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WBA0242_V2.

GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS


2

Eder Silva Frois

GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS


1ª edição

São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A
2021
3

© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser


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Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


______________________________________________________________________________________
__Frois, Eder Silva
F929g Gestão de custos logísticos / Eder Silva Frois. – São
Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021.
46 p.

ISBN 978-65-5356-051-2

1.Gestão de custos logísticos. 2. Custo logístico total.


3. Custos de transporte. I. Título.

CDD 380
____________________________________________________________________________________________
Evelyn Moraes – CRB-8 010289

2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
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GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS

SUMÁRIO

Introdução aos Custos Aplicados à Logística__________________ 05

Elementos dos Custos Logísticos______________________________ 22

Características dos Custos de Estoques e Armazenagem______ 38

Características dos Custos de Transportes____________________ 56


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Introdução aos Custos Aplicados à


Logística
Autoria: Éder Silva Frois
Leitura crítica: Danilo Augusto de Souza Machado

Objetivos
• Identificar conceitos básicos de custos.

• Revisar importantes conceitos do planejamento


logístico.

• Entender os trade-offs inerentes às decisões


logísticas.

• Compreender os fundamentos dos custos logísticos.


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1. Introdução

Olá, seja muito bem-vindo à disciplina Gestão de Custos Logísticos!

Nesta Leitura Digital, você terá a oportunidade de aprender e


desenvolver alguns conceitos fundamentais de custos aplicados à gestão
da logística. O aprendizado desses conceitos é fundamental para que
você possa, no exercício de suas atividades, tomar decisões mais bem
fundamentadas e entender os impactos dessas decisões em todo o
planejamento logístico de uma organização.

Discutiremos temas como o planejamento logístico, a compensação


entre os custos logísticos, onde encontrar os custos logísticos e
concluiremos nossa leitura com importantes tópicos para melhorar a
sua formação profissional.

2. Planejamento logístico

Entender os custos logísticos e seus impactos é fundamental para os


profissionais da área de logística. No entanto, antes de avançarmos
para discussões mais detalhadas sobre o tema, vamos revisar algumas
questões importantes sobre planejamento logístico para que você possa
relacionar posteriormente seus impactos nos custos logísticos.

O planejamento logístico busca sempre responder perguntas sobre o


que, quando e como disponibilizar bens e serviços aos consumidores, e
é desenvolvido tanto em níveis estratégicos, como táticos e operacionais.
Produtos e serviços não têm valor a menos que estejam em poder
dos clientes, quando (noção de tempo) e onde (noção de lugar) os
consumidores desejam consumi-los, ou seja, não basta para uma
organização disponibilizar produtos e serviços que os consumidores
desejam consumir, é necessário que esse produto esteja disponível
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no lugar, no momento e onde os consumidores desejam adquiri-lo


(BALLOU, 2006).

Reflita, prezado leitor, imagine que você tenha visto uma excelente
campanha de marketing que tenha despertado seu interesse por um
produto, mas ao tentar adquiri-lo você não consegue encontrá-lo, como
você se sentiria?

Para entendermos um pouco melhor o conceito de planejamento


logístico, podemos fazer uma analogia ao nosso cotidiano refletindo
sobre uma atividade que muitos realizam rotineiramente, as compras no
supermercado.

Você já parou para pensar quantas decisões logísticas você toma na


atividade de realizar compras em um supermercado?

A maior parte das pessoas que usualmente realiza essas compras


fisicamente leva em consideração o que, quando e como comprar os
produtos que necessita. Reflita sobre algumas questões/decisões que
usualmente levamos em consideração nesse tipo de situação.

• O que preciso comprar?

• Qual a quantidade que preciso comprar de cada item?

• Devo ir ao supermercado todo dia, semanalmente ou


mensalmente?

• Devo ir com meu carro, ônibus, táxi, metrô ou motorista de


aplicativo?

• Devo aproveitar uma promoção e comprar uma quantidade maior


de determinado item que tinha planejado inicialmente? Mas, caso
aproveite a promoção qual seria o impacto no meu orçamento
financeiro?
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• Qual a capacidade para armazenar que tenho disponível em minha


residência? Seria possível armazenar adequadamente sem riscos
de comprometer a qualidade dos produtos que estou comprando
e ainda os consumir dentro do prazo de validade?

Observe, com essa analogia didática de uma atividade cotidiana, como


podemos explorar a complexidade de um planejamento logístico e a
natureza e quantidade de questões/decisões logísticas que surgem.
Note, também, como essas decisões podem ser conflitantes durante
um planejamento, por exemplo, aproveitar uma promoção de preço
em determinado produto pode não ser possível, pois posso não ter
capacidade para armazenar essa quantidade em minha residência ou,
ainda, que por mais que o preço seja convidativo para aproveitar e
comprar uma quantidade maior, isso implicaria em comprometer o seu
planejamento financeiro.

Como balancear essas decisões de forma a otimizá-las para obter


o melhor aproveitamento das oportunidades e ao mesmo tempo
minimizar os custos? Reflexões como essas são a base para que
possamos discutir um pouco mais sobre o principal problema no
planejamento logístico, o projeto do conjunto desse sistema e seu trade-
off.

O conceito de projeto conjunto dentro do contexto logístico está


relacionado à maneira como são tomadas as decisões para projetar
esse sistema. Num desenho de um planejamento logístico, algumas
decisões são típicas como onde localizar os centros de distribuição,
a determinação das políticas de estoque, o desenho de sistemas de
atendimento de pedidos e a seleção dos modais de transporte. Essas
decisões são interrelacionadas e o conhecimento dos trade-offs entre
elas pode ajudar a prever o impacto que uma decisão terá em outras
áreas.
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Os trade-offs são as trocas compensatórias entre os elementos de custo


logístico. Os trade-offs entre as decisões são as compensações entre
essas atividades, a compensação dos custos relacionados a cada decisão
é o reconhecimento de que os padrões de custos das várias atividades
da empresa frequentemente revelam características que as colocam
em conflito mútuo. Dessa maneira, o objetivo é gerenciar esse conflito
mediante um equilíbrio entre essas atividades (FARIA; COSTA, 2013;
BALLOU, 2006).

A Figura 1 demonstra essa situação, exemplificando um típico trade-off


através da escolha de um modal de transporte. Observe como estão em
conflito mútuo o custo direto do serviço de transporte a ser contratado
e o efeito sobre os custos de níveis de estoque, o transporte aéreo é
mais rápido e mais caro, logo isso permite que a empresa mantenha
menores níveis de estoque, reduzindo a curva dos custos de estoque e,
no entanto, aumentado os custos de transportes.

Figura 1 – Conflito entre custos de transporte e de estoque

Fonte: Ballou (2006, p. 57).


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De acordo com Ballou (2006), o planejamento logístico procura resolver


quatro grandes áreas de problema.

• Nível de serviço aos clientes.

• Localização das instalações.

• Decisões sobre estoques.

• Decisões sobre transporte.

O planejamento segue um triângulo de decisão primário de estratégias


de estoque, transporte e localização, sendo os serviços aos clientes o
resultado dessas decisões, conforme Figura 2.

Figura 2 – Triângulo do planejamento logístico

Fonte: adaptada de Ballou (2006).

Essas áreas são caracterizadas como o triângulo de tomada de decisões


logísticas. Considere que essas áreas são inter-relacionadas e devem
ser planejadas como uma unidade, uma decisão numa determinada
estratégia impacta em outra estratégia. Exemplificando, uma
organização que opta no seu planejamento logístico por um modal de
transporte mais rápido conseguirá ter uma resposta mais rápida para as
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demandas dos clientes, possibilitando, dessa maneira, que a empresa


mantenha menores níveis de estoque e consequentemente menores
custos para a sua manutenção, no entanto, transportes mais rápidos
são mais caros, o que impactará nos custos de transportes. Por isso
a importância de analisar e planejar como uma unidade e balancear
essas decisões de forma a buscar um equilíbrio. Mesmo que você
profissionalmente esteja atuando dentro de um aspecto mais específico
de uma estratégia, é fundamental que você considere os impactos
dessas decisões nas demais estratégias.

Considere sempre que devemos pensar na logística como um sistema


integrado e ao projetar e analisar esse sistema de forma integrada,
podemos obter efetivas reduções de custos e gerenciá-los de forma
a otimizar seus trade-offs, minimizando o custo total do projeto e
maximizando o nível de serviço ofertado aos clientes. Por exemplo,
selecionar o transporte com base somente nas tarifas mais baixas ou
maior rapidez nem sempre será o melhor método, a questão básica na
logística é a gestão do conflito de custos entre as atividades, sempre que
houver substanciais conflitos de custos será necessário gerenciá-los de
maneira coordenada.

3. Compensação dos custos logísticos

Em vez de abordar a logística como uma série de componentes isolados


cujos custos devem ser minimizados individualmente ao mesmo tempo
em que alcancem um aceitável nível de atendimento ao cliente, é
importante que os profissionais de logística otimizem a função como
um todo. Parte disso deve-se à necessidade de ter uma visão holística
do sistema, é que minimizar o custo de uma função ou maximizar algum
elemento de seu serviço muitas vezes faz com que uma função diferente
sofra de ineficiências ou problemas de serviço.
12

Primeiramente, vamos definir o conceito de sistema total. O dicionário


APICS (2019), define o conceito de sistema total como uma tentativa de
criar o sistema mais eficiente em oposição às partes individualmente
mais eficientes. Um sistema como um “todo” é impulsionado por causa e
efeito.

Quando o conceito de sistemas é aplicado à logística, a causa que


impulsiona todo o sistema é a demanda, e o efeito é fornecer/ofertar
produtos e serviços ao preço mais competitivo possível no momento
e local que é demandado. Esse objetivo geral não pode ser alcançado
de forma ideal se os elementos logísticos não estão trabalhando juntos
“como uma equipe”. É necessária uma visão para que os membros,
que, por vezes, estão trabalhando individualmente em suas atividades,
façam os sacrifícios necessários para garantir que o sistema como um
todo melhore sua performance. A busca por equilíbrio nos remete ao
conceito de custo total.

A definição do conceito de custo total logístico desenvolve-se a partir


da ideia de que todas as decisões logísticas que ofereçam níveis iguais
de serviço devem favorecer a opção que minimiza o total de todos os
custos logísticos e não deve ser utilizada apenas em reduções de custos
em uma área, como menores custos de frete. O custo total se constitui
como peça central no projeto do sistema logístico e na análise das
compensações entre os custos, essa compensação é o reconhecimento
de que os padrões de custos das várias atividades da empresa
frequentemente revelam características que as colocam em conflito
mútuo e esse conflito deve ser gerenciado mediante um equilíbrio entre
as atividades de forma que elas sejam otimizadas (APICS, 2019; BALLOU,
2006).

Bowersox, Closs e Cooper (2007) afirmam que o conceito de custo


total logístico surgiu em 1956, através de um estudo para explicar
as condições sob as quais o frete aéreo de alto custo poderia ser
justificado. Nesse estudo, os autores ilustraram uma estratégia de
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distribuição de peças eletrônicas na qual o alto custo variável de


transporte aéreo para entrega era mais do que compensado por
reduções nos custos de estoques e armazenamentos. Concluiu-
se, então, que a estratégia logística de menor custo era centralizar
os estoques em um armazém específico e fazer entregas usando o
transporte aéreo, proporcionando uma nova perspectiva em relação ao
custo logístico. A prática predominante até então era concentrar para
atingir o menor custo possível em cada função individual da logística
com limitada ou nenhuma atenção às compensações do custo total.
O desenvolvimento do conceito de custo total abriu as portas para
a avaliação de como os custos funcionais (as diferentes funções da
empresa) se relacionam e causam impacto um no outro.

Faria e Costa (2013) adicionam que, ao buscar solução para um


problema, o profissional de logística lida com um conjunto de elementos
interdependentes, (como foi discutido previamente neste texto), e
que os custos associados a cada elemento se compensam entre si,
resultando que cada alternativa estudada produz um custo total
diferente.

Vamos analisar um exemplo para que você possa fundamentar bem


esse entendimento do custo total na logística?

