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Efeito da Concentração Sobre a Condutividade

Específica

Professor(es):
Vinicius Ottonio Oliveira Gonçalves

Nathália Dias Nascimento (DRE: 116152468)


Miguel Carneiro de Rezende (DRE: 119020521)

Data: 30/08/2023
1. Introdução

A condutividade elétrica é usada para especificar o caráter elétrico de um material, ou


seja, indica a facilidade com a qual um material é capaz de conduzir uma corrente elétrica,
permitindo diferenciar eletrólitos fracos e fortes. Eletrólitos fortes seguem a lei de
Kohlrausch enquanto eletrólitos fracos são descritos pela lei de diluição de Ostwald.
Eletrólito é toda a substância que, dissociada ou ionizada, origina íons positivos (cátions)
e íons negativos (ânions), pela adição de um solvente ou aquecimento. Desta forma torna-
se um condutor de eletricidade [1,3].
Existem dois tipos de eletrólitos, o eletrólito forte, que corresponde a uma substância
completamente dissociada/ionizada em solução, como a maioria dos sais, ácidos e bases
inorgânicas onde seus valores de condutividade são elevados e aumentam
moderadamente com a diluição, e o eletrólito fraco, caso do ácido acético e outros ácidos
orgânicos, que corresponde a uma substância parcialmente ionizada em solução onde
apresentam condutividades muito mais baixas em altas concentrações porém, seus valores
aumentam substancialmente com a diluição [4]. Eletrólitos fracos não se dissociam
completamente e possuem condutividade menor do que eletrólitos fortes. Com o aumento
da concentração de íons o equilíbrio de dissociação é deslocado na direção das moléculas
não dissociadas (Lei de Ostwald) [1].
Examinando a dependência da condutividade com a concentração é possível
determinar a condutividade de eletrólitos a uma diluição infinita e desta forma calcular o
grau de dissociação e a constante de dissociação de eletrólitos fracos. Um eletrólito fraco
monoprótico participa de um equilíbrio de ionização do tipo:

HA(aq) ⇋ H+(aq) + A- (aq) Reação 1

Assim, a constante de dissociação (Ka) que pode ser definida como um valor que
expressa a relação entre as concentrações dos eletrólitos dissociados em meio aquoso é
dada como o produto das concentrações do produto sobre reagente [3].

[𝐻 + ] [𝐴− ]
𝐾𝑎 = Eq. 1
𝐻𝐴

Como a condutividade está diretamente ligada a concentração dos eletrólitos, a


melhor maneira de se comparar a força de eletrólitos, é através da condutividade
equivalente (Λc (S.cm2/eq.)). Esta é determinada a partir da condutividade específica do
eletrólito (X (S/cm)) e da concentração equivalente (c (eq./L)) da substância na solução
eletrolítica conforme Eq.2 [4].

𝑋
Λc = 103 Eq. 2
𝑐
Então, para essa prática, a condutividade específica dos eletrólitos será medida
através de condutivímetro, onde o eletrodo do equipamento entrará em contato com
soluções de diferentes concentrações.

Figura 1: Condutivímetro utilizado para medidas condutométricas [3].

2. Objetivo

Por isso, objetivo dessa prática é medir a condutividade específica (X (S/cm)) de


soluções de diferentes concentrações de Ácido Acético (HÁc) e Sulfato de Cobre
(CuSO4), a fim de determinar suas condutividades equivalentes (Λc (S.cm2/eq.)) e a partir
disso, comparar suas diferenças (eletrólito forte e fraco) e verificar a validade do modelo
de Kohlrausch representado pela Eq. 3.

Λ = Λ0 − 𝑏 √c Eq. 3

3. Resultados e Discussão

Neste experimento, soluções de diferentes concentrações (c) de Ácido Acético e


Sulfato de Cobre foram preparadas e com o auxílio do condutivímetro, suas
condutividades específicas (X) foram medidas e posteriormente através da Eq. 2, suas
condutividades equivalentes (Λc) foram calculadas e tabeladas conforme visto nas
Tabelas 1 e 2.
c (eq./L) X (S/cm) Λc (S.cm2/eq) √𝐜
0,5 8,860E-04 1,772 0,7071
0,2 5,700E-04 2,850 0,4472
0,1 4,150E-04 4,150 0,3162
0,05 2,920E-04 5,840 0,2236
0,01 1,332E-04 13,320 0,1000
0,005 9,360E-05 18,720 0,0707
0,002 5,840E-05 29,200 0,0447
0,001 4,030E-05 40,300 0,0316
Tabela 1: Dados para soluções de Ácido Acético.

