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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS
Laboratório de Bioengenharia (8261)

ADSORÇÃO DE CORANTE ALIMENTÍCIO EM DIFERENTES


ADSORVENTES

Acadêmica: Nathan Pepinelli dos Santos RA: 104060


Professora: Drª. Isabela Maria Reck Paulino Turma: 01

MARINGÁ, 2024
1. INTRODUÇÃO

A adsorção é um fenômeno físico-químico onde o componente em uma fase


gasosa ou líquida é transferido para a superfície de uma fase sólida. Os
componentes que se unem à superfície são chamados de adsorvatos e a fase
sólida que o retém é chamada de adsorvente. A migração destes componentes
de uma fase para outra tem como força motriz a diferença de concentração entre
o seio do fluido e a superfície do adsorvente. Estes adsorventes são geralmente
materiais porosos capazes de reter o adsorvato de maneira química
(quimiosorção) ou física (fisiosorção).
De acordo com a quantidade de adsorvato presente na solução, há uma
quantidade definida de adsorvato presente na fase adsorvida. Isto ocorre quando
se atinge o equilíbrio. Os estudos de equilíbrio de adsorção são importantes para
determinar a eficácia da adsorção. Dados os efeitos adversos dos corantes
sintéticos nos ecossistemas aquáticos, a busca de alternativas adequadas às
tecnologias de tratamento de efluentes é muito importante. A adsorção com
carvão ativado provou ser muito eficaz no tratamento de
resíduos industriais.

2. METODOLOGIA

MATERIAIS

Corante alimentício: Amaranto (523nm); Azul brilhante (629nm); Amarelo


crepúsculo (480nm); Reativo preto 5 (597nm).
Tubos de ensaio
Pipetas
Água destilada
Carvão ativado
Membranas de celulose 0,45 µm ou papel filtro
Provetas 50 ou 100 mL
Filtro
Recipiente para adsorção: Béquer 500mL
Balança
Espectrofotômetro
Jar test
A curva-padrão corresponde à relação gráfica entre os valores de
absorbância (A) e os de concentração do corante.
1º) Pesar 20mg de corante e adicionar em 1L de água destilada, para
obtenção de uma concentração final de 20mg/L (solução mãe)
2º) Fazer as diluições, com auxilio de pipetas volumétricas, em tubos de
ensaio a partir da solução mãe e obter 5 pontos de concentrações para
construção da curva padrão: 1mg/L; 2mg/L; 5mg/L 10mg/L e 20mg/L. Preparar
para volume final de 10 mL
3º) Fazer a leitura dos pontos de diluições em espectrofotômetro UV/vis (no
comprimento de onda específico do corante) e construir a curva em Excel a
partir dos dados de absorbância para obtenção da equação linear, a partir da
qual pode-se calcular o valor final da concentração de corante. Onde y é
absorbância e x a concentração do corante (mg/mL).
A adsorção será realizada em equipamento Jar test, com rotação controlada,
utilizando uma série de parâmetros previamente analisados.
Primeiramente, a solução de corante deve ser feita em água destilada com
concentração aproximada de 20 mg L -1 de corante no pH natural da água
destilada.
Depois de feita a solução mãe de corante, deve-se colocar 500 mL da solução
de corante 20 mg L -1 nos jarros do equipamento Jar Test e adicionar 1g de
adsorvente. As soluções serão colocadas sob agitação de 100 rpm a
temperatura ambiente e analisadas após intervalos de tempo conforme
apresenta na Tabela. As amostras serão coletadas (2mL) e filtradas através de
membranas de celulose de 0,45 µm ou papel filtro e as concentrações ou
absorbância final dos filtrados serão determinadas por espectroscopia UV/Vis
(se for lido apenas a absorbância, deve-se colocar o valor final no lugar do y da
equação linear da curva, e o valor calculado para x é a concentração final de
corante).
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A adsorção de corantes alimentícios em diferentes adsorventes é um


processo fundamental na indústria alimentícia e no tratamento de efluentes. Este
processo envolve a adesão física ou química de moléculas de corante à
superfície de um material sólido, conhecido como adsorvente. Existem vários
fatores que afetam a eficácia da adsorção, incluindo a natureza do corante e do
adsorvente, pH da solução, temperatura, concentração do corante, tempo de
contato e agitação.
A importância da operação de adsorção no tratamento de efluentes está
associada à remoção eficiente de corantes alimentícios, que são frequentemente
encontrados em efluentes industriais de indústrias alimentícias, de tingimento
têxtil e de outras atividades. A presença de corantes em efluentes pode causar
impactos ambientais negativos, como a contaminação de corpos d'água e a
interferência na vida aquática. Além disso, corantes podem representar riscos à
saúde humana se não forem devidamente tratados.
A capacidade de adsorção e remoção dos corantes pelos adsorventes é um
aspecto crucial a ser avaliado durante o processo de seleção do adsorvente e
otimização das condições de operação. A capacidade de adsorção refere-se à
quantidade máxima de corante que o adsorvente pode reter em suas superfícies
ativas, enquanto a eficiência de remoção está relacionada à porcentagem de
corante removido da solução. Ambos os parâmetros são essenciais para garantir
um tratamento eficaz dos efluentes contaminados com corantes alimentícios.
Em suma, a adsorção de corantes alimentícios em diferentes adsorventes
desempenha um papel crucial na remoção de poluentes em efluentes industriais,
contribuindo para a proteção do meio ambiente e da saúde pública. A seleção
adequada dos adsorventes e a otimização das condições de operação são
fundamentais para garantir uma remoção eficaz dos corantes, tornando a
adsorção uma técnica amplamente empregada no tratamento de efluentes
industriais contaminados com corantes alimentícios.
De acordo com a metodologia, as diluições da solução de corante foram
preparadas utilizando as quantidades especificadas na tabela (1), e as
absorbâncias correspondentes foram registradas.
Tabela 1. Diluições e absorbâncias lidas para diferentes concentrações
de corantes.

