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Discussão de Casos clínicos

Professor Lucas Ferreira Alves


Tratamento da inflamação e da dor

1) Paciente A.R., menino, 16 anos, 60kg, é levado pela mãe ao consultório médico com queixa de dor
de garganta intensa e dificuldade para engolir. A mãe relata que o paciente apresenta febre há 3
dias e mau hálito. Ela também menciona que o paciente já teve episódios semelhantes no passado.
Durante o exame físico, o médico observa amígdalas inflamadas e avermelhadas, com presença
de exsudato purulento. Os linfonodos cervicais estão aumentados e sensíveis à palpação.
Temperatura axilar de 39,5ºC. Com base nos sintomas e no exame clínico, responda as seguintes
questões:

a) Qual o provável diagnóstico? Amigdalite


b) Qual seria o tratamento mais adequado para o paciente? Antibióticos e antiinflamatorio
c) Monte uma receita para o paciente
● Azitromicina 500mg- 5cp- 1 cp por dia durante 5 dias.
● Dipirona 500mg -1cx- Tomar 1cp de 8 em 8 hrs se dor ou febre.
● Nimesulida 100mg - tomar 1 cp de 12 em 12 horas.

d) Cite duas outras opções de anti-inflamatórios.


Flancox ( Naproxeno) 500mg- 1 cp por dia
Ibuprofeno 600mg- 1 cp por dia de 12 em 12 horas

2) Paciente J.S., mulher, 35 anos, comparece ao consultório médico com queixa de dor intensa e
inflamação nas articulações dos punhos e tornozelos há várias semanas. Ela relata rigidez matinal
nas articulações, fadiga e sensação de mal-estar geral. A paciente menciona que os sintomas
pioraram ao longo do tempo e estão afetando sua qualidade de vida. Durante o exame físico,
observa-se articulações edemaciadas, sensíveis à palpação e com limitação dos movimentos. Os
exames laboratoriais revelam elevação dos marcadores inflamatórios, como a proteína C reativa
(PCR) e a velocidade de hemossedimentação (VHS). Com base nos sintomas, no exame físico e
nos resultados dos exames, a suspeita é de uma doença autoimune, como a artrite reumatoide.

a) Qual seria o tratamento mais adequado para a dor da paciente no momento?


Aspirina
b) Cite alguns medicamentos que poderiam ser utilizados para o quadro de DOR dessa paciente e
suas classes (com pelo menos 3 classes diferentes).
Oxicans - Piroxicam, Meloxicam
Fenilacético- Diclofenaco
Salicilatos - Aspirina
3) Paciente R.S., homem, 45 anos, comparece à clínica com queixa de dor intensa na região lombar.
Ele relata que a dor começou há alguns dias após levantar um objeto pesado de forma inadequada.
A dor é aguda, constante e limita seus movimentos, interferindo em suas atividades diárias e
trabalho. Durante o exame físico, observa-se sensibilidade à palpação na região lombar e restrição
de movimento. Não há sinais de envolvimento neurológico. Com base nos sintomas e no exame
físico, o médico suspeita de uma lombalgia aguda, possivelmente relacionada a um episódio de
sobrecarga mecânica.

a) Qual seria o tratamento mais adequado para alívio da dor e redução da inflamação local nesse
caso e por quê?
Ibuprofeno 600mg
b) Além da medicação, quais orientações seriam passíveis de se dar ao paciente?
Evitar carregar peso
c) Cite 3 opções de anti-inflamatórios para esse caso.
Dipirona, Aspirina, Paracetamol

