nada mesmo.- Ela o interrompeu
novamente. – Não faz sentido você estar
aqui Savi. Honestamente? Não precisa
se sentir culpado ou nada parecido,
apenas vamos deixar as coisas como
estão, tudo bem?
-Não. Já exigi sua reintegração ao meu
time e eu juro Pasha, se ele se recusar a
te liberar, as coisas vão ficar ruins ainda
que ele seja a merda de um
superintendente.
-Não quero voltar Savi.
Os olhos dele fitaram-na com
incredulidade.
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-Como é que é?
-É o que ouviu. Quero ficar nesse time.
-Está brincando...
-Não.
Ela começou a sair do quarto, mas ele a
segurou pelo braço.
-Vai se meter em confusão e sabe disso.
Pense com a cabeça Pasha e não com o
coração. Esse cara te abandonou quando
as coisas ficaram difíceis e mesmo
agora que sabe do Jordan não teve a
decência de vir conhecer o garoto. É
isso que quer pra você? É isso que quer
para o Jordan?
-O que eu quero é paz e a oportunidade
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de dar uma vida adequada e confortável
para o meu filho. O salário é bom. É
excelente na verdade e é uma
oportunidade única para meu lado
profissional. Porque eu dispensaria?
Ele a fuzilou com o olhar antes de dizer
ironicamente.
-Porque você é inteligente o suficiente
para saber que o major tem segundas
intenções por trás dessa atitude tão
nobre de te ajudar do dia para a noite.
-Ele pode ter segundas intenções, mas eu
não e já deixei isso bem claro pra ele.
O tenente bufou incrédulo.
-Como se fosse páreo para ele. Acorda
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Pasha, ele vai te levar na conversa
fiada. Peter é um homem experiente e
conhece seus pontos fracos. Ele vai usar
o Jordan para te amolecer e posso
apostar que você vai ceder.
Eles se encararam e Vivi avaliou o
homem a sua frente. Era lindo,
inteligente, com uma carreira bem
sucedida e estava ali todo preocupado
com o bem estar dela e do Jordan. Nem
parecia o mesmo homem que sequer quis
falar com ela na noite anterior porque
estava puto por ter sua conversa
romântica interrompida.
Ela sabia que ele tinha razão. Estava
assumindo um alto risco por aceitar a
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proposta de Peter, mas continuar
trabalhando ao lado dele e ter que
presenciar sua felicidade por ter Lily de
volta a sua vida seria insuportável.
Vivi imaginou que algo em sua
fisionomia havia mudado com seus
pensamentos porque o semblante dele
caiu e ele respirou fundo.
-Não está aceitando o trabalho por causa
dele, não é? É por nossa causa.
A menina pensou que não fazia sentido
negar.
-Desculpa Savi, eu sei que, enfim...eu
deveria saber separar as coisas e
preservar o lado profissional, mas...não
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estou preparada pra ver você com ela e
se eu continuar lá...
Vivi se virou porque não queria que ele
visse o quanto estava arrasada com o
término da relação deles. Savi se
aproximou e colocou as mãos nos
ombros dela para virá-la de frente. Ela
ergueu os olhos tão verdes, doces e
tristes e por um instante ele só queria
abraça-la forte e lhe dizer que tudo
ficaria bem.
E foi o que ele fez. Savi puxou a menina
para seus braços e a abraçou
carinhosamente. Ela deitou sua cabeça
no peito largo e sentiu a mão dele entrar
pelos cabelos dela e acariciar sua nuca.
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-Nunca quis te magoar.
Ela continuou em silêncio e ele segurou
o rosto dela com ambas as mãos.
-Você é especial e eu gosto muito de
você.
-Não faz isso...Não precisa ter dó de
mim Savi.
-Estou dizendo a verdade. Não é que eu
não tenha te desejado ou que eu não
sinta nada por você, mas...
-...mas a Lily é o seu amor.
Ele encostou sua testa na dela, depois a
olhou com pesar.
-Eu e ela temos uma história inacabada e
por algum motivo isso sempre me
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prendeu a essa relação mal resolvida. É
a primeira vez que parte dela a decisão
de irmos em frente e...eu não consigo
dizer não à ela. Desculpe.
A menina olhou para ele e segurou seus
punhos com delicadeza. Ela escorregou
as mãos suavemente pelo antebraço
dele, fechou os olhos e ergueu os pés
para alcançar sua boca. Vivi sabia que
não devia fazer isso, sabia que devia
manda-lo embora e acabar logo com
tudo, mas sua vontade de beijá-lo mais
uma vez foi maior.
Ela se aproximou devagar e parou a um
milímetro de distancia dando a ele a
oportunidade de recuar. Eles sentiram a
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respiração um do outro e então ela tocou
os lábios dele muito de leve. Em
seguida ela deu um passo para trás
porque não era certo.
Ele soltou o rosto dela sem nunca
desviar os olhos, a menina sorriu
constrangida.
-Desculpe por isso, só pensei...só queria
dizer adeus.
Savi sentia seu coração acelerado.
Maldição, ela era tão delicada e honesta
com seus sentimentos que sua dor estava
estampada em sua feição. Ela queria um
beijo de despedida? Ela teria um de
verdade.

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O homem se adiantou, segurou seu
pescoço e se abaixou para tomar sua
boca. Vivi se agarrou a ele e retribuiu a
ferocidade do beijo. As línguas se
enroscaram e o desejo explodiu entre
eles.
Vivi sentia sua mente ficar incoerente e
tentou se lembrar de que era apenas um
beijo de despedida, mas quando ele
ergueu a blusa dela e subiu suas mãos
pelas costas sentindo a pele quente,
perdeu a razão e se deixou envolver.
Savi achou que estava ficando louco,
mas precisava sentir o calor do corpo
dela. As lembranças da intimidade que
um dia compartilharam vieram à tona
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com força e quando seus dedos tocaram
a pele macia, ele se esqueceu de que
havia escolhido estar com a Lily.
Ele desceu a boca pelo pescoço
cheiroso e subiu as mãos para tocar os
seios perfeitos.
-Deus do céu Pasha.
Ela gemeu e ele perdeu a razão. Seu pau
latejou e pulsou parecendo ter vida
própria, acordando furiosamente para se
deliciar naquele corpo que ele conhecia
tão bem.
O tenente a ergueu do chão e ela enlaçou
as pernas em volta da cintura dele. A
curta distancia até a cama foi reduzia a
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alguns passos e então ele estava sobre
ela tirando-lhe a roupa com urgência ao
mesmo tempo que sua boca seguia
explorando a cavidade do ombro e
descia para chupar os seios.
Vivi tirou a camiseta dele e desabotoou
a calça descendo o zíper
habilidosamente. Em instantes eles
estavam nus e ela segurou seu membro,
incitando-o com as mãos até que ele
gemeu alto e suplicante. Ela o guiou
para dentro do seu corpo e fechou os
olhos quando sentiu que ele a penetrava
com força.
Júnior se apoiou nos cotovelos e olhou
para baixo porque gostava de ver seu
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pau entrando e saindo dela. Os gemidos,
a respiração ofegante, o rosto afogueado
davam a ele a imagem perfeita de uma
deusa do sexo que tinha o poder de virar
a cabeça dele. Ela era deliciosa e ele
ficou surpreso com a intensidade da
explosão química entre eles.
Ela o segurou pela cintura e remexeu os
quadris para que pudesse senti-lo mais
profundamente.
-Quero mais...
Ele a beijou com paixão e enterrou sua
cabeça no pescoço dela enquanto
acelerava mais e mais.
O corpo pequeno era incrivelmente
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sensível e ele pensou que, na cama,
eram perfeitos juntos. O quadril dele
batia ritmamente no dela e aquela
sensação maravilhosa de satisfação
começou a subir por sua espinha. Ele
sentiu o sexo dela pulsar e sabia que ela
estava chegando lá. Savi olhou para o
rosto perfeito dela porque gostava de
ver sua reação de entrega plena e
absoluta.
Ela grunhiu longamente e ele sentiu seu
estremecimento. O pulsar do gozo dela
foi tão estritamente forte que o extasiou
e ele então jorrou furiosamente dentro
dela.
-Ahh...Deus...hum...
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Vivi sentiu o corpo dele estremecer uma
e duas vezes e o líquido quente que a
preencheu aqueceu ainda mais seu corpo
em chamas, sentiu que ele lhe beijava o
pescoço e ouviu seu sussurro.
-Deliciosa.
Ela sorriu tristemente. Nunca se
esqueceria dele. Foi uma super
despedida. Uma da qual ela pra sempre
se lembraria.
Savi saiu lentamente de cima dela e eles
se olharam constrangidos.
-Pasha...
Vivi ergueu a mão pedindo
silenciosamente que ele não dissesse
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nada. Não ia suportar que ele se
desculpasse, ou que mostrasse seu
arrependimento. Podia ser errado o que
tinham feito, mas ela adorou cada
segundo e também Lily não era nenhuma
santa. A moça tinha invadido sua relação
e lhe tirado o namorado, por quem era
apaixonada, sem se importar com os
sentimentos dela.
Se as atitudes pudessem ser medidas em
uma balança, estavam empatadas.
O tenente vestiu sua calça e colocou sua
camiseta sem tirar os olhos dela. Deus
do céu, o que tinha sido aquilo? Era pra
ter sido apenas um beijo, mas seu corpo
se acendeu como as luzes da Times
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Square quando tocou nela. Sim, o sexo
com ela sempre tinha sido fenomenal e
sim, ele sentia falta da alegria dela em
sua vida, mas...estava com a Lily, a
quem sempre amou. Caracas, o que
estava acontecendo com ele?
-É melhor você ir Savi.
-Eu sei.
-Obrigado... – Ela limpou a garganta não
sabendo direito o que agradecer, por fim
falou. - ...você sabe, por tudo... por se
preocupar.
Ele acenou em afirmação, mas não disse
nada.
Eles ouviram barulho na cozinha e Vivi
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se lembrou de que tinha que conversar
com sua colega.
-Sua amiga voltou.
-É, parece que sim. Preciso falar com
ela.
-Não vai ralhar com a coitada por ter me
deixado entrar.
-Não...não é isso, apenas preciso
comunica-la de que estou deixando o
apartamento.
Ele colocou as mãos na cintura.
-Como assim? Está saindo daqui?
-Vou morar em outro lugar.
-Que lugar?

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-Minha nova sede tem uma casa
conjugada, vou ficar lá.
Ele bufou raivoso.
-Deixe-me adivinhar, foi o Peter quem
providenciou essa gentileza pra você.
-Sim.
-É algum tipo de tapada Pasha?
Ela ergueu as sobrancelhas.
-Como?
-Isso mesmo que ouviu. Vai morar
dentro de um lugar onde ele terá total
liberdade de ir e vir? Ficou louca?
-Não vou precisar pagar aluguel e o
local é seguro, além de ser bem maior.

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-E longe das vistas da mulher dele.
-Isso não tem nada a ver.
-Ah não? Não percebe que ele tomou
todas as providências para ter acesso
fácil a você? Que tipo de idiota não
enxergaria a verdade bem embaixo do
seu nariz? Não posso acreditar nisso.
Ele a fuzilou com os olhos e Vivi pensou
que nunca o tinha visto tão contrariado.
-Está considerando apenas o ponto de
vista dele, como se eu não fosse capaz
de dizer não a ele.
-Ah sim, eu vi bem como você diz não a
alguém.
Assim que as palavras saíram, ele as
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queria engolir de volta. Vivi ficou
pálida e piscou várias vezes para evitar
que a umidade dos seus olhos se
transformassem em lágrimas. Morreria
antes de chorar pelo insulto dele. E
afinal, não tinha cedido tão facilmente?
Não bastou que ele a beijasse para que
ela pulasse em cima dele como uma gata
no cio? Então porque se magoar com a
verdade?
-Jesus Cristo, me desculpa...não quis
dizer isso...eu juro.
-Mas disse, agora saia por favor.
-Merda Pasha, não penso isso de você.
Só estou puto com essa história toda.

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Vivi sentiu seu sangue ferver.
-Não tem o direito de ficar puto com
nada porque não faz mais parte da minha
vida. Não sei se consegue se lembrar
mas você me deu um pé na bunda no
minuto em que a Lily perdeu o filho dela
e decidiu que te queria de volta mesmo
tendo te enrolado uma vida inteira.
Então não me julgue por eu não saber
dizer não, porque eu não sou a única
aqui. Agora, saia da minha casa Savi.
__________ __________

Naquele mesmo dia, bem mais tarde, o


tenente tentou raciocinar sobre o que
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tinha acontecido entre ele e a pequena
Vivi. Aquele descontrole todo, a
maneira como não resistiu seu impulso
sexual ao tocá-la. Tentava encontrar uma
resposta quando a campainha tocou.
Lily se pendurou no pescoço dele e o
beijou. Embora tenha correspondido, ele
a afastou com cautela. Que grande
porcaria de situação, seu corpo mal
tinha esfriado após a sessão de sexo
com a Pasha. Não podia simplesmente ir
pra cama com a Lily na sequência.
A moça pareceu não reparar na
relutância dele e entrou na casa
sorrindo.

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-Acabei meu plantão e pensei: Porque ir
pra casa jantar sozinha se posso ter a
melhor companhia do mundo nas
próximas horas?
Ela levantou a garrafa de vinho e ele
respirou fundo.
-Está tudo bem?
Savi balançou a cabeça afirmativamente.
-Um pouco cansado.
Lily o observou atentamente.
-Trabalhando em algum caso especial?
-Qualquer coisa do tipo.
Ele serviu uma bebida pra ela e
enquanto preparava a sua sentiu a moça

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abraçando-o pelas costas. Ela descansou
sua cabeça sobre ele e deixou suas mãos
acariciarem seu peito descoberto.
O rapaz decidiu que teria que falar a
verdade. Não era esse tipo de homem
que passava as mulheres pra trás. Não
sabia explicar o que tinha acontecido
entre ele e a Vivi horas mais cedo, mas
não mentiria em nada. Ele e Lily tinham
um histórico difícil, uma mentira não
ajudaria a construir uma relação sólida.
Ele se virou pra ela e deslizou o dedo
pelo rosto bonito.
-Precisamos conversar Lily.
A moça se afastou um pouco e Savi
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tomou certa distancia dela. Ela esperou
que ele falasse.
-Eu estive com a Pasha hoje.
O sobrenome não lhe era estranho e Lily
buscou em sua mente alguma imagem
que a fizesse se lembrar a quem ele
pertencia, mas não conseguiu.
-A loirinha do Bistrô.
Lily fechou a cara. Sim, agora se
lembrava, loirinha do bistrô era
eufemismo, a ex-namorada, ele evitou
dizer.
-Esteve com ela por alguma razão
especial?
-Trabalhamos juntos. Na verdade
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trabalhávamos.
A médica deu um gole em sua bebida e
esperou. Aquela conversa não seria boa
e ela estava prevendo isso. O tenente
continuou.
-Ela era uma das minhas investigadoras
de campo. Meu chefe simplesmente a
tirou da minha equipe e a levou pra
trabalhar em um caso especial em outro
departamento da PF.
-Pelo visto isso te aborreceu.
-Muito.
Lily relaxou. Esse era o Júnior que ela
conhecia. Muito focado no trabalho e
totalmente correto em suas ações. Ele
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ficava puto quando as coisas saiam
errado e ela entendia toda aquela tensão
agora.
-Sei que você não gosta que as coisas
saiam dos trilhos, especialmente no seu
trabalho, mas não vou fingir que saber
que sua ex está longe me deixa infeliz,
porque não deixa.
Ela deu outro gole na bebida e
continuou.
-Especialmente quando sei que ela era
queridinha por toda a sua família,
enquanto eu não sou muito bem vinda lá.
-Minha família gosta de você Lily.
Apenas ficaram um pouco ressentidos
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com os últimos acontecimentos porque
eu reagi muito mal. Eles não sabem a
verdade, é compreensível que estejam
cautelosos.
-Eu sei e vou provar a eles que eu
mudei, que eu quero muito te fazer feliz.
A moça colocou o copo sobre o balcão e
se aproximou. Ela o abraçou e ele pegou
as mãos dela e delicadamente se livrou
do abraço.
-Como estava dizendo, eu me encontrei
com a Pasha para resolvermos essa
questão da transferência dela.
Lily não era ingênua. A insistência dele
em relatar o encontro não era sem
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propósito. Alguma coisa tinha
acontecido e ela já sentia seu
temperamento ciumento querendo vir à
tona.
-Fala logo Júnior. O que aconteceu?
-Eu e ela...bem...a gente acabou
cedendo.
-O que isso quer dizer exatamente?
Ele se irritou porque não queria falar
claramente. Era constrangedor e Lily era
ciumenta. Savi sabia que ela faria uma
cena e tanto.
-Sabe o que quero dizer.
-Transou com ela? Não acredito nisso.
Ela estava vermelha e seus olhos
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faiscantes poderiam transformá-la em
uma pedra se tivesse poder para tal.
-Achei que tivesse dito que não estava
apaixonado por ela Júnior.
-Não estou.
-E como explica isso? Como explica
essa porcaria toda? Resolve seus
assuntos profissionais na cama agora?
-Não seja ridícula Lily. Sabe muito bem
que sou sério com o meu trabalho.
-Estou vendo. Vai resolver uma questão
de transferência e acaba fodendo a
funcionária?
-Modere seu palavreado.
Ela estava possessa e sua voz alterada.
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-Devo moderar meu palavreado como
você moderou suas ações?
-Eu e ela tivemos alguma coisa juntos e
se eu sobrevivi suas atitudes insanas foi
porque ela me ajudou. A Pasha foi
fundamental pra minha sanidade mental
e isso acabou nos aproximando. Eu sei
que não tinha que ter cedido e não tive a
intenção, mas aconteceu.
-Isso não justifica Júnior.
-Eu sei, mas é a única explicação que
tenho no momento.
-Uma merda de explicação.
Ela pegou a bolsa que estava sobre o
sofá e caminhou pra porta. Ele a segurou
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pelo cotovelo.
-Me desculpa, não vai mais acontecer.
-Como posso saber? Posso não ter sido
a melhor namorada do mundo até agora,
mas estamos recomeçando e não cabe
uma terceira pessoa entre nós. Se for pra
ser assim, então...
-Não há uma terceira pessoa. Acredite.
Foi um...deslize.
Ele a puxou para seus braços e beijou o
topo da sua cabeça.
-Ela está fragilizada. Tem alguns
problemas pessoais sérios e está
apaixonada por mim. Me deixei levar e
não vou negar, eu e ela temos uma
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atração forte.
-Poupe-me dos detalhes.
-Foi uma despedida.
Ele segurou o rosto dela entre as mãos.
-Consegue lidar com isso e me
desculpar? Sabe que não sou esse tipo
de homem.
Ela respirou fundo.
-Tem certeza que não nutre nenhum
sentimento mais forte por ela?
-O que sinto por ela é gratidão e um
enorme carinho pela pessoa que ela é,
mas é você que eu sempre amei.
A moça se atirou nos braços dele.

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-Eu também te amo Jú.
Eles ficaram abraçados por um tempo e
então ela falou.
-Vou pra casa. Posso lidar com isso, mas
não vai rolar de ficarmos juntos hoje,
não depois de...
-Eu sei. – Ele a interrompeu.
Ela se foi e ele respirou fundo. Tinha
que se concentrar em sua relação com a
Lily. Há anos tinha esperado por isso e
não ia estragar tudo agora, mesmo que a
imagem da Pasha estivesse piscando em
sua mente e que a lembrança daquele fim
de tarde na cama dela, fazendo-a gozar
loucamente enquanto ele próprio ia à
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loucura, estivesse vívida em seu
pensamento.
Júnior arrumou o membro entumecido
dentro da calça. Estava duro como pedra
e que grande porcaria ter que admitir
que não tinha sido pela Lily que tinha
ficado daquele jeito.
__________ __________
No dia seguinte, enquanto tomavam café
da manhã, Vivi contava a Mia o que
tinha acontecido entre ela e o tenente.
-Minha santinha das relações mal
sucedidas hein. Que ela te proteja desse
pinto desvairado. Ele não sabe o que
quer.
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-Se tinha alguém desvairada ontem Mia,
esse alguém era eu.
-Mas não podia ser de outra maneira.
Você é apaixonada por ele e o bastardo
não devia ter se aproveitar disso.
-Não acho que ele se aproveitou, acho
que...sei lá, ficou com pena de mim.
-Acredite, pena não deixa nenhum pau
duro, o que faz isso é tesão.
Mia tomou um gole do café e depois
apoiou os cotovelos na mesa para falar.
-Sabe de uma coisa? Eu acho que o Savi
gosta mais de você do que ele mesmo
possa ter se dado conta. As coisas
fluíram muito facilmente na relação de
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vocês. Você estava disponível,
claramente interessada e não havia
nenhuma barreira que pudesse instigá-lo.
Isso mascarou os sentimentos dele. Você
conhece a raça masculina Vivi. Eles
adoram um bom desafio e é isso que a
maldita da Lily representa para ele. Por
isso ele pensa que a ama.
-Os homens são racionais Mia. Preto no
branco. Os desafios podem ser
instigantes, mas podem ser cansativos
também. Se ele não a amasse eu acredito
que já teria se fartado de tantas idas e
vindas.
-Não para um homem como o Savi. Ele
é metódico e tem aquela aparência do
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cacete. Querendo ou não, uma recusa é
sempre uma ofensa ao ego de alguém
acostumado a escolher. Eu imagino a
pancada de mulheres que deve ter
passado pela cama dele e ela foi a
primeira a não querer nada além de sexo
casual. Isso o prendeu fortemente a ela.
-A velha forma de se fazer de difícil?
Parece um tanto ultrapassada para dar
certo.
-Mas funciona. Acredite, algumas coisas
não envelhecem Vivi. Agora se me
permite uma crítica...
-Não permito, mas sei que isso não vai
te impedir de fazê-la.

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Mia sorriu confiante.
-Você desistiu muito fácil.
Vivi ergueu as sobrancelhas surpresa.
-O que queria que eu fizesse? Ele
chegou à minha casa ditando as frases no
passado. Não tive a menor chance de
persuadi-lo. Se visse como ficou
possesso quando fale poucas e boas
sobre a amada dele, me daria razão.
-Homens como o tenente terão sempre
meia dúzia de mulheres dando em cima.
Se você se compromete com um assim,
tem que ter um plano B, uma carta na
manga ou uma “Bu” extra-terrestre.
A investigadora quase engasgou com o
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último comentário da amiga.
-Uma vagina de outro mundo?
-Sim, para abduzi-lo, a ponto dele não
enxergar nenhuma outra.
Elas riram e Vivi ficou agradecida por
ter uma amiga tão boa quanto Mia.

As semanas seguintes foram intensas,


produtivas e muito cansativas também.
Vivi estava se adaptando ao novo estilo
de trabalho, à nova casa e ao fato de que
tinha o dobro de responsabilidades do
que no departamento anterior. Embora se
sentisse exausta, estava feliz.
Seu pai estava quase que totalmente
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recuperado e Jordan tinha começado a
frequentar a creche por meio período.
Lana era a melhor babá que ela podia ter
arrumado e as coisas finalmente
pareciam estar dando certo na vida dela.
__________ __________
Savi olhou para a mulher deitada a seu
lado. Perfeitamente nua e satisfeita. Ela
sorriu maliciosa.
-Estou com fome.
Ele abriu os braços, malicioso.
-Devora-me.
Ela riu.
-Você é um insaciável.

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A moça se apoiou nos cotovelos.
-Estive pensando...
-Sobre?
-Saímos para jantar, vamos ao cinema,
ao shopping...mas ainda não fizemos
nenhum programa com nossas famílias
desde que reatamos.
Ele ficou tenso e ela percebeu.
-Não vamos poder evita-los a vida toda
Jú.
-Não estou evitando ninguém.
-Está sim. Se não dermos esse passo,
nunca vamos superar o mal estar que se
instalou entre nós. Eu sei que não sou a
pessoa que eles queriam ver ao seu
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lado, mas estamos juntos e isso precisa
ser encarado de frente.
-Sem pressa Lily.
-Será seu aniversário e da Duda na
próxima semana. Vamos fazer uma festa.
Ele se levantou e vestiu as calças.
-De jeito nenhum.
Ela cruzou os braços, carrancuda.
-Sou mais velha que você. Estou
chegando aos trinta e isso significa que
preciso definir minha vida de maneira
efetiva.
-Vinte e sete não são trinta.
-Quero que a coisa caminhe Jú. Quero

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que a gente more junto e que
...comecemos a pensar em ...filhos.
O tenente sentiu o sangue fugir do rosto.
Ele se virou com cautela para olhar pra
ela.
-Filhos?
-Sim. Filhos. Porque não?
-Porque é uma decisão precoce e até
onde me lembro, você nunca quis de
fato.
-Já disse que sou outra pessoa agora e
não estou falando de engravidar amanhã.
Isso leva tempo, você sabe...eu nem
poderia agora devido aos...- Ela limpou
a garganta. - ...devido ao acontecido.
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Mas há muitas coisas antes disso que
precisamos realmente considerar.

-Por exemplo?
-Por exemplo...casamento.
Ele teve vontade de rir e bufou
divertido. Será possível que ele nunca
teria a oportunidade de oficializar um
compromisso por si só? Primeiro a Vivi
o tinha pedido em namoro, agora a Lily
estava fazendo um pedido de
casamento?
-Do que você está rindo?
-Nada. Apenas...estou surpreso.
Ela se levantou também.
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-Esse lance de namorar é legal e tudo o
mais, mas já deu pra mim. Quero um
marido.
-Está realmente me pedindo em
casamento?
Ela gargalhou.
-É, acho que estou.
O rapaz a beijou levemente.
-Vamos um passo de cada vez.
-Está muito resistente a tudo, não sei se
gosto disso.
-Estou apenas sendo cuidadoso.
-Estamos indo muito bem. Esse último
mês foi...maravilhoso.

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-Eu sei, mas casamento é um passo
muito sério.
-Um que você sempre quis dar comigo.
Não entendo...
-Não desisti Lily, apenas quero ir no
meu tempo agora.
-Isso é um não?
-Isso é um “em breve”.
-E quanto ao lance da família?
-Vou pensar sobre isso.
Ela entrou no banheiro e ele desceu para
preparar o café. Ligou o som enquanto
fritava o bacon e os ovos.
A música que estava tocando lhe trouxe

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lembranças. Era a mesma música que a
Pasha tinha dançado, usando apenas
calcinha e sutiã, enquanto cozinhava
para ele.
A imagem dela imitando as backvocals e
fazendo caras e bocas nunca sairia da
sua cabeça. Ela o mimava, cuidava dele
e estava sempre disposta a agradá-lo. Se
estivesse com ela, com certeza a mesa
do café estaria posta e esperando por
ele.
Com Lily era o contrário, ela gostava de
ser bajulada. Gostava de ser servida e
de ser o centro da atenção. Ele sempre
gostou de fazer as coisas pra ela, era um
prazer particular satisfazer seus
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pequenos desejos apenas para vê-la
feliz, mas ser o alvo da dedicação de
outra pessoa tinha sido agradável.
Pasha era meiga e de fácil convívio e
ele tinha se divertido com ela. Como
será que ela estaria se saindo no novo
trabalho e na casa nova?
-Em que está pensando?
-Coisas do trabalho.
Eles se sentaram e Lily elogiou
repetidas vezes o quão bom ele era na
cozinha.
-Está vendo porque eu quero me casar
com você?
-Posso ver o porquê. –Ele sorriu antes
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de falar. - Da próxima vez você cozinha.
Ele se levantou fazendo cara de inocente
e ela estreitou os olhos surpresa.
-Não gosto de cozinhar e você sabe.
Além do mais fico fedendo gordura logo
de manhã.
-O mesmo acontece comigo.
-Mas você toma um banho rápido e logo
está pronto. Eu tenho que arrumar o
cabelo, fazer maquiagem e com certeza
levaria o dobro de tempo que você.
A moça limpou a boca e se levantou.
-Praticidade é tempo. Faço plantão hoje
ate às seis. Te ligo mais tarde.
Ela o beijou e saiu. Júnior olhou a mesa
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e resmungou pra si mesmo.
-Praticidade...sei, folga mudou de nome
agora.

__________ __________

Vivi pegou Jordan na creche e decidiu


passar pelo bistrô para pegar alguma
comida e evitar o fogão. Era sexta-feira
e a idéia de cozinhar quando chegasse
em casa não era nada animadora.

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Ela fez o pedido no balcão e decidiu
perguntar pela Eduarda.
-A Eduarda está trabalhando hoje?
-Sim. Na verdade ela deve estar
encerrando o expediente.
-Poderia trocar duas palavrinhas com
ela?
-Claro. Aguarde um momento.
A imagem da chef de cozinha mais
bonita que Vivi já tinha visto se
aproximou sorrindo.
-Hey Vivi, que bom te ver.
A moça foi logo pegando Jordan no colo
e beijando a bochecha rosada dele.

