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2º Semestre /2022

SEDUC/SAGE/SUDI/COCQ
GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
SECRETARIA ADJUNTA DE GESTÃO EDUCACIONAL
SUPERINTENDÊNCIA DE DIVERSIDADES
COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

Mauro Mendes
Governador

Otaviano Pivetta
Vice-governador

Alan Resende Porto


Secretário de Educação

Amauri Monge Fernandes


Secretário Executivo

Lélia Brun
Secretária Adjunta de Gestão Educacional

Lucia Aparecida dos Santos


Superintendente de Diversidades

Maria Lecy David de Oliveira


Coordenadora de Educação do Campo e Quilombola
MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso.
Revista Científica da Coordenadoria de Educação do Campo e
Quilombola: CAMPOQUI. 2ª ed. Cuiabá: SEDUC/MT, 2022.
Publicada em: SEDUC MT

Amanda Bruno Nogueira Borges Ribeiro


Ana Carolina Silva Oliveira
Ângela Regina Lana Pinto
Bruna Rosa Batista Pulquério
Cleomara Nunes do Amaral
Cleuza Aparecida de Santana Gonçalves
Gizelle Prado Silva Fonseca
Luana Soares de Souza
Lucia Aparecida dos Santos
Luzinéia Guimarães Alencar
Maria Lecy David de Oliveira
Monika Michelly Aparecida Nunes

Luana Soares de Souza

Ângela Regina Lana Pinto


Os autores dos textos publicados nesta edição preencheram uma
autorização de publicação e declararam que os textos são
originais. Quaisquer menções indevidas são de total
responsabilidade de seus respectivos autores.
08 EDITORIAL

10 HORTA MEDICINAL NA ESCOLA ESTADUAL RAIO DE SOL


Valdite Aparecida Heinzen
Célia Alves Martins

HORTA AGROECOLÓGICA NA ESCOLA ESTADUAL GUIMARÃES ROSA


20 Gislaine Garcia de Oliveira de Souza
Ivanete Carvalho Batista

A ARBORIZAÇÃO EM UNIDADES ESCOLARES COMO AÇÃO PEDAGÓGICA NA


30 ESCOLA ESTADUAL SÃO GERALDO
Aleandro de Souza
Jander José Ferreira
Maria Aparecida Luís Ferreira

PROJETO HORTA ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA AGROECOLÓGICA VIVENCIADA


40
NA ESCOLA ESTADUAL IVONE BORKOWSKI DE LIMA ESCOLA ESTADUAL IVONE
BORKOWSKI DE LIMA
Geovana Salustiano Couto
Claudemir Lourenção
Vilma Ayumi Kazama Mestre

50 SABOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA ESTADUAL NOVA GALILEIA


Amabile Oliveira Caon
Julio Cesar Versori
Viviane Alves Ximenes Santana

A REUTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS, VISANDO À SUSTENTABILIDADE


59
NA ESCOLA ESTADUAL IRMÃOS DO CAMINHO
Elis Regina Polidoro Marangoni
Geisiane Maria da Silva França
Maria José da Silva Ramos

68 HORTA ESCOLAR: PLANTAR PARA PRODUZIR CONHECIMENTO NA ESCOLA


ESTADUAL CRIANÇA CIDADÃ
Eurico Cabreira dos Santos
Edinete Ribeiro de Lima Hoffmann

PLANTANDO SEMENTES, RESSIGNIFICANDO POSTURAS NA ESCOLA ESTADUAL


78
MILITAR TIRADENTES CABO JOSÉ MARTINS DE MOURA
Paula Daniella Leão Braun
Ricardo Purcena de Castro
86 MANUTENÇÃO DA HORTA ORGÂNICA PEDAGÓGICA NA ESCOLA ESTADUAL
CORONEL ANTONIO PAES DE BARROS
Maria Lucia Borges Cavequia
João Rodrigues da Costa

94 HORTA PEDAGÓGICA DA ESCOLA QUILOMBOLA TEREZA CONCEIÇÃO ARRUDA:


PLANTANDO SEMENTE E COLHENDO APRENDIZAGEM
Gonçalina Eva almeida de Santana
Adrianny de Arruda Abreu

102 SOBRE OS AUTORES

Confira a primeira edição da Revista


Campoqui publicada no primeiro
semestre de 2022.
A primeira edição da Revista Campoqui, da Coordenadoria de Educação do
Campo e Quilombola (COCQ) da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso
(SEDUC/MT), foi um sucesso! Vários profissionais da educação publicaram artigos
sobre questões étnicorraciais, educação do campo, meio ambiente, dentre outros
assuntos extremamente relevantes para o desenvolvimento dos sujeitos no espaço
escolar.
Na segunda edição, buscamos evidenciar os trabalhos que estão sendo
realizados no projeto "Horta Pedagógica", financiado pela SEDUC/MT e pela
SEAF/MT (Secretaria de Estado de Agricultura Familiar), e no projeto "Educação
Ambiental e Sustentabilidade", a fim de mostrar que esses projetos trazem grandes
contribuições ao aprendizado cognitivo e social dos estudantes.
A horta proporciona um maior contato com a natureza, amplia a capacidade
do trabalho em equipe, traz benefícios a um estilo de vida saudável e influencia a
conscientização sobre a necessidade da preservação ambiental. Como um espaço
estratégico dentro da unidade escolar, ela pode servir como revitalização de espaços
ociosos transformando-os em espaços de convivência e contribuindo para a melhoria
da qualidade do ambiente escolar.
Dessa forma, esta edição especial busca dar ênfase aos projetos Hortas
Escolares e "Educação Ambiental e Sustentabilidade" que obtiveram êxito no ano de
2022. Em 2023, 300 Escolas Estaduais serão contempladas com os Projetos Hortas
Escolares. Agradecemos aos autores e às escolas pelo envio dos relatos. Esperamos
que os projetos, cada vez mais, sejam fortalecidos na Rede Estadual com o fito de
desenvolver a consciência ambiental, a sustentabilidade e a cidadania.

Coordenadoria de Educação do Campo e Quilombola

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Constatou-se, nesse processo, a importância de inserir
novas temáticas nos planos de ensino, tais como:
sustentabilidade, meio ambiente, formas de produção
sem o uso de agrotóxico e as estratégias de produção
permanente de plantas medicinais.

Valdite Aparecida Heinzen; Célia Alves Martins


HORTA MEDICINAL
NA ESCOLA ESTADUAL RAIO DE SOL
Valdite Aparecida Heinzen
Célia Alves Martins

RESUMO: O Projeto Horta Medicinal Raio de Sol é financiado pela Secretaria


de Estado de Educação - SEDUC e teve início em agosto de 2021, possibilitando
o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas, unindo teoria e prática
de forma contextualizada e interdisciplinar, auxiliando no processo de ensino-
aprendizagem dos estudantes da educação especial. O objetivo do projeto é
difundir e conjugar saberes e fazeres da cultura popular tradicional presentes na
medicina popular alternativa, proporcionando o desenvolvimento e o
aprendizado crítico e reflexivo de estudantes da Educação Especial. Construir a
noção de que o equilíbrio do ambiente é fundamental para a sustentação da
vida em nosso planeta, bem como criar, na escola, uma área verde produtiva
pela qual, todos se sintam responsáveis, incentivando os laços de solidariedade,
auto-estima e confiança entre pessoas e grupos. A produção de conhecimento e
informações sobre as relações e práticas cotidianas no manuseio, manutenção e
cultivo de plantas medicinais tem despertado o interesse dos estudantes da
Educação Especial para o cultivo da Horta Medicinal.

Palavras-chave: Horta Medicinal; Interdisciplinaridade; Pedagogia Dialógica.

O projeto se caracteriza por ser uma atividade contínua e consiste na


importância da vivência com a natureza, a partir do cultivo e utilização de
plantas medicinais. Na perspectiva do desenvolvimento de uma pedagogia
dialógica, considerando os saberes populares é que pensamos e discutimos a
criação e manutenção da Horta Medicinal na Escola Estadual Raio de Sol –
Educação Especial. Os estudantes estão presentes em todas as etapas e
atividades desenvolvidas na horta, tais como: construção e preparação dos
canteiros, seleção das espécies a serem cultivadas, plantio, cuidados com a
horta e colheita. Os professores auxiliam os estudantes no desenvolvimento e
manutenção da horta e na supervisão dos trabalhos, elaborando estratégias que
permitam trabalhar os conteúdos pedagógicos numa visão interdisciplinar.

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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

A reflexão sobre o ambiente que nos cerca e o repensar de


responsabilidades e atitudes de cada um de nós gera processos educativos ricos,
contextualizados e significativos tanto para os professores como para os
estudantes. Neste contexto, o cultivo da Horta Medicinal na Escola Estadual
Raio de Sol – Educação Especial, é um valioso instrumento educativo. O contato
dos estudantes com a terra no preparo dos canteiros e a descoberta de
inúmeras formas de vida, o encanto com as sementes que brotam, a prática
diária do cuidado – regar, transplantar, limpar os canteiros, o exercício da
paciência, o cuidado do espaço externo e interno da escola, cuidado das
relações humanas que traduzem respeito e carinho consigo mesmo, com o outro
e com o mundo, transformam pequenos espaços da escola em lugares de muito
aprendizado para todos os estudantes e professores. Nesse sentido, é
imperativo afirmar que a Horta Medicinal é um laboratório vivo para diferentes
atividades didáticas.
Inicialmente, fizemos a limpeza de 5 (cinco) canteiros, retirada de grama e
outras ervas daninhas e colocamos uma borda com tijolos e cimento para não
entrar a água da lavagem das calçadas. Reaproveitamos 20 vasos altos de
cerâmica para os estudantes cadeirantes terem acesso aos cultivos.
Espalhamos a terra preta, com esterco de curral nos canteiros e vasos e
preparamos para o plantio. As espécies escolhidas, de plantio definitivo, foram
semeadas diretamente nos canteiros, observando-se os espaçamentos
recomendados para elas. Nos canteiros definitivos, também realizaremos os
desbastes para retirar o excesso de plantas, quando estas estiverem com porte
adequado. As sementes plantadas foram: alecrim, hortelã, poejo, manjerona,
manjericão, sálvia e cidreira. Ganhamos mudas de plantas medicinais que foram
plantadas diretamente nos vasos e canteiros, como: capim cidreira, babosa, vick,
hortelã menta e poejo.
Organizamos as atividades com os alunos na horta toda sexta-feira,
ocasião em que, cada professora vai com sua turma e faz a limpeza, replantio,
poda e desbaste das plantas. Os conteúdos curriculares mais importantes que
estão sendo trabalhados com o projeto são: como cultivar a terra, processos de
germinação, cuidados com as plantas; importância da água, cuidados com o
meio ambiente, número e quantidade, operações matemáticas (adição e
subtração), situações problemas, sistema monetário, medida de tempo,
conscientização ambiental, clima, nomes das plantas, formas de cultivo, tipos de
folhas, partes das plantas, função de cada uma das partes das plantas (raiz,
caule, folha, flor, fruto), diferentes formas e texturas, características e

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propriedades medicinais e as formas de consumo de cada uma das plantas


medicinais cultivadas na nossa horta.
Realizamos duas feirinhas de plantas medicinais, uma, no dia 16 de
fevereiro, com a venda de plantas medicinais embaladas em bandejas e a
segunda feirinha, no dia 07 de abril, nessa segunda edição da feirinha,
acrescentamos a degustação de chás e venda de mudas de plantas medicinais.
Os alunos ajudaram na colheita e organização das bandejas e das mudas de
plantas e na realização da feirinha. Nessa atividade, as professoras trabalharam
o sistema monetário, por exemplo: quanto vale cada bandeja das diferentes
plantas da feirinha, quanto vale cada muda de planta, como fazer troco de
dinheiro. Todas as atividades trabalhadas diretamente na horta foram
estruturadas em material pedagógico e trabalhadas em sala de aula de forma
interdisciplinar.
Com a realização das duas feirinhas, conseguimos um valor de R$
1.054,00 que foi investido na compra de mudas de plantas medicinais,
sementes, adubos e calda bordaleza, para a manutenção da horta medicinal.

Resultados

O projeto Horta Medicinal Raio de Sol teve início em agosto de 2021. As


atividades iniciais foram: escolha da área, preparo da terra, organização das
estruturas dos canteiros com pneus pintados, plantação das sementes e mudas
de plantas medicinais e flores, e sua manutenção por meio da irrigação, capina,
colheita e replantio, envolvendo todas as professoras, estudantes,
coordenadora, equipe multiprofissional, auxiliares de turmas e os vigias da
unidade escolar.
A segunda etapa foi composta pela realização de atividades pedagógicas
tais como: processo de germinação, sequência lógica, números ordinais
referentes ao crescimento e desenvolvimento das plantas, partes das plantas e
suas funções, tipos de plantas, características e propriedades medicinais, cultivo,
consumo, tipos de folhas, feirinhas de plantas medicinais, sistema monetário,
trabalho de artes com folhas das plantas, etc.
Nesse percurso, foi desenvolvido todo o processo pedagógico, no qual a
manutenção da horta medicinal envolveu todos os estudantes da escola,
compartilhando conhecimentos. As professoras utilizaram o espaço para a
realização de atividades teórico-práticas, realizando a interação entre o saber
dos estudantes e o currículo da escola.
Desse modo, todas as atividades contribuíram para o aprendizado da
comunidade escolar em geral sobre a necessidade do cuidado coletivo da horta
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como espaço pedagógico e também como um espaço para incentivar os laços


de solidariedade, auto-estima e confiança entre pessoas e grupos, conjugando
saberes e fazeres da cultura popular tradicional presentes na medicina popular
alternativa.
Constatou-se, nesse processo, a importância de inserir novas temáticas nos
planos de ensino, tais como: sustentabilidade, meio ambiente, formas de
produção sem o uso de agrotóxico e as estratégias de produção permanente de
plantas medicinais. Sendo assim, a horta medicinal possibilitou a inserção de
metodologias ativas e a reflexão de que não existe uma forma única de
aprender e que a aprendizagem é um processo contínuo em que todos os
envolvidos devem ser considerados como peças ativas.
Houve reflexões acerca de diferentes áreas de conhecimento, englobando
educação ambiental e cuidados com saúde. Dessa forma, a horta medicinal na
nossa escola é uma importante ferramenta metodológica para fomentar a
articulação de saberes e aproximar a escola da comunidade.

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Fotos: Acervo da Escola Estadual Raio de Sol (2022)

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Referências:

AZEVEDO, Celma Domingos de & MOURA, Maria Aparecida de. Cultivo de


plantas medicinais: guia prático -- Niterói: Programa Rio Rural, 2010. 19 p. ; 30
cm. – (Programa Rio Rural. Manual Técnico; 27)
FERNANDES, M. C. de A. Caderno 2: Orientação para implantação e
implementação da horta escolar. Brasília: FAO, FNDE, MEC, 2007.
OLIVEIRA, N. B. - Horta Doméstica – Capacitação para Implantação das UDS,
EMPAER-MT.

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O motivo principal que nos levou a implantar o projeto horta na
escola foi o fato de poder proporcionar o conhecimento à
comunidade escolar sobre a possibilidade de produzir
organicamente, sem fazer uso de agrotóxicos, bem como a
sensibilização do quanto é benéfico para nossa saúde, consumir
alimentos de origem orgânica.
Gislaine Garcia de Oliveira de Souza; Ivanete Carvalho Batista
HORTA AGROECOLÓGICA NA ESCOLA
ESTADUAL GUIMARÃES ROSA
Gislaine Garcia de Oliveira de Souza
Ivanete Carvalho Batista

RESUMO: O presente artigo busca apresentar uma prática desenvolvida pela


Escola Estadual Guimarães Rosa, localizada na MT 010 km 35 - Setor Santa
Lúcia do município de Alta Floresta/MT na construção e manutenção de uma
horta escolar, tendo como objetivo além de promover o conhecimento de
alternativa sustentável e utilizá-lo na família e na escola para a produção de
alimentos saudáveis, também contribuir para o processo de aprendizagem
dos educandos, estimulando a solidariedade, o trabalho prático coletivo, o
cuidado com o meio ambiente, o consumo de hortaliças, economia na
merenda escolar e estimular a participação da comunidade escolar.

Palavras-chave: Horta Agroecológica; Horta Sustentável; Meio Ambiente;


Educação do Campo.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento do projeto horta na escola foi feito em uma série de


etapas com o envolvimento e integração entre os alunos, professores da
escola e os funcionários administrativos e teve como pretensão focar na
melhoria e ampliação do espaço onde já tínhamos uma horta escolar. Para
isso, fizemos a distribuição dos trabalhos entre as equipes envolvidas, para
juntos atingirmos o nosso principal objetivo que é ter uma horta bem
cercada, com um ótimo sistema de irrigação e uma estufa bem organizada
para plantar e produzir com qualidade hortaliças mesmo em época chuvosa.
Para que essa parceria funcionasse com qualidade e perfeição,
organizamos um grupo de alunos dos anos finais do Ensino fundamental e
também alunos do Ensino Médio, que se mobilizariam a princípio, uma vez
por semana, em horário oposto de suas aulas, liderados pela professora
Ivanete, com o intuito de desenvolver as atividades práticas na horta escolar,
bem como as ações pedagógicas. A montagem de uma equipe para

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desenvolver ações na prática na horta foi um dos grandes acertos que


fizemos, pois essa equipe demostrou interesse na horta e fomentou a
continuação do desenvolvimento nas aulas de Ciências Saberes do Campo e
eletiva de Ciências da Natureza, uma vez que os alunos puderam colocar na
prática os conhecimentos adquiridos teoricamente.

Justificativa

O motivo principal que nos levou a implantar o projeto horta na escola


foi o fato de poder proporcionar o conhecimento à comunidade escolar e
assim criar a possibilidade desta produzir organicamente, sem fazer uso de
agrotóxicos, além de viabilizar práticas de sensibilização do quanto é
benéfico para nossa saúde, consumir alimentos de origem orgânica.

Ações desenvolvidas

No projeto inicial, foram elencadas algumas ações que seriam


desenvolvidos do projeto horta na escola, desde o início até final do projeto
que até então era em julho de 2022. No entanto, foram antecipadas para
maio de 2022. Dentre as ações relatadas no cronograma do projeto inicial
foram desenvolvidas as seguintes ações:

Ações Pedagógicas

·Escolha dos alunos que participaram das equipes de frente da Horta. Essa
escolha foi realizada durante as atividades práticas da horta, levando em
consideração os envolvimentos dos alunos. Ficaram então selecionados 12
(doze) alunos que foram a equipe de frente, sendo a professora de Ciências
da Natureza, professora Ivanete como a professora mediadora, juntamente
com a coordenadora pedagógica Gislaine e o Diretor José Aparecido.
Foram desencadeadas as seguintes ações:

·Reuniões elaboração das ações pedagógicas.