4) M.J. F., 45 anos, hipertensa e diabética, comparece ao pronto-socorro com dor e inchaço no
tornozelo direito. Paciente relata que torceu o tornozelo enquanto caminhava e, desde então, tem
sentido dor e dificuldade para caminhar. Ainda informa que já tomou ibuprofeno 600mg, mas a dor
persiste. Ao exame físico M.J.F apresenta inchaço no tornozelo direito, vermelhidão e dor à
palpação. Não há sinais de fratura ou luxação. A radiografia do tornozelo é normal. Hemograma,
eletrólitos e função renal estão dentro da normalidade. A hipótese diagnóstica é de entorse do
tornozelo. O médico prescreve diclofenaco sódico 50mg por via oral a cada 8 horas como
anti-inflamatório para aliviar a dor e o inchaço do tornozelo. Ele também recomenda que Maria
descanse e eleve o membro afetado sempre que possível. Após 3 dias de uso do diclofenaco,
Maria volta ao pronto-socorro com sintomas de náusea, dor abdominal, vômitos e diarreia. Exames
de sangue revelam uma piora na função renal. O médico interrompe o diclofenaco e prescreve
outro analgésico para o controle da dor.
a) Quais são os efeitos colaterais mais comuns do diclofenaco sódico?
Depressão, distúrbios do sono, comportamento psicótico além de:

● Distúrbios gastrointestinais: Isso pode incluir dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, azia e desconforto
estomacal.
● Úlceras ou sangramento gastrointestinal: O diclofenaco pode aumentar o risco de úlceras ou sangramento
no estômago ou intestinos, especialmente em pessoas que tomam doses mais altas por períodos
prolongados.
● Tontura ou dor de cabeça: Algumas pessoas podem sentir tonturas ou dores de cabeça ao tomar
diclofenaco.
● Reações cutâneas: Pode ocorrer erupção cutânea, coceira ou outras reações alérgicas na pele.
● Aumento da pressão arterial: Em alguns casos, o diclofenaco pode causar um aumento da pressão arterial.
● Retenção de líquidos: Em certos pacientes, pode ocorrer retenção de líquidos e edema.
● Riscos cardiovasculares: O uso prolongado e em doses altas de diclofenaco pode aumentar o risco de
problemas cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrames.

b) Quais são os fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de efeitos colaterais do
diclofenaco sódico? c) Qual é a conduta adequada para pacientes que apresentam efeitos colaterais
do diclofenaco sódico?

● Consultar um médico: Se os efeitos colaterais forem significativos ou preocupantes, é importante buscar


orientação médica imediatamente.
● Ajuste na dose ou mudança de medicamento: O médico pode decidir reduzir a dose do diclofenaco,
interromper o medicamento ou recomendar uma alternativa mais adequada.
● Monitoramento dos sintomas: Em casos de efeitos colaterais leves, o médico pode recomendar medidas
para aliviar os sintomas e monitorar de perto qualquer mudança.
● Tratamento dos sintomas: Se houver sintomas específicos, como problemas gastrointestinais, o médico
pode prescrever medicamentos adicionais para ajudar a aliviar esses sintomas.
● Considerar alternativas: Dependendo da situação, o médico pode sugerir outros medicamentos alternativos
ou terapias para tratar a condição sem os efeitos colaterais associados ao diclofenaco.