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-Como ele cresceu.
-Pois é. Vim pegar algo pra comer e
pensei em dizer olá.
-Então vamos tomar uma taça de vinho
juntas. O Thierry está na sala de
brinquedos com a babá. Eu vou pedir
pra ela cuidar do Jordan pra gente poder
conversar.
Dez minutos depois as duas moças
estavam saboreando um Vosne-Romanee
francês que Vivi pensou ser o vinho
mais sofisticado que ela já tinha
experimentado.
-Então, sei que você não trabalha mais
com o meu irmão.
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-Há dois meses fui transferida para
outro departamento.
-E está gostando de lá?
-Muito. Foi uma oportunidade
profissional muito boa.
-Eu sinto muito Vivi, por você e pelo
meu irmão também.
Vivi deu um gole em seu vinho caro e
não disse nada. Evitava falar no Savi
embora fosse impossível evitar de
pensar nele as vezes. Mia adorava lhe
contar as fofocas do departamento e ela
gostava muito de ouvir, mas até mesmo
disso ela estava tentando se manter
distante.
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Eduarda continuou.
-Ele fez a escolha errada, mas é muito
cabeça dura pra admitir isso.
-Porque está me dizendo isso?
-Sei lá. Sabe, a Lily está de volta à
família e nós, em consideração a ele, a
tratamos bem e respeitamos o
relacionamento deles, mas não sei...não
é mais a mesma coisa.
Vivi ficou curiosa.
-Você quer dizer entre vocês e ela?
-Não, entre os dois. De início eu achei
que era coisa da minha cabeça, você
sabe, eu e o Jú somos gêmeos e sempre
fomos muito ligados. Então eu queria
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tanto que ele superasse esse amor insano
que ele sentia por ela que pensei estar
imaginando coisas.
A investigadora ficou ansiosa pra saber
mais, mas não queria parecer
desesperada por informação, por isso
esperou a conclusão dos pensamentos da
moça.
-Porém, minha mãe também percebeu.
Aquela obsessão por ela e aquela
necessidade de fazer tudo que podia
para agradá-la...já não é mais assim. Eu
sinto que algumas vezes ele até se irrita
um pouco.
-Talvez ele tenha estipulado alguns

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limites para a relação.
-Não sei. Acho que não. Eu penso que o
Jú fantasiou uma vida perfeita com a
Lily por muitos anos e se decepcionou
muito, sofreu demais. Quando ela deu
indícios de reatar e finalmente aceitou
tudo que ele tinha a oferecer sem mais
riscos, sem mais medo de perde-la, ele
finalmente enxergou a Lily como ela é.
-E como ela é?
-Uma mulher linda, inteligente,
determinada, mas com defeitos como
outra qualquer.
-Ele achava que ela era perfeita.
-Isso mesmo e eu conheço a Lily desde
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quando nascemos. A última coisa que
ela pode ser considerada é perfeita.
Eduarda terminou seu vinho.
-A Lily é única filha e foi única sobrinha
e neta por muitos anos. Isso fez dela uma
menina mimada, intransigente e muito
temperamental. As coisas sempre
caminharam segundo a vontade dela e os
homens sempre caiam aos seus pés.
-É, ela é bem bonita.
-Linda na verdade, mas você não fica
atrás.
-Que isso.
-Sim. Não tenho porque mentir. Mas
enfim, chega de falar do meu irmão. Se é
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a ela que ele realmente ama, não há nada
que possamos fazer a não ser torcer para
que dê certo. O fato dele ter uma idéia
mais real dela já ajuda bastante. Agora
me fale de você. Me conta desse novo
trabalho e da sua casa nova.
Elas conversaram bastante e depois se
despediram. Vivi teve uma surpresa
nada agradável quando chegou em casa.
Assim que abriu a porta, soltou um grito
ao se deparar com Peter dentro da sua
sala. A moça colocou a mão no coração
e Jordan, assustado com o grito da mãe,
começou a chorar.
-Deus Peter, quer me matar de susto?

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Ele olhou dela para o menino. Vivi
tentou acalmar o filho falando palavras
doces e balançando-o suavemente.
O homem se aproximou e tocou o rosto
do garotinho com carinho.
-Ele é ainda mais lindo pessoalmente.
Ela afastou Jordan do homem e fez uma
carranca pra ele.
-O que deu em você afinal? Lá se foram
meses desde que soube da existência
dele e nunca se deu ao trabalho de vir
conhecê-lo.
-Tentei ser precavido Viviane. Não quis
levantar suspeitas. Diferente da primeira
vez que nos envolvemos eu quero
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preservar a máxima discrição agora.
-Da maneira que fala parece que está
criando expectativas de que a coisa vai
acontecer uma segunda vez.
Ele apenas sorriu e se aproximou
novamente.
-Posso pegar meu filho?
-Não. É melhor ir embora Peter. Estou
agradecida por ter me ajudado, mas
sinceramente, não vou tolerar você usar
a conexão da sede para entrar e sair da
minha casa.
-Trouxe um presente para o Jordan.
Ela revirou os olhos e tentou não perder
a paciência.
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O homem apontou para a porta que dava
para o quintal dos fundos e fez um gesto
para ela o seguir.
Vivi o seguiu e teve que parar
embasbacada. Havia um mini trenzinho
com lugar para duas crianças da idade
do Jordan se sentar com segurança
enquanto o maquinário, com trilho e
tudo, fazia um curto trajeto em curvas.
As luzes do trem acendiam e uma
música infantil podia ser programada
para tocar automaticamente.
Jordan deu um gritinho entusiasmado e
Peter o tirou do colo da mãe. Beijou a
cabecinha do menino e o colocou no

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assento arrumando o cinto de segurança
com todo o cuidado. Depois ele
caminhou até um painel instalado na
parede e apertou um botão.
Imediatamente o trem começou a andar,
as luzes coloridas a girar e a música a
tocar. Jordan batia as mãozinhas em
contentamento e estava tão eufórico que
gritava sorrindo.
-Como fez tudo isso sem que eu
soubesse?
-De fato o processo é muito simples e a
instalação não levou mais de uma hora.
Os trilhos foram fixados no gramado em
trinta minutos pela empresa contratada e

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eu exigi que tudo fosse feito dentro dos
padrões de segurança.
-Isso tudo foi feito hoje?
-Sim. Gostou?
-Deus Peter. Não interessa se eu gostei,
o Jordan amou.
-Então valeu a pena.
Ela respirou fundo enquanto assistia o
contentamento do filho. Peter passou o
braço pelo ombro dela e sorriu.
-As coisas podem ser diferentes dessa
vez Viviane.
Ela ficou tensa. Então era isso. Não era
pelo Jordan que ele estava ali. Ele
estava tentando impressioná-la. A
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menina sentiu seu coração se afundar.
Ela olhou pra ele e tentou controlar sua
voz.
-Não faça isso.
Ele ergueu as sobrancelhas, curioso.
-Isso o que?
-Não use o Jordan para conseguir outra
chance comigo.
Peter sorriu pra ela.
-Não estou usando o garoto. Apenas sei
que esperava algum movimento da
minha parte em relação à ele e pra ser
sincero, eu estava ansioso para dar esse
passo.
-Então, o que está me dizendo é que não
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está aqui por mim...é por ele.
O major ficou sério.
-Pelos dois.
Ela bufou contrariada. Foi até o painel e
apertou o botão para parar o trem. Tirou
Jordan do brinquedo e o levou para
dentro da casa.
-Olha Peter, Jordan não sente falta do
que não tem. Não quero que ele se
afeiçoe a alguém que claramente não tem
intenção de assumi-lo. Ele vai crescer e
vai se sentir um bastardo inútil porque
não pode sequer dizer aos amigos quem
é o pai.
-Você é muito imediatista Viviane. As
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coisas precisam caminhar devagar. Não
posso simplesmente anunciar que tenho
um filho de um ano com uma ex-
estagiária. Não conhece minha mulher o
suficiente? Não sabe do que ela é
capaz?
-Sei tão bem do que ela é capaz que
nunca te procurei sequer para dizer que
tínhamos um filho, mas não espere que
eu vá entrar no seu jogo de sedução
novamente. Bajular o filho para
conseguir a mãe é golpe muito baixo.
-Ele é meu filho também. Não se
esqueça disso.
-Isso não quer dizer nada.

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-Não? Talvez eu mude de idéia e assuma
o Jordan e decida leva-lo para onde ela
possa ter mais conforto e uma vida
melhor do que tem aqui.
Ela empalideceu.
-Não faria isso.
-Não me subestime.
-Pára com isso Peter. Não me ameace.
-Não pense que eu não ousaria, porque
posso surpreendê-la.
Eles se encararam desafiantes, mas ela
estava intimamente amedrontada com as
palavras dele. Peter suavizou a
expressão.
-Não precisa ficar apreensiva. Apenas
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quero usufruir do direito de estar por
perto. Não é pedir demais, é?
-Tenho escolha?
-Não. De fato, não tem.
Ele sorriu, acariciou a cabecinha loira
do filho e deu um beijo na bochecha
dela antes de sair.

Peter cumpriu a promessa de estar por


perto. Ele estabeleceu um ritual de
passar pela casa dela duas vezes por
semana depois do expediente. Depois de
algumas semanas Jordan já se sentia
tranquilo e erguia os bracinhos para ir
no colo do pai quando o via chegar.
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O homem trazia presentes em todas as
visitas e aos poucos Vivi também se
sentia mais tranquila com a presença
dele. Algumas vezes eles jantavam
juntos, outras eles trocavam meia dúzia
de palavras, ele brincava com o menino
alguns minutos e logo ia embora.
Surpreendentemente em nenhuma
ocasião ele tentou uma aproximação
mais íntima com ela e Vivi estava
aliviada por isso.
__________ __________

Lily olhou para o closet todo arrumado


com suas coisas e sorriu feliz. Agora
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sim, estava de fato instalada na casa
dele. Tinham entrado em um acordo
onde decidiram que morariam juntos um
ano antes de se casarem oficialmente.
Ela tinha decidido manter seu
apartamento fechado ao invés de
esvazia-lo e aluga-lo. Apenas por
precaução. Se tudo corresse bem, então
ela poderia se desfazer dele. Fatalmente
isso aconteceria. Ela e Júnior estavam
muito bem. Felizes e cheios de planos.
O tratamento de prevenção dela estava
quase no fim e assim que os exames
apontassem que tudo estava certo, ela
iria engravidar.
Júnior era louco pra ser pai, ela sabia
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disso. Os planos dele sempre incluíram
dois filhos e ela estava ansiosa para dar
esses filhos a ele logo. É claro que ela
tinha percebido as mudanças no
comportamento dele. Aquele rapaz cem
por cento dedicado às vontades dela não
existia mais. Ele estava mais
amadurecido e muito racional sobre
várias coisas.
Lily não sabia o quanto gostava desse
novo comportamento, mas o amava e
sabia que grande parte da mudança dele,
era culpa dela mesmo. Ele estava
excessivamente cauteloso, mas ela podia
lidar com isso e aos poucos ele voltaria
a ser o homem por quem ela tinha se
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apaixonado ainda na adolescência.
__________ __________

Vivi tirou o termômetro de Jordan e


gemeu desesperada. Trinta e nove e
meio de febre e isso depois de ter dado
o analgésico. O rostinho dele parecia
estar pegando fogo e o corpo amolecido
despertou certo pavor nela.
A menina agasalhou o filho e o colocou
na cadeirinha no banco de trás. Eram
duas da manhã, mas não podia esperar
amanhecer. Há quase cinco horas a febre
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ia e vinha cada vez mais alta.
Ela dirigiu apreensiva e foi direto para
o hospital infantil de Boston. A
recepcionista simpática fez o
atendimento e logo uma enfermeira
estava cuidando do menino com toda
atenção do mundo.
Vivi ficou ao lado do filho e se sentia
apavorada.
-A médica está vindo para examiná-lo
mãe.
-Está tudo bem, não está?
-Só um minutinho e a médica poderá
diagnosticá-
lo.
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Não mais que cinco minutos depois e a
médica entrou. As mulheres se
encararam reconhecendo uma a outra.
Lily foi profissional e não se deixou
abalar pela presença da ex-namorada do
seu namorado.
Ela cumprimentou Vivi e pegou a ficha
do menino. Depois começou a examiná-
lo com precisão. Apertou aqui e ali,
auscultou o coração e o pulmão.
Verificou os olhos, a garganta e mediu a
pressão. Depois fez algumas perguntas
de praxe para Pasha que as respondeu
bastante nervosa.
-Acredito que ele possa estar com
infecção urinária, mas teremos que fazer
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alguns exames para ter certeza.
Vivi concordou e escutou laconicamente
enquanto Lily passava as instruções para
a enfermeira relatando todos os exames
que queria que Jordan fizesse.
A noite foi uma tortura particular. Jordan
esgoelou enquanto fazia o exame de
sangue e Vivi sentia seu coração ser
perfurado em ver o filho sofrer daquele
jeito. Uma bagatela de exames foram
feitos um atrás do outro enquanto a
madrugada adentrou.
Os resultados levaram um pouco mais
de uma hora para sair e Lily veio falar
com Vivi pessoalmente.

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-Ele está apresentando um alto grau de
infecção urinária. Vamos ter que mantê-
lo no hospital por um ou dois dias para
poder medica-lo adequadamente.
-É grave? Pode me dizer...foi alguma
coisa que eu fiz...ou deixei de fazer?
Os olhos da moça estavam marejados e
o abatimento físico era visível. Lily teve
pena, mas manteve a voz serena.
-Infecção urinária é causada por uma
bactéria e nada tem a ver com cuidados
maternos. Não é tão raro acontecer, mas
também não é algo corriqueiro e por
isso que quero mantê-lo aqui, mas
também não quer dizer que ele não vai

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se curar e voltar pra casa são e salvo.
-Eu posso ficar com ele, não posso?
-Claro que sim.

Lily cuidou do seu pequeno paciente


com dedicação. Medicou o menino e
passou as instruções necessárias para a
enfermeira responsável. Era seis da
manhã e Vivi não tinha deixado o quarto
nenhuma vez. Estava exausta e os olhos
vermelhos indicavam que em algum
momento, talvez nos minutos em que
tinha ficado sozinha, havia chorado.
-Porque não vai até a cafeteria tomar um
café? Ele está bem e a medicação vai
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mantê-lo sonolento pelas próximas
horas.
-Estou bem aqui. Obrigado.
-Talvez possa ligar para alguém revezar
com você. É possível que ele vá ficar
dois dias inteiros aqui no hospital.
Vivi balançou a cabeça em
concordância, mas o fato era que ela
tinha que contar consigo mesma. Não ia
ligar para os pais apenas para preocupa-
los. Estavam longe e não podiam fazer
nada para ajudar. O mesmo se aplicava
à sua irmã.
Peter não era uma opção. Ela poderia
aguentar dois dias no hospital. Pelo filho
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aguentaria qualquer coisa.
__________ __________
O plantão de Lily terminava na hora do
almoço e ela costumava dar uma geral
em todos os seus pacientes antes de
passar a responsabilidade para o
próximo médico. Quando entrou no
quarto de Jordan, Vivi estava cochilando
desajeitadamente na pequena poltrona
no canto do quarto.
Os leitos públicos não tinham cama para
acompanhantes, apenas um sofá. E por
certo que ela não tinha dinheiro para
pagar por um quarto particular, senão o
garoto já teria sido transferido. Durante

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toda a noite Lily foi e voltou do quarto,
bem como a enfermeira e nenhuma das
duas ouviu o telefone da moça tocar ou
presenciaram alguma ligação que ela
tenha feito.
Lily se lembrou que uma vez o Júnior
tinha dito que ela tinha sérios problemas
pessoais e a ausência do pai do garoto
dizia muita coisa. Estava claro para a
médica que a ex-namorada do seu
namorado criava o menino sozinha.
Enquanto fazia uma checagem rápida na
evolução do menino Vivi acordou. Ficou
imediatamente em pé e se aproximou da
cama.

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-Como ele está?
-Fica tranquila. A infecção vai
retroceder conforme o medicamento for
agindo sobre o organismo dele. A febre
baixou e ele está reagindo bem.
O alívio no rosto da mãe da menino foi
visível.
-Devia ir pra casa descansar um pouco.
Ele está em boas mãos.
-Não quero que ele acorde e não me
veja.
-Ele não vai acordar nas próximas duas
horas no mínimo. Pode ir tranquila.
-Prefiro ficar.
Lily estava acostumada aos pais
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desesperados e apenas sorriu.
-Como quiser.
Vivi observou Lily terminar sua visita e
sair. Ela era estilosa mesmo dentro do
seu jaleco. Os cabelos presos em um
coque dava lhe um ar de sedução. Não
era difícil saber porque o Savi era
perdidamente apaixonado por ela. Que
grande ironia seu filho estar sendo
cuidado pela mulher que lhe tirou seu
namorado com um estalar de dedos.
A moça se sentiu deprimida. Seu filho
estava abatido, ela estava exausta e a
imagem da médica toda-poderosa por
quem foi trocada, lhe trouxe lembranças

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doloridas do quão sozinha ela estava na
vida. Era muito difícil não ter com quem
compartilhar os momentos ruins.
__________ __________

Lily estava em sua sala se caminhando


para o estacionamento, quando seu
celular tocou.
-Oi amor.
-Está muito cansada pra almoçar
comigo?
-Estou muito cansada, mas ainda assim
quero almoçar com você.
-No bistrô?

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-Ótimo. Chego lá em quinze minutos.
Júnior estava conversando com Apollo
quando a porta se abriu e Lily entrou
confiante. Mesmo depois de doze horas
de plantão médico ela conseguia estar
linda. Ele se despediu do dono do bistrô
e foi até ela.
Eles se sentaram e fizeram seus pedidos.
-Noite difícil?
-Sempre é nessa época do ano. As
baixas temperaturas acabam com a
resistência das crianças.
Eles conversaram um pouco sobre seus
trabalhos e ela se questionou se devia ou
não falar pra ele sobre o garoto Jordan.
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Enquanto comia ela raciocinava o
porque da sua relutância em falar.
Afinal, era com ela que ele morava e
também ele sempre garantiu que a tal da
Avril Lavigne cover não tocou seu
coração de fato.
A verdade era que a solidão daquela
menina tinha tocado o coração de Lily.
Ela sabia melhor do que ninguém o que
era estar em apuros e sozinha. Tentando
ser casual, mas estando bem atenta à
reação do seu namorado, Lily comentou.
-Aquela sua amiga, a do garotinho loiro,
ela não tem família?
Júnior parou o garfo no meio do

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caminho e olhou para ela apreensivo.
-Porque o interesse?
-Ela esteve a noite toda no
hospital...sozinha; Só achei estranho o
pai do garoto não estar ao lado dela.
-O que aconteceu com o Jordan?
-Uma infecção urinária um pouco grave.
Vai ter que ficar em observação por uns
dois dias. É muito pequeno e...hei..hei
Junior?
Lily observou pasma quando o
namorado se levantou e saiu apressado a
deixando ali sem nenhuma cerimonia e
sem ao menos terminar sua refeição.

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O tenente entrou no hospital preocupado.
Tomou algumas informações rápidas
com as recepcionistas que já o conhecia
e foi direto para o quarto em que estava
o Jordan.
Vivi estava sentada de costas para a
porta e segurava a mãozinha delicada do
filho. Sua cabeça estava baixa e ele
percebeu que ela estava chorando.
-Hey.

Ela se virou rapidamente e ele se


adiantou até ela tomando-a nos braços.
A menina se aninhou a ele. Não sabia
exatamente porque ele estava ali, mas
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era bom estar nos braços dele. Então se
lembrou que a Lily devia estar aos
arredores e deve ter falado pra ele sobre
o Jordan.
A moça se afastou um pouco e limpou as
lágrimas. Ele beijou a testa dela.
-Não tem que passar por isso sozinha
Pasha. Porque não me ligou? Porque não
pediu ajuda?
-Foi tudo muito rápido, não achei que
fosse nada sério, só me preocupei com a
febre.
Savi se aproximou do menino e beijou a
testa dele.
-Ele vai ficar bom. A Lily me disse
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que...-Nesse momento o rapaz se deu
conta de que tinha deixado sua namorada
sozinha no meio do almoço. – Ah não,
droga...
Vivi não entendeu a reação dele e se
desesperou.
-O que foi? O que ela disse?
O tenente respirou fundo.
-Ela disse que o Jordan vai ficar bem.
-Então porque...
-Eu fiquei preocupado e caramba,
acabei deixando a Lily sozinha no
bistrô.
Vivi ergueu as sobrancelhas curiosa e
bufou um pouco divertida.
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-Cuidado, isso pode acabar virando um
hábito.
Ele sorriu preocupado.
-Estou começando a achar que sim.
A enfermeira entrou para a checagem de
praxe e o tenente pegou Vivi pelo
cotovelo e foi conduzindo-a para fora da
sala.
-Você está péssima.
-Obrigado.
-Não foi um elogio.
Ela revirou os olhos para ele que sorriu.
-Precisa de um café.
Savi não deu chance para ela recusar e a

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levou para a cafeteria.
Vivi fechou os olhos quando saboreou o
café quente. O tenente a observava
fixamente.
-Como estão as coisas no novo
departamento?
-Excelentes.
Ele esperou, mas como ela não disse
mais nada ele fez sinal para que ela
continuasse. A menina deu de ombros e
tomou outro gole de café.
-Não está sendo muito detalhista.
-Nosso trabalho é sigiloso.
-Qual é Pasha, não sou um tipo de
criminoso ou suspeito.
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-Tá, desculpa...estamos trabalhando
para descobrir a identidade de alguns
políticos ligados aos cartéis de droga.
-Interessante.
Ela falou um pouco sobre o trabalho
dela de se infiltrar dentro do grupo
político que estava aliado aos
traficantes mais poderosos do Estado.
De repente Savi pensou que era algo
muito delicado e perigoso e não gostou
de saber que ela estava envolvida.
Estavam debatendo alguns pontos do
novo trabalho dela quando uma sombra
pairou sobre eles e o rosto severo de
Peter Sparks encarou ambos seriamente.

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-Posso saber porque não fui comunicado
de que Jordan estava internado?
-Como soube que eu estava aqui?
-Tenho meus meios.
-Está me vigiando?
-Levante-se Viviane. Preciso falar com
você.
A moça sorveu o último gole de café e
se levantou. Savi ficou possesso com a
forma imediata que ela obedeceu a
ordem do major. Ele se levantou também
e encarou a moça com expressão
incrédula.
-O que é isso?
-Tá tudo bem Savi.
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-Como assim? –Ele colocou as mãos na
cintura e estreitou o olhar de um para o
outro. – Tá de brincadeira que cedeu tão
facilmente Pasha.
-Não cedi a nada.
Peter parecia divertido com a reação do
tenente e comentou malicioso.
-Ainda.
Savi olhou para o teto da cafeteria
tentando manter a serenidade, mas fez
um som indignado quando soltou o ar
raivoso.
Peter fez sinal para a moça segui-lo e
quando ela fez o primeiro movimento
Savi a segurou pelo braço.
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-Você é melhor que isso.
Ela o fitou de forma cansada. A menina
achou que não devia nenhuma
explicação, mas que queria dá-la mesmo
assim, só por desencargo de
consciência, afinal o que ele pensava
dela ainda era importante.
-Não há nada acontecendo aqui. Ele só
está tentando construir uma convivência
com o Jordan.
Os homens se encararam e tentando ser
discreto o major falou com firmeza.
-Ainda não compreendi qual é a
relevância desse assunto pra você
tenente. A meu ver, você não tem nada
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com isso.
-Vai sonhando.
O major voltou uns passos e sua voz
tinha um som ameaçador.
-Fica fora da nossa vida rapaz.
-E você, fica fora da vida dela.
Vivi olhou de um para o outro sem
entender. Caramba, não estava com
nenhum dos dois, mas ou ela havia
enlouquecido ou estava havendo uma
disputa de território ali onde ela, a ex de
ambos, era o pivô.
Peter mantinha uma pose classuda, mas
estava visivelmente irritado, já o Savi
tinha aquele ar ameaçador e não
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escondia que estava puto. Antes que a
coisa toda saísse do controle, ela
interveio.
-Quer parar vocês dois?
Eles não relaxaram suas posturas ou
sequer pareceram ouvi-la. Então ela
direcionou seus recados.
-Agradeço a preocupação, mas nos
falamos depois Savi. – E virando-se
para o major, ela completou. – Vamos
conversar no saguão, não pode subir no
quarto agora.
Peter deu um meio-sorriso provocador
para o tenente e seguiu a moça que
andou em direção à saída sem olhar pra
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trás.
__________ __________

Mia ouvia o sermão ininterrupto do


tenente com um misto de surpresa,
diversão e incredulidade.
-...e então ela saiu caminhando com ele
como se o bastardo nunca tivesse feito
nenhum mal a ela e me deixou plantado
lá. Foi exatamente isso que ela fez...
O homem andava de um lugar para o
outro e estava bastante irritado. Ele a
chamou em seu escritório para dizer ou
pedir alguma coisa que ela ainda não
sabia o que era porque logo que entrou,
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ele desembestou a falar nos mínimos
detalhes sobre o ocorrido no hospital.
-...ela perdeu o juízo de vez, de vez. Um
homem que não a respeitou, não deu uma
merda para a relação deles...e o Jordan
então? Como o menino vai ficar no meio
disso tudo?
Mia começou a rir e então ele parou de
falar e a encarou carrancudo.
-Está achando engraçado?
-Muito.
-Você é a melhor amiga dela, supõe-se
que deveria dar uns conselhos...ou essa
porra de amizade só serve pra fazer
fofoca?
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-Hei...minha santa Anastácia dos
cotovelos doloridos. Acalme-se homem.
-Quem é que está com dor de cotovelo
aqui?
-Você, oras bolas.
Ele bufou contrariado e ela continuou.
-Não precisa ficar constrangido porque
a maioria das pessoas nem perceberia
que você está morrendo de ciúmes da
Vivi. É que eu sou um tipo muito
inteligente de mulher, mas talvez sua
noiva possa perceber se você continuar
se alterando dessa forma toda vez que
ver a Vivi com outro homem.
-Não me alterei por causa disso. Não é
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porque a gente não deu certo que não me
preocupo com ela. Apenas...qual é Mia,
vai ou não falar com ela?
-Claro que sim. Quero saber tudo sobre
essa reconciliação.
Savi quase enfartou ao ouvir a última
palavra.
-Acha que realmente se reconciliaram?
-Se não o fizeram, depois de tudo que
me contou, acho que não vai demorar a
acontecer.
-Só se ela for um tipo imbecil.
-Ela é um tipo carente.
Eles se olharam e Mia aproveitou a
oportunidade para mexer com o ego
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ferido dele e quem sabe fazer o toupeira
do homem enxergar o que ele estava
claramente tentando esconder de si
mesmo.
-Vivi é doce, delicada, romântica e
alguém que está há muito tempo sendo
colocada em segundo plano.
Ele fez menção de falar, mas ela o
interrompeu.
-Ela está desesperada para ser a
primeira opção de alguém.
-Então ela está no caminho errado. Ele é
casado.
-Isso não diz nada Savi. Você não
conheceu o major na época em que eles
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se envolveram. Ele se entregou de corpo
e alma e acredite ele estava a um mísero
passo de jogar tudo para o alto pra ficar
com ela. A Vivi era muito importante pra
ele e sim, o desfecho foi desastroso, mas
ele realmente não teve outra opção.
Infelizmente a esposa do Peter é alguém
que não deve ser subestimada e ele fez o
que era certo na época e eu não estou
dizendo que ele é a melhor opção pra
minha amiga, porque obviamente não é.
Mas também, ele nunca esteve com ela
querendo estar com outra.
Silêncio absoluto e ela se levantou.
-A Vivi merecia encontrar alguém só
dela e que quisesse estar apenas com
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ela. Esse momento ainda não chegou e
nem sei se um dia vai chegar porque ela
parece ter um fraco por homens
complicados.
-Não preciso que fique me mandando
indiretas Mia.
-Ah então serviu? Porque sinceramente
eu espero que você possa se afastar dela
também. Peter pode não ser bom pra ela,
mas nem você tão pouco é. Chutou a
bunda da coitada sem a mínima
consideração pelos sentimentos que ela
tinha por você. Mesmo hoje, com toda a
sua preocupação e tal, não é pra cama
dela que você vai voltar depois do
trabalho, é?
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-Isso não é da sua maldita conta.
-Ai meu Deus todo poderoso, livrai me
dos pintos ressentidos e dos homens
mal-educados como você.
Ela sorriu e caminhou até a porta.
-Mas se lhe interessa tenente, ainda tem
o poder de fazer aquela “Bu” tremer
como uma perereca saltitante em um
brejo fresco.
Savi estava com a boca aberta e a
expressão atordoada quando falou.
-Você é uma desiquilibrada.
-Essa sou eu.
A mulher lhe deu uma piscadela
divertida e saiu. Ele ainda repensou a
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última frase da moça e balançou a
cabeça desanimado, depois sussurrou
pra si mesmo.
-“Bu”...que porra é isso?
__________ __________

Savi respirou fundo quando girou a


maçaneta da porta da sala. Ela estaria
furiosa, ele sabia que sim, do contrário
teria respondido pelo menos uma das
quatro ligações que ele fez naquela
tarde.
A casa estava silenciosa. Ele deu uma
olhada geral e subiu as escadas. Seria
bom se ela estivesse dormindo. Depois
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de um plantão exaustivo durante toda a
noite e de ter sido deixada sozinha no
restaurante no meio da refeição, se ainda
estivesse acordada, seria o mesmo que
enfrentar um maremoto de canoa.
Quando abriu a porta do quarto ele
ouviu o barulho do chuveiro. Ele tirou
os sapatos e o desatou a gravata. Jogou
o terno em cima da poltrona e se sentou
para esperar o furacão chamado Lily.
Em outras épocas ele teria ficado
pelado, entrado no chuveiro com ela e
resolvido essa situação de outro jeito,
mas hoje em especial não estava a fim.
Seu encontro com a Pasha, a conversa
estranha com a Mia e a imagem de
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satisfação do Peter ao encará-lo no café
tiraram seu humor. Precisava raciocinar
calmamente sobre o que estava
acontecendo com ele.
Há quase quatro meses ele tinha optado
por dar uma nova chance para o seu
relacionamento com a Lily. Foi um
passo arriscado de se dar considerando
o histórico passado deles. Ele a amava,
claro que sim, mas dia-a-dia, pequenas
coisas foram, de alguma forma,
modificando toda aquela paixão
obsessiva, como sua família costumava
dizer, e então ele se viu comparando
cada dia mais, Lily à Pasha.
Não queria admitir que a investigadora
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tinha tomado boa parte do seu coração,
mas hoje ao vê-la ao lado do major e
sabendo que tinham um filho juntos e
lembrando-se do pouco, mas intenso
relacionamento que tinham vivido, ele
se deu conta de que por algum motivo
não enxergou na época o quanto gostava
dela.
A porta do banheiro se abriu e Lily
apareceu enrolada na toalha com o
corpo fresco e cheiroso do banho. Ela o
fuzilou com o olhar e ele tentou
mentalmente buscar um meio de
amenizar o impacto da discussão que
fatalmente eles iriam ter.