·Nas turmas do 6º ao 3º ano do Ensino Médio, foram desenvolvidas no
componente Curricular de Ciências e Saberes do Campo a parte teórica dos
seguintes temas: Tipos de hortas;
·Planejamento de hortas;
·Tipos de adubação; preparação do solo; ferramentas utilizadas; como
calcular área da horta, canteiros e entre as espécies.
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·Aula específica com o 1º ano do Novo Ensino Médio na eletiva de Ciências


da Natureza.

Para que esse projeto funcione com qualidade e perfeição formamos um


grupo de alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e também alunos do
Ensino Médio, para que estes grupos possam ter a possibilidade do manejo e
da execução na prática as atividades na horta. Como tivemos problemas com
o transporte escolar no início do ano letivo e estávamos com reforma na
cozinha da escola não conseguimos iniciar as aulas, conforme previsto no
calendário, nesse sentido, colocamos as reposições nos sábados e em pontos
facultativos para trabalhar especificamente na horta. Essa experiência com a
aula prática foi muito gratificante e produtiva, pois víamos nos alunos
envolvidos a alegria de desenvolver o projeto. Além dos alunos selecionados
também tínhamos professores e funcionários que se dispuseram a participar
na parte prática. Nesse tempo da seca, escalamos alunos para molhar as
verduras no período vespertino e no período matutino, o diretor e/ou
funcionários fazem essa função, essa ação foi até a implantação da bomba
com irrigação com Time.

Ações horta

·Limpeza do espaço projetado para a horta;


·Separação dos materiais, por categoria, para a realização das licitações dos
materiais que serão utilizados;
·Cercamento da horta;
·Construção de estufa;
·Confecção de canteiros e plantação de hortaliças.
Conforme elencado acima, essa parte da ação da horta foi realizada com a
ajuda da equipe de frente dos alunos, professores e funcionários. Um dos
pontos importantes também no desenvolvimento do projeto foi a
participação da escola na apresentação deste em Cuiabá, o que nos trouxe
mais estímulo na execução do projeto.

Resultados:

Relatos de Alunos
Renan da Silva Lima – 1º ano do Ensino Médio
“O espaço onde agora é a horta era só mato, com a provação do projeto, ele
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foi limpo, cercado com tela e uma estufa foi construída, além de novas
ferramentas terem sido compradas. Os alunos fizeram alguns canteiros, onde são
produzidas: alface, rúcula, couve e cebolinha (pés de tomate, jiló e pepino, foram
plantadas em espaços vazios). Quando há necessidade de fazer manutenção na
horta, é reunido um grupo para carpir, retirar matos dos canteiros ou fazer mais
deles. Também há grupos responsáveis por regá-la de segunda a sexta. Fazer
parte do projeto horta é gratificante, pois levamos conhecimentos que
aprendemos na prática para a casa, e é ainda mais satisfatório ver o quanto nossa
horta se desenvolveu através do trabalho coletivo dos alunos. Nosso objetivo
agora é ampliá-la, fazer novos canteiros e produzir mais e novas espécies de
hortaliças. ”

Kauê de Souza de Oliveira do 1º ano Ensino Médio


“O projeto Horta atua de uma maneira que a escola possa aproveitar um espaço
que estava vazio, geralmente onde se acumulavam lixos, matos e outros, que
agora podem ser usados para benefícios próprios da escola. O projeto Horta
proporcionou várias vantagens para a escola, o primeiro ponto é a economia, pois
assim o dinheiro que seria gasto com a compra de legumes e verduras, pode ser
usado para outros fins, além de estimular o trabalho em equipe já que os alunos
precisam trabalhar unidos. Também estimula os alunos a se relacionar com a
terra, cuidando da própria terra, das plantas, e também do espaço onde o projeto
ocorre. Bom, o projeto Horta começou de uma maneira simples, apenas com
alguns canteiros onde se produzia legumes e verduras comuns, como alface,
rúcula, couve, e etc. A horta, hoje em dia, se encontra muito mais organizada e
com ainda mais variedades de alimentos, além de ter sido implementada uma
estufa disponível para algumas verduras como alface. Na semana passada, alguns
alunos trabalharam na Horta, outros alunos não puderam participar neste dia,
pois tinham outros afazeres, porém os que puderam participar, tiveram um bom
desempenho. Foi um dia produtivo em que foram feitos canteiros, limpeza do
terreno e canteiros dentro e fora da estufa, remoção de matos para o plantio de
plantas medicinais, uma mesa para que o material seja deixado em cima, (no caso
apenas algumas sementes de pimentão em copinhos descartáveis em fase de
crescimento estão sobre ela), também foi realizada a remoção de pés de limão e
pés de mamão, para aumentarmos o espaço da horta e assim criar novos
canteiros, além de podarmos o pé de laranja e carregarmos adubo para Horta.
Atualmente, na Horta, temos a produção de: alfaces, rúcula, couve, cebolinha,
feijão de vagem, pimentão em crescimento, salsinha, um pé de cerejeira, um pé de

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laranja. Uma observação que tenho a fazer é em relação a manutenção da horta


(na limpeza, remoção de matos, criação de canteiros, plantio e etc.). Ao meu ver,
podíamos combinar com os alunos do projeto para irmos para a escola mais de
uma vez na semana, para adiantarmos o trabalho, pois mesmo que em um dia de
trabalho haja um bom desempenho, acredito que se os alunos fossem mais de
uma vez na semana, haveria uma melhor produção. Ou então continuasse apenas
um dia, porém todas as semanas em um dia específico, por exemplo todas as
quartas-feiras os alunos do projeto Horta vão vir na parte da manhã para
trabalhar na Horta. E caso nem todos os alunos pudessem ir, que fosse separado
um grupo de alunos para ir a cada semana, um grupo A e um grupo B. Pois assim
toda semana os alunos já sabiam que tinham um compromisso com o projeto
horta. Na parte de aprendizado com o projeto Horta, aprendemos a cuidar da
terra, para colhermos nosso próprio alimento de uma forma natural e saudável,
além disso o projeto fez com que a comunidade escolar se aproximasse mais e
trabalhassem unidos para uma boa produção. E também aprendemos mais sobre
plantio, nutrição alimentar, aprendemos mais sobre as plantas, enfim foi um
grande aprendizado para todos. Tanto para alunos, quanto para o meio escolar
(professores, funcionários, diretor, coordenadora e etc.). ”

Foto A – Antes da construção da estufa Foto B – Construção da estufa

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Fotos C e D – Alunos trabalhando na limpeza e construção de canteiros

Foto E – Alunos da SRM construindo as placas Foto F – Limpeza dos canteiros e canteiro de Almeirão

Foto H- Rabanete colhida na horta

Fotos G – Cenoura colhida na horta

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Foto I e J – Funcionários construindo a irrigação da horta

Foto K – Foto da horta canteiros de Couve Foto L – Canteiros forradas de folhas

Foto M – Alunos na aula prática da horta Foto N – tomatinhos da horta

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Foto O – Canteiro de Rúcula Foto P – Canteiro de Almeirão

Foto Q – Pé de Manjericão Foto R – Canteiro de Couve

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Referências:

CRIBB, S. L. S. P. Contribuições da Educação Ambiental e Horta Escolar na


promoção de melhorias ao Ensino, à Saúde e ao Ambiente. Rempec: Revista
Eletrônica do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Saúde e do
Ambiente, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p.42-60, abr. 2010.
IRALA, Clarissa Hoffman, FERNANDEZ Patrícia Martins, Manual para Escolas
- A Escola promovendo hábitos alimentares saudáveis. Brasília, 2001.
Universidade de Brasília - Campus Universitário Darcy Ribeiro - Faculdade de
Ciências da Saúde Departamento de Nutrição - Asa Norte.
MAGALHÃES, A. M. A horta como estratégia de educação alimentar em
creche. 2003. 120f. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) –
Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis, 2003.
PCNs, Parâmetros curriculares nacionais: meio ambiente: saúde. Ministério
da educação. Secretaria da educação fundamental. Brasília: A secretaria,
2001.
PAIS – PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA INTEGRADA E SUSTENTÁVEL:
MAIS ALIMENTO, TRABALHO E RENDA NO CAMPO. SAIBA COMO
PRODUZIR ALIMENTOS SAUDÁVEIS E PRESERVAR O MEIO AMBIENTE.
Brasília: Fundação Banco do Brasil, 2008.
PIMENTA, J.C.;RODRIGUES, K.S.M. Projeto horta escola: Ações de educação
ambiental na Escola Centro Promocional Todos os Santos, de Goiânia (GO).II
Simpósio de Educação Ambiental e Transdisciplinaridade, Universidade
Federal de Goiânia, Goiânia, maio de 2011.
SILVA, A. P. S. da; PASUCH, J.; SILVA, J. B. da. Educação infantil do campo. 1.
Ed. São Paulo: Cortez, 2012.

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Os estudantes, juntamente com a comunidade escolar,
realizaram o plantio das mudas. Em seguida, foram
elaboradas ações pedagógicas, com uma apresentação
teatral e aulas com os participantes com foco na
importância da arborização. Os temas e tópicos foram
trabalhados de maneira interdisciplinar.

Aleandro de Souza; Jander José Ferreira; Maria Aparecida Luís Ferreira


A ARBORIZAÇÃO EM UNIDADES
ESCOLARES COMO AÇÃO PEDAGÓGICA NA
ESCOLA ESTADUAL SÃO GERALDO
Aleandro de Souza
Jander José Ferreira Sue
Maria Aparecida Luís Ferreira

RESUMO: O projeto Arborização em ambientes escolares, realizado na


Escola Estadual São Geraldo, teve como objetivo resgatar valores da
Educação do campo por meio de ações que priorizam a preservação do meio
ambiente. Dessa forma, abre-se a oportunidade para que os estudantes se
conscientizem da importância da flora e da fauna para a comunidade escolar,
envolvendo alunos, corpo docente e os diferentes grupos sociais que estão
ligados à escola. Pretende-se ressaltar a importância da preservação e da
abertura de novas áreas verdes, elementos essenciais a estas como espaços
da prática pedagógica. O mais importante, sem dúvida, é que os estudantes
percebam como as áreas verdes trazem impactos positivos em sua qualidade
de vida e para o meio ambiente. O planejamento e a execução do projeto
Arborização em Ambientes na Escola Estadual São Geraldo tiveram a
participação efetiva dos estudantes e da comunidade.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Educação do Campo, Meio Ambiente,


Arborização, Comunidade Escolar.

INTRODUÇÃO

O projeto Arborização em ambientes na Escola Estadual São Geraldo


pretende coadunar a Educação do Campo à prática da cidadania e da vida em
grupo, para que os estudantes se percebam como partícipes da vida em
sociedade. É fundamental que os alunos conheçam as particularidades do
contexto no qual vivem, e que os saberes e tradições da vida no campo sejam
valorizados e estejam presentes no Projeto Político Pedagógico - PPP da
escola. Os currículos e a ações pedagógicas devem contemplar a realidade
por eles vividas, destacar o seu cotidiano, e não trazer o modo de vida

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urbano como padrão a ser seguido.


Com a realização de projetos ambientais, a escola do campo tem papel
fundamental para a manutenção dos estudantes nas áreas rurais, permitindo
que ocorra a reprodução social nesse conjunto de alunos. Assim, espera-se
que eles reflitam criticamente sobre suas complexas realidades, fazendo com
que os modos de vida do campo sejam transmitidos para as gerações futuras.
A escola é um espaço de formação social e política dos sujeitos, ao
mesmo tempo em que exerce importante função social, por meio da
socialização dos conhecimentos acumulados e dos processos de construção e
produção do conhecimento ao longo do tempo. Dessa forma, para aqueles
que vivem no campo, a escola é também um espaço de luta e resistência.

A escola pode ser um lugar privilegiado de formação, de conhecimento e cultura,


valores e identidades das crianças, jovens e adultos. Não para fechar-lhes
horizontes, mas para abri-los ao mundo desde o campo, ou desde o chão em que
pisam. Desde suas vivências, sua identidade, valores e culturas, abrir-se ao que há
de mais humano e avançado no mundo (ARROYO, CALDART, MOLINA, 2011, p.
14).

Ao arborizar o espaço escolar, com o aproveitamento pela comunidade


de mudas de ipê e de outras árvores frutíferas, formou-se um novo espaço
para a realização das atividades escolares, beneficiando toda a comunidade.

Justificativa

O projeto Arborização em Ambientes realizado na Escola Estadual São


Geraldo, permitiu aos educandos perceber a importância do convívio em um
ambiente agradável, conscientizando-os sobre o aproveitamento racional em
pequenos espaços. A arborização escolar constitui-se em uma estratégia
pedagógica que permite maior contato dos estudantes com as plantas, o que
acarreta num espaço prazeroso e diversificado, onde eles se sintam à
vontade. São inúmeros os benefícios desse espaço para o meio ambiente, tais
como a preservação do solo, o plantio de árvores, a menor concentração de
poeira e um ambiente mais fresco e agradável que aumenta a liberação de
gás oxigênio na atmosfera. Também são diversas as práticas pedagógicas que
podem decorrer da vivência nesse espaço, como a identificação botânica das
plantas, entre outras.
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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

A Educação Ambiental contribui para a formação do indivíduo e a


escola é um importante agente transformador e necessária para estimular a
participação ativa do estudante e fortalecer a participação da comunidade
escolar. “Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltada para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade.” (Política Nacional de Educação Ambiental – Lei
nº9795/1999, Art. 1º).
Para Medeiros et al. (2011), a educação ambiental pode ser entendida
como um processo pelo qual o educando passa a ter conhecimentos sobre as
questões ambientais, tornando-se um agente transformador na conservação
ambiental.

Ações desenvolvidas

Reunimo-nos com a comunidade escolar para os esclarecimentos sobre


os objetivos e a realização do projeto, e ressaltamos a importância da
participação de todos em sua implementação, e no planejamento das ações
necessárias e, para o sucesso dessa empreitada, foram realizadas ações como
a definição das áreas que receberão as primeiras intervenções com a de
arborização, documentadas pelos registros fotográficos. Formaram-se grupos
com os estudantes das turmas envolvidas no projeto, com a orientação dos
professores, e eles escolherem o local para a implantação do espaço verde.
Foi realizada a limpeza da área, com a retirada de resíduos e preparação do
espaço para o plantio das mudas. Estas foram adquiridas com doações e com
recursos do projeto.
Os estudantes, juntamente com a comunidade escolar, realizaram o
plantio das mudas. Em seguida, foram elaboradas, com os participantes,
ações pedagógicas, uma apresentação teatral e aulas, cujo foco foi a
importância na arborização. Os temas e tópicos foram trabalhados de
maneira interdisciplinar. Na área de linguagens, houve a produção de
cartazes educativos, de placas, identificando as espécies de árvores, e
intervenções com um trabalho de campo, atividades que permitiram
aumentar seus conhecimentos sobre as questões ambientais. Após a visita
ao local, os estudantes fizeram uma roda de leitura com textos informativos
sobre a importância das árvores e de áreas verdes. Em seguida, houve uma
discussão
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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

sobre o tema, na qual os alunos expuseram seus conhecimentos prévios e os


adquiridos com a leitura dos textos. No componente curricular de Arte, foi
apresentada uma peça teatral com fantoches “A árvore”, na qual os discentes
representaram, utilizando bonecos, as partes que compõem uma árvore,
ressaltando a sua importância para o meio ambiente. Finalizaram a apresentação
com a música “Se eu fosse uma Árvore”. O componente curricular de Matemática
foi contemplado com o levantamento de dados da área da escola e da distância
entre as árvores, estimativa do tamanho da copa da árvore ao chegar à fase
adulta, solidificando, assim, o estudo de área e de medida. Os estudantes
esquematizaram qual a área a ser utilizada no projeto, qual o comprimento e a
largura aproximada do terreno, calculando, assim, as dimensões necessárias para
a plantação das mudas e a distância de uma planta a outra para o cultivo, entre
outras atividades.
Na área da Ciências da Natureza, foram trabalhados temas como erosão,
fotossíntese, a biodiversidade da fauna na qual vivem os espécimes arbóreos da
região, e sua importância para estes animais, e para a manutenção da
biodiversidade e a preservação do solo. A professora de Biologia realizou um
trabalho de compostagem, destacando a importância em se separar o lixo
orgânico do lixo seco, pontuando a ação de micro - organismos neste processo e
os diferentes tipos de composteiras. Ainda nessa intervenção pedagógica,
realizou-se um trabalho prático de confecção de uma composteira, com o uso de
dois baldes com tampa, os quais foram reaproveitados, e assim, foi realizada a
organização da coleta seletiva do lixo na escola. Para que isso acontecesse, foi
fundamental que se promovesse uma conversa com as cozinheiras e a
comunidade escolar. Os resíduos orgânicos utilizados incluíram resíduos verdes
(restos de vegetais crus, restos de cascas de frutas, borras de café, incluindo
filtros, arroz, massas, cascas de ovos esmagados e cereais) e outros resíduos
como folhas secas, galhos e pequenos ramos presentes no pátio da escola. Após
essas ações, conseguiu-se produzir adubo orgânico e chorume utilizados como
fertilizante nas plantas.
Na área de Ciências humanas, explorou -se a pesquisa do bioma da região,
bem como das plantas nativas e exóticas.
No componente curricular de Geografia, estudamos o clima e o tempo para
entender quais épocas do ano são melhores para a boa prática de irrigação e de
cultivo das plantas. Foi realizada uma atividade de observação, na qual os
estudantes identificaram espécies de árvores, plantadas na escola e analisaram
os benefícios que estas trazem ao ambiente, possíveis problemas ambientais e
soluções, e registraram os resultados com desenhos e atividades descritivas.
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Em biologia e geografia, estudamos a origem de cada árvore, o que foi


determinante para se compreender a relação entre clima e desenvolvimento
botânico. Ficou claro como as altas temperaturas influenciam o crescimento
das plantas, situação que retrata bem a realidade do nosso município.
A aprendizagem baseada em projetos é uma metodologia ativa de
ensino que propõe a atividade prática como ferramenta. Ao invés de explicar
todos os detalhes de uma atividade, os estudantes são convidados a
participar de ações reais para o desenvolvimento da competência a ser
trabalhada. Esta é definida como um método sistemático de ensino-
aprendizagem que envolve os alunos na aquisição de conhecimentos e
habilidades por meio de um processo de investigação, estruturado em torno
de questões complexas e autênticas e de produtos e tarefas cuidadosamente
planejadas. O uso de metodologias ativas no ensino, como a Aprendizagem
Baseada em Projetos possibilita, segundo Bender (2014), o desenvolvimento
das habilidades e competências do século XXI.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96
(LDB/96), no que cerne sobre a Educação Ambiental (EA) em seu artigo 22
diz que “a educação básica tem por finalidades desenvolver o educando,
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania
e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”
esta garantia já estabelecida, por vezes, não é cumprida por diversos motivos,
entre eles , a precariedade dos sistemas fiscalizadores.
Dessa forma, as atividades sobre educação ambiental no âmbito escolar
tornam-se uma ação necessária e importante na construção de uma
consciência ecológica e cidadã, pois a manutenção da vida no planeta está
intimamente relacionada com a existência das árvores e demais seres vivos.