c (eq./L) X (S/cm) Λc (S.cm2/eq) √𝐜


0,6 1,414E-02 23,566 0,7745
0,5 1,251E-02 25,020 0,7071
0,4 1,053E-02 26,325 0,6324
0,3 8,470E-03 28,230 0,5477
0,2 6,400E-03 32,000 0,4472
0,1 3,820E-03 38,200 0,3162
Tabela 2: Dados para soluções de Sulfato de Cobre

A partir dos dados obtidos nas tabelas, foi possível construir os gráficos de
condutividade equivalente (Λc) em função de √c e comparar seus comportamentos.

Ácido Acético
41,0
36,0
31,0
Λc (S.cm2/eq)

26,0
21,0
16,0
11,0
6,0
1,0
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70

√𝑐
Gráfico 1: Gráfico de Λc vs √c. Experimental (Tabela 1).
Sulfato de Cobre y = -31,208x + 46,705
R² = 0,9594
38,0

35,0
Λc (S.cm2/eq

32,0

29,0

26,0

23,0
0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80

√𝑐

Gráfico 2: Gráfico de Λc vs √c. Experimental (Tabela 2).

Gráfico 3: Comparativo y = -31,208x + 46,705


R² = 0,9594
41,0
36,0
31,0
Λc (S.cm2/eq

26,0
21,0
16,0
11,0
6,0
1,0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80
√𝑐

Analisando os gráficos 1 e 2 e as Tabelas 1 e 2, é possível observar o


comportamento diferente entre as duas retas. A reta representando o sulfato de cobre
apresenta um comportamento mais linear e contínuo, por ele ser um eletrólito forte a
condutividade aumenta de forma proporcional, já que possui uma ionização completa. Já
para o ácido acético, por ele ser um eletrólito fraco, não é possível observar uma reta
perfeita, mas a condutividade aumenta substancialmente com a diminuição da
concentração já que a diluição altera o equilíbrio que será deslocado para o sentido das
moléculas que foram dissociadas.
No gráfico 3 é possível observar uma diferença entre as curvas das soluções.
Como o sulfato de cobre é um eletrólito forte, a condutividade (Ʌc) diminui linearmente
com o aumento da √c. É possível determinar pelo gráfico o valor de condutividade
equivalente a diluição infinita (Ʌ°) que é o coeficiente linear da equação da reta, de acordo
com o modelo de Kohlrausch mostrado na Eq. 3. O valor calculado foi de 46,705 S.cm2/eq
[5].
Para o ácido acético, por ele ser um eletrólito fraco, a diminuição da condutividade
equivalente é mais acentuada com o aumento da √c e, por seus íons não se dissociarem
completamente, a condutância equivalente a diluição infinita (Ʌ°) para o ácido acético
não pode ser obtido pela equação da reta já que ocorre um aumento de íons presente na
solução, devido ao maior grau de dissociação, ou seja, a condutividade equivalente é
proporcional ao grau de dissociação da molécula. Portanto segue a lei de Ostwald, onde
a partir de uma equação, obtemos um gráfico linear entre o inverso da condutividade
(1/Ʌc) e a condutividade vezes a concentração (Ʌc x c) [2, 3, 6].

c (eq./L) X (S/cm) Λc √𝑐 1/Λc Λc x c


(S.cm2/eq)
0,5 8,860E-04 1,772 0,7071 0,564334 0,886
0,2 5,700E-04 2,850 0,4472 0,350877 0,57
0,1 4,150E-04 4,150 0,3162 0,240964 0,415
0,05 2,920E-04 5,840 0,2236 0,171233 0,292
0,01 1,332E-04 13,320 0,1000 0,075075 0,1332
0,005 9,360E-05 18,720 0,0707 0,053419 0,0936
0,002 5,840E-05 29,200 0,0447 0,034247 0,0584
0,001 4,030E-05 40,300 0,0316 0,024814 0,0403
Tabela 3: Dados de linearização da curva do Ácido acético.