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Ela entrou no closet, pegou um conjunto


de lingerie e começou a se vestir na
frente dele.
-Não vai dizer nada?
-Só posso dizer que sinto muito.
-Esperei por um movimento seu o resto
da tarde.
-Te liguei quatro vezes, mas você não
atendeu.
-Claro que não. O que esperava?
-Olha Lily, não foi legal o que eu fiz, eu
sei...
-Não foi legal? Me deixou plantada no

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Bistrô, falando às paredes no meio de
um almoço. Eu acho que a expressão
“não foi legal” não se encaixa aqui.
-O que quer que eu diga?
Ela o olhou com tamanha surpresa que o
fez se sentir mal. O homem tentou se
justificar.
-Eu sinto muito, muito mesmo. Não fiz
de propósito. A Pasha não tem ninguém
com quem contar e quando me disse que
o Jordan estava com uma infecção grave
eu já imaginei como ela estaria
desesperada e sozinha...
Lily estava muito atenta às palavras do
namorado.
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-Eu pisei na bola com ela Lily. Quando
você voltou e a gente se acertou, eu e ela
estávamos mais envolvidos do que eu
deixei transparecer na época. Então eu
me sinto um pouco...culpado, não sei,
até um pouco responsável por ela.
Lily ergueu as sobrancelhas ainda mais
incrédula.
-Responsável?
Ele passou as mãos pelo cabelo em um
gesto nervoso.
-Ela é uma ótima pessoa e eu a fiz
sofrer. E também, tem o Jordan...eu
gosto muito do garoto.
-E onde está o pai do menino? Não acha
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que é ele quem deve se sentir
responsável por tudo?
Savi sentiu seu temperamento se alterar
ao se lembrar do major e de como ele
estava conduzindo a situação para
favorecê-lo.
-É um filho-da-puta. Abandonou a Pasha
quando as coisas ficaram difíceis entre
eles e agora está tramando tudo pra
voltar com ela e inacreditavelmente ela
está caindo na dele como um patinho.
A raiva dele era tanta e tão evidente que
Lily ficou sem palavras. Savi continuou
falando sem se dar conta da expressão
pasma da namorada para a reação dele.

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-Acredita nisso? Eu não. Eu realmente
não posso acreditar em quão fácil foi
pra aquele bastardo voltar pra vida dela
sem que ela impusesse nenhum tipo de
dificuldade.
Ele respirou fundo e então pareceu
voltar a si. O rapaz limpou a garganta e
pareceu desconfortável com a maneira
que Lily olhava pra ele. Então falou
rapidamente.
-Mas isso não é da minha conta, não é?
O casal se encarou por alguns segundos
e ele se aproximou. Deu um beijo na
testa dela e se afastou rapidamente.
-Vou tomar banho. Chama alguma coisa
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pro jantar porque não estou a fim de
cozinhar, muito menos de sair pra comer.
Ele entrou no banheiro e ela ficou
olhando a porta fechada com o coração
apertado. Seu namorado estava
claramente enciumado da ex e isso
queria dizer muita coisa. Em especial
que algum sentimento muito forte ainda
residia no coração dele. Céus, como não
percebeu isso antes? Em outros tempos
ele jamais a teria largado no restaurante
e mesmo se tivesse feito, a teria enchido
de flores e chocolates e voltado pra casa
com algum presente que pudesse
recompensá-la por sua atitude.
Quando ela ficava sem atender uma
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chamada então, o homem enlouquecia.
Ele largava tudo que estava fazendo e ia
até ela. E quando estavam putos um com
o outro, eles discutiam, as vezes
seriamente, mas então se jogavam nos
braços um do outro e terminavam
transando como coelhos desesperados.
Entretanto dessa vez, ele mal pronunciou
um “sinto muito” e estava totalmente
abalado com a história de amor da ex
com o ex dela. Caramba, que confusão.
Como ia lidar com isso?
__________ __________
Lily pediu comida tailandesa. Era uma
das favoritas dela. Eles se sentaram pra

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comer e fizeram toda a refeição em
silêncio. Quando terminaram e ele
arrastou a cadeira para se levantar ela
segurou o pulso dele.
-Precisamos conversar.
Ele fechou os olhos, cansado.
-Caramba Lily, eu já me desculpei.
-Está com ciúme dela.
-Não é ciúme...
-Nutre fortes sentimentos pro ela Jú.
-Não exagera.
Ela entrelaçou os dedos nos dele e o
rapaz voltou a se sentar.
-Me disse que não era apaixonado por

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ela e acreditei.
-Eu não era...-Tardiamente o rapaz
percebeu o deslize verbal e acrescentou.
– Não sou.
-Como explica toda essa reação? Essa
preocupação e esse sentimento de culpa
se resume em uma palavra: Amor.
-Pára de dizer isso.
-É a verdade. É claro que eu percebi
que nossa relação não tem nada a ver
com o que já foi um dia, mas eu achei
que essa mudança era parte do nosso
amadurecimento pessoal. Sua resistência
ao casamento, a planejar o futuro, ter
filhos...pensei que estava sendo apenas
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cauteloso mesmo.
-E estava...estou.
Ela se levantou se sentindo muito
irritada.
-Não quer admitir pra mim ou ainda não
admitiu pra você mesmo?
-Não preciso admitir nada.
A moça começou a tirar os pratos da
mesa com alguma agressividade.
-Transou com ela novamente?
Ele soltou um palavrão baixinho.
-Ficou maluca?
-Não respondeu minha pergunta.
-Me recuso a responder.
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-Quem cala consente.
-Meu silêncio como protesto a esse
absurdo.
-Não pense que vai amenizar seus atos
desconversando sobre os fatos.
O tenente estava puto agora e sua voz
saiu alterada.
-Que merda de fatos? Não dormi com
ela e você não deveria sequer me
perguntar algo do tipo.
-E porque não? Já me traiu com ela uma
vez...
-O que? Da última vez que estive com
ela, eu e você estávamos recomeçando e
as coisas estavam desordenadas ainda.
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Isso não pode ser considerado traição.
-Não tinha nada desordenado. Já
estávamos juntos e você admitiu que deu
uma com ela pra se despedir.
-Veja como fala.
-Eu falo do jeito que eu quiser.
Ela estava gritando em um ato histérico
e ele recuou porque ambos estavam
muito alterados. Lily apontou o dedo pra
ele e seu olhar estava cintilando de
raiva.
-Nem pense que eu vou tolerar outra
situação como a de hoje.- Ela respirou
fundo e continuou. – Não te quero mais
perto dela, falando com ela ou sequer
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mencionando algo sobre essa infeliz ou
a criança e estou falando sério Júnior.
-Não me faça imposições Lily. Sou
adulto e capaz de discernir o certo do
errado. Você está classificando uma
atitude de solidariedade que eu tive com
alguém que foi importante pra mim de
uma forma absurdamente errônea.
-Atitude de solidariedade o escambau,
não me trate como idiota. Repense suas
atitudes e reflita sobre elas ou vamos ter
sérios problemas senhor Marconi
Júnior.
Ela saiu da cozinha e ele caiu
pesadamente na cadeira. As coisas entre

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ele e a Lily estavam desandando de uma
maneira ímpar e o pior era que isso não
parecia estar afetando-o como deveria.
__________ __________

Três dias depois do susto inicial, Vivi


estava levando seu bebê pra casa. A
enfermeira fez todas as checagens gerais
e pegou o menino no colo passando-o
para sua mãe.
Vivi beijou a bochecha e o apertou em
seus braços. Jordan reclamou do abraço
resmungando sonolento.
A moça ajeitou a pequena mochila com
as poucas roupas dele no seu ombro e o
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deitou em seu peito. Estava saindo do
quarto quando Lily a interceptou.
-Pode me acompanhar até o consultório,
por favor?
Vivi concordou com a cabeça e seguiu a
médica que abriu a porta de uma sala
ampla e bem decorada.
Lily fechou a porta e se colocou atrás da
sua mesa. Então encarou a investigadora
com expressão séria. Vivi ficou
apreensiva. Talvez os exames do Jordan
tivesse acusado alguma coisa a mais.
-Está tudo bem com o Jordan, não está?
O médico da manhã deu alta e disse que
os exames estavam ok.
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-E estão. Meu assunto com você não é
sobre o Jordan.
Vivi estreitou os olhos porque não
acreditou que ela abordaria qualquer
assunto pessoal dentro do hospital. Lily
cruzou as mãos sobre a mesa e tinha uma
postura austera e sofisticada, mas sua
voz demonstrava a impaciência por trás
da pose de mulher fatal.
-Quero te pedir que se mantenha
afastada do meu namorado.
Vivi levou uns segundos para processar,
mas então respondeu com certa
tranquilidade.
-Então aconselho que faça esse pedido a
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ele.
-Obviamente eu já o fiz, mas como deve
saber ele se sente um pouco responsável
por você, o que pode leva-lo a querer
ter notícias suas ou do bebê.
-Não sei o porquê. Sou adulta e
perfeitamente capaz de cuidar de mim.
-Então não se coloque no papel de
coitadinha abandonada e siga sua vida.
Vivi se levantou e agora estava brava.
-Desculpe Lily, mas deveria resolver
suas divergências amorosas em casa. Se
o Savi te deixou plantada no bistrô e
veio até o hospital visitar meu filho, foi
por livre e espontânea vontade dele. Eu
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não tenho nada com isso.
Lily estava puta da vida. Não acreditava
que o Júnior tinha dito a ela sobre o
ocorrido no restaurante.
-Não se sinta encorajada pelo fato dele
ter agido impulsivamente. Ele apenas foi
muito solidário com alguém que
claramente não pode contar com
ninguém mais.
Agora a médica tinha tocado em um
ponto fraco da Vivi. Sua solidão era
algo que a incomodava e com certeza o
Savi tinha se justificado com a
namorada falando o quão sozinha e
desamparada ela se sentia.

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-Quem disse que não posso? Não faz
plantão todos os dias para saber
detalhes. Sinto muito se ele usou essa
desculpa para se justificar.
-Não é uma desculpa, eu sei o que eu vi.
Ficou três dias sozinha aqui no hospital.
Nenhum familiar, amigo ou mesmo o pai
do garoto deu as caras por aqui. É
compreensível que o Júnior fique
penalizado.
-Pois manda ele enfiar a pena dele bem
no meio do ....
A porta se abriu e interrompeu o
desabafo da moça. Lily se levantou para
cumprimentar polidamente o homem

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elegante que apareceu na porta. Era
alguém com alguma importância, logo se
via.
Devia estar na casa dos quarenta anos e
era muito charmoso e atraente. Um bom
porte físico e uma pose de homem de
negócios.
-Posso ajuda-lo?
-Desculpe a intromissão.
Peter se virou e sorriu para Vivi.
-A enfermeira me disse que você estava
aqui. Pronta para ir pra casa?
Lily olhou de um para o outro um pouco
confusa. Vivi encarou a médica com
certa petulância e respondeu sem deixar
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de olhá-la.
-Sim. Obrigada por vir querido.
Ela sorriu sedutora e se aproximou dele.
Ficou na ponta dos pés e deu um beijo
rápido na boca do homem. Peter a
segurou pelo pescoço e acariciou seus
cabelos enquanto a olhava intensamente.
Lily limpou a garganta e fez cara feia
para ambos. Vivi entregou o Jordan para
o pai que o pegou com cuidado e depois
fez um gesto em direção à médica.
-A propósito, essa é Lily Foster, a
doutora que cuidou do Jordan.
O homem se aproximou e estendeu a
mão educadamente.
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-Peter Sparks, sou pai do Jordan e
agradeço por ter cuidado dele.
A namorada do tenente ficou
momentaneamente sem ação, mas então
balançou firmemente a mão estendida.
-Ah...claro, não há de quer.
Vivi sentiu o braço de Peter envolver
seu ombro e se xingou mentalmente. É
claro que ele iria se aproveitar da
situação e agora ela estava em maus
lençóis. Tudo pra resgatar um pouco de
orgulho próprio na frente da maldita
Lily.
Conforme foram andando pelos
corredores, ela tentou se desvencilhar
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do braço dele, mas o homem estreitou o
abraço e a manteve por perto.
-Pensei que não queria se expor.
-Não há riscos aqui, mas diante das
circunstancias eu bem poderia por meu
pescoço à prova sem problema algum.
Ela respirou fundo e pensou que teria
que conversar seriamente com ele. Tinha
se insinuado apenas para mostrar para a
Lily que ela tinha outras opções, mas
não estava de fato considerando
nenhuma reaproximação com Peter.
Ele era sinal de encrenca e das grossas.
Já teve o suficiente no passado para se
envolver novamente. E demais a mais,
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hoje estava mais amadurecida e podia
compreender a mulher do major. Ela não
ia querer que seu marido tivesse alguém
além dela, então não seria a outra de
ninguém mais. Foi errado ter cedido na
época, mas era imatura e estava muito
apaixonada. Hoje as coisas eram
diferentes.
__________ __________
Vivi enrolou o que pode no quarto do
Jordan. Precisava de tempo para deixar
que o major esfriasse os ânimos.
Quando voltou pra sala ele estava
confortavelmente sentado em seu sofá,
sem o terno e com um copo de uísque na
mão.
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Ela se sentou do outro lado em uma
poltrona de frente pra ele. O homem a
fitou com intenso desejo nos olhos. A
moça limpou as mãos que estavam
suando na calça e achou que era melhor
falar tudo de uma vez.
-Desculpe se eu passei uma imagem
errada pra você lá no hospital hoje.
Ele continuou calado.
-É que a Lily, a médica...
-Eu sei quem ela é.
Ele se levantou e se dirigiu até o bar, se
serviu de mais uma dose e voltou para o
mesmo lugar.
-Ela é a namorada do tenente. E você é a
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ex dele.
O homem encarou a mulher à sua frente
tentando analisar sua reação.
-Me fale sobre vocês dois Viviane. O
que de fato aconteceu?
-Namoramos um tempo e não deu certo.
-Porque não deu certo?
-Não é da sua conta.
-Ele me pareceu bastante contrariado no
hospital e antes disso já tinha feito uma
cena no meu escritório em virtude da sua
transferência. É evidente que ele ainda
nutre sentimentos por você.
-Está enganado. A Lily é o grande amor
dele.
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-Ela não parece muito certa disso.
Vivi ergueu as sobrancelhas, surpresa.
-Porque acha isso?
-Era de se esperar que uma médica fosse
mais cautelosa com sua vida privada
estando em seu local de trabalho. Não
foi muito ético ela te chamar para uma
conversa pessoal dentro do consultório
médico de um hospital. Isso me pareceu
um ato desesperado.
-Ela estava bastante confiante.
-É o que você acha?
-Sim.
-Para uma investigadora você precisa
apurar seu instinto de percepção. A
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atitude dela foi de alguém que jogou a
carta final. Ela precisa que você se
afaste dele porque já não consegue que
ele se afaste de você.
-Como sabe disso? Estava ouvindo
nossa conversa?
-Estava esperando do lado de fora e
vocês duas não foram exatamente
discretas.
-Bisbilhoteiro.
-Gosta dele?
Vivi revirou os olhos e não respondeu.
Ele colocou o uísque na mesa de centro
e se levantou. A menina ficou tensa e se
remexeu. Peter parou de frente com ela e
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apoiou os braços de cada lado da
poltrona prendendo-a.
-Quero uma resposta Viviane.
-É a minha vida particular, não tenho
que dizer nada a você.
-Gosta dele como gostou de mim?
Ele se endireitou e a puxou, colocando-a
de pé em frente dele. Vivi tentou se
afastar, mas ele a impediu segurando-a
com ambas as mãos pelo ombro.
-Ele faz você gritar o nome dele quando
está gozando, como eu fazia?
-Pára com isso.
As mãos do major deslizaram
lentamente até o pescoço.
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-Eu quero você.
Ela segurou o pulso dele firmemente
tentando tirar as mãos dele de si, mas o
homem era forte e ela não conseguiu
mover sequer um dedo.
-Porque voltou? – Ele encostou a testa
dele na dela. – Estou atormentado com a
sua imagem desde que soube que estava
trabalhando novamente no departamento.
Eu sonho com você...
-Não faz isso, por favor...
Ele a puxou pela cintura e a manteve
presa ao corpo dele. Então esfregou sua
excitação para que ela sentisse o
tamanho da vontade dele e segurou a
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cabeça dela com força para que a
menina não pudesse escapar do beijo.
A boca de Peter era experiente, quente e
convidativa. Vivi se lembrava bem
como ele a fazia enlouquecer com beijos
apaixonados e sedutores. A perna dele
forçou entre as coxas dela para que se
abrissem e ela ficasse ainda mais ciente
do membro enorme que pulsava
desesperado para estar dentro dela.
Uma vez tinha sido muito apaixonada
por ele, mas não era mais e aquela
maneira forçada de tentar persuadi-la a
deixou irritada. Ela tentou empurrar o
corpo dele para longe, mas sua baixa
estatura e seu corpo mignon não
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conseguiu intimidá-lo nem por um
segundo.
Ainda assim, ela se esforçou para
escapar e ele afrouxou o abraço, mas
não a deixou livre.
-Por que resistir? – A mão dele desceu
para a bunda dela e apertou a carne
macia. – Sabe como mexe comigo,
sempre foi assim...
-Mas agora tudo mudou.
Ela se desvencilhou dele com alguma
dificuldade. Ele veio caminhando em
sua direção e então Vivi foi firme na sua
recusa.
-Espera, fique bem ai onde está.
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Ele parou.
-Eu sei que minha atitude lá no hospital
foi insinuante e que você a interpretou
mal, mas precisa me ouvir.
O homem sorriu forçado e depois ficou
carrancudo.
-O que tem pra me dizer? Está bastante
claro pra mim que você ainda é
apaixonada por ele, mas isso não me
impede de te querer de volta.
-Isso não importa.
-Então porquê?
-Porque cansei de ser a segunda na linha
de sucessão dentro das minhas relações.
Caramba Peter, acha que é isso que eu
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quero pra minha vida? Nunca lhe passou
pela cabeça que eu quero ter uma
família? Ter alguém que faça planos
comigo? Não tem sentido eu voltar a
praticar o mesmo erro do passado.
-Tenho algo a mais pra te oferecer
agora, só me dê algum tempo pra
resolver tudo. Posso me livrar da minha
mulher.
-Não pode e sabe disso. Ela é uma
bomba-relógio programada pra explodir
ao menor deslize seu e também...nosso
tempo já passou.
-Não vai encontrar o homem perfeito
Viviane, simplesmente porque não

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existe. Temos química, temos uma
história e um fruto dela. É uma base
bastante forte pra se considerar. Quer
saber o resultado do que você procura?
É só olhar a sua volta. Casamento é a
escória da paixão.
Ela arregalou os olhos diante da fúria
das palavras dele. O homem continuou
sem se deixar abalar pela expressão
dela.
-Você encontra a mulher perfeita, sonha
com ela, faz planos com ela e então se
casa. Acredite, do momento em que
assina os malditos papéis tudo muda.
Acha que ser amante é humilhante? É ser
colocada em segundo plano? Pois não é.
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As amantes tem o melhor dos seus
homens. Elas têm a paixão, o encanto, o
melhor sexo sem que precisem encarar
os problemas recorrentes da
convivência do dia-a-dia.
-Não pode generalizar. E sinto muito se
estar casado pra você é tão ruim assim.
-É péssimo, mas é necessário. A vida
impõe algumas necessidades e é
simplesmente por isso que as pessoas se
casam.
Ele se aproximou e tocou o rosto dela
com leveza.
-Você teve o melhor de mim. Era em
você que eu pensava o dia todo, era pra
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você que eu corria desesperado no final
de um dia difícil. Foi nos seus braços
que encontrei calor, amor, compaixão e
companheirismo. E tenho certeza que te
dei muito também. O que mais você
quer?
-Quero a liberdade de viver segundo a
minha vontade. Não quero esperar a
hora certa pra ligar, ou disfarçar quando
vir meu namorado com a mulher dele, ou
me corroer por saber que quem está
dormindo ao lado dele todas as noites
não sou eu.
-Isso é bobagem. Você teve muito mais
de mim em dois anos do que ela em
vinte.
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-Não pode esperar que eu ainda tenha
sentimentos profundos por você.
-Não sou um menino Viviane. Claro que
não esperei por isso, mas sei que posso
despertar seus desejos. Conheço cada
parte de você, do seu corpo. Entendo
sua maneira de pensar.

-Isso não é o suficiente pra mim.


-Você quer romance.
-Quero uma vida descomplicada. Não é
muito e não é impossível.
Ele pensou um pouco. Estava indo
depressa demais. A menina a sua frente
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tinha feridas abertas em relação a ele e
para piorar estava apaixonada pelo
antigo chefe que a trocou pela namorada
da adolescência.
Era um homem vivido e sabia esperar.
Seria difícil, especialmente agora que
tinha sentido o gostinho dela novamente.
Só um beijo e ele quase havia perdido a
cabeça. Estava louco pra tê-la de novo
em sua cama e dessa vez a queria para
sempre. Mas ela estava certa, sua
mulher era uma pedra gigante no
caminho. Tentou fazer parecer que podia
resolver esse problema com certa
facilidade, mas a verdade era que não
podia.
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De fato, sua esposa era um arquivo vivo
que podia lhe destruir a vida e a vida de
outras pessoas ligadas a ele. Enquanto
estivesse viva, a desgraçada era uma
ameaça constante. E então o major
reconheceu a intensidade do seu ultimo
pensamento... “enquanto ela estivesse
viva.” Algo se formou em sua mente e
ele olhou para a pequena à sua frente.
Era linda, doce e queria tão pouco. Tudo
que ele tinha que fazer era manter o
imbecil do tenente a distancia enquanto
trabalhava no plano que estava tomando
forma na sua cabeça. Teria que contar
com a sorte e esperar que a médica
pudesse manter seu namorado satisfeito
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dentro de casa. Enquanto ele cuidaria de
estar sempre por perto da Vivi e do filho
deles.
-Tudo bem Viviane, não quero força-la a
nada. Quero que quando acontecer
alguma coisa entre nós, que seja
consensual, mas não espere que eu vá
me afastar do meu filho. Posso não ter
condições de assumi-lo no momento,
mas quero estar presente.
Ela concordou e soltou o ar aliviada.
Ele ainda deu um beijo casto na boca
dela e saiu.
__________ __________

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Savi estava brincando com o sobrinho e
o cachorro dele. Seu cunhado Antonino
cuidava da churrasqueira enquanto Lily
e sua irmã Eduarda terminavam de
colocar a mesa do almoço. O tenente
observava a integração da sua namorada
com sua família.
Todo mundo tentando ser cordial com
todo mundo e ainda assim a coisa
parecia não fluir naturalmente.
Ele esperava que tudo pudesse melhorar
com o tempo, mas seus pais e sua irmã
nunca perdoaram o fato de Lily tê-lo
deixado para ir viajar como voluntária
na África e ter voltado grávida de lá. O
fato dele não poder contar a verdade do
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que aconteceu com ela dificultou a
convivência em família.
Todo mundo esperava que a Lily
aprontasse alguma coisa de uma hora
pra outra, como ela já tinha feito tantas
vezes e temiam pela reação dele. Savi
se recriminou intimamente. Era sua
culpa todo esse mal-estar. Seu
sofrimento pela Lily afetou a todos.
-Está tão calado, irmão. Algum
problema?
-Não. Estou bem Sis.
De longe ele observou Lily conversar
com Antonino sobre seu trabalho. Ela
estava explicando sobre as doenças
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infantis e sobre as epidemias que
ocorriam de tempo em tempo.
Eduarda se mostrou interessada no
assunto e entrou na conversa. Já tinha se
falado muito sobre crianças, hospitais e
pais neuróticos quando Lily disse algo
que chamou a atenção do tenente.
-O filho da sua amiga esteve internado
há duas semanas.
-Que amiga?
-Viviane Pasha.
Antonino olhou discretamente para o
cunhado que encarou a namorada com
seriedade. Eduarda também fitou o
irmão não entendendo bem o rumo
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daquela conversa, mas agiu com
naturalidade.
-O Jordan esteve doente?
-Uma infecção urinária, mas já está
praticamente recuperado.
-Isso é ótimo.
-O pai do menino me agradeceu tão
efusivamente que fiquei até
constrangida. Como eu disse a ele, esse
é o meu trabalho, ninguém precisa
agradecer um médico por cumprir o seu
dever.
Eduarda novamente olhou para o irmão
e não gostou do que viu. Uma máscara
endurecida de raiva e os olhos
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faiscantes que pareciam querer matar a
namorada. A moça sorriu sem graça.
-Ah...bem, eu não conheci o pai do
Jordan.
-É um homem e tanto. Bonito, charmoso
e muito carinhoso com a namorada e
com o filho deles.
-Não falo com a Vivi há algum tempo já.
Nem sabia que ela estava namorando.
-Bom ela está, ou pelo menos pareceu,
pela maneira que estavam se tratando no
consultório.
Júnior se irritou profundamente com a
conversa e com a tentativa da Lily de
mostrar à ele o quanto Vivi estava bem
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com o major.
-Chega Lily.
Ela ficou surpresa com o tom de voz
autoritário e raivoso do namorado.
-O que foi?
-Sabe muito bem o que foi e está
causando um constrangimento
desnecessário com essa conversa.
-Quem está constrangido aqui? Eu acho
que você usou a palavra errada.
-Não me interessa que merda de palavra
é a certa ou não. Eu disse chega pra esse
assunto.
Antonino e Eduarda se entreolharam sem
saber o que fazer.
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-Desculpe, não sabia que a Vivi era
assunto proibido aqui.
-Agora já sabe, então não fale mais
sobre isso.
-Porque essa reação toda? Posso
começar a acreditar que está com
ciúmes Jú.
-Acredite no que quiser, estou de saco
cheio de você ficar me provocando com
informações sobre a Vivi. Que diabos,
de uma hora pra outra você só fala dela.
-Te provocando? Não devia se sentir
assim uma vez que não tem nada a ver
com a vida dela. O fato daquela infeliz
estar namorando não deveria mexer com
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você.
-Mas mexe.
Silencio absoluto e o tenente olhou para
todos os rostos surpresos. Ele respirou
fundo.
-Eu quis dizer que...caramba, não foi o
que eu quis dizer...
Lily deixou o lugar sem se despedir e
nem por um momento Savi pensou em
correr atrás dela. Eduarda entregou uma
cerveja para seu irmão.
-Então, quando vai fazer alguma coisa
com isso?
O rapaz olhou pra sua irmã sem
entender.
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-Isso o que?
-Isso que está sentindo pela Vivi.
Finalmente esse seu coração cabeçudo
se abriu pra pessoa certa.
-Não começa Sis.
-Não sou eu que estou dizendo...suas
atitudes é que estão.
-Não sei o que está acontecendo. Todos
esses meses com a Lily e de repente as
coisas mudaram.
-Era obcecado por uma fantasia Jú. A
convivência do dia-a-dia te trouxe para
a realidade. Não estou dizendo que a
Lily não é uma boa pessoa, mas ela
também não era a perfeição que você
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idealizou. Já a Vivi sempre foi algo real
desde o início. Você a enxergou com
todas as qualidades e defeitos. Não
tenha medo de buscar sua felicidade.
-Eu sempre quis estar com a Lily. O que
temos hoje é o que eu lutei a vida toda
para conseguir.
-E conseguiu. Ponto final. Sabe aquela
frase “Que seja eterno enquanto dure”?
Ela descreve perfeitamente seu tempo
com a Lily. Pense nisso.

Assim que abriu a porta de casa, Savi


viu as malas da Lily no meio da sala.
Ela desceu as escadas com uma outra na
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mão e eles se encararam. Ela tinha os
olhos vermelhos e ele se sentiu muito
chateado por vê-la tão infeliz.
-O que está fazendo Lily?
-O que é o certo a fazer.
-Está indo embora.
Os olhos dela se encheram de lagrimas e
ele foi até ela abraçando-a com carinho.
Ela se aninhou à ele e suspirou
desanimada.
-Está apaixonado por ela.
Ele ficou em silencio e a moça saiu do
abraço dele.
-Não negou, o que quer dizer que tenho
razão.
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-Não sei o que estou sentindo Lily,
mas...definitivamente não posso ignorar
que tem alguma coisa diferente
acontecendo comigo em relação à ela.
-Depois de tanto tempo...ou, sempre se
sentiu assim?
-Não sei. É estranho, eu sempre gostei
do jeito dela e como eu disse, ela me
ajudou muito na época que pensei que
você estava grávida do Fred, mas não
achava que estava apaixonado. Na
verdade, eu estava tão focado em você,
na nossa história, que não enxergava
ninguém mais.
-Quando foi?

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-O que?
-Quando descobriu que era ela que você
queria?
O rapaz deu de ombros.
-Isso não importa. Você vai ficar bem?
Lily sorriu tristemente. Então era mesmo
o fim. Ele não pediu pra ela ficar, não
tentou convencê-la de que ir embora era
uma má idéia. Não. Ao contrário, ele
estava praticamente se despedindo.
-Vou sobreviver.
Ela o abraçou novamente. Deu um beijo
leve nos lábios dele e sussurrou de
olhos fechados.
-Seja feliz.
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-Eu te ajudo com as malas.
Doeu ouvir aquilo. Lily tinha saído da
vida dele incontáveis vezes, mas sempre
tinha deixado pra trás um homem
arrasado que ela sabia que a aceitaria de
volta a qualquer momento. Mas dessa
vez era diferente. Ele estava apaixonado
por outra pessoa e ela sentia que tinha
sido realmente uma separação
definitiva. Não haveria brechas para
reconciliações no futuro.
Júnior observou o carro da moça
manobrar e sair da garagem. Era o fim
de uma história de amor bastante longa.
Ele tinha aquela sensação de que lutou
em vão por algo que agora estava
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abrindo mão completamente, e isso
parecia idiotice.
Entretanto, as duas últimas semanas
foram muito esclarecedoras para eles
sobre o rumo que a relação estava
tomando. Ele sequer transou com a Lily
nos últimos dias porque tinha outra
pessoa na cabeça e não achou justo com
ela. A moça por sua vez estava possessa
porque nunca ele tinha se abstido de uma
boa noite de sexo com ela.
Foram dias de discussões sem fim e
acusações intermináveis. Lily era
temperamental e a coisa toda entortou de
vez.