Resultados

Os resultados do projeto foram satisfatórios, pois a educação ambiental é


fundamental para a formação de um cidadão consciente e atuante na
sociedade. Desenvolveu-se a arborização escolar por meio do ensino da
botânica, dos biomas e do solo, sendo que essa estratégia pedagógica se
mostrou eficaz em relação à educação do campo. Por essa razão, o plantio de
mudas, no ambiente escolar, e as aulas práticas, além de melhorarem o
ensino e a aprendizagem, deixaram o ambiente para a prática pedagógica,
mais agradável, interessante e motivador.

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O projeto promoveu iniciativas que transcendem ao ambiente escolar,


atingindo os pais e a comunidade na qual a escola está inserida. Acreditamos
que este é um caminho para potencializar as informações e as atividades
relacionadas à educação ambiental na escola. A arborização das próprias
escolas é uma ferramenta de ensino e aprendizagem que pode ser aplicada
ao ar livre, com grande importância para a comunidade, já que as práticas que
a ela estão relacionadas são desenvolvidas de forma contínua, interdisciplinar
e contextualizada. Assim, as atividades práticas de arborização e seus
desdobramentos estimulam a formação intelectual com vistas à preservação
ambiental, tanto por instigar o conhecimento e valorização da presença de
espécies arbóreas, quanto no exercício da cidadania e responsabilidade
ambiental, no próprio local de estudo, além de proporcionar qualidade de
vida ao ambiente escolar e bem-estar paisagístico. Dessa forma, a realização
do projeto foi fundamental, pois estimulou os alunos ao trabalho solidário, a
divisão de tarefas e de ajuda mútua, com apoio dos professores e
funcionários da escola, incentivou as crianças ao cuidado com o ambiente
escolar, com a comunidade e com relações humanas que traduzem respeito e
carinho para com eles mesmos, com o outro e com o mundo.

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REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel Gonzalez; CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica


Castagma(Orgs.). Por uma educação do campo. Petrópolis, Rio de Janeiro:
Vozes, 2011.
BENDER, W. N. Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada
para o século XXI. Porto Alegre: Penso, 2014.
MEDEIROS, A. B.; MENDONÇA, M. J. S. L.; SOUSA, G.L.; OLIVEIRA, J.P. A
importância da educação ambiental na escola nas séries iniciais. Revista
Faculdade Montes Belos, v.4, n.1, p. 1-17, 2011.

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Na sala de aula, os professores desenvolveram estudos voltados à
economia solidária, agroecologia, agricultura familiar e ao
trabalho coletivo, propiciando aos estudantes refletirem sobre
suas percepções de trabalho; e, nesse processo de reflexão,
entenderem o significado de trabalho coletivo, de cooperação,
autogestão e auto-organização.
Geovana Salustiano Couto; Claudemir Lourenção; Vilma Ayumi Kazama
PROJETO HORTA ESCOLAR: UMA
EXPERIÊNCIA AGROECOLÓGICA,
VIVENCIADA NA ESCOLA ESTADUAL IVONE
BORKOWSKI DE LIMA

Geovana Salustiano Couto


Claudemir Lourenção
Vilma Ayumi Kazama

RESUMO: O objetivo deste artigo é discorrer acerca das práticas


pedagógicas realizadas pelos estudantes e profissionais da educação na
Escola Estadual Ivone Borkowski de Lima a partir do Projeto Horta
Agroecológica desenvolvido nos anos letivos 2021/2022. O projeto
proporcionou aos estudantes trocas e aquisição de conhecimentos,
envolvendo temas como agroecologia, economia solidária e sustentabilidade.
As principais ações desenvolvidas na horta foram: rodas de conversas,
pesquisas, preparo do solo, cultivo, preparo de defensivos naturais, colheita e
consumo de alimentos saudáveis. Foram evidenciados como resultados
satisfatórios as trocas de saberes, o trabalho coletivo, a aprendizagem,
envolvendo o cuidado com o meio ambiente e a alimentação saudável.

Palavras-chave: Horta Escolar; Educação do Campo; Agroecologia; Economia


Solidária; Alimentação Saudável.

INTRODUÇÃO

Este artigo realiza uma reflexão acerca das práticas desenvolvidas no


Projeto Horta Agroecológica: partilhando saberes no laboratório de
aprendizagem, experiência esta vivenciada por educandos e educadores da
Escola Estadual Ivone Borkowski de Lima, localizada no Distrito Colorado do
Norte, município de Nova Canaã do Norte - MT.

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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

A Horta Escolar é um projeto pedagógico que faz parte do cotidiano da


escola, desde o ano de 2011, tendo como objetivo integrar práticas de
alimentação saudável, cuidados com o meio ambiente e aquisição de
conhecimentos relacionados ao trabalho e às formas de produção.
Em 2021, a escola recebeu financiamento da Secretaria de Estado de
Educação de Mato Grosso (SEDUC/MT), por meio da Coordenadoria de
Educação do Campo e Quilombola - COCQ e da Superintendência de
Diversidades - SUDI / Secretaria Adjunta de Gestão Educacional - SAGE e
Secretaria de Estado de Agricultura Familiar de Mato Grosso - SEAF/MT para
implantação da horta escolar. O valor recebido pela Escola Estadual Ivone
Borkowski de Lima contribuiu para a implementação do projeto no pós-
pandemia, uma vez que se fez necessário reformar a estrutura danificada com a
ação do tempo decorrente do longo período em que a escola permaneceu
fechada.
O projeto está inserido no eixo temático/categoria temática horta
agroecológica. A agroecologia é uma alternativa para a sociedade se organizar e
conviver com a natureza, em uma perspectiva que prima pela sustentabilidade
ambiental, pois, conforme Altieri (2002), uma das finalidades da agroecologia é
possibilitar ambientes equilibrados, com produções sustentáveis, cuja fertilidade
do solo é decorrente de processos biológicos de regulação natural das pragas
por intermédio da configuração de agroecossistemas diversos e da utilização de
tecnologias de baixos insumos externos. Assim, o cultivo de horta a partir da
agroecologia busca trabalhar o cuidado do solo com princípios socioambientais
de modo que não prejudique a natureza e, por conseguinte, o ser humano.
Avançando nessa direção, o projeto tem como objetivo proporcionar aos
estudantes a aquisição e troca de conhecimentos sobre agroecologia, economia
solidária, sustentabilidade e agricultura familiar, oportunizando que estes se
organizem por princípios de interação e construção social tendo como
conceitos orientadores: cooperação, autogestão, auto-organização, criatividade,
inovação, planejamento, responsabilidade, colaboração, resiliência, curiosidade
científica e protagonismo juvenil - valores esses entendidos como essenciais ao
desenvolvimento pessoal, à cidadania ativa e à inclusão social.
Esse objetivo está em conformidade com a proposta pedagógica das
escolas do campo que, segundo Machado (2009), deve ser baseada por
princípios que considerem, entre outros aspectos, as relações entre trabalho e
educação; educação e cultura; política e economia; teoria e prática social;
pesquisa e pensamento crítico e criativo; gestão democrática; trabalho

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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

coletivo; autonomia dos coletivos de estudantes e educadores. Logo, a


Educação do Campo proporciona aos trabalhadores acesso ao conhecimento
produzido na sociedade, contribuindo para a problematização e crítica ao
modo de conhecimento dominante que insiste em suprimir os protagonistas
originários da Educação do Campo como “produtores de conhecimento e que
resiste a construir referências próprias para a solução de problemas de outra
lógica de produção e de trabalho que não seja a do trabalho produtivo para o
capital” (CALDART, 2009, p. 38).
Neste sentido, o currículo das escolas do campo, de modo geral, propõe
fortalecer atividades que promovam a valorização do trabalho cooperativo,
bem como os saberes populares e das comunidades tradicionais, como a
agroecologia, a economia solidária e a sustentabilidade, desenvolvendo
projetos educativos e alternativos com o intuito de superar o modo de
produção capitalista, preservar o meio ambiente e, consequentemente, a
vida.

Justificativa

O percurso histórico da Educação do Campo pode ser dividido em três


momentos: no primeiro momento, pela negação dos sujeitos do campo nas
políticas públicas educacionais efetivadas pelo Estado, conhecida como
Educação Rural; o segundo período foi marcado por ações de educação
popular e lutas dos movimentos sociais camponeses junto ao Estado pelo
direito à Educação no campo; já o terceiro momento determinou o
rompimento com a Educação Rural e o nascimento da Educação do Campo -
uma educação que reconhece a identidade e a cultura dos povos do campo,
que promove ao sujeito pensar no desenvolvimento local, na produção
familiar e na existência da comunidade.
Neste contexto, a Educação do Campo - uma educação com
características próprias e diferenciadas - busca lutar pela vida, educação,
cultura, saúde, economia, trabalho e território; enfim, lutar pela valorização
do trabalhador no campo. Assim, a horta propicia relacionar a realidade do
homem do campo às práticas pedagógicas em que o educando é o ator do
desenvolvimento, configurando-se a horta, então, em instrumento que serve
como laboratório para variadas práticas e pesquisas e que oportuniza a
interação entre as diversas áreas do conhecimento.

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Nota-se, ao longo da história, uma mudança na forma de pensar a


Educação do Campo. Assim, algumas das finalidades do Projeto Horta
Agroecológica são para que, a partir dos conhecimentos teóricos e das
práticas desenvolvidas, os estudantes busquem melhorias na qualidade do
que consomem com a família, reduzam custos com a alimentação em casa e
ainda possam gerar renda extra.
A prática na horta demonstra que o cultivo diversificado de hortaliças,
legumes e verduras constitui-se em possibilidade de mudança na cultura
alimentar com consumo de alimentos saudáveis, influenciando estudantes a
uma reeducação alimentar. A organização da horta agroecológica, enquanto
espaço de aprendizagem, oportuniza a realização de atividades que
despertam o interesse pela temática da alimentação saudável.
Outrossim, a construção da horta na escola estimula os cuidados que
devemos ter com o solo e os organismos que nele vivem, buscando técnicas
para recuperá-lo, mantê-lo fértil, saudável e produtivo. O projeto reforça a
ideia de que a terra fornece seu alimento e é fonte de subsistência e renda
para as famílias que vivem no campo. Essa proposta surge em virtude de
relatos dos educandos cujos apontamentos indicam que, embora, as famílias
tirem seu sustento de atividades econômicas ligadas ao campo, a maioria não
planta hortaliças, pois o que consomem é comprado no comércio ou de
trabalhadores que plantam para vender. Por isso, incentivar não apenas o
consumo, mas também a produção consciente, é um aspecto importante a
ser considerado.
Por fim, a implementação de uma horta escolar agroecológica também
proporciona a retomada de estudos relacionados à sustentabilidade na
sociedade atual, possibilita o envolvimento de educandos e educadores em
práticas pedagógicas de educação ambiental, além de corroborar na
valorização da identidade, contribuindo, dessa forma, com a aprendizagem e
com o meio social em que vivem os estudantes.

Ações desenvolvidas

O Projeto Horta Agroecológica teve início, no final do ano de 2021,


após o retorno dos estudantes às aulas presenciais. Inicialmente, foi realizada
uma reunião pedagógica, em outubro, para apresentação do projeto aos
profissionais da escola. Na reunião, os educadores propuseram ações para a
implantação da horta escolar, ficando planejado uma roda de conversa com
os estudantes de cada turno.
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A roda de conversa ocorreu no mês de novembro. Foi explanado sobre


o valor financeiro recebido pela escola para implantação da horta,
apresentado slides, contendo parte do projeto para leitura, alguns
questionamentos e fotos da horta, de anos anteriores, para instigar o debate.
As perguntas foram respondidas pelos estudantes em pequenos pedaços de
papel sulfite colorido e fixados em mural para socialização. Os estudantes
foram questionados se já tiveram experiências com horta; sobre os pontos
positivos e negativos de uma horta; a respeito do acerca do que gostariam de
cultivar e de quais alimentos não agradam o paladar deles; falaram sobre
alimentação saudável e o que entendem por agroecologia; também foi
dialogado sobre a relevância dos saberes da comunidade e de que modo a
horta se constituiu em laboratório de aprendizagem. Como já estava
finalizando o ano letivo de 2021, não foi possível iniciar as práticas no espaço
da horta.
No ano de 2022, a experiência teve início com o planejamento das
ações a serem desenvolvidas. Em fevereiro, o espaço da horta foi roçado por
um dos educadores; e, no mês de março, foi realizado um mutirão com os
funcionários da escola para capinar os matos que haviam brotado. Também
foi feita a manutenção da iluminação e a construção da cobertura no espaço
da horta por educadores e membros da comunidade. Essa participação dos
sujeitos da comunidade reforça o aspecto intrínseco de que a Educação do
Campo articula escola e comunidade.
Como, no ano de 2022, ingressaram novos estudantes, a gestão escolar
junto aos educadores apresentou aos educandos o projeto, seu objetivo e
destacou sua relevância, tanto na vida escolar, quanto fora do âmbito escolar.
De semelhante modo, o projeto foi apresentado aos pais e responsáveis na
primeira Reunião de Pais e Mestres do corrente ano letivo.
Participam do projeto todas as turmas da escola, sendo duas no
período matutino, uma no vespertino e quatro no período noturno. Embora o
projeto tenha responsáveis, a responsabilidade pela execução é de todos os
professores regentes. Cada classe, acompanhada pelo professor que leciona
a aula no dia, tem 15 minutos para desenvolver suas práticas na horta. Os
estudantes seguem o croqui para identificarem os espaços que cada turma
possui para cultivarem as hortaliças. As ações do projeto não ficam restritas
apenas aos estudantes e professores, pois, frequentemente, as merendeiras
colhem as hortaliças que são preparadas nas refeições e, em dias não letivos,
os vigilantes contribuem, regando as plantas.

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Os estudantes começaram pela construção dos canteiros com orientação


dos educadores. Na sequência, prepararam a terra para o plantio. Nesta
etapa, aplicaram os conhecimentos adquiridos tanto pela escola quanto a
experiência vivenciada pela família, a exemplo, definiram a melhor forma de
incorporar o adubo orgânico nos canteiros; assim, utilizaram o esterco bovino
e o galináceo. Com a terra já preparada, os educandos semearam verduras
como: chicória, alface, almeirão, rúcula, mostarda, couve, cenoura e
beterraba. Alguns trouxeram mudas de alface para serem plantadas,
enquanto aguardavam as semeadas brotarem e ficarem prontas para o
replantio. No espaço ao lado dos canteiros, foram cultivados pepino,
pimenta-doce, quiabo, maxixe, tomate e algumas PANCs (plantas alimentícias
não - convencionais) como taioba, almeirão branco, ora-pro-nóbis e bertalha.
Na sala de aula, os professores desenvolveram estudos voltados à
economia solidária, agroecologia, agricultura familiar e ao trabalho coletivo,
propiciando aos estudantes refletirem sobre suas percepções de trabalho; e,
nesse processo de reflexão, entenderem o significado de trabalho coletivo,
de cooperação, autogestão e auto-organização. As práticas na horta
estimularam o desenvolvimento do trabalho colaborativo e do cuidado com a
produção de alimentos livres de insumos artificiais.
Ademais, o estudo de temas como a economia solidária, enquanto base
da agroecologia é de suma importância, pois, como aponta Zart (2004), é um
projeto solidário organizado por trabalhadores que buscam construir
alternativas para contrapor a fome, o desemprego, a degradação do meio
ambiente, a exploração do trabalho do homem, a competição e o
individualismo imposto pelo modelo econômico capitalista. Ao estudar a
economia solidária na escola, oportuniza-se aos estudantes entender que o
modelo de produção fundamentado nesta base teórica tem por objetivo
superar “evidências provocadas pelos setores dominantes, propondo outra
opção para produzir, consumir e comercializar, pautada na distribuição
igualitária, na não desagregação do trabalho e do produto gerado pelo ser
humano” (COUTO, 2021, p. 169).
Além das práticas com princípios ancorados na economia solidária,
foram desenvolvidas ações com pressupostos vinculados à agroecologia.
Dessarte, assim que as mudas atingiram a altura ideal, os estudantes
iniciaram o processo de replante. Foi utilizado como técnica o consórcio de
plantas, por ser considerada uma estratégia que inibe a ofensiva de insetos
prejudiciais aos cultivos, pois o ataque é menos intenso, quando as plantas se

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encontram consorciadas, em comparação com cultivos solteiros. Além de


hortar mais de uma espécie em cada canteiro, foi plantado também cheiro
verde entre as verduras para diminuir a incidência desses insetos.
Outra técnica agroecológica utilizada pelos estudantes e educadores
foi a cobertura do solo com os matos capinados da horta e a grama roçada do
campo suíço da escola, com a finalidade de proteger o solo, pois tal cobertura
desencadeia diversos benefícios, entre eles: impede que o impacto da chuva
compacte o solo; mantém a umidade por mais tempo, diminuindo a
necessidade de irrigação; aumenta o teor de matéria orgânica; estimula o
crescimento do ciclo de nutriente.
Prosseguindo nessa perspectiva agroecológica, os estudantes realizaram
pesquisas de PANCs - Plantas Alimentícias Não-Convencionais - e receitas
relacionadas. Foi desenvolvida, interdisciplinarmente, a organização de um
livro intitulado “Comendo PANCs” e os dados do aprendizado foram reunidos
e editados. Assim, o livro apresenta em cada receita a imagem do prato,
ingredientes, modo de preparo e o local de origem da planta considerada
uma PANC.
Com o crescimento das verduras, percebeu-se que mesmo, utilizando o
consórcio de plantas em alguns canteiros, a horta não ficou totalmente livre
de insetos como pulgões e vaquinhas. Diante do problema, os estudantes
pesquisaram e organizaram um livro com receitas de defensivos naturais;
após, produziram os defensivos e aplicaram nas hortaliças e legumes. Essas
práticas pedagógicas se tornam práticas sociais, considerando que os
estudantes são estimulados a desenvolver o trabalho coletivo e o cuidado
com a produção de alimentos livres de insumos artificiais. Tais práticas
podem ser estendidas às casas dos estudantes, conforme enfatizada na fala
da estudante:

“A horta contribui muito para o aprendizado da gente, para a produção do


alimento da merenda [...] aprende dos dois lados: a gente aprende e ensina o que
sabe para as outras pessoas; tem uma troca. A gente incentiva um ao outro a
plantar e cuidar da terra. Na aula de ciências, pesquisamos sobre os insetos que
são bons e outros que fazem mal para as verduras, [...] vimos que lá tem o pulgão,
o grilo e a vaquinha, aí nós pesquisamos sobre eles e como vamos combater essas
pragas que encontramos. [...] Isso é bom porque agora nós vamos preparar
algumas receitas para ver se conseguimos controlar os insetos. Então, acho a
horta muito boa”. (estudante do 2º ano 2º Segmento).