Tubo [Corante] (mg/L) Sol. de Corante (mL) Água destilada (mL) Absorbância
1 0 0 10,0 0
2 1 0,5 9,5 0,028
3 2 1,0 9,0 0,057
4 5 2,5 7,5 0,147
5 10 5,0 5,0 0,312
6 20 10,0 0 0,611

Através dos dados da tabela (1), foi possível determinar o gráfico da


absorbância em várias concentrações, conforme indicado na figura (1).

0.7

0.6

Abs = 0,0308 [Corante] - 0,0024


0.5 R² = 0,9997

0.4
Absorbância

0.3

0.2

0.1

0
0 5 10 15 20 25
-0.1
Corante (mg/L)

Figura 1. Curva de calibração dos corantes.

Ao entender a relação entre a absorvância e a concentração do corante em


solução, tornou-se viável identificar concentrações previamente desconhecidas.
Desse modo, a Moringa foi empregada para quantificar a quantidade de corante
adsorvido ao longo de um período específico, fazendo-se a leitura da
absorbância em intervalos de tempo definidos e calculando a proporção
correspondente.

Para avaliar a capacidade de adsorção e a taxa de remoção do corante, foram


empregadas as equações (1) e (2), respectivamente

(𝐶𝑖−𝐶𝑒𝑞)×𝑉
.𝑂𝑡 = eq. (1)
𝑚

(𝐶𝑖−𝐶𝑒𝑞)
%𝑟𝑒𝑚𝑜çã𝑜 = × 100 eq. (2)
𝐶𝑖

Em que,
V = volume de solução (L)
Ci = concentração inicial do corante na solução (mg/L)
Ceq = concentração final do corante no equilíbrio (mg/L)
m = massa do adsorvente (g)

Os valores obtidos das equações (1) e (2) estão dispostos na tabela (2).

Tabela 2. Concentração, capacidade de adsorção e percentual de remoção de


corante utilizando Moringa como adsorvente.

Tempo (min) Absorbância Ct (mg/L) Qt (mg/L) %Remoção


0 0,656 0,73 0,000 0
2 0,084 0,16 0,057 78
4 0,013 0,09 0,064 88
6 0,022 0,10 0,063 86
8 0,010 0,09 0,065 88
10 0 0,08 0,066 89
12 0 0,08 0,066 89
14 0 0,08 0,066 89
16 0 0,08 0,066 89
40 0 0,08 0,066 89
50 0 0,08 0,066 89
60 0 0,08 0,066 89
A partir dos dados da tabela (2), o gráfico de capacidade de adsorção da
Moringa foi plotado, como mostra a figura (2).

0.070

0.060

0.050
Capacidade de adsorção (mg/L)

0.040

0.030

0.020

0.010

0.000
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (min)

Figura 2. Gráfico de capacidade de adsorção pelo tempo.

Destaca-se que em apenas 10 minutos, uma quantidade de 0,5 gramas de


moringa conseguiu adsorver 0,066 mg/l de tintura, resultando na remoção de
89% deste corante. Após esse período, o adsorvente alcançou sua capacidade
máxima e não havia mais superfície sólida disponível para se ligar ao adsorbato.
Portanto, a capacidade máxima de adsorção da moringa para a solução corante
foi de 0,066 mg/l, enquanto a taxa máxima de remoção atingiu 89%.

CONCLUSÃO

Por meio deste experimento, foi viável obter dados para a construção da curva
de calibração e para a avaliação da capacidade de adsorção das sementes de
moringa em relação aos corantes alimentares. Além disso, esse método pode
ser aplicado a outros adsorventes potenciais com o intuito de investigar seus
pontos de equilíbrio e capacidade máxima de adsorção.
3. REFERÊNCIAS

BERGAMASCO, R. Cinética da hidrólise da sacarose pela invertase: modelagem


matemática. Dissertação de mestrado. Londrina (1989) 155 p.

MARCHI, H. F., SOEIRO, T. N., HALASZ, M. R. T. Estudo da adsorção do


corante básico azul de metileno por cascas de Eucalyptus grandis
lixiviadas. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Química, 11. 2015.

PICCIN, J. S. Resíduo Sólido na indústria Coureira como adsorvente


alternativo de corantes. Tese (Doutorado em Engenharia Química),
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS, 2013, 175p.

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