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O tenente respirou fundo e olhou as
horas. Deveria aguardar uns dias pelo
menos, seria o certo a fazer, mas tinha
tomado uma decisão e não esperaria
nem um minuto a mais para coloca-la em
prática.
Dentro da casa, Savi discou o número
da Mia.
-Hei bonitão...
-Mia, me manda o novo endereço da
Pasha por SMS.
-Hum, não sei se é uma boa idéia Savi.
-Preciso falar com ela.
-Porque não liga?
-Porque é algo que precisa ser dito
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pessoalmente.
-Ai minha nossa senhora dos Tsunamis
amorosos, não quero ter problemas com
a minha amiga.
-Anda logo Mia.
-Ok. Ok...Mas veja bem o que vai dizer
a ela Savi. Se a fizer sofrer novamente,
eu mesmo corto fora do seu corpo o seu
bem mais precioso, que segundo sei, é
um peça anatômica espetacular. Seria
um desperdício.
-Você não tem trava na língua mulher?
Pelo amor de Deus.
Ele ainda ouviu o riso solto dela
enquanto colocava uma camiseta e
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pegava as chaves do carro.
Trinta segundos depois, com o endereço
da Vivi em mãos, o tenente ligou o carro
e seguiu até a casa daquela que estava
tirando seu sono.

Vivi ouviu a campainha e baixou o fogo


da panela. Ela estava com o Jordan
chorando no colo, com a comida sendo
preparada no fogão e alguém esperando
para ser atendido do lado de fora da sua
casa.
-Caramba, quem pode ser a essa hora?
A imagem perfeita do Savi foi um
colírio para os olhos cansados dela. O
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homem tinha um porte de fazer babar.
Estava elegantemente casual e sorriu pra
ela. Caramba, como ele podia ser assim
tão bonito?
-Hei Savi.
O homem pegou Jordan do colo dela e
entrou sem esperar convite.
Milagrosamente o menino parou de
chorar quase que imediatamente e
encostou o rostinho sonolento no peito
do tenente que acariciou a cabeleira
loira com extremo carinho.
-Eu devia te contratar como babá. Não
acredito que ele dormiu...Estava
chorando há horas.

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-Ele sentiu a minha falta.
Ele estava com aquele sorriso
devastador no rosto e ela quase se
derreteu. A moça respirou fundo e tentou
focar na presença dele ali.
-O que você quer? Quem te passou meu
endereço?
-Sou um agente policial, esqueceu?
Posso encontrar uma pessoa quando eu
quero falar com ela.
-Você quer falar comigo?
-Hum...que cheiro é esse? Tem alguma
coisa no fogo?
A moça saiu correndo pra cozinha. Ela
desligou tudo e respirou fundo.
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-Já era o jantar.
-Vamos chamar alguma coisa pra gente
comer.
Pasha olhou desconfiada pra ele. Jantar
a dois? Que merda era essa?
-Olha Savi, não quero mais
complicações na minha vida. A Lily
sabe que está aqui?
-Onde eu coloco o Jordan?
-Segunda porta à direita do corredor.
O rapaz saiu da cozinha em direção ao
quarto do menino. Vivi estava limpando
a sujeira quando ele retornou e a
abraçou pelas costas. A menina deu um
pulo, assustada e se desvencilhou dos
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braços dele.
-Ficou louco?
-Acho que fiquei.
Ele veio caminhando em direção a ela.
Seu olhar intenso prendendo-a em um
encantamento tão profundo que a
impediu de se mexer.
-Fiquei louco quando deixei que você
saísse da minha vida.
As mãos grandes seguraram o rosto dela
e a puxou para si. Os braços musculosos
envolveram a cintura dela e o cheiro
muito másculo da pele dele inebriou os
sentidos já aguçados da moça.
Quando a cabeça do homem baixou para
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beijá-la foi que ela se deu conta de que
estava tudo errado e uma raiva intensa
explodiu dentro do seu peito.
Vivi o empurrou com força e saiu de
perto dele fazendo uma carranca de dar
medo.
-Então é assim? Dá um pé na minha
bunda pra ficar com a namoradinha de
infância e quando acha que quer variar
me procura? Posso ter cometido um erro
ao me envolver com o Peter, que era
casado, mas não vou repetir tamanha
idiotice na minha vida.
Ele estava encantado com ela. Uma
lambretinha de gente, pequena e

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delicada, mas com a língua afiada. Essa
Pasha ele conhecia bem, e Deus do céu,
ele percebeu que a adorava.
-Está rindo do que?
-De você.
-Pois não vejo graça nenhuma Savi. Vai
embora. Se pensou que viria até aqui e
me levaria pra cama apenas porque
enjoou do que tem em casa, se enganou.
Eu sou melhor que isso.
Ela rumou pra sair da cozinha e ele foi
rápido em impedir e a aprisionou entre
seus braços. O homem inspirou o cheiro
dela e traçou a curva do seu pescoço
com o nariz. Pequena, perfeita e dele.
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Por que sim, ela poderia estar magoada
e ressentida pelas idiotices que ele tinha
feito nos últimos meses, mas
sinceramente, ela teria que perdoa-lo
porque não havia uma única chance dele
se manter longe agora que descobriu a
intensidade dos seus sentimentos por
ela.
Vivi se derreteu toda com o carinho dele
e aos poucos foi relaxando. A mão
pequena subiu pelo tórax musculoso e
ela sentiu quando ele prendeu a
respiração com o toque sutil dela.
-Isso é errado Savi...não é desse jeito
que eu quero.

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Ele a beijou suavemente antes de falar.
-Não existe mais eu e a Lily.
Surpresa e desconfiada ela se libertou
gentilmente do abraço dele.
-Como assim?
-Foi o que ouviu. Estou aqui porque
quero um recomeço com você Pasha.
Sem amarras do passado.
-E...assim? De uma hora pra outra?
-Não são imprevisíveis as coisas do
coração?
Ela riu da tentativa dele de ser poético.
-Isso está me parecendo um pouco
estranho.

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Ele a tomou nos braços novamente e
dessa vez ela não resistiu. Savi colocou
parte do cabelo dela atrás da orelha e a
ergueu com facilidade colocando-a
sentada no balcão. O casal se encarou
profundamente e ele a beijou.
Foi um beijo profundo, desejoso e que
dizia tudo que ele não conseguia colocar
em palavras. Os braços dele a trouxe
para perto e ela rodeou as pernas na
cintura dele. Ela deixou sua língua
explorar a boca quente e úmida e a mão
grande dele a segurou pelo pescoço
acariciando sua nuca e aprofundando
ainda mais o contato.
A explosão química foi inevitável, era
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algo que nenhum dos dois sabia como
controlar. Ele a sustentou no colo, saiu
da cozinha e caminhou pelo corredor até
o quarto dela.
Vivi sentiu o peso delicioso daquele
homem grande e forte sobre ela e pensou
que estava sonhando. As mãos dele veio
caminhando pelo corpo pequeno e levou
a blusa dela que deslizou com facilidade
para fora expondo os seios fartos,
redondos e de pele leitosa.
A boca dele imediatamente saboreou o
mamilo rosado enquanto a mão
trabalhava para livrá-la da calça ao
mesmo tempo em que ele tirava suas
próprias roupas.
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-Eu adoro seus seios. Adoro tudo em
você.
-Você disse uma vez que eu era muito
pequena.
-Pequena... perfeita...pra mim.
A voz rouca e entrecortada a excitou
ainda mais e em minutos estavam nus e
brincando com suas partes sensíveis um
do outro. Sentir o membro muito duro e
disposto entre suas coxas fez com que
Vivi tentasse coloca-lo para dentro do
seu corpo com certa urgência, mas Savi
não deixou.
Ele queria saboreá-la sem pressa.
Queria deixa-la enlouquecida por ele. A
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boca dele chupava e sugava os seios, o
pescoço, os lábios. Os dedos
massageavam o sexo dela sem se
introduzir completamente, apenas para
umedecê-la e deixa-la em chamas.
Os gemidos dela eram devastadores
para os sentidos muito aguçados dele.
Vivi sentiu-se desfalecer quando a boca
atrevida foi descendo lentamente,
passando por sua barriga, sua pélvis até
chegar ao seu ponto mais sensível. Ele
sugou seu clitóris com força e
sensualidade enquanto a estimulava com
os dedos que iam e vinham
profundamente em seu sexo pulsante e
desesperado.
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Vivi ouviu sua própria voz estrangulada
gritar em sua inconsciência enquanto seu
corpo todo endurecia em um orgasmo
fenomenal. Respirar era um luxo naquele
momento.
Savi subiu sobre o corpo dela e sorriu
satisfeito ao observá-la retomar a
consciência preguiçosamente. Ele se
deitou de costas e a trouxe consigo
colocando-a em cima dele. Vivi se
remexeu sensualmente e enquanto ele
arqueava o quadril para se posicionar,
ela foi abaixando sobre ele. Seu corpo
engoliu o membro rígido e quente e a
menina fechou os olhos para senti-lo em
sua totalidade.
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O homem grunhiu em satisfação ao sentir
a umidade muito quente e aconchegante
do corpo dela. Com as mãos na cintura
fina, ele foi guiando-a para lhe dar o
prazer que estava louco para alcançar.
Savi precisou se concentrar em não
deixar se derramar tão facilmente
porque queria prolongar aquele contato
delicioso o quanto pudesse.
Da posição que estava, ele observava o
balanço sexual daquela mulher tão linda
e sensual em cima dele. Há dias estava
sonhando com ela e fantasiando em
toma-la dessa maneira apenas para
poder enxergar toda ela em movimento.
Era excitante de todas as maneiras. Ele
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subiu as mãos e acariciou os seios
apertando-os com desejo de consumi-
los. Vivi gemeu alto e segurou as mãos
dele ali enquanto continuava a devorar
em ritmo alucinado o pau delicioso que
ele tinha.
Ela rebolou em cima dele e o homem
sentiu seu corpo estremecer
violentamente quando a bunda dela se
esfregou nele sem parar. O jorro dentro
dela foi intenso e ele afundou a cabeça
no travesseiro com os olhos fechados, a
boca entreaberta enquanto gemia muito
ruidosamente e movimentava seu quadril
para cima pra absorver mais e mais do
calor vicioso do corpo da Pasha.
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A menina caiu em cima dele e os braços
musculosos a envolveu carinhosamente
de imediato. Vivi sorriu emocionada e
quando ela pensou que nada mais
poderia surpreendê-la depois de uma
transa tão louca e intensa, ela ouviu o
sussurrar rouco da voz dele.
-Estou apaixonado por você.
Vivi ficou imóvel e um pouco tensa. As
coisas tinham virado de ponta cabeça.
Em um momento ela estava sozinha. No
outro o homem por quem era apaixonada
há meses batia à porta da sua casa
dizendo que tinha terminado com a
namorada de infância. Não bastasse
isso, depois de um sexo incrível, ele
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abriu seu coração e se declarou pra ela.
Deus, podia acreditar nisso?
Ele puxou o rosto delicado para poder
enxerga-la.
-Ficou tensa...
-É tudo muito inesperado.
-Eu sei, mas é a verdade Pasha. Não sei
te dizer como ou quando esse sentimento
despertou em mim, mas se tornou
incontrolável e eu já não podia seguir
mentindo para mim mesmo ou pra Lily.
Vivi acariciou o rosto bonito e muito
másculo.
-É um sonho?
-É a nossa realidade agora.
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A moça sorriu travessa.
-Não sabe a minha resposta ainda.
-Nem pense em me dizer não, porque eu
vou ficar com você e ponto final.
-É muito confiante no seu taco.
-Nunca me decepcionei com ele.
Ele empurrou seu quadril pra que ela
sentisse a excitação já crescente dele e
ela riu alto.
-Sabe que não estou me referindo a ele.
-Está insegura e eu posso compreender.
Mas logo vai se acostumar com seu
novo status.
-Status?

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-De mulher comprometida.
Ela sorriu encantada e brincou com os
dedos dele e se aconchegou ainda mais
ao corpo viril e todo duro que ele tinha.
Um corpo que agora podia chamar de
seu. Caramba, será que não devia pelo
menos hesitar um pouco?
Savi pareceu adivinhar os pensamentos
dela porque comentou em seguida.
-Não precisamos provar nada a ninguém
Pasha. É tudo muito simples. Você era
doida por mim, eu era doido pela Lily
que era doida pela liberdade dela. Então
a Lily ficou maluca pra me ter, mas eu
descobri que estava apaixonado por

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você que por sua vez, continua louca por
mim. O que eu posso dizer disso tudo? A
vida é um bumerangue.
Vivi arqueou as sobrancelhas um pouco
divertida.
-Eu continuo louca por você?
-Muito.
-Você é um convencido Savi.
-E você é minha loucura mais
deliciosa...-Ele a beijou e falou
novamente - ...minha lambretinha de
gente...
As mãos dele agarraram a bunda
desnuda dela e a virou prendendo-a com
o corpo enquanto explorava a cavidade
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perfumada do pescoço dela. Eles
fizeram amor novamente com a mesma
intensidade de antes, com a mesma
paixão e vontade de quem nunca se
satisfazia plenamente.
Eles adormeceram horas depois
agarrados um ao outro. No meio da noite
o Jordan chorou e Vivi já estava se
levantando quando sentiu a mão do
tenente a deter.
-Eu vou. Está cansada, volte a dormir.
Ela não discutiu. A intensa noite de sexo
a tinha deixado com o corpo esgotado.
Savi entrou meio sonolento no quarto do
menino e o pegou no colo.

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-Hei você. Está com fome?
O menino choramingou um pouco mais e
o rapaz foi até a cozinha e preparou uma
mamadeira um pouco desajeitadamente.
Ele se sentou no sofá enquanto o menino
mamava e um pouco depois os dois
adormeceram.

Vivi se levantou assustada.


-Deus, que horas são?
Ela se sentou na beirada da cama
tentando se situar e se lembrou da sua
noite de amor maravilhosa. Ela olhou
para o relógio e se certificou de que
tinha algum tempo antes de ir trabalhar.
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A moça observou a cama vazia, vestiu
um roupão e seguiu para o quarto do
filho encontrando-o vazio.
Intrigada Vivi se apressou pelo corredor
e estacou diante da cena. A moça não
pôde evitar um sorriso. Era bonito de
ver. Jordan estava com o rostinho
enterrado no pescoço do Savi que o
abraçava tão carinhosamente com ambos
os braços prendendo-o em um círculo
aconchegante e seguro.
Eles estavam dormindo profundamente e
Pasha sentiu seus olhos ficarem úmidos.
Era bom demais pra ser verdade. Ela se
aproximou e beijou os dois homens da
sua vida. Jordan se remexeu
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incomodado e o tenente abriu os olhos
sonolentos.
-Bom dia.
-Vou trocar o Jordan enquanto você se
arruma.
Ele apertou o garotinho entre os braços.
-Não. Faça o café. Estou faminto. Você
acabou com todas as minhas energias
ontem à noite.
Ela riu alto.
-Tudo bem então. Não demore porque
senão vamos nos atrasar.
Ela se levantou e ele fez o mesmo
tomando cuidado para não acordar o
bebê. A porta que coligava a casa da
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investigadora com a sede do
departamento em que ela trabalhava se
abriu e ambos olharam assustados para
o local.
Vivi murmurou um palavrão e Savi se
aproximou dela ainda não entendendo
bem o que estava acontecendo, mas
então a imagem de Peter Sparks surgiu e
a tensão recaiu sobre o local.

O major estacou ante a imagem do


tenente só de calça de pijama, com o
rosto amarrotado, os cabelos
desordenados enquanto segurava
firmemente o Jordan dormindo e

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encostado no peito desnudo. Vivi estava
de roupão e reforçou nervosamente o
cordão que o segurava fechado.
Peter ficou lívido de raiva e deu dois
passos pra dentro da casa.
-Que porra está fazendo aqui?
-Eu pergunto o mesmo major e digo
mais, que merda pensa que está fazendo
entrando na casa da minha mulher desse
jeito sorrateiro?
Peter olhou para Vivi que engoliu em
seco. Que droga de situação, tinha se
esquecido que ele tinha acesso livre a
sua casa.
-Uma merda que ela é sua mulher.
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Viviane?
O homem olhou pra ela exigindo uma
explicação. Ela continuou calada.
Ele se adiantou e inesperadamente tirou
Jordan das mãos do tenente. O menino
acordou assustado com o movimento
brusco e começou a chorar.
-Não ponha as mãos no meu filho
novamente.
O tenente foi tão rápido em pegar o
menino de volta que Peter não conseguiu
sequer reagir.
-Nunca foi pai do Jordan. Nunca foi
homem pra assumi-lo. Ele é meu e da
Pasha. Agora saia daqui.
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Eles foram na direção um do outro e
Vivi se colocou entre eles temendo pela
segurança do filho.
-Parem vocês dois.
Ela tirou Jordan das braços do tenente e
olhou feio para ambos que se encaravam
mortalmente.
-O Jordan não é uma disputa de
território e eu espero que vocês
compreendam isso.
Nenhum dos dois recuou e ela olhou de
um para o outro. Tentou o que achou que
seria o mais sensato.
-Savi?
-Ou ele sai ou eu o coloco pra fora.
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-Peter?
-Eu te coloquei aqui, eu sou o pai do
Jordan.
Jordan esgoelou e estava vermelho de
chorar.
-Não percebem que estão assustando o
menino?
Savi olhou preocupado para o garotinho
e recuou. Peter fez o mesmo e ela deu
um recado aos dois.
-Vou cuidar do meu filho. Querem por
favor conversarem como homens
civilizados?
A moça saiu e Peter arrogantemente
falou.
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-Não demore. Precisamos conversar.
O tenente bufou raivosamente.
-Não dê ordens à ela Sparks.
-Fique fora das nossas vidas. Eu e ela
temos uma história, um filho e estamos
caminhando para nos acertar.
-É cego ou está fingindo que não
percebeu que eu passei a noite aqui?
Peter o olhou com desdém.
-Uma noite e pensa que a tem pra você?
É assim tão inocente? Acha que estou
fora dessa disputa assim tão facilmente?
-Não penso, ela é minha e não vou entrar
em porra de disputa nenhuma porque eu
sei com quem ela dormiu a noite
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passada e pra quem ela fez juras de
amor.
Os olhos do major se estreitaram
ameaçadoramente.
-Está invadindo um campo minado
tenente. Vai se machucar.
-É uma ameaça?
-Pode estar certo que é.
-Está ameaçando o homem errado major.
Agora ouça com atenção. Não use mais
a conexão dessa casa para entrar sem
ser chamado. A Pasha está
comprometida comigo agora e eu não te
quero aqui.
-Essa casa é minha e eu entro e saio dela
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a hora que eu quiser. A propósito, não vi
nenhuma aliança na mão dela e mesmo
se houvesse uma, isso não me
intimidaria. Agora, quanto ao meu filho,
tenho apenas uma coisa a te dizer, fica
longe.
-Você é o pai biológico e tem todos os
direitos assegurados por lei, major. Faça
um reconhecimento de paternidade e
serei obrigado a aceitar que ele passe os
fins de semana com você. Sem isso não
há acordo.
Os homens se fuzilaram com os olhos.
Peter sabia que o tenente estava ciente
do problema gigante que sua mulher
representava nesse assunto sobre
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Viviane Pasha e que assumir um filho
bastardo não era uma opção no
momento.
-Isso é entre eu e a mãe dele. E ao
menos que se case com ela, não tem que
dar palpite sobre o assunto.
Vivi entrou de volta já vestida. Peter
lançou a ela um olhar mortal que a
intimidou um pouco.
-Venha, precisamos conversar.
Ela concordou silenciosamente e Savi
quase enfartou com tamanha
complacência por parte dela.
-Não tem que dar satisfações pra ele,
Pasha.
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A moça se virou e sorriu para ele.
-Eu sei, mas eu e ele temos alguns
pontos pra acertar.
-Que pontos?
Peter colocou a mão no braço dela e a
puxou para a cozinha, mas antes
respondeu ríspido.
-Não é da sua conta.
Vivi se soltou e caminhou rumo à
cozinha.
Peter cruzou os braços e foi direto ao
assunto.
-O que pensa que está fazendo mocinha?
-Eu e o Savi nos acertamos Peter.

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Simples assim.
-Pensei que houvesse dito que queria
uma vida descomplicada.
-O que você quer comigo?
-Não pense que vou me afastar do
Jordan. Sabe que tenho minhas
limitações em relação a ele, mas não
vou me ausentar da vida do meu filho.
-Podemos tratar disso de maneira
civilizada Peter. É claro que poderá
continuar a ver o Jordan, mas tem que
entender que em determinado momento
vai ter que se posicionar sobre isso.
Espero que encontre uma maneira de
resolver esse assunto muito em breve.
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-Já estou caminhando para resolver os
problemas que me impede de assumir o
menino. Agora, mantenha a porra do seu
amante no lugar dele e isso implica ficar
longe da minha criança.
-Savi não é meu amante, ele é meu
namorado.
-Desde quando?
-Desde ontem, como eu disse, a gente se
acertou. O Jordan é meu filho e se o
Savi vai estar na minha vida, é claro que
ele estará na vida do Jordan também. É
inevitável.
-Então faça-o saber que ele vai ter que
me engolir.
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O tenente entrou na cozinha, vestido e
bem alinhado. Abraçou Vivi pela cintura
e olhou para o major em desafio. A
investigadora virou os olhos
inconformada com o confronto quase
infantil daqueles dois homens barbados.
Peter ainda encarou o agente antes de
sair. Em sua mente um alerta piscava
insistentemente lhe dizendo que agora
teria que se livrar de duas pessoas e não
apenas de uma, que o impedia de estar
com quem ele queria.
O major mal tinha saído do lugar e o
tenente se serviu de café. Se virou para
a namorada.

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-Sobre o que falaram?
-Sobre o Jordan.
-Ele vai usar o menino pra ficar
entrando e saindo daqui. Não quero isso
Pasha.
Júnior não sabia de onde vinha todo
aquele ciúmes, mas de repente não
podia pensar que o maldito Peter já
tinha colocado, a mão, a boca e
bem...tudo o mais em sua namorada. A
idéia o corroía e o irritava ao mesmo
tempo. Então agora seria um homem das
cavernas? Da noite para o dia tinha se
tornado arrogante, ciumento e
possessivo?

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Ele olhou pra ela e admitiu que sim,
inexplicavelmente se sentia um
troglodita que queria prendê-la num
potinho só pra ele. E que se danasse o
fato dessa atitude ser ridícula.
-Precisaremos ser um pouco tolerante
com ele Savi. É o pai do Jordan e eu não
posso ignorar isso.
-Uma ova que não pode. Ele sequer
assumiu o menino. Eu e você vamos
criar o Jordan e não o quero se
intrometendo.
Vivi ficou paralisada com o que ele
tinha acabado de dizer. O rapaz fitou o
rosto incrédulo dela.

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-O que foi?
-É muito cedo pra você pensar em
assumir uma responsabilidade que não é
sua.
Ele veio até ela e a puxou para si.
-Eu estou sério sobre nós. Estamos
juntos e Jordan é parte de você, então
agora ele é parte de mim também.
Vivi sentiu que precisava se acostumar
com tudo aquilo e ver se a coisa
realmente seguia por esse caminho. Seu
coração estava martelando furiosamente
em seu peito movido pela emoção das
palavras dele. Tinha muito medo de se
decepcionar, então antes de apostar
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todas as fichas, ela seria cautelosa.

Mia deu um grito estridente no telefone e


Vivi riu do exagero da amiga.
-Juntos? Juntos mesmo? Ai meu Jesus
Cristinho dos assuntos mal acabados.
Tudo se resolveu?
Vivi explicou em detalhes toda a história
pra sua melhor amiga e não se continha
de felicidade. Savi ligou três vezes pra
ela durante o dia e não bastasse isso,
assim que voltou do almoço um buquê
de rosas vermelhas estava em sua mesa
com um bilhete.
“Obrigado por fazer com que minha
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noite fosse perfeita.”
Ela fechou os olhos e beijou o cartão.
Seus colegas não esconderam a
curiosidade e fizeram piada com a
felicidade dela. Vivi nem ligou. Eles
estavam certos, ela estava nas nuvens.
Naquele mês Savi foi quase todos os
dias na casa dela. Eles jantaram juntos,
assistiram DVD agarrados no sofá,
conversaram sobre seus trabalhos e
transaram muito. Era só o tempo do
Jordan dormir e então os hormônios
explodiam e eles se pegavam em
qualquer lugar da casa. Já tinham
transado de todas as formas e em todos
os cômodos e ainda queriam mais. Não
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conseguiam manter as mãos longe um do
outro.

Os pais dele mal podiam disfarçar a


satisfação de ver o filho finalmente
tomar uma decisão que lhe trazia
felicidade. Sua mãe disse que seu
semblante estava mais leve, mais
relaxado e com certeza mais satisfeito.
Ele riu do exagero dela, mas o fato era
que família era importante e querendo
ou não o fato deles não aprovarem Lily
sempre tinha sido um peso.
Com a Vivi era diferente. No primeiro
final de semana que a levou para

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almoçar com os pais foi uma festa.
Todos, sem exceção, gostavam dela e
também de Jordan.
Sua irmã já considerava Vivi “melhor
amiga pra sempre” e a afinidade da
namorada com eles era algo que trazia
alívio ao tenente.
Os pais da moça também receberam a
novidade com alegria. Ficaram
contentes em saber que a filha não
estaria mais sozinha com o Jordan.
Enfim, as coisas caminhavam muito bem
e no final de um mês de convivência
Savi tinha a sensação de que ela tinha
sido feita sob medida pra ele.

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Peter tinha aparecido para ver o Jordan
algumas vezes, mas não perdeu muito
tempo com o menino. Savi sabia que o
intuito dele era apenas se manter
presente na vida da ex-namorada e para
isso ele tinha que ter uma desculpa
plausível.
O tenente evitou interferir e se manteve
na cozinha enquanto ele brincava
desajeitadamente com o super trem do
menino. Savi tinha ódio do brinquedo
porque Jordan inocentemente ria feliz e
ficava eufórico enquanto o major comia
a namorada dele com os olhos e
inventava mil assuntos fúteis para
mantê-la por perto.
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Além disso ele ficava enciumado do
bebê, sim ele ficava e ponto final.
Durante a semana, o garoto que já dava
os primeiros passos e começava a falar
as primeiras palavras, ficava agarrado a
ele. Assim que abria a porta já ouvia os
gritos de felicidade e não demorava pra
ele erguer os bracinhos pedindo colo.
A noite o menino tinha desenvolvido o
hábito de dormir encostado ao peito
dele enquanto recebia carinho na
cabeleira loira perto da nuca e mamava
sua última mamadeira de leite.
Então, não era fácil ver o Peter tirar o
mesmo sorriso feliz e saber que dava
uma merda pra isso. E Deus me livre se
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ele ouvisse o garoto chama-lo de papai.
Não isso ele não ia permitir. Das poucas
palavras que Jordan falava, água, leite e
mamãe eram as mais audíveis, mas ele
tinha intenção que quando ele
pronunciasse “papai” fosse para os
ouvidos dele e não daquele major
maldito.

