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OPERAÇÕES UNITÁRIAS

PARA TÉCNICOS EM
PETRÓLEO
OPERAÇÕES UNITÁRIAS PARA TÉCNICOS EM
PETRÓLEO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

SETOR DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

ORGANIZAÇÃO:
Alberto Tadeu Martins Cardoso
AUTORIA:
Diego Rafael Santos
Guilherme Vaz da Silva
João Augusto Cruz
Kimberly Pasqualin
COLABORAÇÃO:
Giselle Munhoz Alves
Guilherme Vaz da Silva
Isabel Romero Grova Wutkiewicz
REVISÃO E ATUALIZAÇÃO:
Alexandre Soloviev
André Henrique da Rocha Moreira
Andréia Tavares Espenchitt
Annelorie Mattar Knesebeck
Bruna Ricetti Margarida
Daniel Biacchi Pereira
Frederico Augusto Schmidlin
Gabriel Souza Bonaroski
Isadora Caroline Sebben
Lais Caroline Hatsumi Tamada
Leticia Gonçalves
Luis Felipe Mendes Bússola
Luiza Pivatto
Luana Izidio Flores
Mariana Marques da Cunha
Mateus Oltramari Toledo
Thales Schmitt Kovara
Yuri Farion

CURITIBA
2020

2
GLOSSÁRIO
𝜶𝑨𝑩 Volatilidade relativa
𝒙 Fração molar
 densidade
𝒙 Fração molar líquidos
viscosidade 𝒚 Fração molar gases
𝝂𝒊 Coeficiente estequiométrico da espécie química 𝑖 𝒀(𝑷/𝑨) Rendimento do produto desejado 𝑃
𝚫 Variação com relação ao reagente 𝐴
D diâmetro 𝒁 altura (cota)
𝒇𝒊 Fração de conversão da espécie química 𝑖
g aceleração da gravidade
g fase gasosa (gás)
𝑯 Entalpia
𝑯 head da bomba
𝑳 Calor latente de vaporização
𝒍 fase líquida (líquido)
𝒍𝒘 perda de carga
𝑴 𝒐𝒖 𝒎 Massa
𝒎̇ Vazão mássica
𝒏𝒊 número de mols da espécie química 𝑖
𝒏̇ 𝒊 Vazão molar da espécie química 𝑖
𝑷 Pressão
PV ou 𝑷𝒔𝒂𝒕 Pressão de vapor
𝑸 Calor
𝑸̇ vazão volumétrica
Re Númeo de Reynolds
s fase sólida (sólido)
𝑺(𝑷/𝑽) Seletividade do produto desejado 𝑃 com relação ao indesejado 𝑉
𝑻 Temperatura
𝑻𝑹 ponto triplo
𝒕 Tempo
𝒗 velocidade
V volume
𝒘 Fração mássica
𝑾 Trabalho

3
SUMÁRIO
AULA 1: Introdução às operações unitárias................................................................................................5

AULAS 2 e 3: Balanço de massa......................................................................................................................12

AULA 4: Sistemas de reatores.........................................................................................................................18

AULA 5: Fluidos.....................................................................................................................................................26

AULA 6: Balanço de energia em tubulações e bombas.........................................................................32

AULA 7: Noções de termodinâmica..............................................................................................................39

AULA 8: Troca térmica.......................................................................................................................................49

AULA 9: Operações com sólidos.....................................................................................................................60

AULA 10: Separação de sólidos de líquidos/gases................................................................................66

AULA 11: Separação gás/gás e líquido/líquido.......................................................................................74

AULA 12: Destilação simples...........................................................................................................................83

AULA 13: Destilação fracionada.....................................................................................................................89

4
AULA 1
INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES UNITÁRIAS

INTRODUÇÃO química nas substâncias envolvidas, até que se atinja a


qualidade do produto final.
Nesta aula você aprenderá o que são os Os processos industriais são representados em
processos industriais e as operações unitárias, será esquemas chamados fluxogramas de processo. Nestes
apresentado aos fluxogramas de processo e conhecerá a esquemas, cada operação unitária é representada por
diferença entre operação em processo contínuo e um desenho simplificado do equipamento que a realiza,
descontínuo. Na segunda parte da aula, será abordada a tornando fácil a sua identificação.
conversão de base mássica para molar, sendo definidos Um exemplo de processo muito importante para
os conceitos de fração mássica e molar e também sua profissão é o refino de petróleo. Este processo
teremos uma revisão sobre conversão de unidades ocorre em unidades chamadas refinarias, que são
simples e compostas. plantas muito grandes onde o petróleo bruto é
convertido em uma grande quantidade de produtos:
O QUE SÃO AS OPERAÇÕES UNITÁRIAS? GLP, gasolina, diesel, querosene, nafta, gasóleo,
lubrificantes, asfalto e ainda outros. Muitas operações
Neste curso estudaremos as operações unitárias unitárias estão envolvidas nesta transformação, das
que compõe os processos industriais, portanto, quais as principais são: dessalinização (isto é, remoção da
precisamos primeiro saber o que são os processos água e de sais), aquecimento e destilação. Muitas
industriais e as operações unitárias. reações também são conduzidas nesta indústria, como o
Basicamente, um processo é um encadeamento craqueamento catalítico e o hidrotratamento. Você
de operações que serve para transformar uma estudará estas operações e reações a fundo mais para
determinada matéria-prima, que é a base do processo frente em seu curso. Na Figura 1.1 você pode ver um
produtivo, em um produto, que tem maior valor fluxograma da destilação de petróleo (destilação em três
agregado do que a matéria-prima inicial, e que será estágios); note como os fornos e destiladoras são
utilizado em outro processo ou consumido diretamente representados e que as correntes de processo são
por nós. Um processo industrial ocorre em uma planta representadas por retas que interligam os
industrial (fábrica, indústria) e as operações de equipamentos. Fisicamente, estas retas são as
modificação das matérias-primas são realizadas em uma tubulações por onde os fluídos são movimentados.
grande gama de equipamentos.
Neste momento você deve ter uma visão
abstrata de um processo. Vamos tentar tornar as coisas
mais claras. Por exemplo, se você já fez um suco de
laranja em sua casa, você já realizou um processo.
Primeiro, porque nesta atividade você transformou uma
matéria-prima, a laranja, em um produto, o suco, que
será consumido por você. Segundo, porque para chegar
ao seu objetivo você teve que passar por várias
operações: catar as laranjas, verificar se estavam boas,
lavá-las, cortá-las, espremê-las, diluir o suco adicionando
água e adoçar. O suco de laranja também é produzido
industrialmente, porém em escala muito maior, com as Figura 1.1 - Fluxograma da destilação de petróleo. VAZ, G.
operações sendo feitas por equipamentos e com a
adição de algumas outras etapas. Processo Descontínuo, Semibatelada e
Cada uma destas etapas isoladamente é
Contínuo
chamada de uma OPERAÇÃO UNITÁRIA. Todos os
Um processo descontínuo ou em batelada é
processos industriais são feitos de operações unitárias e
usado para processar uma dada quantidade de material
reações, encadeadas entre si, cada uma delas
a cada vez que é operado. Inicialmente o material a ser
respondendo por uma dada transformação física ou

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AULA 1
INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES UNITÁRIAS

processado é alimentado ao sistema. Depois que o


processamento do material se completou, os produtos 𝑚
𝑤 =
são removidos. Processos em batelada são usados em 𝑚
pequenas industriais ou para processar, por exemplo,
produtos de química fina, produtos sazonais ou por Exemplo 1. Uma solução contém as espécies A e B, sendo
encomenda, pois o processo permite um maior controle 462 g de A e 750 g de B. Qual a composição mássica desta
de qualidade e permite que a industria produza uma solução?
maior variedade de produtos.
Um exemplo de equipamento com operação em 𝑚 462 𝑔 𝑔 𝑑𝑒 𝐴
𝑤 = = = 0,381
batelada são alguns tipos de moinhos (equipamentos 𝑚 462 𝑔 + 750 𝑔 𝑔 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜
que moem partículas sólidas transformando, por
exemplo, pedras britas em pó). Neles, a carga de sólidos 𝑚 750 𝑔 𝑔 𝑑𝑒 𝐴
𝑤 = = = 0,619
é alimentada e o equipamento é fechado e ligado. 𝑚 462 𝑔 + 750 𝑔 𝑔 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜
Esperam-se alguns minutos e só então abre-se o
equipamento retirando os sólidos moídos. A solução é composta por 38,1% de A e 61,9% de
Nos processos em semibatelada o material é B, em base mássica.
inserido continuamente na planta, porém não sai. O
produto é retirado apenas ao término do processo. Um  Fração molar (𝒙𝒊 ):
exemplo deste tipo de processo é aquele em que uma Considerando uma espécie 𝑖 em uma solução
massa de líquido é alimentada em um reator e gás é com mais de uma componente, a fração molar de 𝑖 nesta
borbulhado durante certo tempo através do líquido. Ao solução é definida como:
final, a passagem de gás é interrompida e o líquido
retirado do reator. 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝒊
𝑥 =
Nos processos contínuos o material entra e sai 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝑑𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜
do sistema sem interrupção. Processos contínuos são
economicamente vantajosos principalmente em 𝑛
𝑥 =
unidades de grande escala. Isto ocorre devido a maior 𝑛
produtividade do equipamento que opera
continuamente e do consequente menor preço unitário Exemplo 2. Uma solução contém as espécies A, B e C,
do produto. sendo 1 mol de A, 5 mol de B e 3 mol de C. Qual a
As destiladoras que processam petróleo operam composição molar desta solução?
continuamente: petróleo é alimentado continua e
permanente no equipamento ao mesmo tempo em que 𝑛 1 𝑚𝑜𝑙
𝑥 = =
os derivados são retirados da unidade. 𝑛 1 𝑚𝑜𝑙 + 5 𝑚𝑜𝑙 + 3 𝑚𝑜𝑙

𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐴
CONVERSÃO DE FRAÇÃO MÁSSICA 𝑥 = 0,111
𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜
PARA MOLAR
5 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐵
Definições 𝑥 = = 0,556
1 𝑚𝑜𝑙 + 5 𝑚𝑜𝑙 + 3 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜
 Fração mássica (𝑤 ):
Considerando uma espécie 𝑖 em uma solução 3 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐶
com mais de uma componente, a fração mássica de 𝑖 𝑥 = = 0,333
1 𝑚𝑜𝑙 + 5 𝑚𝑜𝑙 + 3 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜
nesta solução é definida como:
A solução é composta por 11,1% de A, 55,6% de
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝒊 B e 33,3% de C, em base molar.
𝑤 =
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜

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AULA 1
INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES UNITÁRIAS

Conversão de fração mássica para molar Tabela 1.2 - Composição da solução do Exemplo 3.
Tendo a fração mássica de uma solução, é Número de Fração
Espécies Massa (g)
possível descobrir sua composição molar. Para isso, mols (mol) molar
serão necessárias duas informações: a massa molar de A 20 0,40 0,111
cada uma das espécies (ou seja, a massa equivalente a B 30 0,75 0,208
um mol da espécie) e definir uma base de cálculo (em C 45 2,25 0,625
massa, neste caso). D 5 0,20 0,056
A base de cálculo nada mais do que uma Total 100 3,60 1,000
amostra da solução em estudo, podendo ser de qualquer
tamanho.
O processo de conversão de fração mássica para Conversão de fração molar para mássica
fração molar é mostrado no Exemplo 3. A conversão de fração molar para fração mássica
segue um procedimento semelhante. Porém, para este
Exemplo 3. Uma solução tem a sua composição descrita caso, a base de cálculo será em número de mols.
na Tabela 1.1. Calcule sua composição molar. O processo de conversão de fração molar para
fração mássica é mostrado no Exemplo 4.
Tabela 1.1 – Dados do Exemplo 3.
Massa molar Exemplo 4. Uma solução tem a sua composição descrita
Espécies Fração mássica
(g/mol) na Tabela 1.3. Calcule sua composição mássica.
A 0,20 50
B 0,30 40 Tabela 1.3 - Dados do Exemplo 4.
C 0,45 20 Massa molar
Espécies Fração molar
D 0,05 25 (g/mol)
Total 1,00 A 0,05 60
B 0,50 35
 Base de cálculo: 𝑚 = 100 𝑔 C 0,30 42
D 0,15 24
 Massa de cada componente: Total 1,00
𝑚
𝑤 = → 𝑚 = 𝑤 .𝑚
𝑚  Base de cálculo: 𝑛 = 100 𝑚𝑜𝑙
Para A:  Número de mols:
𝑚 = 0,20.100 𝑔 = 20 𝑔 𝑛
𝑥 = → 𝑛 = 𝑥 .𝑛
𝑛
 Número de mols: Para A:
𝑚 𝑤𝑚 𝑛 = 0,05.100 𝑚𝑜𝑙 = 5 𝑚𝑜𝑙
𝑛 = =
𝑀𝑀 𝑀𝑀
Para A:  Massa de cada componente:
20 𝑔
𝑛 = = 0,40 𝑚𝑜𝑙 𝑚
50 𝑔⁄𝑚𝑜𝑙 𝑤 = → 𝑚 = 𝑤 .𝑚
𝑚
 Fração molar de cada componente: Para A:
𝑛 𝑚 = 5 𝑚𝑜𝑙. 60 𝑔⁄𝑚𝑜𝑙 = 300 𝑔
𝑥 =
𝑛
Para A:
0,40 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐴  Fração mássica de cada componente:
𝑥 = = 0,111
3,60 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 𝑚
𝑤 =
𝑚

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AULA 1
INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES UNITÁRIAS

Para A:
300 𝑔 𝑔 𝑑𝑒 𝐴
𝑤 = = 0,082
3670 𝑔 𝑔 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜

Tabela 1.4 - Composição da solução do Exemplo 4.


Tabela 1.5 - Unidades básicas e derivadas no SI.
Número de Fração Unidades Básicas
Espécies Massa (g)
mols (mol) mássica
Quantidade Unidade Símbolo Definição
A 5 300 0,082 da
B 50 1750 0,477 Unidade
C 30 1260 0,343 Comprimento metro m
D 15 360 0,098 Massa quilograma kg
Total 100 3670 1,000 Tempo segundo s
Temperatura kelvin K
Quantidade
mol mol
CONVERSÃO DE UNIDADES SIMPLES E de matéria
COMPOSTAS Unidades Derivadas
Energia joule J kg.m².s-2
Antes de iniciarmos o curso de operações Força newton N kg.m.s-2
unitárias, é importante que não haja dificuldades ou Potência watt W kg.m².s-3
Densidade quilograma
dúvidas sobre a conversão de unidades, tanto simples
por metro kg.m-3
quanto compostas. Vamos revisá-las? cúbico
Unidades servem para expressar dimensões. O Velocidade metro por
metro, por exemplo, é uma unidade simples de m.s-1
segundo
comprimento no sistema internacional de medidas (SI), Aceleração metro por
mas há várias unidades possíveis para que possamos segundo ao m.s-2
expressar esse mesmo comprimento. quadrado
Pressão pascal Pa N.m-2
A seguir, temos uma tabela com as principais
Capacidade joule por
medidas e unidades no sistema internacional: Calorífica (quilograma J.kg-1.K-1
kelvin)

Porém, o sistema internacional não é universal,


ou seja, há outras tabelas de medidas que podem ser
usadas em outros países e localidades. Para não gerar
confusão, é importante saber converter essas unidades.
A tabela a seguir, nos mostra os fatores de
conversão para realizar estas conversões:

8
AULA 1
INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES UNITÁRIAS

Tabela 1.6 - Fatores de conversão.


Grandeza Valores Equivalentes Tabela 1.7 - Dados do Exemplo 5.
1 kg = 1000 g = 0,001 tonelada TUBULAÇÃO COMPRIMENTO (m)
métrica = 2,20462 lbm = 35,27392 oz A 6,2
Massa
1 lbm = 16 oz = 5*10-4 t = 453,593 g = B 7,5
0,453593 kg C 8,6
1 m = 100 cm = 1000 nm = 106 mícrons D 1,4
(𝜇m) = 1010 angstroms (Å)
1m = 39,37 in = 3,2808 ft = 1,0936 yd
Comprimento SOLUÇÃO
= 0,0006214 milha
Vamos começar fazendo a conversão para ft. Da
1 ft = 12 in = 1/3 yd = 0,3048 m =
30,48 cm tabela 2, sabemos que 1m equivale a 3,2808 ft. Portanto,
1 m³ = 1000 L = 106 cm³ = 106 mL para a tubulação A:
1 m³ = 35,3145 ft³ = 220,83 galões
Volume imperiais = 264,17 gal = 1056,68 qt 3,28 𝑓𝑡
1 ft³ = 1728 in³ = 7,4805 gal = 6,2 𝑚 . = 20,34 𝑓𝑡
1𝑚
0,028317 m³ = 28,317 L = 28317 cm ³
1 N = 1kg.m/s² = 105 dinas = 105 Observe a posição das unidades e como elas
g.cm/s² =0,22481 lbf foram eliminadas para facilitar a conversão.
Força
1 lbf = 32,174 lbm.ft/s² = 4,4482 N =
Para transformar a unidade da tubulação A em
4,4482*105 dinas
1 atm = 1,01325*105 N/m² (Pa) = polegada, fazemos a mesma coisa, considerando que 1m
101,325 kPa = 1,01325 bar = seja equivalente a 39,37”:
1,01325*106 dinas/cm²
Pressão 1 atm = 760 mmHg a 0°C (torr) = 39,37"
10,333 m H2O a 4°C = 14,696 lbf/in² 6,2 𝑚 . = 244,09"
1𝑚
(psia) = 33,9 ft H2O a 4°C
1 atm = 29,921 in Hg a 0°C Note que, se a conversão de metro para feet
1 J = 1 N.m = 107 ergs = 107 dina.cm = estiver correta, a conversão de feet para polegada dará
Energia 2,778*10-7 kW.h=0,23901 cal =
o mesmo resultado acima (com diferenças de
0,7376 ft-lbf = 9,486*10-4 Btu
1 W = 1 J/s = 0,23901 cal/s = 0,7376 arredondamento, apenas.). Pela nossa tabela, sabemos
Potência ft.lbf/s = 9,486*10-4 Btu/s = 1,341*10- que 3,28 ft equivale a 39,37” , logo:
3
hp 39,37 "
20,34 𝑓𝑡 . = 244,14"
3,28 𝑓𝑡
Exemplo 5. Seu projeto de tubulações para uma indústria
de produtos de limpeza foi escolhido para ser usado em Para verificar seu entendimento, preencha a
outros países, onde não se usa o sistema Internacional tabela abaixo com todas as respostas:
de medidas. Para não causar confusão na construção da
indústria, você deve converter as medidas em metro da Tabela 1.8 - Composição da solução do Exemplo 5.

tubulação para pé (feet-ft) e polegadas (inch-in). Dadas METROS (m) FEET (ft) POLEGADAS (“)
A 6,2 20,34 244,09
as medidas das suas tubulações, faça as devidas
B 7,5
conversões:
C 8,6
D 1,4

9
AULA 1
INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES UNITÁRIAS

2. Uma operação unitária é uma etapa isolada de


Algumas dimensões são expressas de forma transformação física de uma matéria-prima em um
composta, por exemplo, a velocidade do seu veículo. Se produto num processo. Sendo assim, quais
operações unitárias que você empregaria para lavar
você está em um automóvel na BR 101 a caminho da
a roupa? A etapa de lavagem é contínua ou
praia a uma velocidade de 110 Km/h, e como descontínua? Justifique.
passatempo resolve converter essa velocidade para
metros por minuto, como procederia? 3. Cite algumas vantagens de processos contínuos e de
Neste problema temos duas unidades para processos em batelada.
analisar: o quilômetro (km) como unidade de
comprimento e a hora (h) como unidade de tempo. De 4. Liste os passos necessários para converter fração
mássica em fração molar, sem saber o valor total em
acordo com as tabelas e nossos conhecimentos,
massa.l.
sabemos que 1 Km equivale a 1000m e 1h tem 60
minutos, portanto: 5. Converta as unidades:
a. 2” em cm
110 𝐾𝑚 1ℎ 1000𝑚 b. 5 km² em m²
. . = 1833,3 𝑚/𝑚𝑖𝑛 c. 69 L em m³
1ℎ 60 𝑚𝑖𝑛 1𝐾𝑚
d. 608 libras em toneladas
Vamos ver outro exemplo? e. 1510 atm em mmHg
Em uma visita técnica, você recebe a informação f. 0,5 dina em N
g. 60 HP em kW
de que a vazão de tinta em um tanque é de 0,35 ft³/s , e
para compreender melhor essa grandeza, resolve 6. Quantos mols de propano e de butano estão
transformar essa unidade para L/min. Pela tabela, presentes em 500 mols de gás de cozinha (GLP) com
sabemos que 1000 L equivale a 35,3145 ft³ e pelo nosso frações de composições molares de 0,4 de propano
conhecimento de mundo sabemos que 1 minuto tem 60 e 0,6 de butano?
segundos. Logo:
7. Uma mistura tem composição mássica de 16% de
O2, 4% de CO, 17% de CO2 e 63% de N2. Qual é a
0,35 𝑓𝑡³ 1000 𝐿 60 𝑠 composição molar da mistura?
. . = 594,66 𝐿/𝑚𝑖𝑛
1𝑠 35,3145 𝑓𝑡³ 1 𝑚𝑖𝑛
8. A corrente de saída de um forno possui uma
E quanto isso seria no sistema internacional? concentração mássica de 25% de O2, 50% de N2,
15% de H2O e o restante de CO2. Qual a fração molar
594,66 𝐿 1 𝑚³ 1 𝑚𝑖𝑛 de CO2?
. . = 0,0099 𝑚³/𝑠
1 𝑚𝑖𝑛 1000 𝐿 60 𝑠

Que em notação científica é o mesmo que 9,9.10-3 m³/s. GABARITO

1. R: Um processo industrial é um conjunto de


EXERCÍCIOS operações unitárias interligadas entre si a fim de
transformar uma matéria-prima em um produto de
1. Releia os parágrafos sobre processos e, com suas interesse a ser consumido.
palavras, conceitue um processo industrial.

10
AULA 1
INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES UNITÁRIAS

2. R: Separação por cor ou por tipo de roupa, lavagem


e secagem. Um processo contínuo possuí entradas
e saídas contínuas e proporcionais durante sua
execução e um processo descontínuo ou em
batelada não possuí entradas ou saídas durante a
sua execução, pois é executada com o acúmulo dos
componentes, pe desta forma que ocorre o
processo de lavagem ocorre o carregamento das
roupas e depois a retirada.

3. R: Processos contínuos geram produtos para suprir


grandes demandas e podem trabalhar sem parar.
Processos em bateladas são melhores para
pequenas empresas ou produtos com poucas
demandas, além de permitir maior controle de
qualidade.

4. R: Escolher uma base de cálculo na unidade que


possuímos a fração, neste caso em massa (g ou Kg)
Utilizar as frações que você já tem para encontrar os
mássicos de cada componente. Usar a massa molar
para converter de massa para mol . Somar os novos
montantes para achar o novo total e fazer as
proporções fracionadas para a fração em mol.

5. a) R: 5,08 cm
b) R: 5.106 m²
c) R: 0,069 m3
d) R: 0,276 t
e) R: 1,148.106 mmHg
f) R: 5.10-6 N
g) R: 44,74 kW

6. R: 200 mols de propano e 300 mols de butano.

7. R: 15% de O2, 4% de CO, 12% de CO2 e 69% de N2.

8. R: 0,06 ou 6%

11
AULAS 2 e 3
BALANÇO DE MASSA

INTRODUÇÃO Em sistemas contínuos a massa alimentada


Processos industriais são compostos por uma durante um determinado intervalo de tempo é igual à
sequência de operações unitárias, cada uma delas massa que sai, adicionada à massa acumulada. Um
correspondendo a uma determinada transformação esquema de sistema aberto pode ser analisado na Figura
física ou química da matéria prima. Em processos é 2.2.
necessário saber exatamente as quantidades e
composições de entrada e saída de cada equipamento e
corrente em um processo, para tanto, são feitos balanços
de massa. Mas, o que é um balanço de massa?
Balanço material é a aplicação direta da Lei de
Conservação de massa: “Na natureza nada se cria, nada
se perde tudo se transforma”. Os balanços são à base de
projeto de plantas industriais e, a partir disso,
quantidades de matéria prima e de produtos formados Figura 2.2 - Conservação da massa para sistemas contínuos.
podem ser determinados. PASQUALIN, K.

Nesta aula serão explorados conceitos Ao equacionar os fluxos do sistema aberto tem-
fundamentais do balanço de massa e a sua aplicação em se a equação da conservação da massa:
diferentes unidades.
𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎 = 𝐴𝑐ú𝑚𝑢𝑙𝑜 + 𝑆𝑎𝑖

BALANÇO DE MASSA O acúmulo é a variação da massa com o tempo:

O balanço de massa em equipamentos e Δ𝑀


𝐴𝑐ú𝑚𝑢𝑙𝑜 =
unidades de processo está baseado no princípio da Δ𝑡
conservação da massa, que se apoia nas experiências de
Lavoisier. Tais experiências demonstraram que as Reescrevendo a equação da conservação da
transformações químicas e físicas não afetam a massa massa em função das vazões de entrada e saída temos:
total envolvida, ou seja, a soma das massas antes de uma Δ𝑀
operação unitária (envolvendo reações ou não) é 𝑚̇ − 𝑚̇ =
Δ𝑡
exatamente a mesmo que a soma das massas no final do
processo. Portanto, balanço de massa é, simplesmente, No regime permanente (estado estacionário)
uma contabilidade dos fluxos e alterações do sistema. nenhuma grandeza, do sistema analisado, varia com o
Podemos aplicar esse conceito nos processos em tempo e, portanto, o acúmulo é igual à zero.
regime batelada e contínuo/permanente. Nos processos No regime transiente há a variação de alguma
em batelada, a massa total permanece constante grandeza, assim, o acúmulo é diferente de zero.
durante todo o processo (com reação química ou não) –
Figura 2.1. Exemplo 1. Dado o sistema, determine a vazão da
corrente C e fração da corrente B e C.

Figura 2.1 - Conservação da massa para sistemas em batelada.


PASQUALIN, K. Figura 2.3 - Esquema referente ao Exemplo 1. PASQUALIN, K.

12
AULAS 2 e 3
BALANÇO DE MASSA

Fazendo o balanço de massa no ponto de 𝑛̇ = 𝑛̇ çã − 𝑛̇ − 𝑛̇


bifurcação das correntes:
Δ𝑀 𝑛̇ = 120 𝑚𝑜𝑙⁄ℎ − 40 𝑚𝑜𝑙⁄ℎ − 30 𝑚𝑜𝑙 ⁄ℎ
𝑚̇ − 𝑚̇ =
Δ𝑡
𝑛̇ = 50 𝑚𝑜𝑙⁄ℎ
Como não há acúmulo de material (tubulações)
à equação da conservação da massa se reduz à: Pela definição de fração molar tem-se:
𝑚̇ = 𝑚̇
𝑛̇ 50 𝑚𝑜𝑙 ⁄ℎ
𝑚̇ = 𝑚̇ + 𝑚̇ 𝑥 = = = 0,417
𝑛̇ + 𝑛̇ + 𝑛̇ 120 𝑚𝑜𝑙 ⁄ℎ
𝑚̇ = 𝑚̇ − 𝑚̇ = 100 𝑘𝑔⁄ℎ − 45 𝑘𝑔⁄ℎ 𝑛̇ 30 𝑚𝑜𝑙 ⁄ℎ
𝑥 = = = 0,250
𝑚̇ = 55 𝑘𝑔⁄ℎ 𝑛̇ + 𝑛̇ + 𝑛̇ 120 𝑚𝑜𝑙 ⁄ℎ

Como o sistema descreve apenas uma 𝑛̇ 40 𝑚𝑜𝑙⁄ℎ


𝑥 = = = 0,333
bifurcação de uma corrente, a composição da corrente A 𝑛̇ + 𝑛̇ + 𝑛̇ 120 𝑚𝑜𝑙⁄ℎ
é a mesma da corrente B e C. Assim,
Exemplo 3. Durante um processo industrial, benzeno e
𝑤 = 𝑤 = 𝑤 = 0,30 tolueno devem ser separados. Em uma destiladora,
alimenta-se 2000 kg/h de uma mistura contendo 45% em
Exemplo 2. Para um determinado processo industrial, é massa de benzeno. Na corrente de topo obtém-se
necessária uma solução de nitrogênio, oxigênio e benzeno na concentração de 95%. De todo benzeno
metano. Esta solução deve ser preparada a partir da alimentado, 8% é destinado a corrente de fundo.
junção de três correntes em um tanque de mistura. Para Determine a vazão e a composição de todas as correntes
o preparo de 120 mol/h dessa solução, a vazão das envolvidas no processo.
correntes de entrada é 30 mol/h de N2 e 40 mol/h de
CH4. Calcule a vazão da corrente de oxigênio e a Temos o esquema do sistema:
composição molar de cada substância dessa mistura.

Antes de qualquer coisa, é necessário fazer um


esquema do processo estudado:

Figura 2.4 - Esquema referente ao Exemplo 2. PASQUALIN, K. Figura 2.5 - Esquema referente ao Exemplo 3. PASQUALIN, K.

Como não há acúmulo, nem reação química, a Primeiramente, é preciso calcular a vazão
soma das vazões molares de entrada é igual à vazão de mássica de cada composto na alimentação a partir da
saída do tanque de mistura. Portanto: definição de fração mássica:
𝑛̇ + 𝑛̇ + 𝑛̇ = 𝑛̇ çã

𝑚̇ =𝑤 . 𝑚̇ = 0,45 . 2000 𝑘𝑔⁄ℎ


É possível calcular a vazão de oxigênio a partir da
vazão de nitrogênio, de metano e da solução.

