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Beatriz Marques nº 46249

Beatriz Canário nº46309

Carolina Pires nº 46348

Maria José Alves Pacheco


Resumo
O objetivo desta experiência era determinar a quantidade cálcio existente em diferentes amostras
de água, neste caso utilizámos água da torneira, água cafécop e água de vimeiro (diluições 1/50 ml e
1/100 ml). Sendo assim para obter as diferentes absorvâncias utilizámos um espetrofotómetro de
absorção com chama, do qual obtivemos os seguintes valores: 0,123; 0,021; 0,084; 0,044,
respetivamente. A partir da reta construída com as concentrações de 0,3, 0,5, 1,0, 2,5, 5,0 ppm e as
respetivas absorvâncias: 0,013; 0,032; 0,059; 0,109; 0,231, foi possível calcular as concentrações das
amostras de água: 2,63; 0,337; 87,5 ppm.

Introdução
Nesta experiência, analisamos várias águas minerais naturais, onde estão presentes diversos iões,
nomeadamente o cálcio. Na verdade, nesta iremos avaliar o teor de cálcio existente em águas
potáveis (minerais e da rede municipal) provenientes de diferentes zonas geográficas, tais como,
água da torneira, água cafécop e água do vimeiro, pois este é um elemento essencial ao ser humano.
Esta análise quantitativa foi realizada por espetrofotometria de absorção atómica, que se baseia na
lei de Beer, isto é, os métodos de absorção requerem a medida da potência da luz incidente e da luz
transmitida, além disso, esta lei prevê que a absorvância é proporcional à concentração do analito.
Esta lei é baseada na seguinte equação: A=abc, onde o A significa o valor da absorvância, a é onde
vamos colocar os valores da absortividade, b é representado pelo percurso ótico e o c é a
concentração do analito.

Logo usou-se um espetrómetro de absorção com chama para essa análise, para que este método
seja eficaz é necessário o equipamento estar posicionado de forma correta, através do seguinte
esquema:

Lâmpada Atomizador Monocromador Detetor

Neste a amostra estudada é aspirada pela chama e atomizada, já a lâmpada emite a luz para a
amostra, nesta atividade vamos usar uma lâmpada de cátado oco feita do elemento a determinar, já
que cada elemento tem comprimentos de onda característicos. O atomizador vai converter as
amostras líquidas em átomos livres que absorvem a energia da lâmpada. A função do
monocromador é de selecionar o comprimento de onda que vai passar pelo detetor. Por fim, no
detetor é o que mede a quantidade de luz absorvida pelo elemento atomizado na chama.

Podemos concluir, que a quantidade de energia, a um comprimento de onda caraterístico, absorvida


na chama é proporcional à concentração do elemento na solução amostra. Assim, para determinar a
concentração do analito é necessário a criação de uma curva de calibração, onde no eixo dos x se
encontra os valores da concentração e no eixo do y estão os valores de absorvância medidos.
Materiais e Métodos
• Equipamento/Material
Usou-se, para medir as absorvâncias, um espetrofotómetro de absorção atómica
com chama (PYE UNICAM SP9).

Um feixe de luz, proveniente de uma lâmpada de cátodo oco, usado para medir a
quantidade de luz absorvia pelo elemento atomizado na chama.

• Reagente
Nesta experiência laboratorial, usou-se a solução padrão de cálcio a 1000ppm
(Panreac).

Método experimental
De seguida, apresenta se os passos utilizados para conseguir realizar esta experiência.
Começamos por encontrar uma solução de padrão de Ca comercial de 100mL que foi
preparada a partir de uma solução com concentração de 10ppm. Através desta, prepara se 5
soluções padrão de 50mL com as seguintes soluções: 0,3; 0,5; 1,0; 2,5; 5 ppm.
É necessário preparar o aparelho antes de iniciar a leitura das absorvâncias. Começamos por
ligar o aparelho e lâmpada de cátodo oco, nesta aplicamos cerca de 2/3 da intensidade
máxima de corrente recomendada pelo fabricante. Esperar cerca de 15/20 minutos para o
sinal estabilizar, ao fim deste tempo alinhar a lâmpada. De seguida, liga se o compressor de
ar e colocamos em a pressão a 3 bar, enquanto na garrafa de acetileno ajusta se a pressão a
0,7 bar. Por último, ligamos a chama e aguardamos um pouco para que esta estabilize. Com
isto tudo realizados podemos começar a leitura das absorvâncias, iniciando com o branco e
depois clica se no autozero e mede se as restantes soluções.
Resultados e Discussão

