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JOÃO VITOR MARTINS (201900780571)

LEONARDO JESUS DE CAMPOS (201900780582)


RAFAEL HENRIQUE CAVINA SOUZA (201900780684)
RAUL ZANCHET (201900780275)

PRÁTICA 02
RECUPERAÇÃO DE ÍONS METÁLICOS POR CEMENTAÇÃO

Relatório apresentado à disciplina de


Físico-Química Experimental I do
Departamento de Química do Centro de
Ciência Exatas da Universidade Estadual de
Londrina. 2QUI103; Turma 0001; Grupo 3.

Docente: Dr. Luiz Henrique Dall Antonia

Londrina
2023
ADAPTAÇÕES NA PARTE EXPERIMENTAL

A única adaptação necessária durante a parte experimental ocorreu no


preparo das soluções, ao invés de calcular a massa necessária a ser pesada para o
preparo das soluções, foi preparado 250 mL de uma solução estoque com
concentração de 0,01 mol.L-1, que foi utilizada posteriormente para a diluição e
preparo das demais soluções, de concentrações inferiores.

QUAL A DISCUSSÃO SOBRE OS DADOS OBTIDOS?

A cementação é um processo eletroquímico que ocorre de maneira


espontânea, onde um metal é precipitado de uma solução iônica utilizando um metal
de mais eletropositivo. A reação em fase heterogênea ocorre a partir da redução
dos íons metálicos em solução na superfície do metal em fase sólida utilizado como
agente redutor, que é oxidado e se dissolve.
Para que a cementação ocorra é necessário que o potencial do sistema de
redução seja menor que o potencial de redução do íon de interesse presente na
solução, pois se faz necessária a redução do metal que encontra-se na solução
aquosa.
Considerando a reação de cementação em que o cobre (Cu) encontra-se em
solução aquosa dissolvido como sua espécie iônica divalente (Cu2+) encontre zinco
metálico (Zn0) no meio reacional ocorrerão reações redox onde o zinco metálico
será dissolvido no meio e o cobre será reduzido e depositado na forma de Cu0 na
superfície da placa de Zn, como apresentado nas semi reações e na reação global a
seguir:

Semi-reação de oxidação: Zn0 —> Zn2+ + 2e- E°= -0,763 V


Semi-reação de redução: Cu2+ + 2e- —> Cu0 E°= +0,337 V
Reação global: Cu2+ + Zn0 —> Cu0 + Zn2+ E°= 1,10 V
Vale ressaltar que a diferença de potencial entre os metais interfere no
processo de cementação, uma vez que quanto maior a diferença com mais
facilidade ocorrerá a reação de oxirredução.
Para determinar o número de moles de Cu2+ removidos da solução, pode-se
utilizar a técnica de espectrofotometria de absorção molecular. Uma curva analítica
foi construída utilizando soluções padrão de sulfato de cobre (CuSO4) com
concentrações de 0,02; 0,04; 0,06; 0,06 e 0,1 mol L-1 como apresentado na Figura 1
e analisadas no comprimento de onda de maior absorbância do composto, 810 nm.
Os valores de absorbância obtidos para as soluções padrão são apresentados na
Tabela 1.

Figura 1. Soluções padrão de sulfato de cobre.

Fonte: Autores (2023).

Tabela 1. Valores de absorbância obtidos para as soluções padrão de CuSO4 em 810 nm.

Concentração de CuSO4 (mol L-1) Absorbância (u.a.)