13
AULAS 2 e 3
BALANÇO DE MASSA

𝑚̇ = 900 𝑘𝑔⁄ℎ 𝑚̇ = 𝑚̇ + 𝑚̇ = 1128,4 𝑘𝑔⁄ℎ

𝑚̇ =𝑤 . 𝑚̇ = 0,55 . 2000 𝑘𝑔⁄ℎ E a composição da corrente de fundo é:

𝑚̇ = 1100 𝑘𝑔⁄ℎ 𝑤 = 0,936

Sabendo que 8% de todo o benzeno alimentado 𝑤 = 0,064


irá para a corrente de fundo:

𝑚̇ = 0,08 . 𝑚̇ = 0,08 . 900 𝑘𝑔⁄ℎ BALANÇO DE MASSA COM REAÇÃO


QUÍMICA
𝑚̇ = 72 𝑘𝑔⁄ℎ
Da mesma forma que para o balanço de massa
Pela conservação da massa (de benzeno):
sem reação, a soma das massas de entrada e de saída do
sistema com o acúmulo será sempre constante. Porém,
𝑚̇ = 𝑚̇ + 𝑚̇
nesse caso, o balanço deverá ser feito em BASE MOLAR,
pois existe a dependência de uma reação e de seus
𝑚̇ = 𝑚̇ − 𝑚̇
coeficientes estequiométricos para determinar quanto
dos componentes serão consumidos e gerados. Contudo,
𝑚̇ = 900 𝑘𝑔⁄ℎ − 72 𝑘𝑔⁄ℎ
é importante frisar que embora a soma das massas de
entrada e saída com o acúmulo permaneça constante,
𝑚̇ = 828 𝑘𝑔⁄ℎ
não existe conservação no número de mols. Podendo
95% da corrente de topo é constituída de haver variação desse parâmetro a depender da reação
benzeno e o restante (5%) de tolueno. Portanto, a vazão que se processa. Para cada componente, tem-se:
de tolueno presente no topo pode ser calculada da
Δ𝑁
seguinte maneira: 𝑛̇ + 𝑛̇ − 𝑛̇ = + 𝑛̇
Δ𝑡
0,95 do topo → 828 kg/h de benzeno
Para facilitar sua compreensão a equação será
0,05 do topo → 𝑚̇ kg/h de tolueno invertida:
Realizando o cálculo da regra de três, tem-se: Δ𝑁
𝑛̇ − 𝑛̇ + = 𝑛̇ − 𝑛̇
Δ𝑡
𝑚̇ = 43,6 𝑘𝑔⁄ℎ
Exemplo 4. Numa fábrica, a queima de carvão em uma
Pela conservação da massa (de tolueno): caldeira pode ser representada pela seguinte equação
química:
𝑚̇ = 𝑚̇ + 𝑚̇
𝐶( ) + 𝑂 ( ) → 𝐶𝑂 ( )
𝑚̇ = 𝑚̇ − 𝑚̇
Calcule a massa de 𝐶𝑂 gerada em um dia,
𝑚̇ = 1100 𝑘𝑔⁄ℎ − 43,6 𝑘𝑔⁄ℎ sabendo que são alimentados a essa caldeira 150 kg/h de
carvão e considerando que todo o carvão reage e que o
𝑚̇ = 1056,4 𝑘𝑔⁄ℎ oxigênio é alimentado estequiometricamente. Considere
também que a caldeira funciona 24h por dia.
Sabendo que:
O esquema para a operação é o seguinte:
𝑚̇ = 𝑚̇ + 𝑚̇ = 871,6 𝑘𝑔⁄ℎ

14
AULAS 2 e 3
BALANÇO DE MASSA

Para o CO2: não tem entrada de CO2, pela estequimetria


(1:1) sabe-se que formou 12,5 Kmol/h e não houve
consumo de CO2 na reação, portanto:

𝑛̇ − 0 = 12,5 − 0
Figura 2.6 – Esquema referente ao Exemplo 4. PEREIRA, D. 𝑛̇ = 12,5 𝐾𝑚𝑜𝑙/ℎ
Primeiramente, como há uma reação, devemos Com isso, é possível montar uma tabela para
transformar a massa de carvão formada para base molar. facilitar o raciocínio e, de acordo com a estequiometria
da reação, podemos preenchê-la:
𝑚̇
𝑛̇ =
𝑀𝑀 Tabela 2.1 - Composição da solução do Exemplo 4.
𝒏̇ 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂 𝒏̇ 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒖𝒎𝒊𝒅𝒐 𝒏̇ 𝒈𝒆𝒓𝒂𝒅𝒐 𝒏̇ 𝒔𝒂𝒊
Sabendo que a massa molar do carbono é 12 (Kmol/h) (Kmol/h) (Kmol/h) (Kmol/h)
g/mol, e que do enunciado do exercício a vazão mássica C 12,5 12,5 0 0
do carbono é de 150 kg/h: O2 12,5 12,5 0 0
CO2 0 0 12,5 12,5
𝑘𝑔
150
ℎ = 12,5 𝑘𝑚𝑜𝑙
𝑛̇ =
𝑘𝑔 Conclui-se, então, que serão formados na

12 caldeira 12,5 kmol/h de 𝐶𝑂 . Entretanto, o problema
𝑘𝑚𝑜𝑙
pede a quantidade mássica diária. Sabendo que a massa
Como não há acúmulo no sistema, podemos molar do 𝐶𝑂 é 44 g/mol, convertemos:
escrever:
𝑘𝑚𝑜𝑙 44𝑘𝑔 24ℎ 𝑘𝑔
𝑛̇ − 𝑛̇ = 𝑛̇ − 𝑛̇ 12,5 ∗ ∗ = 13200
ℎ 𝑘𝑚𝑜𝑙 1 𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑖𝑎

Para o carbono: entra = 12,5 Kmol/h, não tem carbono Como visto o balanço molar não fechou, já que a
gerado nesta reação e todo carbono alimentado na caldeira foi alimentada com 25 kmol/h de reagentes
caldeira foi consumido (não sobre carbono sem reagir), (12,5 kmol/h de cada um deles) e na saída foi obtido 12,5
portanto: kmol/h de produto. Mas vamos conferir agora o que
ocorre com a massa total do sistema. Para a entrada,
𝑛̇ − 12,5 = 0 − 12,5 temos:

𝑛̇ = 12,5 − 12,5 = 0 𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑘𝑔


𝑚̇ = 𝑛̇ ∗ 𝑀𝑀 = 12,5 ∗ 12
ℎ 𝑘𝑚𝑜𝑙
Para o Oxigênio: Entra 12,5 Kmol/h de O2 pois a
alimentação é estequimétrica (segundo o enunciado da 𝑘𝑔
𝑚̇ = 150
questão), não tem carbono gerado nesta reação e todo ℎ
carbono alimentado na caldeira foi consumido (não
sobra carbono sem reagir), portanto: 𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑘𝑔
𝑚̇ = 𝑛̇ ∗ 𝑀𝑀 = 12,5 ∗ 32
ℎ 𝑘𝑚𝑜𝑙
𝑛̇ − 12,5 = 0 − 12,5
𝑘𝑔
𝑚̇ = 400
𝑛̇ = 12,5 − 12,5 = 0 ℎ

Observe que o raciocínio foi o mesmo para os Então:


dois reagentes. Agora veremos o produto formado.

15
AULAS 2 e 3
BALANÇO DE MASSA

𝑘𝑔 𝑘𝑔 de NaOH e vazão de 50 kg/h; e B, com 70% em massa


𝑚̇ = 𝑚̇ + 𝑚̇ = 150 + 400 de NaOH e vazão de 100 kg/h? Obs.: antes de iniciar
ℎ ℎ
o exercício, represente através de um desenho o
𝑘𝑔 sistema e todas as correntes de interesse.
𝑚̇ = 550

4. Durante um processo industrial, butano e
E na saída da caldeira: isopentano devem ser separados através da
utilização de uma destiladora (ver equipamento no
𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑘𝑔
𝑚̇ = 𝑛̇ ∗ 𝑀𝑀 = 12,5 ∗ 44 exemplo 3 pág 12). Alimenta-se 1500 kg/h de uma
ℎ 𝑘𝑚𝑜𝑙 mistura contendo 25% em massa de butano. Na
𝑘𝑔 corrente de topo obtém-se butano na concentração
𝑚̇ = 550 de 80%. De todo butano alimentado, 15% é

destinado a corrente de fundo. Determine a vazão
𝑘𝑔 mássica e a composição de todas as correntes
𝑚̇ = 550 envolvidas no processo.

𝑘𝑔 5. Uma coluna de destilação é alimentada com 50
𝑚̇ = 𝑚̇ = 550
ℎ kmol/h de uma solução contendo 15% molar de
álcool isopropílico e o resto de água. A concentração
Como vemos, a massa total que entra no sistema
do álcool no topo será de 89% (molar) e 96% do
é igual à massa total que sai do sistema, comprovando
álcool alimentado é destinado ao topo. Desenvolva o
que a massa total, de fato, nunca será gerada e nem
balanço de massa para o sistema.
consumida.
6. Etanol é queimado em um motor automotivo a
combustão, seguindo a seguinte equação:
EXERCÍCIOS
1. O balanço de massa está baseado em qual 𝐶 𝐻 𝑂𝐻 + 3𝑂 → 2𝐶𝑂 + 3𝐻 𝑂
princípio? Explique como esse princípio é
desenvolvido. Determine a quantidade mássica de 𝐶𝑂 formado
quando é consumido 1 kg de etanol.
2. Determine a vazão e a composição (fração molar de
cada composto) na corrente C, resultante da mistura 7. A saída de um reator resulta em uma mistura de
de A e B (não ocorre reação química). gases contendo amônia, nitrogênio e hidrogênio. A
partir de análises químicas sabe-se que a corrente
de saída do reator contém 15 kmol/h de amônia
(NH3), 3 kmol/h de nitrogênio (N2) e a fração molar
de hidrogênio nesta corrente é 0,218. Determine a
vazão total e a vazão de hidrogênio na saída do
reator.

8. A gasolina, muito utilizada como combustível


Figura 2.6 - Esquema referente ao Exercício 3.
automotivo, é um dos principais produtos derivados
do petróleo. É composta, por hidrocarbonetos,
sendo o octano o principal deles. Sabe-se que um
3. Qual a vazão e a composição da corrente de saída de
automóvel que utiliza como combustível a gasolina
um tanque de mistura, dada uma alimentação
percorre, em média, 11 km/L de combustível. Sabe-
composta de duas correntes: A, com 15% em massa

16
AULAS 2 e 3
BALANÇO DE MASSA

se também que seu dono utiliza esse automóvel para


trabalhar todos os dias, percorrendo uma distância
média de 20 km por dia, durante 5 dias na semana,
sendo o uso do veículo restrito a isso. Considerando
que um mês tem 4 semanas, e que a gasolina é
composta somente por octano, estime a quantidade
de 𝐶𝑂 emitida por esse veículo em um mês.
Considere a densidade do octano como sendo 703
kg/m³, a massa molar = 114 g/mol e que todo o
octano é convertido em 𝐶𝑂 (não esqueça de
balancear a reação)

___C8H18 + ___ O2 → ___ CO2 + ___ H2O

GABARITO
1. R: O balanço de massa é baseado no princípio da
conservação da massa de Lavoisier. Basicamente
toda a massa que passa por uma operação se
conserva ao longo dela, portanto ao fazer o saldo
subtraindo as vazões de saídas das vazões de
entrada do sistema estudado, deve resultar em um
acúmulo de massa dentro do sistema.

2. R: nc= 200 kmol/h C2H4=0,8 C2H6=0,2

3. R: 150 kg/h e 51,6%

4. R: Topo – 398 kg/h com 20% de isopentano


Fundo – 1102 kg/h com 5% de butano

5. R: Topo – 7,2 kmol de álcool e 0,89 kmol de água


Fundo – 0,3 kmol de álcool e 41,61 kmol de água

6. R: 1,9 kg de gás carbônico

7. R: total de 23 kmol/h com 5kmol/h de hidrogênio.

8. 2 C8H18 + 25 O2 → 16 CO2 + 18 H2O ou


C8H18 + 25/2 O2 → 8 CO2 + 9 H2O
1.793,68 kmol de CO2

17
AULA 4
SISTEMA DE REATORES
INTRODUÇÃO torna-se impossível conhecer a natureza de todas as
etapas. Mas, o conhecimento de algumas etapas pode
Na grande maioria das indústrias químicas, o simplificar consideravelmente o problema da
reator é o sistema responsável por desempenhar o compreensão das características da reação total.
processo de reação, que geralmente é a peça fundamental Para que seja possível identificar com que grau
da planta. Assim, evidencia-se a importância do uma reação química ocorre, isto é, se os produtos estão
conhecimento detalhado do sistema reacional com o qual presentes em quantidades significativas ou não, utiliza-se
se trabalha. Para realizar o projeto do reator é preciso uma variável denominada extensão, também conhecida
analisar as características da reação: mecanismo e a como grau de avanço (𝜉 ). Podemos definí-la, de forma
extensão da reação. Na indústria de petróleo alguns expositiva, como a variação molar de uma dada espécie
sistemas são extremamente importantes para a com relação ao seu coeficiente estequiométrico:
manufatura do petróleo bruto, podendo-se citar como
exemplo os processos de: coqueamento retardado, 𝑛 −𝑛 ,
𝜉=
craqueamento catalítico fluidizado, hidrocraqueamento, 𝜈
hidrotratamento, reforma catalítica, isomerização e
alquilação. Onde: 𝑛 é o número de mols a espécie química 𝑖 ao final
da reação, 𝑛 , é o número de mols no início da reação, e
CONCEITOS DE REAÇÃO QUÍMICA 𝜈 é o coeficiente estequiométrico do composto analisado
(o número que utilizamos antes de cada espécie na
Se reação química for considerada como uma equação química). Este último deve ter sinal positivo para
transformação que forma ou quebra ligações entre produtos e sinal negativo para reagentes, a fim de que o
átomos, então, quase todas as transformações que se grau de avanço seja sempre positivo.
observa envolvem reações químicas. Naturalmente, Muito embora a extensão de reação possa ser
algumas poucas espécies de reações podem envolver calculada em relação a qualquer composto que participa da
somente modificações dentro dos átomos e não a reação, ela sempre será a mesma para uma mesma reação,
formação ou ruptura das ligações entre átomos. Mas se independente de qual composto seja adotado para o
não for considerado esse tipo de processo envolvendo cálculo (qualquer um dos reagentes ou qualquer um dos
somente os próprios átomos, ficaremos com a maioria das produtos).
transformações, ou seja, as transformações químicas. Essa grandeza possui grande aplicação na
A simplificação da questão da ocorrência das realização dos balanços de massa com reação química, mas
reações é conseguida se for considerado dois aspectos de por uma questão de tempo não entraremos nesse mérito
transformação: o mecanismo pelo qual a transformação aqui em nosso curso. Vamos, na prática, utilizar outras
ocorre e a extensão da transformação. grandezas úteis, e de melhor compreensão, que permitem
quantificar com que extensão uma reação se processa. São
Mecanismo de Reação e Extensão elas: a fração de conversão, o rendimento e a seletividade.
O mecanismo da reação refere-se à etapa ou série
de etapas através das quais os reagentes iniciais interagem Cinética Química e Termodinâmica –
no processo de formação dos produtos. Ele descreve, Velocidade e Equilíbrio
quimicamente e em escala molecular, qual o caminho que Primeiramente, devemos discutir o que são
a reação toma em determinadas condições de processo reações reversíveis e irreversíveis.
específicas. As moléculas dos reagentes colidirão
Cada etapa no mecanismo exige o êxito completo continuamente de maneira aleatória. Quando uma colisão
de todas as etapas anteriores antes que possa ocorrer, tem uma orientação apropriada e envolve uma energia de
sendo que o efeito total ou o resultado líquido é a soma ativação suficiente, as ligações químicas podem se
dos efeitos de cada etapa. Cada etapa é, por si só, uma reajustar para formar uma molécula intermediária.
reação – que denominamos reação elementar. Assim, cada Posteriores reajustes de ligação deixam que a molécula
etapa num mecanismo é ordinariamente mais fácil de ser intermediária forme o produto desejado.
compreendida do que o total da reação. Algumas vezes

18
AULA 4
SISTEMA DE REATORES
Mas as moléculas do produto serão também adicionadas aumentarão, e isto concorrerá para diminuir a
colidem casualmente com as moléculas reagentes e com concentração das espécies adicionadas, bem como, a
outras moléculas de produtos. Se essa colisão acontecer concentração de todas as outras espécies com as quais ela
em uma orientação favorável e com suficiente energia, reage. O aumento das velocidades destas reações
parece que não haverá nenhuma razão que impeça a concorrerá para aumentar as concentrações dos produtos
reformulação da molécula intermediária, a qual poderá se da reação. Mas, como as concentrações destes produtos se
decompor nos reagentes iniciais. Se isso acontecer a reação elevam, elas concorrerão para reagir mais rapidamente.
ocorre no sentido inverso da original, sendo chamada de Consequentemente, um novo estado de equilíbrio será
uma reação reversível. alcançado. O efeito quantitativo de adicionar ou remover
O conceito de reversibilidade das reações químicas ingredientes pode ser calculado a partir do conhecimento
conduz a algumas conclusões interessantes relativas ao da estequiometria, ou relação molar, das reações com o
estado que uma reação química poderá atingir em certo auxilio da expressão da constante de equilíbrio.
tempo. Quando as moléculas dos reagentes se chocam
com certa orientação e com suficiente energia de ativação, Velocidade, Equilíbrio e Temperatura
os produtos podem ser formados. Inicialmente poucas O estado de equilíbrio é determinado pelo fato que
moléculas dos produtos são formadas, mas a sua as velocidades de todas as reações que se opõem devem
concentração aumenta com o tempo. Quanto maior for a ser idênticas. A mudança na temperatura pode também
concentração de produtos presente na mistura, maior afetar as velocidades das reações e, assim, afetar o estado
possibilidade destas se chocarem com os reagentes e, de equilíbrio.
portanto, maior a probabilidade dessas retornarem aos O efeito da temperatura na velocidade da reação
compostos iniciais. Por outro lado, a possibilidade de que (cinética) está atrelado à energia de ativação da reação. Em
as moléculas dos reagentes encontrarem outras moléculas geral, tal efeito é contabilizado através da chamada
de reagente diminuirá. Assim, a velocidade de formação equação de Arrhenius – ela relaciona a temperatura, a
dos produtos diminuirá com o tempo enquanto a energia de ativação e a constante de velocidade, que pode
velocidade de retorno aos produtos aumentará. nos indicar quão rápida uma reação se processa.
A um dado valor das concentrações, a velocidade Por outro lado, a própria termodinâmica nos diz
das colisões eficazes entre os reagentes deverá ter caído quais as relações entre equilíbrio e temperatura. Lembre-
até igualar a velocidade crescente na qual o produto reage se que nos casos em que a variação de entalpia de uma
consigo mesmo. Quando as velocidades destas duas reação é negativa, dizemos que a reação é exotérmica;
reações – a reação direta e a inversa – tornam-se iguais, caso contrário, podemos classificá-la como endotérmica.
nenhuma mudança no total ocorrerá. Assim, todas as Reações endotérmicas necessitam de calor para ocorrer,
concentrações tornam-se constantes em função do tempo de modo que um aumento de temperatura favorece sua
(mas não necessariamente estas concentrações são iguais). ocorrência. Portanto, ao elevar a temperatura de um
Então, o sistema atingiu o equilíbrio. Mas, desde que todas sistema que se encontra no estado de equilíbrio, ocorrerá
as reações estão ainda ocorrendo, o sistema é considerado uma mudança no sentido endotérmico.
como estando em equilíbrio dinâmico. Desta maneira, chega-se a conclusão que o estado
de equilíbrio depende da variação total de energia na
Velocidade, Equilíbrio e Concentração reação – a conhecida variação de entalpia reacional, mas
O princípio de Le Chatelier nos diz que quando se que a velocidade só depende da energia de ativação.
exerce uma ação contra um sistema em equilíbrio de modo
a perturbar esse equlíbrio, o sistema deverá reagir contra Catalisadores e o Estado de Equilíbrio
essa ação de modo a reestabelecer o equilíbrio. Nesse Experimentalmente os catalisadores nunca afetam
contexto, sabemos que mudando a concentração de o estado de equilíbrio. Um catalisador diminuirá o tempo
qualquer uma das espécies que está reagindo haverá necessário para atingir o equilíbrio, mas não afetará as
perturbação no equilíbrio dinâmico. As reações concentrações presentes no equilíbrio.
envolvendo espécies cuja sua concentração é aumentada O catalisador fornece um novo mecanismo (uma
com o tempo se tornarão mais prováveis. Assim, as nova rota) para a reação, mas não muda o total da energia
velocidades das reações envolvendo as espécies necessária visto que o estado inicial e final são inalterados

19
AULA 4
SISTEMA DE REATORES
pelo catalisador. O catalisador, usualmente, muda a TIPOS DE REATORES E REAÇÕES
velocidade diminuindo a energia de ativação requerida,
mas a mudança na energia de ativação não tem efeito Dentro do estudo de reações pode-se classificar
sobre o estado de equilíbrio e, portanto, o catalisador uma reação como homogênea ou heterogênea.
também não. Reações homogêneas são aquelas que a reação
Visto que o catalisador não tem efeito sobre o ocorre no interior de uma fase e reações heterogêneas são
estado de equilíbrio, mas que aumenta a velocidade da aquelas que ocorrem na interface entre fases.
reação direta, segue que o catalisador aumentará também Dentro das reações heterogêneas incluem-se as
a velocidade da reação inversa de um fator exatamente reações catalíticas gás-sólido (obtenção de gasolina através
igual àquele que aumenta a velocidade da reação direta. do craqueamento catalítico), reações não-catalíticas gás-
Isto implicará que apenas no fato de que o equilíbrio sólido (queima do carvão), reações líquido-sólido (corrosão
dinâmico será alcançado mais rapidamente, mas que esse de um metal por um ácido), reações líquido-líquido
estado final será ó mesmo. (produção de biodiesel) e reações sólido-sólido (produção
de cimento)
Mudança do Equilíbrio e Pressão Os reatores também são classificados como
A pressão, assim como a temperatura, também homogêneos e heterogêneos. Para um reator ser
afeta o estado de equilíbrio. Esta variável de processo irá considerado heterogêneo este conter duas ou três fases,
interferir de diferentes maneiras em diferentes sistemas. podendo ter as seguintes combinações de fases: gás-
líquido, gás-sólido, líquido-sólido, líquido-líquido e gás-
Vamos analisar, por exemplo, a síntese de amônia:
líquido-sólido. Muitas vezes o sólido é um catalisador. Já os
3𝐻 ( ) + 𝑁 ( ) ⇌ 2NH ( ) reatores homogêneos são constituídos por apenas uma
fase, que geralmente é líquida ou gasosa.
Esta reação ocorre em fase gasosa e a altas Como já comentado, o reator é considerado o
pressões e temperaturas. Analisando a estequiometria, coração de um processo industrial. É o equipamento que
tem-se que três mols de H2 reagem com 1 mol de N2 proporciona a transformação dos reagentes em produtos.
formando dois mols (NH3). Assim, como estamos Os três principais tipos de reatores ideais são:
trabalhando com um sistema gasoso, ao aumentar a Os dois reatores tanque-agitado (reator de mistura), do
pressão o sistema tenderá a diminuir o seu volume, visto inglês stirred tank reactor (batelada BSTR ou contínuo
que as moléculas estarão cada vez mais próximas. Para CSTR) e o reator tubular de fluxo pistonado (PFR, plug flow
isso, o sistema tenderá a formar amônia, já que a formação reactor).
da amônia diminui o volume do sistema. Isso porque no No reator do tipo batelada os reagentes são
lado dos produtos tem-se apenas 2 mols de gás, enquanto despejados em um tanque e misturados, permanecendo
que nos reagentes tem-se 4 mols no total. E obviamente dentro do reator por um determinado tempo, no qual
quanto menor a quantidade de matéria gasosa, menos ocorre a reação. Após o término da reação, o tanque para
volume será ocupado. O contrário também acontece. Caso a mistura resultante é então descarregado. Essa é uma
a pressão seja baixa, as moléculas estarão mais distantes operação em batelada (descontínua) cuja composição varia
umas das outras e o volume deve aumentar e, portanto, a como tempo.
formação dos reagentes será favorecida. Este reator é utilizado em produções de pequena
Caso a reação ocorra somente no estado sólido ou escala. Entre as suas vantagens podem-se citar a elevada
líquido, ou ainda que se tenham essas duas fases conversão por unidade de volume, flexibilidade de
conjuntamente, a pressão não exercerá efeito significativo operação e fácil limpeza; e as desvantagens o elevado
sobre o equilíbrio. Caso uma dessas duas fases esteja custo de operação, qualidade do produto pode ser variada.
presente juntamente com a fase gasosa, somente Dentre suas aplicações encontram-se a produção de
consideramos a fase gasosa nessa análise. corantes sintéticos, a extração de corantes naturais, a
fabricação de gorduras hidrogenadas (como a margarina) e
a produção de enzimas.

20
AULA 4
SISTEMA DE REATORES

Figura 4.1 - Exemplo de um reator do tipo Tanque-Agitado em


batelada e a variação típica da concentração de um reagente em
função do tempo. PASQUALIN, K.

O reator do tipo tubular (PFR) é operado


continuamente, normalmente sem agitação. Este reator Figura 4.2 - Exemplo de um reator do tipo PFR e a variação da
concentração de um reagente A em função do comprimento do
possui as configurações físicas próximas a um tubo, que se
reator. PASQUALIN, K.
caracteriza por apresentar um escoamento ordenado dos
elementos fluidos. Consequentemente, não haverá difusão
ao longo do percurso nem diferença de velocidade entre O reator de mistura (tanque-agitado) pode ser um
dois elementos quaisquer do fluido. Isso é, tudo se passa reator do tipo contínuo, em que todo o conteúdo é agitado,
como se os reagentes caminhassem ao longo do reator em mantendo-se a composição constante ao longo do reator.
uma única fila ordenada, em que a reação de formação dos Assim sendo, a mistura na saída tem a mesma composição
produtos vai acontecendo ao longo do comprimento do da mistura no interior do tanque. É ideal para o
reator. Este reator é contínuo (regime permanente). processamento industrial quando as velocidades de reação
e de produção são bastante elevadas. Na Figura 4.3 temos
O reator PFR geralmente é utilizado para um esquema desse tipo de reator.
produções em grande escala, conduzindo reações na fase A sua utilização está em plantas onde a produção é
gasosa e em fase líquida. A elevada conversão por unidade em grande escala, quando as reações são conduzidas na
de volume, o baixo custo de operação e a sua operação fase líquida ou para reações sólido-líquido e gás líquido.
contínua são as suas grandes vantagens. Já as suas Entre as suas vantagens destaca-se o fácil controle de
desvantagens são o baixo controle de temperatura e o fato temperatura, simplicidade de construção, baixo custo de
de a sua parada e limpeza serem onerosas. Dois exemplos operação, fácil limpeza e a sua operação contínua. Dentre
comerciais que aplicam reatores PFR são a síntese de as desvantagens destaca-se a baixa conversão por unidade
amônia a partir do nitrogênio e do hidrogênio e a oxidação de volume. São muito utilizados nas indústrias
do dióxido de enxofre à trióxido de enxofre (estas reações farmacêutica e de alimentos, em especial nos processos
serão vistas na disciplina de refino de Petróleo). fermentativos contínuos e no cultivo contínuo de células e
microorganismos. Reações de esterificação para produção
de ésteres e de saponificação também podem ser
conduzidas em reatores CSTR.

21
AULA 4
SISTEMA DE REATORES
b. Rendimento de um produto (𝑌): Permite avaliar, em um
sistema em que ocorre mais de uma reação, quanto
reagente ( 𝐴 ) é efetivamente consumido para formar o
produto de interesse (𝑃).

𝑣 𝑛 −𝑛 ,
𝑌(𝑃/𝐴) =
𝜈 𝑛 −𝑛 ,

Sendo, 𝜈 𝑜 coeficiente estequiométrico do


reagente A e do produto P.
Figura 4.3 - Exemplo de um reator do tipo CSTR ou de mistura. Aqui, colocamos entre parênteses 𝑌 ( 𝑃/𝐴 ) para
PASQUALIN, K. indicar que o redimento do produto 𝑃 se refere ao
reagente𝐴. Os coeficientes estequiométricos empregados
Em sistemas de reação, diferentes reatores podem são aqueles da reação que forma o produto 𝑃 . Esta
ser associados a fim de conseguir os objetivos dispostos no também é uma grandeza que varia entre 0 e 1.
projeto. Caso infinitos CSTR’s forem associados em série, o
sistema como um todo se comportará como um grande b. Seletividade de uma reação (𝑆): Avalia a velocidade
PFR. relativa com que uma reação se processa em detrimento
de outra. Este também é um parâmetro de sistemas em
que ocorrem reações múltiplas (quando as espécies
BALANÇOS DE MASSA COM REAÇÃO envolvidas em uma certa reação podem se combinar e dar
QUÍMICA – APROFUNDAMENTO origem a outras reações simultâneas). Suponha que temos
um produto de interesse 𝑃 e outro indesejável 𝑉 sendo
Parâmetros Úteis na Caracterização de formados ao mesmo tempo. Podemos escrever a
Sistemas Reativos seletividade da reação que produz 𝑃, com relação a que
Como comentado anteriormente, existem outras produz 𝑉 como
variáveis mais simples e intuitivas que contabilizam a
extensão de uma reação. Elas são muito importantes 𝑛 −𝑛 ,
𝑆(𝑃/𝑉) =
quando queremos avaliar de forma prática sistemas 𝑛 −𝑛 ,
reativos. Vejamos:
Novamente, utilizamos a notação 𝑃/𝑉 para indicar
a. Fração de conversão (𝑓): É uma medida intensiva do que a seletividade é de 𝑃 com respeito a 𝑉.
progresso de uma reação, relacionando a variação molar Agora vamos exercitar um pouco os conceitos,
de uma espécie reagente (𝑖). aplicando-os em alguns exemplos práticos.

