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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
QMC149 – QUÍMICA ANALÍTICA II
PROF DR. EDSON IRINEU MULLER

-
DOSAGEM DE CL POR POTENCIOMETRIA

Raquel Beatriz Moraes e Silva

Santa Maria, RS
04/12/2023
1- OBJETIVO
O potenciômetro é um instrumento utilizado em análises químicas para medir a
diferença de potencial entre dois eletrodos em uma solução. Neste experimento, o foco é a
determinação da concentração de íons cloreto (Cl-) em uma amostra de soro fisiológico. Isso
será alcançado por meio de uma titulação potenciométrica, onde uma solução de AgNO3 será
adicionada à amostra até a precipitação completa dos íons cloreto.
O objetivo principal deste experimento é a determinação precisa da concentração de
íons cloreto (Cl-) na amostra de soro fisiológico. Isso será alcançado por meio de uma
titulação potenciométrica, utilizando eletrodos específicos (eletrodo indicador de prata - Ag e
eletrodo de referência - Calomelano).

2- MATERIAIS

Os materiais utilizados durante o experimento foram:

● Soro fisiológico;
● Solução padrão de AgNO3 (0,1015 mol/L);
● Potenciômetro;
● Béquer;
● Bureta;
● Pipeta de 10 mL;
● Barra de agitação magnética;
● Água deionizada;

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

No início do experimento, pipetaram-se com precisão 10 mL de soro fisiológico,


adicionando-os a um béquer. Para uma diluição controlada, acrescentou-se 50 mL de água
deionizada, ajustando a solução à faixa desejada para a titulação. Posteriormente, preparou-se
o sistema inserindo um agitador magnético no béquer para garantir homogeneidade.
Simultaneamente, conectou-se o eletrodo de prata combinado, assegurando uma conexão
firme para evitar interferências nas medições.
Na etapa seguinte, realizou-se a titulação potenciométrica, adicionando incrementos
de 5 mL da solução padrão de AgNO3 (0,1015 mol/L) à amostra no béquer. Com o agitador
ligado, aguardou-se a estabilização da solução antes de ler o potencial elétrico (E) em
milivolts (mV) com o potenciômetro. Este processo foi repetido em intervalos de 5 mL até
observar uma mudança significativa no potencial elétrico, indicando o ponto de equivalência
da titulação. Em cada etapa, registraram-se os volumes de AgNO3 adicionados e os
potenciais elétricos correspondentes na Tabela 1. Esses detalhes compõem a fase inicial do
experimento de dosagem de íons cloreto (Cl-) por titulação potenciométrica.
Tabela 1 -Resultados da titulação potenciométrica.
V (ml) mV ΔmV ΔV V' ΔmV/ΔV
0,00 29,00 - - - -
0,50 29,00 0,00 0,50 0,75 0,00
1,00 30,00 1,00 0,50 1,25 2,00
1,50 31,00 1,00 0,50 1,75 2,00
2,00 32,00 1,00 0,50 2,25 2,00
2,50 33,00 1,00 0,50 2,75 2,00
3,00 34,00 1,00 0,50 3,25 2,00
3,50 35,00 1,00 0,50 3,75 2,00
4,00 36,00 1,00 0,50 4,25 2,00
4,50 37,00 1,00 0,50 4,75 2,00
5,00 39,00 2,00 0,50 5,25 4,00
5,50 40,00 1,00 0,50 5,75 2,00
6,00 41,00 1,00 0,50 6,25 2,00
6,50 43,00 2,00 0,50 6,75 4,00
7,00 44,00 1,00 0,50 7,25 2,00
7,50 46,00 2,00 0,50 7,75 4,00
8,00 48,00 2,00 0,50 8,25 4,00
8,50 49,00 1,00 0,50 8,75 2,00
9,00 51,00 2,00 0,50 9,25 4,00
9,50 53,00 2,00 0,50 9,75 4,00
10,00 54,00 1,00 0,50 10,25 2,00
10,50 56,00 2,00 0,50 10,75 4,00
11,00 58,00 2,00 0,50 11,25 4,00
11,50 61,00 3,00 0,50 11,75 6,00
12,00 63,00 2,00 0,50 12,25 4,00
12,50 66,00 3,00 0,50 12,75 6,00
13,00 69,00 3,00 0,50 13,25 6,00
13,50 72,00 3,00 0,50 13,75 6,00
14,00 77,00 5,00 0,50 14,25 10,00
14,50 82,00 5,00 0,50 14,75 10,00
15,00 87,00 5,00 0,50 15,25 10,00
15,50 95,00 8,00 0,50 15,75 16,00
16,00 107,00 12,00 0,50 16,25 24,00
16,50 129,00 22,00 0,50 16,75 44,00
17,00 278,00 149,00 0,50 17,25 298,00
17,50 295,00 17,00 0,50 17,75 34,00
18,00 300,00 5,00 0,50 18,25 10,00
18,50 312,00 12,00 0,50 18,75 24,00
19,00 332,00 20,00 0,50 19,25 40,00
19,50 338,00 6,00 0,50 19,75 12,00
20,00 350,00 12,00 0,50 - 24,00
Fonte: Autora, 2023

Ao analisar os dados experimentais, desenvolvemos duas representações gráficas


cruciais: a curva de titulação (Figura 1) e a curva da derivada da titulação (Figura 2).

