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Denomina-se micologia o estudo dos fungos. Durante muito tempo, foram classificados como vegetais
aclorofilados, posteriormente, foram incluídos no reino Protista. Nos sistemas mais modernos de
classificação, formam um reino só deles: o reino Fungi.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Os fungos ou micófitos são seres unicelulares ou pluricelulares, eucariontes, heterótrofos, aeróbios ou
anaeróbios, encontrados nos mais variados ambientes, preferencialmente os úmidos e ricos em matéria
orgânica. De morfologia e tamanhos variados, esses seres apresentam desde espécies microscópicas,
como as leveduras unicelulares, até espécies macroscópicas, como os champignons (cogumelos
comestíveis).
Os pluricelulares são filamentosos, isto é, as células se organizam formando filamentos denominados
hifas que podem ser asseptadas ou septadas.
• Hifas asseptadas ou cenocíticas: não possuem
septos transversais. Nesse caso, as hifas apresentam
vários núcleos haploides dispersos em uma massa
citoplasmática comum.
• Hifas septadas: apresentam septos ou paredes
transversais, separando as células. Nesse caso,
as células podem apresentar um ou dois núcleos
haploides.
Tipos de hifas – a. Hifa asseptada ou cenocítica; b. Hifa septada com células mononucleadas ou hifa
unicariótica; c. Hifa septada com células binucleadas ou hifa dicariótica.
O conjunto de hifas de um fungo recebe o nome de micélio. No micélio, existem hifas vegetativas,
encarregadas da nutrição, e hifas reprodutoras, especializadas na reprodução.
A parede celular das células dos fungos é rígida, sendo constituída basicamente por quitina, um
polissacarídeo nitrogenado que também é encontrado no exoesqueleto dos animais artrópodes. Os
fungos não têm celulose na sua parede celular, exceto alguns fungos aquáticos.
Não armazenam amido como substância de reserva. À semelhança do que ocorre nos animais, os fungos
armazenam glicogênio em suas células.
São seres aclorofilados, heterótrofos. Muitos são saprófagos e crescem sobre os mais variados
substratos orgânicos, como restos de vegetais em apodrecimento, animais mortos, fezes, etc.,
promovendo a decomposição desses organismos. Tais fungos realizam digestão extracorpórea, liberando
enzimas que digerem o substrato orgânico e absorvem, em seguida, as substâncias provenientes da
digestão. Algumas espécies de fungos vivem associadas a outros seres vivos, mantendo com estes
relações de mutualismo ou de parasitismo. Existem ainda poucas espécies que são predadoras de
pequenos animais, geralmente, vermes nematódeos encontrados no solo e em raízes apodrecidas.
Nessas raras espécies predadoras, um dos mecanismos de captura do alimento consiste na produção de
uma substância viscosa sobre a superfície das hifas, à qual ficam presos pequenos vermes. A seguir, o
fungo emite hifas que penetram no corpo do verme e absorvem os seus tecidos, conforme ilustrado na
figura a seguir:
Nematoda capturado por fungo. Observe a presença de hifas no interior do corpo do nematoda,
absorvendo seus tecidos.
Acredita-se que os fungos tenham evoluído a partir de algas, tendo, no entanto, perdido a condição
autótrofa.
A reprodução pode ser assexuada ou sexuada e, quase sempre, envolve a participação de esporos.
Os esporos dos fungos são células haploides que, ao germinarem, dão origem a um indivíduo haploide.
No quadro a seguir, estão os principais tipos de esporos formados pelos fungos.
• Zoósporos – Dotados de flagelos, os zoósporos são esporos móveis encontrados em fungos aquáticos
e formados no interior de estruturas especiais denominadas zoosporângios.
• Aplanósporos – Sem mobilidade própria, esse tipo de esporo é transportado pelo vento e produzido
no interior de estruturas denominadas esporângios.
Rhizopus (bolor preto de pão), um fungo terrestre – Esse fungo possui hifas especiais,
denominadas rizoides, que penetram no substrato, participando do processo de absorção de alimentos.
• Conidiósporos – Também sem mobilidade própria,
sendo transportados pelo vento, os conidiósporos são
menores do que os aplanósporos e produzidos em
filas, na extremidade das hifas.
Formação dos ascósporos – As hifas responsáveis pela formação dos ascósporos são do tipo
dicarióticas. Inicialmente, nessas hifas ocorre a fusão dos dois núcleos haploides (n), originando um
núcleo diploide (2n). Em seguida, esse núcleo diploide sofre uma meiose, formando quatro núcleos
haploides. Esses quatro núcleos haploides sofrem mitose, originando dentro do asco oito ascósporos
haploides.
a - Fusão de núcleos haploides; b - Núcleo diploide; c - Final da meiose, com 4 núcleos haploides; d -
Após mitose, 8 ascósporos no interior do asco
• Basidiósporos – Em número de quatro, os basidiósporos são formados numa célula fértil claviforme,
denominada basídio e localizada na extremidade de uma hifa.
No grupo dos ascomicetos, existem espécies que, além dos ascósporos, também produzem
conidiósporos. Isso acontece, por exemplo, com as espécies dos gêneros Penicillium e Aspergillus.
Claviceps purpurea, fungo do qual se extrai o LSD. Notar o micélio do fungo crescendo sobre o grão
de cereal.
C) Basidiomicetos – Formam o grupo mais
evoluído de fungos. Acredita-se que tenham se
originado dos ascomicetos. Os cogumelos e as
orelhas-de-pau são os seus representantes mais
conhecidos.
Os basidiomicetos são fungos filamentosos com hifas septadas. No micélio, a parte vegetativa
geralmente é subterrânea, estendendo-se, muitas vezes, por vários metros abaixo do solo. Desse
micélio subterrâneo, emerge um corpo de frutificação denominado basidiocarpo, constituído pelo estipe
(pé) e pelo píleo (chapéu). No seu “chapéu”, o basidiocarpo contém inúmeras hifas de reprodução
denominadas basídios, onde são produzidos esporos, os basidiósporos.
Ao se destacarem do basídio, os basidiósporos são disseminados pelo vento e, ao caírem num meio que
lhes seja favorável, germinam e originam hifas septadas monocarióticas. Da fusão de duas hifas
monocarióticas, surge uma hifa dicariótica, que, desenvolvendo-se, origina um novo micélio. Para melhor
exemplificar o ciclo de vida de um basidiomiceto, vamos considerar o ciclo dos representantes do gênero
Agaricus que está esquematizado a seguir:
UTILIDADES E NOCIVIDADES
DOS FUNGOS
No grande reino dos fungos, muitas espécies se destacam pelas utilidades que trazem ao homem e ao
meio ambiente. Por outro lado, algumas espécies também se destacam por serem prejudiciais ao
homem, a outros animais e às plantas.
Utilidades
• Atuam como decompositores, tendo, portanto,
papel importante na reciclagem da matéria nos
ecossistemas e no enriquecimento do meio
abiótico com nutrientes minerais, indispensáveis ao
desenvolvimento dos produtores.
• Alguns vivem associados com raízes de plantas
formando as micorrizas, relação em que há uma
troca mútua de benefícios. As raízes das plantas
absorvem parte dos nutrientes minerais provenientes
da degradação dos restos de matéria orgânica do
solo realizada pelos fungos e, em troca, as plantas
cedem açúcares produzidos pela fotossíntese para os
fungos. Esse tipo de associação tem uma importância
relevante na agricultura, uma vez que disponibiliza
mais nutrientes minerais para o desenvolvimento das
plantas cultivadas.