Antes de começar a discussão dos resultados e os cálculos vamos referenciar a otimização


das condições de trabalho. Em primeiro ajustou se a razão de ar: acetileno, para isto,
utilizou-se a solução de padrão mais concentrada, pois esta tem uma maior quantidade de
soluto do que solvente como na chama ocorre o processo de conversão da amostra em
átomos livres, assim conseguimos uma eficiência de atomização maior, ou seja, maior
número de átomos livre no estado fundamental, com isto conseguiremos obter valores de
absorvância máxima e assim ter uma sensibilidade superior.
Em seguida, regulou-se a altura do queimador para alcançar a melhor zona para atomização
visto que não é a mesma para todos os elementos, devido à maior ou menor facilidade em
se oxidarem. Na verdade, esta deve ser ajustada para se obter a absorvância máxima
(aumento do número de átomos produzido) e por consequência uma sensibilidade máxima.
Após fazer-se isto temos de manter a chamada do aparelho estável, já que para proceder as
medições é necessário que a amostra a analisar se encontre na forma de vapor atómico e a
chama é que impulsiona esta reação. Efetivamente, a chama é o fornecedor de energia
térmica, se esta for escassa não há dissociação dos compostos químicos em átomos livres, e
com isto ocorrem más leituras. Além disso, a temperatura adequada da chama para quebrar
ligações é de cerca de 2000°C.
Por fim, o equipamento tem de estar calibrado, isto é, fazer leituras no intervalo do
comprimento de onda do cálcio (limites de deteção).
Para além disto, a água de vimeiro utilizada era gaseificada, caso esta fosse utilizada assim
obteríamos valores de absorvância muito altos e inválidos, pois o valor máximo que
podemos considerar é 1,2 e os valores obtidos foram 1,640 e 1,648 (como foi medido para
efeitos de exemplo). Posto isto tivemos de diluir a água para que os valores de absorvância
obtidos fossem congruentes, sendo assim fizemos duas diluições 1/50 ml e 1/100ml, para
assim termos valores de absorvância de dois tipos de diluições para pudermos fazer
comparações.
Resultados e Cálculos
De seguida, abordamos os resultados obtidos na atividade laboratorial realizada. Na tabela
1 encontra-se os valores de absorvância medidos nas diferentes concentrações das cinco
soluções padrão de cálcio.

Tabela 1- Valores de absorvância medidos


Concentração (ppm) Absorvância
0,3 0,012 0,01 0,018 0,013 0,013
0,5 0,032 0,029 0,032 0,032 0,034
1,0 0,053 0,060 0,052 0,058 0,060
2,5 0,102 0,103 0,111 0,114 não medido
5,0 0,232 0,243 0,231 0,230 0,229

Na tabela 3 encontram-se representados os valores de absorvância que foram escolhidos


para a construção da curva de calibração. Os valores que se desprezaram da tabela 1 são
aqueles que se distanciam mais um dos outros.

Tabela 2-Valores de absorvância utilizados para a construção do gráfico


Concentração (ppm) Abs(1) Abs(2) Abs(3) Média
0,3 0,012 0,013 0,013 0,013
0,5 0,032 0,032 0,032 0,032
1,0 0,058 0,060 0,060 0,059
2,5 0,103 0,111 0,114 0,109
5,0 0,232 0,231 0,230 0,231

A partir da tabela 3 foi possível construir o gráfico de onde conseguimos obter a curva de
calibração cuja equação é dada por y = 0,0445x + 0,006.

Curva de calibração
0,25 0,231
y = 0,0445x + 0,006
0,2 R² = 0,9934
Absrovância

0,15 0,109
0,1 0,059
0,032
0,05 0,013
0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
Concentração (ppm)
Na tabela abaixo está indicado os valores de absorvância medidos nas diferentes águas
utilizadas nesta experiência.