Figura 3 – Determinação do nível de serviço ao cliente

Fonte: Ballou (2006, p. 58).


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Ao analisar a Figura 3 podemos observar que à medida que


aperfeiçoamos o serviço ao cliente (eixo horizontal) diminuímos a linha
dos custos de vendas perdidas e aumentamos a linha dos custos de
transportes, processamento de pedidos e estocagem. Por exemplo,
a empresa pode ter uma estratégia de estoque para sempre manter
altos níveis de disponibilidade de produtos, gerando custos maiores de
estocagem para uma organização. Todavia, como a operação possui
melhores níveis de serviços, consequentemente, diminui os custos
das vendas perdidas, uma vez que menor será o número de clientes
perdidos devido à falta de estoque. O grande desafio é contrabalancear
o custo das vendas perdidas e o custo da manutenção de determinado
nível de serviço, buscando otimizar a linha da curva dos custos totais.

4. Onde encontrar os custos logísticos

Uma vez que você tenha compreendido a importância de entender e


gerenciar as compensações entre os custos logísticos, vamos descobrir
onde usualmente podemos visualizar esses custos. Conceitualmente,
podemos definir custos logísticos como:

[...] aqueles em que a empresa incorre ao longo do fluxo de materiais e


bens, dos fornecedores a fabricação (Logística de Abastecimento), nos
processos de produção (Logística de Planta) e na entrega ao cliente,
incluindo o serviço de pós-venda (Logística de Distribuição), buscando a
minimização dos custos envolvidos e garantindo a melhoria dos níveis de
serviços aos clientes. (FARIA; COSTA, 2013, p. 69)

Infelizmente, conforme exposto por Faria e Costa (2013), ainda há


poucos estudos e discussões sobre custos logísticos, e o grande dilema
para dar visibilidade aos custos logísticos totais é que esses custos
se encontram muitas vezes dentro das demonstrações financeiras/
contábeis tradicionais.
15

As demonstrações financeiras são documentos essenciais nos negócios,


os gestores das empresas usam para avaliar o desempenho e identificar
as áreas em que é preciso tomar alguma ação gerencial. Além da
importância para a administração de uma organização, é através dessas
demonstrações que podemos identificar e extrair os custos logísticos,
ainda que exista a possibilidade de não conseguirmos identificar o custo
logístico total da empresa. Essas demonstrações usualmente seguem
um formato padrão, embora possa haver alguma variação a depender
da natureza de cada negócio (HAYES, 2009).

Dessa maneira, é essencial que você compreenda pelo menos as três


principais demonstrações financeiras o Balanço Patrimonial (BP), a
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração dos
Fluxos de Caixa (DFC).

Balanço patrimonial (BP): é uma demonstração contábil que mostra o


patrimônio da empresa em um dado momento do tempo. É dividido em
três grandes tópicos: ativo, passivo e patrimônio líquido. As empresas
preparam o BP como uma forma de apresentar a situação contábil e
econômica de uma empresa em determinado período, usualmente
elaborado anualmente.

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): é uma demonstração


contábil que tem como finalidade apurar o lucro ou prejuízo num
período determinado, muitas vezes ela é entendida como um “resumo”
financeiro dos resultados operacionais e não operacionais da empresa.
Usualmente a DRE é elaborada mensalmente ou trimestralmente e
anualmente como forma de averiguar o encerramento do ano fiscal.
Ela tem como objetivo detalhar a formação do resultado líquido de um
exercício por meio da descrição das receitas, dos custos e das despesas
de uma empresa. Hayes (2009) destaca que ao contrário do balanço
patrimonial, que é um retrato da posição da empresa em um momento
do tempo, a DRE indica os resultados acumulados da empresa num
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contexto temporal definido, ela indica se a empresa está lucrando ou


tendo prejuízo.

Fique atento que é comum, também no Brasil, principalmente em


empresas multinacionais, utilizar a abreviação em inglês P&L (Profit and
Loss) para designar DRE.

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC): é a demonstração que mostra


os recebimentos e os pagamentos efetuados pela empresa em caixa,
indicando o que ocorreu no período em termos de entradas e saídas de
dinheiro. Hayes (2009) faz uma analogia da DFC com o extrato bancário
que você recebe para verificar sua conta, a DFC detalha quanto dinheiro
estava disponível no início de um período e quanto estava no fim.

Vamos, também, classificar alguns conceitos básicos de custos


associados à logística, os custos diretos, indiretos, fixos e variáveis e
outros relacionados ao processo de gestão. Esses custos geralmente
são classificados quanto à sua natureza e finalidade de informação,
conforme Figura 4.

Figura 4 – Custos associados à logística

Fonte: adaptada de Faria e Costa (2013).


17

Conforme destacado por Faria e Costa (2013), nessa segregação


temos os custos no que diz respeito ao relacionamento com o objeto
(fornecedor, cliente, produto, regiões ou canais de distribuição). Os
custos relacionados ao comportamento diante do volume de atividade,
especificamente para a logística, são primordiais, com volumes
produzidos, movimentados, transportados, entre outros; e os custos
quanto ao relacionamento com o processo de gestão, para esses casos,
a preocupação é com o processo de tomada de decisão na logística.

Custos diretos: normalmente, trata-se dos materiais utilizados de forma


direta no processo logístico, é de fácil identificação e mensuração no
momento de sua ocorrência, por exemplo, o custo de transporte no
processo de distribuição dos produtos.

Custos indiretos: normalmente esses custos são alocados por algum


critério de rateio devido a não serem apropriados diretamente ao
objeto no momento da sua ocorrência, e geralmente são mais difíceis
de identificar. Por exemplo, a tecnologia de informação utilizada no
processo logístico que atenda a vários clientes.

Custos fixos: são custos ou despesas que não variam dentro de uma
capacidade instalada, ou seja, não possuem variação em consequência
do volume produzido ou de atividade. Por exemplo, o custo de
armazenagem própria para operacionalizar as operações logísticas.

Custos variáveis: são aqueles que variam de acordo com o volume


da produção ou serviço. Por exemplo, o frete que varia em função do
volume a ser entregue.

Custos de oportunidade: esse é um custo de difícil identificação ou


compreensão, principalmente por não ser encontrado tacitamente
nos demonstrativos financeiros e não implica em um desembolso de
caixa. O custo de oportunidade é valor “perdido” ou o que você deixou
de “ganhar”, por exemplo, imagine que você tem determinado valor
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financeiro disponível para investir, e você tem duas oportunidades de


investimentos, investimento X e investimento Y, suponha que você
decidiu hoje, baseado na informação disponível, que a melhor alocação
seria investir tudo no investimento X. Após determinado período de
tempo, você verifica que obteve algum rendimento no investimento X,
todavia, o investimento Y foi muito mais rentável, dessa maneira, seu
custo de oportunidade foi a diferença de rentabilidade do investimento
Y para o investimento X. Observe que, teoricamente, você não “perdeu
dinheiro” e, sim, deixou de “ganhar mais”.

Faria e Costa (2013) destaca que o custo de oportunidade é um conceito


de custo imprescindível para a gestão logística e, principalmente, para
os investimentos em ativos logísticos, como os ativos imobilizados
(caminhões, instalações de armazenagem etc.) ou a manutenção de
estoque ao longo da cadeia, sendo extremamente relevante considerar
o custo de oportunidade sobre os ativos logísticos como um custo
logístico a ser contemplado no resultado econômico da empresa.

Custo incremental, marginal ou diferencial: normalmente considerado


como um custo extra, associado à produção adicional de um item. É a
mudança que ocorre para uma empresa em seus resultados à produção
e venda de uma unidade de produção adicional. É calculado por meio
da análise dos encargos adicionais incorridos com base na alteração de
uma determinada atividade. Basicamente, numa análise incremental
devemos apurar qual o resultado financeiro que será realizado pela
diferença entre a receita de unidade adicional e o custo incremental.

Por fim, para os custos relacionados com o processo de gestão, iremos


abordar somente os custos de oportunidade e o custo incremental,
marginal ou diferencial, você pode consultar a bibliografia da disciplina
caso queira se aprofundar mais no detalhamento dos demais custos.
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5. Conclusão

Nesta Leitura Digital, procuramos aprofundar o entendimento dos


fundamentos dos custos logístico. Compreender e fundamentar
principalmente o entendimento dos trade-offs existentes no
planejamento de uma operação logística é fundamental para o bom
desempenho de seu exercício profissional, assim como pudemos
aprofundar e repassar alguns conceitos na gestão de custos logísticos e
onde encontrá-los.

Amaral e Guerreiro (2014) avaliaram a extensão do conhecimento


dos profissionais brasileiros sobre a avaliação dos trade-offs de custos
logísticos na gestão logística, concluindo que a maioria dos profissionais
logísticos sabem da existência dessas trocas compensatórias na
gestão dos custos logísticos e conseguem relacionar que o aumento
em um custo pode ser compensado pela redução em outros custos
ou pelo aumento nas receitas. No entanto, os autores destacam que
faltam a essa mesma maioria um entendimento mais profundo do
funcionamento desses trade-offs, especialmente da sua intrínseca
relação com o custo total. Isso faz com que, infelizmente, a pressão
por cortes individuais de custos não seja percebida como o equívoco
que é. Adicionalmente, eles destacam que os profissionais com mais
experiência apresentam uma extensão maior do conhecimento dos
impactos econômico-financeiros do que os profissionais com menos
experiência, ou seja, aparentemente a experiência profissional é
relevante para uma melhor compreensão, reforçando a importância
tanto para os profissionais mais experientes quanto para os menos
experientes por uma formação conceitual mais profunda para cobrir
essa lacuna. Ainda, a mesma pesquisa indica que metade das empresas
avalia pouco ou moderadamente os trade-offs, dificultando o sucesso da
sua integração logística. Dessa maneira, as empresas ainda não atuam
com o custo total otimizado e a falta da avaliação dos trade-offs é uma
das causas capitais dessa situação.
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Esperamos que, com o aprofundamento realizado nesta Leitura Digital,


essa lacuna tenha sido resolvida e que isso tenha permitido a você estar
agora mais bem preparado para discussões sobre esse tema.

Aprofundamos, também, nesta Leitura Digital o conceito de custo


total, conceito extremamente relevante e atual para o profissional
contemporâneo que atua na moderna gestão da logística. Esperamos
que você tenha compreendido esse importante conceito e leve sempre
em consideração no exercício de sua atividade profissional de se pensar
a gestão logística como uma unidade.

Além disso, discutimos sobre a importância do conhecimento das


principais demonstrações financeiras pelos profissionais de logística
para a correta identificação de onde estão os custos logísticos, de forma
que seja um ponto de partida para você, por exemplo, ao se pensar
projetos de melhorias na logística, ao buscar reduções de custos.

Finalizamos abordando os conceitos de custos aplicados à logística,


refletindo sobre a sua associação com a logística.

Por fim, esperamos que com esta Leitura Digital tenham ficado muito
claros e fundamentados todos esses conceitos, e que isso possa
permitir a você exercer sua atividade profissional com uma visão mais
holística da logística e dos impactos em custos, e que você possa tomar
decisões logísticas mais bem fundamentadas, contribuindo para uma
gestão mais eficiente, otimizando o custo logístico total e aumentando a
competitividade da organização que você estiver atuando.

Referências
AMARAL, J. V.; GUERREIRO, R. Conhecimento e Avaliação dos Trade-offs de Custos
Logísticos: um Estudo com Profissionais Brasileiros. Revista Contabilidade &
Finanças, [online], v. 25, n. 65, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcf/a/
dYQJ3dh93JhYJKdBKH4HQkJ/?lang=pt. Acesso em: 2 dez. 2021.
21

BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento,


Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B.; Gestão da Cadeia de Suprimentos e
Logística. Rio de Janeiro: Camus, 2007.
FARIA, A. C.; COSTA, M. F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2013.
HAYES, L. Finanças para Gerentes. Rio de Janeiro: Record, 2009.
PITTMAN, P. H.; ATWATER, J. B. APICS Dictionary – Sixteenth Edition. Indiana
University Southeast, 2019.
22

Elementos dos Custos Logísticos


Autoria: Éder Silva Frois
Leitura crítica: Danilo Augusto de Souza Machado

Objetivos
• Entender os elementos dos custos logísticos.

