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UFF - Universidade Federal Fluminense

Instituto de Química
GQA - Departamento de Química Analítica
Disciplina: Análise Instrumental I Experimental

Potenciometria III

Aluna: Ursula Rodrigues Cabral


Professor: Marco Antonio Oliveira

Rio de Janeiro, 15 de Junho de 2023

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1 INTRODUÇÃO
Os métodos potenciométricos se baseiam na medida da diferença de potencial entre os
eletrodos de uma célula galvânica. O eletrodo de referência tem o potencial conhecido e fixo,
enquanto o eletrodo indicador responde à atividade do analito. Dessa forma, a diferença de
potencial encontrada pode ser atribuída ao efeito que o analito causa no eletrodo indicador,
como visto na fórmula abaixo: [1] [2]
𝐸𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 = 𝐸𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 − 𝐸𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎

O ácido fosfórico é um ácido poliprótico e apresenta as seguintes constantes de


dissociação: [1]
𝐾1 = 7,11 × 10−3 𝐾2 = 6,34 × 10−8 𝐾3 = 4,2 × 10−13
O H3PO4 possui apenas dois hidrogênios ionizáveis. Por isso a curva de titulação do
ácido com hidróxido de sódio mostra duas inflexões, devido as reações abaixo: [1]

Figura 1. Reação ionização ácido fosfórico.


O terceiro íon hidrogênio reage apenas parcialmente com o OH- e por isso não é possível
observar a sua inflexão no gráfico. [1]

Figura 2. Forma da curva de titulação ácido poliprótico. [3]

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Figura 3. Aparelhagem utilizada para titulação potenciométrica.

2 OBJETIVO
Os objetivos da prática foram realizar a titulação potenciométrica do ácido fosfórico,
calcular a molaridade da solução de H3PO4 e determinar o ponto final da titulação.

3 METODOLOGIA
Seguindo as instruções do manual do medidor de pH STARTER 2100 (OHAUS), foi
realizado a calibração do aparelho com diferentes soluções-tampão.
Em um béquer de 250 mL, foram adicionados 10,00 mL da amostra de solução de ácido
fosfórico e completou-se o volume com água destilada até 100 mL. Colocou-se o béquer sobre
um agitador magnético, de modo que a bureta contendo NaOH 0,1 M (f = 0,9810) ficasse sobre
ele e a extremidade do eletrodo mergulhado na solução.
Foram adicionados incrementos de volume da solução de NaOH ao béquer, anotando-
se os valores de pH após cada adição.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 TABELA DOS VALORES


Na tabela a seguir encontram-se os valores de pH obtidos por volume de titulante
adicionado, além das duas derivações do pH em relação ao volume, que foram feitas para a
análise dos gráficos, e assim da titulação.

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Tabela 1. Valores de pH, volume de NaOH e primeira e segunda derivadas.

pH V (mL) 1ª D 2ª D
2,22 0,00 - -
2,26 0,50 0,08 -
2,35 1,00 0,18 0,20
2,47 1,50 0,24 0,12
2,63 2,00 0,32 0,16
2,89 2,50 0,52 0,40
3,57 3,00 1,36 1,68
5,06 3,20 7,45 30,45
5,68 3,40 3,10 -21,75
5,89 3,60 1,05 -10,25
6,15 3,80 1,30 1,25
6,37 4,00 1,10 -1,00
6,68 4,50 0,62 -0,96
6,95 5,00 0,54 -0,16
7,23 5,50 0,56 0,04
7,53 6,00 0,60 0,08
7,71 6,20 0,90 1,50
7,88 6,40 0,85 -0,25
8,11 6,60 1,15 1,50
8,69 6,80 2,90 8,75
9,71 7,00 5,10 11,00
10,49 7,50 1,56 -7,08
10,81 8,00 0,64 -1,84
11,04 8,50 0,46 -0,36
11,20 9,00 0,32 -0,28
11,30 9,50 0,20 -0,24
11,40 10,00 0,20 0,00

A primeira e segunda derivadas foram encontradas com a aplicação do cálculo:


∆𝑝𝐻
∆𝑝𝐻 ∆( )
∆𝑉
1ª𝐷 = 2ª𝐷 =
∆𝑉 ∆𝑉

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4.2 GRÁFICOS
A partir da tabela, construiu-se os gráficos abaixo.

Gráfico 1. Volume de NaOH (mL) versus pH.

Gráfico 2. Volume de NaOH (mL) versus 1ª derivada.

Gráfico 3. Volume de NaOH (mL) versus 2ª derivada.


