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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


CURSO DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
DISCIPLINA EDUCAÇÃO FÍSICA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
DOCENTE PROF. JOSÉ LIBERATO
DISCENTES RUAN CARVALHO DINIZ
BRIAN MICHAEL S. TEIXEIRA
RAFAEL DIAS

ANÁLISE DA MÚSICA “A MÃO DA LIMPEZA” SOBRE A PERSPECTIVA


ÉTNICO-RACIAL

BELÉM
2023
ANÁLISE DA MÚSICA “A MÃO DA LIMPEZA” SOBRE A PERSPECTIVA
ÉTNICO-RACIAL

Trabalho desenvolvido como


requisito parcial para a avaliação da
disciplina de Educação Física e as
Relações Étnico-Raciais

BELÉM
2023
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………….. 3
2 A ESCRAVIDÃO NO BRASIL ………………………………………………….…….3
2.1 AS LEIS ABOLICIONISTAS ……………………………………………………….4
2.2 A SOCIEDADE BRASILEIRA NO PÓS ABOLIÇÃO ……………………………
3 O MOVIMENTO TROPICALISTA …………………………………………………..
4 ANÁLISE DA MUSICA “A MÃO DA LIMPEZA” ……………………………………
4.1 A VISÃO DO AUTOR ……………………………………………………………...
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………………………………………
6 REFERÊNCIAS ……………………………………………………………………….
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho consiste em uma análise critica da música “a mão da limpeza”
do cantor e compositor Gilberto Gil, por meio de uma perspectiva étnico-racial, mais
concretamente faremos uma pesquisa bibliográfica abordando desde a escravidão
no Brasil, a sociedade brasileira no período pós abolição, o movimento tropicalista
que foi responsável por uma ruptura tanto no ambiente musical, quanto no ambiente
cultural brasileiro, até a análise da música e a visão do próprio autor a respeito de
sua composição.
A música “a mão da limpeza” foi composta e lançada em 1984 pelo compositor e
cantor Gilberto Gil e pertence ao álbum Raça humana. A música fala sobre o
racismo estrutural, o sistema escravista e a hierarquia imposta desde o período
colonial e que ainda se mantêm até a sociedade atual.
Várias expressões racistas foram normalizadas no cotidiano dos brasileiros , sendo
justificadas para alguns como “brincadeira”, porém esse tipo de atitude reforça um
estereótipo negativo, como se só os negros cometessem erros. Uma dessas
expressões é ”preto quando não suja na entrada, suja na saída”, e foi essa frase que
serviu de inspiração para o autor compor a sua música, fazendo uma critica direta a
sociedade da época e que se encaixa perfeitamente no momento atual.
Portanto, essa análise tem como objetivo evidenciar como a visão da sociedade era
em relação a negritude no período em que a musica “a mão da limpeza” foi
composta, e como essa visão racista ainda é mantida na sociedade, mesmo após
anos da abolição da escravidão no Brasil.

2 A ESCRAVIDÃO NO BRASIL
A escravidão negra no Brasil foi um sistema de exploração de mão de obra africana,
que teve início em meados do século XVI e foi extinto em 1888. Durante esse
período, cerca de 5 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil como
escravos, sendo a maior parte destinada ao trabalho nas lavouras de cana-de-
açúcar, café e algodão.
Os africanos eram capturados em suas aldeias na África e vendidos como
mercadorias para os comerciantes de escravos europeus e eram transportados em
navios superlotados, onde sofriam maus-tratos, doenças e muitos chegaram até a
morrer durante a travessia do oceano Atlântico. Chegando ao Brasil esses escravos
eram submetidos a condições desumanas nos engenhos e fazendas, trabalhando
em jornadas exaustivas e sujeitos a todos os tipos de punições violentas. Os
escravos eram separados dos seus grupos linguísticos e culturais, misturando as
tribos para dificultar a comunicação. Esses negros eram retirados da sociedade em
viviam, tinham todos os seus direitos cerceados e a única justificativa para tudo isso
era pautada na religiosidade, que não era a dos africanos, e nas ideias racistas que
afirmavam que os brancos eram superiores.
A escravidão negra foi responsável pelo enriquecimento de muitas famílias e pela
expansão do território nacional, por conseguinte os negros foram literalmente
usados como a base para o desenvolvimento econômico do Brasil. Porém essa
violência deixou marcas profundas na sociedade e na cultura brasileira, perpetuando
o racismo e a desigualdade social de forma estrutural. E até hoje, os efeitos da
escravidão podem ser sentidos na segurança, na distribuição de renda, na
representatividade política e na cultura popular.
No início do século XIX foi possível verificar grandes transformações que pouco a
pouco modificavam a situação do Brasil como colônia. Na Europa, a Revolução
Industrial introduziu as máquinas no meio de produção e mudou as relações de
trabalho. E para essa expansão industrial ser possível as grandes fábricas
precisavam de operários, e além disso precisava-se de mercado consumidor, por
isso, a escravidão se tornou ultrapassado para esse novo modelo, o que veio a
influenciar diretamente no fim da escravidão no Brasil.