• Compreender as principais atividades logísticas.

• Identificar nos processos logísticos os elementos dos


custos logísticos.

• Estabelecer as relações entre os custos logísticos.


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1. Introdução

Olá, seja muito bem-vindo à disciplina Gestão de Custos Logísticos.

Nesta Leitura Digital, trataremos de uma temática muito relevante dentro


da gestão dos custos logísticos, os elementos dos custos logísticos.

Ao analisarmos o processo logístico de uma empresa, devemos


caracterizá-lo para que seja possível identificar onde possa incorrer os
custos logísticos. Dessa maneira, revisaremos o processo logístico de
forma a identificar os elementos dos custos logísticos inerentes a eles.
Esse aprendizado é fundamental para que você possa, no exercício
de suas atividades, avaliar os elementos dos custos logísticos e tomar
decisões mais bem fundamentadas.

Discutiremos temas como o processo logístico, os elementos dos


custos logísticos e seus impactos na gestão integrada da logística e
concluiremos nossa leitura com importantes tópicos para melhorar a
sua formação profissional.

2. Escopo da logística

A logística é um campo diverso e dinâmico que continua sendo


redefinido com o advento de novas restrições e as mudanças de
ambiente que afetam a área. Várias organizações e indústrias adaptam
o que incluem na logística para atender às suas necessidades, de modo
que qualquer definição única do termo pode parecer incompleta para
alguns e muito ampla para outros. Todavia, um elemento comum é o
reconhecimento de que a logística precisa coordenar as inter-relações
entre vários subsistemas e pessoas para que possam ser mais eficazes
como um todo.
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Podemos definir a logística dentro de dois contextos, primeiro no


contexto da gestão da cadeia de suprimentos, sendo a logística um
subconjunto da gestão da cadeia de suprimentos que controla o
movimento, manuseio e armazenamento de mercadorias entre os
pontos de origem e distribuição. Segundo, podemos definir a logística
em um contexto industrial, como a arte e a ciência da obtenção,
produção e distribuição de material e produto no lugar adequado e em
quantidades adequadas (APICS, 2019).

Outras definições de logística podem incluir conceitos como coordenar a


oferta e demanda de produtos e serviços e posicionar geograficamente
o inventário em tempo hábil para o consumo, de forma a obter
produtos/serviços exatamente onde eles são demandados.

Ballou (2006) classifica as atividades logísticas entre atividades principais


ou chaves e atividades secundárias ou de suporte, conforme Quadro 1.

Quadro 1 – Atividades logísticas


Atividades Gestão dos padrões dos serviços aos clientes
principais Gestão de transporte
Gestão de estoque
Gestão dos fluxos de informação e processamento de pedidos
Atividades Armazenagem
secundárias Manuseio de materiais
Compras
Embalagem
Cooperação produção/operações
Manutenção de informações
Fonte: adaptado de Ballou (2006).

As atividades principais são as mais “críticas” para serem gerenciadas e


normalmente representam a parte majoritária dos custos logísticos. A
gestão dos níveis de serviços estabelecidos direciona a qualidade dos
serviços e qual agilidade o serviço logístico de uma empresa responderá,
os custos logísticos aumentam proporcionalmente ao nível de serviço
oferecido ao cliente. A gestão de transporte e estoque são as atividades
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logísticas que mais absorvem os custos logísticos e a gestão do


processamento de pedidos, apesar de seus custos serem normalmente
menores em comparação ao de transporte e estoque, é uma atividade
importante, pois trata-se da atividade que desencadeia a movimentação
de produtos e os serviços de entregas.

As atividades secundárias, apesar de não serem tão críticas quantos as


principais, são consideradas contribuintes para que a logística possa ser
executada com excelência.

Ainda, podemos sintetizar os componentes da logística em oito.

Armazenamento: são as atividades relacionadas ao recebimento,


armazenamento e transporte de materiais de e para locais de produção
ou distribuição.

Transporte: a função de planejar, agendar e controlar atividades


relacionadas ao modo, ao transportador e à movimentação de estoques
para dentro e fora de uma organização.

Importações: produtos que são comprados em um país e produzidos em


outro.

Exportações: produtos produzidos em um país e vendidos em outro.

Embalagem: materiais em torno de um item para protegê-lo de danos


durante o transporte. O tipo de embalagem influenciará o perigo de tais
danos nas mercadorias.

Manuseio de materiais: movimentação e armazenamento de


mercadorias dentro de um centro de distribuição ou armazém. Pode
ser classificado como o recebimento, a transferência ou o manuseio no
armazenamento e envio. O manuseio de materiais pode ser manual,
assistido por equipamentos ou, ainda, automatizado.
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Gestão de estoques: preocupa-se com o planejamento e controle de


estoques.

Gerenciamento de pedidos: o planejamento, o direcionamento, o


monitoramento e o controle dos processos relacionados a pedidos
de clientes, ordens de fabricação e ordens de compra. Em relação aos
pedidos dos clientes, a gestão inclui desde a promessa de data de
entrega dos pedidos, até a entrada de pedidos, a escolha de pedidos,
o tipo de pacote e envio, o faturamento e a reconciliação da conta
do cliente. Em relação às ordens de fabricação, a gestão de pedidos
pode incluir a liberação de pedidos, a fabricação, o monitoramento e o
recebimento em lojas ou estoques de produtos acabados. Em relação
aos pedidos de compra, a gestão de pedidos pode incluir a colocação de
pedidos, o monitoramento, o recebimento, a aceitação e o pagamento
de fornecedor.

Sistemas de gestão de armazéns e execução de transporte: sistemas


de informação logística que iniciam e controlam a movimentação de
materiais entre parceiros da cadeia de suprimentos.

Note que os componentes logísticos podem se aplicar tanto a uma


empresa industrial quanto a uma empresa de serviço, ou seja, qualquer
tipo de atividade que você esteja atuando seria possível caracterizar
esses componentes.

Nesse sentido, os princípios e componentes da logística precisam ser


integrados e executados corretamente. Uma boa maneira de discutir
vários dos princípios da logística é ilustrar os diversos fluxos que
compõem um macroprocesso logístico. Conceitualmente, quando
analisamos esse macroprocesso, teremos algo envolvendo fluxo de
informação, produtos/serviços e financeiros, são os processos que
comumente dividimos entre logística de abastecimento, logística de
planta e logística de distribuição, conforme Figura 1.
27

Figura 1 – Macroprocesso Logístico

Fonte: elaborada pelo autor.

Observe na Figura 1 que o fluxo de informações ocorre em ambas as


direções, o fluxo de produtos e serviços vai no sentido downstream (em
direção ao cliente), o fluxo financeiro vai no sentido upstream (longe do
cliente), e os três processos logísticos que usualmente ocorrem em uma
empresa na cadeia de suprimentos, a logística de abastecimento, de
planta e distribuição.

Um princípio essencial da logística é que o fluxo de informações


deve ocorrer em ambas as direções entre os parceiros da cadeia de
suprimentos, sendo que a comunicação deliberada e planejada é um
componente absolutamente crítico da logística moderna. E à medida
que bens e serviços são enviados ao longo da rede, os beneficiários
pagam por eles e por seus custos relacionados, como o transporte,
caracterizando o fluxo financeiro.

Uma maneira também de olhar para a Figura 1 é por meio da


perspectiva que cada processo agrega valor durante o fluxo de produtos
e serviços, uma vez que essas atividades processam, classificam/
consolidam ou aproximam ainda mais as mercadorias do cliente. É
28

interessante que você note que estudar uma rede dessa forma pode
revelar áreas onde a logística está consumindo mais do custo total e
onde é mais eficiente. Geralmente os profissionais de logística podem
não controlar mais do que uma parte desse processo, mas poderiam
usar informações como essa para fins de benchmarking e, portanto,
procurar áreas onde melhorias fáceis possam ser feitas, propiciando
redução de custos, como o de transporte ou otimizando o tempo de
armazenamento.

Temos também os processos de logística de abastecimento, logística


de planta e logística de distribuição. Esses conceitos são essenciais,
principalmente porque iremos relacioná-los aos elementos dos custos
logísticos.

Logística de abastecimento: a logística de abastecimento refere-se


ao transporte, armazenamento e recebimento de mercadorias em
uma empresa. Ela abrange tudo aquilo que uma empresa solicita aos
fornecedores, o que pode incluir desde serviços, matérias-primas,
material de escritório e qualquer outro tipo de inventário, ou seja,
refere-se à aquisição de bens para uso da unidade de produção ou
também de materiais indiretos usados na empresa. Engloba também as
atividades realizadas para colocar os materiais/componentes disponíveis
para produção ou distribuição. São, dessa maneira, os processos
que garantem que as atividades rotineiras da empresa possam ser
desenvolvidas dentro dos padrões estabelecidos.

Logística de planta: a logística de planta, ou também conhecida


como logística interna da fábrica, refere-se à movimentação de
matérias-primas, componentes e subconjuntos dentro da fábrica
de uma empresa. Nesse tipo de movimentação, as mercadorias
(geralmente produtos semiacabados) são movidos de uma unidade de
armazenamento para uma unidade onde serão submetidos à produção
final (produtos acabados). Além disso, a logística de planta significa
29

mover os produtos acabados para o local onde estão prontamente


disponíveis para venda ou consumo.

Logística de distribuição: a logística de distribuição concentra-se no lado


da demanda. Esse processo envolve o armazenamento e movimentação
de mercadorias para o cliente ou consumidor final. As etapas incluem
atendimento do pedido, embalagem, envio, entrega e atendimento ao
cliente relacionado à entrega.

Um princípio da logística é que essas atividades de logística de


abastecimento, planta e distribuição precisam ser integradas. Ver o
quadro geral é apenas um princípio a ser aprendido aqui, usar essa
perspectiva para aplicar melhorias é crucial. Por exemplo, ao analisar
de maneira integrada, você pode, numa simples análise, avaliar que
é possível utilizar a mesma transportadora que faz determinada rota
de distribuição dos produtos para aproveitar o frete de retorno e
coletar matéria-prima nos fornecedores que estejam localizados na
mesma rota. Usar um modelo de otimização sofisticado (por exemplo,
otimização com meta-heurística aplicada à logística) não é o único modo
de descobrir maneiras de melhorar a logística e diminuir os seus custos.

É importante ressaltar que os processos de logística de abastecimento,


logística de planta e logística de distribuição são também amplamente
conhecidos por Inbound Logistics, Plant Logistics e Outbound Logístics seja
na literatura acadêmica ou nas empresas.

3. Elementos dos custos logísticos

Faria e Costa (2013) salientam que ainda há poucos estudos e discussões


sobre custos logísticos, considerando o macroprocesso como um todo.
Os autores destacam que a maioria dos estudos existentes direcionam
suas análises para os elementos de custos individuais, como os custos
de transporte, de armazenagem e de manutenção de estoque, deixando
30

de associá-los aos processos logísticos e não os relacionando ao


conceito de custo total na logística. Desse modo, discute-se maneiras
de como abordar tais custos considerando a sua importância relativa
em diferentes tipos de negócios, de forma a possibilitar uma questão
chave na logística que é a abordagem de logística integrada, permitindo
alcançar níveis de serviços satisfatórios ao menor custo possível nas
mais diversas situações práticas em que se configuram as atividades de
logística de abastecimento, de planta e de distribuição.

Podemos classificar os principais elementos dos custos logísticos,


conforme Figura 2:

Figura 2 – Elementos dos custos logísticos

Fonte: elaborada pelo autor.

• Custos de transportes: refere-se aos custos de transporte para


movimentar as mercadorias de um lugar para outro, por exemplo,
o custo de frete. A movimentação pode ser feita por meio de
diferentes meios de transporte, como aéreo, rodoviário ou
marítimo. Ou seja, envolve todos os custos para o deslocamento
31

externo do fornecedor para a empresa, entre fábricas ou da


empresa para seus clientes. Faria e Costa (2013) destacam que
os custos de transportes devem ser observados sob a ótica do
usuário (quem contrata) e sobre a ótica da empresa que presta
o serviço de transporte (que possui frota própria). Uma vez que,
quando a empresa terceiriza os serviços de transporte, ou parte
dele, os custos de transportes são variáveis e quando a empresa
opera com frota própria os custos de transporte têm uma parcela
fixa e variável.