Figura 1 - Curva de titulação

Fonte: Autora , 2023

A Figura 1 oferece uma visão geral da relação entre o volume de titulante (AgNO3)
adicionado e o potencial elétrico da solução. Essa curva destaca o ponto de equivalência,
momento em que a precipitação dos íons cloreto atinge sua conclusão. A visualização dessa
curva é fundamental para compreender a dinâmica da reação durante a titulação.
Figura 2 - curva da derivada da titulação

Fonte: Autora, 2023

A Figura 2, por sua vez, representa a derivada da curva de titulação, destacando as


variações instantâneas no potencial elétrico em relação ao volume de titulação. O ponto de
inflexão nesse gráfico identifica de maneira precisa o ponto de equivalência da titulação,
proporcionando uma abordagem diferencial para a detecção precisa do término da reação.

Observando a Figura 1, nota-se que o ponto final é identificado em um potencial


próximo a 278 mV. Já na segunda figura, destaca-se o volume de AgNO3 no ponto final,
representado pelo pico da curva, que corresponde a aproximadamente 17 mL. Esse dado é
essencial para calcular a dosagem de íons cloreto (Cl-) no soro fisiológico, por meio dos
seguintes cálculos:

1°) Calcula-se o número de mols de Ag+:


Número de mols de Ag+ = V * Mnitrato de prata
Número de mols de Ag+ = 0,017 L * 0,1015 mol/L
Número de mols de Ag+ = 0,0017255 moles

2°) Calcula-se o número de mols de Cl-:


Número de mols de Ag+ = Número de mols de Cl-
Número de mols de Cl- = 0,0017255 moles

3°) Calcula-se a massa de Cl- em 10 mL e em 100 mL:


Massa de Cl- = Número de mols de Cl- * MMCl-
Massa de Cl- = 0,0017255 moles * 35,45 g/mol
Massa de Cl- = 0,0611689 g em 10 mL
Massa de Cl- = 0,611689 g em 100 mL
3°) Calcula-se a massa de NaCl em 100 mL de soro fisiológico:
58,5 g de NaCl — 35,5 g de Cl
Massa de NaCl em 100 mL – 0,611689 g de Cl
Massa de NaCl em 100 mL = 1,007995 g

Este valor equivale a quase 1,008% da composição do soro fisiológico.

4 - CONCLUSÃO

No decorrer do procedimento experimental, pôde-se explorar a técnica


potenciométrica, uma abordagem que estabelece uma conexão direta entre a concentração do
analito e a diferença de potencial. Nesse contexto, o experimento se revelou eficaz na
determinação da concentração de íons cloreto (Cl-) presente no soro fisiológico. Vale ressaltar
que a concentração de NaCl na embalagem é especificada como 0,9 g%, enquanto o valor
obtido experimentalmente foi de 1,008 g%. Esse resultado, embora um pouco superior,
demonstra a sensibilidade do método utilizado, proporcionando uma análise mais detalhada e,
consequentemente, uma compreensão mais refinada da composição do soro fisiológico em
relação às especificações indicadas.
5 - QUESTIONÁRIO

1) Qual o eletrodo utilizado para a titulação potenciométrica de cloreto. Explique o


funcionamento?

O eletrodo comumente utilizado para a titulação potenciométrica de cloreto é o eletrodo de


referência de calomelanos (SCE - Saturated Calomel Electrode). O SCE consiste em um tubo
contendo uma pasta de mercúrio calomelanos (Hg2Cl2) em equilíbrio com uma solução
saturada de KCl. O eletrodo é composto por um fio de prata mergulhado na pasta de mercúrio
e é conectado a um potenciômetro. A reação do eletrodo SCE é representada por:
Hg2Cl2(s) + 2e⁻ ⇌ 2Hg(l) + 2Cl⁻.

2) Explicar o funcionamento de um eletrodo de segunda classe?

Um eletrodo de segunda classe, também conhecido como eletrodo de íon seletivo, é


projetado para responder seletivamente à concentração de um íon específico na solução.
Geralmente, esses eletrodos consistem em membranas que permitem a passagem seletiva de
íons específicos. A membrana cria um potencial elétrico em resposta à atividade do íon alvo,
permitindo sua detecção precisa.

3) Diferenciar potenciometria direta e indireta.

Potenciometria Direta: Envolve a medição direta do potencial elétrico da solução sem


a necessidade de adição de reagentes. Geralmente aplicada em análises de pH, onde o
eletrodo de vidro é comumente utilizado.

Potenciometria Indireta: Requer a adição de um reagente titulante para induzir uma


reação química controlada. A medição do potencial elétrico ao longo da titulação fornece
informações sobre a quantidade do analito presente.

4) Por que a potenciometria indireta é menos propensa a erros?

A potenciometria indireta é menos propensa a erros porque a titulação controlada


permite ajustes precisos durante o processo. A adição controlada de titulante até o ponto de
equivalência fornece uma determinação mais precisa da concentração do analito. Além disso,
os erros sistemáticos podem ser compensados pela leitura cuidadosa do ponto de
equivalência. Esse método também é vantajoso quando o analito não reage diretamente com
um eletrodo seletivo ou não possui um eletrodo adequado para medição direta.

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