Tabela 3- Valores de absorvância medidos


Tipos de água Abs(1) Abs(2) Abs(3) Abs(4) Abs(5)
Água da torneira 0,115 0,121 0,125 0,124 0,128
Água cafécop 0,032 0,024 0,019* 0,021 não medido
Água vimeiro (1/50 ml) 0,074 0,084 0,089 0,084 0,085
Água vimeiro (1/100 ml) 0,044 0,047 0,046 0,041 não medido

Na tabela 4 estão descritos os valores de absorvância que foram considerados para o cálculo
das concentrações. No entanto, o valor de 0,019 que se encontra marcado com um
asterisco é um valor abaixo do limite de quantificação da tabela A descrita no apêndice.
Contudo não descartamos este valor porque o único valor que poderíamos considerar para
substituir seria o 0,032, mas este valor encontra-se muito desfasado dos outros valores de
absorvância medidos. Sendo assim, utilizámos na mesma o valor de 0,019, visto que este
também está próximo do valor do limite (0,021), porém temos de ter em consideração que
este valor pode interferir ligeiramente com os resultados obtidos pois acaba por afetar a
precisão dos mesmos.

Tabela 4- Valores de absorvância utilizados para a construção do gráfico


Tipos de água Abs(1) Abs(2) Abs(3) Média
Água da torneira 0,121 0,125 0,121 0,123
Água cafécop 0,024 0,019* 0,021 0,021
Água vimeiro (1/50 ml) 0,084 0,085 0,084 0,084
Água vimeiro (1/100 ml) 0,044 0,046 0,041 0,044

A tabela 5 representa as concentrações calculadas para cada amostra de água incluindo as


diluições da água de vimeiro.

Tabela 5-Cálculo das concentrações das diferentes amostras


Tipos de água Concentrações (ppm)
Água da torneira 2,63
Água cafécop 0,337
Água vimeiro (1/50ml) 1,75
Água vimeiro (1/100ml) 0,854
Para calcular a concentração de cálcio que realmente existe na garrafa de água de Vimeiro
temos de ter em atenção qual das diluições devemos considerar para o cálculo e para isso
podemos verificar qual das diluições tem um valor de absorvância mais próximo do centro
da reta, neste caso vai ser a diluição de 1/50 ml que tem uma absorvância de 0,084,
comparada para a diluição de 1/100 ml que tem uma absorvância de 0,044. Para além disto
também podemos comprovar isso a partir do cálculo do desvio padrão descritos nas tabelas
6 e 7.

Tabela 7- Cálculo do desvio padrão com a solução mais diluída (1/100 ml)
(xi-
Concentração (ppm) Sinal xmédio)2 (y0-ymédio)2 m Sy/x M
0,3 0,013 2,4336 0,000682951 0,0445 0,008184 3
0,5 0,032 1,8496
1,0 0,059 0,7
2,5 0,109 0,4096
5,0 0,231 9,8596
∑(xi-
x(médio) y(médio) y0 xmédio)2
1,86 0,0888 0,062667 15,3
sx0 0,4432013

Podemos concluir que de facto o desvio padrão da solução mais diluída vai ser maior do que
o desvio padrão da solução menos diluída, conseguimos verificar isso na tabela 7. Logo
conseguimos concluir que a melhor diluição para fazer o cálculo da concentração de cálcio
na garrafa de vimeiro é a de 1/50 ml, a menos diluída, pois tem o menor desvio-padrão e
por consequência uma menor incerteza.
Tabela 6- Cálculo do desvio padrão com a solução menos diluída (1/50ml)
(xi-
Concentração (ppm) Sinal xmédio)2 (y0-ymédio)2 m Sy/x M N
0,3 0,013 2,4336 0,00016384 0,0445 0,008184 3 5
0,5 0,032 1,8496
1,0 0,059 0,7
2,5 0,109 0,4096
5,0 0,231 9,8596
∑(xi-
x(médio) y(médio) y0 xmédio)2
1,86 0,0888 0,076 15,3
sx0 0,2466474
Analisando todos os cálculos anteriores obtivemos o valor de 87,5 mg/L de cálcio na garrafa
de vimeiro.