• Custo de armazenagem e movimentação: os custos


de armazenagem são os custos da ocupação da área
física ocupada pelo armazém, despesas de manutenção,
equipamentos, administrativa e prejuízos diversos ocorridos
na atividade de armazenagem, como avarias e roubos. Os
custos de movimentação incluem os gastos realizados com as
movimentações de entrada e saída de produtos/serviços, por
exemplo, as movimentações realizadas para receber e armazenar,
assim como as movimentações para a saída de produtos.

• Custos de manutenção de estoques/inventário: os custos


de estoque são um dos principais custos logísticos para uma
empresa e podem representar um elemento significativo do
custo total de logística. Sendo quatro os principais elementos
do custo de inventário, o custo do gerenciamento do estoque,
o custo de estocagem e o custo de risco do estoque, que ocorre
como consequência de furto, deterioração do estoque, danos e
obsolescência de estoque.

• Custo de embalagens: são os gastos incorridos com o intuito


de deixar o produto íntegro e de forma intacta. A embalagem na
perspectiva logística tem o objetivo de conter, proteger, identificar
e facilitar a venda e distribuição de produtos, além de facilitar as
etapas de manuseio, movimentação e armazenagem, tendo como
consequência melhorias das operações e a redução de custos.
32

• Custos de Tecnologia de Informação (TI): o uso da tecnologia


concebidas para agilizar os processos logísticos tem crescido
substancialmente nos últimos anos, principalmente com o
advento do que se tem chamado da logística 4.0. Os custos de
tecnologia de informação estão relacionados principalmente com
os custos de implementação e manutenção desses sistemas,
por exemplo, a implementação e manutenção de um sistema
Warehouse Management System (WMS) inclui, muitas vezes, o
custo de implementação do sistema na operação da empresa e
usualmente uma despesa mensal que a empresa terá que arcar
para continuidade da manutenção da operação do software.

• Custos tributários: são formados por tributos de vários tipos,


como os impostos sobre propriedade, sobre vendas, circulação de
mercadorias e outras taxas.

• Custos decorrentes de lotes: apenas a quantidade necessária


de itens nem sempre é solicitada para cada item necessário.
Na maioria dos casos, a quantidade do pedido (quantidade de
fabricação, por exemplo, para itens manufaturados) é determinada
pelo equilíbrio entre o custo do pedido (o custo de preparação
da produção, por exemplo) para os itens necessários e o custo
de manutenção do estoque. Essa quantidade do pedido é
geralmente chamada de lote ou tamanho do lote, o tamanho
do lote econômico refere-se à melhor quantidade de lote para
tornar o custo total mínimo, considerando o equilíbrio entre o
custo do pedido e o custo de manutenção do estoque, que são
contraditórios.

• Custos decorrentes de níveis de serviços: o nível de serviço


representa a probabilidade esperada de não ocorrer falta de
estoque. Essa porcentagem é necessária para calcular o estoque
de segurança. O nível de serviço representa um trade-off entre o
custo do estoque e o custo da falta de estoque (que gera perda
33

de vendas, perda de oportunidades e frustração do cliente, entre


outros).

Podemos relacionar esses elementos dos custos logísticos aos seus


respectivos processos logísticos. Por exemplo, o estoque, pense num
processo de uma empresa fabricante de medicamentos, primeiro
são recebidos na fábrica os estoques de matéria-prima e material
de embalagem, posteriormente esses materiais são enviados para a
produção e são convertidas em estoque de produto semiacabado e,
na sequência, são transformados em produtos acabados e enviados
para um centro de distribuição para envio às farmácias. Nesse processo
podemos ter os custos de falhas relacionados aos processos de logística
de abastecimento ou de planta, como as paradas de produção por
alguma ineficiência no processo. Adicionalmente, os níveis de serviços
exigidos pelos clientes podem demandar custos de transportes maiores
ou menores, dessa maneira impondo exigências sobre a logística de
distribuição.

No Quadro 2, temos um exemplo da relação dos elementos dos custos


logísticos ao processo de logística de abastecimento.

Quadro 2 – Elementos dos custos logísticos na logística de


abastecimento
Trânsito do
Recebimento Armazenar Expedir/enviar
Elementos fornecedor
de a a mercadoria
custos logísticos para a
mercadoria mercadoria para produção
empresa
Custo de
armazenagem e X X X
movimentação
Custos de
X
transportes
Custos de Pallets, racks, contêineres, embalagem one way voltadas
embalagem para armazenagem/movimentação de transportes.
34

Custos de Custo de oportunidade relativo ao nível de inventário


manutenção de materiais em posse e em trânsito (de propriedade
de inventário da empresa) nas cadeias de abastecimento.
Custos de Follow-up de entregas, avaliação de desempenho logístico de
Tecnologia de fornecedores, controle de entregas, uso de tecnologias como EDI
Informação (comunicação com fornecedores), GIS/GPS, RFID, Internet etc.
IPVA de veículos (frota própria), impostos de importação, análise
Custos
de impostos recuperáveis (ICMS, IPI, PIS e COFINS) nas compras e
tributários incentivos fiscais, tarifas e taxas alfandegárias na importação etc.
Custos de lotes Obtenção de materiais de forma extraordinária (urgências).

Equipamentos de transportes exigidos: frequência de


entregas; materiais danificados, avariados, contaminados,
Custos
atacados por corrosão; paradas de fábrica/perdas
decorrentes do
de produção; horários/janelas de entrega; atrasos
nível de serviço de fornecedores; requisitos de proteção do material;
facilitação do uso posterior de embalagem na cadeira.

Fonte: adaptado de Faria e Costa (2013).

Observe nesse exemplo a relação dos elementos dos custos logísticos ao


processo da logística de abastecimento.

Temos um processo simplificado de recebimento de uma mercadoria,


composto pelas atividades de trânsito do fornecedor para a empresa,
posteriormente é realizado o recebimento da mercadoria na empresa,
seu armazenamento e sua expedição ou envio para um processo
produtivo.

Veja como os elementos dos custos logísticos são relacionados ao


processo da logística de abastecimento. Observe, por exemplo, que já há
a incidência dos custos relacionados à armazenagem e movimentação
para realizar as atividades de recebimento da mercadoria, seu
armazenamento e envio para a fábrica. O custo de transporte também
ocorre nesse processo (muitas empresas têm negociações junto aos
fornecedores sobre o custo do frete, por vezes o fornecedor já inclui
o custo do frete no preço da mercadoria, enquanto em outros casos a
empresa prefere negociar o preço da mercadoria e arcar com o custo
do frete do fornecedor para a empresa), há a incidência do custo de
35

embalagem como a necessidade de utilizar pallets ou outro tipo de


material para realizar a movimentação dessa mercadoria, continuando
com os demais elementos dos custos logísticos.

Esses processos logísticos citados (logística de abastecimento, de


planta e de distribuição) ocorrem em toda a cadeia logística e em
funcionamento envolvem diferentes elementos dos custos logísticos,
como os variados tipos de tributos, os custos de transporte ao longo da
cadeia, custos de manutenção de estoque/inventário e outros, buscando
sempre satisfazer os níveis de serviços desejados pelos clientes. Uma
cadeia logística, no sentido amplo, é uma sequência de eventos como
as operações físicas que realizam uma tarefa logística, por exemplo,
importar insumos farmacêuticos da Índia para uma fábrica que produz
medicamentos na cidade de Campinas ou a exportação de soja no
interior de Goiás para algum país na Europa.

Faria e Costa (2013) observam que os elementos podem incorrer


tanto nos processos logísticos de abastecimento, planta e distribuição
e, posteriormente, serem acumulados a diversos objetos da
gestão logística de uma organização, como os números de itens
comercializados, fornecedores, plantas, clientes etc., conforme
sintetizado no Quadro 3.

Quadro 3 – Elementos dos custos logísticos e processos


Elementos custos Onde pode ocorrer os elementos dos custos logísticos?
logísticos ACUMULAÇÃO DOS PROCESSOS
LOGÍSTICA DE LOGÍSTICA LOGÍSTICA DE
ABASTECIMENTO DE PLANTA DISTRIBUIÇÃO
Armazenagem e X X X
movimentação
Transporte X X X
Embalagens X X X
Manutenção X X X
estoque/inventário
36

Tecnologia da X X X
Informação
Custos decorrentes X X X
de lotes
Tributários X X X
Custos decorrentes X X X
de níveis de serviço
Fonte: adaptado de Faria e Costa (2013).

4. Conclusão

Nesta Leitura Digital, procuramos aprofundar o entendimento dos


elementos dos custos logísticos. Incialmente, definimos o escopo
da logística e seu processo, esse entendimento se faz necessário
principalmente pela relação desses processos com os custos logísticos.
Conforme ressaltado, a logística é um campo diverso e dinâmico
que continua sendo redefinido com o advento de novas restrições
e as mudanças de ambiente que afetam a área. Todavia, seus
macroprocessos podem ser aplicados a uma variedade de diferentes
indústrias e segmentos.

Conceituamos as atividades primárias e secundarias da logística,


destacando que as atividades primárias são mais “críticas” para serem
gerenciadas e normalmente representam a parte majoritária dos custos
logísticos. Cabe aí uma reflexão para você profissional de logística, que
quanto maior seu conhecimento principalmente nessas áreas primárias
melhor será sua capacidade de aplicar estratégias de gestão variadas na
empresa em que atua e consequentemente obter resultados melhores
na gestão dos custos logísticos.

Tratamos do macroprocesso logístico, composto de três fluxos


principais, o fluxo de informações, o fluxo de produtos e serviços
e o fluxo financeiro, e os três processos logísticos denominados de
logística de abastecimento, de planta e distribuição. Esses três fluxos
37

são essenciais, uma vez que eles estão diretamente relacionados aos
elementos de custos logísticos.

Elencamos os principais elementos dos custos logísticos, compostos


pelos custos de transportes, custo de armazenagem e movimentação,
custos de inventário, custo de embalagens, custos de tecnologia de
informação, custos tributários, custos decorrentes de lotes e custos
decorrentes de níveis de serviços, sintetizando o que é cada elemento e
relacionando aos processos logísticos

Por fim, esperamos que com esta Leitura Digital tenha ficado muito
claro os principais elementos dos custos logísticos e sua relação com
os processos logísticos. E que a análise dos custos logísticos por meio
desses elementos possa permitir uma melhor compreensão na gestão
dos custos logísticos e possa ter contribuído como mais uma etapa
nessa jornada de aprendizado sobre os custos logísticos. De forma que
isso reforce a sua formação profissional e agregue mais conhecimento
para que você possa tomar melhores decisões logísticas, otimizando o
custo logístico total e aumentando a competitividade da organização que
você estiver atuando.

Referências
BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento,
organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006.
FARIA, A. C.; COSTA, M. F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2013.
PITTMAN, P. H.; ATWATER, J. B. APICS Dictionary – Sixteenth Edition. Indiana
University Southeast, 2019.
38

Características dos Custos de


Estoques e Armazenagem
Autoria: Éder Silva Frois
Leitura crítica: Yane Lobo

Objetivos
• Entender o papel e a função do estoque.

• Compreender as classificações do estoque.

• Identificar os custos de estoques e armazenagem.

• Estabelecer as relações com os custos logísticos


totais.
39

1. Introdução

Olá, seja muito bem-vindo à disciplina Gestão de Custos Logísticos.

Nesta Leitura Digital, trataremos de uma temática muito relevante, as


características dos custos de estoques e armazenagem.

Ao analisarmos os custos logísticos de uma organização, a


representatividade dos custos atrelados à gestão de estoque é muito
relevante. Nesse sentido, é fundamental que um profissional da área
de logística tenha um correto entendimento sobre o gerenciamento de
estoques e armazenagem e consiga relacioná-lo aos custos associados a
esse gerenciamento.