Em uma das visitas, sexta-feira no final


da tarde, Jordan estava entediado.
Assim que o major o pegou no colo e
deu um beijo no rosto dele, o menino
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resmungou choroso.
O homem ainda insistiu, mas quando
Savi veio da cozinha para ver o que
estava acontecendo, o menino esticou os
bracinhos pra ele, pedindo colo.
O rapaz se aproximou e estendeu os
braços para pegar o menino. Peter
recuou bravo e Savi se irritou.
-Ele quer vir comigo.
-Ele está bem aqui.
-Não parece.
-Isso porque você não entende nada de
crianças. Ele só está um pouco manhoso,
o que não quer dizer em nada que não
quer ficar comigo.
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Os olhares de ambos eram desafiadores
e Junior pensou que aquilo não ia dar
certo.Vivi teria que se posicionar sobre
isso de uma vez por todas. Jordan estava
esgoelando no colo do major e o tenente
se sentiu muito irritado de ver o menino
chorando porque queria estar com ele e
isso sendo vetado por puro capricho e
orgulho ferido.
Vivi apareceu e foi logo pegando o filho
que estendeu novamente os bracinhos
para o Savi. O coração do homem se
quebrou. Aquela carinha chorosa o
encarava quase que implorando pelo
colo dele.
O tenente soltou um palavrão e tirou o
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menino do colo da mãe abraçando-o
carinhoso. Antes que Peter reagisse ele
falou.
-Se quiser continuar vendo o Jordan vai
ter que respeitar o humor e a disposição
dele para estar com você. Do contrário,
eu juro Sparks que vamos ter sérios
problemas.
O telefone do major tocou, ele checou o
visor e desligou franzindo a testa.
-Estou em desvantagem. É claro que ele
vai estar mais acostumado a você, já que
parece que não tem casa e não sai daqui.
-Conforme já foi dito antes, a lei está a
seu favor. Se não quer usufruir dos seus
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direitos, terá que seguir minhas regras
aqui. Hoje o Jordan não está no humor
pra ficar com você, então eu sugiro que
vá embora.
Curiosamente o homem não discutiu.
Apenas deixou a casa sem hesitar. Vivi
olhou para o namorado que segurava
Jordan possessivamente enquanto o
balançava para que ele parasse de
chorar. O menino se pendurou no
pescoço dele e deitou a cabecinha no
ombro enquanto soluçava silencioso.
Eles se fitaram e ela decidiu não dizer
nada. A menina já havia percebido que
seu namorado estava bastante enciumado
do seu filho e sinceramente ela estava
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muito feliz com isso. Peter nunca
assumiria o menino e a ligação que o
pequeno estava desenvolvendo com
Savi era gostosa de presenciar. Jordan
estava muito apegado ao tenente e o fato
do rapaz estar tão afetivamente ligado
ao garoto enchia o coração dela de
carinho. Seu filho precisaria de uma
figura masculina que lhe servisse de
exemplo e não havia pessoa que pudesse
ser melhor pra ele do que seu namorado
lindo.
Ela começou a caminhar rumo à cozinha,
mas parou quando ouviu o que ele falou
baixinho quando o menino resmungou
choroso.
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-Tá tudo bem, ele já foi embora. Papai
vai fazer uma mamadeira pra você. Que
tal? Vai se sentir melhor?
Vivi se virou rapidamente e seu coração
disparou. Era um passo muito grande o
que ele estava dando.
-Savi...
-Eu quero que ele se acostume a me
chamar de pai.
-Mas e...e se...a gente...estamos juntos
há pouco mais de um mês...
Ele se aproximou dela e acariciou o
rosto aflito.
-Quero cuidar dele, de você...eu sei que
parece cedo demais...
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-Acho que devíamos esperar nossa
relação amadurecer...
Savi deu um beijo nela.
-Tem alguma dúvida do que sente por
mim?
-Não é isso...mas...
-Porque eu tenho certeza do que eu sinto
por você e também pelo Jordan.
-Nossa Savi...
-Tudo bem, eu posso te dar o tempo que
quiser para ter certeza de que tudo que
estou te dizendo não vai passar, mas
enquanto isso...posso ensina-lo a me
chamar de pai, não posso?
-Tem certeza que está pronto pra isso?
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Ele beijou a cabecinha loira do menino
que estava brincando com o botão da
sua camisa.
-Tenho.
Vivi se atirou nos braços dele e o
apertou forte. Beijou o peito dele e
tocou o rosto bonito que parecia tão
certo do que estava dizendo.
-Obrigado.
-Não tem que me agradecer, não estou te
fazendo nenhum favor Pasha. Amo você
e amo o Jordan também.
Ela arregalou os olhos e estava muito
surpresa. Ele acabou rindo da reação
dela. Savi pôs Jordan no chão e antes
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que ele chorasse tirou seu celular do
bolso e colocou na mão do menino que
imediatamente começou a fuçar curioso.
O tenente abraçou a namorada e a beijou
novamente, depois sussurrou um pouco
divertido.
-Acho que agora é um bom momento pra
você dizer que me ama também.
A moça ficou na ponta dos pés e puxou o
rosto dele pra baixo para beija-lo.
-Eu te amo.
Eles se beijaram e Jordan riu batendo
palminhas, eufórico. O casal também
sorriu, se abaixaram e beijaram a
bochecha do menino ao mesmo tempo.
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__________ __________
Peter puxou a fumaça do cigarro
profundamente enquanto olhava para o
nada através da janela do seu quarto.
Estava quase tudo pronto para a
execução do seu plano, mas agora havia
algo que ele devia considerar. Ainda
que sua mulher fosse estar fora do
caminho dele em alguns dias, o tenente
era um obstáculo que ele não esperava.
Havia se passado dois meses desde que
o bastardo praticamente o chutou pra
fora da casa da Vivi. Ele não tinha
voltado mais, nem mesmo pra ver o
filho. Desaparecer foi uma tática para
descansar sua imagem junto a moça que
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estava claramente sempre ao lado do
imbecil do namorado.
Ser insistente e pegajoso não era o
melhor método. Colocou um
investigador particular para averiguar o
dia-a-dia do casal e os resultados não
lhe agradaram em nada.
Savi e Vivi estavam inseparáveis.
Passavam noventa e nove porcento do
tempo livre deles grudados um no outro
e o pequeno Jordan vivia pra cima e pra
baixo com o tenente. Eram quase uma
família.
O major se remexeu incomodado. Tudo
que Viviane queria era uma família. A

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moça era romântica, sonhadora e
encontrou no tenente o porto-seguro que
ele mesmo nunca pode oferecer a ela.
Pareciam fodidamente felizes e isso era
péssimo.
Infelizmente ele teria que eliminar o
tenente da vida da moça para sempre.
Ele estava voltando para seu posto no
BSS e deixando a PF em definitivo. Seu
trabalho nas investigações especiais
tinha sido impecáveis e por um momento
Peter pensou em fazer uma proposta de
trabalho fixo pra ele, mas agora que Vivi
estava trabalhando em assuntos secretos
com o pessoal da base, o tenente tinha
optado por voltar ao seu posto original,
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é claro que a intenção era estar ligado
profissionalmente à namorada.
-Está malditamente apaixonado por ela,
o bastardo... – Peter pensou alto.
Entretanto, eliminar duas pessoas
ligadas à ele de uma só vez era se expor
demais. Os anos dentro do departamento
de segurança o tinha lapidado para
evitar os excessos. Primeiro a mulher,
depois o tenente.
Seu celular tocou e ele atendeu
friamente.
-Sparks falando.
__________ __________
A mulher de Peter estava fingindo que
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lia um livro sobre viagens, mas de fato
ela estava observando o olhar perdido e
distraído do marido do outro lado do
quarto. Há semanas ele estava irritadiço
e distante e um sexto sentido estava
alertando-a de que havia algo por trás
desse comportamento.
Ela respirou fundo porque reconhecia os
sinais. Já o tinha visto em anos
anteriores. Aquela expressão insatisfeita
era típica de quando ele tinha outra
pessoa na cabeça. Mais especificamente
outra mulher. Um arrepio subiu por sua
coluna e o coração disparou.
Desde a estagiária chamada Viviane, ele
não tinha estado com outra pessoa. Ela
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sabia que não porque o conhecia como a
palma da sua mão e também porque
fazia uso dos seus contatos. Nos últimos
meses ele dispensou todo o seu tempo na
sede dos serviços sigilosos da PF e não
tinha se desviado do seu caminho nem
na ida e nem na volta. Seu espião tinha
lhe garantido.
Não que ela o vigiasse vinte e quatro
horas por dia, mas quando ele ficava
assim estranho, ela ficava mais tranquila
em averiguar. Foi dessa forma que
descobriu sobre a loira sósia da Avril
Lavigne.
Peter teve muitas amantes ao longo do
casamento deles. Ela fez vista grossa
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para a maioria porque sabia que não
passariam de peças bonitas e
descartáveis no prazo máximo de
algumas semanas. Mas a tal da Viviane
Pasha tinha se instalado bem no meio do
coração do seu marido e isso ela não
tolerou.
Acostumada com as escapadas dele, ela
sempre foi compreensiva porque não
gostava muito de sexo e sabia que o
homem era um furacão. Sua motivação
era ser a esposa perfeita, a mãe
dedicada, mas a vida conjugal entre
quatro paredes não era seu ponto forte e
por causa disso tolerava as amantes.
Mas Viviane ficou a poucos passos de
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levar Peter à loucura. Por muito pouco
ele não abandonou sua família por ela e
então para proteger seus filhos de um
escândalo, seu patrimônio familiar e até
a imagem dele que estava pensando com
o pau e não com o cérebro, ela interveio
na situação.
A mulher se lembrava te der ficado
muito surpresa na época com a
resistência dele em terminar com a
estagiária e a partir disso se sucedeu
praticamente uma guerra entre eles. Suas
providências foram severas e por fim a
relação se rompeu.
Peter havia mandado a menina de volta à
sua cidade natal e manteve-se afastado
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dela. Ela se certificou de apurar os fatos
e durante um tempo manteve um olho
oculto sobre ele. Não tinha encontrado
nada, até algumas semanas atrás quando
o comportamento dele havia mudado
drasticamente.
Por mais frio e indiferente que fossem as
atitudes dele, em especial com ela, a
mulher era detalhista e perceptiva e
captava os menores detalhes, as
diferenças mais sutis.
Ela respirou fundo e fechou os olhos
cansada. Outra amante. Só esperava que
dessa vez ele pudesse ser mais discreto
e que o interesse dele se findasse
depressa. Já estava se cansando desses
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casos extraconjugais.
Peter entrou para o quarto e fechou a
janela da varanda. Ela o observou com
cautela disfarçada. Seu marido era um
homem muito bonito, másculo e com
uma posição social que atraia as
mulheres como abelhas pra o mel. Era
cansativo estar casada com ele, mas
jamais o deixaria livre. Todos aqueles
anos de dedicação e tolerância não
seriam jogados pela janela por causa de
peitos, bundas e trepadas casuais.
__________ __________

O sol da manhã adentrou pelas frestas da


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janela do quarto e a luz acordou Vivi
antes do horário que ela desejava
acordar. A moça resmungou sonolenta e
se virou para fugir da claridade.
O rosto do Savi estava bem próximo do
dela e ele ressonava em um sono
profundo. Ela se colocou sobre o
cotovelo para admirá-lo. Era um tipo de
homem muito lindo, viril e que exalava
masculinidade.
Ele era todo grande, largo e alto. Vivi
suspirou apaixonada e passou os olhos
pelo rosto bem feito, a boca sensual, o
queixo quadrado.
Ela tocou o peito musculoso e de pele

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incrivelmente macia. O homem se
remexeu dormindo e mudou de posição
ficando de barriga pra cima. Vivi
escorregou sua mão pelo abdômen
perfeito levando o lençol para baixo e
tocou seu membro adormecido.
O pau do homem inchou imediatamente
sob seu toque e ele gemeu ainda sem
acordar.
Vivi sorriu e já se sentia muito desejosa
dele. A menina beijou a barriga e se
colocou sobre as pernas dele beijando
toda a extensão do seu sexo até engoli-lo
devagar e profundamente.
O gemido alto e sonolento dele foi um

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incentivo e a menina intensificou sua
chupada usando a língua para provoca-
lo enquanto sentia que a mão dele
entrava por seus cabelos e a empurrava
para baixo para que ela não parasse.
-Mais...
A voz dele estava enrouquecida pelo
desejo e sua respiração estava alterada.
Vivi se sentia poderosa por poder
excitar um homem como o Savi. Vê-lo
tão enlouquecido de tesão, de desejo por
ela a envaidecia demais. Seu estilo
mignon a fazia parecer quase uma
adolescente anulando completamente a
possibilidade de ser uma femme fatale
poderosa e absoluta.
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Nunca tinha tido namorados que se
parecessem com deuses gregos como o
Savi. Mesmo o Peter, que era todo
estiloso e bem aparentado, não tinha a
aparência de galã de livros de banca
como seu namorado.
Ela acelerou os movimentos, motivada
pelo quadril dele que se erguia
ritmamente preenchendo toda a boca
dela. Os sons alucinados que vinham
dele eram afrodisíacos pra ela.
-Deus do céu...Vivi...
Ele soltou os cabelos dela e suas mãos
caíram sobre o lençol agarrando ambos
os lados com força enquanto seu corpo

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todo tensionava em um orgasmo
incrível.
Vivi lambeu os lábios enquanto subia
devagar e ia roçando seu corpo ao dele
maliciosamente. O homem ainda tinha os
olhos fechados e a boca entreaberta que
tentava respirar.
Ela depositou um beijo leve nos lábios
dele e o viu abrir os olhos encarando-a
intensamente. A voz dele estava ainda
estava entrecortada quando ele
murmurou.
-Melhor bom dia de todos os tempos.
A menina sorriu feliz e ele a puxou para
um beijo apaixonado. Vivi sentiu a
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língua quente e os lábios macios que
exploravam a boca dela sem pressa. As
mãos dele subiram pelas costas e
desceram bem devagar tocando-a apenas
com as pontas dos dedos.
Um arrepio de prazer desceu por todo o
corpo dela e então ele a ergueu com
habilidade e entrou nela com uma única
estocada.
Os seios dela estavam entumecidos e
pesados. Ele começou a se movimentar
muito lentamente mantendo-a deitada
sobre ele para sentir os bicos
enrijecidos se esfregar em seu peito.
Eles gemeram juntos e Vivi tentou
acelerar o processo porque já sentia que
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ia explodir de tesão, mas Savi a deteve
prendendo-a pela cintura.
-Por favor...
Ele sorriu para a ansiedade dela, mas
não atendeu ao pedido manhoso. Ele
rebolou o quadril para friccionar o
clitóris dela e Vivi pensou que fosse
gozar naquele momento, mas então ele
novamente a segurou bem parada.
-Savi...
O homem ergueu o corpo dela apenas o
suficiente para chupar os seios. Ele deu
total atenção a um mamilo e depois ao
outro. E enquanto brincava com os bicos
pontudos e arrepiados, seu pau desceu e
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subiu dentro dela bem devagar.
Uma e outra vez ele girava seu quadril
lentamente e ela já começava a sentir o
desespero do seu corpo que implorava
para ser saciado. Ela empinou a bunda
para absorver mais do membro enorme e
muito grosso que a preenchia totalmente
agora.
-Savi, por favor.
-Pede de novo...
-Por favor...
-Adoro sua voz manhosa...me excita...me
deixa louco.
Ele se virou de uma vez colocando-a
embaixo dele e então ele deu o que ela
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estava implorando para ter. Savi
adorava sentir a temperatura muito
quente do corpo dela quando ela estava
tão entregue assim. Ele sentiu o corpo
dela estremecer e a umidade que
escorria pelo seu pau que ia e vinha
estocando dentro dela freneticamente era
o primeiro sinal de que ele estava
levando-a aos céus.
As mãos delicadas apertaram seus
braços e ela jogou a cabeça pra trás
enquanto seus olhos ficavam
desfocados. Deus, era muito gostoso
leva-la ao ápice do prazer dessa
maneira. Ele ficava se sentindo a porra
do super-man.
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Savi ainda beijou os seios excitados
antes de enterrar seu rosto no pescoço
sensível para se entregar ao seu próprio
prazer sentindo o cheiro dela como
gostava de fazer. Novamente ele gozou e
deixou seu corpo relaxar em cima do
dela alguns segundos antes de liberta-la
do seu peso.

Vivi se aconchegou a ele que estreitou


seu abraço trazendo-a para ficar mais
perto.
-Quero acordar todos os dias assim.
Ela riu alto. É claro que ele queria, qual
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homem em sã consciência recusaria uma
boa chupada?
Savi ergueu o rosto dela com o dedo
para poder olhá-la.
-Quero que venha morar comigo.
Ela fez menção de falar, mas ele a
impediu.
-Não faz sentido você morar aqui e eu
do outro lado da cidade. Eu mal volto
pra minha casa agora.
Vivi sorriu encantada. Era verdade, ele
saia da base e vinha direto pra casa
dela.
-Você poderia vir morar aqui então.
-Não. Essa casa é do major e eu não vou
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morar no que é dele, e nem você
tampouco. Você queria que nossa
relação amadurecesse antes de darmos
qualquer passo mais sério. Pronto, ela já
tá madura o suficiente. Quero você e o
Jordan comigo de uma vez.
-Savi...
-Sem desculpas Pasha. Já não te dei
prova o suficiente do que eu quero? Do
que eu sinto?
-Sim, claro que sim, mas ainda acho
que...
O tenente se irritou com a indecisão
dela. Caramba, era um bosta mesmo,
nenhuma das duas mulheres por quem já
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esteve apaixonado sentia segurança nele.
Vivi sentiu a tensão dele e tentou se
explicar.
-Não é que eu...
Mas o homem não quis ouvir, ele se
levantou da cama e procurou por suas
calças. Vivi se sentou na cama depressa.
-Savi o que foi?
-Nada. Se não você não quer, então não
quer. Ponto final.
-Você entendeu errado. Não é que eu não
queira.
Ele se vestiu rapidamente e saiu do
quarto sem dar a ela a chance de se
explicar. Vivi se apressou em sair da
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cama e se vestir. O dia tinha começado
tão bem, não ia deixar que seu excesso
de cautela estragasse tudo.
Quando ela chegou à cozinha ele já
estava com as chaves do carro na mão e
pronto pra ir embora. Ela chegou perto,
mas ele recuou.
-Desculpe, não quis te chatear.
Ele permaneceu em silencio.
-Apenas me sinto um pouco indecisa...as
coisas entre nós sempre foi oito ou
oitenta e ainda fico esperando que a
qualquer momento você vai enjoar de
mim como enjoou da Lily.
O tenente bufou incrédulo.
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-Acha que eu enjoei da Lily? É isso que
pensa?
-Não assim...como se enjoa de um
doce...mas, sei lá...talvez...
-Não engasga com as palavras Pasha.
Seja direta...então é essa a idéia que tem
de mim? Um babaca que troca de
parceira quando enjoa da que tem?
-Não disse isso.
-Insinuou.
-Está distorcendo minhas palavras.
-Uma ova que estou.
Eles se encararam e Vivi percebeu que
ele estava muito bravo agora.

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-Minha história com a Lily foi longa e
fodidamente cansativa Pasha. Não
preciso te dar detalhes porque você
conhece uma boa parte do que aconteceu
entre eu e ela. Não enjoei da Lily,
apenas tivemos um desgaste natural de
algo que foi muito tumultuado durante
um período muito extenso.
-Eu sei...
-Conhecer você foi fundamental para eu
repensar sobre a minha vida. Eu fui um
idiota e demorei pra perceber que
estava apaixonado, e por isso eu fiz o
que fiz.
-Precisava ter certeza...eu entendo.

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Ele passou a mão pelo cabelo.
-E agora quem precisa ter certeza é
você.
-Savi eu tenho certeza do que eu sinto...
-Não parece.
Vivi se aproximou e o abraçou forte. Ele
retribuiu, mas ainda assim estava bravo.
-Fica.
-Acho que preciso te dar algum espaço.
-Não...não preciso de espaço nenhum.
Eu adoro que você esteja sempre aqui.
Ela se esticou para beijá-lo, mas ele não
facilitou para que ela alcançasse sua
boca.

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-Não faz assim...me beija.
Savi pensou que estava perdido porque
não conseguia sequer resistir a voz
manhosa dela sem se derreter por dentro
como um “maricas” apaixonado. Mas o
fato era que estava tão na dela que dava
uma merda para o fato de que devia ser
mais firme em algumas situações.
A mão dele a puxou para si e a boca
esfaimada tomou a dela com vontade de
devora-la. Beijaram-se com desespero
quase febril. Ele buscava ofuscar sua
frustação por ela estar indecisa, ela
queria sentir toda a segurança dos
sentimentos dele para acreditar que não
iria mais se decepcionar.
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Quando terminaram ela acariciou o rosto
dele ainda mantendo sua boca tão
próxima da dele que podiam sentir a
respiração um do outro.
-Eu vou...eu vou morar com você.
-Pasha...
Ele a esmagou em um abraço possessivo
e então ela teve certeza de que tinha
tomado a decisão certa.
__________ __________

Júnior pensou e repensou sobre como


tornaria a mudança da Vivi e do Jordan
pra sua casa em algo especial. Ligou pra
sua irmã e pediu ajuda. Eduarda estava
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tão ou mais eufórica que ele e o tenente
se sentiu aliviado de poder contar com
ela.
Duas semanas depois Vivi entrava pela
porta da frente com todos os seus
pertences distribuídos em malas e
caixas.
-Deixe tudo aqui embaixo que eu te
ajudo a organizar mais tarde. Venha...-
ele pegou na mão dela. - ...quero te
mostrar uma coisa.
Vivi sorriu para ele e ficou curiosa. O
rapaz estava ansioso e mal podia
disfarçar.
Ela o seguiu com Jordan enganchado em
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sua cintura. Júnior fez sinal pra ela parar
e abriu a porta do quarto onde seu filho
dormia no berço portátil toda vez que
ela ficava na casa dele.
O rapaz fez um gesto indicando que ela
deveria entrar. Vivi prendeu a
respiração. O quarto estava todo
mudado. Com certeza um decorador
havia passado por ali.
-Nossa...que lindo...
Ele havia transformado seu quarto de
hóspede em um super quarto infantil.
Aquele lugar seria o paraíso para o
Jordan que já deu gritinhos
entusiasmados quando viu a quantidade
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de brinquedos.
A moça colocou o filho no chão que deu
passos desajeitados até a montanha de
carrinhos, trens, piano e outras dezenas
de coisas que estavam no canto do
quarto.
Tudo ali dentro tinha sido perfeitamente
pensado para um garotinho da idade do
Jordan. A cama tinha o formato de um
avião e várias luzes acendiam e
apagavam em toda a lateral.
-Gostou?
Ele abraçou a namorada pelas costas.
-Se eu gostei?
Os olhos dela estavam úmidos.
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-É perfeito Savi...obrigado.
Ela se virou para olhar pra ele. Os olhos
muito verdes transpareciam seu amor,
sua gratidão de uma maneira muito
clara.
-Quer ver nosso quarto?
Vivi ficou surpresa.
-Mudou o seu quarto também?
-Sim. Como acabou de dizer, ele era
meu quarto, mas agora vai ser nosso.
A moça ficou boquiaberta quando viu
que estava tudo diferente no quarto que
agora também seria dela. Como ele tinha
conseguido fazer tudo em duas semanas,
ela não sabia, mas tinha ficado lindo.
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A cama que antes era de madeira
trabalhada, agora tinha cabeceira de
couro preto com desenhos modernos.
Dos lados havia dois luxuosos criados-
mudos.
Ainda havia um novo aparador e uma
parede inteira de espelho que não existia
ali. O closet também tinha sido
reformado e uma parte bem generosa
estava esperando por ela.
-Isso é incrível...
O banheiro tinha sofrido algumas
mudanças e agora ela tinha seu próprio
espaço para os cosméticos e
maquiagens.

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-Porque fez tudo isso?
Ele dobrou a cabeça para o lado
pensando. Abriu aquele sorriso de
moleque feliz.
-Porque eu te amo e quero que seja feliz
aqui comigo.
Vivi sabia que era mais do que disso.
Ele não queria que eles começassem
uma vida com resquícios do que um dia
tinha partilhado com a Lily. Por isso,
mudou o quarto para que aquele espaço
em especial pudesse ser unicamente
deles.
Ela o beijou com tanto carinho que o
tempo pareceu parar ali para eles. O
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casal se encarou com sorrisos
apaixonados e se Jordan não tivesse
soltado uma risada alta, eles teriam
ficado bem ali, curtindo aquele momento
tão especial de uma vida nova que
estava se iniciando.
-Jordan está se divertindo.
-Eu coloquei balanço e gira-gira no
quintal.
-Nada de trens espalhafatosos? – Ela
perguntou rindo porque sabia que ele
odiava o presente que Peter havia
instalado na antiga casa.
-Sem trens, sem visitas inesperadas, sem
ninguém além de você, eu e nosso
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menino.
Vivi concordou e sentia seu coração se
derreter. Não era a primeira vez que ele
falava de Jordan como se fosse
realmente filho deles dois. Ela achava
que a vida tinha sido um tanto quanto
dura com ela durante algum tempo, mas
que agora sua recompensa tinha chegado
em uma dose extra generosa.
Peter havia ficado furioso quando ela o
comunicou da sua mudança. Fez uma
cena e tanto, disferiu ameaças e chegou
até a segurá-la com força chacoalhando-
a em um surto nervoso que a fez ficar
com medo dele.

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Vivi tinha dado graças a Deus que Savi
não estava por perto porque temeu que
ele pudesse ter reagido quando Peter
tocou nela. Ela sinceramente esperava
que ele não notasse o hematoma na parte
interna do seu braço, porque não queria
mais confusões.

-Meu pessoal virá hoje jantar conosco.


Tudo bem?
-Claro que sim. Preciso apenas pensar
no que eu vou preparar.
-Nada. Eduarda virá no final da tarde
para cozinhar pra nós.
-Claro que não...
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-Ela se ofereceu, sabe como é minha
irmã com esse lance de cozinha. Melhor
não contrariá-la.
Vivi sorriu e eles desceram para
começar a arrumar tudo que ela havia
trazido da outra casa.

Eduarda chegou por volta das quatro


horas e juntas elas se divertiram na
cozinha enquanto seus filhos brincavam
e os homens tomavam cerveja. As seis
elas deram banho nas crianças e foram
se arrumar para o jantar. Vivi teve uma
surpresa quando entrou em seu quarto e
viu um vestido de festa lindamente

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disposto em sua cama.
Savi entrou logo atrás e ela apontou para
a cama.
-Não pensei que fosse uma noite de
gala...
-É uma noite de comemoração.
Vivi sentiu que havia algo no ar que ela
não sabia.
-Savi?
-Apenas fique ainda mais linda...se é
que isso é possível.
Ela concordou e fez o seu melhor.
Quando desceu, os pais do namorado já
estavam lá, ainda havia Apollo, o dono
do bistrô, e sua esposa que eram amigos
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de longa data da Eduarda e do Júnior. E
para sua surpresa, sua amiga Mia que
logo se aproximou abraçando-a
fortemente.
Todo mundo estava olhando pra ela e
Vivi encarou seu namorado sem saber o
que fazer ou o que esperar. Estavam
todos vestidos formalmente.
Uma bandeja com taças e champanhe
esperava para ser degustada. O rapaz foi
o primeiro a pegar duas delas, estendeu
uma para Pasha e em seguida enlaçou a
cintura da namorada. Todos os demais
se serviram e então ele se virou pra ela.
-Gostaria de propor um brinde a essa

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noite especial e te dar as boas vindas à
essa casa que agora também é sua.
Todo mundo brindou. Savi colocou sua
taça sobre a mesinha de centro.
-Eu fiz questão que todas as pessoas que
são importantes pra mim estivessem
aqui hoje para celebrar essa nova fase
da minha vida e partilharem da minha
felicidade.
Ele colocou a mão no bolso e tirou uma
caixinha de veludo. Vivi sentiu seu
coração estourar no peito e subir para a
garganta batendo enlouquecidamente.
A moça assistiu laconicamente quando
ele abriu a caixinha e um anel de
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noivado incrivelmente lindo saltou aos
olhos dela. O pedido foi simples e a
frase foi curta, mas de uma intensidade
assustadora.
-Casa comigo?
Pasha olhou os rostos sorridentes e seus
olhos ficaram marejados sem que ela se
desse conta disso. Então, ela escancarou
um sorriso e concordou com a cabeça
porque sua voz havia se perdido em sua
emoção. Ela estendeu a mão e assistiu o
anel deslizar para seu dedo anelar.
Os poucos convidados fizeram festa
quando ela se atirou nos braços dele e o
beijou demoradamente. Savi limpou as

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lágrimas dela e sussurrou um “eu te
amo” emocionado nos ouvidos dela.
Vivi retribuiu as palavras e eles
começaram a receber os cumprimentos.
Mia tinha que dizer uma das suas frases
esquisitas ou ela não seria a Mia.
-Ai minha santa Benedita das
desavisadas comprometidas, mal posso
acreditar que você se apossou do pau
mais cobiçado de todo o departamento
de segurança dos Estados Unidos.
Savi virou os olhos, indignado, mas
sorriu porque estava feliz demais pra se
irritar com as bobagens que saia da boca
da Mia. Os demais riram dela e o jantar
foi servido.
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Horas mais tarde Vivi estava deitada de
bruços admirando seu anel. Savi sorriu
para a cena porque nunca conheceu uma
mulher que não sonhava com um anel de
noivado.
-Gostou?
-É lindo. Minha irmã vai delirar.
-Podemos visitar seus pais no próximo
fim-de-semana e contar a novidade pra
eles.
-Vai ser ótimo.
-Quero que escolha uma data logo.
-Parece que está com pressa...
-Vou acertar a papelada da adoção do
Jordan.
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Vivi se sentou.
-O que?
Ele se aproximou.
-Vou adotar o Jordan. Criá-lo como meu
filho, dar meu nome a ele.
O rapaz se sentou ao lado dela e
acariciou o rosto de boneca que ela
tinha.
-Ele me chamou de pai.
Vivi ergueu as sobrancelhas.
-Quando?
Savi sorriu.
-Esses dias. Eu sempre pronuncio pra
ele aprender, mas não esperava que ele

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fosse dizer tão cedo...quer dizer, foi
assim um pouco enrolado e de supetão...
-Quase uma meia palavra resmungada.
-Isso.
Eles riram. Estavam felizes, mas algo
preocupou Pasha.
-Sabe que terei que conversar com o
Peter, não sabe?
O homem bufou irritado.
-Se falar com ele, então o imbecil vai
encontrar caminhos para dificultar tudo.
-Não posso fazer isso sem comunica-lo.
-Está de brincadeira comigo Vivi? O
homem nunca se importou com o

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menino. Mesmo depois de saber que
tinha um filho hesitou em conhecê-lo e
nunca te escondeu o fato de que não
pretendia assumi-lo. Não vou pedir
porra de permissão para por meu nome
em uma criança que eu já considero
minha.
Vivi sabia que ele tinha razão e também
não estava a fim de brigar. Tinha sido
uma noite maravilhosa, um sonho que
ela já tinha perdido a esperança de viver
e agora ele estava ali, noivo dela e
fazendo que ela tivesse um dia melhor
que o outro.
-Tudo bem. Tem razão.

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Ela subiu em cima dele e se remexeu
quando sentiu a excitação muito evidente
por baixo da calça de pijama.
-Meu filho não poderia ter ganhado um
pai melhor.
As mãos atrevidas do tenente já
escorregaram para baixo da blusa dela
buscando o calor da pele de pêssego.
Pasha era toda deliciosa, mas a pele
dela em particular tinha uma textura
inigualável. Ela era muito cuidadosa
com a pele e ele adorava observa-la
escorregar as mãos cheias de creme
pelas pernas e braços massageando-os
com aquelas mãos delicadas que o

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levava a loucura.
Vivi se curvou e beijou o pescoço dele
esfregando o nariz arrebitado pela
mandíbula enquanto dava pequenos
beijos pelo rosto até chegar a boca
larga, e escandalosamente bem feita. Ele
era muito lindo e agora, completamente
dela.
A língua dela desenhou o formato dos
lábios e ele gemeu apertando os dedos
na cintura fina esfregando seu pau muito
excitado entre as coxas dela. A voz
rouca sussurrou desejosa.
-Vou cuidar de você Savi. Vou ser uma
boa esposa.

