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Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra
Vasco Martins
vmartins@uc.pt
A idade média caracteriza-se, genericamente, por um período que
enfatiza o deteriorar do domínio político, económico e cultural na
Europa após o declínio do Império Romano.
Pauta-se por um sistema feudal, entre campesinato, nobreza e
clérigo.
Sistema O papado, sediado em Roma, é a autoridade central, dispondo de
uma vasta palete de poderes sobre as aristocracias e, portanto,
internacional sobre os reinos, Europeus.
moderno A língua oficial é o latim, já que as vernaculares são consideradas
‘inferiores’.
A economia é baseada na agricultura; a vida social gera-se em
torno da igreja católica; a dinâmica política centra-se sobre o/a
rei/rainha e a aristocracia vigente, por entre sistemas feudais e de
vassalagem.
O fim guerra dos trinta anos, um marco importante nas RI, entre
facções a favor e contra a dinastia Habsburgo, e substancialmente
em torno de questões religiosas, leva a várias alterações no sistema
político Europeu:
Industrialização;
Novas formas de poder assentes no capitalismo;
Colonialismo;
Sistema Secularismo;
Sistema A concorrência entre impérios foi fundamental no início do século XX. O facto
de as redes imperiais francesas terem sido ofuscadas pelas suas congéneres
britânicas só veio reforçar a convicção imperialista de que a missão
internacional colonizadora devia ser prosseguida com mais fervor.
no séc. XX Os restantes impérios Europeus, tal como o império português, seguem esta
mesma tendência.
A economia e cultura política do mundo imperial britânico, francês e de outros
antes da Primeira Guerra Mundial pode ser vista como uma espécie de rede
global.
As redes de migrantes ligavam os interesses da Europa Ocidental aos seus
contactos e comunidades coloniais. Era através delas que se trocavam ideias e
informações, se negociava confiança, se comercializavam bens e se viajava.
A Primeira Guerra Mundial começou entre Estados europeus e estendeu-
se a todo o mundo.
Foi a primeira guerra total moderna e industrializada, uma vez que os
beligerantes mobilizaram as suas populações e economias, bem como os
seus exércitos, e sofreram imensas baixas.
Sistema O assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro, o arquiduque
internacional Francisco Fernando, por um nacionalista sérvio, desencadeou a declaração
de guerra da Austro-Hungria contra a Sérvia. A aliança da Rússia com a
no séc. XX Sérvia e a aliança da Alemanha com a Austro-Hungria tornaram-se então
catalisadores de um conflito à escala europeia. A Alemanha temia uma
guerra em duas frentes, contra a França e a Rússia, e por isso atacou a
França em busca de uma vitória rápida. Esta ação não só fracassou, como
as obrigações do Tratado britânico para com a Bélgica levaram o Reino
Unido a entrar na guerra.
As frentes ocidental e oriental da Alemanha continuaram a ser o lugar do
combate, embora o conflito se tenha estendido a outras partes do globo,
como quando e entrada do Japão na guerra em 1914.
Mais importante ainda, os Estados Unidos entraram na guerra em 1917,
sob a direção do Presidente Woodrow Wilson.
O derrube do czar e a subida ao poder pelos bolcheviques, com a
Sistema Revolução Russa em novembro de 1917, levou a Rússia (que viria a tornar-
se a URSS) a procurar a paz.
internacional A Alemanha enfrentou uma nova ameaça com a mobilização da América.
no séc. XX Em 1918, Berlim aceitou um armistício.
O Tratado de Versalhes de 1919 não conseguiu resolver os problemas da
segurança europeia e, ao reestruturar o sistema estatal europeu, criou
novas fontes de descontentamento e instabilidade.
Os princípios da autodeterminação, defendidos nomeadamente por
Woodrow Wilson, não se estenderam aos impérios coloniais das potências
europeias.
A Primeira Guerra Mundial vem alterar o panorama global, já que
enfraquece os impérios europeus e cria novas lógicas de dependência
financeira que antes não existiam.
O facto de os britânicos e os franceses saírem da guerra dependentes
Sistema financeiramente dos Estados Unidos foi difícil de digerir.
no pós-guerra Que tipo de política externa iriam os Estados Unidos seguir sem um único
inimigo para combater?
fria Estas questões tiveram resposta com a eleição de Bill Clinton em 1992.
Apoiado por um eleitorado concentrado nos assuntos internos do país,
Clinton concentrou-se principalmente nas questões económicas,
relacionando a prosperidade interna à capacidade dos Estados Unidos para
competir no exterior.
No pós-Guerra Fria, não só o povo americano estava relutante em intervir
no estrangeiro, como não parecia haver razão para os EUA se envolverem
em conflitos no estrangeiro.
No entanto, como Clinton admitiu, os EUA não podiam retirar-se do
Sistema mundo. Pode ter havido pouca apetência para a intervenção militar,
especialmente após o desastre de 1993 na Somália, mas os EUA não
internacional estavam inactivos.
no pós-guerra Clinton insistiu no alargamento da OTAN em direcção às fronteiras de
Rússia..
fria Mais importante, permitiu que os Estados Unidos se concentrassem no
que melhor fazem: libertar o mercado interno e difundir os valores liberais
americanos no estrangeiro.
A desintegração da URSS cria novas urgências:
(i): o que fazer com o arsenal nuclear da URSS e como evitar que as armas
saíssem da antiga URSS;
Sistema (ii), cerca de 25 milhões de russos passaram a viver fora da Rússia; os
internacional novos países independentes da ex-URSS tinham que estabelecer relações
com uma Rússia que achava quase impossível pensar na sua relação com
no pós-guerra Estados como a Ucrânia e a Geórgia em termos que não fossem imperiais.