Tabela 8- Cálculo da concentração de cálcio na garrafa de água de vimeiro


Água vimeiro (1/50ml) 1,75
Água de vimeiro (mg/ml) 87,5

Discussão de resultados
Este método tem algumas limitações o que faz com que não tenha 100% eficácia nos valores
obtidos. Uma grande parte da amostra é perdida pelo tubo de drenagem, este é um dos
exemplos das limitações do equipamento. Para além deste apenas 5-10% da amostra é que
passa pela chama já que na câmara forma-se um aerossol e as gotas maiores condensam,
assim verificamos que ocorre perda de amostra, além disso, só uma pequena percentagem
saí através do tubo de drenagem. Além do mais, o tempo de resistência é curto (ms), tem
uma menor sensibilidade comparado com outros métodos, e tem um limite de detenção: 1-
20 ng/mL (0,001-0,02ppm). E por fim, este tem uma eficiência de atomização muito reduzida,
isto é, só 1-5% da amostra espirada é atomizada.
Para além de, o aparelho ter algumas limitações também pode ocorrer algumas
interferências que podem prejudicar os resultados desta experiência laboratorial. Existem
pelos menos três tipos de interferências, as químicas, de ionização e físicas. Em primeiro
lugar, vamos descrever as interferências químicas que ocorrem ao longo da atividade
experimental, um exemplo destas é a formação de espécies refratárias tais como, óxidos e
hidróxidos refratários/sulfatos e fosfatos de cálcio.
De seguida, abordamos as interferências de ionização estas ocorrem quando a temperatura
da chama tem energia suficiente para provocar a remoção de um eletrão de um átomo
criando assim um ião, diminuindo o número de átomos do estado fundamental, deste modo
há uma redução do sinal da absorção de radiação, por consequência ocorre diminuição da
sensibilidade e linearidade.
Por último, as interferências físicas estão relacionadas com a variação do fluxo de gás, a
variação na viscosidade da amostra devido à T ou à variação do solvente, e à variação na
temperatura na chama. Para conseguirmos obter bons resultados podemos fazer ajustes
para que não ocorra tantas interferenciais físicas, como por exemplo, as soluções amostra e
padrão tem que ser preparadas com o mesmo solvente e estas devem ter uma matriz o
mais próximo que seja possível.
Na espetroscopia de absorção atómica com chama durante a atomização formam-se alguns
compostos indesejados, tais como átomos no estado excitado, átomos no estado ionizado e
formam-se sobretudo compostos refratários como o óxido de cálcio. Para minimizar a
formação destes produtos podemos reduzir a quantidade de oxigénio no queimador, para
isso podemos diminuir a quantidade de ar que entra no mesmo.
Conclusões
Em relação à medição das absorvâncias, esta foi bem-sucedida porque todos os valores
medidos eram superiores aos limites de deteção, no entanto apenas um dos valores
medidos da água do cafécop encontrava-se ligeiramente abaixo do limite de quantificação
da tabela A do apêndice, o que significa que este pode ser detetado, mas é mais difícil de
quantificar, com isto conseguimos calcular o teor de cálcio de todas as águas utilizadas
(água da torneira, água cafécop e água de vimeiro).
Comparando todos os valores de concentrações obtidos verificámos que a água com mais
teor em cálcio é a água de vimeiro, com 87,5 mg/L, e também comparado com os valores
teóricos descritos na garrafa este não distancia drasticamente do valor de 121 mg/L. Estes
valores de cálcio acabam por se tornar benéfico para o organismo humano, pois este requer
0.7 a 2.0 g por dia.
Apesar de termos obtidos resultados razoavelmente coerentes, este método não é o mais
indicado porque não possui muita sensibilidade e tem uma eficiência de atomização baixa,
no entanto é o menos dispendioso.
No geral conseguimos obter bons resultados independentemente do método utilizado.

Apêndice
Tabela A-Limites de deteção e de quantificação do método utilizados para a determinação de cálcio

Absorvância Concentração (ppm)


Limite de deteção 0,008 0,08
Limite de quantificação 0,021 0,28

Bibliografia
https://www.analyticsbrasil.com.br/blog/limite-de-quantificacao-o-que-fazer-com-os-
dados-abaixo-desse-limite/

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