0,02 0,254

0,04 0,443

0,06 0,672

0,08 0,890

0,1 1,154
Fonte: Autores (2023)
Utilizando os valores de absorbância obtidos na Tabela 1 foi possível
construir uma curva analítica para o sulfato de cobre como apresentado na Figura
2.
Figura 2. Curva analítica obtida através das absorbâncias de CuSO4 em 810 nm

Fonte: Autores (2023)

Tratando-se dos parâmetros do método analítico, o coeficiente de correlação


(R2), apresentou um valor expressivo, de 0,99601, implicando em uma boa exatidão
do método.
O coeficiente linear ‘𝑎’ e coeficiente angular ‘b’, foram obtidos a partir da
equação da reta da curva analítica, e possuem respectivamente os seguintes
valores: 0,00863 (±0,02357) e 11,23278 (±0,35527) Abs.L.mol-1.
Sabendo que o coeficiente angular é o fator determinante tratando-se da
sensibilidade do método, pode-se diferenciar medidas da concentração de sulfato
de cobre em até 11,23278 (±0,35527) Abs.L.mol-1.
Para determinar o número de moles de Cu2+ que sofreram o processo de
cementação, foi utilizada uma placa de zinco metálico de coloração cinza
previamente limpa com acetona, adicionada a cubeta contendo a solução de CuSO4
0,1 mol L-1 inicialmente com a coloração azul e as medidas de absorbância da
solução aferidas a cada 2 minutos, os valores observados são apresentados na
Tabela 2.

Tabela 2. Valores de absorbância obtidos para as soluções padrão de CuSO4 contendo a


placa de Zn em 810 nm a cada 2 minutos.

Tempo (minutos) Absorbância (u.a.)

0 1,137

2 1,001

4 0,866

6 0,793

8 0,730

10 0,666

12 0,590

14 0,513

16 0,434

18 0,386

20 0,345

22 0,304

24 0,277

26 0,250

28 0,235
Fonte: Autores (2023)

Como elucidado pela Figura 2, pode-se estabelecer uma relação linear, tal
qual é descrita por uma equação dada por: y = ax + b, em que y = absorbância, a =
slope (coeficiente angular), b = intercept (ponto onde a reta cruza o eixo y no ponto
x = 0) e o x = concentração molar.
Sendo assim, é possível determinar o número de moles de cobre que foram
retirados da solução pelo processo de cementação, descobrindo suas
concentrações molares no ponto inicial e no ponto final, dadas pelas Equações 1 e
2.
𝑦 = 0, 00863 + 11, 2327𝑥 [Equação 1]

𝑦−(0,00863)
𝑥 = 11,2327
[Equação 2]

Então, substituindo os valores na Equação 2, temos que:

1,137−(0,00863)
[𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜]𝑡 = 𝑥 = 11,2327
= 0, 1026 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠
0

0,235−(0,00863)
[𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜]𝑡 = 𝑥 = 11,2327
= 0, 0201 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠
28

Além do número de moles de cobre obtidos é possível avaliar o método


empregado com base nos limites de detecção e quantificação e para isso são
utilizados os valores de absorbância do branco analítico (água) apresentados na
Tabela 3.

Tabela 3. Valores de absorbância obtidos para as soluções de branco em 810 nm.

Tempo (minutos) Absorbância (u.a.) Desvio Padrão

1 0,078 0,006

2 0,078

3 0,092

4 0,086

5 0,081

6 0,092

7 0,093

8 0,087

9 0,091

10 0,094
Fonte: Autores (2023)
Portanto, o número de moles retirados é de 0,0824 (0,1026 - 0,0201), e como
foi feita a análise do branco analítico dez vezes, foi possível calcular até mesmo os
valores das figuras de mérito, descritas pela Equação 3 e 4.

3(𝐷𝐸𝑆𝑉𝐼𝑂 𝑃𝐴𝐷𝑅Ã𝑂) 3(0,0062)


𝐿𝐷 = 𝑆𝐿𝑂𝑃𝐸
= 11,2327
= 0, 001 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 [Equação 3]

10(𝐷𝐸𝑆𝑉𝐼𝑂 𝑃𝐴𝐷𝑅Ã𝑂) 10(0,0062)


𝐿𝑄 = 𝑆𝐿𝑂𝑃𝐸
= 11,2327
= 0, 005 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 [Equação 4]

Os valores obtidos para o LD e LQ estão adequados, pois são inferiores aos


valores das concentrações utilizados no levantamento da curva analítica.
Por fim, após o período de 28 minutos a cubeta foi retirada do
espectrofotômetro e foi verificado que a solução que anteriormente apresentava
coloração azul, foi descolorida e a placa de zinco inicialmente cinza apresentou
coloração preta, devido ao cobre metálico depositado, como apresentado na Figura
3.