(iii) como fazer a transição de uma economia centralizada e planeada,
fria concebida para garantir o pleno emprego, para uma economia de mercado
competitiva, em que muitas das velhas indústrias que tinham sido o
alicerce da URSS (incluindo o seu enorme complexo militar-industrial) já
não eram adequadas ao seu objetivo.
Devido à rápida adoção da privatização ao estilo ocidental, a Rússia uma
intensa depressão: a produção industrial a caiu a pique, a pobreza
aumentou substancialmente e regiões inteiras, outrora dedicadas à
produção militar, registaram níveis de desemprego elevados.
Sistema A situação económica não mostrou sinais de melhoria com o passar do
internacional tempo. Em 1998, a Rússia viveu a sua própria crise financeira: aniquilou as
poupanças do cidadão comum e tornou o novo regime pós-comunista de
no pós-guerra Boris Ieltsin ainda menos popular. Um ano depois, decidiu demitir-se.
Entra Vladimir Putin. A desintegração da URSS, dizia Putin, tinha sido a
fria maior tragédia do séc. XX. Não haveria mais concessões ao ocidente.
A Rússia, insistiu, tinha que se afirmar com mais força - mais obviamente
contra aqueles que no Ocidente pensavam que podiam tomar a Rússia
como garantida.
A Europa e, em particular, a Alemanha beneficiaram com o fim da guerra
fria.
(i) um continente e um país que tinham estado divididos, voltavam a estara
unidos.
Sistema (ii) os Estados da Europa de Leste conquistaram um dos mais importantes
direitos internacionais: o direito à autodeterminação.
internacional (iii) foi eliminada a ameaça de uma guerra total com consequências
no pós-guerra devastadoras para toda a Europa.
A passagem de uma ordem para outra não se fez sem conflitos, como a
fria desintegração da Jugoslávia (1990-9) revelou de forma trágica. No
entanto, uma nova Europa unida, com as suas fronteiras abertas e
instituições democráticas, carregava muito optimismo.
A questão mais concreta de trazer o "Leste" para o "Ocidente", um
processo que se enquadrava na designação geral de "alargamento".
Em 2007, a União Europeia tinha aumentado para 27 membros (e a NATO
para 26). Durante este processo, os dois organismos também mudaram o
seu carácter de clube.
Sistema Para a crítica, o alargamento tinha sido tão rápido que o significado
essencial de ambas as organizações se tinha perdido: a UE estava tão
internacional empenhada em alargar que tinha perdido a vontade de integrar.
Foi impressionante a capacidade de instituições que tinham ajudado a
no pós-guerra moldar parte da Europa durante a Guerra Fria, agora a ser utilizadas para
funções novas para gerir a transição entre ordens políticas diferentes.
fria Os europeus desejaram uma Europa forte; no entanto, havia uma grande
relutância em entregar a Bruxelas poderes concretos no domínio da
segurança e defesa. Não estavam especialmente interessados em aumentar
a sua força colectiva investindo em hard power.
Na viragem do século, a EU tornou-se um ator económico formidável, com
uma economia conjunta superior à dos EUA. E continuava a ser o seu
parceiro económico mais privilegiado (domínio económico do ocidente).
no pós-guerra O progresso material alcançados na região desde o final da década de 1990, produto
de um modelo de desenvolvimento não democrático que recorre ao Estado
autoritário para impulsionar desenvolvimento económico.
fria Embora a Ásia não seja institucionalmente rica e não disponha de organismos como
a OTAN ou a União Europeia, tem conseguido construir um conjunto importante
de organismos que proporcionam alguma forma de voz e identidade colectivas.
A ASEAN é uma instituição mais flexível do que a UE, e o seu princípio subjacente
continua a ser o tradicional da soberania e da não interferência nos assuntos
internos de outros Estados soberanos.
A chave da prosperidade na Ásia é a China. Até há pouco tempo, a ascensão da
China não parecia ser motivo de grande preocupação.
A China não era como a Alemanha ou o Japão no período entre guerras, estava
satisfeita por crescer dentro do sistema liberal. A China também não procurava uma
confrontação com o ocidente: os EUA deveriam ser vistos como parceiros, não
Sistema inimigos.
Sistema No entanto, o desafio desta década pode não ser o excesso de poder e
determinação dos EUA, mas uma América instável que se cansa dos fardos da
unipolaridade.
internacional O facto de o unipolar defender automaticamente a unipolaridade.
contemporâneo Mas no rescaldo das desgastantes guerras no Iraque e no Afeganistão e da
pressão económica e dos défices crescentes associados à crise financeira global,
os Estados Unidos podem perder algum do seu entusiasmo em servir de
guardião global de última instância.
Democratas e republicanos estão divididos em questões que vão desde a guerra
no Afeganistão às alterações climáticas e ao controlo do armamento.
Se for necessário chegar a um compromisso político, este pode muito bem
implicar uma estratégia de contenção mais modesta e menos dispendiosa.
Os democratas e os republicanos estão divididos em questões que vão
desde a guerra no Afeganistão às alterações climáticas e ao controlo de
armamento.
Se for necessário chegar a um compromisso político, este pode muito bem
implicar a elaboração de uma estratégia de contenção mais modesta e
menos dispendiosa.
Sistema A grande estratégia dos Estados Unidos pode oscilar entre alternativas
internacional muito diferentes, consoante o partido que estiver no poder. Em termos
gerais, os republicanos favorecem o uso da força e evitam o
contemporâneo multilateralismo institucionalizado.
Entretanto, os democratas favorecem o multilateralismo e o
empenhamento em vez do exercício da força.
Mesmo que a unipolaridade persista, os seus efeitos internacionais podem
ser anulados pelas escolhas imprevisíveis que os americanos podem fazer
sobre quando e como utilizar o seu poder nacional.