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Resultados

A horta implantada no espaço escolar transformou-se em laboratório


de aprendizagem, promovendo a relação entre a teoria e a prática de maneira
contextualizada, contribuindo com o processo de ensino e aprendizagem a
partir da realização do trabalho coletivo entre os sujeitos sociais envolvidos.
Como resultado, destaca-se a participação dos estudantes nas rodas
de conversas, na partilha de saberes de práticas agroecológicas e nas
preferências e experiências alimentares.
O projeto promoveu o trabalho coletivo entre estudantes e educadores
na preparação e organização dos espaços destinados às plantações, bem
como o envolvimento no cultivo, preparação do solo e colheita. A horta
serviu e serve como espaço para promoção de estudos e debates sobre
vários temas como: agroecologia, agricultura familiar, adubação orgânica,
controle de pragas por meio de defensivos naturais, rotação de culturas,
manejo do solo, agrotóxicos, valorização da vida rural, auto-organização,
autogestão, cooperação, entre outros.
Destarte, o trabalho realizado pelos estudantes contribuiu para uma
alimentação escolar mais nutritiva e diversificada. As hortaliças foram
servidas inclusive em eventos abertos à comunidade escolar, como ocorreu
no jantar comemorativo ao Dia das Mães, na confraternização ao Dia dos
Pais e nos Jogos Escolares da Educação do Campo. Além dessas situações, os
estudantes levam para casa o excedente da horta e complementam a
refeição da família.

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Referências:

ALTIERI, Miguel A. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura


sustentável. 3. Ed. Rev. ampl., São Paulo: Expressão Popular, AS-PTA, 2012.
CALDART, Roseli Salete. Educação do campo: notas para uma análise de
percurso. Revista Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 7 n. 1, p. 35-
64, mar./jun., 2009. ISSN 1981- 7746. Disponível
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COUTO, Geovana Salustiano. Práticas Pedagógicas da Educação do Campo:
Relações entre o Trabalho e a Educação na Escola Estadual Ivone Borkowski
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(Mestrado em Educação). Programa de Pós-graduação em Educação,
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do
oprimido. 16. Ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.
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MACHADO, Ilma Ferreira. Organização do trabalho pedagógico em uma
escola do MST e perspectiva de formação omnilateral. Campinas: RG, 2010.
ZART, Laudemir Luiz. As possibilidades de Construir uma Sociedade
Alternativa: a socioeconomia solidária. In: ZART, Laudemir Luiz. (org.).
Educação e socioeconomia solidária: paradigmas de conhecimento e
sociedade. Cáceres: UNEMAT Editora. 2004. p. 173- 186.

48
A horta na escola contribuiu para melhorar a autoestima
e bem - estar de muitos alunos, principalmente, devido
ao tempo de pandemia em que todos ficaram em casa,
mexer com a terra, plantar, colher e se socializar com
colegas nessas atividades foi um atrativo.

Amabile Oliveira Caon; Julio Cesar Versori; Viviane Alves Ximenes Santana
SABOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA
ESTADUAL NOVA GALILEIA
Amabile Oliveira Caon
Julio Cesar Versori
Viviane Alves Ximenes Santana

RESUMO: Este trabalho expõe a relevância de se ter uma horta na escola


com benefícios para a promoção do hábito da alimentação saudável e o
esclarecimento acerca da preservação, respeito e atenção ao meio ambiente
com os alunos da Escola Estadual Nova Galileia, cidade de Colíder - MT.
Desse modo, foi desenvolvida a proposta da horta escolar, “sabor
pedagógico” com o objetivo de proporcionar interatividade entre escola e
alunos, por meio de trabalhos pedagógicas multidisciplinares com o
envolvimento de todos de forma contextualizada e agradável. Em conjunto,
foi realizado o trabalho de despertar para leituras sobre temas relevantes à
horta na biblioteca integradora escolar com o tema “Uma sementinha, muitos
frutos”, cujo objetivo era levar o estudante a ler teorias e colocar a mão na
massa.

Palavras-chave: Horta Escolar; Alimentação Saudável; Sustentabilidade.

Introdução

No início dos anos 60, havia problemas de degradação ambiental


causados pela estagnação econômica no mundo, mas não havia menção à
Educação Ambiental. Somente em 1965, na Conferência de Educação da
Universidade de Keele, na Inglaterra, foi proferida uma palestra a respeito da
Educação Ambiental, sugerindo que ela precisava ser parte básica da
educação de toda a sociedade.
Porém, somente em 1972, houve atividades decisivas para o
progresso da conduta ambiental do planeta. Conforme Dias (1991), a
Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu em julho, na Suécia, a
Conferência de Estocolmo, que mencionou o Meio Ambiente Humano.
Nesse sentido, a Conferência de Estocolmo ficou conhecida
50
REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

como um símbolo histórico-político do mundo, quando determinou um plano de


ação mundial e, em especial, aconselhou que carecia ser acordado um programa
internacional de Educação Ambiental. Desse modo, a educação ambiental
começou a ser vista como esfera de ação pedagógica, conseguindo significância e
vigência em todo o planeta. Porém, em 1975, a Organização da Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) organizou, em Belgrado,
Iugoslávia, um encontro mundial sobre Educação Ambiental, reunindo
especialistas de 65 nações.
No evento, foram criadas concepções e direções para um programa
internacional de educação ambiental, que carecia ser constante, multidisciplinar,
adaptado às diferenças regionais e norteado às propensões nacionais. Então,
pensando na educação ambiental como base da educação para todos, e na escola,
como lugar colaboração, socialização, aprendizagem envolvente e inclusiva, foi
estabelecido o projeto da horta escolar e, que inclui, em suas diversas propostas
de ensino, os temas da natureza, saúde e alimentação saudável, o que leva os
alunos e a comunidade escolar a participar e cooperar, com prazer, de atividades
que conscientizam sobre a importância e seriedade de cuidar e respeitar o meio
ambiente.
A Escola Estadual Nova Galileia é uma unidade constituída de Ensino
Fundamental (Organizado em Ciclos/Anos), Ensino Médio Regular e EJA. Ela está
localizada na Comunidade Rural Nova Galileia que é constituída por,
aproximadamente, cento e vinte famílias, distante 30 km da sede do município.
Os alunos atendidos são oriundos das comunidades que se localizam ao entorno
da escola. Em relação às condições socioeconômicas da comunidade escolar,
podemos afirmar que os estudantes são filhos de pequenos agropecuaristas,
diaristas e assalariados que trabalham para os grandes pecuaristas.
A escola tem se preocupado em oferecer além da qualidade do ensino um
ambiente agradável e acolhedor onde os alunos possam resgatar o valor do
trabalho do campo de forma saudável, e tendo uma formação crítica, entendendo
o lugar onde vivem, e por meio de uma atividade simples como a horta, pôde ser
observado na expressão dos educandos, em cada etapa, e na vontade de levar
para a própria casa os ensinamentos e experiências vividas na escola.

Justificativa

É plantando a sementinha do hábito e gosto pela leitura que vamos trazer

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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

o aluno para a prática. O envolvimento dos estudantes foi no sentido de


estimular a sua participação na produção, consumo e entender a importância
das verduras e legumes na alimentação.
O preparo e desenvolvimento da horta escolar possibilita ao estudante
um melhor e mais proveitoso aprendizado, no qual há a necessidade do
toque na terra, do contato com as plantas. da diferenciação de formas,
texturas, cheiros e cor, estimulando a inteligência, os sentidos e a
interatividade com o meio ambiente, desenvolvendo também a consciência
ambiental.
Os alunos poderão plantar, regar, cuidar e zelar, mostrando todo
conhecimento adquirido na biblioteca e sala de aula por meio da leitura e
teoria. Por outro lado, a participação ativa dos estudantes na preparação de
canteiros, sementeira, cuidado e colheita, servirá para estimular o trabalho
solidário na divisão de tarefas e de mútua ajuda, com apoio dos professores e
da Técnica Administrativa em Educação - TAE.
Ter horta na escola oferece aos alunos a comunicação com a natureza,
ao lidar com a terra, com as plantas, as frutas, as verduras e os legumes, e
também os ensina o funcionamento do processo de plantio e colheita dos
alimentos que consomem.
Com isso, entendem a relevância de preservar o meio ambiente e de
adotar práticas sustentáveis para a manutenção dos recursos naturais,
essenciais para nossa vida no planeta. Cultivar uma horta na escola promove
a consciência socioambiental nas crianças, que requer responsabilidade na
atuação do ser humano sobre a natureza, visando diminuir os impactos e
aprimorar as condições de vida no planeta. Os alimentos produzidos também
podem ser utilizados no preparo das refeições na escola, o que gera
economia nas compras e garante a qualidade do que está sendo consumido.
A horta é um instrumento pedagógico que desperta e beneficia o
desenvolvimento de habilidades interessantes para a aprendizagem dos
alunos, pois é uma atividade em equipe na qual eles a constroem e zelam.
Entre outras coisas ela propicia: colaboração, envolvimento e
responsabilidade, cidadania, a resolução de problemas, inclusão, diálogo,
pensamento crítico, capacidade de argumentação, paciência.
O protagonismo estudantil também é incentivado, ao experimentar e se
instruir sobre o cultivo da horta e também se conscientizar sobre a
preservação do meio ambiente. O aluno identifica a importância da sua
contribuição e legado de sua própria importância na transformação da
realidade social, ambiental, cultural e política em que está inserido.
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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

Ações desenvolvidas:

Os professores e a TAE conduziram todo o processo de ensinar e


acompanhar os alunos no passo a passo da construção da horta, do plantio,
do cultivo e da colheita.
De modo geral, o processo envolveu: trabalhos de leitura na biblioteca
integradora, atividades teóricas em sala de aula para entendimento das ações
do homem para com a natureza, atividades práticas de construção da horta,
limpeza e preparo dos canteiros.
Nas etapas práticas, as seguintes ações desenvolvidas foram:
Semeadura - plantar as sementes na terra, preparada com nutrientes e
própria para o plantio; Germinação - período em que as sementes brotam e
originam novas plantas; Transplante - é o plantio das mudas no local onde
permanecerão, definitivamente, ou seja, pode ser a transferência da planta
de um vaso para outro; Desbaste - retirar o excesso de mudas de um
canteiro em que houve semeadura direta, espaçando-as para que não haja
competição entre as plantas; Desbrotamento - eliminar brotos para
proporcionar o melhor desenvolvimento dos frutos e das folhas; Colheita -
retirada das espécies da terra durante o período de maturação; Escarificação
- quebrar a crosta seca que se forma no solo para que fique arejado e as
plantas consigam absorver a água; Adubação - colocar nutrientes no solo
para aumentar o teor de matéria orgânica; Rega - regar as plantas, conforme
a necessidade de cada espécie; Drenagem - retirar o excesso de água do solo,
com canais de escoamento das plantas; Estaqueamento - apoiar as plantas
que necessitam de estacas ou toras, como as trepadeiras, para crescerem
mais facilmente; Reciclagem de resíduos sólidos (compostagem); Cuidados
com as pragas de forma agroecológica; Aulas práticas com técnico agrícola
sobre adubação e plantio.

Resultados

A horta na escola contribuiu para a melhorar a autoestima e bem -


estar de muitos alunos, principalmente, devido ao tempo de pandemia que
todos ficaram em casa, mexer com a terra, plantar, colher e se socializar com
colegas nessas atividades foi um atrativo. E ajudar os alunos a entender a
importância desses nutrientes nos alimentos fez com que cada um se motiva-
se ainda mais com suas participações e o manuseio de construir um projeto
que beneficiasse a todos.
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Acreditamos no incentivo das famílias com essa prática em suas casas


também, além do mais, este trabalho proporcionou conhecimento e
interatividade no cultivo de alimentos orgânicos. No entanto, o cultivo de
variedades de hortaliças é o destaque do projeto, no futuro, a horta
beneficiará a saúde de todos, contribuindo para uma alimentação mais
saudável e sem conservantes químicos, permitindo que todos os alunos
desfrutem e comam as plantas cultivadas. O dinamismo, a solidariedade e a
parceria, entre eles, também influenciou no comportamento fora da horta
escolar, tendo melhora no convívio social.
Por fim, oferecemos aos alunos aprendizagem mais dinâmica para que
seus conhecimentos possam se desenvolver a partir de diferentes culturas.
Construir e cultivar a horta na escola, promoveu a cultura maker, ou seja, eles
colocaram a mão na massa, o que permitiu desenvolver as atividades com
autonomia. Houve o estímulo de muitas habilidades como: aumento do
engajamento dos alunos em relação ao conteúdo didático; incentivo à
curiosidade e à busca por conhecimento de forma autônoma; promoção da
proximidade da relação entre os alunos por meio do trabalho em equipe;
desenvolvimento das competências socioemocionais; incentivo ao
Pensamento lógico e científico; abordagem da análise e da resolução de
problemas de forma crítica e criativa; apoio à interação dos alunos com o
ambiente e com a sociedade.
As metodologias ativas também estiveram presentes, pois, ao realizar
atividades com a horta, a aprendizagem se torna mais eficaz com a prática,
mediante a participação ativa dos alunos. Assim, essa atividade permitiu que
os alunos aprendessem de forma lúdica, divertida e com autonomia,
realizando estudos de caso, pesquisas, estudos em grupo e desenvolvimento
do processo de plantio, cultivo e colheita, e entendessem melhor a forma de
lidar com a natureza para o seu próprio benefício alimentar.

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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

Atividades de leitura na biblioteca integradora sobre o tema

Materiais adquiridos

Construção da horta junto com os alunos

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Plantio e colheita e preparo de mudas

Preparo e consumo

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei no 9.795, 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação


ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, nº
79, Seção 1, p.1-3, 28 abr. 1999.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo, Gaia, 1992.
DIAS, Genebaldo Freire. Os quinze anos da educação ambiental no Brasil:
um depoimento. 10 ed. Brasília, 1991. GRÜN, Mauro. Ética e Educação
Ambiental – a conexão necessária. São Paulo: Papirus, 1996.
MORGADO, F. S. A horta escolar na educação ambiental e alimentar:
Experiência do Projeto Horta Viva nas escolas municipais de Florianópolis.
Monografia (Graduação em Agronomia) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2006.
VIEIRA.D.F.A. Catálogo brasileiro de hortaliças – saiba como plantar e
aproveitar 50 das espécies mais comercializadas no país. Brasília, DF, Sebrae,
Embrapa hortaliças, 2010.

57
Essa proposta de ensino vai ao encontro daquilo que propõe a Base
Nacional Comum Curricular - BNCC, ao tratar dos Temas Transversais
Contemporâneos, de maneira interdisciplinar, multidisciplinar e
transdisciplinar, as áreas do conhecimento se inter-relacionam com o
objetivo maior que é o de agregar conhecimentos e provocar mudanças
de atitudes de todas as pessoas, na perspectiva de melhorar o lugar onde
se vive.
Elis Regina Polidoro Marangoni; Geisiane Maria da Silva França; Maria José da Silva Ramos
A REUTILIZAÇÃO DE MATERIAIS
RECICLÁVEIS, VISANDO À
SUSTENTABILIDADE NA ESCOLA
ESTADUAL IRMÃOS DO CAMINHO

Elis Regina Polidoro Marangoni


Geisiane Maria da Silva França
Maria José da Silva Ramos

RESUMO: O presente trabalho visa apresentar os resultados das ações


didático-pedagógicas, realizadas na Escola Estadual Irmãos do Caminho,
escola do campo, localizada no bairro Souza Lima, município de Várzea
Grande/MT, durante a execução do projeto intitulado “A Reutilização de
Materiais Recicláveis, visando a Sustentabilidade”, tema este ligado às
questões sobre o Meio Ambiente e a Sustentabilidade. O objetivo do
trabalho foi despertar aos sujeitos pertencentes à comunidade escolar a
conscientização sobre os temas que envolvam o meio ambiente e a
cidadania, desenvolvendo a construção de atitudes para a preservação e o
desenvolvimento de maneira sustentável. Sabendo-se que compete ao corpo
docente da unidade escolar a elaboração, o planejamento e a execução de
ações voltadas para os Temas Contemporâneos Transversais, como o meio
ambiente, pretendeu-se por este trabalho, por meio da abordagem
intradisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar previstas na Base Nacional
Comum Curricular – BNCC, estimular mudança nas atitudes e na formação
de novos hábitos, dando maior importância ao uso de materiais, que podem
causar impactos negativos ao meio ambiente, promovendo práticas
sustentáveis como: reduzir, reutilizar e reciclar.

Palavras-chave: Práticas Sustentáveis, Meio Ambiente, Educação do Campo


e Transdisciplinaridade.

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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

Introdução

A Escola Estadual Irmãos do Caminho, escola do campo, localizada na


Avenida Principal, s/nº, Comunidade de Souza Lima, Município Várzea
Grande – MT, atenta às mudanças que ocorrem no meio social, bem como
preocupada com as questões ambientais, tem um corpo docente e de
profissionais engajadas com ações que procuram melhorar o cuidado com o
meio ambiente.
E, ao longo dos anos, após análise e observação da quantidade de
materiais (que eram considerados lixos) produzidos no chão da escola, surgiu
a oportunidade de elaborar e planejar ações práticas voltadas ao cuidado
com o meio ambiente, a médio prazo, que pudessem despertar nos
estudantes o interesse em participar dessas ações, desenvolvendo-as e
criando estratégias para a manutenção destas, de forma que houvesse
também o compromisso e envolvimento da comunidade escolar, a fim de que
as ações em questão fossem, com o passar dos anos, definitivamente,
incorporadas pela EE Irmãos do Caminho.
Assim, surgiu o Projeto Educação Ambiental e Sustentabilidade, que
ancorado á Secretaria de Estado de Educação - SEDUC/MT, por meio da
Coordenadoria de Educação do Campo e Quilombola - COCQ/SUDI, ganhou
espaço e se tornou realidade.
Essa proposta de ensino vai ao encontro daquilo que propõe a Base
Nacional Comum Curricular - BNCC ao tratar dos Temas Transversais
Contemporâneos, e assim de maneira interdisciplinar, multidisciplinar e
transdisciplinar as áreas do conhecimento se inter-relacionam com o objetivo
maior que é o de agregar conhecimentos e provocar mudanças de atitudes
de todas as pessoas, na perspectiva de melhorar o lugar onde se vive.
Primeiramente, os estudantes fizeram uma pesquisa para saber quais
materiais produzidos em maior quantidade no espaço escolar, poderiam ser
reciclados, reutilizados ou reduzidos, e após a posse desses dados,
decorreram os planejamentos das ações coletivas que contribuíram para o
desenvolvimento deste projeto.