Figura 3. Solução e placa metálica após o processo de cementação.

Fonte: Autores (2023)

Esperava-se que após o processo de cementação, a superfície da placa de


zinco metálico apresentasse coloração vermelho acastanhado uma vez que o cobre
metálico possui esta tonalidade, porém como apresentado na Figura 3 e melhor
elucidado na Figura 4 o cobre depositado apresentou coloração preta.

Figura 4. Comparação entre a coloração de uma placa de cobre metálico e a coloração da


superfície obtida após o processo de cementação.

Fonte: Autores (2023)

A diferença entre a coloração da placa de cobre e do cobre metálico


depositado na superfície da placa de zinco ocorre em função do processo de
cementação. A deposição de Cu0 ocorre em escalas nanométricas ordenando o
sólido de maneira que ao interagir com a luz, promove o espalhamento dos fótons
de forma equivalente em todas as direções, resultando em interações destrutivas de
radiações com os mais diversos comprimentos de onda, conferindo a cor preta pro
sólido.

QUAIS AS CONCLUSÕES PARA O EXPERIMENTO?

De acordo com as informações obtidas, pode-se inferir que o método de


cementação pode ser utilizado para a retirada de íons metálicos em solução, em
troca de outros, sendo possível monitorar o processo por absorção atômica, através
de técnicas espectrofotométricas.
Quanto aos parâmetros do método em si, a partir dos coeficientes obtidos
observou-se a confiabilidade das medidas realizadas, permitindo o devido estudo do
processo de cementação através da determinação indireta da quantidade de cobre
reduzida em função da quantificação da diminuição da concentração do padrão de
sulfato de cobre em tempo real.
A concentração de íons de cobre diminui consideravelmente, uma diminuição
em cerca de 79,3%, após 30 minutos expostos a uma placa de zinco, também foi
possível observar a ocorrência de um fenômeno óptico, consolidando a hipótese da
retirada de íons, no caso, íons de cobre e indicando que a deposição desses íons
acontece de modo orientado e organizado.

QUAL O TRATAMENTO ADEQUADO AOS RESÍDUOS GERADOS DURANTE A


REALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO?

O tratamento eficaz de soluções contendo cobre pode ser realizado utilizando


hidróxido de cálcio ou carbonato de sódio como agentes redutores. Após esta etapa,
a solução remanescente pode ser adequadamente diluída e, em seguida,
descartada no sistema de esgoto.

Devido ao alto valor agregado deste metal, o cobre precipitado durante o


processo pode ser recuperado por meio de técnicas baseadas em resinas de troca
iônica, dentre outros métodos de recuperação. Deste modo, vale ressaltar que
resíduos não recuperáveis devem ser separados do lixo comum. Contudo, é
necessário encaminhar estes resíduos para locais apropriados, como instalações de
reciclagem e/ou aterros sanitários/industriais.

O descarte destes resíduos deve sempre seguir as diretrizes estabelecidas


pelos órgãos governamentais responsáveis e estar rigorosamente em conformidade
com a legislação ambiental em vigor. Portanto, é de suma importância aderir às
orientações fornecidas pelas autoridades competentes e aos regulamentos
aplicáveis.

BIBLIOGRAFIA ADICIONAL

[1] - FEIJO, F. D. Redução das perdas de zinco associadas aos processos de


purificação do licor por cementação e de tratamento dos resíduos gerados da
votorantim metais. Universidade Federal de Minas Gerais, 2007.
[2] - DEMIRKđRAN, Nizamettin et al. A kinetic study of copper cementation with zinc
in aqueous solutions. International Journal Of Mineral Processing, [S.L.], v. 82, n.
2, p. 80-85, mar. 2007.

[3] - SKOOG, HOLLER, NIEMAN, Princípios de Análise Instrumental, 5ª Edição,


Editora Bookman, São Paulo-SP, 2002.

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