Dessa maneira, revisaremos os conceitos sobre o papel e a função dos


estoques em uma organização, as diferentes classificações atribuídas
à gestão de estoque e os seus respectivos custos associados. Esse
aprendizado é fundamental para que você possa, no exercício de suas
atividades, avaliar esses custos e possa tomar decisões mais bem
fundamentadas, além de entender o papel do estoque e sua importância
para uma organização.

2. Papel dos estoques/inventários

Você já parou para pensar na quantidade de estoques existentes em


todos os tipos de negócios?

Qualquer local que você frequente para comprar algum produto, muito
provavelmente terá estoque dos produtos que são oferecidos. Por
exemplo, um bar em que você desfruta de uma bate-papo entre amigos
e são servidos as bebidas e os aperitivos que estão em estoques no
momento que você deseja pedir, ou uma loja de materiais de construção
40

que você busca para adquirir uma resistência, pois a do seu chuveiro
queimou num domingo à tarde. Já imaginou se os produtos não
estivessem disponíveis no momento em você deseja consumi-los?

Pense numa grande loja de materiais para construção, quantos produtos


você imagina que são mantidos no estoque dessa loja?

Muito provavelmente você deve ter pensado numa boa quantidade


de produtos. Os produtos, desde um pequeno parafuso até uma
banheira exposta nessa loja, precisam ser planejados e gerenciados
adequadamente para suportar as vendas da empresa. Podemos
imaginar que, nesse simples exercício, você tenha refletido sobre o papel
dos estoques e em como é importante para uma organização gerenciar
adequadamente a quantidade a ser mantida nesses locais.

O planejamento e gestão de estoques tem sido fonte de estudos para


diversos profissionais e acadêmicos. Com a evolução do conceito da
gestão da cadeia de suprimentos ou supply chain management, muito
tem se discutido sobre formas de se gerenciar os estoques e aplicar
políticas de planejamento.

As organizações mantêm estoque porque é um custo necessário para


fazer negócios. No entanto, uma vez que é um custo, as organizações
trabalham continuamente para encontrar os níveis ideais de estoque
que podem maximizar lucros, a eficiência de produção e o atendimento
ao cliente. O estoque também pode ser visto como um investimento
que, se gerenciado corretamente, pode ser um ativo estratégico para
a organização, por exemplo, o estoque pode desacoplar a demanda e
a oferta, de forma que a gestão adequada do estoque possa fornecer
proteção contra a variabilidade em qualquer um deles.

Os estoques são materiais e suprimentos que uma empresa ou


instituição mantém para venda ou para fornecer insumos ou
suprimentos para seu processo de produção. Praticamente todas as
41

empresas e instituições exigem estoques e usualmente eles são uma


parte substancial dos ativos de uma companhia.

O dicionário APICS define estoques como itens utilizados para suportar


a produção (matérias-primas e materiais em processo), atividades
de apoio à produção (itens de manutenção, reparo e operações) e
atendimento ao cliente (produtos acabados ou peças de reposição).
Viana (2000, p.144) afirma que “os estoques são recursos ociosos que
possuem valor econômico, os quais representam um investimento
destinado a incrementar as atividades de produção e servir aos clientes”.
Para Ballou (2006, p. 271) “estoques são acumulações de matérias-
primas, suprimentos, componentes, materiais em processo e produtos
acabados que surgem em numerosos pontos do canal de produção e
logística das empresas”.

A falta de estoque pode ocasionar diversas perdas para uma


organização, desde seu processo produtivo, como a parada de uma linha
de produção por falta de uma matéria-prima, até a falta de itens para
atender a demanda dos clientes no momento da solicitação. Por tais
razões, é fundamental que qualquer organização consiga gerenciar seus
estoques para que não haja falta de materiais quando necessário e não
mantenha um volume elevado, ocasionando altos custos.

Há várias razões e não razões para uma organização manter estoques, a


Quadro 1 aponta alguns desses motivos.

Quadro 1 – Razões e não razões para manutenção de estoque


Razões para manter estoque Razões para não manter estoque
O custo de capital investido em estoque
Melhorar o nível de serviço
poderia ser investido em projetos
oferecido aos clientes.
mais lucrativos para a empresa.
A manutenção de estoque desvia
Proteção contra as incertezas. a atenção de problemas que
possam existir na empresa.
42

Alguns custos associados ao


Ganhar em economias de volume
estoque, como o de obsolescência
em compras ou transporte.
e armazenagem.
Reduzir riscos de problemas não
planejados ou antecipados.
Equilibrar oferta e demanda.

Fonte: elaborado pelo autor.

O surgimento de estoques numa empresa ocorre por uma série de


razões e motivos. Corrêa et al. (2009) aponta que o surgimento de
estoques ocorre principalmente pela falta de coordenação entre
processos de transformação, incertezas entre as taxas de consumo e
oferta, especulação com estoques com intuito de criar valor e realizar
lucro futuro, disponibilidade no canal de distribuição ao colocar
estoques próximos aos locais de consumo, conforme demonstrado na
Figura 1.

Figura 1 – Classificação dos Estoques e Fluxos de Materiais

Fonte: Corrêa et al. (2009, p. 32).

Financeiramente, os estoques são muito importantes principalmente


para as empresas de manufatura. No balanço patrimonial, eles
43

geralmente podem representar de 20% a 60% do seu ativo total. Existe


um custo para a manutenção de estoques, o que aumenta os custos
operacionais e diminui os lucros, dessa maneira, uma boa gestão de
estoque é essencial.

A gestão de estoque é responsável por planejar e controlar o estoque


desde o estágio da matéria-prima até o cliente. Como o estoque
resulta da produção ou a suporta, os dois não podem ser gerenciados
separadamente, portanto, devem ser coordenados.

Dentro de uma perspectiva da cadeia de suprimentos, os níveis


de estoque são resultado de uma decisão que equilibra o custo de
aquisição e armazenagem (na literatura, muitas vezes você pode
encontrar os termos armazenagem ou estocagem) e a capacidade de
atender ou exceder um nível de resposta esperado pelo cliente. De
uma maneira estratégica, os gestores de estoque são responsáveis pela
integração dos objetivos de estoque da cadeia de suprimentos com os
objetivos corporativos da organização.

Atualmente, na tentativa de tornar sua cadeia de suprimentos mais


competitiva e ágil, as empresas se deparam com o que é denominado
como a problemática dos estoques, uma vez que o acúmulo de estoque
ao longo da cadeia de suprimentos pode tornar-se um grande gerador
de custos logísticos. Principalmente, quanto ao fato de saber qual a
quantidade e onde deve-se manter os estoques, buscando o menor
custo possível e maximizando os níveis de serviços oferecido ao cliente.

Algumas questões são fundamentais na gestão de estoques e impactam


diretamente nos custos logísticos de uma organização, como:

Qual é o equilíbrio ideal entre o nível de estoque e o atendimento ao


cliente?
44

Essa pergunta talvez seja a mais fundamental de todas. Simplesmente


porque quanto maior o volume de estoque maior será o nível de
atendimento ao cliente, assim como é igualmente verdade que quanto
maior o estoque, maior serão os custos de manutenção. As empresas
devem determinar quais custos estão dispostas a suportar para alcançar
um nível de serviço desejado.

Qual é o equilíbrio ideal entre o investimento em estoque e os custos de


reposição?

O tamanho da quantidade do pedido de reposição terá um


impacto direto nos custos de manutenção e aquisição de estoque.
Geralmente, conforme o tamanho do lote de reabastecimento
diminui, o custo de manutenção do estoque diminui. À medida que
o tamanho do lote diminui, os planejadores fazem pedidos com mais
frequência, aumentando, assim, os custos de pedido, recebimento
e armazenamento de estoque. O inverso também é verdadeiro se
os tamanhos dos lotes de reabastecimento fossem aumentados. O
tamanho de lote ideal é aquele que minimiza o risco de falta de estoque,
mantendo o equilíbrio entre o custo de manutenção e o custo de pedido
de estoque.

Organizações com boas práticas de gestão de estoque usualmente


gerenciam o estoque de maneira agregada e individual, o gerenciamento
agregado lida com os estoques de acordo com sua classificação
(matéria-prima, material em processo e produtos acabados) e a função
que desempenham. Ele tem uma orientação mais financeira e preocupa-
se com os custos e benefícios da manutenção desses inventários.

O gerenciamento de estoque agregado envolve:

• A identificação dos padrões de oferta e demanda.

• As funções que os estoques executam.


45

• A identificação dos objetivos da gestão de estoque.

• A identificação dos custos associados à manutenção dos estoques.

Já no gerenciamento individual do item, a gestão deve estabelecer regras


de decisão sobre os itens de estoque para que os responsáveis pelo
controle possam fazer seu trabalho de maneira mais eficiente. Essas
regras incluem questões como:

• Quais itens do estoque individuais são mais importantes.

• Como os itens individuais devem ser controlados.

• Quanto pedir de uma vez.

• Quando fazer um pedido.

Note que o entendimento do conceito de estoques é fundamental para


um profissional de logística, haja vista a importância dos custos de
estoques dentro do contexto global de custos logísticos.

3. Classificação e funções dos estoques

Para uma eficiente gestão de estoques e seus respectivos custos, é


preciso distinguir quais as categorias de estoques são necessárias
gerenciar. Segundo Ballou (2006), existem cinco categorias distintas nas
quais podemos situar os tipos de estoques.

1. Estoque no canal: são os estoques em trânsito, entre os elos do


canal de distribuição.
2. Estoques de especulação: a formação de estoque não ocorre para
minimizar problemas, mas, sim, com a intenção de criar valor ou
lucros. Exemplos de estoque de especulação são as commodities,
46

em que a especulação com preços ocorre em períodos que


superam as necessidades previstas para a operação.
3. Estoque regular ou cíclico: são os estoques mantidos para suprir a
demanda durante o tempo necessário para o reabastecimento.
4. Estoque de segurança/pulmão: estoque mantido para suprir a
variação de demanda.
5. Estoque obsoleto: são os estoques deteriorados ou que não tem
mais utilização para a empresa.

O inventário geralmente é classificado de acordo com a sua localização


na cadeia de suprimentos. Observe que a classificação de tipos de
inventário depende do ponto de referência, o que significa que um
material é um produto acabado para o fornecedor e torna-se matéria-
prima para um fabricante. Por exemplo, chapas de aço ou pneus são
produtos acabados para o fornecedor, mas são matérias-primas e peças
componentes para o fabricante de automóveis. Uma compreensão
básica de inventário depende do conhecimento dos tipos de inventário
e das funções desempenhadas por cada tipo. Essas classificações estão
relacionadas principalmente ao fluxo de materiais numa empresa
manufatureira. Dentro dessas classificações temos:

• Matéria-prima: são os materiais comprados para a produção que


ainda não entraram no processo produtivo.

• Materiais em processo, ou o termo comumente utilizado em


inglês Work-in-process (WIP): matérias-primas que já estão sendo
utilizadas ou esperando para serem utilizadas no processo
produtivo.

• Produto acabado: são os produtos produzidos por uma empresa


que estão prontos para serem vendidos.

• Estoque distribuição: produtos acabados localizados nos sistemas


de distribuição.
47

• Manutenção, reparos e operações, ou o termo comumente


utilizado em inglês Maintenance,repair and operational goods (MRO):
são os itens utilizados na produção, mas que não fazem parte do
produto final. Como os materiais utilizados para a manutenção de
máquinas e equipamentos.

A função básica dos estoques é desacoplar a oferta e a demanda. O


estoque também serve como um buffer (estoque pulmão) entre:

• Oferta e procura.

• Demanda do cliente e produtos acabados.

• Produtos acabados e disponibilidade de componentes.

• Requerimentos para uma operação e os resultados da operação


anterior.

• Peças e materiais para iniciar a produção e os fornecedores de


materiais.

4. Custos dos estoques

Geralmente, os seguintes custos são usados para decisões no


gerenciamento de estoque, conforme Figura 2:

Figura 2 – Elementos dos custos dos estoques

Fonte: elaborada pelo autor.