Justificativa

Ao se propor a realização de ações voltadas para a temática ambiental,


no contexto escolar, pretende-se despertar, conscientizar e fomentar ações e
60
REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

práticas que visem melhorar e contribuir para os cuidados com o meio


ambiente, com a nossa casa e com o futuro do planeta.
Pequenas ações diárias, como o não desperdício de água e de energia; a
preservação dos rios e córregos; o cuidado com o lixo, jogando-o e o
descartando em lugares apropriados; preocupação com o descarte e a coleta
seletiva do lixo, sendo feita a reciclagem; o reuso e a reutilização de materiais
que poderiam parar em lugares inapropriados e, por isso,
poderiam poluir o solo, a água e o ar.
Dessa forma, a unidade escolar, uma instituição preocupada e
comprometida com o social e com o meio ambiente, pensa, planeja e propõe
ações que visem estratégias permanentes de cuidado, conscientização e
preservação destes.
Com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, abordando o
Tema Transversal Meio Ambiente, a EE Irmãos do Caminho propõe que a
principal função do professor, ao trabalhar esse tema, é contribuir para a
formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e a atuar na realidade
socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de
cada um e da sociedade, local e global. Para isso, é necessário que, mais do
que informações e conceitos, o educador trabalhe com atitudes, com
formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de procedimentos.
Assim sendo, a Educação Ambiental não deve ser tratada como algo
distante do cotidiano dos estudantes, mas como parte de suas vidas. É de
suma importância a conscientização da preservação do Meio Ambiente para
a nossa vida e de todos os seres vivos, afinal vivemos nele. E, precisamos que
todos os seus recursos naturais sejam utilizados de modo equilibrado,
racional e sustentável.
E quando se fala em meio ambiente, temos que refletir sobre as muitas
informações, valores e procedimentos que podem ser ensinados e
apreendidos no cotidiano dos estudantes e, em todas as áreas do
conhecimento.
Nesse sentido, a EE Irmãos do Caminho, preocupada com a questão
ambiental, planeja, elabora e executa ações práticas capazes de transformar e
mudar hábitos cotidianos entre os sujeitos da comunidade escolar. Ações
estas que minimizem os impactos de destruição do meio ambiente,
contribuindo com a redução dos problemas, por meio do consumo
consciente de água e de energia e da proposição de uma correta destinação
dos resíduos coletados no espaço escolar.

61
REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

A escola efetiva-se como espaço formador de agentes de mudanças,


visto que, é um ambiente propício à formação de novas atitudes, de novos
comportamentos e valores, por meio do aprendizado voltado às questões
ambientais.
A educação ambiental constitui uma área de conhecimento,
eminentemente interdisciplinar, em razão aos diversos fatores interligados e
necessários ao diagnóstico e à intervenção que a pressupõe.
Portanto, é imprescindível a compreensão de que a noção de meio
ambiente não se refere somente à natureza, mas sim às relações de
interdependência entre os seres humanos e os demais seres vivos que fazem
parte do ambiente. O ser humano é parte integrante da natureza e o principal
agente das modificações ocorridas na mesma, ao longo dos anos. Para
concebermos o meio ambiente de maneira integrada, faz-se necessário que a
Educação Ambiental se torne parte na prática escolar. Pois, segundo Muniz
(2007), a Educação Ambiental deve considerar o Meio Ambiente em sua
totalidade, deve ser contínua, atingir todas as faixas etárias, ocorrer dentro e
fora da Escola e, examinar as questões ambientais locais, sob um enfoque
interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar.
Estes princípios devem orientar nossas ações, como: pesquisas, análises
e experimentos, incluindo os estudantes na realidade global no que diz
respeito à Educação Ambiental, social e cultural, visando à sustentabilidade
do Meio Ambiente, ensinando o respeito mútuo entre a Sociedade e a
Natureza, entendendo esta como sendo a sua morada, valorizando a
cidadania e a compreensão da vida.

Ações desenvolvidas

As ações desenvolvidas, no decorrer da execução deste projeto,


iniciaram-se com a apresentação e mobilização para a importância da
realização do projeto a todos os sujeitos da comunidade escolar (docentes,
discentes, profissionais e comunidade externa) acerca da temática “Educação
Ambiental e Sustentabilidade”. Sendo assim, apresentamos a sequência das
ações desenvolvidas:

Organização das equipes de trabalho que teve um ou dois professores


responsáveis por cada equipe de modo que os estudantes, por meio da
metodologia da rotação das estações, passassem por todos os grupos de
62
REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

trabalho;
Promoção de encontros de sensibilizações para estimular a participação de
todos, na temática meio ambiente;
Incentivo ao envolvimento dos membros da comunidade nas atividades
direcionadas e planejadas, promovendo a ampliação dos conceitos para fora
da escola, facilitando a absorção de hábitos sustentáveis;
Aquisição de materiais para a realização das ações planejadas;
Inter-relação das habilidades (objetivos de aprendizagens) com os objetos de
conhecimento em cada componente curricular, bem como por área de
conhecimento;
Realização de campanha de arrecadação de papéis e papelões para a venda;
Efetivação de parceria com uma empresa de materiais recicláveis (papel e
papelões) que compram esses materiais para transformá-los em um novo
produto (caixas de ovos);
Arrecadação de óleo de cozinha usado para a fabricação de sabão (líquido e
em barra);
Reutilização de madeiras e telhas retiradas de construção e reforma do
espaço escolar na horta (para a organização da estufa e dos canteiros), bem
como na parte do paisagismo;
Utilização de garrafas pets, caixas de leite, copos descartáveis para o plantio
de mudas e sementes;
Reutilização de garrafas de vidro, telhas, caixas de papelão e outros materiais
para a confecção de artesanato e objetos de decoração;
Seleção ou separação do lixo para a reciclagem;
Fortalecimento ao estímulo e resgate de ações que levaram os sujeitos à
mudança de atitude quanto aos costumes de cuidar do ambiente em que
vivem, produzindo parte de sua alimentação de forma sustentável,
diminuindo o lixo gerado, e utilizando de forma sustentável os recursos
naturais;
Promoção de práticas sustentáveis de reuso e reutilização de materiais
recicláveis;
Desenvolvimento de atividades práticas, sensibilizações, uso de tecnologias e
recursos digitais que oportunizaram a criação de textos, hipertextos,
desenhos, jogos, brincadeiras, videominutos e filmes motivacionais que
facilitaram a absorção do conteúdo de forma lúdica.

Resultados

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Envolvimento e participação de todos os sujeitos membros da


comunidade, buscando a integração dos conhecimentos, das aptidões, dos
valores, das atitudes e das ações apresentadas nos objetivos deste projeto,
em forma de preservação do meio ambiente, despertando em todos os
envolvidos uma consciência ética sobre todas as formas de vida e cuidados
com o meio onde vivemos.
Pequenas e contínuas práticas e ações foram e são realizadas diariamente,
como o recolhimento de materiais que poderiam ir para o lixo (garrafas pets,
caixas de leite, caixas de madeiras, papel e papelões, pallets, garrafas de
vidros, pneus e outros). Recolhemos, separamos e destinamos os materiais,
reutilizando e reciclando.
Os papéis e papelões recolhidos são armazenados em um ambiente, e
após, são enviados para uma fábrica que reutiliza papel e papelão para a
fabricação de caixas de ovos (mas são caixas diferentes, dentro de cada uma
delas contém pequenas sementes de grama, e quando essas caixas entram
em contato com o solo, elas se dissolvem e após contato com a água, nascem
as gramas). A empresa recolhe os diversos materiais e pagam por eles.
Reutilização de telhas e madeiras oriundas de reformas e construção
para a organização da horta escolar, bem como para o paisagismo.
E com a arrecadação do óleo de cozinha usado, foi feito o sabão em
barra, entregue aos estudantes e à comunidade escolar interna e externa.

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Referências:

EDITAL CONJUNTO Nº 002/SEDUC/SEAF/2021/MT, Diário Oficial do


Estado de Mato Grosso, de 05 de julho de 2021.
RESOLUÇÃO N. 126/03-CEE/MT que Institui as Diretrizes Operacionais
para a Educação Básica do Campo no Sistema Estadual de Ensino de Mato
Grosso.

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CADERNO PEDAGÓGICO: EDUCAÇÃO DOS ANOS FINAIS DO ENSINO


FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO, ano 2020.
ARAYA, Kathya Regina. SILVA, Bruno1Fábio Augusto Rodrigues e.
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E HORTA ORGÂNICA: UMA EXPERIÊNCIA NO
ENSINO FUNDAMENTAL DOS ANOS INICIAIS disponível em
https://www.metodista.br, acesso em 12/06/2021.
METODOLOGIAS ATIVAS E SUA RELAÇÃO COM O AMBIENTE
FACILITADOR DE APRENDIZAGEM. Secretaria de Estado de Educação de
Mato Grosso. 2019
Mato Grosso. Secretaria de Estado de Educação. Orientações Curriculares:
Diversidades Educacionais. Cuiabá. Defanti, 2010. 62 a 70 p.
OLIVEIRA, Andreia. PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais: Tema
Transversal Meio Ambiente. Disponível em A
https://www.cpt.com.br/pcn/parametros-curriculares-nacionais-tema-
transversal-meio-ambiente, cesso em 26/07/2021.

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Buscar novos caminhos, novas possibilidades para o processo
de ensino deve ser uma iniciativa constante para o professor,
na tentativa de distanciar das amarras pedagógicas do
passado, e sonhar com outras possibilidades de ensino e
inovações no campo pedagógico, nas quais os alunos estão
sempre em cena, e não como meros figurantes.

Eurico Cabreira dos Santos; Edinete Ribeiro de Lima Hoffmann


HORTA ESCOLAR: PLANTAR PARA
PRODUZIR CONHECIMENTO NA ESCOLA
ESTADUAL CRIANÇA CIDADÃ

Eurico Cabreira dos Santos


Edinete Ribeiro de Lima Hoffmann

RESUMO: A horta é um espaço interessante dentro do ambiente escolar,


pois ajuda a melhorar a qualidade ambiental e colabora para um tratamento
correto dos resíduos orgânicos. Além disso, pode contribuir na produção de
alimentos saudáveis e gerar a possibilidade de criar várias atividades
pedagógicas. O projeto horta objetivou a melhoria da qualidade ambiental e
ampliação das possibilidades pedagógicas de ensino e pesquisa. A proposta
foi realizada, na Escola Estadual Criança Cidadã localizada na cidade de
Cáceres -MT, nos anos de 2021 e 2022. As atividades do projeto foram
realizadas por voluntários (alunos, professores, funcionários, pessoas da
comunidade) que participaram das diversas atividades desde a limpeza da
área até a colheita da produção. O projeto apresentou resultados
significativos na parte pedagógica e produção de alimentos.

Palavras-chave: Sustentabilidade, Produção Orgânica, Pesquisa, Educação


Ambiental, Participação.

Introdução

O projeto “Horta escolar: plantar para produzir conhecimento” foi


realizado, na Escola Estadual Criança Cidadã, nos anos de 2021 e 2022. As
atividades do projeto iniciaram com a aprovação deste junto à Seduc-MT. No
início, foi feita a mobilização da comunidade escolar para formação de um
grupo de voluntários, que envolveu professores, funcionários, alunos, pais e
pessoas da comunidade.
Depois de montar os grupos, foram organizadas escalas de atividades
colaborativas, conforme a disponibilidade de horário de cada um, para
realização dos trabalhos técnicos, da limpeza do terreno até a colheita dos

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produtos. Assim, o desenvolvimento do projeto foi ocorrendo, aos poucos, e


a horta foi ganhando forma e transformando totalmente a paisagem.
A parte pedagógica do projeto ficou a critério de cada professor,
conforme seu componente curricular de ensino. Eles planejavam e realizavam
atividades para serem desenvolvidas no espaço horta. Alguns professores
ousaram enfrentar o desafio de levar seus alunos para a sala ambiente da
horta , e desenvolveram atividades relacionadas ao projeto.

Justificativa

A escola tinha uma área ampla sem construções, com uma arborização
que produzia muitas folhas e que eram queimadas. Por ter um número
reduzido de funcionários, isso gerava um problema para a manutenção da
limpeza do ambiente escolar.
A implantação do Projeto Horta possibilitou a transformação dessa
realidade, pois, por meio de estudos e pesquisas, foi possível fornecer um
destino correto para as folhas, transformando-as em adubo orgânico, e
produção de hortaliças para dar maior apoio ao preparo e consumo da
merenda, bem como realizar doações para os alunos, quando houvesse
excedente. Além disso, o referido projeto criou um “novo espaço
pedagógico” para realização de aulas motivadoras, dinâmicas, interessantes e
criativas para os alunos e professores.
Rubem Alves, em sua obra “Horta: o quarto mistério”, disse que “uma
horta é uma festa para os cincos sentidos. Boa de cheirar, ver, ouvir, tocar e
comer” (ALVES, 1995). Tais percepções sugerem que esse espaço se destaca
por ativar todos os sentidos humanos, e na escola, acredita-se que, por meio
da horta, ganha-se outra dimensão, abrindo espaço para aguçar curiosidades,
talvez, no primeiro momento, uma curiosidade ingênua, porém que pode ser
transformada em curiosidade epistemológica a partir das mediações dos
professores.
O espaço horta exigiu dos professores novos olhares, considerando as
inúmeras possibilidades de atividades e ações pedagógicas que podem ser
realizadas, nesse viés, não cabe ver esse ambiente somente para cultivar
plantas, ensinar ou aprender técnicas de plantio e manejo, mas como o
desafio de viajar para outros mundos, que faz romper a zona de conforto dos
professores e alunos, ampliando as fronteiras do conhecimento.
Rubem Alves também nos faz ponderar que “é fácil obrigar o aluno a ir
à escola. O difícil é convencê-lo a aprender aquilo que ele não quer
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aprender...” (ALVES, 2004), a horta, nesse campo, ganha espaço, pois abre
várias possiblidades de ensino e pesquisa que podem motivar o aluno a se
interessar a estudar.
Tal desafio não se prende a determinada área ou disciplina, mas convida
a todos os sujeitos a realizar pesquisas, experimentos, atividades pedagógicas
que colocam os alunos como os atores principais do processo de ensino -
aprendizagem, no qual eles exerçam sua criatividade, autonomia, capacidade
de inovar, aprender e construir o seu conhecimento. O professor ganha outra
dimensão, o de mediador das ações pedagógicas.
Buscar novos caminhos, novas possibilidades para o processo de
ensino deve ser uma iniciativa constante para o professor, na tentativa de
distanciar das amarras pedagógicas do passado e sonhar com outras
possibilidades de ensino e inovações no campo pedagógico, nas quais os
alunos estão sempre em cena, e não como meros figurantes.
Quando a escola iniciou a implantação do Projeto Horta, pensou-se em
atividades para além do cultivo e produção das hortaliças. Existia um outro
problema que a comunidade escolar deveria enfrentar: realização de um
tratamento correto para grande quantidade de material orgânico que era
produzido diariamente, devido, principalmente, às folhas da arborização
escolar.
Nesse cenário, os alunos foram motivados a pensar e ajudar na
resolução desse desafio, agindo como protagonistas para a criação de uma
escola com princípios sustentáveis. Como afirma Barbosa (2007), “ao
construirmos uma horta sustentável na escola, estamos desenvolvendo uma
série de novas aprendizagens e valores em nós e nos educando”. Gerando
mais informações que possibilitaram novas atitudes mais sustentáveis por
parte de todos envolvidos.

Ações desenvolvidas

O Projeto Horta Escolar foi desenvolvido, na EE Criança Cidadã, entre os


anos de 2021 e 2022. Esse projeto contou com o apoio e participação dos
alunos, professores, funcionários e voluntários. Nesse trabalho, organizaram-
se grupos com 5 a 10 pessoas para desenvolverem as atividades técnicas,
que ocorriam no contraturno, para os alunos. Já a comunidade voluntária e
professores vinham para a horta, conforme disponibilidade de horário na
escala organizada.

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Essa metodologia e rotina de trabalho fizeram-se presentes em todas as


etapas de realização do projeto, e geralmente, os professores responsáveis
acompanhavam e orientavam as atividades a serem realizadas junto com os
alunos e demais envolvidos.
Considerada a mais relevante, a parte pedagógica ficou a critério de
cada professor. Ela envolveu, sobretudo, o planejamento de ações para
desenvolver trabalhos com os alunos no ambiente horta, considerando que
esse espaço foi “criado” para ampliar as possibilidades de diversificar as
atividades, assim como quebrar a rotina de ficar com os alunos somente na
sala de aula.
A implantação do projeto iniciou-se a partir do segundo semestre de
2021. Nessa primeira fase do projeto, devido às dificuldades de instalações
da água no local, não foi possível fazer o plantio da horta especificamente.
Entretanto, foram cultivadas as culturas de milho e abóbora, que foram
colhidas no início do ano letivo de 2022.
No ano de 2021, foi construída uma composteira para transformar
folhas em adubo orgânico. Essa atividade foi resultado de estudos e
pesquisas com os alunos em parceria com os funcionários da limpeza que
colaboravam em coletar as folhas e depositá las, em um local adequado, onde
os voluntários faziam o trabalho de organizar o material na composteira.
A partir de 2022, com os problemas da parte hidráulica resolvidos, e
com a colheita do milho e abóbora finalizados, foram iniciadas a limpeza e a
preparação da área para implantação da horta. Foi um intenso trabalho de
toda equipe, já que exigia um grande esforço físico dos voluntários. Após a
limpeza, iniciamos a preparação da sementeira de couve, alface, couve-flor,
repolho, pimentão e pimenta.
A etapa seguinte foi o plantio das mudas. Para isso, foram preparadas
covas e sulcos para as espécies que estavam na sementeira. Essa etapa
envolveu a abertura e adubação com a matéria orgânica produzida na
composteira. Nesse processo, também foi iniciada a preparação dos canteiros
para o cultivo das espécies de hortaliças que são de plantio direto como:
rúcula, rabanete, cenoura, beterraba, almeirão, coentro, entre outras.
A partir da semeadura na sementeira, diariamente, tinham pessoas
escaladas para fazer os tratos culturais como o de irrigação, e à medida que
novas semeaduras foram sendo feitas, novas técnicas eram acrescentadas a
exemplo do desbaste, amontoa, escarificação e cobertura do solo.