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-Quero que você cozinhe pra mim...só
de calcinha...
Ela chupou o lóbulo da orelha dele com
delicadeza e o homem fechou os olhos
soltando um grunhir lento e profundo.
-Só de calcinha?
-Sim...dançando pra mim...como naquela
primeira vez...
Ele deslizou suas mãos para o traseiro
pequeno e perfeitamente redondo dela e
o movimentou pra cima e pra baixo
friccionando-o em seu pau entumecido.
A respiração dela se alterou e ela seguiu
o ritmo que ele estabeleceu já sentindo
sua calcinha ficar muito molhada.
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-Daquela vez eu estava de sutiã...
-Mas eu quero sem...
-Tudo o que você quiser...
-Tudo o que eu quiser...
-Sempre...
-Quero sua boca mais embaixo...
Ela sorriu e desceu para o queixo...
-Aqui?
-Mais embaixo...
Ela beijou todo o peito largo e muito
firme que ele tinha e arranhou levemente
seus músculos com a unha.
-Aqui está bom?
-Mais...
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Ela desceu por toda a extensão do
abdômen. Gomo por gomo, centímetro
por centímetro até que ficou bem
próximo da virilha.
-Um pouco mais embaixo?
-Sim...um pouco mais.
Aquele jogo de sedução estava quase
fazendo com que ambos gozassem antes
mesmo de tirarem suas roupas, mas era
algo extremamente sensual que aumentou
a libido deles em um grau muito
elevado. Ela esfregou o rosto no
membro duro como ferro e já úmido
com as primeiras gotas de prazer. O
pano da calça era um impedimento

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irritante e ela se livrou da roupa com um
movimento rápido.
Savi separou as pernas pra que ela se
acomodasse entre suas coxas e quando a
boca dela tocou suas bolas com
delicadeza ele rugiu como um leão
enjaulado. Era bom demais sentir a
maciez dos lábios femininos em suas
partes mais íntimas. A boca dela era
quente e aconchegante e os dedos se
fecharam ao longo do seu membro
masturbando-o enquanto o devorava.
-Jesus Cristo Pasha...você me mata
desse jeito.
Ela não respondeu, apenas intensificou

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seus movimentos levando-o à loucura
em questão de minutos.
-Oh...
A explosão sexual dele foi violenta. Seu
gozo escorreu como um vulcão em
erupção e ele urrou seu prazer com voz
rouca e delirante. Ela sorriu vitoriosa.
Era dessa forma que queria mantê-lo até
que estivessem velhinhos.
Ele se levantou rapidamente e a colocou
embaixo do seu corpo. O shorts curto e
agarrado foi atirado longe do corpo dela
enquanto a boca do homem não hesitou
ir direto ao ponto mais quente e doce do
corpo dela. Ainda excitado ele queria

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retribuir dando a ela o orgasmo mais
intenso da sua vida.
Seus dedos entraram nela, estocando-a,
incitando-a e girando com força para
fazê-la sentir o prazer do mesmo
tamanho que o tinha dado à ele. A boca
sugava seu clitóris endurecido pela
excitação e tudo que ele conseguia ouvir
era os gemidos alucinantes e seu nome
sendo pronunciado entre juras de amor e
palavras desconexas.
-Estou sentindo seu corpo pulsar.
-Sim...
Savi segurou o clitóris dela na boca e
sugou profundamente sentindo a
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desfalecer de prazer enquanto seus
lábios vaginais se contraiam
violentamente contra seus dedos
inquietos.
Ela sentiu seu corpo amolecer diante da
descarga sexual que tinha sofrido, mas
em segundos ele estava em cima dela
introduzindo seu pau com força.
-Agora nós vamos juntos...
Experiente, ele se girou os quadris
tocando-a nos pontos certos que
reacendeu seu corpo dormente de prazer
e então ela acompanhou o ritmo dele
enlaçando suas pernas nos quadris
estreitos dele enquanto o sentia bater

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profundamente dentro de si.
Eles gozaram juntos e Vivi pensou que
tinha saído da Terra e voltado. Era
maravilhoso estar com ele. O homem era
um touro na cama e ela tinha a sensação
de ter ganhado na loteria.
__________ __________

Peter desligou o telefone com a


sensação de que estava cometendo um
erro. Tinha planejado eliminar sua
mulher da sua vida porque junto com ela
iria todas as informações que a megera
mantinha guardada sobre ele e muitos
outros nomes importantes dentro dos
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órgãos de segurança pública.
Entretanto, tinha acabado de adiar a
execução. Não fazia sentido arriscar seu
pescoço por algo que estava totalmente
estagnado no momento. Sua pequena ex-
estagiária estava noiva e morando com o
bastardo do tenente e a coisa toda
parecia fodidamente permanente.
O homem suspirou arruinado. Nunca
tinha estado tão decidido a ter alguém
como estava agora, mas tudo tinha que
ser melhor planejado. O agente do BSS
atropelou suas intenções de maneira
inesperada e tinha se mostrado mais
impertinente do que ele previu.

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Com certeza, tirar o homem do seu
caminho tinha se tornado seu objetivo
principal agora. Ele precisava pensar
com cautela. O BSS tinha respaldo
governamental e passe livre pra
qualquer atividade a ser executada.
Assim, colocar um agente deles sete
palmos abaixo da Terra não era algo
fácil ou do qual ele se safaria
facilmente, em especial porque o
comandante da base era tio do tenente e
tomaria o caso pelo lado pessoal.
O major passou a mão pelo rosto
cansado e então olhou as horas. Droga,
estava atrasado para se encontrar com a
esposa e a filha no shopping. Programa
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de família era uma merda, mas tinha
prometido que iria, e o jeito era cumprir.
__________ __________

A mulher do major estava bufando de


raiva, quase uma hora de atraso. Sua
filha tinha ido a uma livraria enquanto
ela tomava café e esperava pelo marido.
As coisas tinham piorado muito nas duas
ultimas semanas. Peter estava com o
humor do cão e ela estava muito
surpresa dele ter aceito o pedido da
filha para que fossem almoçar juntos no
shopping.
Ela estava distraída, pensando nas
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possibilidades que tinha ocasionado
tamanha irritação no marido nos últimos
dias quando uma cabeça muito loira e
estranhamente familiar passou por ela.
Tudo fazia sentido agora. O mau-humor
fora do normal, a irritação e o
distanciamento ainda mais evidente do
marido estava explicado com uma única
imagem. Viviane Pasha.
Então ex-estagiária estava de volta à
cidade...
A mulher do major observou a moça a
distancia. Não havia mudado
absolutamente nada a não ser pelos
cabelos que antes alcançavam o meio

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das costas e agora estava modernamente
cortado em um estilo Channel.
Há quanto tempo ela estaria na cidade?
Como não desconfiou de nada?
Antes que pudesse pensar em tais
respostas uma surpresa que a fez
prender a respiração. Um homem bonito
e bem vestido se aproximou da moça
com uma criança no colo.
A mente inteligente da mulher reparou
que o menino, muito loiro e branquinho
como a mãe, devia estar na faixa de um
ano e meio aproximadamente. Ela fez as
contas rapidamente. Um ano e meio
somado a mais nove meses de gestação,

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em retrocesso, dava exatamente na
época em que Peter e ela tiveram um
caso.
O coração da mulher disparou, não , não
podia ser. Ela pensou que havia grande
possibilidade de estar enganada, que o
garoto podia não ter mais que um ano,
afinal o homem que o segurava era muito
alto e corpulento. O menino poderia ter
biotipo do pai e ser grande para a idade.
Se é que ele era o pai.
Mas seu sexto-sentido era infalível e
algo estava lhe dizendo que aquela
criança tinha uma ligação com seu
marido. Seu estomago revirou. Um filho
bastardo não era algo que ela toleraria
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jamais.
__________ __________
Vivi olhou ao redor tentando encontrar
um lugar onde eles pudessem se sentar
para tomar um café. Seus olhos se
arregalaram e seu corpo ficou tão tenso
que chamou a atenção do namorado.
Ele seguiu a direção dos olhos dela e
observou a mulher elegante e de postura
rígida que os observava. Savi olhou de
uma para outra.
Ambas pareciam nervosas e ele abraçou
a namorada de maneira carinhosa.
-Alguma coisa errada?
-Podemos ir embora?
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-Quem é ela?
-Vamos sair daqui.
-Quem é aquela mulher, Pasha?
A imagem de Peter se aproximando e se
sentando na cadeira da frente explicou
tudo.
-Você não deve nada a ela. Estamos
juntos agora e uma merda que vai sair
fugida daqui por causa disso.
Ela respirou fundo e concordou. Savi
tinha razão. Não havia mais motivos
para sair correndo como um coelho
assustado. Era noiva de um homem
lindo, que a amava e adorava seu filho,
nada a temer por causa de um passo
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errado dado no passado.
Savi a abraçou e eles caminharam para
o lado oposto da mesa do major.

Peter se sentou preparado para ouvir o


sermão sobre seu atraso, mas os olhos
vidrados da mulher parecia sequer ter
percebido sua presença. Ele se virou
discretamente e seu coração disparou. A
imagem de Vivi com seu noivo e seu
filho no colo do tenente, agarrado ao
pescoço dele congelou o sangue nas
veias do major.
O homem voltou a olhar pra sua mulher
que agora o observava atentamente
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tentado ler suas emoções. A garçonete se
aproximou e ele pediu um café.
-Desde quando Peter?
-Até onde eu sei moramos em um país
livre onde as pessoas tem o direito de ir
e vir.
-Não foi isso que eu perguntei
-Se quer saber alguma coisa sobre ela,
vá até lá e pergunte. Só não fique me
atazanando a vida.
-Você sabia que ela havia voltado e não
tente negar.
Ele ficou em silencio e ela o fuzilou com
os olhos.
-Quantos anos tem aquele garoto?
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O major sabia bem esconder suas
emoções, mas por dentro estava
disferindo todos os palavrões que não
podia pronunciar em voz alta. Grande
merda tudo isso. Sua mulher podia ser
esperta, mas estava trabalhando com
hipóteses e ele tinha que ser cuidadoso.
Fingir que não sabia sobre Vivi e sobre
Jordan aguçaria a curiosidade da
mulher, assim o melhor a fazer era dar a
ela as informações que queria, com
alguns ajustes necessários, é claro.
Ele cruzou os braços sobre a mesa e a
encarou com expressão ameaçadora.
-Se observou bem, ela está
acompanhada, aquele é o tenente Savi.
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Eles estão noivos e não sei a porra da
idade do menino porque sequer eu sabia
que ela tinha tido um filho, mas posso
fazer a gentileza de ir até lá e perguntar
se a informação é tão importante pra
você.
-Não me provoca Peter.
-Não subestime minha paciência.
-Sabe bastante sobre ela.
-Procuro me manter informado sobre os
assuntos que considero relevantes.
-Então, ela é relevante pra você?
-Sempre foi e você sabe. Se não estou
com ela hoje, se não sou o pai daquele
menino não é por vontade minha.
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Aquilo atingiu a mulher como uma bala
no peito. Ela fez menção de dizer
alguma coisa, mas ele a interrompeu.
-E antes que faça insinuações
desnecessárias eu te digo, sim, eu a
investiguei assim que soube que ela
tinha voltado. Quis saber tudo sobre ela,
o que estava fazendo, como, quando,
onde e com quem. E não, o que eu
encontrei não me agradou. Satisfeita?
A mulher o fuzilou com os olhos e o
major sorriu intimamente para sua
atuação. Ela bem que mereceu ouvir a
verdade, ou melhor dizendo, a meia
verdade.

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O assunto se encerrou e ele tomou o seu
café tranquilamente.
__________ __________

Duas semanas depois...


A imagem da ex-amante do Peter e o
filho dela ainda estava nítida o
suficiente para incomodar a mulher do
major. A explicação que ele tinha dado
fazia sentido e o fato dele ter declarado

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a importância da moça em sua vida sem
fazer rodeios, o que era bem típico dele,
ainda doía. Qualquer pessoa deixaria
essa história pra lá, mas ela tinha a
sensação de que faltava peças nessa
quebra-cabeça.
A mulher pegou o celular e discou. Uma
voz melodiosa atendeu friamente. Ela
não precisou se identificar, apenas deu a
ordem de maneira direta.
-Viviane Pasha está de volta. Quero um
relatório completo sobre ela, o atual
noivo e o filho que eles têm. Não deixe
nada para trás.
-Entendido.

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Ela desligou e pensou que talvez não
tivesse sido uma boa idéia ter tomado a
decisão de saber, porque se o garoto
fosse filho de Peter, então teria sido
melhor que nunca soubesse.
__________ __________

Savi espalhou os papéis na mesa do seu


escritório e ouvia o advogado à sua
frente atentamente.
-Na verdade o procedimento não é nada
complicado uma vez que já está noivo
da mãe do menino.
-Quanto tempo vai levar?
-Pelo procedimento normal teríamos que
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aguardar uns seis meses, com os
contatos que o seu tio fez, não mais que
dois meses e estará tudo acertado.
-Ótimo. Gostaria de acrescentar o
“Savi” ao nome dele.
-Sem chances porque você mesmo não o
tem no seu.
O tenente torceu a boca contrariado e o
advogado sorriu.
-Afinal, se você é “Marconi Júnior”
porque sua patente foi denominada como
“Savi”?
-Porque meu pai ainda era agente
especial no BSS quando eu ingressei e
não podia ter dois tenentes com a mesma
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identificação. Então eu adotei o
sobrenome da minha mãe em caráter
profissional.

-Entendi. Infelizmente para o processo


da adoção também não serve. O seu
garoto terá que ficar com o sobrenome
Marconi.
-Jordan Pasha Marconi...eu gosto.
__________ __________

O tenente entrou em casa e uma sensação


de bem-estar o tomou de imediato. Essa
vida familiar era muito bem-vinda pra
ele. A voz da Pasha cantando para
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Jordan trouxe um sorriso ao rosto dele.
Deus, essa sensação de ter finalmente se
encontrado na vida era muito boa.
Vivi era perfeita em casa, na cama,
como mãe e ainda trabalhava fora.
Talvez fossem seus olhos apaixonados,
mas tudo nela o encantava. As vezes ele
se perguntava como pôde ter levado
tanto tempo para entregar seu coração à
ela.
Agora ela o tinha, inteiro e completo, se
casariam em breve, teriam outros filhos,
viajariam de férias para o Brasil e
construiriam a família que ele sempre
quis ter.

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Ele seguiu o som da voz dela e se
encostou no batente da porta para
observar sua noiva e o filho deles
brincando juntos.
Ela se virou e sorriu. Savi balançou os
papéis pra ela que se levantou e veio até
ele.
-Esses papéis...
-São os documentos finais da adoção e o
novo registro de nascimento do meu
filho.
Eles sorriram e Vivi o abraçou
emocionada. A moça se esticou para
beijá-lo.
-Sabe como eu te amo ainda mais por
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amar meu filho?
-Nosso filho. Jordan é nosso filho.
Nunca se esqueça disso.
-Obrigado.
Savi acariciou o rosto dela com extremo
carinho.
-Quando vai se convencer de que sou eu
quem tem que te agradecer? Por não ter
desistido de mim mesmo quando eu fui
tão idiota, por ser tão especial e me dar
a oportunidade de ter um filho lindo?
Jordan andou a passos rápidos e
desajeitados e agarrou a perna do
tenente.

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Savi se abaixou e o pegou no colo.
-Dá um beijo no papai.
O menino repetiu a ultima palavra com
bastante nitidez.
-Pa...pai
O homem abriu um sorriso brejeiro e
seu coração se encheu de amor pela sua
família.
__________ __________

A mulher do major fitou o envelope com


as informações que tinha encomendado
sobre a ex-amante do seu marido. Ela
iria abrir e ler, é claro que sim, mas
estava ponderando os fatos antes de dar
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esse passo.
O que seria pior? Não saber sobre a
procedência do menino e carregar essa
dúvida o resto da vida ou saber e não
tomar nenhuma providencia sobre o
assunto?
E então havia outra questão. Que tipo de
providencia você pode tomar diante de
um assunto delicado desse? Peter podia
não ter conhecimento da criança quando
soube dela, mas com certeza a essa
altura do campeonato, ele já tinha feito
como ela para tentar descobrir. Ele era
um superintendente da Polícia Federal.
Conseguir esse tipo de informação era
muito fácil pra ele.
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Ela respirou fundo e abriu o dossiê.
Muitas das informações contidas ali já
era do seu conhecimento porque
averiguou a tal da Viviane Pasha quando
soube do relacionamento dela com o
Peter, mas algumas eram novas e
interessantes.
O noivado dela era recente e caramba, o
noivo era agente especial do BSS. O
homem era importante então. Como será
que eles se conheceram se ela era
apenas uma investigadora de campo da
PF? Outro dado importante era sobre o
registro de trabalho dela. Não constava
que ela fizesse parte do quadro de
funcionários de nenhuma unidade. Será
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que a moça tinha ficado todo esse tempo
sem trabalhar? E se isso aconteceu,
como ela se sustentou? Ou melhor
pensando, quem a tinha sustentado nesse
período?
Muitas peças faltando para se encaixar.
Na época Peter disse que ela tinha
voltado a morar com a família em
Lousiana, mas ela descobriu mais tarde
que na verdade os pais da moça
moravam em Manchester. Averiguou a
veracidade da informação e constatou
que de fato ela tinha se mudado de
Boston.
Mas não achou necessário manter
alguém de olho na estagiária. O que fez
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foi ficar atenta ao seu marido e parece
que foi um erro. Ao que tudo indicava,
Peter havia sustentado sua ex-amante.
Ela foi virando as folhas e chegou onde
queria. O nascimento do bebê foi
cuidadosamente ocultado porque não
havia registros oficiais nos cartórios.
Estava claro que depois de pegar o
registro de nascimento, alguém tinha
apagado as informações do sistema para
evitar que a criança fosse descoberta.
A mulher do major sentiu o sangue
ferver. Virou a próxima página e seu
coração disparou. Há alguns dias apenas
o tenente tinha oficializado o registro de
adoção do garoto. Jordan Pasha
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Marconi. Era esse o nome do menino.
-Então ele não é o pai biológico.
Os papéis tremiam nas mãos dela e uma
ira mortal pulsava em seu coração. Não
somente aquela vadia tinha sido amante
do seu marido, mas também teve um
filho com ele. Um filho bastardo. Uma
sombra que mancharia para sempre o
casamento dela e a vida dos seus filhos
legítimos que teriam que conviver com a
vergonha da traição do pai, com um
irmão indesejado e ainda por cima
teriam que dividir a herança da família
com um bastardinho infeliz.
__________ __________

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No jantar daquela noite havia uma


tensão palpável. Peter suspirou cansado
e se levantou deixando a família sozinha
para terminar a refeição. Os filhos
olharam para ele e depois para sua mãe,
mas não ousaram perguntar nada.
Minutos depois que Peter se retirou, sua
mulher pediu licença aos filhos e o
seguiu até o escritório. Entrou sem bater.
O homem sequer desviou sua atenção da
tela do notebook para olhar para ela.
A mulher se sentou de frente com ele.
-Abra a primeira gaveta. Tem algo que
eu quero que você veja.
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-Não estou com tempo agora.
-Abra a gaveta Peter.
A tom de voz amargurado e ameaçador o
fez obedecer porque ele pressentiu que
havia algo errado. Ele abriu e pegou o
envelope pardo que havia ali. Colocou-
o em cima da mesa e retirou os papéis.
Conforme foi folheando, o homem foi
empalidecendo. Foda, foda, foda. Ela
tinha descoberto. A mulher se levantou e
estava possessa. Ele não se lembrava de
um dia ter visto tamanho ódio estampado
no rosto dela.
-Um filho bastardo Peter? Uma merda de
uma criança bastarda?
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-Eu não sabia.
-MEN.TI.RO.SO.
-É a verdade. – Ele se recostou na
cadeira tentando tomar conta da situação
antes que tudo desandasse. – Fiquei
sabendo há pouco tempo. Ela nunca me
procurou, nunca pediu nada.
-Uma criança é pra sempre. Que merda.
Como deixou isso acontecer?
-Acredite, fiquei tão estupefato quanto
você está.
-Eu tolerei suas amantes, sua indiferença
e o fato de nunca ter me amado de
verdade. Mas um filho....um filho é
demais pra mim Peter.
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O homem ficou em silencio. O que
exatamente ela estava insinuando? Que
pediria o divórcio?
-O que quer que eu faça? Já disse que
não sabia sobre a porra do menino. Ela
o teve sozinha e o cria com seus
próprios recursos.
-Os recursos dela são bem inferiores
aos seus. Não seja idiota, mais dia
menos dia ela vai fazer uso desse
benefício.
-O tenente é um homem bem
posicionado e estão noivos. Não
acredito que ele permitiria tal atitude.
Ela pensou um pouco e teve que
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concordar. Se o homem tinha assumido a
paternidade então as chances da
verdadeira identidade do garoto vir à
tona eram baixas.
-Agradeça aos céus pelo tenente ter
assumido esse bastardinho como seu
filho, porque eu juro que...
-O que disse?
-O que?
-Sobre o tenente ter assumido o meu
filho...
A possessividade expressa na voz dele
ao se referir ao menino causou surpresa
e indignação à mulher. Deus, que
maldição era essa? A porcaria da
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Viviane Pasha tinha o coração do
marido dela nas mãos e agora um filho
que ele estava claramente chamando de
seu.
-Não repita isso jamais. Nunca mais
diga “meu filho” para aquela criança
degenerada.
O major sentiu como se um soco tivesse
sido desferido com força total em seu
estomago. Ele mal deu atenção ao que
ela tinha acabado de dizer, voltou aos
papéis e procurou a informação que sua
mulher tinha deixado escapar.
Leu tudo rapidamente e releu. Depois,
em um surto nervoso atirou a pasta e

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metade dos objetos da sua mesa pelos
ares.
-Tenente maldito. Maldito.
Ela ficou lívida com a reação dele.
Deus, seu marido ainda amava a
porcaria da estagiária e por certo que
amava a criança também porque seu
rosto estava transfigurado pelo ódio que
estava sentindo do tenente.
A voz da mulher era um sussurro pasmo
e magoado.
-Você os ama. –Ela colocou a mão na
boca para sufocar um grito de dor, de
raiva, de indignação.
A realidade cruel se abateu sobre ela.
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Seu marido tinha planos e claramente o
relacionamento da moça com o agente
do BSS era um estorvo para ele.
-Tinha intenção de voltar com ela?
A mente de Peter estava longe dali.
Jordan Pasha Marconi era o novo nome
no registro de adoção. O Savi tinha
adotado seu filho, seu filho, com o
consentimento dela, é claro. Caralho, ele
mataria os dois. Ele mataria Viviane e
seu maldito noivo com suas próprias
mãos. O coração martelava loucamente
na sua garganta sufocando-o. Sequer foi
avisado da intenção deles de
oficializarem a adoção de Jordan. Era
seu pai biológico, tinha o direito de
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saber.
-Peter? Peter?
A voz da mulher o trouxe de volta a
realidade. Ele encarou a esposa com
olhos assassinos.
-É tudo culpa sua.
-Você tem um filho fora do casamento e
a culpa é minha?
-Eu quis me separar. Era com ela que eu
queria ficar. Você me ameaçou, me
coagiu.
O tom frio e pausado dele era um
péssimo sinal. Os olhos vidrados, o
maxilar rígido e as veias do pescoço
saltada anunciavam o perigo. Ela já o
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tinha visto dessa maneira uma ou duas
vezes durante seus quase vinte anos de
casados e sempre recuava nessas
ocasiões.
-Eu salvei nossa família de um
escândalo. Ela era uma golpista Peter.
Queria benefícios financeiros.
-Ela nunca me pediu porra nenhuma.
Agora ele estava histérico e gritando.
-Mesmo grávida ela nunca me procurou
caramba. Que tipo de golpista não usaria
uma carta na manga como essa? Ela é
integra, honesta e eu a amo caralho. Uma
merda que outro homem vai tomar o que
é meu.
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-O que está dizendo? O que pretende
fazer?
-Vou fazer o que eu tinha que ter feito há
dois anos. Vou assumir meu filho porque
nem fodendo que eu vou perdê-la tão
facilmente assim.
A mulher do major estava petrificada.
Ele não dava a mínima para o menino,
mas sabia que a criança era um caminho
certo até a mãe.
-Faça qualquer movimento para expor
publicamente sua infidelidade e eu
acabo com você.
O homem perdeu a cabeça. Ele deu dois
passos e a agarrou pelo pescoço.
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-Estou farto de suas ameaças. Quer
continuar viva? Fecha essa sua boca
grande ou vou resolver meus assuntos
com você de maneira definitiva.
A mão que a estrangulava não tinha
noção da força que estava fazendo. Ela
tentou se libertar, mas o aperto de ferro
a impedia de respirar e então seu corpo
começou a amolecer. A porta se abriu.
Seu filho entrou e o agarrou pelas costas
enquanto sua filha socorria a mae.
-Pára com isso pai. Deus, está tentando
mata-la?
O major retomou a postura e soltou sua
mulher. Se livrou dos braços do filho

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que o encarava horrorizado. A mulher
estava caída no chão e tossia fortemente.
Sua filha a abraçou e olhou ressentida
pra ele.
-Ficou louco?
Peter não respondeu. Encarou sua
mulher e deu um recado claro.
-De hoje em diante, nunca mais me
ameace, nunca mais queira direcionar a
minha vida, não me cobre e não me
importune. Vai fazer o que eu mandar,
como, quando e na hora que eu quiser,
ou eu juro que seus filhos vai te enterrar
mais cedo do que eles esperam.
Dito isso, o major deixou o escritório.
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Os filhos ajudaram a mulher se sentar no
sofá.
-Se vocês não estivessem aqui...
-Ouvimos a discussão e ficamos
preocupados, quando percebemos o que
estava acontecendo...Deus, mãe...o que
aconteceu aqui? O que deu nele?
A mulher tinha os olhos desfocados pela
fúria.
-Seu pai acabou de cometer o maior erro
da vida dele. O maior.
__________ __________

Vivi desligou o telefone sorrindo. Ela, a


mãe e a irmã estavam planejando o
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casamento dela para dali a um mês. O
Savi estava pressionando pra ela
escolher uma data. Já estavam morando
juntos e ele já tinha adotado Jordan. Na
concepção dele, não havia nada para
esperar. Ela entendia seu ponto de vista.
O homem esperou anos a fio que Lily
tomasse uma posição sobre eles e todos
os planos tinham dado em nada.
Não era sua intenção fazer a mesma
coisa com ele. Estava mais que
apaixonada. Estava amando de maneira
única e era correspondida, então pra que
esperar?
A campainha tocou e ela atendeu ainda
sorrindo, mas seu sorriso morreu quando
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a imagem de Peter apareceu na soleira
da porta.
-O que você quer? O Savi ainda não
chegou.
-Minha conversa é com você.
Ele entrou sem ser convidado e de
imediato a pegou pelos braços sem
cerimonias e a prensou na parede.
-Como consente de outro homem adotar
meu filho sem me dizer nada?
-Me solta Peter.
-Eu devia te dar uma surra Viviane. Eu
devia te estrangular com minhas
próprias mãos.
-O Savi vai chegar a qualquer momento
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e ele não vai gostar de te ver aqui.
-Uma merda pra ele e para o que ele vai
ou não gostar. Jordan é meu filho e você
é minha Viviane. Chega dessa
brincadeira de brincar de casinha.
-Pára com isso.
Ela o forçou para tentar sair, mas ele
nem se moveu. Agarrou a moça pelos
cabelos e esfregou seu corpo no dela.
-Seu idiota, me solta, me solta agora
Peter.
O homem puxou os cabelos da nuca para
que ela erguesse a cabeça. A boca dele
apossou-se da boca dela e a beijou com
violência, descendo os lábios pelo
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pescoço onde chupou a pele branca com
vontade de devora-la.
Vivi gritou, bateu no peito dele e tentou
chutá-lo, mas foi em vão. Ele prendeu os
pulsos dela acima da cabeça segurando
com uma única mão enquanto abria a
blusa e agarrava um seio massageando-o
rudemente.
-Seu louco, o Savi vai te matar, ele vai
te matar...
-Ou eu a ele.
O corpo grande do homem aprisionava
Vivi sem dar a ela uma única chance de
defesa. A menina tentava desviar seu
rosto dos beijos dele e contorcia seu
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corpo para escapar das mãos ávidas por
tocá-la.
Tão repentinamente quanto ele a atacou,
ele a largou.
Vivi correu para longe dele. O homem
ajeitou o terno e sorriu como se nada
tivesse acontecido. Deu uma olhada na
casa bonita e bem arrumada. Depois
encarou a moça que estava muito
assustada.
-Você e o Jordan são meus. E vocês não
deviam ter conspirado a adoção dele
pelas minhas costas. Diga a seu noivo
que os dias dele estão contados.
-Você enlouqueceu.
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-Não. Apenas estou decidido a tomar o
que é meu por direito. Devia ter feito
isso há dois anos, mas nunca é tarde
para se consertar um erro.
-Saia daqui.
Ele foi embora e ela olhou pra si
mesma. Estava com a blusa rasgada, os
punhos doendo e seu pescoço ardia. Ela
tocou o local imaginando que havia um
machucado ali. Vivi se dirigiu para o
banheiro. Graças a Deus seu filho estava
na casa da tia Duda brincando com seu
mais novo priminho, o Thierry.
A menina tomou um banho bem quente e
se olhou no espelho. Havia um chupão

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gigantesco no seu pescoço, seus seios
estavam doloridos e com marcas de
dedos. Ela respirou fundo. O Savi iria
surtar...Deus ele iria matar o Peter.
-Caramba, aquele imbecil me deixou
toda marcada.
A moça desceu até a cozinha para
preparar o jantar. Precisava ocupar sua
mente. Estava passada com o que tinha
acontecido.
__________ __________
Júnior estava juntando sua papelada
quando o agente suporte de informações
da base bateu à porta e entrou.
-Hei Savi, tenho algo aqui pra você.
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-O que é?
-Alguém andou procurando informações
suas na internet.
A base tinha um departamento de
tecnologia com dispositivos de
averiguação que avisava quando um dos
seus agentes especiais era mencionado,
pesquisado, marcado ou qualquer coisa
do gênero em algum site ou ferramentas
de busca. Nada passava despercebido.
-Rastreamos o IP do curioso. Um
policial aposentado, viúvo e que
aparentemente mora sozinho. Aqui está o
nome e o endereço.
Savi olhou para a folha. James Schiavo.
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O nome não lhe era familiar.
-Tem mais uma coisa que você não vai
gostar.
O tenente se remexeu na cadeira.
-Houve um rastreamento de dados com o
nome do seu filho.
-Rastrearam informações sobre o
Jordan?
-Sim e baixaram pelo site do cartório
uma cópia da certidão do menino.
O rapaz se levantou nervoso.
-Como conseguiram?
-Na verdade não é tão difícil se a
pessoa tiver algum conhecimento na

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área. Um policial aposentado que tenha
trabalhado no setor administrativo teria
fácil acesso a isso.
-Vou averiguar tudo pessoalmente. Meu
tio ainda está na base?
-Sim, na sala dele.
Savi saiu e foi falar com o chefão da
base, que por acaso era seu tio Tiago
Savi. Ele esperou ser anunciado e
entrou.
Por anos, o comandante da base tinha
sido Dylan Meyer, mas agora seu tio
Tiago estava a frente do complexo e o
comandava com mãos de ferro. Era um
homem poderoso e que ninguém ousava
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bater de frente, mas sobre tudo era um
homem com laços familiares muito
profundos e ali dentro, embora se
tratassem pela patente, ele sabia que
podia recorrer ao tio em um assunto
pessoal.
-Algum problema garoto?
Quando estavam apenas os dois, seu tio
era apenas seu tio e Savi ficava muito
agradecido por ele dar essa brecha na
relação profissional dos dois.
-Andaram me averiguando.
-Algum motivo especial?
-Ainda não sei, mas o que me preocupa
é que rastrearam informações sobre o
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Jordan.
Tiago Savi ergueu as sobrancelhas
seriamente.
-Tem idéia do porque alguém estaria
curioso sobre seu menino?
-Não. Mas o departamento já localizou o
curioso e eu pretendo interroga-lo.
Quero permissão pra fazer isso usando
minha patente.
O comandante pensou um pouco.
-É um assunto pessoal. Usar a patente
não é adequado.
-O homem é policial aposentado.
Provavelmente está a mando de alguém.
-Tem algo que eu precise saber tenente?
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A mudança de postura do tio revelava
que estava desconfiado da profundidade
do assunto. Tiago Savi era inteligente
acima da média. Não era a toa que tinha
sido indicado para substituir o maior
comandante da base de todos os tempos.
-Tenho razões pra acreditar que o major
Peter Sparks está envolvido nessa
averiguação.
Tiago encarou o sobrinho pensativo.
Depois se debruçou sobre a mesa e
cruzou as mãos.
-Começa do início e não deixe os
detalhes de fora.
Júnior contou ao tio sobre o
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envolvimento da sua noiva com o
superintendente da PF. Falou das
desavenças, da paternidade do Jordan e
de todos os problemas que Peter parecia
ter tido com a mulher e que o impediu de
assumir o filho.
-Então talvez essa averiguação tenha
sido apenas uma curiosidade de um ex
amante. Um filho é um laço profundo
garoto. É provável que ele tenha
dificuldade de se afastar em definitivo.
Você vai ter que lidar com isso.
-Jordan é meu filho tio. Não quero
nenhum idiota covarde rondando minha
vida.