48

• Custo do item: o custo do item é o preço pago por um item


comprado, que consiste no custo do item e quaisquer outros
custos diretos associados para colocar o item na fábrica. Isso
pode incluir os custos como transporte, taxas alfandegárias
e seguro. Esse custo costuma ser conhecido também dentro
das organizações como landed cost. Para um item fabricado
internamente, o custo inclui material direto, mão de obra direta e
despesas gerais de fábrica.

• Custos de manutenção de estoque: os custos de manutenção


incluem todas as despesas incorridas pela empresa em
decorrência ao volume de estoque mantido. É um custo variável
que aumenta conforme o nível de estoque aumenta. Os custos de
manutenção podem chegar a 40% do valor do estoque. Esse custo
muitas vezes também é conhecido como custos de estocagem, ele
é uma porcentagem em valor monetário do estoque por unidade
de tempo (geralmente um ano). Eles podem ser divididos em três
categorias:

a. Custos de capital: O dinheiro investido em estoque não está


disponível para outros usos e, como tal, representa um custo de
oportunidade perdida. O custo mínimo seria a perda de juros por
não investir o dinheiro na taxa de juros vigente, e pode ser muito
mais alto dependendo das oportunidades de investimento para
a empresa. Talvez esse seja o custo mais expressivo referente
aos custos de manutenção e estoque, uma vez que a empresa
permanece com esse capital “empatado” nos estoques.
b. Custos de armazenagem e movimentação: armazenar estoque
requer espaço, trabalhadores, equipamentos, custos de energia,
custos operacionais, custos de manuseio de materiais, entre
outros. Os custos associados a essa ocupação são, na maioria
das vezes, representados pelo custo interno da empresa ou
pelos serviços externos de armazenagem, quando necessário.
Adicionalmente, alguns tipos de produtos podem requerer
49

condições especiais no armazém para que o seu armazenamento


seja feito adequadamente, por exemplo, produtos que requerem
temperatura controlada ou necessidade de refrigeração no
armazém ou cuidados especiais como os materiais inflamáveis.
c. Custos de riscos: os riscos em manter estoque são a obsolescência
que se refere à perda de valor do produto resultante de uma
mudança de modelo ou estilo ou desenvolvimento tecnológico. Os
danos que podem ocorrer durante a retenção ou movimentação.
O roubo devido aos itens perdidos, extraviados ou roubados
e a deterioração dos estoques que pode se dissipar no
armazenamento ou cuja vida útil é limitada, como materiais sujeito
à perda de suas propriedades físicas ou químicas.

Nesse sentido, prezado leitor, quanto custa manter o estoque?

Os números podem variam de setor para setor e de empresa para


empresa. Os custos de capital podem variar dependendo das taxas de
juros e das oportunidades que a empresa pode ter de investimento.

Os custos de armazenamento variam de acordo com o local e o tipo de


armazenamento necessário. Os custos de risco podem ser muito baixos
ou podem estar próximos de 100% do valor do item, por exemplo,
para bens perecíveis ou com prazo de validade curto. O custo de
manutenção é geralmente definido como uma porcentagem do valor do
estoque por unidade de tempo e tende a ser entre 15-40% na indústria
de manufatura. Isso é realista em muitos casos, mas não em todos
os produtos. Por exemplo, a possibilidade de obsolescência de itens
relacionados à indústria da moda ou tecnologia é alta, dessa maneira, o
custo de manter esses itens será muito maior do que uma indústria em
que a obsolescência é baixa.

• Custos de pedidos: os custos de pedido são os custos associados à


colocação de um pedido na fábrica ou no fornecedor. Note que o
custo de fazer um pedido não depende da quantidade solicitada,
50

se um lote de 1.000 ou 100.000 unidades é solicitado num pedido,


os custos associados à sua colocação são essencialmente os
mesmos. Cada vez que um pedido de compra é colocado, os
custos são incorridos para fazer o pedido. Esses custos incluem
preparação do pedido, follow-up (acompanhamento) junto ao
fornecedor, recebimento e o custos contábeis de recebimento e
pagamento da fatura.

O custo anual do pedido depende do número de pedidos feitos em


um ano, isso pode ser reduzido pedindo mais de uma vez, resultando
na colocação de menos pedidos. No entanto, isso aumenta o nível de
estoque e o custo anual de manutenção do estoque. Esse é um típico
trade-off que os profissionais de logística necessitam lidar na gestão de
estoques.

Para um item que uma organização compra diretamente de um


fornecedor, os custos de pedidos podem incluir o custo de transporte
(quando o frete de entrega não está incluso no preço do item) para
entregar a mercadoria e os custos administrativos envolvidos na geração
do pedido, que podem incluir os custos da mão de obra para se emitir
o pedido, os custos das pessoas envolvidas na conferência quando do
recebimento do material, os custos de carga e descarga, o custo da
inspeção da qualidade, quando aplicável, entre outros.

Quando se trata dos custos de pedido em uma fábrica, também


podemos incluir:

a. Custos de controle de produção: o custo anual e o esforço


despendido no controle da produção dependem do número
de pedidos feitos, não da quantidade solicitada. Quanto menos
pedidos por ano, menor será o custo. Os custos incorridos podem
incluir a emissão e fechamento de pedidos, planejamento e
programação da produção, despacho e expedição.
51

b. Custos de setup (troca): cada vez que um pedido é emitido,


os centros de trabalho numa fábrica devem se preparar
para executar o pedido e ao final da execução desmontar
a configuração, isso é chamado de setup. Esses custos não
dependem da quantidade pedida, mas sim do número de pedidos
de produção feitos por ano.
c. Custo de capacidade perdida: cada vez que um pedido é colocado
em um centro de trabalho, o tempo necessário para configurar
é perdido como tempo de produção. Isso representa uma perda
de capacidade e está diretamente relacionado ao número de
pedidos de produção feitos. É particularmente importante e caro
principalmente com centros de trabalho considerados gargalos.

• Custos de ruptura: se a demanda durante o prazo de entrega


exceder o previsto, é de se esperar uma ruptura de estoque.
Uma falta de estoque pode ser potencialmente cara para uma
organização devido às vendas perdidas, aos custos de pedidos
em espera, e possivelmente clientes perdidos. A falta de estoque
pode ser reduzida com estoque de segurança para proteção contra
os momentos em que a demanda, durante o lead-time (tempo de
entrega), é maior do que o previsto.

• Custos de variação de capacidade: os custos de variação de


capacidade são os custos de mudança de capacidade produtiva
de uma fábrica além de uma faixa “normal”, incluindo os custos
de horas extras, turnos adicionais, dispensas, ou fechamentos
de fábricas. Os custos de variação de capacidade podem ser
minimizados por estratégias de nivelamento de produção
(produzindo uma quantidade consistente ao longo do ano), mas
essa estratégia aumenta os custos de manutenção de estoque
durante os períodos de baixa demanda. Esse custo está muito
relacionado principalmente a empresas de manufatura que
possuem restrições de capacidade.
52

5. Custos de armazenagem

É importante fazer uma breve distinção para que fique ainda mais claro
para você leitor sobre os custos de armazenagem, como vimos, esses
custos são um dos elementos associados aos custos de manutenção de
estoque, e essa diferenciação se faz necessária uma vez que, durante as
análises dos custos logísticos, é possível ocorrer a necessidade de avaliar
isoladamente esse custo, sem necessariamente discuti-lo atrelado aos
custos de manutenção de estoques.

Os custos de armazenagem são os custos da ocupação da área física


ocupada pelo armazém, despesas de manutenção, equipamentos,
administrativa e prejuízos diversos ocorridos na atividade de
armazenagem, incluem também os custos de movimentação que são
os gastos realizados com as movimentações de entrada e saída de
produtos/serviços.

Em resumo, os custos de armazenagem são aqueles diretamente


relacionados ao acondicionamento e manutenção das mercadorias, e
a maior parte dos custos de armazenagem é fixa e indireta, por vezes
dificultando o seu gerenciamento e sua correta alocação. Dessa maneira,
numa situação ilustrativa em que uma organização tenha uma grande
área de armazenagem e esteja mantendo pouco estoque, não utilizando
a área total que tenha disponível para armazenamento, a maioria dos
custos de armazenagem continuará acontecendo (por exemplo, os
custos de energia), uma vez que está diretamente relacionada ao espaço
físico, aos equipamentos de movimentação, à equipe e ao controle.

Por isso que os custos de armazenagem estão diretamente relacionados


aos custos de manutenção de estoques, uma vez que é a dimensão dos
níveis de estoque de uma organização que direcionará a necessidade à
área de armazenagem.
53

6. Conclusão

Nesta Leitura Digital, procuramos aprofundar as características dos


custos de estoques e armazenagem. Conceituamos o papel e função do
estoque e sua importância na gestão de uma organização, elencamos
os principais custos associados a esse gerenciamento para que você
possa, no exercício de suas atividades profissionais, compreender os
fundamentos e seu impactos nas análises dos custos logísticos.

O gerenciamento dos estoques é um dos desafios mais relevantes


para o profissional contemporâneo da área de logística, haja vista a
importância desse tema, tanto pelos seus impactos no nível de serviço
oferecido por uma organização como pelas suas implicações nos custos.

Dessa maneira, prezado leitor, existem benefícios e custos em ter um


estoque. O grande problema é equilibrar os custos de manutenção de
estoque, principalmente com os objetivos de:

• Atendimento ao cliente: uma vez que quanto menor o nível de


estoque, maior a probabilidade de uma falta de estoque e o
custo potencial de pedidos pendentes, vendas perdidas e clientes
perdidos, e quanto maior o nível de estoque, maior o nível de
serviço ao cliente.

• Eficiência operacional: com os estoques é possível manter uma


operação separada da outra, permitindo que uma fábrica opere
com mais eficiência. Eles permitem nivelar a produção e evitar
os custos de alteração dos níveis de produção. Manter estoque
permite que a operação seja executada com maior tempo e
reduz o número de setups. Excesso de horas extras, custos de
contratação, treinamento e dispensa serão todos maiores se a
produção flutuar com a demanda.

3. Custo de colocação de pedidos: os estoques mais baixos


podem ser alcançados pedindo quantidades menores com mais
54

frequência, mas essa prática resulta em custos anuais de pedido


mais elevados.
4. Custos de transporte: as mercadorias movimentadas em
pequenas quantidades custam mais por unidade do que
aquelas movimentadas em grandes quantidades. No entanto, a
movimentação de grandes lotes implica maior estoque.

Nesse sentido, se houver estoque, deve haver um benefício que exceda


os custos de manutenção desse estoque. Dessa maneira, a única boa
razão para manter estoque além das necessidades atuais de uma
organização é se ele custar menos para mantê-lo. Sendo assim, devemos
sempre voltar nossa atenção para os custos associados ao estoque.

Faria e Costa (2013, p. 54) salientam também que “o fato de reduzir os


níveis de estoque, sem uma análise preliminar sobre o grau de eficiência
do transporte, do armazém, e do processamento de pedidos, pode
gerar um aumento no custo logístico total”. Isso nos remete novamente
aos trade-offs inerentes às decisões logísticas e seus impactos no custo
logístico total.

Por fim, esperamos que esta Leitura Digital tenha possibilitado a você
um aprofundamento conceitual dessa temática e contribuído na sua
jornada de aprendizado sobre custos logísticos. E, como sempre,
reforçando sua formação profissional e agregando mais conhecimento
para que você possa tomar melhores decisões logísticas, otimizando o
custo logístico total e aumentando a competitividade da organização que
você estiver atuando.

Referências
BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento,
Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006.
55

CORRÊA, H. L. et al. Planejamento, Programação e Controle da Produção. 5. ed.


São Paulo: Atlas, 2009.
FARIA, A. C.; COSTA, M. F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2013.
PITTMAN, P. H.; ATWATER, J. B. APICS Dictionary – Sixteenth Edition. Indiana
University Southeast, 2019.
VIANA, J. J. Administração de Materiais: um Enfoque Prático. São Paulo: Atlas,
2000.
56

Características dos Custos de


Transportes
Autoria: Éder Silva Frois
Leitura crítica: Yane Lobo

Objetivos
• Entender os fundamentos do transporte.

