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EM DEFESA DA VIDA, DA MEDICINA E DA SAÚDE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: PELO RESGATE DO PAPEL DO CFM

A sociedade brasileira assiste, estarrecida, às revelações de que operadora de plano de saúde Prevent Senior teria
usado pacientes como “cobaias” em experimentos em que foram utilizados medicamentos visando o “tratamento
precoce” da COVID 19, mesmo depois da comprovação da ineficácia destes medicamentos para a doença.

Tais experimentos teriam ocorrido com o cometimento de diversas irregularidades, dentre elas a sonegação de
informações aos pacientes, adulteração de prontuários, a omissão de óbitos, o uso indevido de medicamentos do
denominado “kit COVID” e a imposição de prescrição aos médicos do corpo clínico, em clara afronta ao preceito da
autonomia médica.
Investigações realizadas pela CPI da COVID e, agora, pelo Ministério Público de São Paulo sugerem que as práticas
ilícitas da Prevent Senior teriam se dado em estreita associação com o chamado “gabinete paralelo” articulado de
dentro do Palácio do Planalto, visando sobretudo incentivar a utilização ampla da hidroxicloroquina e da ivermectina,
ao tempo em que se desprezava a estratégia da vacinação e do distanciamento social.

Durante todo esse período, o Conselho Federal de Medicina - CFM manteve-se omisso em relação aos desmandos da
Prevent Senior e à própria utilização do “tratamento precoce”. Por sua omissão, o CFM tornou-se cúmplice do
governo federal nas políticas de enfrentamento a COVID19 contrárias ao preconizado pela OMS e por protocolos
internacionais, desconsiderando as melhores evidências científicas existentes.

Atuando de maneira desvirtuada, o CFM afastou-se de seu compromisso maior, que é a “defesa dos direitos dos
pacientes, a necessidade de informar e proteger a população assistida, buscando fazer com que a medicina est eja a
serviço do paciente, da saúde pública e do bem-estar da sociedade, de maneira harmônica e equilibrada”.

O conceito de “autonomia do médico” foi deturpado , passando a ter valoração amplificada e contrária à Ciência, ao
tempo em que a “autonomia do paciente” passou a ser sumariamente omitida, negando-se o que preconiza o próprio
Código de Ética Médica de que deva haver a “harmonização entre os princípios das autonomias do médico e do
paciente”.

Os prejuízos causados à saúde pública e, por conseguinte, à sociedade brasileira pelo posicionamento do CFM não
podem ficar impunes. Os próprios médicos e médicas brasileiros passaram a ser vítimas desse posicionamento, na
medida em que ficaram expostos à pressão brutal de interesses obscurantistas e mercantilistas, a exemplo do que
ocorreu com diversos médicos da Prevent Senior.

Nesse sentido, médicas e médicos defensores da ciência, da vida e da saúde da população brasileira, reiteram sua
cobrança ao Conselho Federal de Medicina para que assuma as responsabilidades previstas na legislação brasileira e
adote posicionamento condizente com o papel que lhe cabe. Ao mesmo tempo, solicitam ao Ministério Público Federal
e ao Tribunal de Contas da União para que adotem as medidas que se fizerem necessárias para que o CFM cumpra
suas responsabilidades institucionais.

Fortaleza (CE), 28 de setembro de 2021

Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia – ABMMD

Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares - RNMP

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