5) J. M. V. 60 anos, comparece ao pronto-socorro com queixa de dor no peito que irradia para a
mandíbula. Paciente com história de HAS, aterosclerose e doença arterial coronariana (realizou
angioplastia há 5 anos). J. M. V afirma que está em uso de ácido acetilsalicílico 100mg por dia como
prevenção de eventos cardiovasculares. Ao exame físico, J. M. V está consciente e orientado, com
PA:150/90 mmHg, FC: 80 bpm e SatO2 em AA: 97%. Ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações
significativas. Como protocolo do manejo de dor torácica, o médico solicita ECG que mostra elevação
do segmento ST em parede anterior. Além disso, Troponina de 4.000ng/mL. Com o diagnóstico de
infarto agudo do miocárdio, o médico prescreve ácido acetilsalicílico 300mg via oral, seguido de mais
100mg diariamente, além de outros medicamentos para o controle da dor e da pressão arterial. João é
encaminhado para realização de CATE (cateterismo cardíaco) urgente. Após a angioplastia, João é
mantido em uso de ácido acetilsalicílico por tempo indeterminado para prevenção de eventos
cardiovasculares. Ele retorna ao ambulatório para acompanhamento regular com o cardiologista.
a) Como o ácido acetilsalicílico atua na prevenção de eventos cardiovasculares?
Sua ação principal está ligada à inibição da agregação plaquetária, ou seja, ele diminui a capacidade das
plaquetas (células sanguíneas) de se aglomerarem para formar coágulos sanguíneos. Isso é importante na
prevenção de eventos como ataques cardíacos e derrames.
Os coágulos sanguíneos, quando formados em artérias coronárias ou cerebrais, podem bloquear o fluxo sanguíneo
para o coração ou cérebro, levando a um ataque cardíaco ou derrame, respectivamente. A aspirina age reduzindo
essa capacidade de coagulação das plaquetas, ajudando a prevenir a formação de coágulos que possam obstruir
vasos sanguíneos vitais.
Além disso, a aspirina também pode ter efeitos anti-inflamatórios e ajudar na redução da inflamação em vasos
sanguíneos, o que pode ser benéfico na prevenção de certos eventos cardiovasculares.

b) Quais são os efeitos adversos mais comuns do ácido acetilsalicílico?


● Hemorragias, sangramentos por orifícios, desconforto gastrointestinal.

c) Quais são as precauções que devem ser tomadas ao prescrever ácido acetilsalicílico para pacientes
com doença arterial coronariana?

● Avaliação individual: Cada paciente é único e possui diferentes fatores de risco, histórico médico e
sensibilidade a medicamentos. Antes de iniciar o tratamento com aspirina, é essencial avaliar
cuidadosamente o paciente, considerando sua história clínica, condições médicas preexistentes e outros
medicamentos que possa estar tomando.
● Dosagem adequada: A dose de aspirina para a prevenção de eventos cardiovasculares em pacientes com
DAC pode variar. Em muitos casos, uma dose baixa de aspirina (geralmente 75-100 mg por dia) é
recomendada para reduzir o risco de coágulos sanguíneos e eventos cardiovasculares.
● Risco de sangramento: Pacientes com DAC têm um risco aumentado de sangramento devido a danos nos
vasos sanguíneos. O uso de aspirina pode aumentar esse risco, especialmente em doses mais altas. Avaliar
cuidadosamente o risco-benefício é essencial, especialmente em pacientes com histórico de úlceras
gástricas ou outros problemas de sangramento.
● Monitoramento regular: Pacientes em uso de aspirina para prevenção da DAC devem ser acompanhados
regularmente por um médico para avaliar a eficácia do tratamento, monitorar possíveis efeitos colaterais e
ajustar a dosagem, se necessário.
● Interações medicamentosas: É fundamental verificar se a aspirina não interage com outros medicamentos
que o paciente esteja tomando, especialmente aqueles que também afetam a coagulação sanguínea, como
anticoagulantes ou outros anti-inflamatórios.
● Educação do paciente: Informar e educar o paciente sobre o uso adequado da aspirina, incluindo a
importância de seguir a dosagem prescrita, os possíveis efeitos colaterais e a necessidade de consultar o
médico em caso de qualquer preocupação ou efeito adverso.

6) A.A.S, pertencente ao sexo masculino e de 24 anos, comparece à Unidade Básica de Saúde (UBS)
com queixa de epigastralgia iniciada há três dias. No decorrer da anamnese, o médico atendente
obtém a informação de que o paciente faz uso de nimesulida, pelo menos três vezes por semana e há
1 mês, para aliviar uma cefaleia do tipo enxaqueca que desenvolveu à época do início da medicação.
Nega a existência de outros sintomas e de outras condições crônicas. Diante do caso acima, responda
as questões abaixo:
a) Explique a relação entre o uso do fármaco ingerido por A.A.S e a sua relação com a queixa
principal.
O AAS pode interferir na produção de substâncias protetoras do estômago, como as
prostaglandinas, que são importantes para manter a integridade da mucosa gástrica. Quando essas
substâncias são reduzidas, o revestimento do estômago fica mais suscetível a lesões e irritações,
resultando em sintomas como dor abdominal na região superior.