• Compreender os diferentes tipos de modais e suas


estruturas de custos.

• Estabelecer relações sobre os custos no transporte.

• Identificar a formação de preço no transporte.


57

1. Introdução

Olá, seja muito bem-vindo à disciplina Gestão de Custos Logísticos.

Nesta Leitura Digital, trataremos de uma temática muito relevante, as


características dos custos de transportes.

O transporte é uma área fundamental dentro do mix logístico e


é uma das atividades que mais absorve dos custos logísticos. A
representatividade desses custos atrelados ao transporte pode chegar a
dois terços dos custos logísticos totais de uma organização.

Dessa maneira, nesta Leitura Digital revisaremos os conceitos sobre


os fundamentos e custos do transporte e sua importância estratégica
para o planejamento dos custos logísticos em uma organização. É
fundamental que um profissional da área logística tenha um correto
entendimento sobre os custos associados a essa importante atividade,
para que, no exercício de suas funções, ele consiga avaliar esses custos e
tomar decisões mais bem fundamentadas.

2. Fundamentos do transporte

O transporte permite que as empresas cruzem as linhas geográficas


entre onde os produtos são produzidos e onde são consumidos. É difícil
imaginar empresas funcionando sem poder enviar produtos por toda
sua cadeia de abastecimento. Os avanços no transporte ampliaram
os mercados em que as empresas competem, tanto nacional quanto
internacionalmente. Quanto mais ampla a distribuição de um produto
maior a sua demanda, consequentemente mais um fabricante poderá
alavancar as economias de custo do transporte.
58

Para Ballou (2006, p. 150) “o transporte representa o elemento mais


importante em termos de custos logísticos para inúmeras empresas”.

O dicionário APICS define transporte como a função de planejamento,


programação e controle de atividades relacionadas ao modal que será
utilizado pata transportar uma mercadoria, fornecedor e movimentação
de estoques para dentro e para fora de uma organização.

O transporte é parte integrante e fundamental de um sistema logístico,


e talvez, para muitos, o transporte seja a parte mais visível da logística,
isso quando, para a logística, seja sinônimo somente de transporte
de mercadorias. Os sistemas de transporte de uma organização
conectam os componentes de uma cadeia de suprimentos e devem
ser gerenciados e controlados adequadamente, isso significa total
visibilidade e forte comunicação entre todos os membros da rede.
Embora caminhões e trens que transportam os produtos ou que estejam
estacionados nas instalações de uma empresa sejam atrações comuns,
poucos consumidores entendem o quanto a economia, de uma maneira
geral, depende de um transporte econômico e confiável.

Reflita por um momento, prezado leitor, talvez você já tenha escutado


a famosa expressão popular no Brasil que diz do “Oiapoque ao Chuí”,
muito utilizada para referenciar algo que vai “de norte a sul” no nosso
país. Como fazer os produtos chegarem a um custo aceitável em
distâncias tão longas, permitindo acesso das pessoas a produtos e
serviços produzidos até nas mais partes mais remotas do país ou do
mundo? Isso seria possível sem um sistema de transporte eficiente e
econômico?

O transporte concentra-se em dois principais serviços logísticos: a


movimentação e o armazenamento.

Movimentação: independentemente de quais produtos precisam


ser transportados, o objetivo dos serviços de transporte é mover
59

mercadorias para destinos específicos. Uma vez que o movimento de


materiais ao longo de uma cadeia de suprimentos é necessário e caro,
é de suma importância manter baixos os custos ao mesmo tempo
mantendo um nível de serviço satisfatório.

Armazenamento: o armazenamento do produto é um elemento


de transporte menos visível, sempre que o produto está em um
veículo, ele está armazenado. Como os custos de descarregamento,
armazenamento e recarga podem ser altos, os veículos costumam ser
usados para armazenamento temporário de produtos, especialmente se
a data de envio do produto for dentro de alguns dias.

Uma boa relação custo-benefício no transporte permite que as


empresas possam ofertar produtos com maior qualidade e preços mais
baixos, permitindo economias de escala. Manter os custos de transporte
relativamente baixos diminui o custo do produto, o que permite que
uma empresa possa ser competitiva em vários mercados.

Os custos de transporte não devem ser apenas competitivos, eles


também devem estar de acordo com os níveis de serviços exigidos pelos
clientes. Não adianta muito os clientes terem transportes baratos se o
produto chegar atrasado ou danificado.

3. Modais e custos do transporte

Mesmo em sua forma mais eficiente, o transporte consome tempo,


recursos financeiros e ambientais. Os gestores da área de transporte
podem escolher entre uma variedade de modais de transportes para
obter eficiência, cada modo possui qualidades diferentes que o tornam
uma boa escolha para determinados fins. Cada um tem seus pontos
fortes e fracos e deve ser avaliado quanto à velocidade, integridade,
confiabilidade, capacidade, frequência e custo.
60

Basicamente existem 5 modais básicos de transporte: o rodoviário, o


marítimo, o ferroviário, o aeroviário e o dutoviário.

Você precisa saber as diferenças entre os modais porque o modal


selecionado afeta os custos de transporte e a flexibilidade que a
operação logística de uma organização poderá oferecer. Os custos de
transporte incluem como as mercadorias são transportadas, os locais
ou terminais onde as mercadorias são carregadas e descarregadas e
os veículos usados para transportar as mercadorias, sendo que esses
custos geralmente são fixos e variáveis. Os custos fixos são aqueles
que não se alteram com o volume de mercadorias transportadas,
por exemplo, instalações e equipamentos. Em contraste, os custos
variáveis variam com o volume movimentado e incluem, por exemplo, o
combustível, a manutenção, os salários e as taxas.

Vejamos quais são as estruturas básicas de custos dos vários modais de


transporte.

Rodoviário: mesmo quando uma empresa transporta mercadorias por


via aérea ou marítima, o transporte rodoviário é frequentemente usado
para entregar o produto de um porto ou aeroporto de chegada ao
destino. Dependendo de onde está localizado, o transporte rodoviário
pode ser um caminhão, uma van, uma motocicleta, um semirreboque,
ente outros. A estrutura de custos das transportadoras rodoviárias inclui
altos níveis de custos variáveis e
​​ custos fixos relativamente baixos. Os
custos variáveis podem incluir
​​ o combustível, a manutenção de veículos,
a mão de obra e os outros custos que aumentam com a distância.
Os custos fixos incluem o preço de compra dos veículos, seguros, a
manutenção de terminais ou instalações, entre outros.

Ferroviário: a ferrovia geralmente é muito utilizada para movimentar


uma grande quantidade de commodities (referência a um determinado
bem ou produto de origem primária) a granel usando reboques,
contêineres ou vagões puxados por uma locomotiva ou outra máquina.
61

A estrutura de custos da indústria de transporte ferroviário consiste em


baixos níveis de custos variáveis e altos custos fixos. Os custos variáveis ​​
incluem combustível, manutenção das linhas ferroviárias, terminais
e trens, entre outros. Os custos fixos da indústria ferroviária incluem
trilhos, pátio ferroviário e outros custos de capital.

Aeroviário: o transporte aéreo proporciona entregas mais rápidas para


distâncias maiores. A estrutura de custos da indústria de transporte
aéreo consiste em altos custos variáveis e baixos custos fixos. Os custos
variáveis do transporte aéreo incluem mão de obra, combustível, taxas
de pouso em aeroportos e manutenção de aeronaves. A maioria dos
custos fixos é para as aeronaves e equipamentos especializados de
manuseio.

Marítimo: o transporte marítimo é frequentemente selecionado por


sua capacidade de mover cargas pesadas e de longas distâncias, seja
o transporte de mercadoria internacional ou também o transporte
hidroviário no interior de uma país. A estrutura de custos do transporte
marítimo inclui altos custos variáveis e custos fixos relativamente baixos.
Os custos variáveis do transporte marítimo incluem mão de obra e
combustível, além de taxas de doca e outros custos operacionais. Os
custos fixos incluem custos de capital para barcaças e navios.

Dutoviário: os dutos geralmente movem petróleo, derivados de petróleo,


gás natural, água e produtos químicos. Uma porcentagem substancial
dos produtos de petróleo e gás do mundo são transportados por dutos.
A estrutura de custos do transporte dutoviário incluem altos custos fixos
e baixos custos variáveis. Os custos fixos incluem construção, direitos
de passagem e instalações do terminal. Os custos variáveis incluem
combustível para estações de bombeamento, manutenção de dutos,
entre outros.

Uma modalidade comum também é o transporte intermodal. O


transporte intermodal permite que as transportadoras combinem
62

dois ou mais modais de transporte para obter a melhor opção que


atenda aos requisitos do destino. O objetivo do transporte intermodal
é utilizar diferentes tipos de equipamentos combinando as melhores
características de cada um. O transporte intermodal combina as
estruturas de custo de quaisquer dos modais selecionados.

O Quadro 1 sintetiza essa relação entre os custos fixos e variáveis nos


diferentes tipos de modais.

Quadro 1 – Estrutura de custos de cada modal


Custo
Modal Custo Fixo Características
Variável
Baixo custo fixo (estradas
prontas e fornecidas
Rodoviário Baixo Médio geralmente pelo investimento
público). Custo variável médio
(combustível, manutenção etc.).
Alto custo fixo de
Ferroviário Alto Baixo equipamentos, terminais,
trilhos etc. Baixo custo variável.
Baixo custo fixo (aeronaves
e sistemas de manuseio de
Aéreo Baixo Alto cargas). Alto custo variável
(combustível, mão de
obra, manutenção etc.).
Custo fixo médio (navios
e equipamentos). Baixo
Marítimo Médio Baixo custo variável (capacidade
de transportar grande
quantidade).
Custo fixo mais alto de
todos (diretos preferenciais
de passagem, construção,
necessidade de estações
Dutoviário Alto Baixo de controle, capacidade
de bombeamento). Custo
variável mais baixo de
todos (não há custo de mão
de obra significativo).

Fonte: adaptado de Bowersox, Closs e Cooper (2007).


63

Os custos de transporte são influenciados pelas fábricas, depósitos,


fornecedores, locais de varejo e clientes ou consumidores de uma
empresa, ou seja, como é formado seu sistema logístico. O modal
de transporte escolhido afeta os custos de estoque, uma vez que
sistemas de transporte mais rápidos (geralmente com custos mais altos)
podem exigir quantidades menores de estoque, enquanto sistemas de
transporte mais lentos (geralmente mais baratos) podem exigir maiores
quantidades de estoque.

Ballou (2006) coloca que quando o serviço de transporte não é utilizado


como forma de obter vantagem competitiva para uma organização no
mercado em que atua, a melhor opção será aquela obtida mediante
à compensação do custo da utilização do serviço de transporte com o
custo indireto do estoque aliado ao desempenho do modal selecionado.

Cada parte da cadeia de suprimentos tem necessidades e objetivos


diferentes. Os fornecedores normalmente idealizam prazos de entrega
flexíveis e demandas de volumes grandes e estáveis, a produção de
uma fábrica busca alto nível de produção a baixos custos, os varejistas
precisam de prazos de entrega curtos e entrega rápida, os clientes
exigem variedade de produtos e preços baixos. Via de regra, para que os
objetivos de um grupo sejam alcançados, os objetivos dos outros podem
ser perdidos.

Em suma, os conflitos de interesse estão no dia a dia do processo de


tomada de decisão nas organizações. Na gestão do transporte, por
exemplo, o lead-time (tempo de entrega) versus custos de transporte
é um clássico conflito. O lead-time consiste no tempo necessário para
o processamento de pedidos, a aquisição e fabricação, e o transporte
dos itens. Embora os custos de transporte sejam mais baixos quando
grandes quantidades são transportadas juntas, os prazos de entrega
são reduzidos quando as mercadorias são transportadas à medida
que são fabricadas ou disponibilizadas para vendas. Dessa maneira,
há uma compensação entre manter os produtos até que haja
64

quantidade suficiente para montar uma carga cheia ou transportá-la


antecipadamente para reduzir o lead-time.