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Resultados

A quantidade de pessoas, que se manifestou como voluntários para


contribuir nas atividades do projeto Horta Escolar, foi surpreendente, já que
exigia um esforço a mais por parte deles em vir no contraturno. O que deixou
toda equipe entusiasmada para realizar cada etapa.
Muitos resultados significativos foram observados, no período de
realização do projeto, pois ele ajudou a escola a resolver o problema com lixo
orgânico e a manutenção da limpeza, deixando o ambiente limpo, bonito e
acolhedor. Além disso, produziu uma quantidade significativa de adubo
orgânico por meio da composteira que serviu para preparar o solo dos
canteiros, covas e sulcos.
O projeto Horta Escolar apresentou bons resultados na produção de
hortaliças com o plantio de mais de 35 espécies diferentes de plantas
olerícolas, medicinais e frutíferas. Além do mais, contribuiu para a melhoria
do cardápio nutricional no refeitório da escola, bem como, pôde ajudar, em
alguns momentos, nas refeições feitas pelos alunos em casa, visto que já que
a horta conseguiu produzir excedentes , que foram doados aos voluntários.
No campo pedagógico, conseguiu-se ter uma participação significativa
dos professores e alunos, realizando atividades de pesquisa em relação à
composteira. Os professores do 2º ao 5º levaram seus alunos para
conhecerem as hortaliças, estudar sobre o seu potencial nutricional e as
plantas medicinais. Também foram realizadas atividades como coleta de
amostras de solo para estudos e pesquisa.
Foram produzidas placas de identificação das espécies de hortaliças
pelos alunos na disciplina de Artes, assim como foi realizada pesquisa com
sementes e formas de dispersão, observações das estruturas botânicas das
folhas e flores, entre várias outras.
Como significativo resultado pedagógico, destacamos a produção de
folders para falar como transformar material orgânico em adubo, em forma
de história em quadrinhos. Feitos pelos alunos para serem impressos e
distribuídos na comunidade no formato digital no Instagram e grupos de
WhatsApp das turmas da escola.
As atividades realizadas no projeto resultaram em uma pesquisa
intitulada “Desvendando o Aprendizado dos Alunos no Projeto Horta” na 9ª
Mostra de Iniciação Científica do Pantanal/UNEMAT, que foi apresentada,
em outubro de 2022, e na Mostra Pedagógica da escola EE Criança Cidadã

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em novembro de 2022.
O Projeto Horta colocou a escola em evidência em matéria publicada
no site da Seduc “Projeto Horta Escolar, da Seduc MT, expande atuação na
região de Cáceres”. O projeto também ficou entre os dez finalistas do Prêmio
Educação em Ciências da FeSBE/2022. Além das diversas postagens, em
mídias digitais, realizadas pelos alunos e professores que divulgaram e
enalteceram o projeto.

Figura 1. Imagens A à D - Diferentes fases da horta revelando o processo de transformação do ambiente escolar a partir da
implantação do Projeto Horta/2021. Fonte: SANTOS. 2021/2022

Figura. 2. Imagens A à D - Cenas da horta na fase de produção e colheita das hortaliças. A) culturas de couve manteiga, couve flor e
repolho. B) culturas de almeirão e couve chinesa. C) alunos fazendo colheita de almeirão. C) cultura de couve manteiga. Fonte. SANTOS,

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Figura 3. Imagens A à D) Colheita de couve flor, repolho, beterraba e cenoura C) alunos fazendo irrigação nos canteiros de
alface. Fonte, SANTOS. 2021/2022.

Figura 4. Imagens A à D. Atividades pedagógica realizadas a partir do Projeto Horta. A) Construção de terrário, B) Construção de vulcão de
argila e experiência para observar as reações químicas para formação da lava. C) Teste para observar a infiltração de água em diferentes
tipos de solos. D) Alunos preparando a composteira para produção de adubo orgânico. Fonte: SANTOS, 2021/2022

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Figura 5. Imagens A à D. Atividades pedagógicas Ciências da Natureza. A a D processo de fabricação de réplica de fósseis em argila
pelos alunos do 6ª ano do ensino fundamental. Fonte: SANTOS, 2021/2022

Figura 6. Imagens A à D. Atividades pedagógicas com alunos. A) Alunos dos 4° ano, ajudando a cuidar das plantas. B) Alunos do 5° ano,
fazendo observações e pesquisas sobre o potencial nutricional das hortaliças cultivadas na horta. C) Atividades com alunos do 2° ano,
fazendo doações de mudas de plantas medicinais para implantação da horta medicinal. D) Alunos do 8° ano, confeccionando as placas de
identificação das plantas com nome comum e científico. SANTOS, 2021/2022

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Referências

ALVES, Rubem. Horta. O quarto Mistério. Papirus, 1995. Disponível em:


http://jardimambiental.blogspot.com/p/uma-horta-e-uma-festa-para-os-
cinco.html Aceso em 24 de agosto de 2022.
ALVES, Rubem. O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender - Campinas:
Fundação EDUCAR DPaschoal, 2004. 64p.: il. 25cm
BARBOSA, Najla Veloso Sampaio. A Horta Escolar Dinamizando o Currículo
da Escola – caderno I. Ministério da Educação. Brasília. 2007.

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O projeto além de envolver os diferentes componentes
curriculares, tem contribuído para socialização entre os
alunos, durante o cultivo das hortaliças, construção de
sentimentos de comunidade, pertencimento,
consciência e responsabilidade socioambiental.

Paula Daniella Leão Braun; Ricardo Purcena de Castro


PLANTANDO SEMENTES,
RESSIGNIFICANDO POSTURAS NA ESCOLA
ESTADUAL MILITAR TIRADENTES CABO
JOSÉ MARTINS DE MOURA
Paula Daniella Leão Braun
Ricardo Purcena de Castro

RESUMO: O projeto horta escolar “Plantando Sementes, Ressignificando


Posturas”, da Escola Estadual Militar Tiradentes “Cabo José Martins de
Moura” da cidade de Confresa-MT, iniciou-se como sugestão de trabalho da
equipe Área 21. Depois de vencer inúmeros desafios, no segundo semestre
de 2021, o projeto foi colocado em ação. Após dias e dias, de muito trabalho
com a comunidade escolar, nossa horta já apresenta resultados significativos
junto a nossa escola, possibilitando aos nossos alunos uma alimentação
escolar diversificada, mais nutritiva, equilibrada e saudável. Durante esse um
ano do projeto em nossa escola, desde a sua implantação, surgiram, novas
práticas pedagógicas com a participação interdisciplinar dos professores,
habilidades quanto ao manejo das hortaliças, empreendedorismo,
sustentabilidade, vida saudável e o desenvolvimento de novos hábitos
alimentares, possibilitando ao nosso alunado o desenvolvimento crítico de
sentimentos de pertencimento e participação coletiva.

Palavras-chave: Horta Escolar; Hábitos Alimentares; Sustentabilidade;


Práticas Pedagógicas; Empreendedorismo.

INTRODUÇÃO

O projeto horta escolar “Plantando Sementes, Ressignificando Posturas”,


da Escola Estadual Militar Tiradentes “Cabo José Martins de Moura”, iniciou-
se como sugestão de trabalho para a equipe Área 21 e apoio dos demais
colaboradores da unidade escolar. No entanto, após alguns meses de
inatividade, devido à pandemia da covid 19, com a possibilidade de

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aprovação junto à Seduc - MT pelo edital das Hortas 2021, realizamos a


escrita do projeto , e o encaminhamos para apreciação junto à Secretaria de
Estado de Educação - Seduc - MT, com alegria, obtivemos o resultado de
aprovação, aceite do projeto e disponibilização de verbas para inicialização
deste.
Os professores responsáveis pela elaboração do projeto, no primeiro
semestre de 2021, buscaram apoio junto à gestão escolar para pleitear
parceria com a prefeitura municipal, a fim de conseguir caminhão e enfim
buscar esterco de gado. Conseguiu-se também, após contato da professora
Paula Daniella Leão Braun, à secretaria de infraestrutura de nosso município,
um trator para gradeamento e para posterior retirada do gramado no local da
horta. A prefeitura foi um parceiro importante, nesse primeiro momento do
nosso projeto, uma vez que nossa escola não tinha recursos extras para
pagamento de terceiros, para busca de terra produtiva e adubo “orgânico”,
nesse processo, por muitas vezes, nos sentimos ou desmotivados, pois a
participação coletiva dos profissionais foi pequena, mas com o apoio de
alguns, e também o trabalho voluntariado, conseguimos alcançar os objetivos
almejados na elaboração do projeto.
O professor Ricardo Purcena de Castro, convidado, posteriormente, a
participar do projeto, tentou resistir ao início do deste, devido saber das
limitações de horários e da necessidade de muita doação de tempo, esforço e
ausência de recompensa financeira para tal execução do projeto do Horta
Escolar. Após alguns meses de resistência em iniciar o projeto e notando o
tempo passar e o projeto apresentar dificuldade para sua implantação, o
mesmo resolveu participar efetivamente no desenvolvimento das atividades
realizadas na horta, e nesse momento, desenvolveu boa parte das ações do
projeto, muitas vezes, disponibilizando seu tempo em horários extras até nos
finais de semana.
No segundo semestre de 2021, iniciou-se a execução do projeto, com
a aquisição de ferramentas, equipamentos, materiais para construção dos
canteiros em alvenaria e primeiros plantios. Foram vários sábados, dias de
folgas utilizados, doados pelos profissionais da escola e alunos para
construção dos canteiros, limpeza do local, plantios diversos (inclusive de
mandioca). Ainda no ano 2021, obtivemos os primeiros resultados com
colheitas de alface, cebolinha, coentro e rúcula. Destacamos que não tivemos
resultados melhores no cultivo das hortaliças, uma vez que, conforme a
sazonalidade de nossa região, começamos a cultivar as primeiras hortaliças
no início do nosso período chuvoso.
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O projeto teve a participação e envolvimento de militares e professores


de nossa escola e temos que destacar os seguintes profissionais: Major
Jefferson Mascarenhas do Nascimento; Sargento Vírgilio Rodrigues Aguiar;
Professora Ana Paula Alves de Oliveira; Professora Paula Daniella Leão
Braun; Professor Ricardo Purcena de Castro.
No ano de 2022, o projeto continuou em andamento, agora sem a
participação da Professora Ana Paula Alves de Oliveira, pois a mesma foi
fazer parte da equipe da Diretoria Regional de Educação - DRE de Confresa.
Nesse ano letivo, tivemos como desafio não a implantação da horta, pois, já
tínhamos canteiros estruturados, porém os recursos disponibilizados pelo
edital 2021 esgotaram-se, e para darmos continuidade ao projeto, lançamos
uma campanha de arrecadação de dinheiro junto à comunidade escolar, para
que conseguíssemos fazer a manutenção da nossa horta e aquisição de
materiais e insumos. Posteriormente e gradativamente, essa arrecadação
veio sendo substituída pela comercialização interna e externa de hortaliças.
Após a implementação da horta, os resultados já obtidos em termos
gerais, e a meta para o fechamento do ano corrente, espera-se concluir o
projeto com a produção geral total de 3.000 pés de alface,
aproximadamente 100 kg de mandioca, produção contínua de cebolinha,
coentro, salsinha, rúcula e couve em folha. A meta da horta é manter cerca
de 400 pés de alface para o consumo interno e comercialização, com
possibilidades de ampliação. Alguns tipos de hortaliças são mais complexos
para apuração, em termo de quantidade, e os manter, durante a maior parte
do período, de forma contínua, pois são utilizados constantemente, exemplo:
cebolinha, salsinha e coentro.

Justificativa

Esse projeto tem como importância desenvolver em nosso alunado as


habilidades e competências pertinentes aos fatores de sustentabilidade
ambiental, empreendedorismo, vida saudável e economia.
O projeto além de envolver os diferentes componentes curriculares,
tem contribuído para socialização entre os alunos, durante o cultivo das
hortaliças, construção de sentimentos de comunidade, pertencimento,
consciência e responsabilidade socioambiental.

Ações desenvolvidas
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Ação 1 – Visita técnica em uma horta hidropônica da cidade para formação


de parceria, orientação, fornecimento de insumos e primeiras mudas.

Ação 2 – Orçamentos e aquisições suprimentos, materiais e ferramentas.

Ação 3 - Aulas temáticas voltadas para a necessidade de uma boa


alimentação, importância da agricultura familiar, agricultura sustentável,
matemática financeira e agricultura orgânica.

Ação 4 – Preparação da área e limpeza do espaço para instalação da horta.

Ação 5 – Construção de cinco canteiros em alvenaria, parcialmente


rebocados e chapiscados. Em reunião com os professores organizadores da
horta e o diretor da escola, optou-se por fazer os canteiros em alvenaria, a
fim de garantir maior durabilidade e longevidade para os canteiros da horta.

Ação 6 – Nos canteiros: plantio de mudas de alface, rúcula, couve, tomate,


cebolinha, salsinha e coentro. Em outros espaços da área, foram plantadas
ramas de mandioca, quiabo e abóbora.

Ação 7 – Construção de uma cobertura para sombreamento e proteção das


hortaliças. Estrutura com postes de eucalipto, arame galvanizado, e cobertura
com sombrite 50%.

Ação 8 – Distribuição de responsabilidade e delegação de tarefas para


demais profissionais da escola. Os profissionais “adotaram” uma espécie de
hortaliça para cultivar e passaram supervisionar o desenvolvimento das
atividades de plantio, manutenção e colheita.

Ação 9 - Atividades interdisciplinares desenvolvidas pelas diferentes


disciplinas na nossa horta, desde os cálculos geométricos realizados pela
disciplina de matemática, como os conteúdos sobre sustentabilidade
desenvolvidos pelos professores da área de ciências da natureza, seminários
realizados sobre a alimentação saudável pelos profissionais de educação
física. Em geografia, confecção de planta baixa e linguagem de mapas. Em
língua portuguesa e inglesa, trabalhou-se confecção de placas para
identificação das hortaliças com dizeres em inglês e português.
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Resultados

Após a implementação da horta, os resultados obtidos, até agosto


2022, e em termos gerais, a meta para o fechamento do ano corrente,
espera-se concluir com a produção total geral de 3.000 pés de alface, 100 Kg
de mandioca, cebolinha, coentro, salsinha e rúcula de maneira contínua. A
meta da horta é manter constantemente cerca de 400 pés de alface para o
consumo interno e comercialização, com possibilidades de ampliação. Alguns
tipos de hortaliças são mais complexos para apuração em termos de
quantidade, e os manter, durante a maior do período, de forma contínua, pois
são utilizados constantemente, exemplo: cebolinha, salsa e coentro.

Alunos da turma 9º ALFA, realizando limpeza nos canteiros de alface.

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Vista panorâmica de nossa HORTA ESCOLAR.

Horta Escolar com sistema de irrigação em pleno funcionamento.

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Referências

FERNANDES, M. C. de A. A Horta Escolar como Eixo Gerador de Dinâmicas


Comunitárias, Educação Ambiental e Alimentação Saudável e Sustentável.
Projeto PCT/BRA/3003 – FAO e FNDE/MEC: Brasília, 2005.
OLIVEIRA, F. R.; PEREIRA, E. R.; PEREIRA JÚNIOR, A. Horta escolar,
educação ambiental e a interdisciplinaridade. Revista Brasileira de Educação
Ambiental, São Paulo, 2018.

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Nos relatos dos pais, constatou-se que em seus lares há consumo
de alimentos industrializados, porque são mais saborosos. As
verduras e legumes sempre são deixados de lado, e por isso se faz
necessário aulas práticas que poderiam levar os estudantes a
desenvolver o gosto pelo consumo de alimentos produzidos e
cultivados por eles, com possibilidade de mudar seus hábitos
alimentares na escola e em casa.
Maria Lucia Borges Cavequia; João Rodrigues da Costa
MANUTENÇÃO DA HORTA ORGÂNICA
PEDAGÓGICA NA ESCOLA ESTADUAL CORONEL
ANTONIO PAES DE BARROS

Maria Lucia Borges Cavequia


João Rodrigues da Costa

RESUMO: O artigo busca destacar e enaltecer as ações do Projeto


Manutenção da Horta Orgânica Pedagógica desenvolvido com a comunidade
escolar da EE Coronel Antônio Paes de Barros para a utilização consciente
dos espaços e materiais. O projeto visou possibilitar a melhoria da qualidade
na alimentação escolar, enriquecendo nutricionalmente as refeições servidas.
O trabalho contou com a participação de docentes, discentes e pais de
alunos no uso de técnicas simplificadas de horticultura, auxiliando no plantio
e produção de hortaliças, legumes e verduras. A meta foi promover ações
que fortalecessem as práticas pedagógicas com planos de aulas
interdisciplinares, dessa forma, o educando desenvolveu o seu protagonismo
e teve uma formação de excelência com ações e competências voltadas para
a conservação do meio ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Educação. Alimentação Saudável. Meio Ambiente.


Ações Interdisciplinares. Comunidade Escolar.

INTRODUÇÃO

A Escola Estadual Coronel Antônio Paes de Barros está localizada na


Zona Urbana e oferta educação de Tempo Integral, tem uma área ampla que
é utilizada para horta e cultivo de demais culturas. Neste sentido, com o
objetivo de ampliar o conhecimento e se modernizar, a EE Coronel Antônio
Paes de Barros inscreveu-se no projeto publicado no diário oficial 05 de julho
de 2021. Segundo o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) a
merenda deve suprir 15% das necessidades nutricionais diárias da criança.
Entretanto, o valor de repasse tem gerado dificuldade para atender às
exigências. Assim, a instalação de hortas nas escolas surge como alternativa.

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Portanto, o projeto foi elaborado na perspectiva de percorrer entre


áreas do conhecimento, abordando as temáticas como: produção de textos,
calorias e vitaminas, germinação, plantio, composição orgânica, tipos de
sementes, quantidade, metros quadrados e cúbicos, volume, tipos de folhas e
legumes. Por fim, a escola tem o aluno como foco principal, que deve ser
estimulado a buscar o conhecimento por excelência, exercendo o
protagonismo estudantil.