𝑛, −𝑛 Exemplo 1. Um reator produz óxido de etileno (𝐶 𝐻 𝑂) a


𝑓 =
𝑛, partir da oxidação do etileno (𝐶 𝐻 ). Encontre as vazões
molares (na entrada e na saída) e a fração molar da
alimentação de um reator que produz 44 toneladas por
Nesta expressão, 𝑛 é a quantidade final e 𝑛 , a hora de óxido de etileno (𝑀𝑀 = 44 g/mol). Neste caso é
quantidade inicial de mols. Para que a fração de conversão empregado um excesso molar de 40% de etileno e deseja-
fique restrita ao intervalo entre 0 e 1, utiliza-se sempre o se que 80% do oxigênio alimentado seja convertido em
reagente limitante (aquele que está em menor quantidade óxido de etileno.
relativa, ou ainda que seria a primeira espécie a ser
completamente consumida) como a espécie 𝑖 da expressão Reação química (não balanceada):
acima.
𝐶 𝐻 +𝑂 →𝐶 𝐻 𝑂

22
AULA 4
SISTEMA DE REATORES
de 40% de 𝐴, ou seja, para cada mol de 𝐵 alimentado, são
Inicialmente devemos balancear a equação necessários 2 ∗ (1 + 0.4) = 2.8 mols de 𝐴:
química e utilizar uma notação que simplifique as
equações: kmol
2.8 de 𝐴 𝑛̇ , 𝑛̇ ,
h = =
2𝐶 𝐻 + 𝑂 → 2𝐶 𝐻 𝑂 kmol 𝑛̇ , kmol
1 de 𝐵 625
2𝐴 + 𝐵 → 2𝑃 h h

Portanto,
Agora, vamos organizar os dados que nos foram
fornecidos, utilizando grandezas úteis: kmol
A produção de óxido de etileno permite com que 𝑛̇ , = 1750
h
encontremos a vazão molar de 𝑃 na saída:
Uma vez que a proporção entre 𝐴 consumido e 𝑃
kg formado é igual à razão 1:1:
44000 kmol
h
𝑛̇ = = 1000
kg h kmol kmol
44 2 de 𝐴 𝑛̇ − 𝑛̇ 𝑛̇ − 1750
kmol h , h
= =
kmol 𝑛̇ kmol
Pela estequiometria da reação, cada dois moles de 2 de 𝑃 1000
h h
𝑃 produzidos necessitam de um mol de 𝐵 combinado a
Logo,
dois moles de 𝐴. No entanto, a fração conversão de 𝐵 (𝑓 )
é de 80% - de modo que apenas esta porcentagem reage kmol
efetivamente: 𝑛̇ = 750
h
kmol kmol As frações de alimentação são calculadas
2 de 𝑃 𝑛̇ 1000
h = = h diretamente:
kmol 𝑓 𝑛̇ , 0.80 ∗ 𝑛̇ ,
1 de 𝐵
h 𝑛̇ ,
𝑥 , = ≈ 0,74
Logo, a quantidade alimentada de oxigênio (𝐵) é 𝑛̇ , + 𝑛̇ ,
obtida diretamente: 𝑥 , ≈ 0,26

kmol Exemplo 2. Em um processo de oxidação do etanol


𝑛̇ , = 625 ( 𝐶 𝐻 𝑂𝐻 ) para produção de acetaldeído ( 𝐶 𝐻 𝑂 ) as
h
seguintes reações ocorrem:
Utilizando a fração de conversão, encontramos a
quantidade que resta de 𝐵 na saída – ou seja, tudo aquilo 1
𝐶 𝐻 𝑂𝐻 + 𝑂 → 𝐶 𝐻 𝑂 + 𝐻 𝑂
que não reagiu (1 − 𝑓 ): 2
𝐶 𝐻 𝑂𝐻 + 3𝑂 → 2𝐶𝑂 + 3𝐻 𝑂
kmol
𝑛̇ = (1 − 𝑓 )𝑛̇ , = 125
h Tabela 4.1 - Dados referentes ao exemplo 2.
Para obtermos as quantidades associadas ao óxido Componente 𝑛̇ (kmol/h) 𝑛̇ (kmol/h)
de etileno (𝐴) vamos utilizar a estequiometria da reação. 𝐶 𝐻 𝑂𝐻 (𝐴) 400 15
Sabemos que, para cada mol de 𝐵 alimentado, são 𝑂 (𝐵) 1000 720
necessários 2 moles de 𝐴 para uma proporção 𝐶 𝐻 𝑂 (𝑃) 0 350
estequiométrica. No entanto, utiliza-se um excesso molar 𝐻 𝑂 (𝑅) 0 455
𝐶𝑂 (𝑉) 0 70

23
AULA 4
SISTEMA DE REATORES
Responda às seguintes questões, com base nos 1. Todo 𝐴 é consumido, ou seja, 𝑛̇ = 0 e o reagente
dados expostos na Tabela 4.1: limitante seria o próprio 𝐴. Neste caso temos:
𝑛̇ , kmol
a. As reações estão balanceadas? 𝑛̇ = ≈ 364
1.1 h
b. Qual o produto de interesse e o produto kmol
𝑛̇ = 𝑛̇ , − 0.8 𝑛̇ ≈ 709
indesejável? h
c. Qual é a seletividade da reação que forma o 2. Todo 𝐵 é consumido, ou seja, 𝑛̇ = 0 e o reagente
produto de interesse? limitante seria o próprio 𝐵. Neste caso temos:
d. Quem é o reagente “limitante” e qual é a sua 𝑛̇ , kmol
𝑛̇ = = 1250
fração de conversão? 0.8 h
e. Qual é o rendimento do produto de interesse em kmol
𝑛̇ = 𝑛̇ , − 1.1 𝑛 ̇ = −975
relação ao reagente “limitante”? h
Este último resultado é coerente? O que ele diz?
Respostas Justamente que 𝐵 está em excesso, pois seria
necessária uma quantidade maior do que a inicial de 𝐴
a. Sim. para que todo 𝐵 fosse consumido.
b. O produto de interesse é o acetaldeído, o produto Portanto, o reagente limitante é o etanol (𝐴). Sua fração
indesejável é o dióxido de carbono. de conversão é obtida diretamente:
c. A seletividade é definida como a razão entre o 𝑛 , −𝑛 400 − 15
𝑓 = = = 0.9625
número de moles do produto desejado e do 𝑛 , 400
produto indesejado: e. O produto de interesse é 𝑃 e o reagente limitante é 𝐴.
350 Assim,
𝑆(𝐶 𝐻 𝑂/𝐶𝑂 ) = =5 −1 𝑛 − 𝑛 ,
70 𝑌(𝑃/𝐴) =
d. Em reações múltiplas, encontrar o reagente 1 𝑛 −𝑛 ,
limitante não é uma tarefa trivial. Por isso, vamos −1 350 − 0
fazer uso do seguinte raciocínio: = ≈ 0.91
1 15 − 400
qtde de 𝐴 que reagiu = 𝑛̇ , − 𝑛̇
A quantidade total que reage é uma soma das Exemplo 3. Em um processo de alquilação, uma mistura de
quantidades que reagiram na 1ª e na 2ª reação. isobutileno (A), isobutano (B) e traços de propileno (C) são
Pela estequiometria de cada uma, sabemos que a alimentados a um reator, onde o catalisador é ácido
quantidade de 𝐴 que reage na 1ª reação é igual a sulfúrico, a fim de formar 2,2,4-trimetilpentano (P). Uma
quantidade de 𝑃 formada, enquanto que a reação paralela acontece, formando 2,2-dimetilpentano
quantidade de 𝐴 que reage na 2ª reação é igual a (𝑅):
metade da quantidade de 𝑉 formada:
𝑛̇ , − 𝑛̇ = 𝑛̇ + 0.5 𝑛 ̇ 𝐴 + 𝐵 → 𝑃 (1)
Pelo mesmo raciocínio, aplicado ao reagente 𝐵:
𝑛̇ , − 𝑛̇ = 0.5 𝑛̇ + 1.5 𝑛̇ 𝐶 + 𝐵 → 𝑅 (2)
Utilizando a seletividade, podemos dizer que:
Sabe-se ocorre uma conversão de 62% (em mols)
𝑛̇ = 5 𝑛̇ ou 𝑛̇ = 0.2 𝑛̇
de 𝐵, e que o rendimento de P em relação a B é de 94%.
Logo,
Desenvolva o balanço de massa para uma alimentação de
𝑛̇ , − 𝑛̇ = 1.1 𝑛̇
200 kmol/h de 𝐴 250 kmol/h de 𝐵 e 70 kmol/h de 𝐶.
𝑛̇ , − 𝑛̇ = 0.8 𝑛̇
Pelos dados, a quantidade total de B que irá reagir
Assim, podemos afirmar que para cada mol de 𝐴
é de: 0,62 X 250 = 155 kmol/h.
que reage, são produzidos 1.1 moles de 𝑃; e para
A seletividade indica que dos 155 Kmol/h que
cada mol de 𝐵 que reage são produzidos 0.8 moles
reagem 94% são na reação 1, ou seja 145,7 Kmol/h de B
de 𝑃. Vamos analisar dois casos-limite:
reagem com 145,7 kmol/h de A formando 145,7 Kmol/h de
P.

24
AULA 4
SISTEMA DE REATORES
Dos 155 Kmol/h que reagem se 145,7 Kmol/h são Coque = carbono (C)
usados na reação 1 então 9,3 Kmol/h reagem na reação 2.
Pela estequiometria: 𝐶 + 𝑂 → 𝐶𝑂
Na reação 1 - 1B:1A, portanto: 145,7 Kmol/h de A reagem.
Na reação 2 - 1B:1C, portanto: 9,3 Kmol/h de C reagem. 4. Em um processo de oxidação do etanol para produção
Ainda pela estequiometro é possível obter os de acetaldeído, foram obtidos os seguintes resultados
valores de P e de R. na saída do reator:
Na Tabela 14.4 todos os resultados estão
Tabela 4.3 - Dados referentes ao exercício 4.
dispostos.
Componente Vazão (kmol/h)
Tabela 4.2 - Dados e resultados referentes ao exemplo 4. 𝐶𝐻 𝐶𝐻𝑂 9,0
kmol/h 𝐴 𝐵 𝐶 𝑃 𝑅 𝐻 𝑂 9,0
Entrada 200,0 250,0 70,0 0 0 𝑂 2,5
Reage na 𝐶𝐻 𝐶𝐻 𝑂𝐻 1,0
145,7 145,7 - - -
reação 1
Reage na Reação:
- 9,3 9,3 - - 𝐶𝐻 𝐶𝐻 𝑂𝐻 + 𝑂 → 𝐶𝐻 𝐶𝐻𝑂 + 𝐻 𝑂
reação 2
Forma - - - 145,7 9,3
Determine o reagente limitante, a conversão obtida e
Saída 54,3 95 60,7 145,7 9,3
o excesso de O2 utilizado no processo.

EXERCÍCIOS GABARITO

1. O que é equilíbrio e como ele pode ser 1. Equilíbrio é quando uma reação passa a ocorrer na
modificado/deslocado? Como o catalisador influência mesma velocidade no sentido de formação de produtos
o equilíbrio? e de reagentes, gerando concentrações constantes de
ambos. O equilíbrio pode ser deslocado através da
2. Um reator produz metanol a partir de monóxido de adição (aumento de concentração) de um dos
carbono e gás hidrogênio, segundo a reação: componentes, do aumento de pressão ao envolver
algum gás ou vapor e também ao fornecer ou retirar
𝐶𝑂 + 2𝐻 → 𝐶𝐻 𝑂𝐻 energia térmica do sistema. O catalisador não altera o
equilíbrio ao diminuir a energia de ativação de
Desenvolva o balanço material no reator para uma formação tanto dos produtos como dos reagentes.
produção de 500 kg/h de metanol, considerando
alimentação estequiométrica e conversão de 90% do 2.
CO alimentado.
kmol/h CO 2 H2 CH OH
3. No processo do craqueamento catalítico, o catalisador Entrada 17,360 34,722 -
deve ser recuperado de forma contínua, através da Reage 15,625 31,250 -
queima da coque. Sabe-se que na massa de catalisador Forma - - 15,625
estão impregnados 5 mol/min de coque. Saída 1,735 3,472 15,625
Realize o balanço material no forno regenerador de
coque, sabendo que 97,5% do coque é queimado, com
Corrente e saída = 20,832 kmol/h
40% de excesso de oxigênio, considerando que apenas
Frações saída: xCO = 0,083; xH2 = 0,167; xCH3OH = 0,75;
dióxido de carbono é produzido e que o coque que não
foi queimado volta para o reator do craqueamento
(não vai sair como gás de combustão).

25
AULA 4
SISTEMA DE REATORES
3.

mol/min C O2 CO
Entrada 5 7 -
Reage 4,875 4,875 -
Forma - - 4,875
Saída 0,125 2,125 4,875

Frações saída: xO2 = 0,3; xCO2 = 0,7;

4.
Reagente limitante: etanol
Conversão: 90% de etanol
Excesso de oxigênio: 40%

26
AULA 5
FLUIDOS
INTRODUÇÃO recipiente no qual está contido. Por exemplo, um gás
qualquer colocado dentro de uma garrafa de 2 litros
Nesta aula será abordado o estudo dos princípios adquire a forma do recipiente ocupando o volume de 2
básicos dos fluidos e suas principais propriedades. É litros.
possível enumerar diversas aplicações da mecânica dos
fluidos em projetos de engenharia, como em aeronaves, Fase líquida
dispositivos biomédicos, transporte de água, óleo e gás Nesta fase as partículas encontram-se mais unidas
natural. A indústria petrolífera é um dos ramos que mais em relação às partículas da fase gasosa, mas não
utiliza a mecânica dos fluidos; cabendo ao técnico de totalmente unidas como na fase sólida. A energia cinética
petróleo o domínio do conhecimento básico desta área é intermediária entre a fase sólida e gasosa, não havendo
para o desenvolvimento de suas atividades. arranjo geométrico definido. Como resultado, o líquido
toma a forma do recipiente no qual está contido, mas o
volume permanece relativamente constante devido às
FLUIDOS forças de coesão entre as moléculas. O volume do líquido
não ocupa, necessariamente, o volume do recipiente no
Intuitivamente, a maioria das pessoas sabe qual está contido.
distinguir as diferenças entre um sólido e um fluido.
Entretanto, a caracterização dessas substâncias necessita
de uma definição mais formal e precisa. Sólidos tendem a VISCOSIDADE (µ)
se deformar quando interagimos com ele, por exemplo,
quando você se deita em uma cama, a espuma do seu A viscosidade é uma propriedade física que
colchão se comprime; fluidos tendem a escoar, por caracteriza a resistência de escoamento de um fluido.
exemplo, quando você coloca leite em seu café da manhã. Considere a situação mostrada na Figura 5.1, em
A distinção formal entre um sólido e um fluido é que se tem certa quantidade de fluído entre duas placas
baseada na capacidade da substância resistir à tensão de paralelas.
cisalhamento aplicada, que tende a mudar sua forma. O
fluido deforma-se continuamente sob a aplicação de uma
tensão de cisalhamento, não importando o quão pequena
seja essa força. Já o sólido resiste à tensão de cisalhamento
aplicada, não se deformando continuamente. Aqui vale
lembrar que na estática a tensão é definida como força por
unidade de área e é determinada dividindo-se a força pela Figura 5.1 - Fluido em repouso.
área sobre a qual ela atua. A componente normal da força
que atua sobre a superfície por unidade de área é chamada Em um instante qualquer a placa móvel começa a
de tensão normal, a componente tangencial da força que se mover da esquerda para a direita a uma velocidade
atua sobre uma superfície por unidade de área é chamada constante. A partir desse instante, o fluido que está sob
de tensão de cisalhamento. essa placa também começa a se mover. Ao atingir o estado
Dentre as formas físicas nas quais a matéria existe estacionário a distribuição de velocidade ao longo do fluido
os fluidos compreendem os estados líquido e gasoso. Estes se torna constante com o tempo, como mostra a Figura 5.2.
diferentes aspectos da matéria são chamados de fases de
agregação e dependem da temperatura e pressão.

Fase gasosa
Nesta fase as partículas do fluido possuem maior
energia cinética. Elas ficam muito distantes umas das
outras, movem-se com alta velocidade e colidem entre si.
Figura 5.2 - Distribuição do perfil de velocidade no estado
Uma substância na fase gasosa possui forma e
estacionário.
volume variáveis, adquirindo as características espaciais do

27
AULA 5
FLUIDOS
Como a placa fixa não está em movimento à DENSIDADE (ρ)
camada de fluído sobre ela também se encontra em
repouso. Ou seja, a velocidade da camada fluída logo acima A densidade de um determinado tipo de matéria é
da placa fixa é zero. definida como a massa da matéria ocupada por uma
Quando duas camadas fluidas movem-se uma em unidade de volume. Por exemplo, a densidade da água á
relação à outra, uma força de atrito desenvolve-se entre temperatura ambiente é 1000 kg/m3, ou seja, um 1 m3 de
elas e a camada mais lenta tende a reduzir a velocidade da água possui a massa de 1000 kg. Já o mercúrio, que é muito
camada mais rápida. Esta resistência interna ao mais denso, tem uma densidade de 13600 kg/m3.
escoamento é quantificada pela propriedade do fluido O cálculo da densidade é determinado pela divisão
denominada de viscosidade, que é uma medida da da massa (𝑚) da substância pelo seu volume (𝑉):
aderência interna do fluido. Em um líquido a viscosidade é
causada por forças coesivas entre as moléculas e nos gases 𝑚
𝜌=
por colisões moleculares. 𝑉
A camada que está “grudada” na placa inferior da
Figura 5.2 desacelera a camada de fluido adjacente devido Vale ressaltar que no Sistema Internacional (SI) a
às forças viscosas entre as camadas, que, por sua vez, unidade de densidade é kg/m3.
desacelera a camada seguinte e assim por diante. Por isso A densidade é uma propriedade que depende da
é possível observar um perfil decrescente de velocidade da temperatura e pressão as quais a substância está
placa móvel até a placa fixa. submetida. A elevação da temperatura leva a uma redução
A viscosidade é uma propriedade que depende da da densidade, pois tal fator promove uma elevação da
temperatura, ou seja, apresenta valores diferentes para energia cinética das moléculas e, com isso, um aumento da
determinadas temperaturas. distância entre elas. Ou seja, uma determinada massa
Para substâncias na fase líquida a viscosidade passa a ocupar um maior volume, reduzindo, assim, a
diminui com o aumento da temperatura. Pois, com a densidade da substância. O efeito oposto é obtido com a
elevação da temperatura acorre uma redução das forças redução da temperatura. Entretanto, ressalta-se o efeito
coesivas entre as moléculas do líquido devido ao aumento da temperatura sobre a densidade é significativo apenas
da energia cinética entre elas. Com isso ocorre uma para os gases, para os líquidos é praticamente
diminuição da resistência interna ao escoamento, ou seja, imperceptível.
da viscosidade. Já a elevação da pressão leva a um aumento da
Para substâncias na fase gasosa a viscosidade densidade dos fluidos, pois as moléculas são comprimidas,
aumenta com o aumento da temperatura, pois com a aproximadas, umas das outras. Com isso, um determinado
elevação da temperatura ocorre uma ampliação das volume passa a conter um número maior de moléculas. Ou
colisões moleculares. O aumento das colisões faz com que seja, o mesmo volume apresenta maior massa, assim,
ocorra uma elevação da resistência interna ao escoamento, aumentando a densidade da substância. O efeito oposto é
ou seja, da viscosidade. A Tabela 5.1 mostra valores de obtido com a redução da pressão do sistema.
viscosidade da água e do ar em função da temperatura.
Tabela 5.1 - Valores de viscosidade da água e do ar. TRANSPORTE DE FLUIDOS
T (°C) µ (cP) Em uma indústria os fluidos são transportados,
20 1 basicamente, por tubulações.
Água
80 0,35 Tubos são condutos fechados, geralmente rígidos,
20 0,018 que transportam um fluído que ocupa toda a área da seção
Ar transversal. Além dos tubos, as tubulações também são
80 0,020
formadas por acessórios, como ligações, curvas, válvulas,
derivações, que devem ser instalados para garantir o
1 cP = 1 mPa.s = 1 . 10-3 Pa.s
transporte adequado do fluido.

28
AULA 5
FLUIDOS
Diversos fatores determinam a escolha do material
e dos acessórios da tubulação para cada aplicação
desejada. A natureza do fluido determina as condições de
operação, o sistema de ligação dos componentes, o
diâmetro, o custo dos tubos, bem como as normas de
segurança. Cabe ao técnico de petróleo conhecer essas
condições de operação para o desenvolvimento de seu
trabalho na indústria.
Vale destacar que as tubulações em uma indústria
de processo químico custam dois terços do valor dos
equipamentos e um quinto do investimento total.
Figura 5.3 - Determinação do diâmetro ótimo.
O escoamento de fluidos em tubulações pode ser
classificado de duas formas, laminar e turbulento.
No escoamento laminar as camadas fluidas se
NÚMERO DE REYNOLDS
deslocam de forma ordenada, não havendo mistura
interna ao decorrer do processo. Tal escoamento se O número de Reynolds (Re) é um número
processa quando as velocidades das camadas fluidas são adimensional usado para o cálculo do regime de
relativamente baixas. Já no escoamento turbulento as escoamento de determinado fluido dentro de um tubo ou
camadas fluidas se deslocam de forma desordenada, sobre uma superfície. É utilizado, por exemplo, em projetos
havendo mistura interna ao decorrer do processo. Este de tubulações industriais e asas de aviões.
escoamento é caracterizado por elevadas velocidades das Para velocidades de escoamento suficientemente
camadas fluidas, fator que provoca a turbulência. altas, deve ocorrer uma transição do regime laminar para
o regime turbulento, caracterizada por mudanças bruscas
Diâmetro econômico e aleatórias de propriedades como pressão e densidade. O
irlandês Osborne Reynolds estudou esta transição entre
A escolha do diâmetro da tubulação deve levar em
escoamento laminar e turbulento no final do século XIX e
consideração os parâmetros econômicos e a
chegou ao chamado número de Reynolds. A natureza de
disponibilidade de diâmetros dos tubos comerciais.
um escoamento, isto é, se laminar ou turbulento e sua
Na escolha do diâmetro dois fatores são
posição relativa numa escala de turbulência é indicada pelo
importantes. O primeiro é o custo da tubulação a ser
número de Reynolds (Re), que é a relação entre as forças
instalada, o qual aumenta à medida que se escolhe
de inércia (numerador) e as forças viscosas (denominador).
diâmetros maiores. O segundo é o custo operacional do
sistema, ou seja, a energia gasta com o bombeamento do 𝜌. 𝑣. 𝐷
fluido diminui com o aumento do diâmetro da tubulação. 𝑅𝑒 =
𝜇
A soma do custo fixo mais o operacional apresenta um
valor mínimo que determina o diâmetro econômico do Sendo:
tubo utilizado. Na Figura 5.3 o eixo y é o custo por metro 𝒗 = velocidade média do fluido (𝑚⁄𝑠 );
de tubulação e o eixo x o diâmetro do tubo. A curva D = o diâmetro interno do tubo para o fluxo (𝑚);
decrescente representa o custo operacional do sistema, a μ = viscosidade dinâmica do fluido (𝑁 . 𝑠 ⁄𝑚 ;
curva crescente representa o custo da tubulação e a curva ρ = massa específica do fluido (𝐾𝑔 ⁄𝑚 ).
superior o custo total do projeto. O vértice desta curva
determina o diâmetro ótimo da tubulação utilizada.
Para escoamento em dutos com seção circular,
verifica-se que, para Re < 2100, o escoamento, em geral, é
laminar. Se Re > 2500, o escoamento, geralmente, é
turbulento. Dessa forma, se estabelece uma faixa de
transição na qual os dois tipos de escoamento podem
existir, sendo que para 2100 < Re < 2500 ocorre essa

29
AULA 5
FLUIDOS
situação de transição, condição que depende de condições condições do projeto. Destinam-se a unir tubos, alterar
ambientes, principalmente de vibrações no sistema. direção de escoamento, reduzir vazão, etc.

Tipos principais de acessório


CLASSIFICAÇÃO DAS TUBULAÇÕES
Diversos critérios são utilizados para classificar as Existem diversos tipos de acessórios para
tubulações de uma instalação industrial. Dentre eles tubulações, como luvas, ligação de expansão, três, selas,
destacam-se: fechamento, etc. Nesta seção serão destacados apenas
 Condições de operação; três, devido sua importância.
Os tubos podem operar a vácuo ou a altas UNIÕES: empregadas quando se deseja facilitar a
pressões, a temperaturas elevadas ou muito baixas, com desmontagem da tubulação ou tornar possível o
fluídos corrosivos ou que explodem com facilidade, dentre rosqueamento de malhas complexas.
diversas outras condições. FLANGES: são peças que se apertam uma contra a
 Material de fabricação: outra com parafusos e porcas, comprimindo uma junta de
Podem ser metálicas, não metálicas e com vedação. São usadas principalmente para união de tubos e
revestimento. O material com o qual a tubulação é acoplagem de acessórios.
produzida segue uma série de normas internacionais que VÁLVULAS: é um dispositivo que tem como função
determinam, por exemplo, a porcentagem de elementos bloquear, controlar e regular um fluxo. Elas podem ser
formadores do material. classificadas de acordo com sua função ou ainda de acordo
 Objetivo da tubulação: com a forma de acionamento: automáticas ou manuais.
A tubulação pode ter como única finalidade o
transporte de material, como os oleodutos de uma Classificação das válvulas de acordo com sua
petrolífera. Além do transporte, a tubulação pode função
apresentar o objetivo da troca térmica, como em
trocadores de calor, tubos de caldeiras e fornos de
refinaria. Além desses, há outros objetivos para os tubos,  Bloqueio:
como o uso estrutural, a instrumentação, etc. Utilizadas em processos que necessitam operação
de bloqueio ou liberação para a passagem de fluido. As
principais válvulas de bloqueio são a gaveta, macho, esfera
FABRICAÇÃO DAS TUBULAÇÕES e comporta.
 Regulagem:
Os tubos são fabricados basicamente de duas Utilizadas para controlar o fluxo do processo. As
formas, com costura e sem costura. principais válvulas de regulagem são a diafragma,
Os tubos com costura são produzidos soldando as borboleta, globo, controle e agulha.
bordas de uma chapa dobrada longitudinalmente ou em  Fluxo em único sentido:
espiral, de modo a formar um cilindro. Já os tubos sem Utilizadas para impedir o retorno do fluido para o
costura são produzidos através de quatro processos: sentido oposto ao do escoamento. As principais válvulas
extrusão, laminação, fundição e forja. são a retenção, retenção e fechamento e pé.
Destaca-se que 80% dos tubos utilizados na  Controle de pressão a montante:
indústria de processo são produzidos por laminação ou As principais válvulas são a de segurança e alívio,
solda. contrapressão e excesso de vazão.
 Controle de pressão a jusante:
As principais válvulas são as redutoras e
ACESSÓRIOS DE TUBULAÇÕES reguladoras de pressão e quebra vácuo.

Os acessórios são dispositivos incorporados às


tubulações para garantir sua utilização dentro das

30
AULA 5
FLUIDOS
BOMBAS E COMPRESSORES Os tanques são classificados de acordo com sua
geometria e o tipo de teto que apresenta.
Para que os fluidos escoem nas condições Em relação à geometria os tanques podem ser
desejadas é necessário fornecer energia mecânica a eles. cilíndricos e esféricos. Os esféricos são mais vantajosos por
Tal processo é realizado por máquinas de fluxo não apresentarem vértices, reduzindo, assim, a perda de
denominadas bombas, quando o fluido é um líquido, e substâncias que ficam nos cantos e, com isso, a
compressores, quando o fluido é um gás. contaminação por agentes biológicos. Além disso, são mais
As máquinas de fluxo podem ser classificadas em recomendado para o armazenamento de gases, visto que
duas categorias: sua forma geométrica aumenta a resistência mecânica do
equipamento permitindo, assim, o armazenamento a
 Deslocamento positivo: elevadas pressões.
Nestas máquinas certa porção de fluido é Em relação ao teto, os tanques podem ser
aprisionada em uma câmara e por ação do movimento de classificados de teto fixo e móvel. Os de teto fixo são,
um pistão ou de peças rotativas, é impulsionada para a geralmente, utilizados para armazenar petróleo e seus
tubulação. As máquinas com pistão são denominadas derivados. Os principais tipos de tetos utilizados na
recíprocas ou alternativas, enquanto aquelas com peças indústria são os cônicos, curvo, em umbrela, esferoidal e
rotativas chamam-se bombas rotativas de deslocamento semi-esferoidal. O tipo de teto fixo mais utilizado em
positivo. refinarias é o cônico, indicado somente para os derivados
 Ação centrífuga: de petróleo mais pesados (asfalto, parafina, óleo
Essas máquinas constam essencialmente de uma combustível, diesel) e para produtos químicos como soda
carcaça dentro da qual gira um rotor provido de pás. cáustica e amônia. Nos tanques de teto móvel o teto
Quando o rotor é posto em movimento, o fluido que desloca-se de acordo com a pressão exercida pelo vapor.
preenche a carcaça entra em rotação por ação das pás. A Devido a esses movimentos, é necessária a existência de
força centrífuga decorrente da rotação do fluido move-o dispositivos de segurança, com a finalidade de evitar
radialmente do centro para a borda do rotor. À proporção acidentes provocados por um possível excesso de pressão.
que o fluido se afasta do centro do rotor sua energia Para evitar as perdas com a evaporação, usa-se um
cinética aumenta. Ao escapar do rotor sua energia cinética vedante entre o teto e a parede do tanque. Há também o
é convertida em carga de pressão. tanque de teto flutuante, onde o teto flutua sobre o
produto armazenado, evitando formação de espaços de
vapor, estes tanques são utilizados para armazenamento
ARMAZENAMENTO DE FLUIDOS de produtos com frações leves (petróleo, naftas, gasolinas).

Um tanque de armazenamento, é um
recipiente destinado a armazenar fluidos a diferentes CONVERSÃO DE VAZÃO
pressões. Na indústria de processo, a maior parte dos
tanques de armazenamento é construída de acordo com os No cálculo de balanço de massa é possível
requisitos definidos pelo código americano API 650. A converter vazão volumétrica para mássica ou vice-versa
construção desses tanques pode ser feita com teto fixo ou utilizando a densidade da substância (ou da mistura) em
flutuante, interno ou externo, dependendo sempre das questão para a conversão.
características e o tipo de produto armazenado. É de
extrema importância realizar, periodicamente, a Exemplo 1. Um técnico foi designado para medir a vazão
verificação e limpeza das estruturas e equipamentos mássica de um tubo que transporta água em uma refinaria.
utilizados para armazenar os produtos. Desta forma, As únicas informações que o funcionário dispunha era que
garante-se que não se alterem as as características dos a cada 20 s passava pela tubulação 500 m3 de água, além
compostos, além de evitar acidentes e disso, que a densidade da água na temperatura e pressão
a contaminação do meio ambiente por degradação dos de operação era de 1000 kg/m3. Determine a vazão mássica
tanques. obtida pelo técnico da empresa.

31
AULA 5
FLUIDOS
Primeiramente, determina-se a vazão volumétrica pressão de operação era de 1000 kg/m3. Determine a
(Q) do sistema dividindo-se o volume de fluido que passa vazão mássica obtida pelo técnico da empresa.
através do tubo pelo determinado intervalo de tempo:
7. Água nas condições ambiente é transportada em uma
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 500 𝑚 𝑚 tubulação de PVC a uma vazão de 20 m3/s. Determine a
𝑄̇ = = = 25
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 20 𝑠 𝑠 vazão mássica da corrente de água e quanto tempo
seria necessário para encher um reservatório de 5000 L.
Em seguida, para determinar a vazão mássica
utiliza-se a densidade como fator de conversão: 8. Uma corrente de ar a 100 °C e 1 atm é transportada por
um tubo industrial a uma vazão de 1 m3/s. Determine a
𝑚 𝑘𝑔 vazão mássica da corrente de ar sabendo que a massa
𝑚̇ = 𝑉. 𝜌 = 25 . 1000
𝑠 𝑚 molar média do ar é de 28,96 g/mol. Para resolver este
exercício utilize a equação dos gases ideais
𝑘𝑔
𝑚̇ = 25000
𝑠
GABARITO
EXERCÍCIOS
1. A diferença de um fluido e um sólido tendo em vista a
1. Com base no conceito de tensão de cisalhamento,
defina o que é um fluido comparando suas diferenças definição de cisalhamento é que um sólido resiste à tensão
com sólidos. de cisalhamento aplicada, não se deformando
continuamente. Já um fluido, se deforma continuamente
2. Com suas palavras defina o que é viscosidade. sob aplicação dessa tensão, mesmo que pequena.
Determine as diferenças dessa propriedade física para
líquidos e gases, esclarecendo como a temperatura 2. A viscosidade é uma propriedade que determina a
afeta o valor da viscosidade para esses estados da resistência que um fluido tem ao seu escoamento. Para
matéria. líquidos, a viscosidade diminui com o aumento da
temperatura, pois com o aumento da temperatura ocorre
3. Explique como a temperatura e pressão afetam o valor
uma redução das forças coesivas entre as moléculas pelo
da densidade de líquido e gases.
aumento da energia cinética entre elas, fazendo com que
4. Calcular o número de Reynolds e identificar se o reduza a resistência ao escoamento. Para gases, o aumento
escoamento é laminar ou turbulento sabendo-se que da temperatura aumenta a colisão entre as moléculas e
em uma tubulação, com diâmetro de 4 cm, escoa água isso aumenta a resistência ao escoamento, fazendo com
com uma velocidade de 0,05 m/s. Viscosidade dinâmica que a viscosidade aumente.
da água: µ = 1,0030 x 10¯³ N.s/m².
3. O aumento da temperatura para gases reduz a
5. Você deseja armazenar um fluído volátil em uma região densidade, pois há um aumento da energia cinética entre
onde as temperaturas ambientes costumam ser
as moléculas e com isso, a distância entre elas. Para
elevadas. Qual tipo de tanque você escolheria e por
quê? líquidos esse efeito não é significativo. A elevação da
pressão gera um aumento da densidade, pois as moléculas
6. Um técnico foi designado para medir a vazão mássica ficam mais próximas entre si.
em um tubo que transporta água em uma refinaria. As
únicas informações que o funcionário dispunha era que 4. Re = 1.994 – regime laminar
a cada 40 s passava pela tubulação 2000 m3 de água,
além disso, que a densidade da água na temperatura e

32
AULA 5
FLUIDOS
5. Tanque esférico e de teto flutuante. Os tanques esféricos
são recomendados para gases, pois aumentam a
resistência mecânica, permitindo o armazenamento a
elevadas pressões. Os tanques de teto flutuante são
utilizados para vapor, pois evitam a formação de vapor.