Analisando os gráficos 1,2 e 3 é possível observar que o volume no primeiro ponto final
da titulação está entre 3,20 e 3,40 mL (formação de H2PO42-). O segundo ponto final está entre

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7,00 e 7,50 mL (formação de HPO4-). O valor exato do ponto final pode ser obtido através da
equação:
∆2 𝐸
( )
∆𝑉 2 1
𝑉𝑓 = 𝑉0 + ∆𝑉
∆2 𝐸 ∆2 𝐸
( 2) − ( 2)
[ ∆𝑉 1 ∆𝑉 2 ]

Onde:
𝑉𝑓 : 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙;

𝑉0 : 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑖𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙;


∆𝑉: 𝑖𝑛𝑐𝑟𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑜;
∆2 𝑝𝐻
( ) : 2ª 𝑑𝑒𝑟𝑖𝑣𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝐻 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎 𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑡𝑖𝑡𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒, 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙;
∆𝑉 2 1

∆2 𝑝𝐻
( ) : 2ª 𝑑𝑒𝑟𝑖𝑣𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝐻 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎 𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑡𝑖𝑡𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒, 𝑎𝑝ó𝑠 𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙.
∆𝑉 2 2

30,75
𝑉𝑓 = 3,20 + 0,20 × [ ]
30,75 − (−21,75)
𝑉𝑓 = 3,32 𝑚𝐿

11,00
𝑉𝑓 = 7,00 + 0,50 × [ ]
11,00 − (−7,08)
𝑉𝑓 = 7,30 𝑚𝐿

O volume final também pode ser encontrado através da segunda derivada, tendo como
princípio os pontos máximo e mínimo absolutos. No momento em que a curva passa por esses
pontos, a derivada se iguala a zero.

Gráfico 4. Reta que passa pelos pontos máximo e mínimo da segunda derivada, no
primeiro ponto final.

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Gráfico 5. Reta que passa pelos pontos máximo e mínimo da segunda derivada, no
segundo ponto final.

𝑦=0
0 = −261𝑥 + 865,65
𝑥 = 3,32 𝑚𝐿

𝑦=0
0 = −36,16𝑥 + 264,12
𝑥 = 7,30 𝑚𝐿
Dessa forma, determina-se que os pontos finais da titulação correspondem a adição de
3,32 mL e 7,30 mL de titulante. A partir disso, é possível calcular a porcentagem de ácido
fosfórico na solução.

Figura 4. Reação química do ácido fosfórico com hidróxido de sódio.


Titulação com uma solução padrão secundária de base forte NaOH com um ácido fraco.
Com a reação, pode-se constatar que a estequiometria da reação é igual a 2 mols de NaOH para
cada mol de ácido que reage. Com isso pode-se calcular a concentração de ácido que reagiu na
reação.
𝑀𝐻3 𝑃𝑂4 × 𝑉𝐻3 𝑃𝑂4 = 𝑀𝑁𝑎𝑂𝐻 × 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻 × 𝑓𝑐𝑁𝑎𝑂𝐻
𝑚𝑜𝑙
𝑀𝐻3 𝑃𝑂4 × 10,00 𝑚𝐿 = (0,1 × 0,9810) × 7,30 𝑚𝐿
𝐿
𝑚𝑜𝑙 1
𝑀𝐻3 𝑃𝑂4 = 0,071613 ⇒ corresponde a 1 mol de NaOH e 2 mol de H3PO4
𝐿

𝑚𝑜𝑙
Logo, 𝑀𝐻3 𝑃𝑂4 = 0,0358065 ~ 0,036 𝑀
𝐿
7
1 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐻3 𝑃𝑂4 ______ 97,94 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠
0,036 𝑚𝑜𝑙 de 𝐶𝐻3 𝑃𝑂4 _________ 𝑚 _____________ 1𝐿
𝑚 = 3,51 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠
Corrigindo pelo fator de diluição:
3,51 𝑔 _____ 1000 𝑚𝐿
𝑥 𝑔 ____ 10 𝑚𝐿
𝑥 = 0,0351𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠
𝑚 0,0351 𝑔
𝐶 ( ) 𝐶𝐻3 𝐶𝑂𝑂𝐻 = × 100
𝑣 10 𝑚𝐿
= 0,35% 𝑑𝑒 á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑓𝑜𝑠𝑓ó𝑟𝑖𝑐𝑜 𝑛𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑎𝑛𝑎𝑙𝑖𝑠𝑎𝑑𝑎.

5 CONCLUSÃO
Pode-se concluir, de acordo com os valores dispostos na literatura, que os valores
obtidos podem ser considerados satisfatórios, onde foram feitos cálculos de derivadas primeira
e segunda para a obtenção dos pontos finais, já que o cálculo de derivada segunda traz uma
observação mais refinada e facilitada dos pontos finais. Pode-se plotar os gráficos com grande
precisão em relação aos dados obtidos.
O aumento na medição de pH foi acompanhado pelos eletrodos e registrado no pHmetro
de forma satisfatória. Conclui-se que a técnica se mostrou eficiente para determinação da
constante de dissociação de espécies ácidas.

6 BIBLIOGRAFIA

[1] “Apostila de Análise Instrumental I Experimental,” GQA, Niterói, 2020.

[2] D. C. Harris, Análise Química Quantitativa, LTC, 2017.

[3] J. McMurry, Organic Chemistry, Belmont: Thomson-Brooks/Cole, 2004.

[4] D. A. Skoog, D. M. West, F. J. Holler e S. R. Crouch, Fundamentos de


Química Analítica, São Paulo: Thomson, 2009.

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