b) Diante do caso, sabendo que A.A.S sofre de enxaqueca, qual o tratamento mais adequado para o
paciente no contexto apresentado?
Triptinas, ergotaminas, antagonista do receptor de calcitonina

7) J.M.D, de 55 anos e pertencente ao sexo masculino, comparece ao Pronto Atendimento (PA) com
queixa de dispneia e tosse secretiva purulentas associadas à febre referida de 39°C e dor torácica
ventilatório-dependente. O quadro teve início há 3 dias; inicialmente com síndrome gripal e com
evolução de apresentação dos sintomas explicitados nas últimas 48 horas. Durante o exame físico,
foram atestadas redução da expansibilidade torácica e crepitações em base pulmonar, ambas à direita;
além de saturimetria de 93%. Diante do presente caso, responda às seguintes questões:
a) Qual a hipótese diagnóstica mais provável para o caso de J.M.D?
PAC- Pneumonia adquirida na comunidade
b) Tendo como referência os conteúdos estudados até o momento, estabeleça um possível tratamento
para a febre, tosse e dor torácica ventilatório dependente de J.M.D sem se fixar à etiologia de sua
condição.
Dipirona 500mg de 6 em 6 horas se febre
Paracetamol 750 mg de 8 em 8 horas se dor
Acilcisteína 40mg/ml- 15 ml, via oral , antes de dormir.
8) Marcos Djalma, de 21 anos, comparece ao Pronto atendimento após queda de motocicleta, com
queixa de forte dor na perna esquerda, após ser avaliado pela Ortopedia, constatou-se a fratura da
fíbula esquerda, antes de ser liberado, é prescrito a medicação para dor.
a) Escolha a melhor opção terapêutica para controle da dor do paciente.
Codeína e paracetamol
b) Explique o mecanismo de ação dos fármacos supracitados.
Os opióides têm como alvo farmacológicos os receptores mu, kappa e delta. Quando estes são
ativados por seu ligante na membrana pré-sinaptica, provocam redução do influxo de cálcio,
dificultando o transporte vesicular de neurotransmissores e, por consequência, a própria sinapse
excitatória para a medula espinal. Já na membrana pós-sináptica, a ativação dos receptores provoca
aumento do efluxo de potássio, hiperpolarizando a membrana neuronal e consequentemente
bloqueando a transmissão do impulso nociceptivo.

9) V.B. é uma mulher de 28 anos, imc=20, que sofre de artrite reumatoide e é tratada com ibuprofeno
(AINE). V.B. comparece à emergência de uma maternidade da cidade com hemorragia. V.B. refere
estar grávida à três meses e não realizar o acompanhamento pré-natal por morar na área rural, longe
do posto de saúde.
a) O que provavelmente causou a hemorragia de V.B.?
Vide um estado de gravidez prévio, o ibuprofeno causou essa hemorragia, por inibir,
preferencialmente, a COX-1. Logo, há uma predisposição maior ao sangramento.
b) Que alternativa você sugere em relação ao tratamento da artrite? Podemos usar um
glicocorticoide?
A alternativa medicamentosa seria paracetamol. Não podemos usar glicocorticoides, já que esses
elevam a glicemia. Portanto, predispõe à macrossomia fetal entre outras intercorrências gestacionais,
como incompetência istmo-cervical.
c) Quais as consequências caso a paciente retomasse o tratamento com AINE em um período mais
próximo ao parto?
Hemorragia severa, hipóxia, sofrimento fetal.

d) V.B. está com gastrite e resolve usar o medicamento da irmã (misoprostol; análogo da
prostaglandina PGE). O que acontecerá com o filho de V.B.?
Risco de parto prematuro, em virtude das contrações uterinas promovidas pela PGE

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