Cada modal de transporte tem diferentes estruturas econômicas e


técnicas, e cada um pode fornecer diferentes qualidades de serviço.
Selecionar o modo de transporte que atenda aos requisitos de
programação, serviço e custo da organização é uma forma de gerenciar
os custos de transporte.

O Quadro 2 sintetiza os diferentes tipos de modais e algumas de suas


principais características.

Quadro 2 – Características dos diferentes tipos de modais


Características Rodoviário Ferroviário Marítimo Aéreo Dutoviário
Capabilidade Limitações Limitações Pouca Limitado Muito
mínimas mínimas limitação limitado
Custo Moderado Baixo Baixo Muito Alto Muito baixo
Capacidade Moderado Alto Alto Muito Muito alto
baixo
Velocidade Rápido Moderada Baixa Muito Baixa
de entrega rápido
Acessibilidade/ Muito Alta Moderada Baixa Moderada Muito baixa
flexibilidade (depende
do país)
Danos Moderado Muito alto Baixo Muito Baixo
baixo
Fonte: elaborado pelo autor.
O modal mais adequado às necessidades de um cliente é normalmente
baseado em um ou mais dos seguintes atributos detalhados no Quadro
2. A capabilidade refere-se à quantidade/ao volume de diferentes tipos
de produto que podem ser transportados; o custo é o preço que a
transportadora cobra para transportar uma remessa; a capacidade é
o volume que pode ser transportado de uma só vez; a velocidade de
entrega refere-se ao tempo de trânsito decorrido desde a coleta até a
entrega; a acessibilidade/flexibilidade é a capacidade de acessar locais
65

de origem e destino; e os danos são as chances de danos durante o


trajeto.

Os profissionais de logística devem considerar todos os modais e


selecionar o melhor para a sua operação, avaliando as características
em relação às expectativas do cliente. Determinar qual modal selecionar
depende de uma série de fatores, como: qual é o tempo que se pode
esperar até a chegada da carga, se a remessa precisa de refrigeração,
se é necessário segurança reforçada? Qual produto está sendo enviado?
Onde é o destino? Entre outros.

Uma análise do custo de transporte é crítica para a logística, sendo


uma forma de ter visibilidade e uma previsão desse custo para o
planejamento logístico. Esse tipo de análise geralmente analisa
perspectivas econômicas, de mercado, de segurança, regulatórias e de
frete.

Quando se procura estimar os custos, as organizações devem entender


três maneiras diferentes de capturar economias de custos, sendo elas:
economias de escala, economias de densidade e economias de escopo.

• Economias de escala: ocorre quando o custo médio por unidade


diminui à medida que o volume transportado aumenta. Por
exemplo, à medida que você carrega mais peso em uma carga de
veículo, menor será seu custo por quilo.

Você pode imaginar o porquê, prezado leitor?

Porque você está rateando seus custos fixos sobre um número maior
de unidades. Assim, uma carga completa é mais econômica para o
transporte do que uma parcial. Então, consolide suas pequenas cargas
em maiores sempre que possível, esse efeito está presente em todos
os modais de transporte, mas é especialmente aplicável aos modos de
transporte com altos custos fixos, uma vez que esses custos podem ser
alocados em um número maior de unidades transportadas.
66

• Economias de densidade: no transporte, mercadorias de baixa


densidade custarão muito mais por valor monetário ou quilograma
para transportar do que bens mais densos, como o carvão. Um
caminhão cheio de isopor está carregando muito menos peso do
que um caminhão de carvão que é altamente denso.

Juntamente da distância e do peso, a densidade da mercadoria constitui


fator fundamental para a determinação do seu custo de transporte.
Geralmente, há mais limitação de espaço do que de peso nos veículos,
uma vez que o veículo está lotado não é mais possível aumentar a
quantidade a ser transportada, ainda que a carga seja leve. Em síntese,
como os custos operacionais não são substancialmente afetados pelo
peso, cargas de maior densidade permitem que custos relativamente
fixos do transporte sejam diluídos por pesos maiores. Com isso, essas
cargas incorrem em custos mais baixos por unidade de peso.

• Economias de escopo: são geradas quando o custo médio de uma


transportadora diminui à medida que a transportadora fornece um
número maior de produtos ou serviços. Quando um único veículo
carrega vários itens, os custos conjuntos que são criados podem
ser divididos entre os vários itens, isso pode ser aplicável em todos
os modos de transporte.

Note que conceitualmente economias de escopo diferem de economias


de escala, em que a primeira significa produzir uma variedade de
produtos diferentes juntos, para reduzir custos, enquanto a última
significa produzir mais do mesmo bem, a fim de reduzir custos por meio
do aumento da eficiência.

4. Formação de preço nos transportes

Bowersox, Closs e Cooper (2007) colocam que a economia e a formação


de preço no transporte preocupam-se com os fatores e características
67

que orientam o custo. A economia nos transportes é orientada por


sete fatores, conforme Figura 1: distância, peso, densidade, capacidade
de acondicionamento, manuseio, riscos e mercado. Salientando que
esses fatores não são componentes diretos dos preços das tarifas, mas
sua capacidade de influenciar as estruturas tarifárias os torna muito
importantes. Sendo que os principais fatores são a distância, o peso e a
densidade.

Figura 1 – Fatores que influenciam a formação preço no transporte

Fonte: adaptada de Bowersox, Closs e Cooper (2007).

• Distância: exerce uma grande influência nos custos de transporte.


À medida que a distância aumenta, as despesas variáveis (por
exemplo, combustível e manutenção) aumentam.

• Peso: o custo de transporte por unidade diminui à medida que o


peso da carga aumenta. Isso é resultado de economias de escala,
ou rateio dos custos fixos.

• Densidade: é a combinação de peso e volume. Peso e volume são


importantes porque o custo de transporte normalmente é cotado
por unidade de peso. Os modais possuem limitante de capacidade
tanto de peso como de espaço cúbico. Uma vez que as despesas
reais com veículos e combustível não são significativamente
influenciadas pelo peso, produtos com maior densidade permitem
que o custo fixo do transporte seja dividido por uma quantidade
maior de peso.

A Figura 2 ilustra essas três principais relações.


68

Figura 2 – Relação geral entre distância, peso, densidade e custo do


transporte

Fonte: Bowersox, Closs e Cooper (2007, p. 211).

Capacidade de acondicionamento: refere-se a forma como as dimensões


do produto se encaixam no equipamento de transporte.

• Manuseio: esse fator examina o tipo de equipamento necessário


para lidar com o carregamento, incluindo qualquer manuseio
especial. Ele também considera como o carregamento é
fisicamente agrupado (com caixas, contêineres ou paletes).

• Riscos: os riscos incluem quaisquer características do produto


que possam resultar em danos. Por exemplo, os transportadores
podem reduzir esse risco melhorando a embalagem do produto.

• Mercado: os fatores relacionados ao mercado, como volume e


equilíbrio das rotas, influenciam os custos de transportes. Dessa
maneira, é necessário examinar a capacidade de uma organização
de equilibrar os transportes de ida até um destino com o seu
retorno. Por exemplo, quando um veículo realiza uma entrega
para um destino e retorna vazio, os custos de combustível e
manutenção terão que ser atribuídos somente à movimentação
da entrega de ida. Nesse sentido, o ideal é conseguir uma
movimentação de ida e retorno equilibrada.

Um aspecto fundamental diz respeito as tarifas, que são os preços


estabelecidos para o transporte de mercadorias, com base em qualquer
número de fatores (distância, peso, medida, tipo de equipamento,
69

pacote, mercadoria etc.). Tarifas são o custo para mover algo do ponto
X para o ponto Y. Ao entrar em negociações contratuais com uma
transportadora, os profissionais de logística precisam estar preparados
com o tipo de informações específicas de taxa necessárias para tomar
boas decisões.

Independentemente do modo de transporte ou da transportadora


selecionada, os gestores de transporte devem entender o custo total
envolvido para garantir que a receita média gerada seja maior do
que o custo médio de transporte. Quatro tipos de custos devem ser
considerados antes de precificar ao transporte de produtos: os custos
fixos, variáveis, conjuntos e comuns.

• Custos fixos: os custos que não se alteram independentemente do


volume transportado e devem ser pagos mesmo que a empresa
não esteja operando. Por exemplo, veículos e instalações que uma
transportadora possui.

• Custos variáveis: os custos incorridos quando ocorre um


embarque, podem incluir custos para serviços subcontratados
ou adquiridos, além dos custos variáveis usuais (por exemplo,
combustível e manutenção) e são afetados pelo volume
embarcado. Os custos variáveis representam também o valor
mínimo a cobrar por um transporte.

Faria e Costa (2013) salientam que a classificação entre custos fixos e


variáveis depende da operação e da ocorrência do fato. A mão de obra
de um motorista é um exemplo, se o motorista tiver um rendimento
mensal, esse custo pode ser fixo, mas se ele for remunerado por
quilometragem ele passará a ser variável.

• Custos conjuntos: esses custos são compartilhados entre o


transportador e a transportadora. Bowersox, Closs e Cooper (2007)
citam o exemplo de custos conjuntos quando uma transportadora
decide levar um caminhão completo do ponto A ao ponto Y. Nesse
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tipo de situação há uma situação implícita de um custo conjunto


associado à viagem de retorno do ponto Y ao ponto X. Dessa
maneira, os custos conjuntos têm impactos significativos sobre
as tarifas de transportes porque as transportadoras considerarão
esse custo implícito na sua avaliação dos cálculos de tarifas.

• Custos comuns: são custos, por exemplo, para terminais, direitos


de passagem e despesas de gestão, incluem os custos da
transportadora incorridos em nome de todos os clientes e são
proporcionalmente alocados para todos os que utilizam o serviço.
Muitas vezes, podem ser alocados a um cliente de acordo com o
seu nível de atividade.

Essas informações informam aos gestores de transporte sobre as


restrições impostas às negociações de preços e ditam os limites de
preços para operar e determinar as tarifas, o que é essencial para
calcular um custo de transporte adequado.

5. Conclusão

Nesta Leitura Digital, procuramos aprofundar as características dos


custos dos transportes. Iniciamos com os fundamentos dos transportes
e o seu papel dentro do planejamento logístico, destacando os dois
principais serviços logísticos: a movimentação e o armazenamento.
Ressaltamos também sua importância para o desenvolvimento
econômico de um país. Abordamos os principais tipos de modais no
transporte, o hidroviário, ferroviário, rodoviário, aeroviário e o dutoviário
e sintetizamos as características de custo de cada um e, por fim,
discutimos a formação de preço no transporte.

A gestão dos transportes é um dos desafios mais relevantes para o


profissional contemporâneo da área de logística, seja pelo aumento da
complexidade das operações logísticas globalmente e principalmente
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por ser o principal elemento dentro da gestão dos custos logísticos. Para
que você tenha uma simples dimensão, segundo pesquisa da Fundação
Dom Cabral (FDC) (FDC, 2018), em 2017, o transporte, compreendendo
as movimentações de longa distância e a distribuição urbana de
mercadorias, responde por 63,5% do custo logístico total incorrido pelos
embarcadores de cargas no Brasil.

Por fim, esperamos que com esta Leitura Digital tenha possibilitado
a você um aprofundamento conceitual nessa temática e contribuído
na sua jornada de aprendizado sobre custos logísticos. Como sempre,
reforçando sua formação profissional e agregando mais conhecimento
para que você possa tomar melhores decisões logísticas, otimizando o
custo logístico total e aumentando a competitividade da organização que
você estiver atuando.

Referências
BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento,
Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B.; Gestão da Cadeia de Suprimentos e
Logística. Rio de Janeiro: Camus, 2007.
FARIA, A. C.; COSTA, M. F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2013.
FUNDAÇÃO DOM CABRAL (FDC). Custos Logísticos no Brasil. 2018. Disponível em:
https://www.fdc.org.br/conhecimento/publicacoes/relatorio-de-pesquisa-33324.
Acesso em: 1 set. 2021.
PITTMAN, P. H.; ATWATER, J. B. APICS Dictionary – Sixteenth Edition. Indiana
University Southeast, 2019.
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BONS ESTUDOS!

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