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Tiago compreendia seu sobrinho. Ele
mesmo era muito ciumento da sua
mulher Malu e seu filho Heitor. Aturar
uma terceira pessoa se intrometendo na
vida conjugal dele era algo que não
podia imaginar acontecendo. Podia ter
uma idéia de como seu sobrinho estava
se sentindo.
-Busque as informações garoto e leve
um dos agentes suportes com você, mas
vá com calma. Não perca a cabeça com
pouca coisa. Pode não ser nada demais.
__________ __________

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Savi abriu a porta e sentiu o aroma da


comida. Ele tinha passado na casa da
sua irmã para pegar Jordan. O menino já
estava dormindo e ele subiu as escadas
para colocar o filho na cama. Passou no
quarto e colocou uma roupa mais leve.
Desceu a escada descalço e foi até a
cozinha. Pasha estava de costas, só de
roupão, os cabelos úmidos. Ele a
abraçou pelas costas e ela se assustou.
-Desculpe, não quis te assustar.
Ele se aconchegou ao corpo dela e
mordiscou o lóbulo da orelha. Introduziu
sua mão para dentro da abertura do
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roupão sentindo a suavidade da pele
recém-lavada.
-Você está cheirando tão bem.
A ereção dele já estava muito evidente e
ela se recostou no ombro largo tentando
se acalmar.
-Está tensa Pasha. Dia difícil no
departamento?
Antes que ela respondesse as mãos dele
subiram para o seio para massageá-los,
mas como estavam bastante doloridos
pela brutalidade com que Peter os tinha
tratado, ela se encolheu.
O tenente recuou de imediato, a pegou
pelos ombros e a virou pra poder olhar
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seu rosto. Os olhos dele foram atraídos
para a marca muito vermelha no pescoço
dela e se arregalaram surpresos.
-O que significa isso no seu pescoço?
-Peter esteve aqui.
A mudança no comportamento dele foi
instantânea.
-O que aconteceu Pasha?
-Ele estava enlouquecido por causa da
adoção do Jordan.
-Ele colocou as mãos em você.
A afirmação foi dita com voz esganada,
a respiração do homem se alterou e ele
se aproximou dela. Abriu o roupão e viu
as marcas arroxeadas nos seios, voltou a
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olhar a chupada no pescoço.
-Só passou um pouco do limite.
-Deus...o que mais ele fez?
-Não aconteceu nada.
-O que mais ele fez Pasha? – A voz
alterada era apenas um dos sinais do
descontrole que estava chegando até
ele.- ...eu vou matar aquele
DESGRAÇADO.
Savi foi saindo apressadamente e ela
correu atrás dele. Não podia deixar que
ele fizesse uma besteira motivado pelo
ódio.
-Não Savi. Espera...
Ela o segurou e ele se soltou
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bruscamente.
-Fica fora disso Pasha.
-É exatamente isso que ele quer. Se
atentar contra a vida dele, você terá
problemas e ele vai ganhar.
-Acha que um homem entra na minha
casa, chupa o pescoço da minha mulher,
a machuca e sai ileso? Sou homem
porra, não vou tolerar uma merda dessa
dentro da minha casa.
Ele subiu as escadas correndo e antes
que ela pudesse fazer qualquer coisa
para impedir, ele já estava dentro do
carro cantando pneu pra fora da
garagem. A moça pensou rápido. Pegou
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o celular e ligou para seu sogro.
__________ __________

Savi socou a porta da frente da casa do


major e estava fora de si.
-Sparks...saia agora ou eu vou entrar.
Os murros furiosos fizeram um som
ensurdecedor dentro da casa. A mulher
do major e seus filhos vieram correndo.
Peter gritou impaciente.
-Ninguém abra a porta. Deixem que ele
invada.
-O que está acontecendo?
-Vão para o quarto. Todos vocês. Isso é

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assunto meu.
Os murros se intensificaram. Peter
sorriu intimamente. A coisa saiu melhor
do que o esperado. O tenente iria
invadir e ele daria ordem de prisão.
Esse seria o ponta pé inicial para
derrubar a carreira do bastardo.
O major pegou o celular e discou.
-Mande viaturas para a minha casa. Tem
um louco querendo invadir.
Lá fora, Savi tomou distancia e chutou a
porta enlouquecido. A madeira de
primeira linha não cedeu, então ele tirou
a arma, atirou na fechadura duas vezes e
entrou.
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Lá dentro Peter Sparks o encarou com
fúria nos olhos e uma expressão de
vitória no rosto. A família dele estava
claramente horrorizada. A mulher olhou
a arma nas mãos e recuou. Os filhos
fizeram o mesmo.
-Está invadindo uma propriedade
particular tenente.
-Você invadiu a minha casa.
-Entrei porque a porta foi aberta e sua
noiva me convidou pra entrar.
Savi estendeu a arma mirando o peito do
homem.
-Ela nunca te convidaria pra entrar.
Pensou que ia por as mãos na minha
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mulher e sair ileso?
A esposa de Peter olhou pra ele
pasmada.
-O que você fez Peter?
Sem tirar os olhos do major o tenente
respondeu.
-Ele invadiu minha casa, atacou minha
mulher, a machucou...
-Não invadi. Talvez tenha sido a
desculpa que ela arrumou pra se
justificar, mas se fiz alguma coisa foi
porque ela deixou.
-Ela é minha e o Jordan é meu.
Savi engatilhou a arma. Três policiais
entraram gritando ordens.
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-Abaixe a arma. Coloque as mãos pra
cima.
O tenente não se mexeu, não obedeceu e
sequer parecia prestar atenção aos
policiais.
-Mandei baixar a arma e colocar as
mãos para cima.
Uma voz pausada e aparentemente calma
falou com firmeza atrás deles.
-Descansar as armas soldados.
Os homens se viraram e olharam para o
comandante da base que mostrou
rapidamente o distintivo, embora o gesto
fosse desnecessário, e então guardaram
suas armas. O chefe do maior complexo
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da segurança nacional do país caminhou
até o sobrinho.
-Abaixe a arma tenente.
Savi respirou fundo, mas fez conforme
lhe foi ordenado. Peter olhou para
Tiago Savi, logo atrás estava o ex-
comandante do BSS Dylan Meyer e o
agente de informação aposentado e
também pai do tenente Savi, Murilo
Marconi.
Tiago dispensou os policiais. Peter
interveio na ordem dele.
-Minha casa foi invadida e não vou ser
complacente com isso. Existe uma
hierarquia militar aqui e minha patente
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foi desrespeitada por um lunático que
me deve respeito.
Savi adiantou dois passos.
-Uma merda pra sua patente e para a sua
posição dentro dos departamentos
Sparks, isso não te dá o direito de
desrespeitar minha mulher.
Um silêncio absoluto recaiu sobre o
local. Tiago olhou para os policiais.
-Eu cuido das coisas por aqui.
Eles hesitaram olhando para Peter, mas
o homem fez sinal para que eles se
fossem.
Tiago Savi colocou as mãos no ombro
do sobrinho e o puxou para sair. Antes
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porém ele olhou diretamente para o
major que parecia inabalável e deu seu
recado.
-Sua patente não é superior a minha
porque respondo apenas ao general.
Estou isentando o tenente Savi desse
pequeno descontrole aqui.
-Nepotismo é ilegal comandante.
-Coação, invasão de domicílio e
agressão também são major. Não me
queira como inimigo Sparks, porque não
vai ser bom pra você.
Todo mundo ali sabia da veracidade
daquelas palavras. Tiago Savi era
famoso por primeiro atirar, depois
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perguntar e tinha alcançado uma
notoriedade inigualável dentro dos
departamentos de segurança nacional.
Peter sabia que teria que recuar, ainda
que momentaneamente.
O tenente saiu atrás do seu pai, do ex-
comandante Dylan Meyer. Logo atrás
seu tio e atual comandante se assegurava
de fechar a porta destruída atrás de si.
__________ __________

Vivi ouviu a porta da frente se abrir e


desceu as escadas correndo. Savi entrou
e eles se fitaram longamente.
-Está tudo bem?
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Ele consentiu sem palavras e começou a
subir as escadas.
-Savi?
Ela tocou no braço dele para pará-lo.
-O que aconteceu?
-Não matei o desgraçado se é isso que te
preocupa.
O rapaz terminou de subir e foi direto
para o banheiro. Vivi ficou apreensiva.
Ele estava frio com ela. Será que ele
estava pensando que ela havia
encorajado o major? Será que o amor
dela por ele não estava evidente o
suficiente para que ele confiasse nela
sem restrições?
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A menina esperou que ele saísse do
banho. O corpo molhado enrolado em
apenas uma toalha na cintura era uma
visão do paraíso. Ela se aproximou e
tocou as costas úmidas enquanto ele
escolhia uma camiseta para vestir.
Ele vestiu a camiseta ignorando as mãos
dela. Pasha enlaçou a cintura dele e
agora estava muito preocupada porque
ele sempre correspondia seu toque com
entusiasmo.
-Está chateado comigo?
-Não.
-Porque está me tratando assim então?
O homem se afastou.
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-Convidou o major pra entrar Pasha?
-Claro que não.
-Falou alguma coisa que pudesse ter
sido mal interpretado?
Ela cruzou os braços.
-Está achando que eu me insinuei pra
ele?
Savi passou as mãos pelo cabelo.
-Merda, não.
-Pois eu acho que sim.
Ela passou por ele tencionando sair, mas
ele a segurou.
-Não...- Ele a puxou pra si. –...desculpa,
eu só estou muito nervoso.

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Vivi sentiu que ele quase a esmagava em
um abraço tão forte que chegou a sufoca-
la.
-Desculpe.
Ele colocou a testa na dela.
-Não suporto saber que ele te tocou.
As mãos dele seguraram o rosto dela
com delicadeza.
-Me diz a verdade, me diz se ele...
-Não. Confie em mim...ele apenas queria
me magoar, mas não chegou tão longe
assim.
-Eu quase o matei...quase apertei o
gatilho. Se você não tivesse chamado
meu pai e meu tio...
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-Não queria que você se sujasse por
causa dele. Não vale a pena.
-Eu sei.
Ele a beijou suavemente, as mãos ainda
no rosto dela.
-Fiquei louco...não quero ninguém mais
colocando as mãos no que é meu.
Vivi sorriu e subiu as mãos pelo tórax
dele enquanto sentia seu corpo reagir ao
carinho que ele estava fazendo.
-Ninguém pode me tirar de você. Mesmo
que ele tenha tocado meu corpo, não
tocou meu coração. É você quem eu
amo.
-Diz de novo.
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-Eu te amo.
A boca dele desceu sobre a dela com
desejo e ela correspondeu se
enroscando nele. Os lábios esfaimados
se abriram para sugar a maciez da boca
dela. Os dedos dele desceram pelo
pescoço e escorregaram para dentro do
roupão.
Suavemente ele tocou os seios incitando
os bicos enrijecidos com os polegares.
-Estão doloridos?
-Estão loucos pra sentir você.
-Assim?
Ele segurou os seios com delicadeza
fechando as mãos em concha para
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segurá-los enquanto os acariciava. Vivi
não conseguiu reprimir um gemido de
satisfação. Seu corpo parecia nunca se
acostumar ao toque dele. Sempre
reagindo com enorme desejo.
-Sim...
Ela se esfregou na ereção imensa que
empurrava a toalha e então caminhou
para a cama puxando-o pela cintura.
Savi beijou a boca, o pescoço, ainda
marcado pela violência do major, e
desceu para os seios. Ele perdeu um
bom tempo sugando um, depois o outro,
levando a língua entre o vale sedoso. A
sucção que ele estava fazendo a levou a
loucura e ela podia jurar que gozaria
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apenas por sentir a boca dele tão
loucamente perdida em seus peitos.
Savi se deitou de costas, mas quando ela
fez menção de subir em cima dele, o
homem a virou e então o rosto dele
estava entre suas pernas mergulhando no
doce sabor do seu sexo excitado.
Por incrível que pudesse parecer, eles
nunca tinham transado nessa posição e
ela adorou. Afundou o membro dele em
sua boca tanto quando foi possível e
eles começaram a deliciosa troca de
carícias orais devorando um ao outro.
Vivi sentiu a língua dele se introduzir
profundamente em seu corpo e arqueou

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as costas empurrando-a mais e mais
fundo enquanto gemia
incontrolavelmente.
Ele lambeu toda a extensão molhada e
muito quente do sexo dela enquanto
deslizava sua mão pela bunda redonda e
macia. Ele movimentou os quadris em
um pedido mudo para ela continuar o
que estava fazendo com o pau dele, mas
Vivi estava tão absorta em seu mundo de
prazer que não reagiu. Ele resmungou
um pouco rouco.
-Não pare ai se quer que eu continue
aqui.
A menina o tomou na sua boca

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imediatamente e o sugou com força,
querendo retribuí-lo da melhor maneira
possível. As mãos delicadas
massageando as bolas muito cheias o fez
estremecer de prazer antecipando a
intensidade do que estava por vir.
Savi gemeu alto e começou a
movimentar os quadris com mais
rapidez. Ela tentava absorver todo o pau
dele, mas era difícil porque estava
sendo devorada pela boca do homem e a
cada minuto ficava mais e mais difícil
pra respirar.
Os gemidos, os sussurros e toda a
explosão sexual que os acometeu
poderia ter balançado o mundo como um
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terremoto de orgasmos múltiplos.
As energias foram sugadas em uma
descarga de sensações maravilhosas.
Vivi se arrastou pela cama e se
aconchegou à ele. Savi estava com o
corpo mole e tentava controlar sua
respiração alterada.
Eles adormeceram no instante seguinte,
nus e saciados.
__________ __________
Savi sentiu uma coisinha muito pequena
tentar subir em seu peito e sorriu ainda
sonolento. Desde que aprendeu a descer
da sua cama, Jordan acordava toda noite
e seguia pelo corredor, que sempre
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estava iluminado.
Ele chamava “papai” e então Savi
envolvia o corpinho pequeno e o menino
escalava o peito dele adormecendo
quase que imediatamente enroscado
entre os pais. Nos primeiros dias que
isso aconteceu Jordan ficou perdido no
corredor porque a porta estava fechada
e começou a chorar assustado, por isso a
porta agora estava sempre bem aberta.
Pela manhã algumas vezes ele
amanhecia agarrado à sua mãe, outras
vezes seu narizinho se enfiava no
pescoço do seu pai.
Era comum, aos fins de semana, os três

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estarem embolados um no outro até que
o garoto acordava um dos dois pedindo
leite.
Vivi já tinha dito que era necessário
tirar esse hábito dele porque quanto
maior ele ficasse, mais difícil seria
convencê-lo de dormir a noite toda no
seu quarto. Mas Savi não resistia à
vozinha infantil e sonolenta chamando
por ele.
Nessa noite em especial, depois do
ocorrido na casa do major, ele abraçou
Jordan ainda mais possessivo. Colocou
o menino no meio dele e de Pasha,
passou uma das suas pernas por cima da
dela e sua mão na cintura a puxou para
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mais perto. Uma conchinha de três. Era
assim que seria, porque essa era a
família que ele tinha escolhido pra ele,
era a família que ele amava
incondicionalmente.
__________ __________

A mãe de Vivi arrumou o arranjo do


cabelo enquanto a irmã afofava os
vários saiotes da saia.
-Está tão linda Vivi.
Os olhos marejados da sua velha mãe
quase a fizeram chorar também, mas sua
irmã foi firme em repreendê-la.
-Não chore ou ficará com o rosto todo
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escorrido pela maquiagem.
A cerimônia organizada foi simples, mas
muito bonita. No altar da pequena igreja
eles fizeram os votos e trocaram
alianças. Savi a beijou com suavidade,
depois segurou o rosto delicado e olhou
bem dentro dos olhos muito verdes e
prometeu ama-la por toda a vida. Ela
retribuiu a promessa.
O jantar oferecido pelo bistrô estava
meticulosamente bem preparado. Sam e
Chloe, os pais de Lily, se aproximaram
para felicitar o casal. Savi sorriu para
eles, não havia tensão, mágoa ou
desconforto algum. Eles sabiam que se a
noiva ao lado do rapaz não era Lily, não
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era por culpa dele. Por anos a fio ele fez
o possível e o impossível para
concretizar seus planos familiares com a
filha deles, mas a moça demorou muitos
condenados anos para se decidir e
quando o fez, havia sido tarde demais.
O homem abraçou Savi batendo em suas
costas, depois beijou a noiva com
afetuosidade.
-Faça esse garoto muito feliz menina.
-Eu farei.
Chloe estava um pouco emocionada.
Abraçou o rapaz com grande carinho,
mas cumprimentou Vivi com extrema
formalidade. Assim que eles saíram
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Savi olhou para sua esposa.
-Tudo bem?
-Ah sim...- Ela o abraçou pela cintura. –
Agora você é oficialmente meu e eu só
posso agradecer por isso.
Eles se beijaram e ninguém ali se
cansava de assistir a felicidade tão
explícita do casal. Mia os interrompeu
fazendo farra, erguendo um brinde e
chamando a todos para celebrar a
felicidade dos amigos. Ela ergueu sua
taça.
-Um brinde as solteiras desamparadas
que estão loucas para encontrar um
tesudo como o Savi perdido por ai.
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Todo mundo riu e ela completou.
-E é claro, um brinde ao casal mais
incrível que eu tenho a honra de chamar
de amigos. Felicidades aos noivos.
Todo mundo fez coro para brindar e Vivi
achou que estava vivendo seu conto de
fadas particular. Eles voaram para o
Brasil para duas semanas de férias no
Rio de Janeiro. Foi uma lua-de-mel a
três porque eles fizeram questão de
compartilhar esses dias com Jordan.
Dias felizes que ficariam para sempre na
lembrança.
__________ __________
A mulher do major estava dirigindo
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concentrada, pensando no que estava por
vir nos próximos dias. Um homem tinha
que pensar muito bem antes de machucar
uma mulher profundamente como Peter
tinha feito com ela. Os dias de glória
como superintendente da PF estavam no
fim. Em sua vida sucederia tristeza e
amargor e ela estaria lá para vê-lo
definhar na dor.
__________ __________

Vivi estava dançando na cozinha, Jordan


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balançava os joelhinhos pra lá e pra cá.
Savi entrou e teve que parar para
desfrutar da cena. Ele adorava esses
showzinhos que ela fazia. O short curto
atiçando a imaginação dele. A blusinha
branca bem colada no corpo tentando
sua sanidade. Deus, ele tinha que por as
mãos nela.
O homem se aproximou e agarrou sua
mulher entrando no ritmo da música
apenas para poder deslizar suas mãos
pelas curvas perfeitas dela. Quando os
dedos encontraram espaço na barra do
shorts para dentro da coxa, ele gemeu
baixinho.
-Vamos por o Jordan pra brincar na
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banheira.
A moça riu, mas o fato era que estava
toda quente e desejosa dele também.
-Ela se cansa logo, você sabe.
-Fazemos rapidinho.
Ele apalpou a bunda dela e a apertou
para faze-la sentir seu membro muito
inchado.
-Estou tão duro que sou capaz de gozar
em dez segundos.
Vivi deslizou sua mão pra cima e pra
baixo alisando o sexo dele.
-Deus Pasha, se continuar a fazer isso
não vou durar nem os dez segundos.

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-Rapidinho?
-Rapidinho.
Ele pegou Jordan e colocou sentado nos
seus ombros. O menino gritou feliz. O
homem subiu as escadas correndo
brincando de avião com o filho. Encheu
a banheira tão rápido quanto pode.
Jogou um monte de brinquedos aquáticos
e então Jordan estava eufórico para
brincar.
Quando entrou no quarto, o rapaz gemeu
sua excitação. Vivi estava
completamente nua fingindo que lia um
livro com os pés cruzados no alto dando
uma visão do seu corpo sedoso.

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Savi se aproximou devagar. Os gritinhos
de felicidade de Jordan ficando distante
em sua mente excitada.
-Ah Pasha...
-Você está com aquela cara...
-Que cara?
Ele sussurrou sentando na cama e
percorrendo a extensão da perna com as
mãos espalmadas.
-Cara de lobo-mau.
-Exatamente como estou me sentindo...
Savi baixou as calças, se esticou sobre
ela e estocou para dentro dela sem fazer
cerimonias.

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-Quero te devorar...
Ela sentia as batidas ritmadas do quadril
dele em sua bunda e um sentimento
crescente de tesão aflorado sacudiu seu
corpo todo.
-Mais...eu quero mais...
O homem acelerou o vai-e-vem e sentiu
suas bolas se apertarem com o gozo que
veio forte, glorioso e arrebatador.
Savi beijou o pescoço suado dela e
mordiscou o lóbulo da orelha.
-Os dez segundos mais maravilhosos da
minha vida.
Ele apertou a menina em seus braços e
depois saiu de cima dela. Ela se colocou
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sob os cotovelos e alisou o peito
musculoso do marido.
-Vai ser sempre assim?
-Vai.
-Ou vamos esfriando com o passar dos
tempos e quando ficarmos velhinhos
vamos nos deitar, dormir e roncar com a
boca aberta?
O homem riu da observação dela.
-Meu pai tem mais de sessenta anos e
ainda manda ver.
Ela gargalhou.
-Como você sabe?
-Sabendo.

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Ele se levantou e pairou sobre ela.
-Vou querer ter um outro bebê logo.
Vivi arregalou os olhos.
-Não tão já.
-Logo.
-Porque?
-Porque vai ser bom para o Jordan ter
um irmão. Vão crescer juntos e serem
companheiros, como eu e minha irmã.
Quero três filhos, talvez quatro.
Vivi teve que rir.
-Vai sonhando.
Ele riu também.
-Sim. Se bobear teremos cinco.
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É claro que ele estava brincando, mas
ela adorou saber que ele queria uma
família grande e fazia planos para o
futuro deles.
-Dois filhos são suficientes.
-Quero uma menina de cabelos escuros
como o meu e olhos verdes como os
seus.
-Mais alguma exigência?
-Quero transar de novo...agora mesmo.
Ela o puxou pela nuca para beija-lo. As
línguas se tocando gentilmente.
-Agora mesmo?
-Sim...

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A cabecinha loira e molhada de Jordan
apareceu na beirada da cama rindo. Savi
deu um pulo e saiu de cima da Vivi que
puxou o lençol para cobrir a nudez. O
pequeno subiu na cama molhando os
pais. Pasha agarrou seu menininho e o
beijou fazendo cócegas. Ele riu alto e
esticou os bracinhos para o pai salvá-lo.
Savi o pegou fingindo esconde-lo da
mãe. O menino estava se divertindo e
Vivi pensou que a vida dela não podia
ser melhor.
__________ __________

Naquele mesmo dia mais tarde, eles

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decidiram dar uma volta no shopping.
Vivi colocou Jordan na cadeirinha e
puxou o cinto de segurança. Ela se
sentou ao lado do marido e ligou o
rádio.
Savi manobrou na garagem e saiu pela
rua aumentando a velocidade
gradualmente. Ele olhou pelo retrovisor
uma vez e desacelerou. Em seguida
virou em uma rua fora do caminho do
shopping.
Vivi olhou pra ele sem entender.
-O que foi?
-Estamos sendo seguidos.
Ela ficou tensa.
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-Tem certeza?
-O carro estava parado na esquina da
nossa casa e tem nos acompanhado até
aqui.
-O que vamos fazer?
-Liga para a polícia e passa nossa rota.
Peça algum apoio. Vou retornar para a
avenida onde o movimento é maior e
dificulta qualquer abordagem. Fique
firme.
Savi virou o carro sem sobreaviso e
então tudo aconteceu muito rápido. O
motorista do outro veículo deu ré
habilmente e a perseguição se tornou
real.
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Pasha abriu o porta-luvas e tirou a arma
do tenente engatilhando-a com rapidez.
-Se abaixa Pasha, ele vai atirar.
Tentando manobrar o carro para pegar a
rodovia mais movimentada Savi
acelerou ruidosamente. Sons de tiro
podiam ser ouvidos através da lataria do
carro. Jordan começou a chorar com a
brusquidão dos movimentos. Vivi tirou o
cinto de segurança para mirar nos seus
atacantes. O som da sirene da polícia
anunciou a ajuda que eles precisavam.
Os perseguidores manobraram para
fugir.
Savi freou o carro de uma só vez. Pegou

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a arma da mão da mulher, abriu a porta e
se abaixou. Outros policiais se juntaram
a ele em uma confusão de tiros, sirenes,
gritos. O carro dos desconhecidos
seguiu uns metros sem rumou e deu de
frente com um muro.
O estrondo da batida ecoou pelo ar. Savi
ficou parado, olhando os demais se
aproximarem cautelosamente do veículo
arruinado e então um choro esgoelado
de uma criança trouxe o tenente de volta
à realidade. Ele olhou para o seu
próprio carro parado a meio fio e seu
coração congelou.
__________ __________

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...O estrondo da batida ecoou pelo ar.


Savi ficou parado, olhando os demais se
aproximarem cautelosamente do veículo
arruinado e então um grito de pavor
trouxe o tenente de volta à realidade.
Ele olhou para o seu próprio carro
parado a meio fio e seu coração
congelou.
- Não...não...não...Jordan...
Savi saiu correndo, abriu a porta e
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gritou por socorro.
-Preciso de uma ambulância. Uma
ambulância urgente.
Os dedos trêmulos da Vivi seguraram a
cabeça do filho que pendia para o lado.
-Jordan...Deus...ele foi atingido... – Savi
tentou tomar o pulso dele, mas as mãos
tremendo, os gritos da esposa e o
desespero de socorrer o filho dificultava
tudo.
Ele tirou o cinto de segurança com
extremo cuidado, seu coração
martelando descompassadamente. O som
da ambulância estacionando sequer foi
percebido tamanho a aflição deles.
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Somente quando os paramédicos se
aproximaram correndo é que se deram
conta de que não estavam mais sozinhos.
-Amor, você vai ficar
bem....Savi...Doutor...
Vivi não sabia a quem chamar, o que
pensar. Enquanto o filho era colocado
dentro da ambulância e Vivi se sentava
em prantos ao lado dele, o tenente se
colocou atrás do volante e saiu em
disparada para o hospital.
-Vai ficar tudo bem...tudo bem.
O tenente não tinha condições de
raciocinar com clareza. Seu coração
estava apertado, desesperado. Precisava
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falar com alguém, sentia que ele e Vivi
precisariam dos amigos, da família.
Ligou pra sua irmã.
-Sis...ele foi baleado...ele não está
bem...não está bem.
-Jú? Jesus Cristo, o que aconteceu?
-O Jordan, ele foi baleado...me encontra
no hospital.
Não havia tempo para explicações. A
imagem do Jordan desfalecido dava
calafrios nele e os gritos da Vivi ainda
ecoavam em sua mente. O tenente tinha
uma sensação horrível oprimindo seu
peito. Ele pensou em sua mulher e no
filho deles, tão lindo, e rezou porque
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não podia nem pensar que ele...não...
nem pensar. Ele ficaria bem.
__________ __________
Inexplicavelmente Savi sentiu que o
tinha perdido assim que colocou os pés
no hospital. Vivi estava desesperada na
sala de espera e correu para o braço
dele.
-Ah Deus, Savi...não vou suportar...
Antes que pudesse dizer qualquer coisa
o médico veio até eles no momento
exato que sua família entrava afobada e
se postava ao seu lado.
-Sinto muito. Ele não resistiu.
O tenente sentiu seu mundo desabar.
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Uma dor na boca do estomago, um
sufocamento que lhe tirou o ar. Vivi se
agarrou a ele sufocando seu grito de dor.
Ele olhou para seus pais com expressão
incrédula. Seu bebê, seu menino lindo
tinha partido para sempre. Só podia ser
um pesadelo.
A mãe e a irmã choraram silenciosas.
Eduarda abraçou Vivi e as três mulheres
choraram desesperadas. Savi olhou para
seu pai.
-Não é verdade...
-Filho...
A realidade se abateu sobre ele e o
homem reagiu com violência. Ele pegou
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o médico pelo colarinho e o prensou na
parede.
-Faça alguma coisa. Salve a vida
dele...Traga-o de volta pra mim.
Antonino e Murilo o seguraram pelos
ombros.
-Júnior...
-Deus, não...ele não se foi, é o meu
filho, pai...
A dor no rosto dele era insuportável de
presenciar. Murilo abraçou seu filho e
chorou com ele. Um choro desesperado,
descrente, doído.

