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A experimentação

em psicologia:
o controle do
comportamento e
de suas variáveis
A ciência
• Um conjunto de atitudes...
• Uma
ma disposição para tratar com os fatos, de preferência, e não
com o que possa ser dito sobre eles.
• Uma disposição de aceitar os fatos mesmo quando eles são
opostos ao desejos...
• As afirmações são constantemente submetidas à verificação,
onde nada é posto acima de uma descrição precisa dos fatos...
• Ficar sem resposta até que uma satisfatória possa ser
encontrada...

Skinner, 1953
A ciência
Busca de ordem, uniformidade, de relações ordenadas entre
os eventos e a natureza
Começa por observar episódios singulares e avança para a
regra geral, a lei científica
Em um estágio posterior, a ciência avança da coleção de
regras ou leis para arranjos sistemáticos mais amplos.
 Enunciados sobre o mundo
 Enunciados sobre enunciados
 Modelo para os seus objetos  novas regras  novas práticas

Skinner, 1953
A ciência

Objetivo de nos capacitar a manejar um assunto de modo


mais eficiente. A concepção científica de determinada coisa
não é um conhecimento passivo.
passivo A ciência não se preocupa
com a contemplação  Previsão e controle.

Skinner, 1953
A ciência
•Ocomportamento é uma matéria difícil, não porque seja
inacessível, mas porque é extremamente complexo
•É um processo mutável, fluido, evanescente
•A descrição de um caso particular, não importa quão
acurada ou quantitativa possa ser, é somente um passo
preliminar. O passo seguinte é a descoberta de uma
espécie qualquer de uniformidade
A ciência
O cientista pode influir sobre o comportamento no ato de
observar e analisar, e deve certamente levar em
consideração esta influência. Mas o comportamento pode ser
observado com o mínimo de interação entre objeto e o
cientista; este é o modo pelo qual, naturalmente, tenta
começar
O que o estudo científico faz é permitir a utilização ótima
dos controles que possuímos. A simplificação do laboratório
revela a relevância de fatores que poderíamos de outro modo
deixar passar.

Skinner, 1953
Objetivos da ciência

Busca de leis que descrevam as relações entre as ações e os


outros eventos da natureza
 Leis confiáveis, válidas e que possuam um certo grau de
generalidade
Objetivos da ciência
Explicar: descrever as características da ocorrência de um fenômeno
– as condições em que um evento ocorre e as mudanças pelas quais
este evento passa durante ou após essa ocorrência
Os fenômenos da natureza não são caóticos e nem ocorrem ao acaso

As relações que o cientista descreve e sobre as


quais postula leis, são relações entre variáveis
independentes e dependentes
ariáveis

Variável: qualquer evento, situação ou comportamento que


tenha pelo menos dois valores
Os potenciais valores são chamados de níveis (categorias) ou
valores
 Os valores podem ter propriedades quantitativas ou não
 Exemplo: Sexo
Variáveis independentes

• Ocorrências ambientais
• Variável “causa”
• Variável manipulada
•O participante não tem controle
sobre a sua ocorrência
• Sempre colocada no eixo horizontal
ariáveis dependentes

Ocorrências comportamentais
Variável “efeito”
Variável medida
Comportamento causado pela
variável independente
Sempre colocada no eixo vertical
ariáveis (in)dependentes

Cozby, 2003
Variáveis estranhas
• Fatores que podem interferir nos efeitos das
variáveis independentes sobre as variáveis
dependentes

• Variável de controle
 Variável independente potencial mantida constante
durante o experimento por ser controlada pelo
pesquisador
Exemplos
• Pessoas fumam mais após longas horas
ininterruptas de trabalho
 VI
 VD

• Efeitos de um psicofármaco sobre o


comportamento depressivo
 VI
 VD
Definição operacional
• Uma variável é um conceito abstrato, que precisa ser traduzido em formas
concretas de observação ou mensuração
• Definição operacional: descrição de uma variável em termos de suas
operações ou técnicas que o pesquisador usa para medi-la ou manipulá-la
• Ex:
 Credibilidade do orador
 Ganhador do Prêmio Nobel
 Professor substituto de uma escola
 Desempenho em uma tarefa cognitiva
 Número de acertos em uma prova
Inferências, Rótulos, Descrições
• Inferência: supõe um processo mediador não verificável,
não aceitável
 Mais do que elaborar inferências, precisamos testá-las, o
teste de variáveis mediacionais é impossível
• Rótulos: emprega expressões pouco específicas, sujeitas a
outras interpretações.
 pode ser definido por um conjunto ou sequência de
comportamento
 Para ser aceito, o rótulo deve passar por uma definição
prévia e sobre a qual os membros concordem
Experimentação

•A experimentação é um modo de simplificar as


condições sob as quais a observação é feita de modo
que um fenômeno possa ser observado mais
claramente (Johnston & Pennypacker,
Pennypacker 1993a, pp. 8-9,
destaque no original)
Experimentação
As descrições são insuficientes – é necessário demonstrar e
rovar a veracidade e a generalidade dessa geração
 Manipulação da VI e observação das mudanças
sistemáticas na VD
 Existe relação funcional? As ações são uma função das
condições ambientais?

Controlar um fenômeno natural significa, basicamente,


conhece-lo
lo de tal modo que identificamos minimamente as
variáveis que o compõem e, com isso, podemos vir a
formular leis que o descrevam
Experimentação

Correlação – Quando... Então...