Ácido acético (linear) y = 0,635x - 0,0081


R² = 0,9983
0,6

0,5

0,4

0,3
1/Λc

0,2

0,1

0,0
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90

Λc x c

Gráfico 4: Inverso da condutividade do ác. acético versus o produto da condutividade


com a concentração.
Com esses dados, obtém-se o 1/Ʌ°= 0,0081. Calculando o Ʌ°, encontra-se
123,456 S.cm2/eq. Com esse valor, pode-se ainda calcular o valor de Ka para o ácido
acético utilizando a Eq. 4 que é o coeficiente angular da reta obtida no gráfico. O valor
encontrado para Ka= 6,561 x 10-5.
1
Eq. 4
𝐾𝑎( Ʌ0 )2

4. Conclusão

Com o experimento em questão foi possível observar qual das soluções é um eletrólito
forte, que no caso é o sulfato de cobre, e qual é um eletrólito fraco, o ácido acético.
Quando examinamos a dependência da concentração na condutividade de eletrólitos
observamos que a condutividade basicamente aumenta com a concentração devido ao
aumento do número de cargas (íons) em solução. Para ambos os tipos de eletrólitos, à
medida que a solução se torna cada vez mais diluída, a condutividade molar aproxima-se
de um valor limite chamado de condutividade a diluição infinita. A dependência da
concentração com a condutividade molar em eletrólitos fortes foi definida pela lei de
Kohlrausch.
O valor limite da condutividade equivalente de eletrólitos fracos à diluição infinita é
alcançada a concentrações extremamente baixas não sendo possível, portanto, fazer-se
medidas exatas nestas concentrações. Em consequência, não pode ser obtido pelas curvas
extrapoladas a partir dos gráficos como para os eletrólitos fortes, então para o ácido
acético a reta não demonstra boa linearidade, ou seja, não tem total dissociação dos íons
presente na solução. Foi preciso usar a lei de diluição de Ostwald para encontrar o Ka
para a solução.
Os modelos para descrição da condutividade elétrica propõem que não são somente
os elétrons fluindo, mas que há portadores de carga que os carregam em solução e que,
por isso, a sujeição de uma solução de eletrólitos a um potencial também envolve uma
mobilidade de massa. Para além disso, há a diferença na resposta ao potencial entre cargas
positivas e negativas que gera um gradiente em solução, e o fato de que nos eletrodos
decorre uma reação de oxirredução. Com o aumento da concentração, há um aumento na
condutividade por conta da maior disponibilidade de íons, porém a condutividade
específica diminui. Isso pode ser explicado pela interação soluto-solvente, chamada
esfera de solvatação, e pela interação soluto-soluto, chamada de atmosfera iônica.
Observa-se que decorre a eletroforese, o comportamento segundo os quais cargas opostas
se deslocam em direções opostas em solução. Sendo as cargas portadoras dos elétrons,
observa-se que quanto maior a concentração maior a atmosfera iônica, o que em
decorrência da eletroforese reverte-se em um retardo da velocidade de propagação dos
íons. Cada um possui a sua esfera de solvatação, que vai em direção oposta e gera uma
fricção, que dissipa a energia para além do campo elétrico. A soma desses efeitos implica
em uma diminuição da condutividade específica, de forma que a condutividade num geral
cresce com a concentração, mas não linearmente.
5. Referências

[1] UFJF- Universidade Federal de Juiz de Fora. Aula 9: Condutividade Elétrica.


2018. Disponível em: < https://www2.ufjf.br/quimica/files/2015/06/2018-QUI126-
AULA-9-CONDUTIVIDADE-ELÉTRICA.pdf >. Acesso em: agosto de 2023.
[2] UFJF- Universidade Federal de Juiz de Fora. Aula 4: Condutometria. 2011.
Disponível em: < https://www.ufjf.br/nupis/files/2011/02/aula-4-conduto.pdf >. Acesso
em: agosto de 2023.
[3] UNIVAP- Universidade do Vale do Paraíba. Prática 7- Determinação da
condutividade de eletrólitos fortes e fracos e da constante de dissociação de ácidos fracos.
Disponível em: <https://www1.univap.br/spilling/FQE2/FQE2_EXP7_Eletrolitos.pdf>.
Acesso em: agosto de 2023.
[4] Material da Aula. Efeito da Concentração sobre a Condutividade Específica. Acesso
em: agosto de 2023.
[5] Vídeo aula. Condutividade de soluções (aula 03): eletrólitos fortes, lei de Kohlrausch.
Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=nKttCeOb1v8&t=1188s
>. Acesso em: agosto de 2023.
[6] Vídeo aula. Lei da diluição de Ostwald e a condutividade de eletrólitos fracos.
Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=RBzYjfljA00 >. Acesso
em: agosto de 2023.
[7] CASTELLAN. Físico-Química. 1ª ed. 1995. Pág. 781-791. Acesso em: agosto de
2023.

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