A impressão que Savi teve quando


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entrou no leito infantil do hospital, era
de que ele estava dormindo. Seu rosto
sereno parecia tranquilo. Ele engoliu em
seco, Vivi apertou a mão dele e juntos
caminharam até a beirada da cama. Um
pequeno curativo no peito, onde a bala o
tinha acertado, era a única evidência
daquela tragédia que eles estavam
vivendo.
Seus pais se aproximaram e ele pediu
com voz baixa.
-Podem nos deixar sozinhos com ele?
Eles consentiram e então Vivi se sentou
ao lado do seu filho. Ela pegou a
mãozinha ainda quente dele e acariciou

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seus dedos, mas estes já não
respondiam. Havia tanto que ela queria
dizer, mas as palavras não saiam.
Algumas horas antes eles estavam
brincando com ele e planejando dar
irmãos para que ele tivesse companhia,
agora ela estava ali, observando-o
desacordado, sem vida. Um minuto
apenas e tudo virou de cabeça pra baixo.
Era seus últimos momentos com ele e a
idéia de que seu tempo tinha se tornado
tão limitado doía na alma.
-Ele não vai crescer, não vai à escola...
As lágrimas dela desciam silenciosas.
-Não vou ver meu filho se formar, ou
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namorar...não vou mais vê-lo sorrir.
Savi tinha consciência de que a dor dela
era impossivelmente maior que a de
qualquer outra pessoa. Era inacreditável
aceitar que ele tinha morrido assim,
cedo demais. Vivi abraçou seu filhinho e
sussurrou.
-Eu te amo demais.
O tenente abraçou sua esposa bem
apertado, beijou levemente seus cabelos
e chorou com ela.
Um tempo depois Murilo entrou
novamente no quarto e amparou seu filho
e sua nora. A única coisa que ele podia
fazer agora era rezar para que Deus
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desse forças pra eles suportarem toda
essa dor.
__________ __________
O funeral do pequeno Jordan foi a coisa
mais triste que todos os presentes já
tinham presenciado. Estavam todos
inconsoláveis, a melhor amiga de Vivi,
Mia, se postou ao lado dela dando lhe
todo apoio. Os colegas de trabalho não
conseguiam expressar o tanto que
sentiam muito.
Savi estava de óculos escuros abraçado
com sua mulher. Ele não a tinha largado
um único minuto nas últimas horas. O
padre dispensou palavras de conforto,

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mas nada aplacaria a ira no coração do
jovem tenente.
Todo o sofrimento de Vivi aumentava
ainda mais sua dor, sua perda e sua fúria
para encontrar os responsáveis. Ele
jurou que encontraria o mandante e
vingaria a morte de Jordan com suas
próprias mãos.
O homem olhou o pequeno caixão
branco descer pela sepultura e sabia que
parte do seu coração estava sendo
enterrado junto. Ele se abaixou, pegou
um punhado de terra e jogou, depois
colocou uma pequena quantidade na mão
trêmula de Vivi

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-Diga adeus pra ele.
Vivi soltou a terra e enterrou seu rosto
no peito do marido.
Na saída Peter Sparks veio até eles. A
expressão do homem estava endurecida
pela emoção e a voz quase embargou
quando ele falou.
-Toda a minha equipe já está
trabalhando nisso tenente.
Savi concordou com a cabeça.
-Eu...sinto muito.
O major estendeu a mão pra tocar a
bochecha de Vivi. Savi a puxou para si
impedindo o contato.
-Meu tio está cuidando disso Sparks.
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Lily se aproximou e o major pediu
licença e se retirou. A moça abraçou o
ex-noivo um pouco sem jeito e falou
com sinceridade.
-Estou aqui se precisarem de alguma
coisa.
-Obrigado.
Eles não fizeram cerimonia,
simplesmente foram embora e a deixou
ali, só queriam ir pra casa, sair daquele
ambiente fúnebre e ir para onde tinham
apenas boas lembranças pra conviver.
__________
__________
Entrar em casa foi ao mesmo tempo
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angustiante e pacífico. Havia brinquedos
na sala e o cheirinho de criança dele
ainda pairava no ar. Vivi inspirou forte
para poder senti-lo mais profundamente.
Jordan ainda era uma presença forte ali
dentro. O tenente ficou olhando sua
esposa, quase catatônica subir a escada.
Ela seguiu direto para o quarto dele. Se
deitou na cama e se encolheu em sua dor
abraçada ao travesseirinho dele.
Ela não teria mais seu filho para segurar,
nem presenciaria as mudanças
decorrentes da adolescência porque
Jordan nunca alcançaria a puberdade.
As coisas mais simples como as
brincadeiras no banho ou o aconchego
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na hora de dormir estavam extintas para
sempre.
Savi se curvou para beija-la.
-Você tem a mim e eu te amo muito.
Savi acordou com o pescoço doendo.
Tinha adormecido no sofá. Ele se
lembrava de ter ouvido um choro, um
lamento, mas sua mente sonolenta por
tantas horas sem dormir não processou a
fonte com precisão. O homem se sentou
no sofá e sorriu. Deus, tinha tido um
pesadelo dos infernos.
Ele saiu correndo e subiu as escadas de
dois em dois degraus. Entrou no quarto
do filho e encontrou Pasha sentada no
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chão, com os olhos paralisados e um
ursinho de pelúcia nas mãos. O impacto
da sua nova realidade empalideceu seu
rosto esperançoso. Não tinha sido um
pesadelo.
Vivi viu o rosto lindo do seu marido se
transfigurar na dor e balançou a cabeça
em negativa.

-Ele não vai voltar...não vai...Eu não


vou conseguir Savi.
Ele se ajoelhou ao lado dela e tomou seu
rosto entre suas mãos, limpou suas
lágrimas.
-Eu estou com você amor...não está
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sozinha.
Eles ficaram um tempo abraçados. Savi
sabia que haveria uma longa caminhada
pela frente e ainda que ele mesmo
estivesse destruído, tinha que ser forte
por ela. Vivi precisaria de todo o seu
apoio
-Meu tio está vindo para cá. Parece que
ele já tem informações bastante
relevantes sobre os assassinos.
Vivi concordou.
-Obrigado, mas não quero participar
disso. Só quero ficar aqui e sentir um
pouco mais a presença dele antes que
isso se vá para sempre.
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-Precisa se alimentar. Vou fazer um café.
-Não quero comer.
Mesmo assim ele foi até a cozinha e
preparou o café da manhã pra ela. Os
imensos olhos verdes estavam distraídos
com o teto decorado do quarto de
Jordan. Savi beijou seu esposa, colocou
a bandeja no criado mudo e se deitou
com ela. Vivi se aconchegou a ele e por
fim adormeceu.
__________ __________
Tiago Savi estava tomando café com
outros dois agentes quando o tenente
desceu. Ele se levantou e abraçou seu
sobrinho com um cumprimento
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tipicamente masculino. O homem não fez
nenhum comentário sobre o abatimento
tão evidente no rosto do rapaz.
O comandante apenas pensou que se
fosse seu filho que tivesse partido,
estaria insano agora.
-Consegui queda de sigilo bancário e
telefônico dos homens que te atacaram.
Ex-policiais aposentados. Tenho dois
homens na casa de cada um deles nesse
momento.
-Ex-policial? Por acaso um deles se
chamava James Schiavo?
-Sim? Você o conhecia?
-Não, mas ele andou me averiguando. Eu
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te falei, ele puxou uma copia do registro
do Jordan um pouco antes do meu
casamento.
Tiago pegou o celular e passou a
informação a alguém do outro lado da
linha. Assim que desligou, voltou a
falar.
-O departamento de informação já tinha
feito a ligação com os nomes. Estamos
perto. Seja quem for que tinha interesse
nisso, está com os dias contados garoto.
Savi sabia que sim. Seu tio fazia a
limpeza geral para o governo. Ele
chegava onde as autoridades que tinham
que prestar contas à população não

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podia chegar.
Um dos agentes que acompanhava o tio
perguntou sobre o trabalho de Vivi.
-Está claro que foi uma emboscada com
intenção de eliminar ou você ou sua
esposa. O garoto não era o alvo. Então,
será que podemos considerar uma
tentativa de queima de arquivos?
-Não acredito. Eu estou trabalhando
dentro da base em algo estritamente
sigiloso e sem chances de ter vazado e
ela era parte de um cenário
investigativo. As chances da cobertura
dela ter sido descoberta é quase nula e
Vivi não faz parte da equipe de invasão

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ou nada parecido. De fato, ela apenas
traz as informações e monta os
relatórios e dossiês.
-Nenhuma ameaça? Nada
comprometedor nos últimos dias?
-Nada.
Tiago ficou pensativo e depois de um
momento ele falou.
-Está me parecendo algo pessoal, mas
quero checar todas as possibilidades
antes de me firmar em algum ponto
específico.
Eles se despediram, saíram e Savi subiu
pra cuidar da sua esposa.
__________ __________
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Os dias passaram demasiadamente
lentos para o tenente e Vivi. Voltar ao
trabalho foi muito difícil.
Vivi parecia em estado de choque nos
dias que sucederam ao funeral e Savi
achou que ela precisaria de ajuda
médica. As pessoas achavam que o pior
da morte era enterrar seu ente querido.
Vivi pensava o contrário, pra ela foi
voltar a rotina porque foi nesse momento
que conheceu o significado profundo da
expressão “nunca mais”.
Todo mundo retomava sua vida normal e
você tinha que tentar se reencaixar no
mundo sabendo que nunca mais seria a
mesma pessoa. Essa idéia era o que
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mais a apavorava. A certeza de que
nunca mais veria o rosto lindo do seu
filho. Nunca mais o teria em seus
braços, ou seria acordada no meio da
noite com sua vozinha sonolenta que
pedia colo.
Enfim, mesmo arruinada
emocionalmente era obrigada a
caminhar adiante e fazer o seu melhor.
Duas semanas depois da morte de
Jordan, Tiago Savi novamente veio até
sua casa.
-Tenho algo importante pra dizer, mas
preciso que mantenham a cabeça no
lugar e ajudem-me a encaixar as peças

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do quebra-cabeça.
Savi sentiu seu sangue esquentar e Vivi
ficou em alerta.
-Fala tio.
-Todas as evidências apontam para o
major como sendo o mandante do crime.
O rapaz se levantou de um salto e olhou
indignado pra o comandante.
-Aquele desgraçado...ele me deu
condolências no dia do funeral.
-Não estou dizendo que foi ele, estou
dizendo que as evidencias apontam para
ele. Encontramos ligações feitas pelo
celular dele semanas antes para os dois
policiais, em horários diferentes, mas
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ainda não temos as gravações. Eu as
conseguirei em alguns dias. E além
disso, nós dois sabemos que ele tinha
muito medo da coisa toda sobre o
Jordan vir à tona.
-Ele ficou louco por causa da adoção.
Chegamos a discutir por causa disso.
-Pode ter sido um dos pontos. Uma
vingança por ter sido tirado da vida do
menino, ainda que não tivesse intenção
de assumi-lo.
Savi andou de um lado para ou outro.
-Eu vou mata-lo tio. Ninguém vai me
impedir...
-Vamos fechar todas as pontas antes de
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agir porque tem alguma coisa ai que não
se encaixa.
Savi fez dois drinks e estendeu um para
seu tio.
-Veja bem, Sparks é um homem que
conhece as diretrizes do nosso trabalho.
É no mínimo estranho que ele tenha sido
relapso em relação às ligações.
-O que está pensando exatamente?
-Acho que as evidencias foram deixadas
de propósito para nos levar à ele.
Qualquer um de nós que pensássemos
em sair da linha, saberíamos como
esconder as pistas.
Savi concordou e tentou buscar
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informações em sua mente que
pudessem ajudar seu tio nas
investigações.
-Está me parecendo que esse serviço foi
encomendado para atingir Peter. Algum
desafeto que sabia sobre ele e Vivi,
sobre a criança. Tem idéia de quem mais
conhecia a história deles.

-Além de mim, dela, de você e dele


próprio? Mia...
-Quem é Mia?
Vivi falou com convicção.
-Não foi a Mia...
Um minuto de silencio e então...
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-A mulher dele.
-Você a conhece?
-Eu a vi algumas vezes. Quando
descobriu que eu e o major estávamos
envolvidos a mulher o ameaçou e ele fez
muitos arranjos para me tirar da mira
dele. Eu me lembro dele sempre dizer
que ela era perigosa.
-Mas dois anos depois?
Savi concordou com a esposa.
-É possível, não é? Não sabemos o que
se passa entre os dois. Peter não fez
questão de esconder o quanto Vivi ainda
mexia com ele. Foi até a minha casa, a
atacou...
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-Vamos pegar esse fio. É uma merda que
os dois assassinos tenham morrido. Do
contrário já teríamos o mandante em
nossas mãos.
Eles terminaram de beber seus drinks.
Tiago olhou para o tenente e sua
pequena esposa. Estavam cansados e
abatidos. Vivi pegou uma foto em que
estavam os três e acariciou a imagem do
filho.
Savi foi até ela e a apertou em seus
braços e Tiago pensou que por sorte
Jordan eles tinham um ao outro para
preencher um pouco do vazio no
coração daquele casal.

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Tiago sentiu seus nervos pulsarem ao
ver a dor no rosto do sobrinho e de Vivi.
Mesmo sendo um homem durão e de
estar acostumado a ver atrocidades
dentro do seu campo de trabalho, o
comandante sentiu sua garganta se fechar
pela emoção.
Uma porcaria de uma situação muito
triste e injusta e Tiago Savi prometeu a
si mesmo que resolveria esse assunto em
tempo recorde.
__________ __________

Peter olhava pela janela e sentia suas


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mãos tremerem dentro do bolso da
calça. Então, sua mulher tinha mandado
matar seu filho bastardo e não bastasse
isso ainda havia plantado provas contra
ele. Que grande imbecil. Não sabia com
quem estava mexendo.
A dor da perda o tinha motivado a
trabalhar furiosamente em cima desse
caso. Inicialmente pensou que podia ter
sido algum tipo de perseguição política
contra Vivi, já que a moça estava
trabalhando disfarçada em um caso
policial onde muitos políticos
importantes estavam envolvidos.
Mas quando voltou do funeral do
pequeno, naquela tarde, sentiu a tensão
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da mulher que estava inquieta e bastante
apreensiva. Não precisou de muito para
chegar à verdade.
Falar era fácil, agora realmente ir
adiante em um plano de execução era
outra coisa. A mulher estava tremendo
nas bases. Ela sempre tinha
esbravejado e feito milhões de ameaças,
mas ele nunca imaginou que a filha-da-
puta chegaria tão longe. Os dias dela
estavam contados. Ainda que ele
relevasse essa insanidade, o que ele não
faria nem mesmo pelos seus filhos,
Tiago Savi e seu sobrinho, não
relevariam.
Ele próprio entregaria a mulher a eles.
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Tanto que fez para proteger a pequena
Vivi e o garoto e por fim, de nada tinha
adiantado
A porta se abriu. Sua mulher entrou
desconfiada. Peter a encarou com
rancor.
-Aquele comandante...
-Tiago Savi.
-Sim. Ele está te esperando na sala.
Peter consentiu. Já esperava por essa
visita. As provas implantadas para
incrimina-lo eram muito óbvias. Claro
que o homem chegaria até ele em
velocidade luz.
-Sabe o que ele veio fazer aqui?
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A mulher tentou parecer indiferente, mas
seu tom de voz estava claramente tenso.
-Porque eu saberia?
-Viviane Pasha está casada com o
sobrinho do comandante. Como bem
sabe, o homem adotou Jordan e o amava
como somente um pai de verdade pode
amar um filho.
O homem se levantou. Sua mulher tinha
os olhos esbugalhados. Não sabia do
parentesco. Deus, quando pensou em
uma forma de atingir Peter, apenas
queria tirar Vivi da sua vida para
sempre porque isso seria algo cruel e
doloroso que o afetaria profundamente.

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Nunca teve intenção de matar uma
criança. Os homens com quem planejou
disseram que pequenas provas
implantadas poderiam complicar a vida
do major consideravelmente. Ela
imaginou que ele fosse tomar a frente do
caso e ter algum trabalho para se
desvencilhar das possíveis acusações,
mas não contava com o tal do Tiago
Savi.
Muito se ouviu falar desse homem
durante todos esses anos de casamento
com Peter e agora definitivamente
estava certa de que estava em apuros.
Peter caminhou para a porta e a deixou
ali. Ela respirou fundo. No momento em
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que soube da morte do filho da ex-
estagiária se sentiu péssima. Todo o
ódio que sentia por ela, por Peter e pela
paixão que ele nutria pela moça pareceu
insignificante diante da culpa e do
remorso de ter tirado a vida de um bebê
inocente.
__________ __________
Tiago olhou para Peter e foi direto ao
assunto.
-Sabe porque estou aqui?
-Sim.
-Entrou em uma rua sem saída Sparks.
-Porque meu telefone foi clonado e
consta ligações para os assassinos?
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-Não apenas as ligações, trabalhou com
eles e estiveram juntos na sede da sua
nova equipe na semana em que a merda
toda foi feita.
-Não estive lá. Minha mulher usou meu
carro. E eles eram policiais
aposentados, é claro que já haviam
trabalhado comigo.
-Quando dá explicações tão claras
envolvendo sua mulher...
-Não precisamos mascarar as palavras
aqui, comandante. Sabe a que me refiro.
Tiago concordou. A coisa toda estava
fechada e tinham chegado à conclusão
de que a mulher do major estava
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fortemente envolvida, embora não
descartassem que ele também pudesse
ter participado.
-Sabe como eu trabalho.
-E não há motivos para se desviar da
sua linha de trabalho nesse caso em
especial. Faça o que tem que ser feito
comandante.
Tiago e Peter se encararam. Havia um
consentimento mudo do major para o
fechamento desse caso.
-Seus filhos...
-Não vão querer saber que a mãe é uma
assassina tanto quanto eu não quero uma
mulher que se desviou da lei para obter
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uma vingançazinha medíocre. E além
disso, como bem sabe, ela matou um dos
meus filhos...
Peter Sparks saiu da sala e uma semana
depois o major enterrou sua mulher.

Três anos depois...


Savi observava sua linda esposa, dando
entrevista para a TV local. Ela tinha
passado por uma tempestade da qual ele
achou que nunca conseguiria resgatá-la,
mas felizmente as coisas pareciam estar
entrando nos eixos.
A ONG que eles tinham fundado para
apoiar pais que sofreram a perda de
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seus filhos queridos havia crescido de
maneira muito rápida e tinha sido o
refúgio de Pasha desde que o pequeno
Jordan tinha partido.
Foram dias terríveis e um começo de
vida de casado muito difícil. Ele foi um
marido paciente e participativo. Sua dor
ao perder seu filho adotivo quase o fez
desacreditar da vida, mas nada se
comparou à dor da sua mulher ao perder
seu bebê querido diante de tamanha
violência.
O fato da pessoa que encomendou a
morte de Jordan ter pagado pelo crime
não amenizou em nada o sofrimento de
ambos, mas a vida havia continuado.
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Pasha foi forte e Savi estava orgulhoso
dela. Eles haviam mudado de casa
porque Vivi não conseguia lidar com o
lugar que trazia tantas lembranças do seu
filho querido.
Eles tinham alugado um bonito
apartamento no centro da cidade e então
veio a idéia de fundar a ONG Jordan
Pasha. Era uma homenagem ao menino
ao mesmo tempo que era uma maneira
de Vivi fazer algo por seu filho.
Savi ficava feliz de vê-la tão engajada
no projeto ajudando outras pessoas
enquanto usava sua triste realidade
como exemplo de força e superação.

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Assim que sua entrevista terminou ela
correu para os braços dele. O tenente
adorava essa ligação tão forte que eles
tinham desenvolvido no decorrer dos
anos.
Ele era totalmente dependente do amor
dela, da sua presença e sua vida estava
tão entrelaçada à felicidade dela que
chegava a oprimir seu peito. Era muito
bom saber que ela se sentia da mesma
maneira.
Savi nunca pensou que amaria alguém
dessa maneira tão intensa e única. Ela
era seu tudo, sua razão de viver.
-Não sei se gosto dessa sua fama

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repentina.
Ela sorriu docemente.
-Amo meu trabalho e essas pessoas
precisam de mim.
Ele sabia que sim. Vivi tinha se tornado
uma referencia entre as famílias
enlutadas e um nome poderoso quando
se tratava de lidar com o crime e a
violência contra crianças.
-Eu sei amor...e fico muito orgulhoso de
você.
Ela se esticou para beija-lo. A boca dela
era a perdição dele. Nunca se cansava
de estar com ela, de tocá-la ou de sentir
sua pele macia contra a dele.
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-Está com fome?
-Não. Quero ir pra casa.
Ele concordou e eles saíram de mãos
dadas. Não havia uma só pessoa que não
admirasse a paixão tão evidente do
jovem casal. Pareciam perfeitos juntos e
mesmo tendo passado por algo tão cruel
quanto perder um filho, ainda sim, eram
um casal admirável.
Savi entrou em casa e agarrou sua
esposa. Ele a beijou com fome de sentir
seu calor. Vivi usou sua voz manhosa
para provoca-lo.
-Savi...Fizemos hoje de manhã...
-Isso já tem cinco horas.
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Ela riu dele. Seu marido era um
insaciável, mas ela adorava que ele
fosse assim porque seu desejo por ele só
crescia. Logo que perderam Jordan ela
ficou muito desolada e a vida social e
sexual deles tinha sofrido drasticamente.
Aos poucos ela foi se recuperando e
tentando se reerguer. Savi nunca
reclamou, nunca forçou a barra. Ele
tinha sido maravilhoso e isso fez com
que ela o amasse ainda mais.
Adorava se fazer de difícil porque isso
o excitava, o deixava louco.
-Vou fazer alguma coisa pra gente comer.
-Eu sei bem o que eu quero comer...e

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não tem nada a ver com os ingredientes
de uma refeição.
-Ah não?
-Sabe que não.
Ele chupou seu pescoço e escorregou
sua mão pela cintura até alcançar seu
traseiro perfeitamente redondo. Vivi o
empurrou delicadamente.
-Estou com fome Savi.
O homem parou o que estava fazendo e a
encarou de maneira estranha. Ela
brincava de ser difícil, mas nunca
resistia aos seus carinhos, entretanto
hoje, ela parecia que não estava muito a
fim e ele se preocupou.
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A moça de desvencilhou dos braços
dele.
-Porque não vai tirar essa roupa? Eu vou
arrumar um lanche pra nós.
-O que está acontecendo Pasha?
-Nada.
-Nunca me disse não.
-Apenas estou cansada.
-Não é verdade.
-Claro que é.
Ela se dirigiu pra cozinha e ele a
segurou pelo braço.
-Me diz...
Ela segurou o rosto aflito dele.
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-Amor, estou com fome. Apenas isso.
-Posso te alimentar com algo delicioso.
Ele a segurou pela cintura e ela sorriu,
mas saiu do abraço.
-Vai se trocar e desce logo porque quero
almoçar.
Ele concordou, mas sua expressão
estava preocupada.
Savi subiu as escadas um pouco
contrariado e Vivi sorriu sozinha. Ela
ficou bem parada esperando ele
retornar, porque ele voltaria bem rápido.
Quando o homem reapareceu no alto da
escada, minutos depois de ter subido,
ele tinha um papel na mão e um
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sapatinho de bebê no outro.
-Vivi?
Ela deu de ombros e já tinha os olhos
úmidos. Ele desceu correndo e a
abraçou forte, rodopiando-a pela sala.
-Quando soube?
-Recebi o resultado hoje de manhã pela
internet. O sapatinho era do
Jordan...Arrumei tudo antes de sair para
dar a entrevista.
Savi estava tão emocionado que não
conseguiu impedir as lágrimas de subir
em seus olhos.
-Sabe como estou me sentindo o homem
mais feliz do mundo hoje?
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-Deus Savi, eu quero essa criança, quero
tanto que chega a doer...mas...
-Vamos ama-la e protege-la. Vai ser tudo
diferente Vivi. Jordan foi um anjo que
infelizmente ficou muito pouco tempo
conosco, nunca deixaremos de amá-lo.
Apenas vamos estender esse amor à esse
outro bebê.
Ele colocou a mão na barriga ainda
muito reta dela. Vivi concordou e se
aconchegou a ele.
-Eu te amo muito.
-Eu te amo também amor.
Eles se beijaram e Savi achou que nunca
tinha sentido tamanha felicidade. Há
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tempos queria outro filho, mas tinha
medo de tocar no assunto com a Vivi e
ela ainda não estar pronta. Quando
entrou no quarto e viu o sapatinho em
cima da cama com um papel do lado seu
coração disparou.
Pegou a folha com os dedos trêmulos e
ao terminar de ler fechou os olhos
emocionado. Que surpresa maravilhosa
ela tinha preparado pra ele. Vivi tomava
comprimidos e por certo tinha parado de
consumi-los quando se sentiu pronta
para dar esse passo.
A moça se esticou para beijá-lo. Sua
língua atiçou a libido dele e o homem a
segurou pela cintura erguendo-a o
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suficiente para que as pernas dela
enlaçasse sua cintura.
Eles subiram as escadas se beijando e
se amaram de maneira intensa e
especial. Ele se deliciou com o corpo
ainda muito em forma dela. Savi podia
imaginar como os seios ficariam
adocicados e inchados de leite além de
extremamente sensíveis e sua boca
salivou ao imagina-los cheios e
pontudos. A barriga se arredondaria e
ele queria fazer amor todos os dias para
que seu filho ou filha pudesse sentir o
quanto seus pais se amavam. Os
hormônios a deixariam ainda mais
sedenta por ele e o rapaz lhe daria todo
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o prazer que ela precisasse.
Essa gestação seria maravilhosa para
ela. Ele a paparicaria e realizaria todos
os seus desejos de grávida e ainda a
mimaria de diversas formas, amando-a
com dedicação.
Enquanto empurrava seu pau para dentro
dela, ele fazia juras de amor eterno e
Vivi gritava seu nome e repetia que o
amava vezes e vezes seguidas.
Quando terminaram eles ficaram se
acariciando e envoltos cada um em seu
pensamento até que ela disse.
-Eu gostaria que fosse uma menina e que
tivesse seus cabelos escuros e meus
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olhos claros.
Ele sorriu para a imagem que se formou
em sua mente. Sabia que se fosse uma
garotinha, ela se sentiria melhor pelo
fato de Jordan ainda permanecer sendo
seu único menino.
-Eu quero que seja uma criança saudável
e que seja toda você. Linda, meiga,
adorável.
Vivi o abraçou com mais força e
agradeceu mentalmente a Deus por ter
conhecido esse homem maravilhoso que
a cobria de amor e carinho.

Nove meses depois nasceu Valentina. Na


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sala de parto, Savi segurou sua
bonequinha nos braços e beijou sua
testa, emocionado. A vida lhes tinha
tirado um anjo loiro, mas tinha lhes dado
algo tão valioso quanto.
Valentina era muito branquinha como a
mãe, mas tinhas os cabelos escuros do
pai e os olhos muito verdes como os do
seu irmão. Eles podiam ver os traços de
Jordan nela e Savi ficou feliz de ter um
pouco do seu falecido filho em vida
novamente.
Seus familiares celebraram com eles e
Vivi estava tão maravilhada com sua
encantadora menininha que decidiu que
queria outra assim que estivesse pronta
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para engravidar novamente.
Savi sempre quis uma família grande e
ela cumpriria seu desejo não apenas
porque queria lhe agradar, mas porque a
pequena recém-nascida lhe trouxe uma
felicidade há muito tempo perdida e ela
soube naquele momento que queria mais
e mais dessa sensação em sua vida.
-Ela é tão perfeita.
-Sim, ela é. – O pai da menina a beijou
novamente. – Ela é nossa recompensa.
Vivi olhou para seu marido lindo e a
imagem dele segurando a filha que tanto
tinham desejado de maneira tão
apaixonada encheu seu coração de amor.
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A tempestade enfim se acalmou. Em seu
coração haveria sempre o espaço que
cabia ao Jordan. Ele seria eterno e
inesquecível e ela queria acreditar que
ele estava crescendo feliz em um lugar
muito melhor que aquele. Não queria
mais chorar por seu filho perdido,
queria fazer seu melhor para sua
pequena Valentina e dar irmãos a ela
enquanto envelhecia ao lado do homem
que amava tão profundamente.
Savi acariciou o rostinho miúdo da filha
antes de entrega-la à mãe para que
pudesse ser alimentada. Ele se sentou ao
lado da cama e sorriu para a imagem das
duas mulheres da sua vida. O homem
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ergueu os olhos para o céu e sussurrou.
-Obrigado.
Era um agradecimento a Deus por ter lhe
dado a chance de recomeçar ao lado da
família que tinha escolhido para si.
Valentina esticou os dedinhos
preguiçosamente e em um movimento
inesperado segurou o dedo do seu pai
que estava bem próximo dela.
Savi olhou para Vivi em nítida surpresa.
Deus, já amava esse menina com todas
as forças do seu coração. Ele beijou sua
esposa carinhosamente e ambos ficaram
curtindo aquele momento único com
imensa ternura e felicidade.

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