6. vazão = 50.000 kg/s ou 13,88 Kg/h

7. R.: m = 20000 kg/s; t = 0,25 s

8. 0,94615 kg/s

33
AULA 6
BALANÇO DE ENERGIA EM TUBULAÇÕES E BOMBAS

INTRODUÇÃO
Nesta aula será abordado o estudo dos princípios
básicos de escoamento de fluidos em tubulações e
máquinas de fluxo. Primeiramente, será desenvolvida
uma análise das variações energéticas envolvidas no
processo de transporte de substâncias fluidas. Em
seguida, esse estudo será estendido a sistemas de
bombeamento a fim de aprender como calcular a carga
energética oferecia por estes equipamentos. Por fim será
dada atenção ao princípio funcionamento dos principais
medidores de vazão usados na indústria. O
conhecimento dos aspectos abordados nesta aula é de Figura 6.1 - Volume de controle com fronteiras reais e imaginárias.
fundamental importância para a atuação de técnicos da
indústria química.
BALANÇO DE ENERGIA
Como você aprendeu nas aulas de física, em um
VOLUME DE CONTROLE sistema sujeito apenas a forças conservativas a energia
No estudo da mecânica clássica geralmente mecânica total se conserva. Neste caso, podemos dizer
emprega-se o diagrama de corpo livre como enfoque do que a soma das energias cinética e potencial é constante
sistema analisado. Contudo, na mecânica dos fluidos em qualquer intervalo de tempo.
normalmente o interesse está direcionado ao O princípio geral da conservação da energia diz
escoamento de fluidos através de dispositivos como que a energia total de um sistema isolado é sempre
bombas, turbinas, tubulações, etc. Nestes casos, é difícil constante, pois este sistema não troca massa e nem
direcionar a atenção numa quantidade de massa fixa energia com suas vizinhanças.
identificável. É mais conveniente, para análise, Considerando um sistema isolado e partindo do
concentrar a atenção num volume do espaço através do principio geral da conservação da energia é possível fazer
qual o fluido escoa, ou seja, o volume de controle. uma análise do escoamento de fluídos através de
A fronteira geométrica do volume de controle é tubulações e dispositivos como bombas. Esta análise
denominada superfície de controle, a qual pode ser real pode ser feita através da equação de Bernoulli:
ou imaginária. A Figura 6.1 mostra o escoamento em um 𝛥𝑣 𝛥𝑃
bocal com uma superfície de controle delimitada pela + 𝛥𝑧 + + 𝑙 =0
2𝑔 𝜌𝑔
linha tracejada. Note que as regiões posterior e inferior
da superfície correspondem a limites físicos, enquanto as
regiões esquerda e direita correspondem a limites Sendo, a variação da energia cinética do
imaginários. Para o volume de controle definido é sistema, 𝛥𝑧 a variação da energia potencial, a
possível escrever equações para as leis básicas da
variação da energia de pressão e 𝑙 a perda de carga
dinâmica dos fluídos a fim de se obter, por exemplo, a
total.
velocidade de escoamento na saída do bocal. Vale
A equação de Bernoulli informa quais os tipos de
destacar que é sempre importante tomar cuidado na
energias envolvidas e suas interferências no processo de
seleção do volume de controle, pois a escolha afeta a
escoamento de fluidos.
formulação matemática do sistema analisado.
Para o desenvolvimento da análise é necessário
determinar o volume de controle do sistema em
questão. Como ponto inicial de estudo será considerado

34
AULA 6
BALANÇO DE ENERGIA EM TUBULAÇÕES E BOMBAS

o volume de controle em uma tubulação horizontal por representada pelo quarto termo na equação de Bernoulli
onde escoa água, Figura 6.2. (𝑙 ).
A perda de carga total de um sistema pode ser
classificada como sendo a soma de dois tipos de perda
de carga: a distribuída e a localizada.
A perda de carga distribuída ocorre ao longo da
Figura 6.2–Volume de controle em uma tubulação horizontal. tubulação em consequência do atrito entre o fluido e a
parede do tubo. Dessa forma, quanto maior o trecho da
Inicialmente, para o deslocamento da água ela tubulação, maior será esta perda de carga. O diâmetro
necessita de uma determinada quantidade de energia também influencia na perda de carga. Quanto menor o
propulsora, como a energia de pressão, por exemplo. diâmetro, maior o atrito com as paredes da tubulação,
Naturalmente, um fluido se movimenta da região de causando, assim, maior perda de energia.
maior pressão para a região de menor pressão. Esta A perda de carga localizada ocorre devido a
característica pode ser facilmente observada através da mudanças de direção durante o escoamento e devido à
análise dos fenômenos climáticos. Por exemplo, em um presença de acessórios como conexões, válvulas,
dia muito quente em que se aproxima uma frente fria medidores de vazão, etc. Vale destacar que ao mudar de
geralmente tem-se a ocorrência de vendavais, pois há o direção o fluido perde muita energia, pois ele entra em
deslocamento de uma grade massa de ar de uma região choque direto com a parede da curva. Por isso, o projeto
de alta pressão (massa de ar frio) para uma região de de um sistema de tubulações deve ser desenvolvido de
baixa pressão (massa de ar quente). forma a considerar, por exemplo, o menor número
Conforme o volume de controle apresentado possível de cotovelos.
pela Figura 6.2, o fluido em estudo escoa da região 1 O cálculo de perda de carga do sistema deve ser
(maior pressão) para a região 2 (menor pressão). A feito somando as perdas de carga localizada e
variação da energia de pressão sofrida pela água é distribuída. A perda de carga depende, entre outros
caracterizada pela variação de pressão da entrada à saída fatores, do material que compõem a tubulação e
do volume de controle. acessórios, bem como o tipo de fluido a ser transportado.
Durante o escoamento a água adquire Neste aspecto, vale destacar que a densidade do fluido
determinada velocidade que sofre uma pequena afeta consideravelmente a perda de carga do processo.
variação durante o processo. Consequentemente, a Quanto mais densa a substância, maior seu atrito com a
substância apresenta variação de energia cinética. tubulação e, consequentemente, a perda de carga do
A tubulação em estudo não possui variação de sistema é elevada. Este aspecto pode ser observado pela
altura, portanto, o deslocamento do fluido não é análise do termo de energia de pressão na equação de
caracterizado por uma variação de energia potencial. Bernoulli, o qual é função da densidade do fluido
Dessa forma, o segundo termo na equação de Bernoulli transportado. Além disso, outro ponto de destaque
(𝑔. 𝛥𝑧) possui valor zero. refere-se ao regime de escoamento do sistema. Quanto
mais turbulento o regime, maior a perda de carga, pois a
Perda de carga frequência de choques entre as moléculas do fluido e as
paredes da tubulação é mais intensa.
Como o escoamento de fluidos é caracterizado
pelo deslocamento de uma substância através de uma
superfície sólida há o surgimento de uma força contrária
BALANÇO DE ENERGIA EM BOMBAS
ao deslocamento. Esta força se deve ao atrito das
moléculas do fluido com a superfície da tubulação ou Como dito anteriormente, para o escoamento de
acessórios componentes do sistema. A força de atrito fluidos é necessária à atuação de uma força propulsora.
acarreta perda de energia no processo, pois é contrária Esta força pode ser a gravidade, como no sistema
ao movimento. Esta perda energética deve ser hidráulico de residências. Neste caso, as caixas de água
contabilizada no balaço de energia do sistema e está são colocadas em lugares altos para que o fluido possa

35
AULA 6
BALANÇO DE ENERGIA EM TUBULAÇÕES E BOMBAS

ser distribuído através dos cômodos da residência sem o um tanque de armazenamento para uma coluna de
uso de uma bomba. Entretanto, em indústrias não é destilação. O volume de controle determinado estende-
possível fazer todo o transporte dos fluidos apenas com se do ponto 1 ao 2, ou seja, compreende a saída do
a força da gravidade. Para isso é necessária à utilização tanque, a tubulação, a bomba e a entrada da coluna de
de máquinas de fluxo como bombas e compressores. destilação. Analisando o volume de controle percebe-se
Para o dimensionamento de uma bomba que todos os termos da equação de Bernoulli devem ser
centrífuga é preciso determinar quantitativamente a considerados no balanço de energia. Entre os pontos 1 e
energia necessária para transportar o fluido em questão. 2 há variação de energia cinética, energia potencial
Este parâmetro é obtido através do balanço de energia representada pela variação de altura (Δz), energia de
do sistema, o qual também é representado pela equação pressão e perda de carga provocada pela tubulação e
de Bernoulli. acessórios. Com a posse do valor numérico desses
Analisando a equação de Bernoulli como foi termos é possível determinar o head da bomba com a
apresentada anteriormente, percebe-se que para o aplicação da equação de Bernoulli.
dimensionamento de bombas é necessário à introdução
de mais um termo para manter o princípio de
conservação da energia. O termo refere-se à quantidade Exemplo 1. Na linha representada pela Figura 6.4
de energia que o equipamento fornece ao fluido, o qual deverão escoar 18 m3/h de um fluido com densidade de
é representado pela letra H e é denominado HEAD da 780 kg/m3. Considerando que os tubos possuem 50 mm
bomba. Com mais este termo a equação de Bernoulli de diâmetro, com área de escoamento de 0,002298 m2 e
para o balanço de energia em sistemas com máquinas de que a soma das perdas de carga distribuídas e localizadas
fluxo é representada da seguinte forma: são de 8 m, determine a carga que a bomba deve
fornecer para transportar o fluido em questão do ponto
𝛥𝑣 𝛥𝑃 1 ao 2. Considere sempre que 𝑔 = 9,8 𝑚⁄𝑠 .
+ 𝛥𝑧 + + 𝑙 + 𝐻=0
2𝑔 𝜌𝑔

Assim como em tubulações, o balanço de


energia em sistemas com máquinas de fluxo requer a
determinação de um volume de controle, como mostra
a Figura 6.3.

Figura 6.4 - Esquema representativo do Exemplo 1.

Inicialmente é preciso determinar o volume de


controle do sistema que englobe toda a seção de
transporte. O volume de controle escolhido estende-se
Figura 6.3 - Volume de controle para o dimensionamento de do ponto 1 ao 2.
bombas. A próxima etapa é determinar as variações de
energia cinética, potencial e de pressão para serem
O fluxograma da Figura 6.3 pode representar, aplicadas na equação de Bernoulli.
por exemplo, o esquema de transporte de petróleo de

36
AULA 6
BALANÇO DE ENERGIA EM TUBULAÇÕES E BOMBAS

Determinação da variação da energia cinética: anteriormente obtêm-se a carga da bomba através da


No ponto 1, saída do primeiro tanque, a equação de Bernoulli:
velocidade é zero, pois é a partir desta região que se
iniciará o movimento do fluido. No ponto 2, entrada do 𝛥𝑣 𝛥𝑃
+ 𝛥𝑧 + + 𝑙 + 𝐻=0
segundo tanque, a velocidade não é zero e pode ser 2. 𝑔 𝜌. 𝑔
determinada através da vazão volumétrica ( 𝑄 ) do
sistema. 0,25 + 2 + 26,2 + 8 + 𝐻 = 0

𝑄 𝐻 = 36,5 𝑚
𝑣 =
𝐴
A pesar de o valor numérico de H possuir sinal
Sendo, A a área de escoamento. Assim: negativo, adota-se o valor positivo porque a bomba é um
equipamento que fornece energia ao fluido.
𝑚 Analisando os valores de energia nota-se que o
18 𝑚
𝑣 = ℎ = 2,2 termo cinético é muito pequeno em comparação com os
0,002298 𝑚 𝑠
demais. Isto ocorre porque, geralmente, a variação de
Com o valor das velocidades na entrada e saído velocidade em sistemas de bombeamento é muito
do volume de controle é possível determinar a variação pequena. Assim, como a variação de energia cinética é
de energia cinética: irrelevante em comparação com as demais ela pode ser
desprezada na maioria dos casos.
𝛥𝑣 2,2 − 0 (𝑚 ⁄𝑠 )
= = 0,25 𝑚
2. 𝑔 2. 9,8 𝑚⁄𝑠
CURVA DO SISTEMA
Determinação da energia potencial:
Continuando a análise do sistema da Figura 6.4.
Diferençade altura entre o ponto inical e final do Se nenhuma das condições físicas da linha, como o nível
movimento do fludo, ou seja entre o ponto 2 e 1.. de fluido, pressão em 1 e 2 e abertura da válvula, forem
alteradas e por ela passarem vazões variadas, na
𝛥𝑧 = 𝑧 − 𝑧 = 4,5 𝑚 − 2,5 𝑚 = 2 𝑚 equação de Bernoulli para bombas os termos que
representam a energia potencial e de pressão serão
Determinação da energia de pressão: constantes. Com isso, apenas ocorrerá variação da
O cálculo envolvendo pressão deve ser feito com energia cinética e perda de carga, ambas funções da
ambas as pressões na forma manométrica ou absoluta. velocidade. Esta característica pode ser analisada através
O importante é que ambas estejam na mesma categoria. de um gráfico que representa a carga da bomba em
função da vazão volumétrica. A curva obtida é
𝛥𝑃 (200. 10 𝑃𝑎 − 0 𝑃𝑎) denominada curva do sistema e representa a quantidade
= = 26,2 𝑚
𝜌. 𝑔 780 𝐾𝑔⁄𝑚 . 9,8 𝑚⁄𝑠 de energia que o sistema deverá receber para manter
uma determinada vazão (Figura 6.5).
Neste exemplo foi utilizada a pressão
manométrica, no tanque 1 foi indicada a pressão
absoluta, descontando-se a pressão atmosférica, tem-se
a pressão manométrica.

Determinação do head da bomba:


Do enunciado tem-se que a perda de carga total
é de 8 m. Com este valor e as energias calculadas

37
AULA 6
BALANÇO DE ENERGIA EM TUBULAÇÕES E BOMBAS

MEDIDORES DE VAZÃO
No estudo desenvolvido até aqui foi abordado
diversas vezes no conceito de vazão, tanto mássica
quanto volumétrica. A vazão é umas das características
mais importantes em processos industriais e saber como
quantificá-la é fundamental para manter uma planta em
condições de operação.
A maneira mais simples de medir a vazão em um
tubo é o método direto, que consiste em determinar a
quantidade de fluido que acumula em um recipiente
durante um determinado período de tempo. Entretanto,
Figura 6.5 - Curva do sistema. esse método pode acarretar grandes erros para curtos
períodos de tempo, além de incertezas ocasionadas pela
A linha contínua da Figura 6.5 mostra a variação
manipulação manual do aparato. Por estes motivos os
do head da bomba em função da vazão em um sistema
medidores de vazão mais utilizados nas indústrias são
recém-instalado. Já a linha pontilhada indica um sistema
baseados em métodos indiretos. Tais métodos consistem
operando a um longo período de tempo. A maior
na medição de alguma propriedade relacionada à vazão
inclinação desta curva mostra que o sistema com maior
volumétrica ou mássica, como a velocidade, por
tempo de operação necessita de mais energia para
exemplo, a fim de se obter a vazão do sistema.
manter o fluxo, pois a perda de carga é maior devido a
Os medidores de vazão são divididos em dois
incrustações formadas na tubulação com o período
grandes grupos: os medidores de vazão de restrição para
operação, por exemplo. Além disso, destaca-se que a
escoamentos internos e os medidores de vazão lineares.
interseção das curvas com o eixo das ordenadas refere-
Os primeiros baseiam-se no princípio da aceleração der
se à carga estática do sistema, ou seja, a soma das
uma corrente fluida através de alguma forma de bocal,
energias potencial e de pressão, as quais são constantes
conforme mostra o esquema da Figura 6.6.
como mencionado anteriormente.

ASSOCIAÇÃO DE BOMBAS
Há situações em que é impossível encontrar uma
bomba centrífuga que se adapte de modo conveniente
ao serviço. Por exemplo, a alimentação a baixa vazão de
um reator que opera a alta pressão. Para isso, seria Figura 6.6 - Escoamento interno através de um bocal genérico,
necessário encontrar uma bomba com alto H e baixo Q, mostrando o volume de controle usado para análise, ponto 1 ao 2.
com eficiência aceitável, o que é raro. Nesses casos
recomenda-se a associação de duas bombas em série. A A ideia é que a variação de velocidade leva a uma
mesma vazão (baixa) passa por duas bombas recebendo variação de pressão, a qual pode ser medida por um
o dobro de carga energética. Contudo, se o que deseja é medidor de pressão diferencial ou um manômetro. Com
aumentar a vazão com baixa carga é mais eficiente o valor obtido da variação de pressão é possível obter a
associar duas bombas em paralelo, mantendo a carga vazão do sistema através de uma correlação empírica
energética igual à de apenas uma bomba. para o medidor de vazão utilizado. A desvantagem de
medidores de vazão de restrição de área é que a variação
de pressão obtida não é linearmente proporcional à
vazão. Já os medidores de vazão lineares apresentam
variação de pressão linearmente proporcional à vazão.
Contudo, não entraremos no mérito destes dispositivos

38
AULA 6
BALANÇO DE ENERGIA EM TUBULAÇÕES E BOMBAS

devido ao seu reduzido uso na indústria. Além disso, os equação de Bernoulli são válidos e por quê? Neste
medidores por restrição de área são mais versáteis a esquema determinada vazão de água é direcionada
diversos tipos de fluidos. de um tanque de um armazenamento para uma
A seguir serão apresentados os principais coluna de absorção ambos a pressão atmosférica.
medidores de vazão por restrição de área usados na
indústria.

Placa de orifício
A placa de orifício (Figura 6.6) é uma placa que
pode ser interposta entre flanges e tubos. Devido a sua
geometria simples, é de baixo custo e de fácil instalação
e manutenção. Ao passar pelo orifício da placa o fluido
aumenta sua velocidade acarretando variação de
pressão. Com a variação de pressão obtêm-se a vazão
volumétrica através de uma correlação empírica
específica para este dispositivo.

Venturi
O medidor venturi (Figura 6.7) é um tubo com
estrangulamento cônico interno que promove a variação Figura 6.8 - Esquema para o exercício 2.
de velocidade do fluido. Geralmente este dispositivo é
pesado, volumoso e caro, mas apresenta menor perda de 3. Defina perda carga e explique porque uma tubulação
carga que a placa de orifício. Seu princípio de com menor diâmetro apresenta maior perda de
funcionamento segue a mesma ideia da placa de orifício, carga que uma tubulação com maior diâmetro.
com uma correlação empírica específica para este
dispositivo. 4. Na linha descrita pela Figura 6.9 deverão escoar 20
m3/h de água a 25 °C. Considere que a área de
escoamento dos tubos é de 0,003090 m2 e que a
perda de carga distribuída é de 6 m e a perda de
carga localizada é de 4 m. Determine o volume de
controle e a carga da bomba. Para isso, considere
que a pressão no tanque de origem é de 1 atm e que
a pressão no tanque de destino é de 200 kPa
manométrico.

Figura 6.7 - Escoamento interno através de um tubo venturi.

EXERCÍCIOS 6m

1. Defina volume de controle.

2. Escreva a equação de Bernoulli para escoamento em


tubulações explicando os quatro termos envolvidos.
Em seguida, determine um volume de controle da Figura 6.9 - Esquema para o exercício 4.
linha da Figura 6.8 e indique quais termos da

39
AULA 6
BALANÇO DE ENERGIA EM TUBULAÇÕES E BOMBAS

5. Na linha da Figura 6.10 (tubos de 40 mm, classe 2. Equação de Bernoulli:


médio), 15 m3/h de água (massa específica de 1000
kg/m3) deverão ser bombeados da cisterna para o
reservatório elevado. Sabendo que as perdas de
carga na linha serão de 6 m, determine a carga da
bomba necessária para o serviço. Considere que Primeiro termo: energia cinética
ambos os tanques estão abertos à atmosfera. Segundo termo: energia potencial
Terceiro termo: energia de pressão
Quarto termo: perda de carga
Quinto termo: carga da bomba

8m

2m

3m

Figura 6.10 - Esquema para o exercício 5.


O volume de controle é somente a tubulação desde a
6. Explique por que é necessário um aumento na carga saída do tanque até a entrada da coluna.
da bomba se durante a operação a inclinação da
curva da tubulação aumentar com o tempo. No sistema apresentado:
Os termo válidos são:
7. Você foi contratado como técnico operador de uma 1 - energia potencial, pois tem diferença de altura do
refinaria. Em seu primeiro dia trabalho você verificou ponto inicial ao ponto final;
que a bomba de uma linha não está dando conta de 2 – energia cinática: houve diferença de velocidade ao
direcionar o óleo a um tanque de armazenamento, longo de escoamento, no inicio sempre é zero.
está com a vazão baixa. Que sugestão você daria ao 3 – perda de carga: tem perda de energia na tubulação
engenheiro químico responsável para solucionar o devido ao atrito das moléculas nas paredes da tubulação
problema: a instalação de duas bombas em série ou e entre si.
em paralelo? Explique os motivos de sua escolha. Os termos não válidos:
1 - carga da bomba: não temos bomba neste trecho de
tubulação, este termo é zero.
GABARITO 2 – energia de pressão: se o tanque e a coluna estão na
mesma pressão este termo é zero.
1. Volume de controle é o volume que será analisado
nos cálculos de dimensionamento e escoamento. 3. Perda de carga é a perda energética causada pelas
forças contrárias ao escoamento. Uma tubulação com
menor diâmetro vai possuir mais perda de carga pelo
maior atrito na parede da tubulação, aumentando a
resistência ao escoamento.

40
AULA 6
BALANÇO DE ENERGIA EM TUBULAÇÕES E BOMBAS

4. R.: 36,55 m

5. R.: 19,56 m

6. A maior inclinação demanda mais energia para manter


o fluxo, isso ocorre porque a perda de carga é maior
devido a incrustações formadas na curva da tubulação.

7. Em paralelo para aumentar a vazão fornecida ao


fluido, mantendo a carga do sistema, essa análise vale
para duas bombas idênticas.

41
AULA 7
NOÇÕES DE TERMODINÂMICA
INTRODUÇÃO
 Diagrama PT:
Nesta aula veremos alguns importantes A Figura 7.1 mostra um exemplo de diagrama
conceitos de termodinâmica e de transferência de calor. Pressão-Temperatura de uma substância pura.
Primeiramente, nos dedicaremos a estudar os estados da
matéria e importantes diagramas que nos informam
propriedades das substâncias puras em diferentes
condições. Após isso, estudaremos o calor e o trabalho
como formas de transferir energia, relacionando-os com
grandezas úteis. Por fim, diferenciaremos calor sensível
do calor latente.

A REGRA DAS FASES DE GIBBS


Em 1875, o físico Josiah Willard Gibbs deduziu a
expressão que permite estabelecer o estado intensivo de
qualquer sistema. Neste momento ela será apresentada
de uma forma mais simples, na qual se desconsidera a
ocorrência de reações: Figura 7.1 - Diagrama PT de uma substância pura.

ℱ =𝒞−𝒫+2 (01) Na figura acima as linhas representam as


fronteiras entre fases. Tais linhas indicam as condições
Na expressão anterior, 𝒞 representa o número de pressão e temperatura nas quais duas fases
de componentes, 𝒫 o número de fases e ℱ o número de encontram-se em equilíbrio, isto é, nestas condições as
graus de liberdade relacionados às grandezas intensivas. duas fases coexistem. A linha 1-2 representa o equilíbrio
entre a fase sólida e a fase vapor e é chamada de curva
Supondo uma substância pura na forma líquida:
de sublimação, esta separa a região do sólido e do vapor.
𝒞 = 𝒫 = 1 , logo ℱ = 2 e são necessárias duas
A linha 2-3 é chamada curva de fusão e representa o
grandezas intensivas (pressão e temperatura, por
equilíbrio sólido-líquido. Por fim, a linha 2-C é a curva de
exemplo) para descrever tal estado.
vaporização, a qual representa a condição em que a fase
líquida e a fase vapor coexistem.
O ponto 2 é chamado ponto triplo e mostra a
situação na qual coexistem as três fases: sólido, líquido e
DIAGRAMA DE FASES
vapor.
Os estados de agregação da matéria podem Enquanto as linhas representam o equilíbrio
também ser chamados de fases. Uma fase é entre duas fases, as áreas delimitadas pelas linhas são
caracterizada por possuir estrutura molecular regiões em que há uma única fase. No diagrama PT,
homogênea através de toda sua massa e por estar transformações de fases podem ser representadas por
separada das outras fases por fronteiras bem definidas. linhas. Transformações isotérmicas (com temperatura
Uma das maneiras mais interessantes de constante) são representadas por linhas verticais e
representar as fases e as variáveis físicas que transformações isobáricas (a pressão constante) por
caracterizam um sistema é através dos diagramas linhas horizontais. Ao atravessar uma fronteira entre
Pressão-Volume-Temperatura (PVT). Os diagramas de fases ocorre uma brusca variação das propriedades do
fases que trataremos aqui são os diagramas de fluido a pressão e temperatura constante.
substâncias puras. Substância pura é aquela que tem O ponto C é chamado ponto crítico e suas
composição química invariável e homogênea em todas as coordenadas, Pc e Tc, indicam a maior pressão e
fases. temperatura na qual se observa o equilíbrio líquido-
vapor. Acima do ponto crítico a fase líquida tem

42
AULA 7
NOÇÕES DE TERMODINÂMICA
propriedades idênticas à fase vapor. Isto quer dizer que,
nesta situação, não existe uma fronteira entre a fase
líquida e a fase gás. Disto decorre que é possível fazer temperatura constante ou a pressão constante. Tome
uma transição da fase líquida à fase vapor sem cruzar a como exemplo a chaleira em que você aquece água em
curva de vaporização. Um exemplo de trajetória deste sua casa. Imagine que você aquecerá água até a fervura.
tipo é a curva A-B. Nesta situação, a transição de líquido Neste caso tem-se um processo a pressão constante
para gás é gradual, não incluindo uma etapa de (pressão atmosférica). O sistema é aquecido até um
vaporização. ponto onde inicia-se o processo de vaporização. Deste
No gráfico da Figura 7.1, a linha vertical instante em diante temos um sistema composto por uma
pontilhada mostra a divisão da região do gás. Um gás à fase líquida em equilíbrio com o seu vapor. Tanto o
esquerda da linha é chamado de vapor. Chamamos vapor líquido quanto o vapor estão saturados. Durante todo o
o gás que pode ser condensado por compressão a processo de vaporização a temperatura permanece
temperatura constante ou por resfriamento a pressão constante (temperatura de saturação Tsat).
constante. O gás a temperatura superior a Tc é dito Agora imagine que você realizará a vaporização
supercrítico. de água líquida mantendo a temperatura constante e
variando a pressão. Isto poderia ser feito em um êmbolo
 Diagrama PV: isolado. O sistema é submetido a uma diminuição de
A Figura 7.2 dá-nos uma nova informação: o pressão. É possível verificar que, a uma dada pressão, a
volume. Nesta figura, o equilíbrio entre fases, que no mudança de fase tem início. A pressão permanece
diagrama PT era dado por linhas, é agora representado constante até que se complete a mudança de fase. A essa
por regiões nas quais duas fases (sólido/vapor, pressão dá-se o nome de pressão de vapor (Pvap) ou
sólido/líquido, líquido/vapor) coexistem em equilíbrio a pressão de saturação (Psat).
uma dada temperatura e pressão. O volume específico A pressão de vapor é uma propriedade das
(ou molar) depende das quantidades relativas das fases substâncias puras e o seu valor é uma função das forças
presentes. As linhas representam fases únicas. O ponto intermoleculares e da energia cinética das moléculas,
triplo é agora dado por uma linha horizontal na qual que, por sua vez, é função da temperatura. O ponto de
coexistem as três fases em uma única temperatura e ebulição de um composto é definido como sendo a
pressão. temperatura na qual a pressão de vapor do líquido se
iguala a pressão do sistema.
Conhecendo a temperatura na qual se encontra
uma substância pura é possível se determinar a
temperatura de saturação desta ou vice-versa bastando
para tanto que se tenha à disposição um gráfico como o
da Figura 7.1 ou uma equação que correlacione a pressão
e temperatura de saturação. Uma das equações mais
utilizadas para este fim é a Equação de Antoine, a qual
possui a forma:

𝐵
𝑙𝑛𝑃 =𝐴− (02)
𝑇+𝐶
Figura 7.2 - Diagrama PV de uma substância pura.
Com 𝑃 dado em kPa e 𝑇 em °C. A Tabela 7.1
mostra valores das constantes A, B e C para algumas
DADOS DO EQUILÍBRIO LÍQUIDO- substâncias.
VAPOR
Um composto puro pode passar de líquido a
vapor ou de vapor para líquido através de um processo a

43
AULA 7
NOÇÕES DE TERMODINÂMICA

Temos que isolar a temperatura na Eq. de


Tabela 7.1. Coeficientes para uso da Equação de Antoine. Antoine. Após alguns algebrismos temos:
Faixa de
Nome Fórmula Coef. A Coef. B Coef. C Temp. 𝐵
°C 𝑇= −𝐶
𝐴 − 𝑙𝑛𝑃
Acetona C3H6O 14,3145 2.756,22 228,060 -26 a 77
Benzeno C6H6 13,7819 2.726,81 217,572 6 a 104
3.885,70
Iso-butano C4H10 13,8254 2.181,79 248,870 -83 a 7 𝑇= − 230,170
n-butano C4H10 13,6608 2.154,70 238,789 -73 a 19 16,3872 − ln (101,325)
1-butanol C4H10O 15,3144 3.212,43 182,739 37 a 138
2-butanol C4H10O 15,1989 3.026,03 186,500 25 a 120
Iso-butanol C4H10O 14,6047 2.740,95 166,670 30 a 128 𝑇 = 99,998°𝐶 ≅ 100 °𝐶
Tert-butanol C4H10O 14,8445 2.658,29 177,650 10 a 101
Etanol C2H6O 16,8958 3.795,17 230,918 3 a 96 A previsão pela Eq. de Antoine gera um resultado
Água H2O 16,3872 3.885,70 230,170 0 a 200 aproximadamente igual ao mostrado no gráfico da Figura
7.5. A temperatura de 100°C é chamada de temperatura
Exemplo 1. Determine a temperatura ou pressão de normal de ebulição da água.
saturação da água nas seguintes condições:
c) A temperatura é 300 °C.
a) A temperatura é 298,15K. Neste caso não podemos empregar a Eq. de
Usaremos a Eq. de Antoine com os coeficientes Antoine, cujos coeficientes mostrados nesta apostila são
da Tabela 8.1. A Eq. de Antoine é usada com a utilizáveis somente na faixa de 0 a 200°C para água.
temperatura dada em °C, então precisamos realizar a Teremos que recorrer ao gráfico da Figura 7.5. Para
conversão: 300°C a pressão de saturação é de aproximadamente 10
𝑇 (°𝐶) = 𝑇(𝐾) − 273,15 MPa.
𝑇 (°𝐶) = 298,15 − 273,15 = 25°𝐶 Dados do equilíbrio líquido-vapor para a água
são encontrados em tabelas conhecidas como tabelas de
Agora aplicamos a Eq. de Antoine: vapor. Uma tabela de vapor pode ser consultada no
Anexo A desta apostila. Nestas tabelas, além da
𝐵 temperatura e pressão de saturação, encontram-se
𝑙𝑛𝑃 =𝐴−
𝑇+𝐶 informações do volume específico, energia interna,
entalpia e entropia do líquido e vapor saturado. Neste
3.885,70 curso, faremos uso somente das informações de
𝑙𝑛𝑃 = 16,3872 −
25 + 230,170 entalpia. Exemplificaremos o uso destas informações em
um exercício resolvido a frente.
𝑙𝑛𝑃 = 1,159
𝑃 = exp (1,1593) CALOR E TRABALHO
𝑃 = 3,188𝑘𝑃𝑎 = 3.188 𝑃𝑎
Calor é uma forma de energia em trânsito, assim
A previsão pela Eq. de Antoine gera um resultado como o trabalho. A transferência de calor entre dois
aproximadamente igual ao mostrado no gráfico da Figura corpos ocorre devido a uma diferença de temperatura,
7.5. com a energia fluindo do corpo mais quente para o corpo
b) A pressão é 1 atm. frio.
Novamente usaremos a Eq. de Antoine. É preciso O trabalho está intimamente associado à
inicialmente converter a pressão em kPa: habilidade para causar o deslocamento de uma força. É
usual classificá-lo de duas formas:
101,325𝑘𝑃𝑎
𝑃 = 1 𝑎𝑡𝑚 ∗ = 101,325 𝑘𝑃𝑎
1 𝑎𝑡𝑚