JUSTIFICATIVA

O Edital nº 002/SEDUC/SEAF/2021/MT teve aceitação dos profissionais


da educação da unidade escolar, devido ao grande potencial, ao desenvolver
um projeto, que oferecesse melhorias na alimentação escolar, enriquecendo
nutricionalmente, as refeições servidas por oferecer uma complementação
alimentar de melhor qualidade à vida dos estudantes.
Outro fator favorável está relacionado à comunidade escolar e o
modelo pedagógico da Escola de Tempo Integral “Escola Plena” (docentes,
discentes e pais de alunos), pela oportunidade de aplicar técnicas
simplificadas de horticultura, auxiliando no cultivo de hortas escolares, para a
produção de espécies vegetais, denominadas hortaliças, que enriquecerão e
diversificarão a alimentação servida aos alunos, promovendo a integração
social por meio do envolvimento da comunidade, numa perspectiva
interdisciplinar e que poderão ser reproduzidas também em seus lares. Desse
modo, a horta escolar não se configura com exploração comercial, pois,
objetiva aprimorar a dieta dos educandos, fornecendo hortaliças frescas,
ricas em sais minerais e sem agrotóxicos.
Além disso, as vivências práticas na horta possibilitam aos estudantes
situações reais de tomadas de decisões permitindo-lhes o desenvolvimento
de ações protagonistas que extrapolam os muros da escola. Neste aspecto,
observamos o Protagonismo Estudantil acontecendo, sendo este uma das
metodologias de êxito da Escola de Tempo Integral como também uma
disciplina específica para o Ensino Fundamental e uma das temáticas que
perpassam, de modo especial, as práticas das aulas de Projeto de Vida.
No que se refere às práticas desenvolvidas no processo de semeadura,
plantio e colheita podemos atrelá-las a parte diversificada de Iniciação
Científica – Ensino Fundamental e Práticas Experimentais- Ensino Médio,
pois trabalham os conhecimentos de Ciências da Natureza e Matemática a

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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

partir da experimentação. Ainda falando sobre o Projeto de Vida, o projeto


horta pedagógica permite que os estudantes vislumbrem a importância das
práticas, para além dos aspectos cognitivos com relação ao seu futuro mundo
do trabalho e ao empreendedorismo. E, tais temáticas estão presentes no
projeto da horta pedagógica.

AÇÕES DESENVOLVIDAS

O Projeto deu início com inscrição da escola por meio do Edital nº:
002/SEDUC/SEAF/2021/MT, que dispõe sobre a seleção de projetos de
Implantações e Manutenção de Hortas Escolares nas Unidades Estaduais de
Ensino, ano letivo 2021/2022, publicado no Diário Oficial do Estado de Mato
Grosso -DOE/MT, em 05 de julho de 2021. Assim que o projeto foi
aprovado, realizou-se uma reunião com os profissionais da unidade escolar,
com o objetivo de fazer o repasse do processo de implantação. Neste
sentido, após a leitura e entendimento do projeto, houve a escolha de um
coordenador responsável pelo desenvolvimento do projeto, e também, de
outros profissionais para auxiliar nas orientações de manuseio das
ferramentas e do plantio das sementes e mudas. A construção do
cronograma das atividades foi elaborada para trabalhar no período de
outubro a dezembro de 2021.
Dessa forma, planos de aula foram elaborados e relacionados aos
conteúdos dos componentes curriculares da Base Nacional Comum
Curricular - BNCC e da Parte Diversificada (PD) dos currículos, alinhados com
o projeto “Manutenção da Horta Orgânica Pedagógica” com foco no
aprendizado dos estudantes. Sendo assim, a escola realizou uma reunião com
os pais ou responsáveis - respeitando as medidas de biossegurança para
apresentar o projeto, ressaltando a importância de os estudantes
compreenderem o cultivo dos alimentos com adubo orgânico, sem uso de
agrotóxicos e fertilizantes.
Na oportunidade, surgiram outras contribuições para o desenvolvimento
do projeto, relatando a importância do tema alimentação saudável. Nos
relatos dos pais, constatou-se que, em seus lares, há consumo de alimentos
industrializados, porque estes são mais saborosos. As verduras e legumes
sempre são deixados de lado, e por isso, se faz necessária a realização de
aulas práticas que poderiam levar os estudantes a desenvolver o gosto pelo
consumo de alimentos produzidos e cultivados por eles, com possibilidade de
mudar seus hábitos alimentares na escola e em casa.
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Para começar o trabalho, realizou-se a correção do solo com gradeamento da


terra que estava compactada e degradada. Após o primeiro processo, oito
canteiros foram construídos (medidas de 3m X 1m), instalação de uma caixa de
água de 1000 litros com torneiras para a irrigação com mangueira. Na sequência,
os alunos juntamente com seus professores, fizeram um estudo para delimitar as
medidas de cada espécie a ser plantada, considerando o espaçamento e
profundidade entre cada hortaliça, tubérculo e legume. No preparo do solo, vale
ressaltar que, as folhas recolhidas das árvores do pátio escolar, foram aproveitadas
para a técnica de cobertura morta, sendo espalhadas no terreno, para auxiliar na
recomposição e adubação orgânica do solo.
A comunidade escolar contribuiu com algumas mudas de espécies de
vegetais, plantas medicinais e sementes de verdura. Logo, os alunos e os
professores realizaram o plantio de milho, feijão andu, feijão de corda, vagens,
maracujá, cheiro verde e mandioca, dentre outros.
Ademais, no início deste ano de 2022, a primeira ação foi limpar os canteiros e
capinar mandiocal com 1.200 mudas plantadas, no final do ano de 2021, pois as
ervas daninhas invadiram o espaço. Em sequência, aconteceu a colheita do milho
verde, o qual resultou em grande quantidade, sendo servido na merenda escolar na
produção de bolos, espigas cozidas e o excesso foi ofertado aos estudantes para o
consumo em casa.
As dificuldades em manter a área de produção sem plantas daninhas e
predadores, sem dúvida, foram constantes, e necessitou de cuidados diários
realizados pelas turmas escolares. Outro fator considerado importante, é que a
maioria dos professores, que já estavam engajados no projeto, não atribuíram aulas
na unidade escolar e, consequentemente, não realizaram a continuidade das
atividades. Sendo assim, tivemos que retomar o projeto para que todos
compreendessem.
Os estudantes entenderam que os alimentos produzidos na horta são sem
agrotóxico, saudáveis e não fazem mal à saúde. Em seus relatos, percebe-se que
esse aprendizado está sendo levado para as famílias e suas vidas.

RESULTADOS

O resultado esperado ficou dentro das expectativas almejadas pela


comunidade escolar, pois os estudantes têm aprendido com eficiência e excelência
o que é planejado com equipe pedagógica e professores.Além disso, a escola desde
sua criação, têm desenvolvido atividades pedagógicas voltadas para plantio e
cultivo de alimentos saudáveis sem agrotóxicos, para incrementar a alimentação
escolar. Atividades essas, que envolvem as áreas do conhecimento, em destaque a
eletiva. 89
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Na disciplina de Língua Portuguesa foram trabalhados relatos de


experiência com todos os educandos do Ensino Fundamental e do Ensino
Médio. De acordo com os relatos apresentado percebe-se que os resultados
alcançados com o projeto horta têm sido satisfatórios dentro das concepções
dos estudantes. O desempenho apresentado por meio do levantamento de
dados mostra que no início da implantação do projeto em outubro de 2021
só 20% participavam das atividades, em novembro aumentou para 90%.
No início do ano letivo de 2022, com uma equipe de profissionais
novos na unidade escolar a participação era de 30%, assim que foram
interagindo com o projeto teve um aumento significativo de 80% e em maio
chegamos à 99% de participação. Praticamente todos os estudantes já
contribuíam com a atividades desenvolvida na horta em diferentes
componentes curriculares.

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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

Referências

HORTA NA ESCOLA. Disponível em:


http://www.cscoctaviotozo.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/6/480/3060/
arquivos/File/horta. Acesso em 27/07/2021.
PROJETO HORTA NA ESCOLA. Disponível em:
http://www.stlbarra.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/10/2320/767/arqui
vos/File/PROJETOHORTANAESCOLA. Acesso em 27/07/2021.
IRALA, Clarissa Hoffman. FERNANDEZ, Patrícia Martins. RECINE, Elisabetta.
Manual para Escolas. A Escola promovendo hábitos alimentares saudáveis.
Horta. Brasília, 2001. 21p.
MEC. Fernandes, Maria do Carmo de Araújo. Caderno 2. ORIENTAÇÕES
PARA IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA HORTA ESCOLAR. Brasília
– Brasil: MEC, 2007. 45p. Disponível em
https://arca.furg.br/images/stories/producao/orientacoes_para_implantacao
_e_implementacao_da_horta_escolar.pdf.

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(...) a horta tornou-se um laboratório vivo para o desenvolvimento das
atividades escolares, partindo do conhecimento prévio dos discentes
e promovendo o aprofundamento teórico através do acesso as
técnicas e conhecimentos escolares da área de ciências, matemática,
bem como a história quilombola e questões do território trabalhados
pela área de Ciências Humanas, a produção textual dos professores
da área da Linguagem, as práticas na área de Ciências e Saberes,
dentre outros.

Gonçalina Eva Almeida de Santana; Adrianny de Arruda Abreu


HORTA PEDAGÓGICA DA ESCOLA QUILOMBOLA
TEREZA CONCEIÇÃO ARRUDA: PLANTANDO
SEMENTE E COLHENDO APRENDIZAGEM

Gonçalina Eva Almeida de Santana


Adrianny de Arruda Abreu

RESUMO: Este relato objetiva demonstrar a experiência da implantação da


horta escolar na Escola Estadual Quilombola Tereza Conceição Arruda, cujo
objetivo geral foi o de cooperar com o fazer pedagógico contextualizado,
bem como contribuir para a valorização e fortalecimento das práticas
agrícolas desenvolvidas na comunidade. Os instrumentos utilizados para
coleta de dados foram a observação participante e a entrevista com os
estudantes, professores, equipe gestora. Teoricamente, este trabalho está
subsidiado por Castilho (2011), Freire (1979; 2016), Seduc (2021), Mato
Grosso (2016), dentre outros. O projeto foi de grande valia no processo de
ensino-aprendizagem, pois permitiu que fossem trabalhados os conteúdos de
maneira contextualizada ao cotidiano dos estudantes.

Palavras-chave: Quilombo. Educação Quilombola. Horta Escolar. Ensino-


Aprendizagem. Identidade.

Introdução

Este relato objetiva demonstrar a experiência da implantação da


horta escolar na Escola Estadual Quilombola Tereza Conceição Arruda,
localizada no Quilombo Mata Cavalo, Município de Nossa Senhora do
Livramento no Estado de Mato Grosso , desenvolvido de agosto de 2021 a
dezembro do mesmo ano, cujo objetivo geral foi o de cooperar com o fazer
pedagógico contextualizado, bem como contribuir para a valorização e
fortalecimento das práticas agrícolas desenvolvidas na comunidade.
Especificamente no projeto, objetivou-se valorizar o trabalho e a cultura
quilombola e a agricultura familiar; enfatizar o empreendedorismo no cultivo
de hortas escolares; orientar os estudantes sobre ações e posturas

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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

responsáveis diante do meio ambiente; promover ações interdisciplinares


que estabeleçam relações entre a instalação, manejo e conhecimentos
curriculares de modo a contribuir para o processo de ensino - aprendizagem;
incentivar a qualidade nutricional dos estudantes e promover o trabalho em
equipe na comunidade escolar, visando à união e ao engajamento dos
estudantes no projeto escolar, mirando sempre o processo de ensino-
aprendizagem dos estudantes. A horta apresenta possibilidades de práticas
de estudos como a multidisciplinar, interdisciplinar e até mesmo
transdisciplinar, estabelecendo parcerias entre os saberes populares da
comunidade e o conhecimento científico.

Justificativa

"A implantação da horta na escola representa uma estratégia de


aproximação da relação teoria e prática e da ação docente interdisciplinar, de
modo a ressignificar o ensino e possibilitar o envolvimento dos estudantes,
na medida em que os conhecimentos desenvolvidos na escola partem da
realidade local " (Freire, 1981).
Nessa perspectiva, a horta tornou-se um laboratório vivo para o
desenvolvimento das atividades escolares, partindo do conhecimento prévio
dos discentes e promovendo o aprofundamento teórico por meio do acesso
às técnicas e conhecimentos escolares da área de ciências, matemática, bem
como a história quilombola e questões do território trabalhados pela área de
ciências humanas, a produção textual dos professores da área da linguagem,
as práticas na área de Ciências e Saberes, dentre outros.
Ter uma horta na escola é importante, tanto para os objetivos da
diversificação da alimentação diária dos estudantes, quanto pedagógicos.
Pedagogicamente, realizar um projeto com horta permite que os estudantes
trabalhem de forma colaborativa, pesquisem e realizem intervenções no seu
território e na própria escola, registrem os achados, acompanhem os
processos de crescimento das plantas, compartilhem saberes, entre outros
aprendizados, como os das Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANCs).
Segundo a Seduc/MT (2020/2021), a implementação de hortas
escolares é uma ferramenta pedagógica importante para fortalecer e
aprofundar a formação integral dos discentes nas diversas áreas do
conhecimento, à medida que a prática agrícola favorece experiências
concretas de aprendizagens, ampliam as habilidades e competências, e

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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

a autonomia dos estudantes para que exerçam a cidadania e construam o seu


próprio projeto de vida, bem como, possibilita a valorização e o
fortalecimento da cultura quilombola.
Na Comunidade Quilombola de Mata Cavalo, local onde é localizada a
Escola Estadual Quilombola Tereza Conceição Arruda, percebe-se que os
moradores possuem uma maneira muito peculiar de trabalhar o cultivo de
suas hortas, que possuem forte influência histórica com as práticas agrícolas
dos seus antepassados, sendo estas, de grande importância para o sustento e
resistência das famílias ali existentes.
O Quilombo Mata-Cavalo configura-se como um Quilombo
contemporâneo, formado a partir de uma terra doada em 1883. Pautados em
uma identidade histórica comum, seus moradores resistem e lutam, até os
dias atuais, para serem reconhecidos como sujeitos de direitos e de garantias
fundamentais pelo Estado burocrático brasileiro. Os matacavalenses
reivindicam, sobretudo, a regularização fundiária do território, ou seja,
aguardam o título definitivo de posse das terras que ocupam e um lugar
digno na sociedade que lhes foi negado ao longo da história, motivado pelo
racismo (Castilho, 2011).
Reconhecido e certificado pela Fundação Cultural Palmares como
território quilombola, em 28 de outubro do ano de 1999, o Quilombo é
formado por seis comunidades que são elas: Mata Cavalo de Baixo, Mata
Cavalo de Cima, Aguaçú, Mutuca, Ponte da Estiva e Capim Verde, espalhadas
em uma área total de 14.700 hectares. As famílias sobrevivem
principalmente da agricultura de subsistência, com ênfase na plantação de
banana e mandioca. Também se valem da produção de artesanatos como
uma de suas atividades econômicas. No que tange às questões culturais da
comunidade, evidenciam-se as festas de Santo, que são realizadas no
Quilombo o ano todo. Entre os santos e santas homenageados/as destacam-
se São Benedito e Nossa Senhora Aparecida, ambos santos negros; a Feira
Cultural que é realizada na Semana da Consciência Negra, na Escola Tereza
Conceição, e na comunidade de Mata Cavalo de Cima; a Festa da Banana,
realizada anualmente, no mês de julho, na comunidade Ribeirão da Mutuca, o
Siriri e o Cururu, que são danças típicas de Mato Grosso e a dança afro.
Conforme Silva e Melo (2011), as comunidades Quilombolas guardam
em si uma riqueza cultural de suma importância para o nosso país, sendo uma
herança viva da história brasileira, expressão viva de um passado de luta.
Algumas comunidades quilombolas utilizam como base econômica a

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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

produção agrícola familiar, assim como faziam na sua época de formação,


apresentando características de comunidades tradicionais.

Ações desenvolvidas

O projeto da horta escolar foi desenvolvido, de agosto de 2021 a


dezembro de 2021, com estudantes do 6º ano do ensino fundamental ao 3º
ano do ensino médio e EJA fundamental e médio. Nos meses de agosto,
foram realizadas as explanações orais sobre os objetivos e proposições do
trabalho “HORTA ESCOLAR PEDAGÓGICA: PLANTANDO SEMENTE E
COLHENDO APRENDIZAGEM!”, para estudantes, professores e demais
profissionais da escola, buscando estimular a escola para o desenvolvimento
do projeto. Em seguida, foi aplicado um questionário pré-teste aos
estudantes envolvidos e pesquisa/questionários para os familiares com a
intenção de conhecer a cultura de hortaliças da Comunidade e histórias
sobre as plantações de fundo de quintais, feitos esses, realizados na
disciplina de Prática Agrícola Quilombola, uma das disciplinas que compõe a
área de Ciências e Saberes Quilombolas. Essa referida área compõe a matriz
curricular da modalidade de Educação Escolar Quilombola do Estado de
Mato Grosso. Posteriormente, houve a sistematização do questionário
realizado com os discentes e com os moradores da comunidade. Em seguida,
foi feita a visita inicial ao espaço físico de implantação da horta escolar e
elaboração de um croqui do planejamento dos canteiros trabalhados na
disciplina de artes e matemática.
No mês de setembro de 2021, foram feitas aulas explicativas
enriquecidas com vídeos de orientação sobre os benefícios e construção da
horta. Foi realizado estudo da música "Planeta Azul" e vídeo sobre a
preservação ambiental. Conteúdos esses desenvolvidos nas disciplinas de
língua portuguesa e ciências, que culminaram com diversas atividades de
produção de texto, teatros e paródias. Em seguida, nas aulas de Prática
Agrícola, foram feitas as semeaduras dos canteiros e produção de mudas.

Resultados

O projeto foi de grande valia no processo de ensino-aprendizagem


dos estudantes, pois permitiu que fossem trabalhados os conteúdos de
maneira contextualizada, ao cotidiano dos estudantes, momento em que
foram aplicados a abordagem
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REVISTA CIENTÍFICA DA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

dos etnosaberes, trazendo os saberes e fazeres da Comunidade. Uma das


dificuldades encontradas foi o calor intenso que fez na Comunidade, na
época de execução do projeto. Para driblar essa dificuldade, a solução
encontrada foi trabalhar a limpeza e o plantio com os estudantes da manhã e
com as turmas da tarde no final do período vespertino. Em relação ao
período chuvoso e ao sol muito forte, colocamos sombrite para minimizar o
impacto da água e do sol sobre as mudas recém-plantadas.
A partir do projeto escolar pedagógico, da construção da horta,
manutenção, cuidados, organização do espaço, preparo do solo, semeadura,
plantio e cuidado com o desenvolvimento das plantas, observamos que os
estudantes compreenderam de maneira dinâmica os conteúdos escolares das
disciplinas envolvidas, bem como o projeto contribuiu para a valorização da
cultura quilombola e a produção de subsistência. Esse processo proporcionou
aos discentes envolvidos a satisfação de poder compartilhar seus
conhecimentos de forma didática sem que eles mesmos percebessem que
estavam construindo conhecimentos com múltiplos aprendizados. Foi
constatado também o aumento da implantação de hortas nas famílias
quilombolas, oportunizando assim a diversidade na mesa das famílias dos
estudantes.

