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Análise do filme Nise: O coração da loucura

Acadêmica: Lara Pereira Da Silva

Matrícula: 2220160057

Disciplina: Introdução à psicologia em medicina

Turma: XLI

Turno: Integral

OBS: prof, desculpa a péssima formatação do trabalho, meu word está dando
problema e eu ainda não descobri como que resolve.

O filme
“Nise: O coração da loucura” retrata a vida da psiquiatra alagoana Nise da Silveira (1
905a1999)., conta a luta que ela passou ao recursar aplicar técnicas de
eletrochoque e lobotomia em pacientes dado como perigosos devido suas
condições psiquiátricas irreversíveis.
Nise, depois de mais de 1 ano presa, por ser culpada de envolvimentos políticos,
volta ao trabalho no centro Psiquiátrico Nacional , e se encontra com uma cena
muito incômoda. No começo da década de 40, técnicas
animalescas como insulinoterapia, lobotomia e eletrochoque eram comuns no
tratamento de doentes mentais, sobretudo de esquizofrênicos. Nise não assentia
que a violência deveria ser empregada na tentativa de cura de doenças mentais.
Sua desmoralização, causada pelo fato de ser ex-presidiária, somada à questão de
ser uma mulher em
um local intensamente machista, atrapalhou o respeito de sua opinião. Assim,
acabou sendo encaminhada para o setor de Terapia Ocupacional do Hospital, em
uma posição de pouco valor.
Ela foi
encarregada dessa seção entre os anos de 1946 e 1974. No lugar de práticas
degradantes e desumanas que eram decorrentes nos hospitais psiquiátricos, a
médica passou a usufruir da arte como tratamento, inovando a lógica psiquiátrica
válida na época. A metodologia empregada por ela, foi estabelecida como uma
busca artística, científica e política, pois além de trazer inúmeros benefícios para a
promoção
psíquica, também ajudava na maneira em que os internos interagiam entre si.
Inúmeros talentos foram observados por Nise nessa iniciativa, fato que ocasionou a
criação de uma exposição para exibir às pessoas obras feitas unicamente pelos
pacientes com transtornos psiquiátricos. A exposição teve êxito e foi muito elogiada
por visitantes e críticos.

Capaz de observar sem julgamentos e olhar além do que estava exposto,


acompanhou cada história de vida revelada através das obras produzidas, levando
os profissionais que trabalhavam com ela, a crescerem emocionalmente com cada
encontro estabelecido com os internos. A crueldade e intolerância representados por
aqueles que rotulavam e estigmatizavam, cegos a verdadeira terapêutica, estiveram
presentes em seu caminho, mas não foram capazes de paralisá-la.

Nise levou seus pacientes a entrarem em contato com suas dores,


restabelecendo gradativamente o contato deles, com o mundo exterior. Os levou
para passear ao ar livre para que sentissem novamente a vida pulsar dentro de si,
deixou-se despentear por um interno esquizofrênico em uma proximidade humana
incomum naquele ambiente hostil e os vestiu de forma digna. Essa mulher marcou a
alma de todos com seu olhar sensível e forte e suas atitudes, em prol da dignidade
humana.

Os trabalhos desenvolvidos por Nise da Silveira são um grande divisore de


águas no serviço de psiquiatria no Brasil. Afinal, a partir da década de 1970, houve
mais debate sobre saúde mental, devido ao movimento da Reforma Psiquiátrica. Por
conta disso, a psiquiatra é bastante influente, pois trouxe um outro olhar para a
loucura por meio da arte.

Após a promulgação da Constituição de 1988, com a redemocratização do


Estado, e também por consequência da Reforma Psiquiátrica, veio a necessidade de
se debater de forma mais ampla a importância das terapias alternativas. Três anos
depois, em 1991, a partir da Portaria nº 189, foi aprovada a inclusão de grupos e
procedimentos na área de Saúde Mental. A referida Portaria visava a “necessidade
de diversificação dos métodos e técnicas terapêuticas”6 viabilizando, dessa forma, a
remuneração dos atendimentos em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
No ano seguinte, surge mais um instrumento de grande importância no âmbito da
Saúde Mental, a Portaria nº 224/19927, que regulamentou os Núcleos de Atenção
Psicossocial (NAPS) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). A publicação da
referida Portaria se deu, sobretudo, com o objetivo de humanizar o atendimento
assistencial ao público alvo, sendo assim considerado como um grande marco na
história das pessoas que enfrentam problemas de saúde mental, uma vez que a
Portaria proibiu a existência de espaços restritivos, a partir do enclausuramento do
indivíduo em celas fechadas e de difícil evasão.

Nesse contexto, conclui-se que Nise da Silveira é uma das mais influentes
precursoras do movimento da Reforma Psiquiátrica brasileira, pois, através da arte,
trouxe um outro olhar para a loucura, demonstrando que o fazer criativo proporciona
autoconhecimento, (re)significação e novos modos de subjetivação do sujeito, tendo
servido como inspiração para a estruturação dos modelos atuais dos Centros de
Atenção Psicossocial, conforme conhecemos atualmente, os quais estão
diretamente relacionados à percepção do sujeito no âmbito da Saúde Mental.

Em 15 de fevereiro deste ano, Nise completaria 117 anos, mas a sua luta reflete
os avanços que a psiquiatria já alcançou e o caminho que ainda precisa trilhar. Nise
da Silveira é mais do que atual, é sinônimo de resistência atemporal e expansão do
pensamento.

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