44
AULA 7
NOÇÕES DE TERMODINÂMICA
 Trabalho 𝑃𝑉 : representa a movimentação da de entrada ou de saída de matéria. Podemos considerar
fronteira de um sistema, como quando um um pacote de carne que é retirado do freezer para
pistão é acionado e altera o volume ocupado por descongelar como um sistema fechado.
certo gás dentro de um cilindro; Nesta situação toda energia que entra ou que sai
do sistema é transportada por calor ou trabalho. Assim:
 Trabalho de eixo: é responsável pela transmissão
de energia para um fluido através da rotação de ∆(Energia do Sistema) = Q + W (04)
um dispositivo, o rotor das bombas centrífugas é
um excelente exemplo. Por fim, no caso de sistemas abertos, há fluxo de
massa pelas fronteiras do sistema. Como esta massa
CONSERVAÇÃO DE ENERGIA possui temperatura acima de 0 K, as partículas que a
compõem possuem energia. Assim, sempre que há fluxo
O enunciado da Primeira Lei da Termodinâmica de massa há também fluxo de energia e esta parcela
diz: deve ser considerada no balanço. Ao esquentar a água
Embora a energia assuma várias formas, a em uma chaleira o conjunto composto pela chaleira +
quantidade total de energia é constante e, quando água é um sistema aberto. A frente veremos como ficará
energia em uma forma desaparece, ela reaparece um balanço de energia para um sistema com fluxo de
simultaneamente em outras formas. massa.
Isto é, a energia é conservativa! Voltemos ao sistema fechado. Frequentemente
Em geral, no estudo da termodinâmica estamos estes sistemas sofrem processos durante os quais
preocupados com um sistema específico. somente a sua energia interna muda. Assim, a inclusão
Um sistema termodinâmico é definido como de energia no sistema na forma de calor e trabalho causa
uma quantidade com massa e identidade fixas. Um uma variação na energia interna do sistema. Com isso
sistema é uma pequena parcela do Universo sobre a qual podemos escrever:
temos interesse em nossos estudos. Tudo que é externo
ao sistema é denominado vizinhança. ∆U = Q + W (05)
Vimos logo acima que a energia se conserva.
Sendo assim, uma variação de energia num sistema de Outra pergunta pode surgir: o que é energia
interesse causa igual variação na energia da vizinhança interna? Energia interna (U) é a energia das moléculas
do sistema. Assim que compõem um sistema. Faz sentido falarmos em
energia sendo transferida na forma de calor e trabalho,
∆(Energia do Sistema) = ∆(Energia da Vizinhança) porém não faz nenhum sentido falar em energia
armazenada como calor e trabalho. Lembre-se: calor e
Ou trabalho são formas de energia em trânsito! A energia
interna é, digamos assim, a forma na qual um sistema
∆(Energia do Sistema) − ∆(Energia da Vizinhança) = 0 (03)
armazena energia. Esta energia é a soma da energia
cinética translacional, rotacional e vibracional das
Basicamente, podemos classificar um sistema
partículas que compõem um sistema. Também entra na
em três categorias: isolado, fechado ou aberto; de
energia interna a energia potencial que se deve às forças
acordo com os fluxos de massa e energia que atravessam
intermoleculares, às forças que mantém os átomos
(ou não) suas fronteiras.
agrupados como moléculas e às forças que mantém os
Denominamos sistema isolado aquele em que
elétrons ligados ao núcleo dos átomos.
não ocorre fluxo de energia nem de massa ao longo de
Da equação para sistemas fechados e
suas fronteiras, um bom exemplo cotidiano seria a
considerando um processo reversível chega-se a uma
garrafa térmica.
função termodinâmica que é muito comumente
Já o sistema fechado é aquele no qual não há
encontrada nos cálculos, a entalpia. A entalpia é
fluxo de massa por meio das fronteiras do sistema.
DEFINIDA como sendo:
Assim, em sistemas fechados não há nenhuma corrente

45
AULA 7
NOÇÕES DE TERMODINÂMICA
H ≡ U + PV (06)  Calor Latente:
Quando uma substância pura é liquefeita a partir
A palavra “definida” aparece destacada pois a do estado sólido ou vaporizada a partir do estado líquido,
entalpia não é uma grandeza física, mas sim uma a pressão constante, não ocorre variação da
propriedade definida por comodidade. É útil porque o temperatura, contudo o processo requer uma
grupo U+PV aparece frequentemente nos cálculos. quantidade finita de calor para a substância mudar de
Para processos em regime permanente, com fase. Esses efeitos térmicos são chamados de calor
escoamento e com uma única entrada e uma única saída, latente de fusão e calor latente de vaporização.
o balanço de energia pode ser escrito como: Já vimos as condições nas quais pode-se chegar
∆𝑣
(07) a Equação
∆𝐻 + + 𝑔∆𝑍 = 𝑄 + 𝑊
2 𝑄 = ∆𝐻

Na qual 𝑣 é a velocidade média do fluído No caso da vaporização, ∆𝐻 será ∆𝐻 (calor


escoando, 𝑔 a aceleração da gravidade, 𝑍 a altura e 𝑊 o latente de vaporização) e teremos:
trabalho de eixo. Usaremos esta equação, com as
simplificações que forem necessárias, nos balanços de 𝑄 = ∆𝐻
energia que fizermos adiante. Ou:
𝑄̇ = 𝑚̇∆𝐻 (09)
CALOR SENSÍVEL E LATENTE
Que também é sua velha conhecida, porém,
 Calor Sensível: geralmente usa-se a letra L para representar o calor
Partindo da Equação de Bernoulli, e latente de vaporização.
considerando processo à pressão constante,
mecanicamente reversível, sem trabalho de eixo e com  Análise Gráfica:
variação de energia potencial e cinética desprezível Já vimos nesta aula que, durante uma mudança
chega-se a: de fase, a temperatura se mantém constante. Porém, ao
transferirmos calor a um sistema, sem que haja mudança
𝑄 = ∆𝐻 de fase, a temperatura aumenta. Podemos representar
estas observações por meio de um gráfico da
Das relações termodinâmicas temos que ∆𝐻, a temperatura versus entalpia.
pressão constante, é função da capacidade calorífica a
pressão constante (𝐶 ) e da temperatura. 𝐶 também
varia com a temperatura, porém, neste curso, por
simplicidade, consideraremos 𝐶 constante e, com isso,
teremos:
𝑄 = ∆𝐻 = 𝐶 ∆𝑇
Ou:
𝑄̇ = 𝑚̇∆𝐻 = 𝑚̇𝐶 ∆𝑇 (08)

Esta equação é sua velha conhecida e é


empregada para quantificar a energia necessária para
aquecer um sistema quando não há mudança de fase, Figura 7.3 - Variação da temperatura com a entalpia para uma
reações químicas e mudanças na composição. substância pura.
A capacidade calorífica a pressão constante ou
calor específico depende da substância com a qual se Este conhecimento é frequentemente
está trabalhando e é uma medida da capacidade do empregado na indústria. Muitas vezes, quando se deseja
material armazenar energia térmica. É dada em kJ/kg.°C. aquecer uma determinada corrente, emprega-se como
fluido de aquecimento vapor de água saturado. Este é

46
AULA 7
NOÇÕES DE TERMODINÂMICA
preferível pois permite bom controle de temperatura 𝑉̇ 𝑉̇
(lembre-se que a condensação ocorre a temperatura 𝑣 = =
𝐴 𝜋∗𝐷
constante) e porque a condensação do vapor de água 4
libera muita energia (540 kcal/kg a pressão de 1 atm) se
comparada ao resfriamento do vapor superaquecido (0,5 𝐿 1𝑚³
0,152 ∗ 𝑚
kcal/kg a cada 1°C de resfriamento) ou da água (1 kcal/kg 𝑣 = 𝑠 1000𝐿 = 0,29998
a cada 1 °C de resfriamento) 0,0254𝑚 𝑠
1" ∗
𝜋∗ 1"
Exemplo 2. O esquema da Figura 7.4 mostra um sistema 4
de bombeamento e aquecimento de água para a ducha
de um apartamento. A água a 10 ºC, é bombeada de um
reservatório com nível a 5 m do chão a uma vazão de No chuveiro a velocidade é:
0,152 L/s. O motor da bomba fornece 0,04 hp. A água
atravessa um aquecedor onde recebe calor a uma taxa 𝑉̇ 𝑉̇
𝑣 = =
de 25,4 kW, sendo então descarregada em um chuveiro 𝐴 𝜋∗𝐷
a 25 metros do chão. O sujeito tomando banho vai passar 4
𝑙 1𝑚³
frio? 0,152 ∗ 𝑚
𝑣 = 𝑠 1000𝑙 = 0,53329
0,0254𝑚 𝑠
3/4" ∗
𝜋∗ 1"
4

Assim, a contribuição da variação de velocidade


será:

∆𝑣² 𝑣 −𝑣
=
2 2
∆𝑣² 𝑚
= 0,097207
2 𝑠
Antes de continuar a resolução do exemplo veja
Figura 7.4. Exemplo 2. a seguinte análise dimensional:

Para sabermos se o rapaz tomando banho vai 𝐽 𝑁∗𝑚 𝑚 𝑚 𝑚


= = 𝑘𝑔 ∗ ∗ =
passar frio, é necessário encontrarmos a temperatura da 𝑘𝑔 𝑘𝑔 𝑠 𝑘𝑔 𝑠
água no chuveiro.
Assim, a contribuição associada à variação de
Resolveremos este exemplo usando o balanço velocidade no balanço de energia pode ser escrita em
de energia para um sistema com escoamento. Primeiro outras unidades:
calcularemos a parcela de energia referente a variação
de velocidade. A variação de velocidade ocorre pois a ∆𝑣² 𝑚 𝐽
= 0,097207 = 0,097207
vazão volumétrica é constante em todo o sistema 2 𝑠 𝑘𝑔
(estamos trabalhando com um fluido incompressível),
mas o diâmetro da tabulação muda. Agora analisaremos a contribuição da variação
de altura:
Na saída do tanque a velocidade é: 𝑚 𝑚
𝑔∆𝑍 = 9,8 ∗ (25 − 5)𝑚 = 196
𝑠 𝑠
𝑉̇ = 𝑣 ∗ 𝐴

47
AULA 7
NOÇÕES DE TERMODINÂMICA
𝑇 = 10 + 40 ≈ 50°𝐶
𝐽
𝑔∆𝑍 = 196
𝑘𝑔 O rapaz não passrá frio pois esta temperatura é
considera elevada para o banho, para ter uma noção
O calor cedido ao sistema é: nesta temperatura, se o banho demorar mais de 5
minutos pode ocorrer queimaduras graves na pele.
𝐽
𝑄̇ = 25,4𝑘𝑊 = 25400
𝑠 Exemplo 3. Precisamos saber qual a quantidade de calor
Para colocar nas mesmas unidades vistas
que se deve ceder a 1 kg de água para que esta tenha sua
anteriormente dividimos a taxa de calor pela vazão
temperatura elevada de 170 °C até 200°C a 1 MPa. O
mássica:
calor específico da água é 4.410 J/kg.K e o calor
𝑄̇ 𝑄̇
𝑄= = específico do vapor de água é 2.590 J/kg.K. Use a tabela
𝑚̇ 𝑉̇ ∗ 𝜌 de vapor para obter as demais informações. Nestas
condições, em certa temperatura, a água líquida
25400𝐽/𝑠
𝑄= vaporizará para então ser aquecida até a temperatura
𝑙 1𝑚³ 𝑘𝑔 final.
0,152 ∗ ∗ 1000
𝑠 1000 𝑙 𝑚 Sabemos que o processo de aquecimento
50000 𝐽/𝑠 envolve uma transformação de fases. Escreveremos
𝑄= = 167105,26 𝐽/𝑘𝑔 então o calor total cedido em três parcelas:
0,152𝑘𝑔/𝑠

O mesmo faremos com o trabalho de eixo da 𝑄 = 𝑄 +𝑄 +𝑄


bomba:
A parcela 1 se refere ao aquecimento da água
1𝑊 líquida até a temperatura de vaporização. A segunda
𝑊 = 0,04𝐻𝑃 ∗ parcela se deve à energia necessária para vaporizar a
1,341 ∗ 10 𝐻𝑃
água. A terceira parcela leva em conta a energia
𝑊 = 29,828 𝑊 = 29,828 𝐽/𝑠 necessária para aquecer o vapor de água da temperatura
de saturação até a temperatura final de 200°C.
𝑊 29,828 𝐽/𝑠 Primeiramente precisamos conhecer a
= = 196,2368 𝐽/𝑘𝑔
𝑚̇ 0,152 𝑘𝑔/𝑠 temperatura de saturação da água a pressão de 1 MPa..
Os dados na Tabela 7.2 foram retirados da tabela de
Com isso teremos que ∆𝐻 será igual a: vapor com entrada de pressões que estão no ANEXO.
𝐽 𝐽 Tabela 7.2. Tabela de vapor
∆𝐻 + 0,097 + 196,00
𝑘𝑔 𝑘𝑔 Entalpia H (kJ/kg)
𝐽 𝐽 P (MPa) T (o C) Líq. Sat. Evap. Vap. Sat.
= 167105,263 + 196,237
𝑘𝑔 𝑘𝑔 1 179,91 762,81 2015,3 2778,1

∆𝐻 = 167105,4 𝐽/𝑘𝑔 Temos, com isso a temperatura de saturação a


1Mpa é 179,91°C. Podemos então calcular as parcelas 𝑄
Fazendo ∆𝐻 = 𝐶 ∆𝑇 e tomando 𝐶 da água e𝑄 :
líquida igual a 1 kcal/kg.°C=4184 J/kg.°C teremos:

∆𝐻 167105,4 𝐽/𝑘𝑔 𝑄 = 𝑚𝐶 ∆𝑇
∆𝑇 = = ≈ 40°𝐶 (39,94 º𝐶) 𝐽
𝐶 J 𝑄 = 1𝑘𝑔 ∗ 4.410 ∗ (179,91 − 170)°𝐶
4184 𝑘𝑔°𝐶
kg°C

∆𝑇 = 𝑇 − 𝑇 e 𝑇 = 𝑇 + ∆𝑇. 𝑄 = 43.703,1𝐽
Logo:

48
AULA 7
NOÇÕES DE TERMODINÂMICA

a) Sistema termodinâmico
𝑄 = 𝑚𝐶 ∆𝑇 b) Equilíbrio (mecânico, térmico e químico)
𝐽
𝑄 = 1𝑘𝑔 ∗ 2590 ∗ (200 − 179,91)°𝐶
𝑘𝑔°𝐶 3. A Figura 7.5 mostra o Digrama PT da água.
Gostaríamos que você encontrasse no gráfico o
𝑄 = 52.033,1 𝐽 ponto triplo da água, bem como o ponto crítico. Qual
o significado destes dois pontos? Na mesma figura
Obs: Na equação acima como multiplicamos o valor de trace a seguinte transformação a 100kPa: gelo é
Cp por uma variação de T, podemos mudar o Cp dado em aquecido de -10 até 0°C, funde-se e a água líquida é
J/kg.K como sendo J/Kg. oC. aquecida de 0 até 100°C, esta é vaporizada e o vapor
é superaquecido a 130 °C. Usando os dados aqui
Para calcular a parcela 2 precisamos do calor de dados e a tabela de vapor diga qual a energia deve
vaporização na pressão estipulada, esta é dada pela ser cedida para estas transformações?
diferença entre a entalpia do vapor saturado e do líquido Cp (gelo)=2.040 J/kg.K;
saturado, a qual já está calculada na tabela na coluna Cp (líquido) = 4,22 kJ/kg.K;
Evap. Cp (vapor) = 2.029 J/kg.K;
Assim o ∆𝐻 = 2015,3 𝑘𝐽/𝑘𝑔 e a parcela 𝑄 entalpia de fusão (1 atm) = 333,7 kJ/kg;
será: entalpia de vaporização = 2.264,7 kJ/kg;
𝐽
𝑄 = 𝑚∆𝐻 = 1 𝑘𝑔 ∗ 2015300
𝑘𝑔 4. Qual a quantidade de energia deve ser cedida para
𝑄 = 2.015.300 𝐽 evaporar água líquida nas seguintes condições: a)
0°C; b) 110°C e c) 190°C? Qual a pressão de
Logo, o calor total que deve ser cedido é: saturação nas mesmas condições – utilize a tabela de
vapor em anexo e a Eq. de Antoine.
𝑄 = 𝑄 +𝑄 +𝑄
5. Qual a quantidade de calor liberado na condensação
𝑄 = 43.703,1𝐽 + 2.013.100𝐽 + 52.033,1𝐽
do vapor de água nas seguintes condições: a) 1 bar;
b) 5 bar e c) 15 bar? Qual a temperatura de saturação
𝑄 = 2.108.836 𝐽
nas mesmas condições – utilize a tabela de vapor em
Note quão maior é a parcela gasta para vaporizar anexo e a Eq. de Antoine.
a massa de água.
6. O professor Tadeu não gosta de tomar café quente.
Infelizmente seu estoque acabou e só é possível
EXERCÍCIOS preparar café a 74 ºC. Entretanto, é necessário que o
café fique gelado o mais rápido possível. Você dá a
1. Busque no texto desta aula as respostas das ele uma ideia: por que não preparar um café
seguintes perguntas: concentrado e colocar cubos de gelo para resfriá-lo?

a) Diferencie os estados da matéria quanto a Suponha que vocês prepararam 1 litro de café e possuem
mobilidade das moléculas. várias formas repletas de cubos de gelo (em geral, uma
b) Ao aumentarmos a temperatura de saturação, o forma contém 15 cubos com 10cm3 cada cubo. estime a
que ocorre com a pressão de saturação? E com a massa de cada cubo). Considere que a temperatura ideal
entalpia de vaporização? para o café é de 48 ºC. Quantas formas de gelo serão
utilizadas? Você acha que essa é uma boa ideia? Que
2. Faça uma pesquisa e escreva, com suas palavras, outra sugestão você daria?
qual o significado dos seguintes conceitos:

49
AULA 7
NOÇÕES DE TERMODINÂMICA
As propriedades do café podem ser aproximadas pelas
da água.

Dados: 𝐶 𝐻 𝑂( ) = 4,2 kJ/kg; Δ𝐻 = 334 kJ/kg.

GABARITO
1.

2.

3. Ponto triplo: ponto onde as três fases estão em


quilíbrio a uma temperatura e pressão fixos. Ponto
crítico: a partir deste ponto (maior pressão e
temperatura) não é possível visualizar um equilíbrio
entre as fases líquido vapor.

Qtotal = 3.101.670 J/kg ou 3.101,67 kJ/kg)

4. a) Q=2501,4 kJ/kg; Psat=0,609 kPa

b) Q=2230,2 kJ/kg; Psat=143,22 kPa

c) Q= 1978,8 kJ/kg; Psat= 1260 kPa

5. a) Q= -2258,0 kJ/kg; Tsat= 99,62oC

b) Q= 2108,5 kJ/kg; Tsat= 151,80oC

c) Q= 1947,3 kJ/kg; Tsat= 198,05oC

6. mgelo = 0,2039 Kg , 1,36 formas de gelo

Este resfriamento é viável devido a quantidade de gelo


necessária, um pouco mais que uma forma de gelo, claro
que o café ficará bem diluído, mas a quantidade de gelo
não é enorme.

50
AULA 7
NOÇÕES DE TERMODINÂMICA

Figura 7.5 - Exercício 3. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Phase_diagram_of_water.svg.

51
AULA 8
TROCA TÉRMICA

INTRODUÇÃO átomos da ponta da barra que estão em contato com a


chama recebem mais e mais energia e vibram com maior
São inúmeras operações na indústria química intensidade. O calor então se transfere desta ponta
onde a troca de calor é indispensável. Sem a realização àquela que você está segurando, isso ocorre porque a
de trocas térmicas no processo de destilação do ponta da barra exposta a chama está com maior
petróleo, por exemplo, destiladoras empregadas no temperatura que a ponta que você está segurando. Por
refino não conseguiriam desempenhar o seu papel. Um fim, os átomos da barra metálica transferem energia,
grande número de diferentes equipamentos está também por condução, para a sua mão. Enquanto
presente hoje no mercado industrial. Alguns houver uma diferença de temperatura entre a ponta do
equipamentos que permitem a troca de calor não são seu dedo e a chama haverá transferência de calor. Com
chamados de trocadores de calor, pois possuem funções este exemplo podemos ir um pouco mais longe e pensar
específicas. Este é o caso dos evaporadores e no que ocorrerá com as moléculas de ar que estão ao
cristalizadores. Um fluido que armazena e transfere redor da chama, da barra e da sua mão. Se este ar estiver
calor, empregado em grandes quantidades em plantas mais frio (isto é, com menor temperatura) ele será
industriais, é o vapor de água, que pode ser utilizados no aquecido e suas moléculas vibrarão com mais
estado superaquecido ou saturado. Nas linhas de vapor intensidade provocando o aumento da temperatura de
alguns acessórios estão presentes, para melhorar e moléculas vizinhas por meio de choques.
proporcionar o escoamento do vapor pela unidade. Agora pense: se ao invés de uma barra metálica
Assim, nesse capítulo iremos trabalhar com troca de você estivesse segurando uma barra de madeira, a
calor, equipamentos e acessórios utilizados. Para energia seria transferida com a mesma intensidade à sua
começar, trataremos das formas de transferências de mão? A resposta é não. A condução de calor depende do
calor. material sobre o qual a diferença de temperatura está
submetida. A grandeza que mede a capacidade de um
TRANSFERÊNCIA DE CALOR material conduzir calor é a condutividade térmica.
Metais (um exemplo é o ferro que tem condutividade
Certamente você já estudou os três modos de 80,2 W/m), por exemplo, possuem condutividade
transferência de calor os quais são condução, convecção térmica maior que a madeira (cuja condutividade é de
e radiação. Vamos aqui abordá-los rapidamente 0,17 W/m). A água líquida tem condutividade 0,607 W/m
tentando enxergar algumas das suas aplicações na e o ar, 0,026 W/m.
Engenharia. O fato de existirem materiais com diferentes
condutividades térmicas é muito importante para a
 Condução: Engenharia. É possível encontrar exemplos onde a
A transferência de energia por condução é o condução de calor é extremamente desejada e outros
resultado da interação entre partículas mais energéticas onde se busca evitá-la. Um exemplo são os trocadores de
e suas vizinhas menos energéticas. Nos sólidos a calor de contato indireto. Um trocador de calor pode ser,
condução se deve às vibrações das moléculas em uma por exemplo, constituído por dois tubos concêntricos. No
rede cristalina. Nos líquidos e gases, a condução ocorre tubo interno fluido quente é circulado e no tubo externo
devido as colisões entre moléculas que ocorrem durante há um fluído frio. Desejamos que o fluído quente aqueça
seus movimentos aleatórios. o fluido frio, porém há uma parede entre eles. Nesta
Um modo prático de pensar na condução é situação usaremos tubos metálicos, uma vez que estes
imaginar uma barra metálica. Imagine que você segura materiais conduzem bem e não prejudicarão a troca
esta barra em uma de suas pontas enquanto coloca a térmica.
outra ponta na chama de uma boca de fogão. Em alguns A maior ladra de energia é a atmosfera. Por isso,
instantes você verificará que a ponta que você está quando circulamos um fluido quente por um duto
segurando se aquecerá. Observe, o calor liberado pela colocamos envolta dele um isolante térmico. Isolantes
combustão do gás de cozinha (que é uma mistura de térmicos são materiais com baixa condutividade que
propano e butano) é, em partes, transferido à barra. Os impedem (na verdade nenhum isolamento é 100%

52
AULA 8
TROCA TÉRMICA

eficiente, assim os isolantes não impedem toda a perda dos carros onde o ar é usado para resfriar superfícies
de energia, mas podem diminuí-la drasticamente) que a quentes do automóvel. Nesta situação outra variável que
energia do fluido seja perdida para a atmosfera. Um tem grande influência sobre a convecção é trabalhada: a
exemplo de isolante térmico é a fibra de vidro. área. A transferência por convecção é função direta da
Com base nas ideias expostas acima, J. Fourier área, assim para aumentar a transferência de calor a área
desenvolveu em 1822 a equação que possibilita o cálculo pode ser aumentada. Nos radiadores dos carros, a área
da taxa de calor trocado por condução: é aumentada pela inserção de haletas, que são chapas
metálicas em contato com as partes quentes do
∆𝑇 automóvel. O calor é transferido das partes aquecidas
𝑄̇ = −𝑘𝐴 (09)
∆𝑥 até as chapas por condução e lá a energia é dissipada
para o ar por meio de convecção.
Que nos diz que a taxa de condução de calor A taxa de transferência de calor por convecção é
através de uma placa é proporcional à diferença de descrita pela lei de Newton do resfriamento:
temperatura através da placa e à área de transferência
de calor, mas inversamente proporcional à espessura da 𝑄̇ = ℎ𝐴 (𝑇 − 𝑇 ) (10)
placa. 𝑘 é a condutividade térmica do material. No
Exercício 8 você poderá aplicar a Equação 08. Onde h é o coeficiente de transferência de calor
por convecção, o qual depende da velocidade de
escoamento e do fluido que escoa. 𝐴 é a área da
 Convecção: superfície através da qual a transferência de calor ocorre,
Diferentemente da condução, a convecção 𝑇 é a temperatura desta superfície e 𝑇 a temperatura
ocorre devido ao movimento ordenado de moléculas de do fluido longe da superfície. No Exercício 10 você
um fluído. Na verdade, a convecção é o resultado da poderá aplicar a lei de Newton de resfriamento.
soma de dois fenômenos: a condução e o movimento do
fluido. Vamos voltar ao exemplo do aquecimento da  Radiação:
barra metálica e nos concentrar no aquecimento do ar Até o momento vimos modos de transferência
circundante pelo calor liberado diretamente da chama. de calor que necessitam meios materiais para ocorrer.
Após algum tempo uma camada de ar mais quente seria Diferente destes mecanismos, a transferência de calor
formado nas proximidades da chama, porém o fluido por radiação não exige um meio material. A radiação é a
aquecido possui menor densidade que o ar mais frio. A emissão de energia pela matéria sob a forma de ondas
tendência do ar quente é então subir enquanto o ar frio eletromagnéticas. Aqui estamos interessados
desce e é aquecido. Com isso se estabelece uma corrente especialmente na radiação térmica, a qual é a radiação
de ar com o ar frio descendo, sendo aquecido pela chama relacionada à temperatura dos corpos. Todos os corpos
e subindo. com temperatura superior ao zero absoluto emitem
Este processo é muito importante e aumenta energia por radiação térmica.
muito a transferência de calor. Quanto maior a É por meio da radiação que a energia
velocidade de escoamento de um fluido maior a proveniente do Sol atinge a Terra. A radiação térmica é
transferência de calor por convecção. Na indústria este também empregada na indústria. Um exemplo são as
conhecimento tem um grande impacto. Você está caldeiras aquatubulares. Caldeiras são grandes
lembrado do exemplo do trocador de calor formado por equipamentos onde se gera vapor de água. Nas caldeiras
dois tubos concêntricos? Naquela situação é possível aquatubulares, a água que será consumida para a
aumentar a velocidade dos fluidos quente e frio de modo geração de vapor está no interior de tubos e na parte
a se obter maior troca de calor. externa circulam gases quentes produzidos pela queima
Líquidos trocam calor por convecção com maior de combustíveis. O principal processo de transferência
facilidade que gases. Porém existem casos em que é de energia para a água que está nos tubos é a radiação.
critico que exista uma apreciável troca de calor entre Ao queimarem, combustíveis de alto peso molecular
superfícies e gases, como por exemplo nos radiadores geram partículas que emitem energia luminosa. Esta

53
AULA 8
TROCA TÉRMICA

energia é absorvida pelos tubos (que geralmente são de quente. A diferença de temperatura existente entre eles
aço carbono, material escuro que possibilita alta promove um fluxo de calor, onde o fluido quente cede
absorção de luz) e transferidas por condução e calor para o frio, aquecendo-o. Esse equipamento é
convecção à água. chamado de trocador de calor duplo-tubo.
A taxa de calor emitida por radiação é dada pela
lei de Stefan-Boltzmann:

𝑄̇ = 𝜀𝜎𝐴 𝑇
Figura 8.1 - Trocador de calor duplo tubo. PASQUALIN, K.
Onde 𝜎, é a constante de Stefan-Boltzmann, que
apresenta o valor de 5,670 ∗ 10 𝑊/𝑚²𝐾 , e 𝜀 é a
emissividade da superfície.

 𝜀 = 1 para o corpo negro, uma superfície


idealizada que tem máxima emissividade.
 0 < 𝜀 < 1 para todas as superfícies reais.

TROCADORES DE CALOR
Nos processos industriais é bastante comum a
necessidade de aquecer ou resfriar um fluido, para que o
mesmo possa ser processado de forma adequada. Há
processos onde um vapor deve ser condensado ou então Figura 8.2 – Ilustração do Trocador de Calor Duplo Tubo.
vaporizar um líquido. Na sua casa você resolve esse
problema simplesmente colocando o material, em um O fluxo de calor tem, como passagem, a área de
recipiente adequado, no fogão, no forno (no caso de contato entre os fluidos, representada pela área do tubo
aquecimento) ou no refrigerador (no caso de interno. Se o tubo fosse curto, a quantidade de calor
resfriamento). trocada, por unidade de tempo (fluxo) será também
Em sistemas industriais, como as quantidades reduzida.
processadas são muito maiores, necessita-se de
equipamentos adequados para realizar essas operações. TROCADOR DE CALOR FEIXE TUBULAR
Esses equipamentos são chamados de trocadores de
calor. No caso de grandes vazões de fluidos quentes e
O princípio físico no qual um trocador de calor frios, se faz necessárias áreas de troca muito maiores que
está fundamentado é que a diferença de temperatura é aquela proporcionada por trocadores de calor duplo
o potencial capaz de promover um fluxo de energia do tubo. A solução para esse problema foi obtida colocando
mais alto potencial (temperatura mais alta) para o em feixes um número grande de tubos dentro de uma
potencial mais baixo. Esse fluxo de energia é única carcaça. O conjunto interno de tubos é conhecido
denominado de fluxo térmico. como banco de tubos.
Pelo tubo externo, ou carcaça, circula um dos
TROCADOR DE CALOR DUPLO TUBO fluídos, enquanto no feixe tubular, ou no banco de tubos,
escoa o outro. Um conjunto de placas metálicas,
A figura 8.1 esquematiza um dos mais simples denominada de chicanas, forçam o fluido que circula pela
trocadores de calor, idealizado para trocar calor entre carcaça a viajar sempre cruzando o banco de tubos, de
dois fluidos. É constituído por dois tubos concêntricos. modo a aumentar a eficiência das trocas térmicas. Na
Em um deles circula o fluido frio e o outro o fluido figura 8.3 pode-se observar o fluxo dos fluidos que

54
AULA 8
TROCA TÉRMICA

passam pelo casco e que passam pelos tubose na figura empenamento do feixe, danificando-o de modo
8.4 pode-se analisar a disposição de um banco de tubos irreversível.
e de uma carcaça de um mesmo trocador de calor
separadamente

Figura 8.5 - Trocador de calor casco e tubo, de cabeçote flutuante,


dois passes pelos tubos. Fyterm.

A Figura 8.6 mostra uma extremidade (cabeçote)


para feixe tubular, sendo que a interna pode mover-se
livremente no interior da carcaça. Sem que os fluidos se
misturem. Esse tipo de trocador é chamado de cabeçote
Figura 8.3 – Trocador de Calor Casco e Tubos.
flutuante.

Figura 8.6 - Um dos tipos de cabeçote para trocadores de calor,


cabeçote flutuante. Norma TEMA.