2.1 AS LEIS ABOLICIONISTAS


As leis abolicionistas foram decretadas entre os anos de 1850 e 1888 e fizeram
parte de um esforço das elites para realizar o processo de abolição, tendo em vista
que a escravidão não estava sendo mais economicamente vantajosa devido as
transformações nos meios de produção e a pressão da Inglaterra.
As principais leis abolicionistas do Brasil foram:
1. Lei Eusébio de Queiroz (1850) - proibiu o tráfico negreiro no Brasil e pôs fim à
entrada de escravos africanos no país, porém essa lei não foi efetiva, pois o tráfico
de negreiro permaneceu ocorrendo internamente no país, além do tráfico negreiro
ainda ocorrer de maneira ilegal.
2. Lei do Ventre Livre (1871) - determinou que todos os filhos de escravos nascidos
a partir da promulgação da lei seriam livres, porém os filhos dos escravos só seriam
libertos a partir dos seus 21 anos completos, ou seja, os recém nascidos
permaneciam sendo escravos até seus 21 anos de idade sendo usados como mão
de obra.
3. Lei dos Sexagenários (1885) - concedeu liberdade aos escravos com mais de 60
anos de idade, essa lei foi uma resposta conservadora ao crescimento do
abolicionismo no Brasil, com o intuito de estender a escravidão por mais algumas
décadas, porém essa estratégia foi um fracasso.
4. Lei Áurea (1888) - decretou a libertação de todos os escravos do Brasil, sem
qualquer indenização aos proprietários de escravos. A abolição desses escravos foi
um avanço para a sociedade, porém o país não estava preparado para absorver os
escravos libertos, ou seja, não haviam políticas públicas para uma integração social,
em decorrência disso, muitos negros libertos se viram obrigados a voltar a trabalhar
nas mesmas condições insalubres do regime escravocrata para conseguirem
sobreviver, não houve reparo algum para esses negros, eles simplesmente foram
libertos sem ter para onde ir.

2.2 A SOCIEDADE BRASILEIRA NO PÓS ABOLIÇÃO


3. MOVIMENTO TROPICALISTA

O Tropicalismo foi um movimento que ia ao oposto do que era feito na época,


visando mudar o cenário da música e da cultura brasileira. Tendo nascido em meio
ao regime militar de 64, o ritmo surgiu como uma forma de expressar a opinião,
coisa que não era fácil na época. Seu destaque veio com o seu jeito diferente de
produzir arte, visando se diferenciar de outras duas grandes vertentes que já tinham
se concretizado antes ,como a bossa nova e a jovem guarda, nas quais eram bem
definidas musicalmente.
Eles defendiam principalmente a mistura de gêneros e instrumentos ,indo desde o
rock até o samba popular. Se concretizou de vez após o 3º festival de Música
Popular Brasileira, realizado pela Tv Record, onde participaram alguns dos seus
principais nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes, sendo o grupo
composto também por Tom Zé e Gal costa. Suas letras faziam críticas a problemas
sociais considerados “normais” pela sociedade, como a desigualdade social e o
racismo.

4.1 A VISÃO DO AUTOR


A visão do autor
O autor Gilberto Gil nessa canção procurou recolocar certas coisas no lugar e
apresentar em sua música o preconceito historial contra os negros.
Mesmo com a abolição da escravatura, o negro ainda sofre com o estigma de ser “a
mão da limpeza” que asseia o que o branco deixa, demonstrando a hierarquia
totalmente ultrapassada e preconceituosa que ainda interpreta o negro como o sujo
e o branco como o limpo.
Assim como Gil relata em seu site: “Eu fiz A Mão da Limpeza para repor certas
coisas no lugar e remendar um preconceito histórico contra os negros; para
responder, no mesmo tom, um desaforo – o velho ditado: Negro, quando não suja na
entrada, suja na saída. A música é de alguma maneira uma resposta a certos
preconceitos que ainda são encontrados na sociedade brasileira atual. “(GIL).
Ele relata que sempre ocorria para ele com nitidez a imagem de lavadeiras,
cozinheiras e faxineiras negras espalhas por todo Brasil, e quão é demandado e
importante são os negros para o trabalho de limpeza que é feito na vida.
Desse mesmo modo, com nitidez ele diz que enxerga a imagem de quão sujadores
são verdadeiramente os que têm mais benefícios, os que possuem mais recursos
que por sua maioria são os de classe mais claras.
O cantor relata também que os negros são tão empenhados na atividade da
limpadela da comunidade que por sua vez acabam sendo acusados de ser os
próprios sujões, o velho ditado: “Negro, quando não suja na entrada, suja na saída”,
ele tem uma conotação moral e física, que se tenta considerar como sujo no negro é
sua pessoa, sua existência, sua condição humana, nesse sentindo é muito mais
terrível e o racismo aos negros está estampado até os dias atuais com muita
veemência.
Ele deixa implícita também uma condenação moral aos brancos preconceituosos
que jogam sua sujeira para os negros limparem, impondo uma hierarquia antiquada
e discriminatória.
“É o que a música diz. E ela diz o que tem a dizer, com contundência e
eficácia.“(GIL).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

6 REFERÊNCIAS
https://gilbertogil.com.br/noticias/producoes/detalhes/raca-humana/ Data de aceso:
01/06/2023
https://mafua.ufsc.br/2018/a-mao-da-limpeza-a-trajetoria-negra-na-literatura/ Data
de aceso: 01/06/2023
https://m.facebook.com/story.php?
story_fbid=pfbid02HxbbqjsiRXv1CHS5z9LkiZGkqde4DaaR765syXY7RS6j3nL7P1rd3
Btu2EWeuGRYl&id=104152332963030 Data de aceso: 01/06/2023
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/escravidao-no-brasil.htm Data de acesso:
01/06/23
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/as-leis-abolicionistas.htm Data de
acesso: 01/06/23
https://www.faecpr.edu.br/site/portal_afro_brasileira/3_IV.php#:~:text=J
%C3%A1%20no%20in%C3%ADcio%20do%20s%C3%A9culo,mudou%20as%20rela
%C3%A7%C3%B5es%20de%20trabalho. Data de acesso: 01/06/23
https://youtu.be/olg_uyYXZkU. Data de acesso: 01/06/23
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/tropicalismo. Data de acesso:
01/06/23

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