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Referências

Mulheres do Recanto. Antes de saber o que eu como, deixa eu contar como


eu vivo. / Elisabetta Recine... [et al.] - Brasília: Universidade de Brasília,
Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição, 2016.
(Caderno 3: Alimentação e Nutrição: Caminhos para uma Vida Saudável–2a
edição / Najla Veloso Sampaio Barbosa - Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), Ministério da Educação (MEC) e
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO),
2009 - compõe um conjunto do material didático do Projeto Educando com a
Horta Escolar.)
CASTILHO, S. D. Quilombo Contemporâneo: educação, família e culturas.
Cuiabá, EdUFMT, 2011.
https://novaescola.org.br/conteúdo/9827/uma-horta-na-escola
FREIRE, Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 60. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2016a.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
43. ed., São Paulo: Paz e Terra, 2002.
COINSPIRAÇÃO - Revista de Professores que ensinam matemática –
ISSN: 2596-0172 V.2, No. 1, Jan/Jun 2019. SBEM/Mato Grosso -
h://sbemmatogrosso.com.br/publicações/;
HORTA EDUCATIVA QUILOMBOLA: SABERES INTERDISCIPLINARES E
PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ESCOLA MUNICIPAL EDUCADOR
PAULO FREIRE, CRUZ DA MENINA – DONA INÊS/PB

101
Valdite Aparecida Heinzen

Valdite Aparecida Heinzen é mestra em Ensino de Ciências Naturais pela


Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT. Mestra em
Neuropsicopedagogía pelo Instituto Superior de Psicología y Educación
(ISPEDUC), Espanha. Especialista em Tecnologia em Ensino a Distância pela
Universidade Cidade de São Paulo - UNICID. Especialista em
Neuropsicopedagogia Clínica, Institucional e Hospitalar, pela FG Faculdades,
Porto Alegre/Rio Grande do Sul. Licenciada em Pedagogia - Habilitação em
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental pela Universidade
do Estado de Mato Grosso - UNEMAT. Professora efetiva da Secretaria de
Estado de Educação de Mato Grosso - SEDUC-MT. Atuou como Professora
Formadora do Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da
Educação de Alta Floresta-MT e da Superintendência de Formação dos
Profissionais da Educação Básica/Secretaria de Estado de Educação de Mato
Grosso e na Coordenadoria de Educação Especial/Seduc-MT. Foi Diretora do
Centro de Apoio e Suporte à Inclusão da Educação Especial - CASIES da
SEDUC-MT. Atualmente, é Coordenadora Pedagógica da Escola Estadual de
Educação Especial Raio de Sol em Cuiabá - MT. Tem experiência e atua na
área de Educação, com ênfase em Ensino - Aprendizagem, Tecnologias
Digitais de Informação e Comunicação em Educação, Tecnologia Assistiva em
Educação; Educação Inclusiva e Inclusão Digital; Dificuldades de
Aprendizagem e Educação Especial. Formação Continuada de Professores. É
Pesquisadora do Grupo de Pesquisa: Profissão Docente e Ciência da
Aprendizagem - PDCA/CNPq/UNEMAT. Membro Titular Profissional da
Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp).
Célia Alves Martins

Célia Alves Martins nasceu em Rosana, no estado de São Paulo, em 12 de


novembro de 1964. Possui formação em Pedagogia com habilitação no ensino
regular, ensino fundamental de I a IV e também na educação especial, na área
de deficiência intelectual, realizada na UNEMAT (Universidade do Estado de
Mato Grosso). É Pós-graduada em Alfabetização e Psicopedagogia Clínica
(Instituto Cuiabano de Educação e Faculdades Integradas de Várzea Grande -
respectivamente). São 30 anos de atuação enquanto professora, sendo, nos
últimos 5 anos, na Escola Estadual Raio de Sol. Nessa trajetória na educação,
algumas experiências foram bastante relevantes, tanto para o seu
crescimento profissional quanto pessoal, quais sejam: Colégio Coração de
Jesus, Escola Estadual Morada do Estudante II, Escola Estadual Livre
Aprender, CASIES (Centro de Apoio e Suporte a Inclusão da Educação
Especial), escola atual, dentre outros.
Gislaine Garcia de Oliveira de Souza

Gislaine Garcia de Oliveira de Souza formada em Licenciatura


Plena em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso,
UFMT (2008). Concluindo a segunda Licenciatura em Matemática
pela Faculdade Venda Nova do Imigrante - FAVENI (2022).
Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade de Sinop - FASIP
(2010), Especialista em Coordenação Pedagógica pela UFMT
(2013), Cursando Especialização do Programa Escola da Terra pela
UFMT. Atualmente, atua como Tutora do Curso de Especialização
do Programa Escola Especialização Em Educação do/no Campo
Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Educação.
Professora Efetiva da Rede Estadual de Ensino (SEDUC/MT)
desde 2012. Trabalhou como Articuladora da Aprendizagem em
2012. Atuou como Diretora na Escola Estadual Guimarães Rosa no
biênio de 2014/2015, e desde 2017, atua como Coordenadora
Pedagógica na unidade escolar.
Ivanete Carvalho Batista

Ivanete Carvalho Batista formada em Ciências Biológicas


pela Universidade do Estado de Mato Grosso, UNEMAT
(2015), cursando segunda Licenciatura em Matemática na
Faculdade de Venda Nova do Imigrante - FAVENI (2022)
especialização em Gestão Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável, pela Faculdade de Direito de Alta Floresta -
FADAF (2017). Identifico-me com a aula prática embasada
com teoria. Atuo como docente na Escola Estadual
Guimarães Rosa, desde 2016, nas áreas de Ciências, Biologia,
Saberes do Campo, Física, Química e Matemática com Ensino
fundamental II e Ensino Médio da Escola Estadual Guimarães
Rosa.
Aleandro de Souza

Aleandro de Souza nasceu em Jales, interior de São Paulo. É


formado em Ciências Biológicas e Pedagogia. Possui
especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica.
Atualmente, é coordenador pedagógico na Escola Estadual São
Geraldo, no município de Porto Esperidião, no Estado de Mato
Grosso.
Jander José Ferreira

Jander José Ferreira nasceu em Cáceres. É formado


em Geografia. Possui especialização em Educação e
Diversidade e Cidadania. É professor na Escola
Estadual São Geraldo, no município de Porto
Esperidião, no Estado de Mato Grosso.
Maria Aparecida Luís Ferreira

Maria Aparecida Luís Ferreira nasceu em Guararapes,


interior de São Paulo. Possui formação técnica em
Enfermagem e licenciatura plena em Ciências Biológicas. É
professora na Escola Estadual São Geraldo, no Município de
Porto Esperidião, no Estado de Mato Grosso.
Geovana Salustiano Couto

Geovana Salustiano Couto é Mestre em Educação pela


Universidade do Estado de Mato Grosso, com especialização
em Educação Matemática pela Faculdade de Sinop (FASIPE),
possui graduação em Licenciatura Plena em Matemática pela
Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). É
professora efetiva da Rede Estadual de Ensino do Estado de
Mato Grosso, lotada na Escola Estadual Ivone Borkowski de
Lima. Tem experiência na área de Matemática. Atualmente, é
coordenadora pedagógica da escola.
Claudemir Lourenção

Claudemir Lourenção é Doutorando em Educação pela


Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com Mestrado
em Educação pela Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT), especialização em Literatura e
Contemporaneidade pela Faculdade de Sinop (FASIPE),
graduação em Licenciatura Plena em Letras pela
Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).
Professor da Educação Básica nomeado por concurso público
da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso
(SEDUC/MT), lotado na Escola Estadual Ivone Borkowski de
Lima, onde atua como professor de Língua Portuguesa.
Vilma Ayumi Kazama

Vilma Ayumi Kazama é especialista em Educação do Campo


pela Universidade Candido Mendes, possui Licenciatura
Plena em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT). Professora da Educação Básica contratada pela
Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso - SEDUC-
MT na Escola Estadual Ivone Borkowski de Lima, onde atua
como professora de Língua Estrangeira, Projeto de Vida e
Ciências.
Amabile Oliveira Caon

Amabile Oliveira Caon é nascida e criada no município de


Colíder, tem 25 anos, terminou o ensino médio na Escola
Estadual Desembargador Milton Armando Pompeu de Barros.
Bacharel em Administração pela Faculdades Integradas Norte
do Paraná - UNOPAR e pós-graduada em Administração
Estratégica em Finanças pela Faculdade de Venda Nova do
Imigrante - FAVENI. Em 2022, concluiu na Universisdade
Aberta do Brasil - UAB/UNEMAT - Universidade do Estado
de Mato Grosso: Ensino a Distância - EAD -Polo de Colider,
Licenciatura em Letras com habilitação em Língua
Espanhola. Hoje está cursando a segunda licenciatura em
Pedagogia. Trabalha na Escola Estadual Nova Galileia como
Técnica Administrativa Educacional - TAE e reside na
Comunidade.
Julio Cesar Versori

Júlio Cesar Versori é nascido na Comunidade Nova Galileia


no Munícipio de Colíder – MT. Cursou o Ensino Fundamental
e Médio na Escola Estadual Nova Galileia, fez Cursos
Técnicos na Escola Agrotécnica Federal de Cáceres, no ano
de 2000/2002, cursando os Cursos Técnicos em
Agropecuária com Habilitação em Zootecnia e Técnico
Florestal com Habilitação em Meio Ambiente. No ano de
2005, iniciou o curso de Licenciatura Plena em Ciências
Físicas e Biológicas pela Instituição UNIC – Universidade de
Cuiabá. Pós-graduado em Gestão Ambiental pela Instituição
AJES – Faculdade do Vale do Juruena e Especialização na
Educação de Jovens e Adultos pela Universidade Aberta do
Brasil - UAB/UNEMAT - Universidade do Estado de Mato
Grosso - Polo de Colíder - MT. Ingressou na profissão de
professor, no ano de 2006, na Escola Estadual Nova Galileia.
Hoje leciona em duas instituições públicas de ensino, E.E.
Nova Galileia e E.E. Palmital, ambas do campo no município
de Colíder-MT.
Viviane Alves Ximenes Santana

Viviane Alves Ximenes Santana, filha de professores, desde


cedo se interessou pela educação por intermédio dos pais.
Formada em Ciências Biológica pela Universidade do Estdo
de Mato Grosso - UNEMAT, iniciando sua carreira também
como professora na educação pública no ano de 2005. É
especialista em Educação Ambiental e mestranda em
Tecnologias Educacionais pela Must University – Florida-
USA. Hoje trabalha na Escola Estadual Nova Galileia e
Cafénorte, ambas no munícipio de Colíder-MT, sendo escolas
do campo, onde se tem a proposta que visa à formação do
homem do campo e também a valorização no que diz
respeito ao espaço, tempo e modelo de currículo, que
mobilize as atividades campesinas abrangentes a toda a
família, bem como as estratégias para o desenvolvimento
sustentável.
Elis Regina Polidoro Marangoni

Elis Regina Polidoro Marangoni possui graduação em Letras


pela Universidade UNIVAG (Centro Universitário de Várzea
Grande) e Artes Visuais pelo Centro Universitário de Araras -
UNAR, especialização em Educação Especial pela
Universidade Castelo Branco - UCB. Atua como docente na
Escola Estadual Irmãos do Caminho (escola do Campo),
desde 2000, na área da Linguagem. Atualmente, leciona
Língua Portuguesa, Arte, Eletivas na área da Linguagem e
Projeto de Vida para as turmas de Ensino Fundamental e
Médio na mesma unidade escolar.
Geisiane Maria da Silva França

Geisiane Maria da Silva França possui graduação em Letras


– Língua Portuguesa e Língua Espanhola e suas respectivas
Literaturas pela Universidade de Cuiabá - UNIC (2004), é
graduanda em Pedagogia - anos iniciais do Ensino
Fundamental pela Universidade Aberta do Brasil - UAB/
UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso; especialização
em Práticas Pedagógicas na Educação do Campo pela UFMT
(2015) e Mídias Digitais para a Educação (2020) pela UFMT.
Atua como docente na Escola Estadual Irmãos do Caminho
(escola do Campo), desde 2018 na área da Linguagem.
Atualmente, exerce a função de coordenadora pedagógica na
mesma escola.
Maria José da Silva Ramos

Maria José da Silva Ramos possui graduação em Geografia


pela Universidade UNIVAG - Centro Universitário de Várzea
Grande (2003), especialização em Psicopedagogia
Institucional pela faculdade Afirmativo, Instituto de Educação
Bom Jesus de Cuiabá (2017). Atua como docente na Escola
Estadual Irmãos do Caminho (escola do Campo), desde 2005,
na área da Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Eurico Cabreira dos Santos

Eurico Cabreira dos Santos é graduado em Ciências


Biológicas – Unemat, Especialização em Educação Ambiental
– Unemat, Especialização em Plantas Ornamentais e
Paisagismo – Universidade Federal de Lavras -UFLA/MG, Ms.
Ensino de Ciências Naturais – Universidade Federal de Mato
Grosso - UFMT; professor no curso de Ciências Biológicas/
Projeto de Licenciatura Plenas Parceladas em Ciências
Biológicas - Universidade do Estado de Mato Grosso -
UNEMAT/Campus Colíder (1999) e Pontes e Lacerda
/Núcleo de Araputanga (2000 – 2004). Foi professor
formador de Biologia – Cefapro/Cáceres ( 2009 – 2016),
professor Formador no curso de especialização em
Diversidade e Educação Inclusiva no Contexto das Ciências
Naturais - Universidade Aberta do Brasil - UAB/UFMT/2018.
Mérito de Terceiro Melhor Projeto do prêmio professor de
ciências do ano - FESBE 2020. Atualmente, professor de
Ciências da Natureza na Escola Estadual Criança
Cidadã/Cáceres e voluntário no Projeto Horta / 2021 e 2022.
Edinete Ribeiro de Lima Hoffmann

Edinete Ribeiro de Lima Hoffmann é professora especialista


em Libras pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL).
Licenciada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa
e em Língua Brasileira de Sinais pela Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia (UFRB), Centro de Formação de
Professores (CFP). Atualmente, professora efetiva de Língua
Portuguesa na Escola Estadual Criança Cidadã/Cáceres-MT
e voluntária em atividades ligadas ao Projeto Horta Escolar.
Paula Daniella Leão Braun

Paula Daniella Leão Braun possui graduação em Licenciatura


Plena em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de
Mato Grosso UNEMAT - concluída em 2004. Especialização
em Psicopedagogia com ênfase na Educação Infantil,
concluída, em 2011, pela Faculdade AJES do Vale do Juruena.
Professora da Educação Básica - SEDUC-MT com dois
vínculos, sendo o primeiro desde 2009 e o segundo desde
2011. Atualmente, em exercício na Escola Estadual Militar
“Cabo José Martins de Moura”, Confresa-MT.
Ricardo Purcena de Castro

Ricardo Purcena de Castro possui graduação em


Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Estadual
de Goiás – UEG, ano de conclusão 2006. Curso Superior em
Tecnologia em Logística, ano de conclusão 2011 (UEG).
Especialização em Gestão Ambiental pela Faculdade de
Ciências Sociais Aplicadas de Marabá – FACIMAB. Professor
da Educação Básica – SEDUC-MT, desde 2018, em exercício,
atualmente, na Escola Estadual Militar Tiradentes “Cabo José
Martins de Moura”, Confresa-MT.
Maria Lucia Borges Cavequia

Maria Lucia Borges Cavequia possui graduação em


Matemática e Especialista em Educação Matemática pela
(UNEMAT) Universidade do Estado de Mato Grosso (1999).
Professora, desde 1993, da Rede Estadual de Ensino
(SEDUC/MT) efetiva em 2011. Lotada na Escola Estadual
Coronel Antônio Paes de Barros de Colíder MT. Foi
Coordenadora Pedagógica em 2011/2012/2013. Orientadora
de Estudos do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino
Médio (PNFEM). Diretora escolar em dois mandatos
consecutivos. Atualmente, na direção da Escola, no terceiro
mandato e coordenadora do projeto Manutenção da Horta
Orgânica Pedagógica.
João Rodrigues da Costa

João Rodrigues da Costa possui graduação em Licenciatura


Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Mato
Grosso - UNEMAT (1999), na Área de Ciências Biológicas.
Especialização em Desenvolvimento Regional Agroflorestal
pela Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
(2003), na Área de Ciências Sociais Aplicadas, Especialização
em Análises Clínicas pela Universidade de Cuiabá - UNIC
Aeroporto Sinop MT (2010). É professor efetivo de Ciências
Biológicas pela Rede Estadual de Ensino (SEDUC/MT),
experiência no trabalho docente, Coordenação Pedagógica e
envolvimento pedagógico constante com horta escolar de
temáticas voltadas para a educação ambiental e
sustentabilidade. Atua como Orientador de Área de
Conhecimento Ciências da Natureza e Matemática na Escola
Estadual Coronel Antônio Paes de Barros, Escola de Tempo
Integral de Ensino Fundamental e Médio em Colíder - MT.
Gonçalina Eva Almeida de Santana

Gonçalina Eva Almeida de Santana é quilombola. Possui


graduação em Pedagogia pela Faculdade Educacional da Lapa
- FAEL (2009) e Especialização em Educação Infantil e
Letramento pela Faculdades Integradas de Cuiabá-FIC (2013).
Possui Mestrado em Educação pela Universidade Federal de
Mato Grosso - UFMT (2019). Coordenadora Pedagógica da
Escola Estadual Quilombola Tereza Conceição Arruda, em
Nossa Senhora do Livramento/ Mato Grosso.
Adrianny de Arruda Abreu

Adrianny de Arruda Abreu é quilombola. Possui graduação


em Ciências Biológicas pela Universidade de Cuiabá ( UNIC -
2014). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em
Educação Quilombola. Mestre em Educação, especialista em
Educação Ambiental e Campesina. Professora da Educação
Básica há 8 anos. Atualmente, é diretora da Escola Estadual
Quilombola Tereza Conceição de Arruda, em Nossa Senhora
do Livramento/Mato Grosso.

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