SERPENTINAS E CAMISAS
Em situações em que se deseja resfriar ou
aquecer um equipamento, como um tanque ou um
Figura 8.4 - Trocador de calor casco e tubos. Banco de tubos
separados da carcaça. Solostocks. reator químico, e nos casos em que o fluxo de calor não
é muito grande, é comum empregarmos dispositivos
Há situações práticas onde a vazão de um dos denominados de serpentinas e camisas de aquecimento
fluidos é muito diferente da do outro. Um projeto normal (ou resfriamento). A serpentina é um tubo enrolado, de
resultaria em um trocador de calor de pequeno diâmetro forma helicoidal, por onde circula o fluido térmico. A
e muito comprimento, desproporcional e de montagem camisa é uma parede dupla construída no vaso, por onde
difícil. Nesse caso, pode-ser optar por uma disposição circula o fluido térmico.
interna que força o fluido dos tubos a passar duas vezes,
indo e voltando, pelo feixe tubular. Esse trocador pode
ser denominado trocador de calor casco e tubo de dois
passes pelos tubos.
A figura 8.5 mostra um corte longitudinal desse
tipo de trocador, abordando ainda uma engenhosa
solução para o problema de dilatação térmica
diferenciada do banco de tubos, em relação à carcaça.
Suponha que o fluido quente circula no banco de tubos:
a temperatura dos tubos será muito maior que a da
carcaça, levando o feixe tubular a dilatar-se mais. Se o
feixe estiver firmemente fixo pelas extremidades à Figura 8.7 - Mecanismos de aquecimento, (a) camisa de
carcaça, a dilatação diferenciada levará ao aquecimento e (b) aquecimento por serpentinas.

55
AULA 8
TROCA TÉRMICA

Trocadores de calor podem ser usados nos mais


variados processos. Assim, os trocadores podem ser
classificados de acordo com:

 Processo de transferência;
 Superfície de contato;
 Geometria de construção;
 Características dos fluxos;
 Número de fluidos;
 Mecanismo de transferência de calor.
Figura 8.9 - Perfil de temperatura tanque + serpentina.
PASQUALIN, K.
Configuração dos fluxos
O fluido frio se aquece ao circular pela
Ao trabalhar com trocadores de calor que serpentina. A temperatura do fluido quente se manterá
realizam uma operação unitária de evaporação, fluídos constante visto que a massa que está no tanque é muito
condensam e evaporam. De um lado da parede está a grande.
solução que evapora em temperatura constante. De O fato de os fluidos entrarem em contra
outro lado, o fluido de aquecimento que pode ser vapor corrente também aumenta a eficiência da troca de calor.
saturado condensante. Traçando o gráfico, colocando na Se os fluidos entram em concorrente de início tem-se
ordenada a temperatura e na abscissa o comprimento da uma enorme diferença de temperatura entre eles;
superfície de troca, obtém o seguinte perfil: porém ao longo do percurso suas temperaturas se
igualarão e a troca de energia cessa. Mas se entrarem em
contra-corrente, durante todo o caminho dos fluidos
haverá uma diferença de temperatura e portanto
trocarão calor a todo momento, aproveitando melhor a
energia disponível. Os gráficos a seguir mostram isso:
onde o eixo das ordenadas representa à temperatura e o
da abscissa a distância percorrida pelos fluidos.

Figura 8.8 - Perfil de temperatura para troca de fase em ambos os


lados do trocador de calor. PASQUALIN, K.

Considerando um tanque agitado com


serpentina, operando em regime contínuo. Dentro do
tanque há uma solução quente. Pela serpentina passa o
fluido de resfriamento. O perfil de temperatura será:

Figura 8.10 - Escoamento concorrente. PASQUALIN, K.

56
AULA 8
TROCA TÉRMICA

de aquecimento é um óleo próprio para esse fim, que


estará a 250°C. Qual a quantidade de óleo que deverá ser
utilizada se 2000 kg/h de glicerina são processadas?
Estime a área necessária de troca térmica, sanemdo-se
qie: o coeficiente global de troca térmica igual a 50
W/m².K, fator = 1 (passagem única por dentro do
trocador), temperatura de saída do fluido quente é 140oC
e o trocador de calor possui fluxo contra corrente.

Inicialmente, desenhamos o esquema da


operação estudada:

Figura 8.11 –Escoamento contra corrente. PASQUALIN, K.

Para uma trocador de calor, a carga trocada


pode ser estimada pela equação abaixo: Figura 8.12 - Esquema referente ao exercício 1, fluxo contra
corrente. PASQUALIN, K.
𝑄 = 𝐴 𝑈 𝐹 ∆𝑇
𝐶𝑝 = 430,4 e 𝐶𝑝 = 243,2
Na qual A é a área de troca térmica, F é um fator
de correção, que assume-se um valor igual a 1 para
apenas um passe, U é um coeficiente global de troca Como não será considerada a dissipação de
térmica que depende da construção e material do energia, todo calor trocado será do óleo para a glicerina.
trocador de calor, e por fim, ∆𝑇 é média logaritimica das Assim:
temperaturas de entrada e de saída. 𝑄 = 𝑄 = 𝑚 𝐶𝑝 ∆𝑇
O ∆𝑇 é calculado para uma configuração contra
𝑘𝑔 1 ℎ 𝐽
corrente com a equação abaixo: 𝑄 = 𝑄 = 2000 430,4 (120 − 28)°𝐶
ℎ 3600 𝑠 𝑘𝑔 𝐾
𝑇 , −𝑇 , − 𝑇 , −𝑇,
∆𝑇 = 𝐽
𝑇 , −𝑇 , 𝑄 = 𝑄 = 21998,2 𝑜𝑢 𝑊
𝑙𝑛 𝑠
𝑇 , −𝑇,
𝑄 = 𝑄 = 𝑚 𝐶𝑝 ∆𝑇

Portanto, isolando a massa de óleo e


Para uma configuração concorrente com a substituindo os valores, temos:
equação abaixo:
𝑄 21998,2 𝐽 ⁄𝑠
𝑇 −𝑇 , − 𝑇 −𝑇 , 𝑚 = =
∆𝑇 =
, , 𝐶𝑝 ∆𝑇 243,2 𝐽⁄𝑘𝑔 𝐾 (250 − 140)°𝐶
𝑇, −𝑇 ,
𝑙𝑛 𝑘𝑔 𝑘𝑔
𝑇, −𝑇 , 𝑚 = 0,8223 𝑜𝑢 2960,3
𝑠 ℎ

Pode-se também encontrar qual a área


Exemplo 1. Em um processo industrial, glicerina deve ser necessária para o trocador de calor. Estipulando um
aquecida de 28°C até a temperatura de 120°C. O fluído

57
AULA 8
TROCA TÉRMICA

coeficiente de troca térmica global de 50 W/m² K e F


igual a 1.
𝑄
𝐴=
𝑈 𝐹 ∆𝑇

A média logaritimica de temperatura é calculada


da seguinte maneira para fluxo contra corrente:

𝑇 , −𝑇 , − 𝑇 , −𝑇,
∆𝑇 =
𝑇 , −𝑇 ,
𝑙𝑛 Figura 8.13 - Esquema da caldeira fogo tubular. PASQUALIN, K.
𝑇 , −𝑇,
Um cuidado que se deve tomar com esse tipo de
(250 − 120) − (140 − 28) caldeira é o nível mínimo e máximo de água dentro da
∆𝑇 = = 120,78°𝐶
𝑙𝑛
(250 − 120) caldeira. Já na caldeira aquatubular, como já diz o nome,
(140 − 28) a água irá circular pelos tubos e os gases de combustão
pelo casco. Algumas de suas vantagens são: partida
Assim, a área pode ser calculada substituindo os rápida, pode operar a altas pressões, elevado
valores:: rendimento, pode ser utilizada com diferentes
combustíveis, entre outros. Na figura 8.14 está uma
𝑄 21998,2 𝐽⁄𝑠 ilustração de uma caldeira aquatubular.
𝐴= =
𝑈 𝐹 ∆𝑇 50 𝐽⁄𝑠 𝑚² 𝐾 ∗ 1 ∗ 120,78°𝐶

𝐴 = 3,64 𝑚²

FLUIDO DE AQUECIMENTO
Uma das formas de aquecimento, que já foi
mencionada, é a utilização de fluidos específicos para
aquecimento ou refrigeração. Estes são chamados de
fluidos refrigerantes e podem ser óleos ou compostos
poliméricos.
Outro fluido de aquecimento amplamente
utilizado na indústria é o vapor de água. Este pode ser
saturado ou superaquecido e o equipamento que Figura 8.14 - Esquema de uma caldeira vertical aquatubular.
proporciona o aquecimento e vaporização da água é Desaeradores são utilizados nos sistemas de
chamado de caldeira. geração de vapor. O vapor, quando empregado como
A caldeira pode ser do tipo aquatubular ou fluido térmico, troca calor com o meio frio e, por estar
fogotubular. Na caldeira flamo-tubular a disposição na saturado, condensa. O condensado produzido é drenado
fornalha é interna, ou seja, os gases de combustão estão dos trocadores de calor e é reciclado para o gerador de
localizados no interior dos tubos e a água está externa vapor. O vaso para onde o condensado é enviado, e a
aos tubos. Essas caldeiras são compactas, a chama pode partir de onde é bombeado de volta para a caldeira, é
ser direta, alto rendimento e o combustível pode ser óleo denominado desaerador. Leva esse nome porque ali a
ou gás. Um esquema da caldeira fogo tubular pode ser água nova alimentada ao sistema, à temperatura
analisado através da figura 8.13. ambiente, é misturada com o condensado e, com a
elevação da temperatura, libera o oxigênio e nitrogênio

58
AULA 8
TROCA TÉRMICA

absorvidos no contato com o ar. Estes gases deixam o


vaso por uma válvula de alívio.
A retirada do ar absorvido na água antes de sua
alimentação à caldeira é importante: impede que o
mesmo seja liberado no interior da caldeira e viaje
misturado ao vapor pelos tubos, sendo inclusive
alimentado aos trocadores de calor. O oxigênio promove
a oxidação dos tubos e equipamentos, exigindo maiores
dispêndios com a manutenção, e, juntamente com o
nitrogênio, reduzem a eficiência de troca térmica dos
trocadores por apresentarem uma condutividade
térmica muito baixa, como qualquer outro gás.
Como o vapor é um fluido que é utilizado para
transporte de energia térmica, tubulações devem levar o Figura 8.15 – Esquema simples do isolamento de uma tubulação.
vapor da caldeira até os pontos onde o seu uso é
necessário. Por exemplo, em um reator a reação química Nesse deslocamento do vapor, o isolamento não
somente ocorre de forma satisfatória e econômica a uma impede que parte condense. Para não comprometer o
dada temperatura. O vapor deve ser levado da caldeira escoamento (não estar em escoamento bifásico) deve-se
até a camisa para aquecer a mistura reacional. Nesse retirar condensado das tubulações. Existem dispositivos
percurso, se a tubulação não estiver isolada o vapor irá mecânicos ou termodinâmicos que impedem a
trocar calor com o ambiente (ar em torno à tubulação passagem de vapor, mas possibilitam a passagem de
que está na faixa de 25°C a 35°C). Assim irá condensar, condensado. Estes são os purgadores. Para não haver o
comprometendo o transporte do fluido, e quando esse acúmulo de condensado, a cada 50 m de tubulação um
chegar até o reator, não conseguirá exercer a sua função. purgador é posto na linha a fim de retirar vapor
Os isolamentos das linhas de vapor são condensado.
compostos, geralmente, por dois componentes: o Como já comentado, existem dois tipos de vapor
isolante e a proteção do isolante. Os isolantes podem ser que são utilizados industrialmente: o vapor saturado e o
encontrados na forma de flocos, pó ou fibras soltas, vapor superaquecido. Mas onde e quando se devem
introduzidas entre duas paredes rígidas. Podem-se citar utilizar esses vapores? Antes de responder essa pergunta
alguns tipos de isolamento, como a lã de rocha, a é necessário fazer outra: o que é vapor saturado e o que
diatomita e a vermiculita. A proteção para o isolante é vapor superaquecido?
básico ou acabamento pode ter a finalidade de oferecer Na formação de vapor a água na caldeira será
uma barreira à umidade do ambiente. Podem ser vaporizada. Quando esse vapor se encontra, na
compostos por folhas de alumínio, níquel, aço e temperatura e pressão estipuladas, em equilíbrio com o
eventualmente outros metais. Algumas características líquido que está vaporizando, este vapor é saturado. Isso
desejáveis ou necessárias dos isolantes seriam: diz que se esse vapor for ligeiramente resfriado, ele irá
resistência às temperaturas as quais será submetido trocar apenas calor latente e não haverá troca de calor
(fusão e combustão); não toxidez; facilidade de sensível, ou seja, ele voltará ao estado líquido.
aplicação; bom preço; resistência a agentes agressivos e A formação de vapor superaquecido nas
as intempéries e resistência mecânica. A figura 8.15 caldeiras é um pouco diferente. Ao vaporizar a água, esse
mostra um corte da seção transversal de uma tubulação vapor é enviado a outro compartimento, na própria
isolada. caldeira, a fim de aquecer o fluido já vaporizado. Assim,
ao resfriar esse vapor superaquecido ele irá trocar calor
na forma de calor sensível (com mudança de
temperatura) e depois na forma de calor latente (com
mudança de fase). A parcela que mais o fluido

59
AULA 8
TROCA TÉRMICA

superaquecido libera calor é na troca de fase, ou seja, processo. Na maioria dos casos o vapor é a melhor
quando ele está condensando a temperatura constante. opção, mas em alguns processos a utilização de um fluido
O vapor saturado é utilizado quando se quer refrigerante/aquecimento é indispensável.
aquecer outro fluido, pois a etapa que mais liberará calor
é quando este irá condensar. Além disso, o vapor EXERCÍCIOS
saturado possui uma maior estabilidade e a temperatura
com que este condensa é uniforme e constante. Já o
vapor superaquecido possui elevada energia mecânica e 1. Explique o funcionamento de um trocador de calor,
uma reduzida capacidade de aquecimento. Essa assim como o principio de troca térmica. Faça um
característica de alta energia mecânica é explorada para esquema de um trocador de calor casco e tubos para
produção de energia elétrica a partir de turbinas. melhor reforçar seus conhecimentos.
Sistemas onde ocorre a vaporização da água e o seu
superaquecimento para produção de energia elétrica é 2. Quais são as configurações de fluxo possíveis em
amplamente empregada nas indústrias nucleares. trocadores de calor? Explique-as com gráficos e
ilustrações.
Exemplo 2. Em um processo industrial, glicerina deve ser
aquecida de 28°C até a temperatura de 120°C. O fluído 3. Qual a importância de realizar o isolamento das
de aquecimento é vapor de água saturado a 10 bar. Qual linhas de vapor? Descreva como esse é realizado.
a quantidade de vapor que deverá ser utilizada se 2000
kg/h de glicerina são processadas? 4. Diferencie vapor saturado e vapor superaquecido.
Quando é adequada a utilização de vapor
Como percebe-se, esse exercício condiz com o supersaturado e quando é mais adequada a
exemplo 1 modificando o fluido de aquecimento. Assim, utilização de vapor saturado. Explique e cite
a quantidade de calor que deve ser trocada é: exemplos.
𝐽
𝑄 = 𝑄 = 21998,2 𝑜𝑢 𝑊 5. Antes de ser enviada a uma destiladora de refino,
𝑠
uma mistura de petróleo deve ser aquecida de 150°C
O fluido de aquecimento escolhido é vapor a 500°C. O fluido de aquecimento é um óleo próprio
saturado a 10 bar. Assim, o calculo da massa de vapor que entra no trocador de calor a 1000°C e sai a
seguirá a equação de troca de calor por condensação, ou 200oC. Qual a vazão volumétrica necessária do fluido
seja, a partir do calor latente de condensação do vapor: de aquecimento em questão para que a operação
seja realizada se 5 toneladas de petróleo são
𝑄 = 𝑚 ∆𝐻 processadas por hora? Sabe-se que o: mitura de
petróleo tem Cp = 2,10kJ/kg °C, fluido de
A partir das tabelas de vapor saturado encontra- aquecimento tem Cp = 2,00 kJ/ kg °C e densidade =
se que a 10 bar a temperatura de saturação é 179,0°C e 850 g/L.
a entalpia de vaporização é de 482,0 kcal/kg ou 2017,7
kJ/kg de vapor. Portanto, a massa de vapor será: 6. No projeto do trocador de calor, que necessita
𝑄 21998,2 𝐽⁄𝑠 aquecer a mesma mistura de petróleo a temperatura
𝑚 = =
∆𝐻 2017,7 10 𝐽⁄𝑘𝑔 de 170°C, foi investigada qual a melhor forma de
aquecimento: vapor saturado a 9 bar ou vapor
𝑘𝑔 𝑘𝑔 saturado a 17 bar. Calcular a vazão mássica de vapor
𝑚 = 0,0109 = 39,25
𝑠 ℎ necessária, para ambas as condições, e decida qual a
melhor pressão a ser alimentado o vapor no
Comparando com o resultado apurado no trocador.
exemplo 1 observa-se que a massa de vapor é menor em (Dica: utilize a tabela de vapor dada no final da
relação a massa de óleo a ser empregado no mesmo apostila - em anexo).

60
AULA 8
TROCA TÉRMICA

7. Um fluido de processo, com calor específico de no aquecimento de fluidos pois ao condensar libera
3500 J/(kg.K) e escoando a 2 kg/s, deve ser grande quantidade de calor (calor latente)
resfriado de 80 ºC a 50 ºC com água fria, a qual é Vapor superaquecido: é formado ao aquecer o vapor
fornecida a uma temperatura de 15 ºC e a uma saturado (recebeu calor sensível). Utilizado na geração
vazão de 2,5 kg/s. Considerando um coeficiente de eneriga elétrica pois sua eneria mecanica é maior que
global de transferência de calor igual a 2000 a do vapor saturado.
W/(m².K) e 𝐶 𝐻 𝑂 = 4,2 kJ/kg calcule as áreas de
troca térmica necessárias para as seguintes 5. vazão mássica = 2.296,9 kg/h
configurações de trocadores de calor: vazão volumétrica = 2.702,23 L/h

6. vazão mássica = 103,3 kg/h (9 bar);


a. Escoamento contra corrente.
vazão mássica = 109 kg/h (17 bar))
b. Escoamento contracorrente.
Compare os resultados de sua análise.
7. a) A1 = 3,09 m²
b) A2 = 2,64 m²0

GABARITO
1. Os fluidos são transportados em tubos que estão em
contato entre si para que ocorra a troca e calor devido a
diferença de temperatura que existe entre o fluido, o
princíio e troca térmica envolvidos são e convecção pois
quanto maior a velocidade maior é a troca térmica e a
condução pois o material do tubo em contato com o
fluidos deterinam a eficiencia o processo.

2. contra-corrente: existe uma diferença de temperatura


que se mantém ao longo do trocador de calor, isso
confere uma boa eficiência. Ver Figura 8.10.

Cocorrente: na entrada a diferença de temperatura é a


maior, ao longo do trocador de calor a tendência é que a
temperatura se iguale, reduzindo a eficiência o processo.
Ver Figura 8.11.

3. importante para evitar que a tubulação perca calor


para o ambiente, se isso ocorrer o vapor pode condensar
e prejudicar o fluxo e o objetivo do transporte de vapor.
O isolamento é feito com material isolante com o uso de
protetor de umidade que junto envolvem a tubulação e
reduzem ou evitam a troca térmica com o ambiente.

4. vapor saturado: quando o sistema atinge o equilíbrio


líquido-vapor o vapor produzido é o saturado, e ao
resfriar um pouco este vapor logo condensará. Utilizado

61
AULA 9
OPERAÇÕES COM SÓLIDOS

INTRODUÇÃO mesh 8 a peneira tem abertura de 2,38 mm, mesh 20 a


abertura será de 0,0331 mm, e assim por diante (valores
Nesta aula você conhecerá algumas operações constam em tabelas), vale lembrar que no valor da
unitárias relacionadas com partículas sólidas, como a abertura foi descontado o valor da espessura do fio que
classificação e a fragmentação. Conhecerá também as forma a peneira.
aplicações e características do escoamento de fluidos
por leitos porosos. Verá, por fim, algumas técnicas para Exemplo 1. 2,0 g de areia ficaram retidas em uma
transporte de sólidos. peneira com abertura de 0,589 mm. A peneira colocada
logo acima tem diâmetro de 0,833 mm. Qual o diâmetro
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA médio desta massa de areia?

Na análise granulométrica buscamos classificar 𝐿 +𝐿 0,833 + 0,589


𝐷 = = = 0,711 𝑚𝑚
uma amostra de partículas sólidas de acordo com seu 2 2
tamanho e encontrar o diâmetro médio destas
partículas, que é a sua dimensão característica (uma
medida que caracteriza estas partículas). É importante
saber o tamanho das partículas sólidas, pois, em diversas
operações unitárias usa-se o diâmetro médio para
dimensionar (projetar) o sistema. Quando as partículas
sólidas são o produto da indústria é geralmente
imperativo padronizá-las. E ainda, certos sistemas com
sólidos só operam em faixas muito restritas de diâmetro
e, portanto, é necessário padronizá-lo com
antecedência.
Em ESCALA LABORATORIAL, a classificação
granulométrica é usualmente feita por peneiramento.
Monta-se um conjunto de peneiras como na Figura 9.1;
a peneira de maior abertura fica na parte superior do
conjunto e é seguida por uma de menor abertura. A Figura 9.1 - Conjunto para peneiramento em escala laboratorial.
última peça do conjunto é uma panela e o conjunto todo
está ligado a um motor que promove vibração. Uma Vamos agora falar um pouco sobre o
amostra de partículas é colocada na peneira de maior PENEIRAMENTO INDUSTRIAL. A Figura 9.2 mostra as
abertura, inicia-se a vibração. Após certo tempo correntes de entrada (A) e saída (F e G) de uma peneira.
(geralmente de 15 a 20 minutos), desliga-se a vibração. Note que as correntes de saída não podem ser
Considera-se que a massa de partículas que ficou retida consideradas como classificadas, já que só uma das
em uma determinada peneira x, tem diâmetro igual à medidas extremas é conhecida. Você concorda com esta
média simples entre o tamanho das aberturas da peneira afirmação? Veja a Figura 9.2, só podemos garantir que
x e da peneira que a antecede, x-1. as partículas de F tem diâmetro inferior a Dc (abertura da
O tamanho das aberturas das peneiras são peneira) e que G tem diâmetro superior a Dc, logo, não
padronizadas internacionalmente pela Série Tyler, ela temos uma dimensão mínima para F e uma máxima para
classifica as peneiras pelo númer de malhas ou mesh. O G e não podemos calcular os diâmetros médios das
mesh representa o numero de aberturas por polegada partículas nestas correntes. Caso se deseje classificar os
linear da peneira, assim o tamanho da abertura é sólidos de uma corrente, estes deverão passar por uma
inversamente proporcional ao mesh,sendo peneiras de segunda peneira. Numa operação ideal, a maior partícula
mesh baixo indicadas para sólidos maiores e de mesh alto da fração fina (F) é menor que a menor partícula da
para sólidos finos. Como exemplo: mesh 1 significa que a fração grossa (G). Porém, na prática, isto não se verifica,
peneira tem uma abertura de 1 polegada = 25,4mm, já que por variados motivos é comum partículas finas

62
AULA 9
OPERAÇÕES COM SÓLIDOS

serem carregadas na corrente G e, no caso em que há de mecanismos para realizar a fragmentação. Um


falhas na peneira, é possível partículas grandes irem para exemplo de moinho usado na indústria é o moinho de
a corrente F. bolas. Estes são cilindros parcialmente carregados com
bolas (corpos moedores de alta dureza). O cilindro gira e
as bolas se elevam em seu interior até certa altura.
Posteriormente caem sobre o material a ser moído. Na
Figura 9.3 mostra-se o interior de um moinho de bolas.
Para conhecer mais tipos de fragmentadores pesquise
por britador de mandíbulas, britador cônico giratório,
moinho de martelos e moinho de rolos.
Figura 9.2 - Esquema de peneiramento. VAZ, G.

Um dos tipos de peneiras empregadas na


indústria são as peneiras rotativas. Estas peneiras são,
basicamente, cilindros levemente inclinados (5 a 10°) e
que podem possuir aberturas de diferentes tamanhos,
possibilitando a separação da alimentação em diversas
frações. No entanto, são possíveis muitas formas de
construção de peneiras industriais. Para conhecer mais
algumas pesquise por peneiras agitadas e peneiras Figura 9.3 - Vista interior de um moinho de bolas.
vibratórias.
Para partículas muito pequenas a separação por É comum na indústria a associação de
peneiras não é praticável e usam-se outros fragmentadores, peneiras e correias transportadoras,
equipamentos que trataremos mais a frente no curso, como mostrado na Figura 9.4. Se uma fragmentação é
como ciclones, caixas de poeira e filtros de pano conduzida sem que a corrente de saída passe por um
(separação sólido de gás ou de líquido). separador, ela é chamada fragmentação em circuito
aberto. Se há a passagem por um separador e uma parte
FRAGMENTAÇÃO DE SÓLIDOS da corrente de saída volta ao fragmentador (corrente G),
esta operação é chamada fragmentação em circuito
As operações de fragmentação (isto é: fechado.
diminuição do diâmetro médio de partículas sólidas) são
muito comuns na indústria. Pode-se moer um sólido para
que este atenda uma especificação de projeto ou de
comercialização. Também pode se desejar aumentar a
área superficial disponibilizada pelos sólidos.
Na fragmentação cede-se energia à estrutura
cristalina do sólido. Se a energia cedida for maior que
Figura 9.4 - Associação de moinho e peneira formando um circuito
certo valor crítico o sólido se rompe nos pontos em que
fechado. VAZ, G.
é mais frágil. A fragmentação é uma operação de baixa
eficiência: somente uma fração muito pequena da
energia cedida (de 0,1 a 2% desta) é transferida para a
ESCOAMENTO EM LEITOS POROSOS
partícula levando à sua ruptura.
Dois tipos de equipamentos são empregados na Em muitas operações na indústria verifica-se o
fragmentação de sólidos: os britadores, que realizam a escoamento de fluidos por leitos com alguma
fragmentação grosseira, e os moinhos, empregados para quantidade de partículas sólidas. Vamos estudar aqui o
produtos finos. Muitos tipos de construção são possíveis escoamento por leitos fixos, fluidizados e leitos de
para este tipo de equipamento, utilizando diversos tipos arraste.

63
AULA 9
OPERAÇÕES COM SÓLIDOS

corrente gasosa, com o objetivo de retirar algum


 Escoamento em Leitos Fixos: componente da corrente gasosa. O sucesso desta
Os leitos porosos fixos são tubos (colunas) cheios operação depende do bom contato entre o filme líquido
de partículas sólidas. As partículas permanecem fixas e o gasoso e, portanto, é imperativo aumentar a área de
enquanto o fluido circula pelos espaços vazios entre elas. contato entre eles. Isso se faz colocando recheios em
Frequentemente, estes sistemas são chamados de colunas e passando a corrente gasosa em contracorrente
colunas empacotadas ou colunas de recheio. com a corrente líquida.
Ao estudar estes sistemas, a primeira pergunta A catálise heterogênea também faz uso do
que devemos responder é: quais são as aplicações das escoamento por colunas com recheio. Um catalisador é
colunas de recheio? Elas são muitas e variadas, vamos uma substância que acelera algumas reações químicas.
aqui pensar em apenas algumas. Catalisadores sólidos são produzidos de forma que os
Uma importante operação unitária é a adsorção. sítios ativos (sítios promotores do aumento da
Na adsorção usamos uma partícula com grande área velocidade da reação) ficam depositados em uma
superficial (chamada adsorvente) para remover um partícula sólida de grande porosidade (o suporte). Da
componente de uma mistura líquida ou gasosa (o mesma forma que na adsorção, enche-se uma coluna
adsorvato). Um exemplo de adsorção é a remoção de com o catalisador e uma corrente fluida com os
moléculas com enxofre do diesel (um processo que ainda reagentes escoa no meio das partículas. A reação é então
está em desenvolvimento). Neste caso, enche-se uma promovida no interior dos poros do catalisador.
coluna com carvão ativado e uma corrente de diesel Dos exemplos acima, pode-se concluir que um
passa por esta coluna. As moléculas com enxofre ficam dos principais objetivos do uso de leitos porosos é
ligadas à superfície do carvão e um diesel com baixo teor proporcionar uma grande área de superficial de contato
de enxofre pode ser produzido. O carvão ativado é uma entre o fluido e os sólidos usados como recheio. No
partícula com área superficial muito elevada, de até início, por exemplo, usavam-se sólidos quebrados,
2000 m²/g (quer dizer que um grama de carvão ativado atualmente são de uso mais corrente os sólidos de forma
pode ter até 2000 m² de área!). Esta grande área se deve e tamanho definidos, conforme Figura 9.6. e também os
aos poros presentes na partícula. recheios estruturados, que são grades geralmente de
metal, fornecendo grandes áreas de contato.

Figura 9.6 - Exemplo de alguns recheios de forma fixa.

Os recheios são produzidos em muitos materiais


(metais, cerâmicas e polímeros) e devem ter como
características a boa resistência química (devem ser
Figura 9.5 - Esquema de uma coluna de recheio usada para a inertes), resistência mecânica (resistir bem à
absorção. VAZ, G. compressão) e, para sistemas que operam a temperatura
elevada, resistência térmica. Também devem ter alta
A absorção é uma operação unitária em que se molhabilidade, isto é, o fluido deve molhar
faz entrar em contato uma corrente líquida com uma apreciavelmente a superfície do recheio.