Relação funcional – Se... Então
Então... (relação de
dependência)
 Para se chegar a uma relação funcional é preciso intervir no
ambiente em que o organismo se encontra e avaliar os efeitos
dessa intervenção sobre o comportamento
tapas da realização de um experimento
1) Pergunta experimental:
2) como o(s) fenômeno(s) em estudo será(ão)
será( medido(s), garantindo a
validade e a confiabilidade dessas medidas;
medidas
3) como as condições experimental e controle serão arranjadas para
permitir comparações entre elas (delineamento experimental);
4) como os dados (as medidas obtidas) serão analisados,
5) que conclusões são possíveis a partir dos resultados.
Delineamento experimental

Todo experimento envolve duas condições básicas: condição controle


(ou linha de base) e condição experimental.
experimental
Condição controle:
 VI não está presente. Ela permite avaliar os efeitos de todas as variáveis,
que não a VI, sobre a VD.

Condição experimental: a VI está presente.


presente

Mantendo todas as variáveis constantes entre as duas condições e


variando apenas a VI, o experimentador está em posição favorável
para concluir se as possíveis mudanças medidas são frutos de sua
manipulação.
Delineamento experimental

• 1) quantos sujeitos serão utilizados;


• 2)) quantas serão as condições (controle e experimental)
utilizadas;
• 3)) quando, por quanto tempo e em que ordem as condições
serão introduzidas;
• 4)) quando e quantas vezes as medidas de interesse serão
realizadas.
Controle experimental
Se uma variável é mantida constante, ela não pode ser responsável pelos
resultados do experimento.
 Exemplo:
 Exercício físico X sair da rotina diária

Randomização:
 manter constante as características dos participantes em dois grupos
diferentes.
 Assegura que a covariável tenha a mesma probabilidade de afetar tanto um
grupo experimental quanto o outro.
Também é possível randomizar a sequência das condições experimentais
elineamento experimental de sujeito único

• Em geral, uma ciência é valiosa ao tratar com o indivíduo


só na medida em que suas leis se refiram aos indivíduos.
Uma ciência do comportamento que diga respeito ao
comportamento de grupos não servirá, provavelmente, de
ajuda na compreensão do caso particular. Mas uma
ciência pode também tratar do comportamento do
indivíduo, e seu êxito nisto deve ser avaliado antes em
termos de realizações do que em quaisquer colocações
apriorísticas. (Skinner, 1953)
Delineamento experimental de sujeito único
O comportamento é estudado no nível do indivíduo que se comporta

Parte do princípio de que para compreendermos e podermos modificar o


comportamento de um organismo vivo, devemos analisar o
comportamento deste organismo como uma unidade individual e não
um comportamento médio de um grupo de indivíduos
Delineamento experimental de sujeito único

Os sujeitos são expostos a uma série de condições, mensurando-se


epetidamente o desempenho do organismo e verificando-se se há uma
elação ordenada entre as condições manipuladas no experimento e as
lterações nessas medidas
Um mesmo sujeito é submetido a todas as condições do experimento e as
bservações são realizadas de forma contínua no decorrer de todo o
rocesso.
elineamento experimental de sujeito único

Só podemos comparar os resultados do desempenho de um indivíduo


com ele mesmo, em outra situação, momento ou condições; qualquer
diferença seria devido às diferenças da situação, não a variações
ndividuais

Delineamento A-B-A
Condição A
• Exposição
do sujeito a uma primeira condição
denominada de linha de base
 Obter medidas do comportamento em uma situação que
representaria o estado de funcionamento de um
indivíduo, sem a intervenção do pesquisador.
 Medidas tomadas – dizem respeito àquelas que o
investigador está particularmente interessado em
analisar
Condição B
• O investigador introduz uma modificação no ambiente
experimental e registra os efeitos dessa intervenção sobre
o mesmo tipo de comportamento medido na linha de base
• Uma vez que essas duas condições diferem pela ausência
ou presença da VI, qualquer modificação no
comportamento do sujeito pode ser atribuída a essa
diferença.
Condição A
• Remoção da variável independente
 .Se a medida do comportamento voltar a valores
próximos daqueles observados durante a linha de base,
isso confirma a influência da VI.
VI
Avaliação das pesquisas

• Três validades
 Validade de construto: adequação de uma definição
operacional de uma variável

 Validade interna: capacidade para tirar conclusões


sobre relações de causa e efeito de nossos dados

 Validade externa: grau em que os resultados podem ser


generalizados para outras situações e populações
Referências
• Angelo Augusto Silva Sampaio; Flávia Henriques Baião de Azevedo; Luciana
Roberta Donola Cardoso; Camila de Lima; Mateus Brasileiro Reis Pereira &
Maria Amalia Pie Abib Andery Interação em Psicologia, Curitiba, jan./jun.
2008, 12(1), p. 151-164 156

• Cozby,, P. (2003). Métodos de pesquisa em Ciência do Comportamento. São


Paulo: Editora Atlas (Publicado originalmente em 2001, tradução de Paula
Inez C. Gomide e Emma Otta).

• Kantowitz, B; Roediger III, H. & Elmes,, D. (2006) Psicologia Experimental:


Psicologia para compreender a pesquisa em psicologia. Cengage Learning –
Capítulo 3 – Técnicas em pesquisa: experimentação

• Matos, M.A. & Tomanari,, G.Y, (2002) A análise do comportamento no


laboratório didático. Barueri: Manole. 4- Como estudar o comportamento?

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