64
AULA 9
OPERAÇÕES COM SÓLIDOS

equipamento a existência de caminhos preferenciais


Vamos agora analisar alguns aspectos do (caminhos onde a porosidade é maior e por onde o fluido
escoamento de fluidos por leitos porosos. Queremos passa preferencialmente). Desejamos aproveitar toda
aqui discutir quais fatores aumentam a perda de carga área disponibilizada pelo recheio, então é necessário
no escoamento. A perda de carga corresponde a prevenir a passagem por caminhos preferenciais.
diminuição da energia de pressão do fluido a medida que Fazemos isso pelo uso de distribuidores e de chicanas.
este escoa. O fluido perde carga pois existem forças que Os distribuidores são placas perfuradas que distribuem o
se opõem ao escoamento. fluido igualmente antes da entrada deste no recheio. As
O primeiro fator que analisaremos é, na verdade, chicanas são colocadas nas paredes da coluna e se
uma propriedade dos leitos porosos: a porosidade (𝜺). A destinam a forçar o fluido a sair de próximo da parede e
porosidade é a fração do volume de um sistema poroso circular pelo interior do recheio.
ocupada pelo fluido. É chamada fração de vazios. A
fração do volume ocupado pelas partículas sólidas é  Escoamento em Leitos Fluidizados:
então (1 − 𝜀). Matematicamente teremos: Trabalhamos até agora com o leito fixo. Imagine
a situação em que aumentamos continuamente a
𝑉 𝑉
𝜀= = velocidade de escoamento do fluido pelo leito recheado.
𝑉 𝑉 +𝑉 Acompanhe o raciocínio olhando a Figura 9.7. Conforme
aumentamos a velocidade, aumenta a perda de carga
𝑉 𝑉
1−𝜀 = = imposta pelo sistema, o aumento da perda de carga é
𝑉 𝑉 +𝑉 mostrado no segmento O-A. Aumentando ainda mais a
velocidade verificamos que a perda de carga passa por
onde: 𝑉 é o volume ocupado pelo fluido, 𝑉 é o volume um máximo (B) e em seguida diminui ligeiramente e
ocupado pelo sólido e 𝑉 é o volume total do sistema. atinge um valor aproximadamente constante (C-D),
independente da velocidade do fluido. O segmento C-D
Quanto menor a porosidade de um leito maior a é característico do escoamento em leitos fluidizados.
resistência ao escoamento. Pense ainda nos seguintes
aspectos: diminuindo o tamanho das partículas do
recheio, menor será a porosidade do leito e então maior
será a resistência ao escoamento; se as partículas do
recheio não forem homogêneas, também será menor a
porosidade, pois as partículas pequenas ocuparão os
espaços entre as partículas grandes, portanto maior
perda de carga.
A viscosidade e a densidade do fluido que escoa
também interferem na perda de carga. Quanto maior a Figura 9.7 - Relação da perda de carga com a velocidade do fluido
viscosidade e/ou a densidade, maior será a resistência ao em leitos fixos, fluidizados e de arraste.
escoamento. (Ref. https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-
quimica/leito-fluidizado)
A velocidade do fluido também é fator
importante para ser analisado. O aumento da velocidade
O Leito fluidizado se estabelece quando o atrito
impõe um aumento da perda de carga. Isto é, para um
do fluido em movimento é igual ao peso aparente (peso
aumento da energia cinética existirá uma diminuição da
subtraído do empuxo) das partículas sólidas. As
energia na forma de pressão. A energia se conserva,
partículas são, então, sustentadas no fluido.
como foi visto na aula de fluidos onde foi apresentado
Vejamos o que ocorre com a porosidade com o
balanço de energia em tubulações. Se tiver dúvidas, volte
aumento da velocidade, acompanhando o gráfico da
nesta aula.
Figura 9.8. Em toda a faixa de velocidade em que persiste
Por fim, vejamos alguns aspectos da construção
o leito fixo, a porosidade é constante. Com o início da
de uma coluna de recheio. É comum observarmos neste

65
AULA 9
OPERAÇÕES COM SÓLIDOS

fluidização, o leito expande e a porosidade aumenta. Em  Transporte Pneumático e Hidráulico:


uma larga faixa de velocidades, há o aumento da
porosidade que vai da porosidade do leito fixo até a Voltemos à Figura 9.7. Vamos novamente elevar
porosidade igual a um. No leito fluidizado as porosidade a velocidade, de modo a ultrapassar o ponto D. Temos
são próximas de 1. nesta situação um leito de arraste: o fluido escoa com
velocidades tão altas que arrasta as partículas sólidas
consigo. A perda de carga aumenta com a velocidade
porque ao atrito do fluido com as paredes do conduto
somam-se os choques de partículas sólidas com as
paredes. No leito de arraste, a porosidade é igual à
unidade (=1), quer dizer que as partículas sólidas
encontram-se muito afastadas umas das outras. O
transporte ocorre quando a velocidade do fluido é
superior à velocidade de arraste.
O leito de arraste é usado no transporte de
sólidos. Chama-se transporte pneumático quando o
fluido que transporta o sólido é um gás e transporte
hidráulico quando o fluido é um líquido. Geralmente
Figura 9.8 - Relação da porosidade () com a velocidade do fluido
emprega-se um gás passando a altas velocidades e
em leitos fixos, fluidizados e de arraste.
carregando partículas de baixa densidade e não abrasiva.
Mas, se há o aumento da velocidade, por que a O transporte de sólidos é um problema industrial:
perda de carga é aproximadamente constante na faixa geralmente é muito dispendioso, exigindo máquinas
correspondente ao leito fluidizado? (trecho C-D do grandes e que ocupam bastante espaço. O transporte
gráfico 9.7), Há, na realidade, um balanço de fatores. pneumático é uma solução inteligente, uma vez que, ao
Com o aumento da velocidade, cresce também a contrário do que se verifica para sólidos, o transporte de
porosidade do sistema e assim há mais área para o fluidos é uma operação facilitada. Quando em leitos de
escoamento. Sendo assim, no interior do leito, a arraste, o sólido se comporta como um fluido.
velocidade é menor. Tem-se então um jogo entre
velocidade-porosidade-perda de carga. Com o aumento TRANSPORTE MECÂNICO DE SÓLIDOS
da velocidade, cresce a porosidade e a perda de carga
fica aproximadamente constante. Já conhecemos uma forma de transportar
Um exemplo de processo que emprega os leitos sólidos: o leito de arraste. Porém muitas outras são
fluidizados é a secagem de sólidos que pode ocorrer em usadas na indústria. Vamos nesta seção somente fazer
industrias farmacêuticas, químicas, alimentícias e menção a algumas delas.
petroquímica, entre outras. Neste sistema, ar quente flui Transportador de Correia: trata-se de uma correia que
pelos sólidos que se pretende secar, sendo que este tipo se movimenta entre dois tambores, um livre e outro de
de secagem é bastante interessante para sólidos que não acionamento. Pode chegar a quilômetros.
podem permanecer muito tempo expostos a altas Transportador de Caçamba: os sólidos são conduzidos
temperaturas. em caçambas suspensas em cabos ou que se
Os leitos fluidizados permitem o aumento da movimentam sobre trilhos. A descarga se dá pela
área de contato entre o fluido e as partículas sólidas, inversão da caçamba.
promovem uma ótima mistura das correntes e Transportador Helicoidal: consta de uma canaleta onde
possibilitam um fácil controle da temperatura, devido a gira um eixo com uma helicoide (parafuso de
estas característica outra utilização é em reatores no Arquimedes). Serve também como misturador de
qual os sólidos são catalisadores e os reagentes são sólidos e seu uso se limita a curtas distâncias.
líquidos ou gasosos.

66
AULA 9
OPERAÇÕES COM SÓLIDOS

EXERCÍCIOS
1. Faça uma pesquisa sobre os seguintes
equipamentos:
a) Peneiras: rotatória, vibratória e agitada. Qual o
objetivo industrial do peneiramento?
b) Fragmentadores: moinho de bolas, britador de
mandíbula, britador de martelo, britador de
barras e britador de rolos. Qual o objetivo de
fragmentar sólidos em uma indústria? Cite um
processo que emprega a moagem largamente.
c) Transportador: de correia, de esteira, de
caçambas, vibratório, por gravidade, helicoidal e
elevador de canecas. Qual é uma alternativa
interessante para transporte de sólidos de baixa
densidade e não abrasivos?

2. Proponha um circuito com um moinho, duas


peneiras e um transportador de correia objetivando
obter uma fração classificada e recircular ao moinho
(levar novamente ao moinho) os grossos do
processo.

3. Para o leito poroso, diga o que acontece com a perda


de carga (aumenta, diminui ou fica constante) se:
a) Aumentarmos a velocidade de escoamento do
fluido;
b) Diminuirmos a altura do leito (reduzindo a
quantidade de partículas;
c) Diminuirmos o diâmetro das partículas;
d) Usarmos partículas heterogêneas;
e) Trocar o fluido por outro com menor
viscosidade.

4. Determine a densidade de um leito contendo


partículas sólidas com densidade 2.100 kg/m³ e por
onde circula óleo com densidade 860 kg/m³. A
porosidade do leito é 0,35.

5. Você está trabalhando com um leito fluidizado em


expansão. O leito fixo tem porosidade 0,39 e altura
de 2,5 m. Você procede a expansão do leito até que
a porosidade seja 0,65. Qual a altura final do leito?
Dica: a massa de partículas no leito é igual na
situação inicial e no final da operação. Utilize um
cilindro como leito para obtenção do volume.

67
AULA 9
OPERAÇÕES COM SÓLIDOS

GABARITO
4. 𝜌𝑎 = 1.666 kg/m3
1.
5. ht = 4,36 m
a) O peneiramento na indústria tem o objetivo de
separação de materiais particuladas pelo tamanho das
partículas, podendo ser para o bom funcionamento
dos equipamentos posteriores ou controle de qualidade
da produção.
b) Os fragmentadores têm o objetivo de diminuir o
tamanho de partículas para fins de facilidade de
transporte ou aumento de área superficial. Ex: Produção
de cimento, de pigmentos, ração animal, indústria de
alimentos e de cosméticos entre outros.
c) Transporte pneumático, onde o sólido é arrastado por
um fluído, se comportando como fluído. O sólido não
pode ser abrasivo para não desgastar a tubulação e
precisa ser pouco denso para ser arrastado pelo fluido.

2.

3.
a) Aumenta.
b) Diminui.
c) Aumenta.
d) Aumenta.
e) Diminui.

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AULA 10
SEPARAÇÃO DE SÓLIDO-LÍQUIDO E SÓLIDO-GÁS

INTRODUÇÃO ocupando. É também uma força de resistência à queda


da partícula.
As separações de sólidos de líquidos e sólidos de Quando a soma das forças de empuxo e de
gases estão presentes em quase todos os processos arraste se igualar em módulo à força peso, teremos uma
industriais, seja diretamente ou indiretamente. Estas resultante de forças que atua sobre o corpo igual a zero.
operações unitárias podem ser empregadas dentro da
unidade de processamento de um determinado produto,
como por exemplo, a purificação de um produto ou a
reciclagem de reagentes. Outra forma de emprego
desses processos é no tratamento de efluentes de uma
planta industrial. Podemos citar a separação de resíduos
sólidos de correntes gasosas que serão lançadas na
atmosfera e o tratamento de correntes líquidas em Figura 10.1 – Diagrama de corpo livre para um corpo caindo com
tanques de decantação. Para melhor aprendizado das velocidade terminal. PEREIRA, D.
operações unitárias atreladas a esses processos de
separação, iremos estudá-los separadamente, iniciando Nesse momento a velocidade do corpo se
com a separação sólido-líquido. tornará constante. A essa velocidade damos o nome de
velocidade terminal, que é a máxima velocidade que um
SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO corpo pode atingir ao cair através de um fluido.
A velocidade terminal é função de vários
Pode-se classificar a separação de sólidos de parâmetros: diâmetro, forma e densidade da partícula, e
uma fase líquida de acordo com o movimento relativo densidade e viscosidade do fluido. Essa velocidade é
das fases: decantação e a filtração. ainda afetada pela concentração de partículas no fluido,
pois a interação entre as partículas pode retardar a
Decantação queda.
A decantação ou sedimentação tem como Podemos entender a decantação como uma
objetivo separar as fases empregando a ação da força da queda livre de diversas partículas que estão imersas em
gravidade. Para exemplificar, pense em um grão de areia um fluido. Dessa forma, para efeito de processos
sendo abandonado em um tanque contendo água e geralmente desejamos a maior velocidade terminal
deslocando-se para o fundo do tanque. A aceleração da possível, o que fará com que a sedimentação aconteça
partícula não chega a 9,8 m/s², pois a água que está em mais rapidamente.
contato direto com a partícula se adere a ela, e para a A sedimentação pode ser natural ou forçada. Na
partícula se mover, deve vencer a resistência da forçada ocorre a adição de agentes floculantes, que
viscosidade do fluido. Além disso, o impacto do fluido possuem a propriedade de aglomerar as partículas.
sobre a partícula representa uma resistência ao seu Assim, ocorre o aumento do tamanho das partículas e,
movimento, denominada força de pressão. consequentemente, o aumento da velocidade de
A soma dessas duas resistências representa uma sedimentação.
força que o fluido exerce contra o movimento da A decantação é muito empregada nos processos
partícula: a força de arraste. A velocidade de queda de industriais pelo seu baixo custo energético. Um
uma partícula no interior de um fluido é dependente do decantador é habitualmente um tanque grande,
peso da partícula (força propulsora), a ação da cilíndrico, de fundo cônico (facilita a retirada do
viscosidade do fluido (resistência) e a forma geométrica espessado ou lodo) e equipado com pás raspadoras para
(força de pressão). auxiliar a remoção do espessado no fundo do tanque.
Além disso, temos ainda atuando sobre a O tamanho é função da quantidade de material
partícula a força de empuxo, que é igual ao peso do fluido a ser tratada e do tempo necessário para que este
deslocado devido ao espaço que a partícula está decante. A figura a seguir apresenta um esquema de um
decantador. Nesta figura evidencia-se a entrada da

69
AULA 10
SEPARAÇÃO DE SÓLIDO-LÍQUIDO E SÓLIDO-GÁS

alimentação e a saída do clarificado e do espessado. O permitida por lei, é de 3%, o nosso clarificado respeita
clarificado, como já diz o nome, possui a concentração de essa norma?
sólidos mais baixa, ou seja, é o liquido tratado. Já o
espessado é uma lama que consiste nos sólidos
acumulados no fundo cônico do tanque.

Figura 10.3 - Esquema referente ao Exemplo 1. PASQUALIN, K.

Primeiramente devemos construir as equações


de balanço de massa global e para o sólido para
analisarmos o que é necessário:

Figura 10.2 - Corte de um sedimentador contínuo ilustrando a


Balanço de Massa Global:
posição de quatro zonas de deposição da lama. CREMASCO, M. A.
𝐴 = 𝐶+𝐸
Os sedimentadores podem ser contínuos ou
descontínuos e podem ser classificados de acordo com 𝑘𝑔 𝑘𝑔
150.000 = 𝐶 + 30.000
sua finalidade em clarificadores e espessadores. ℎ ℎ
Os sedimentadores são encontrados em
estações de tratamento de água e estações de 𝑘𝑔 𝑘𝑔
𝐶 = 150.000 − 30.000
tratamento de esgoto. É possível também encontrar esse ℎ ℎ
equipamento nas indústrias químicas, têxtil, de celulose
e papel, alimentícia, de óleos e derivados, laticínios, 𝑘𝑔
𝐶 = 120.000
metalurgia, automobilística, etc. ℎ

Exemplo 1. Trabalhando no setor de tratamento de Balanço de Massa para os sólidos:


efluentes você deve utilizar um decantador para a
remoção de sólidos não solúveis de um fluido que vai ser 𝐴∙𝑤 =𝐶∙𝑤 +𝐸∙𝑤
descartado. Você sabe que essa suspensão é constituída
𝑘𝑔 𝑘𝑔 𝑘𝑔
de água e um mineral de densidade igual a 3 kg/L, e a 150.000 ∙ 𝑤 = 120.000 ∙ 𝑤 + 30.000 ∙ 0,6
massa de 1 litro da corrente de Alimentação é igual a ℎ ℎ ℎ
1,15 kg.
O decantador usado no processo aceita uma 150.000 ∙ 𝑤 = 120.000 ∙ 𝑤 + 18.000 (01)
alimentação de 150.000 kg/h e sua eficiência faz com que
o espessado tenho uma fração de 40% de água. Além Assim podemos ver que os valores que temos
disso o sistema de bombas de retirada de espessado que descobrir são a fração de sólidos (𝑤 ) na corrente
permite uma vazão máxima de 30.000 kg/h. de clarificado (C) e a fração de sólidos (𝑤 ) na
Qual será a vazão do clarificado e qual será sua alimentação.
concentração? Sabendo que a fração máxima deste Para calcular a fração de sólidos na alimentação,
sólido em um efluente descartado no meio ambiente, recorreremos ao conceito de densidade aparente,
lembrando que a corrente A é composta pelo sólido mais

70
AULA 10
SEPARAÇÃO DE SÓLIDO-LÍQUIDO E SÓLIDO-GÁS

fluido. Assim encontraremos uma fração volumétrica de Com isso podemos ver que o clarificado com
sólidos na corrente C (𝑦 ). 6,5% tem mais que o dobro de sólidos permitido para
lançamento no meio ambiente que é de apenas 3%,
𝜌 = 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 portanto o efluente deverá passar por outro tratamento
𝜌 = 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 ou as condições desta operação de decantação devem
ser alteradas.
𝜌 =𝜌 ∙𝑦 +𝜌 ∙𝑦
Filtração
𝜌 = 𝜌 ∙ 𝑦 + 𝜌 ∙ (1 − 𝑦 ) De maneira análoga à decantação, o objetivo
dessa operação unitária também é separar partículas
𝑘𝑔 𝑘𝑔 sólidas de um líquido. Dentro desse objetivo, tal
𝜌 −𝜌 1,15 𝐿 − 1 𝐿 operação pode ter diferentes finalidades: reter sólidos
𝑦 = = = 0,075
𝜌 −𝜌 𝑘𝑔 𝑘𝑔 grosseiramente, clarificar líquidos, obtenção dos sólidos
3 −1
𝐿 𝐿 ou apenas conduzir uma separação primária.
A filtração é conduzida de maneira mecânica
Entretanto a fração encontrada é a fração (fluido é bombeado) com auxílio de um meio poroso
volumétrica de sólidos, para encontrar a fração mássica permeável (meio filtrante). Um exemplo de filtração é o
precisamos converter essa fração a partir da equação a processo de coar café: a mistura água mais café é
seguir: colocada no coador (meio filtrante) e o peso da mistura
𝑚
𝑉 𝜌 faz com que as partículas sólidas do café fiquem retidas
𝑦 = =𝑚 no meio filtrante enquanto o líquido o atravesse. Na
𝑉
𝜌𝐴 indústria, os meios filtrantes geralmente são tecidos
Substituindo na equação acima: grossos e resistentes, muitas vezes feitos com fibra
𝑚 por A . 𝑤 (vazão de A . fração de sólidos em A) e sintética.
substituindo 𝑚 por A (vazão de A), isolando 𝑤 temos: A Figura 10.4 esquematiza a operação, sendo
que a camada de sólidos que progressivamente
𝑦 ∙𝜌 deposita-se sobre o meio filtrante é denominada de torta
𝑤 =
𝜌 ou bolo. Assim, essa operação é geralmente
descontínua: deverá parar para retirada da torta e
Com os valores de fração volumétrica de sólidos posterior limpeza, periodicamente.
em A, densidade de sólidos e densidade do fluido A,
temos:
𝑘𝑔
0,075 ∙ 3 𝐿
𝑤 =
𝑘𝑔
1,15
𝐿

𝑤 = 0,196

Assim, podemos voltar ao balanço de massa para


o sólido e encontrar a fração de sólidos no clarificado
voltando na equação (01): Figura 10.4 - Desenho esquemático de um filtro. PASQUALIN, K.

𝑘𝑔 𝑘𝑔 Alguns fatores podem influenciar a velocidade


150.000 ∙ 0,196 − 18.000 de filtração, como a diferença de pressão entre o fluido
w = ℎ ℎ = 0,095
120.000
𝑘𝑔 a ser filtrado e o fluido límpido, área da superfície de
ℎ filtração, viscosidade, resistência da torta e a resistência
do meio filtrante.

71
AULA 10
SEPARAÇÃO DE SÓLIDO-LÍQUIDO E SÓLIDO-GÁS

Em alguns processos, auxiliares de filtração são Primeiramente temos que a fração de sólidos na
utilizados para melhorar a filtração, como promover uma torta é dada em função da fração de água na torta (w ),
maior velocidade de filtração, melhor retenção de como a torta só é composta por água e sólido temos:
partículas sólidas e filtrado mais límpido, reduzindo
custos. Geralmente utilizados com suspensões de sólidos w = 1 − w = 1 − 0,05 = 0,95
finos.
A ideia do esquema da Figura 10.4 propõe um Deste modo podemos montar os balanços de
único estágio de separação. Quando a área de passagem massa global e para o sólido, se atentando ao fato de que
do fluido não é suficiente pode-se agregar vários estágios os filtros apresentam acúmulo:
idênticos em paralelo, distribuindo assim o fluido. Este
sistema é conhecido como filtro prensa, onde os estágios Balanço de Massa Global:
são comprimidos uns aos outros por um parafuso (placas
e quadros). ENTRADA – SAÍDA = ACÚMULO

Exemplo 2. Ainda no setor de tratamento de efluentes Alimentação – Filtrado = Torta


da mesma indústria, o seu chefe decidiu alterar o
decantador que não conseguia suprir as necessidades 𝐴−𝐹 =𝑇
por um sistema de filtros. As características da
suspenção alimentada são iguais a do exemplo 1. 15.000 − 𝐹 = 𝑇 (02)
Cada filtro deste sistema será alimentado com Balanço de Massa para os sólidos:
150.000 kg/h da suspensão, a fração de sólidos no
filtrado é metade da permitida e a umidade da torta é
𝐴∙𝑤 −𝐹∙ 𝑤 =𝑇∙ 𝑤
5%, além disso a capacidade de cada filtro é de 1.500 kg.
Calcule a vazão de filtrado e a massa de torta de 15.000 ∙ 0,196 − 𝐹 ∙ 0,015 = 𝑇 ∙ 0,95
cada filtro e a vazão total de filtrado que um ciclo
apresenta, sabendo que o sistema contém 5 filtros. 2940 − 𝐹 ∙ 0,015 = 𝑇 ∙ 0,95 (03)

Com as equações (02) e (03) podemos resolver o


sistema de duas equações e duas incógnitas que nos
trarão os seguintes resultados:

𝐹 = 12.096,25 𝑘𝑔/ℎ 𝑇 = 2.903,75 𝑘𝑔/ℎ

Como podemos ver em uma hora a capacidade


Figura 10.5 - Esquema do Exemplo 2. PASQUALIN, K.
dos filtros de 1500 kg foi ultrapassada, portanto para
calcular um ciclo de filtragem calcularemos a quantidade
de torta acumulada em 1 segundo e quantos segundos
Resolução: organizando as nossas informações para demora para enchermos o filtro:
cada filtro, temos:
- do primeiro exemplo a fração de sólidos na alimentação 2.903,75𝑘𝑔 1ℎ 𝑘𝑔
𝑇= = 0,81
é w = 0,196 1ℎ 3600 𝑠 𝑠
- do enunciado a vazão de alimentação A = 15..000 kg/h
1.500 𝑘𝑔
(por filtro), a fração de água na torta 𝑤 = 0,05 e a 𝑡= = 1.851,85 𝑠 ≅ 31 𝑚𝑖𝑛
𝑘𝑔
fração de sólidos no filtrado 𝑤 = 0,015 (metade da 0,81
𝑠
permitida que é 3%).

72
AULA 10
SEPARAÇÃO DE SÓLIDO-LÍQUIDO E SÓLIDO-GÁS

Assim podemos calcular a massa de filtrado Toda indústria possui uma estação de
produzido em um filtro por ciclo: tratamento para os seus efluentes, ou seja, resíduos
produzidos ao decorrer do processo que devem ser
12.096,25 𝑘𝑔 tratados antes de ser encaminhados aos corpos
𝑀= ∙ 1851,85 𝑠 = 6.222,34 𝑘𝑔
3600 𝑠 receptores (rios ou lagos). Geralmente no tratamento
preliminar um sistema de decantadores é utilizado a fim
E lembrando que nosso sistema possui 10 filtros, de retirar as partículas sólidas da fase líquida. Ao se
temos uma massa total de filtrado por ciclo igual a: formar o espessado, este pode ser conduzido a um
sistema de filtros para reduzir o teor de água nos sólidos.
𝑀 = 6.222,34 𝑘𝑔 ∙ 10 = 62.223,40 𝑘𝑔 Inúmeras possibilidades para este tratamento existem,
mas a separação de sólidos de líquidos é indispensável.
Apesar de ser mais eficiente se comparado com
o processo do exemplo 1, este processo é descontínuo. SEPARAÇÃO SÓLIDO-GÁS

Os filtros contínuos são mecanicamente mais A coleta de poeira se refere à remoção, ou ao


complexos em relação aos filtros prensa pelo seu sistema recolhimento, de dispersóides sólidos de gases, tendo
de retirada contínua da torta. O filtro rotativo à vácuo é como objetivo o controle da poluição do ar, coleta do
considerado um filtro contínuo. Ele é constituído de um produto sólido, melhoria da qualidade (ar para
tambor metálico de parede dupla que é imerso medicamentos e filmes fotográficos), redução da
parcialmente no fluido contendo as partículas a serem manutenção (evitar entupimentos, corrosão),
retiradas. Uma bomba de vácuo aspira o ar do espaço recuperação de produtos valiosos ou pulverulentos (leite
determinado pela parede dupla, sugando o fluido do em pó, café solúvel, catalisadores), segurança (poluentes
exterior para dentro. O meio filtrante é uma fita contínua prejudiciais à saúde).
que envolve o tambor. Conforme o fluido é sugado, as Existem vários mecanismos de coleta de poeira,
partículas se depositam no meio filtrante espessando que geralmente são classificados de acordo com o
progressivamente a torta enquanto o tambor gira. A tamanho das partículas sólidas. Algumas informações
torta é retirada progressivamente por raspadores. são necessárias para o estudo e escolha de
equipamentos de coleta, como a concentração de
sólidos, temperatura, densidade do sólido e do gás,
diâmetro, abrasividade, umidade, explosividade e
viscosidade do gás.
Analisaremos alguns equipamentos de
separação de partículas sólidas de uma corrente gasosa.

Câmara de poeira
Também chamada de câmara de sedimentação
gravitacional. É o tipo mais simples e mais antigo de
equipamento para coleta de poeira. O seu principio de
funcionamento é de reduzir a velocidade do gás para
permitir a sedimentação das partículas sólidas pela ação
da gravidade. Geralmente utilizada para remoção de
partículas relativamente grandes (Dp>50μm). O
tamanho da câmara necessário para remover partículas
menores é excessivo.
Figura 10.6 - Esquema de um filtro rotativo a vácuo Os coletores gravitacionais são câmaras
metálicas de grandes dimensões, em relação às do duto
que nela introduz o ar poluído, como fim de reduzir a

73
AULA 10
SEPARAÇÃO DE SÓLIDO-LÍQUIDO E SÓLIDO-GÁS

velocidade do fluxo, permitindo a deposição de


partículas relativamente grandes pelo seu peso.

baixo custo
⎧ pouco desgaste

𝑉𝑎𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠 consome pouca energia Figura 10.7 - Esquema de um separador inercial
⎨ baixa perda de carga
⎪ Filtros
⎩resiste a corrosão e temperatura
A utilização de filtros na separação sólido-gás é
baixa eficiência semelhante aos utilizados na separação sólido-líquido. O
𝐷𝑒𝑠𝑣𝑎𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠 seu princípio de funcionamento condiz que o fluxo
grande espaço requerido
gasoso, que contem as partículas sólidas, seja forçado
Geralmente utilizados como pré-coletores nas através de um meio poroso (filtro) onde o material
indústrias, na coleta de cinzas em caldeiras a carvão e nas particulado é retido. A escolha do filtro depende do tipo
operações de refino de metais. de pó e do diâmetro médio das partículas. Os filtros
podem ser de diversas formas: sacos, mangas, painéis
Separadores inerciais lisos ou painéis ondulados.
A separação em equipamento de impacto
baseia-se na grande diferença entre a quantidade de alta eficiência (supera 93%)
movimento das partículas sólidas ou gotículas e a do gás. perda de carga não excessiva
𝑉𝑎𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠
Devido a obstáculos nos equipamentos as partículas não resitente a corrosão
seguirão o caminho do gás caso esse mude bruscamente retenção de particulas pequenas
de direção. A trajetória das partículas será menos
curvada do que as linhas de corrente do gás, sendo fácil grande espaço requerido
⎧ alto custo
obrigá-las a atingir anteparos como chicanas ou material ⎪
poroso de enchimento. Dessa forma, por gravidade as manutenção periódica
𝐷𝑒𝑠𝑣𝑎𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠
partículas chegarão aos pontos de descarga do ⎨baixa resistencia a altas T
equipamento. ⎪ empastamento
A eficiência desses separadores é maior ⎩ entupimento
comparada à de câmaras de poeira (50 a 70%). Para
aumentar o rendimento podem-se recobrir as chicanas mistura e pesagem de grãos
⎧moagem de pedra, argila e mineirais
com óleo não secativo ou água. ⎪
A grande vantagem destas unidades esta na 𝐴𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎çõ𝑒𝑠 trituração de cimento
⎨ captação de poeira de moagem
maior adaptabilidade aos tubos e condutos que ⎪
quaisquer outros tipos de coletores. Podem ser usados ⎩ limpeza por abrasão
em temperaturas elevadas, mas não se a poeira ficar
pegajosa; nesse ultimo caso existe alguns tipos com Quando a concentração de sólidos é muito alta,
película circulante de água que operam mantendo usa-se, antes do filtro, um separador tipo inercial para
limpos os elementos coletores. As vantagens e reter as partículas maiores.
desvantagens das câmaras de poeira também podem ser
atribuídas aos separadores inerciais.
Lavadores de Gases
Os lavadores constituem uma classe de
equipamentos de remoção de poeiras e névoas de gases
em que um líquido, usualmente a água, é adicionado ou
circula para auxiliar o processo de coleta.
Nestes equipamentos, o gás contendo as
partículas sólidas é forçado através de uma aspersão de
gotas, que colidem com o material particulado,

74
AULA 10
SEPARAÇÃO DE SÓLIDO-LÍQUIDO E SÓLIDO-GÁS

aglomerando as partículas e tornando a coleta facilitada 𝐴+𝐵 =𝐶+𝐷


(gravitacional ou inercial). 𝑘𝑔
O líquido geralmente utilizado é a água, muito 𝐴 = 𝐶 + 𝐷 − 1500

embora óleos minerais sejam empregados em algumas
situações. O sólido a separar deve ser molhável pelo Balanço de massa para o gás:
líquido, porém deve-se verificar com especial cuidado a
eventualidade de se produzirem compostos corrosivos 𝐵𝑤 =𝐶𝑤
durante a lavagem. É o caso da lavagem de gases de 𝑘𝑔
1500 0,80 = 0,98 𝐶
combustão, que sempre vem acompanhada da produção ℎ
de ácido sulfuroso, que ataca o aço, e dos gases 𝑘𝑔
𝐶 = 1224,5
produzido nos fornos de fundição de alumínio, que ℎ
contém Cl2, F2, HCl e NaCl gaseificado. Balanço de massa para o sólido:

coleta de gases e partículas 𝐵𝑤 = 𝐶𝑤 +𝐷𝑤


𝑉𝑎𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠 baixo custo inicial 𝑘𝑔 𝑘𝑔
ocupação de pequeno espaço 0,20 . 1500 = 0,02 . 1224,5 + 0,40 𝐷
ℎ ℎ
𝑘𝑔
grande consumo de água 𝐷 = 688,8

𝐷𝑒𝑠𝑣𝑎𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠 geração de residuos
posterior separção Balanço de massa para água:
Exemplo 3. Em um processo químico, gases provenientes 𝐴=𝐷 𝑤
de um forno devem ser lançados no ar atmosférico. Para
que essa corrente atenda as normas, a concentração de 𝐴 = 0,6 . 688,8 = 413,3
particulados deve ser menor que 2%. Assim, uma
lavadora de gases será empregada para a purificação do Conferindo no BM global:
ar. Calcule a quantidade de água que deverá ser
empregada nesse equipamento para remover os sólidos 413,3 + 1500 = 1224,5 + 688,8 = 1913,3
da corrente de gás atendendo a norma. Sabe-se que os
gases de entrada possuem uma concentração de 20% em Precipitador eletrostático
massa de particulados e vazão de 1500 kg/h. Para melhor A corrente de gás/sólido passa entre dois
escoamento, a concentração de sólidos na saída da eletrodos mantidos com ddp entre 10 e 70 kV. As
lavadora deve ser menor que 40,0%. moléculas de CO2, CO, SO2 e H2O são ionizadas e ao
Água (A) chocarem com as partículas as carregam negativamente,
causando a sua migração em direção ao pólo (eletrodo
Ar tratado (C)
coletor) de carga contrária. Caso a condutividade seja
baixa, pode-se umedecer a corrente antes do
precipitador. A retirada das partículas é feita por
vibração ou pó injeção de óleo.
Ar + partícula (B)
custo baixo de operação e manutenção
⎧ eficiencia na ordem de 99%
Água + partícula (D) ⎪
𝑉𝑎𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠 diâmetros pequenos (0,01μm)
Figura 10.8 - Esquema referente ao Exemplo 3. PASQUALIN, K. ⎨ grandes vazões e altas temperaturas

⎩ baixa queda de pressão
Balanço de massa global:

75
AULA 10
SEPARAÇÃO DE SÓLIDO-LÍQUIDO E SÓLIDO-GÁS

alto custo inicial


requer espaço
𝐷𝑒𝑠𝑣𝑎𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠
perigo de alta tensão
apenas para material particulado

usinas termoelétricas

⎪ fábricas de cimento
𝐴𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎çõ𝑒𝑠 aciarias
⎨fundições de metais não ferrosos

⎩ fabrica de celulose

Ciclones
Nos ciclones o princípio de coleta é a utilização
da força centrípeta, que aplica sobre a partícula uma
aceleração varias vezes mais intensa que a força da
Figura 10.9 - Esquema de um separador tipo ciclone
gravidade, empurrando a partícula na direção das
paredes do ciclone, retirando-a do fluxo gasoso, como
pode ser visto na Figura 10.9.
O gás entrando tangencialmente no topo do
EXERCÍCIOS
ciclone cria um fluxo espiral descendente entre a parede
1. Diferencie a decantação da filtração.
e o duto de saída. Esta, chamada de espiral principal,
estende-se até a base do cone e retorna em movimento
2. Explique o conceito de velocidade terminal.
espiral ascendente interno. É a chamada espiral interna,
que se estende até o duto de saída, dando descarga ao
3. Relacione o aumento da velocidade de
gás limpo. As partículas sólidas em suspensão no ar,
sedimentação com a concentração de sólidos na
sobre efeito da força centrípeta, tendem a deslocar-se
suspensão a ser decantada, densidade do sólido,
para a película de ar junto às paredes do ciclone, saindo
diâmetro das partículas e a viscosidade do meio. O
pelo fundo do cone.
que você faria para aumentar tal velocidade?

baixo custo 4. Relacione o aumento da velocidade de filtração com


⎧ baixa perda de carga a diferença de pressão no sistema, área da superfície
⎪ resistente a corrosão de filtração, viscosidade, resistência da torta e
⎪ resistência do meio filtrante.
simplicidade de projeto
𝑉𝑎𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠
⎨ consumo de pouca potência
5. Explique o sistema de funcionamento dos
⎪fácil manutenção e manutenção
⎪ pode operara a altas T e P equipamentos de separação sólido-gás. Para
⎩ concentração de sólidos alta facilitar, esboce um esquema dos equipamentos.

desgaste por abrasão 6. Estudos recentes estão analisando a possibilidade de


𝐷𝑒𝑠𝑣𝑎𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠 possivel entupimento aplicar ciclones para separar a areia do gás natural
baixa eficiência para Dp < 5 𝜇𝑚 oriundos dos poços de petróleo. Nesse contexto,
desenvolva o BM para um ciclone hipotético que
está retirando a areia (SiO2) de uma corrente
composta apenas por metano (CH4). Sabe-se que 100
kg da mistura são alimentados por hora e que essa
corrente possui 20% em massa de sólidos. A corrente

76
AULA 10
SEPARAÇÃO DE SÓLIDO-LÍQUIDO E SÓLIDO-GÁS

de CH4 efluente do equipamento deve ter no máximo


0,1% de sólidos, pois o gás será processado 4.
posteriormente. Admitir que a corrente de saída de
fundo do ciclone seja composta apenas por areia.
Dica: esquematize o equipamento antes de iniciar o
BM.

7. No processamento de gás natural, uma corrente


gasosa contendo material particulado é enviada a
um filtro de mangas. A corrente tratada deve ter no
máximo 3,0% em massa de sólidos. Realize o balanço 5.
de massa para esse equipamento sabendo que são
alimentados 150 kg/h de uma suspensão que
contem 40% de sólidos. Quanto tempo levará para
que o sistema pare para manutenção e limpeza se a
capacidade do filtro é de 300 kg de sólidos.

GABARITO
6. Topo = 80,08 Kg/h , Fundo = 19,992 Kg/h

7. Tempo = 5,24h ou 5h e 14min (Acumulo = 57,22 Kg/h,


1.
Saida = 92,78 Kg/h)

2. A velocidade terminal trata da velocidade máxima


alcançada por um corpo em queda dentro de um fluído,
sendo o corpo acelerado pela gravidade e freado pelo
empuxo e pela viscosidade do fluído.

3.

A adição de floculantes aumenta o tamanho das


partículas a serem decantadas, aumentando a
velocidade que elas vão decantar.

77
AULA 11
SEPARAÇÃO GÁS/GÁS E LÍQUIDO/LÍQUIDO
SEPARAÇÃO GÁS/GÁS  Características físicas e químicas da superfície –
determinante do tipo de interação da superfície
Os principais processos de separação de com o gás;
misturas de dois ou mais gases se resumem,  Porosidade do sólido – influência na área superficial
basicamente, em liquefação, adsorção e absorção. do adsorvente. A porosidade (𝜀) do sólido é definida
como o volume dos poros ( 𝑉 ), isto é, espaços
Liquefação vazios, que dão passagem para o fluido em questão,
É um processo no qual os gases passam por uma em relação ao volume do sólido (𝑉 ).
diminuição de temperatura ou aumento de pressão, para 𝑉
que um ou mais deles seja liquefeito. Caso seja 𝜀=
𝑉
necessário, posteriormente, podem ser separados por Por isso ocorre o largo emprego de sólidos
destilação. porosos, que possuem uma grande área superficial por
Você pode analisar a influência da temperatura unidade de massa quando comparados aos sólidos
e da pressão na fase de uma substância através do comuns.
diagrama de fases, como o mostrado na Figura 11.1. Um dos primeiros adsorventes conhecidos e
mais usados atualmente é o carvão ativado. Ele é
produzido pela decomposição térmica controlada de
material orgânico (casca madeira, de coco, de arroz,
ossos de animais, etc.), seguida pela ativação, que tem a
finalidade de aumentar a área superficial e/ou conferir
determinadas propriedades, para facilitar a interação
com o fluído a ser adsorvido. O carvão ativado é
caracterizado como de baixo custo, alta porosidade (até
0,85) e alta área superficial (até 1200 m²/g).
Além do carvão ativado existem outros
adsorventes, dependendo da aplicação necessária. Por
exemplo: sílica gel, alumina ativada, peneiras
moleculares (zeólitas), etc.

Equipamentos
Esse processo normalmente é feito em
Figura 11.1 - Diagrama de fases do CO2.
equipamentos chamados de colunas de adsorção (ou
Adsorção adsorvedoras). Essas colunas são equipamentos que
O processo de adsorção consiste na interação possuem um leito de adsorvente pelo qual escoa o fluído
entre um dos gases com um sólido, normalmente que será separado.
poroso. Essa interação se dá no sentido do gás com maior Normalmente elas são colocadas em série, uma
afinidade pelo sólido (adsorvente) ficar aderido na após a outra, para aumentar a eficiência do processo e
superfície do mesmo, enquanto o outro gás continua na diminuir seu tamanho.
corrente. Esses equipamentos podem ser de leito fixo, que
nada mais é do que uma coluna, na qual, os sólidos
Adsorvente permanecem fixos e apresentam os espaços vazios
Como a adsorção é um processo de superfície, (porosidade), na qual o fluido, escoa através. A coluna de
isto é, ocorre apenas na superfície do sólido, é desejável adsorção pode ser também do tipo leito fluidizado, na
que o mesmo possua uma área superficial elevada. qual o sólido é movimentado com a passagem do gás,
Sendo assim, a adsorção depende essencialmente de dando a impressão de que os sólidos fazem parte da
dois fatores: corrente, mas permanecem dentro da coluna e não são
arrastados pelo fluido para fora da coluna. Para entender

78
AULA 11
SEPARAÇÃO GÁS/GÁS E LÍQUIDO/LÍQUIDO
mais sobre escoamento em leito poroso volte na aula 09, tempo de vida útil de um filtro com capacidade para
lá foi explicado mais sobre leito fixo e leito fluidizado. adsorver no máximo 3000 g de CO? Considere a
densidade do CO igual a 1,15 kg/m³.
Balanço de Massa
O fluxograma deste processo pode ser visto na Sabemos que:
Figura 11.3. 𝑦 = 0,148
Portanto:
𝑦 = 1 − 0,148 = 0,852

Para gases a fração molar é aproximadamente


igual a fração volumetrica, a vazão volumetrica de ar livre
de CO é dada por:

𝐿
𝐹 = 300 . 0,852
𝑚𝑖𝑛
𝐿 𝑑𝑒 𝑎𝑟
𝐹 = 255,6
𝑚𝑖𝑛
Figura 11.3 - Fluxograma simplificado de uma coluna adsorvedora.
É possível ser feito o balanço de massa para o
Neste fluxograma F e S são as vazões de entrada CO, tomando o volume constante de ar como referência:
e saída, respectivamente, que podem ser dadas em
termos molares, mássicos ou volumetricos. 𝑥 .𝐹 = 𝑞 + 𝑥 .𝑆
Uma informação importante é a capacidade
máxima, qmax, quantidade máxima que um A quantidade de CO que entra pode ser
determinado adsorvente consegue reter de um determinada por:
componente da mistura. Normalmente, ela é dada em
função da massa adsorvida pela massa de adsorvente. 𝑔 𝑑𝑒 𝐶𝑂 𝐿 𝑑𝑒 𝑎𝑟 𝑚³
𝑥 𝐹 = 200 . 255,6 . =
𝑚 𝑑𝑒 𝑎𝑟 𝑚𝑖𝑛 1000 𝐿
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑎𝑑𝑠𝑜𝑟𝑣𝑖𝑑𝑎
𝑞 =
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑑𝑠𝑜𝑟𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑥 𝐹 = 51,1 𝑔 𝑑𝑒 𝐶𝑂/𝑚𝑖𝑛

Com esta informação, considerando que o A quantidade de CO que deve sair:


sistema já atingiu o equilíbrio, pode-se fazer o balanço de
massa para o fluído adsorvido: 𝑔 𝑑𝑒 𝐶𝑂 𝐿 𝑑𝑒 𝑎𝑟 𝑚³
𝑥 𝑆 = 10 . 255,5 . =
𝑚 𝑑𝑒 𝑎𝑟 𝑚𝑖𝑛 1000 𝐿
𝑥 .𝐹 = 𝑞 ∗𝑚 + 𝑥 .𝑆
𝑥 𝑆 = 2,55 𝑔 𝑑𝑒 𝐶𝑂/𝑚𝑖𝑛
Neste balanço de massa q é a quantidade
adsorvida por unidade de tempo (acúmulo). Portanto a quantidade que o adsorvente deve
reter por min:
Exemplo 1. Uma corrente gasosa sai de um forno numa 𝑞 = 51,1 − 2,55
vazão de 300 L/min (sendo a fração molar de CO nesta
corrente igual a 0,148). Sendo conhecida a eficiência na 𝑔 𝑑𝑒 𝐶𝑂
queima do combustível, sabe-se que são produzidos 𝑞 = 48,55
𝑚𝑖𝑛
gases com 200 g de CO/m³ de ar. Por lei, é permitida uma
liberação gases com no máximo 10 g de CO/m³ de ar. Ou seja, é necessário adsorver 48,55 g de CO por
Qual a quantidade que um filtro deve adsorver por minuto para atender as exigências legais.
minuto para que essas emissões sejam atingidas? Qual o

79
AULA 11
SEPARAÇÃO GÁS/GÁS E LÍQUIDO/LÍQUIDO
Se isto ocorre, então: Balanço de Massa
Um fluxograma simplificado deste processo
48,5g → 1 minuto pode ser visto na Figura 11.4.
3000g → tempo ú l do adsorvedor
3000
= 61,77 𝑚𝑖𝑛
48,5

Ou seja, o filtro atenderá a demanda por cerca


de 61,77 minutos, ou aproximadamente uma hora, sem
precisar ser substituído.

Absorção
A absorção se refere a um processo onde se
deseja remover um ou mais gases de uma corrente pelo Figura 11.4 - Fluxograma simplificado de uma coluna absorvedora.
contato destes com um líquido no qual são solúveis. O
componente transferido de uma fase para outra é O balanço de massa para o soluto pode ser
designado como soluto. escrito como:
𝑦 .𝐺 + 𝑥 .𝐿 = 𝑦 .𝐺 + 𝑥 .𝐿
Solvente
A escolha do melhor solvente é determinada Em que 𝐺 é a vazão de gás, 𝐿 a de líquido, 𝑦 é a
tanto pela maior solubilidade do composto que se deseja fração molar de soluto na fase gás e 𝑥 na fase líquida. Os
separar, como pela seletividade (solubilidade apenas do índices 1 e 2 se referem à entrada e a saída,
soluto que se deseja separar) e pela facilidade de separar respectivamente.
o solvente e o soluto. Observe que agora y e x referem-se a frações
Além disso, é desejável que o solvente não seja molar de soluto nas fases gás e líquido.
tóxico, nem inflamável, assim como não seja reativo. E, Esta equação nos diz simplesmente que a soma
claro, seja de baixo custo. das quantidades de soluto nas correntes de entrada é
igual a soma das quantidades de soluto nas correntes de
Equipamentos saída. Ou seja, a massa de soluto permanece constante,
Note-se que, similar à adsorção, esse processo não há acúmulo.
depende da área de contato entre o líquido e o gás.
Assim, é comum empregar-se colunas com recheio ou Exemplo 2. Devemos recuperar uma corrente de gás
coluna de pratos para aumentar o contato das fases. contendo 30% do composto A, em base molar, com uma
Essas colunas aumentam a área de contato, já vazão de 50 mol/s. Para isso, usa-se uma torre de
que o líquido molha a superfície do recheio e, assim, uma absorção que opera em contracorrente. A corrente
área superficial adicional é acrescentada. líquida entra a 190 mol/s e é composta apenas de um
Os recheios podem ser dos mais diversos tipos, outro composto B. Sabe-se que a corrente gasosa sai da
desde lascas de madeira e tijolos até recheios coluna com uma vazão de 100 mol/s de A e que a
estruturados. As principais características necessárias ao corrente líquida saí com 10% de A e vazão de 140 mol/s.
recheio são: a molhabilidade (o quanto o líquido é capaz Calcule a fração de A no gás de saída da coluna.
de molhar o recheio), a área superficial e a resistência
(química e física) do recheio. Além, é claro, de seu custo.
As colunas de pratos, por outro lado, se
beneficiam da área adicional das bolhas de gás formadas
em cada estágio (ou prato). Esse processo se assemelha
a várias colunas associadas em série.

80
AULA 11
SEPARAÇÃO GÁS/GÁS E LÍQUIDO/LÍQUIDO
carvão) de 10 horas. Dado: área superficial do carvão
ativo = 1200 m²/g.

1. Um gás entra em uma coluna de absorção com


vazão de 100 kmol/h e composição de 40% de A
(molar). O composto A é retirado utilizando água
pura como solvente, entrando em contra-corrente
com vazão de 200 kmol/h. Sabendo que a
composição de A na saída é de 5%, com vazão de
150 kmol/h, qual é a vazão e composição da
corrente líquida de saída?

Figura 11.5 - Coluna absorvedora do Exemplo 2. GABARITO


Dados (com relação ao composto A): 1. m = 50kg
𝑚𝑜𝑙
𝐿1 = 190 , 𝑥1 = 0
𝑠 2. 𝐿 = 150 ;𝑥 , = 0,22
𝑚𝑜𝑙
𝐺1 = 50 , 𝑦1 = 0,3
𝑠
𝑚𝑜𝑙
𝐿2 = 140
𝑠
, 𝑥2 = 0,1 SEPARAÇÃO LÍQUIDO/LÍQUIDO
𝑚𝑜𝑙
𝐺2 = 100 , 𝑦2 =? Dando continuidade ao estudo de processos de
𝑠
separação, nesta aula, serão abordados os processos de
Balanço molar para A: separação líquido/líquido. Serão revisados conceitos de
sistemas homogêneos e heterogêneos, assim como de
𝐿1. 𝑥1 + 𝐺1. 𝑦1 = 𝐿2. 𝑥2 + 𝐺2. 𝑦2 soluções bifásicas. Na separação de líquidos será dada
atenção especial ao processo de extração.
190.0 + 50.0,3 = 140.0,1 + 100. 𝑦2
TRANSFERÊNCIA DE MASSA
𝑦2 = 0,01
A transferência de massa baseia-se em sistemas,
Portanto, tem-se que a corrente de saída do gás
em que dois ou mais componentes cujas concentrações
conterá 1% de A.
variam de ponto a ponto, tendem a sofrer uma
transferência natural de massa minimizando, assim, as
diferenças de concentração entre os sistemas. O
transporte de um constituinte ocorre de uma região de
EXERCÍCIOS
alta concentração para aquela de menor concentração,
1. Carvão ativado é usado em uma coluna de adsorção ou seja, a força motriz para o movimento da matéria é o
para adsorver uma molécula orgânica de corante. gradiente de concentração. Este fenômeno denomina-se
Sabe-se que a concentração da solução de entrada é “difusão molecular”. O transporte de massa também
de 30% em massa do corante e também que o carvão pode estar associado à convecção, processo no qual
pode adsorver 5,0 mg de corante por m² de sua área porções do fluído são transportadas de uma região a
superficial. Se essa corrente entra com uma vazão de outra do escoamento em escala macroscópica.
100 kg/h, determine a quantidade de carvão Na transferência de massa há diversas
necessária para adsorver todo o corante tendo contribuições. As mais importantes são:
tempo de operação da batelada (tempo até trocar o

81
AULA 11
SEPARAÇÃO GÁS/GÁS E LÍQUIDO/LÍQUIDO
1. Contribuição difusiva: transporte de matéria devido A destilação é o principal processo industrial de
às interações moleculares; separação de dois líquidos miscíveis, tendo importância
significativa nas mais diversas áreas, em especial, as
2. Contribuição convectiva: auxílio ao transporte de ligadas ao petróleo.
matéria como consequência do movimento do meio. Porém, nem sempre é possível empregá-la, já
que muitas misturas acabam por formar pontos onde
SEPARAÇÃO LÍQUIDO/LÍQUIDO ambos os líquidos evaporam à mesma temperatura, os
chamados pontos de azeotropia. Nestes casos, muitas
Os principais processos de separação de vezes é conveniente aplicar-se a extração por solventes.
misturas de dois ou mais líquidos são: a decantação, a Pela sua importância, o processo de destilação
centrifugação, a extração por solvente e a destilação será mais detalhado em aulas subsequentes.
(simples ou fracionada).
Extração por solvente
Decantação e Centrifugação É um processo complementar à destilação,
A decantação e a centrifugação são processos também empregado para líquidos miscíveis.
usados para líquidos imiscíveis, sendo baseados na Consiste, basicamente, em adicionar-se um
diferença de densidade destes. líquido estranho à mistura (solvente) que solubilize
Com a diferença de densidade dos dois líquidos preferencialmente um dos componentes (soluto) e que
há uma separação em duas fases, uma menos densa e seja pouco solúvel no outro (diluente) de modo a formar
outra mais densa. Assim, pela simples ação da gravidade, duas fases de líquidos. Nesta mistura bifásica, uma das
no caso da decantação, ou da força centrípeta, para fases, rica no solvente, é definida como Extrato, e a outra
centrifugação, podem ser separadas as fases. A Figura rica no diluente de Rafinado. A quantidade de Soluto no
6.1 mostra de forma simplificada este processo. extrato deve ser maior do que a do rafinado.
Posteriormente, da mesma forma que a decantação, as
fases são separadas por diferença de densidade.

Solvente
Um dos problemas chaves deste processo é a
escolha do solvente, já que ele pode apresentar
propriedades distintas, frente à mistura inicial. Pode ser:
1. Totalmente miscível com a solução, formando
uma solução homogênea;
2. Totalmente imiscível com a solução;
3. Parcialmente imiscível com a solução.
Essas tendências são determinadas pelo
equilíbrio termodinâmico entre os líquidos.
Para facilitar a visualização deste equilíbrio,
normalmente são usadas ferramentas gráficas,
Figure 11.6 - Processo simplificado de Decantação conhecidas como diagramas de equilíbrio
líquido/líquido. Estes diagramas facilitam visualizar se
existe imiscibilidade entre os pares de compostos.
Destilação Balanço de massa
O processo de destilação é empregado para
misturas de líquidos miscíveis, quando os dois primeiros O fluxograma simplificado pode ser visto na
processos não podem ser empregados. Baseia-se, em Figura 11.7.
essência, na diferença entre os pontos de ebulição dos
diferentes líquidos da mistura.

82
AULA 11
SEPARAÇÃO GÁS/GÁS E LÍQUIDO/LÍQUIDO
a 3% no rafinado efluente. Considerando que a água e o
acetato são imiscíveis, qual será a vazão de solvente
necessária? Sabe-se que a solubilidade máxima do ácido
no acetato, nas condições dadas, é de 10%.
Obs: Considere a densidade da alimentação igual a da
água (1 kg/L) e que o Extrato sai livre de diluente.

Figura 11.7 - Fluxograma simplificado de uma extração líq./líq.

Pela conservação de massa:

𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎 = 𝑆𝑎𝑖
Figura 11.8 - Coluna extratora do Exemplo 1.

𝐹+𝑆 =𝐸+𝑅
Com base nos dados fornecidos e na Figura 11.8,
Em que F é a vazão de solução alimentada
podemos fazer o balanço de massa para cada
(contendo o soluto), S é a vazão do solvente, M é a vazão
componente.
da solução resultante da mistura de F e S, E é a vazão do
extrato e R do rafinado.
 Balanço de massa para a água (H2O):
ALIMENTAÇÃO (F) – Solução inicial contendo o soluto 𝑤 .𝐹 = 𝑤 .𝑅
, ,
SOLVENTE (S) – Solução usada para extrair o soluto
MISTURA (M) – Solução resultante da mistura de F e S 𝑘𝑔
EXTRATO (E) – Solução do solvente rico em soluto 0,6.200 = 0,97. 𝑅

RAFINADO (R) – Solução de diluente pobre em soluto
𝑘𝑔
A conservação de massa também é válida para 𝑅 = 123,7

cada um dos componentes individualmente, já que eles
não sofrem alterações químicas. Assim:  Balanço de massa para o ácido acético (ác.):

𝑤 .𝐹 + 𝑤 .𝑆 = 𝑤 .𝑀 = 𝑤 .𝐸 + 𝑤 .𝑅 𝑤á , . 𝐹 = 𝑤á , . 𝑅 + 𝑤á , .𝐸

Sendo 𝑤 a fração mássica de um dos compostos 𝑘𝑔 𝑘𝑔


(soluto, diluente ou solvente) em uma das correntes: 0,4.200 = 0,03.123,7 + 0,1. 𝐸
ℎ ℎ
alimentação (𝑤 ), solvente (𝑤 ), mistura (𝑤 ), extrato
(𝑤 ) e rafinado (𝑤 ). 𝑘𝑔
𝐸 = 762,89

SOLUTO (A) – Líquido que será extraído pelo solvente
DILUENTE (B) – Líquido inicial no qual o soluto está  Balanço de massa para o solvente (sol.):
diluído
SOLVENTE (S) – Líquido usado para extrair o soluto 𝑤 , .𝑆 = 𝑤 , .𝐸

𝑘𝑔
Exemplo 1. Deseja-se extrair ácido acético de 𝑆 = 0,9.762,89
uma solução aquosa a 40%, que entra em uma extratora ℎ
numa taxa de 200 L/h, mediante adição de acetato de
𝑆 = 686,601 𝐿/ℎ
etila. A concentração de ácido acético deve ser reduzida

83
AULA 11
SEPARAÇÃO GÁS/GÁS E LÍQUIDO/LÍQUIDO
EXERCÍCIOS
Ou seja, seriam necessários 686,601 L/h de
solvente para realizar a extração desejada. 1. Você precisa fazer uma extração com solvente de um
soluto S e possui a disponibilidade de adquirir um
Escolha do solvente dos três solventes abaixo.
Outras propriedades também devem ser levadas
em conta durante a escolha do solvente: 𝑲𝑫 𝜷
SOLVENTE A 1,0 4,0
SOLVENTE B 2,0 4,0
1. COEFICIENTE DE DISTRIBUIÇÃO (𝑲𝑫 ): SOLVENTE C 2,0 13,0
Mede a quantidade de soluto no extrato em
relação ao rafinado. Pode ser dado por: Qual destes solventes você selecionaria? Justifique.
𝑥 𝑛𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜
𝐾 = 2. Deseja-se extrair um ácido de uma solução aquosa a
𝑥 𝑛𝑜 𝑟𝑎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜
30% que entra em uma extratora numa taxa de 400
Quanto maior, menos solvente será necessário. Kg/h, mediante adição um solvente puro. A
concentração de ácido deve ser reduzida a 5% no
rafinado efluente. Considerando que a água e o
2. INSOLUBILIDADE (β): solvente são imiscíveis, qual será a vazão de solvente
Quanto mais insolúvel, melhor, já que é possível necessária? Sabe-se que a solubilidade máxima do
trabalhar em uma faixa maior de composições e não é ácido no solvente, nas condições dadas, é de 15%.
tão susceptível às variações no processo.
3. Um solvente puro qualquer possui um coeficiente de
3. FACILIDADE DE RECUPERAÇÃO: partição de 2. Esse solvente é usado para extrair um
Facilitar processos de recuperação do solvente soluto de uma corrente de 400 kg/h, com 80% em
para posterior reuso, com o intuito de diminuir gastos de massa do soluto. Deseja-se que o rafinado possua
solvente. Evitar a formação de azeótropos, que não uma concentração máxima de 5% do soluto. Se a
podem ser separados por destilação. extração for feita em uma única etapa, qual será a
quantidade de solvente necessária?
4. DENSIDADE:
A diferença de densidades é essencial para a GABARITO
separação das fases. Logo, quanto maior for, mais fácil
ocorre a separação.
1. Solvente C: maior Kd (menos solvente será utilizado) e
5. OUTRAS PROPRIEDADES: maior β (mais insolúvel, é possível trabalhar em uma
Não reativo, baixa viscosidade, alta temperatura faixa maior de composições.
de ebulição, baixo ponto de congelamento, etc.
2. E = 700,9Kg/h, R = 294,7 Kg/h, S =596,4 Kg/h
6. SEGURANÇA E CUSTO:
3. R = 84,21 kg/h , E = 3157,90 kg/h, S = 2842 kg
Não inflamável e não toxico.
E, preferencialmente, com baixo custo!

84
AULA 12
DESTILAÇÃO SIMPLES

INTRODUÇÃO A pressão de vapor (PV) de um líquido a uma


dada temperatura é a pressão exercida pelas moléculas
Dando continuidade ao estudo de processos de que passam através da superfície livre na situação de
separação, nesta aula, serão abordadas as bases de um equilíbrio (quando o número de moléculas que deixam o
dos principais processos de separação líquido/líquido: a líquido é igual ao das que retornam). Diz-se que um
destilação. Serão revisados conceitos de equilíbrio líquido entra em ebulição quando a sua pressão de vapor
líquido/vapor, incluindo ponto de bolha e ponto de iguala a pressão ambiente.
orvalho. Além disso, serão apresentados diagramas de Os líquidos com pressões de vapor elevadas
fases de misturas binárias simples e a idéia de misturas entram em ebulição a temperaturas mais baixas (para
azeotrópicas. uma dada pressão total). Diz-se, por isso, que são mais
voláteis. Nesses líquidos as forças intermoleculares são
EQUILÍBRIO LÍQUIDO-VAPOR comparativamente mais fracas. Como regra geral, a
velocidade de evaporação depende da intensidade das
Vaporização, evaporação ou ebulição são forças intermoleculares e da velocidade de fornecimento
denominações comuns para um mesmo processo. Em de calor à fase líquida.
essência, é o processo segundo o qual um líquido é
convertido em vapor. Na fase líquida as forças Calor de vaporização
intermoleculares mantêm a substância como um todo A vaporização é um processo endotérmico, ou
coeso. À medida que a temperatura aumenta as seja, deve ser fornecido calor ao líquido para que as
moléculas movem-se cada vez mais vigorosamente, moléculas possuam energia suficiente para vencer as
havendo um número cada vez maior de moléculas com forças intermoleculares. Assim, esse calor de
energia suficiente para se libertar da interação das suas vaporização, também designado por calor latente de
vizinhas e passar para a fase vapor. A vaporização será, vaporização (L), é a quantidade de calor necessária para
portanto lenta a baixa temperatura e mais rápida às a evaporação de um mol de líquido a uma dada
temperaturas elevadas. temperatura.
Por outro lado, o processo de condensação é a De maneira geral, o calor (Q) necessário para
passagem da fase vapor para a fase líquida pela evaporar uma substância pode ser obtido por:
diminuição de temperatura.
Um esquema simplificado do desbalanceamento 𝑄 = 𝑚. 𝐿
de cargas na interface líquido/vapor pode ser visto na
Figura 13.1. Onde Q é o calor, m é a massa de substância que
se deseja evaporar e L é o calor latente de vaporização.
O calor liberado na condensação da mesma
massa será equivalente, correspondendo à mesma
quantidade usada para evaporar.

Diagrama PxT para substâncias puras


Num vaso aberto as moléculas escapam da
superfície do líquido para a atmosfera. Num vaso
fechado, a situação é diferente: a vaporização do líquido
vai tendo lugar até que a certa altura, quando a pressão
no interior do vaso atinge um valor máximo, as
Figura 12.1 - Interações moleculares na interface líquido/vapor. moléculas começam a regressar à fase líquida de tal
modo que a velocidade de retorno ao líquido é igual à
Uma das propriedades que pode nos dizer em velocidade de vaporização. Quer dizer, nesta situação
que temperatura a substância entrará em ebulição numa está estabelecido um equilíbrio entre o líquido e o seu
dada pressão é a pressão de vapor (PV).

85
AULA 12
DESTILAÇÃO SIMPLES

vapor, assim, a vaporização e a condensação ocorrem à as (mesmas) duas fases de que partimos, a pressão fica
mesma velocidade. obrigada a variar de um valor determinado pelo
Note-se que o equilíbrio entre as fases, apesar de comportamento (T, P) da curva em questão; se a variação
receber este nome, não se refere a um estado estático. de pressão for diferente dessa deixará de se observar o
Mesmo no equilíbrio existe um fluxo de moléculas entre equilíbrio bifásico inicial, alcançando-se, no final, um
as fases. Porém, na mesma proporção e velocidade, ou ponto numa das regiões monofásicas adjacentes.
seja, no equilíbrio para cada molécula evaporada uma O ponto triplo TR corresponde ao equilíbrio
condensa. simultâneo de três fases (S+L+G). O ponto crítico C é o
A pressão no tal vaso fechado designa-se por ponto extremo da curva de vaporização. Uma
pressão de vapor (PV) e o seu valor é função da propriedade interessante observada no ponto crítico é
temperatura (T). Num vaso aberto para a atmosfera o que, fisicamente, à temperatura crítica, o menisco de
líquido entra em ebulição quando a pressão de vapor é separação das duas fases desaparece e as duas fases
igual à pressão ambiente (de 1 atm) que está exercida tornam-se indistinguíveis. Acima da temperatura crítica
sobre a superfície do líquido. O ponto de ebulição é e/ou da pressão crítica não pode observar-se equilíbrio
assim, o ponto especial da curva de vaporização de uma estável entre o líquido e o seu vapor. A região do
substância pura onde: T=TB e P=PV. diagrama correspondente a P>Pc e T>Tc é designada por
Na verdade a curva de vaporização é, em si região supercrítica e as substâncias nessas condições
mesma, uma sequência de pontos (T, PV) como se mostra chamam-se fluídos supercríticos.
na Figura 12.2.
DIAGRAMA DE FASES DE MISTURAS
BINÁRIAS SIMPLES
No caso de misturas, a linha de vaporização e de
condensação não são necessariamente coincidentes.
Isso porque a volatilidade dos compostos na mistura
normalmente é diferente.

VOLATILIDADE (αAB) – Se refere à facilidade da


substância de passar do estado líquido ao estado
vapor. Esta facilidade depende do referencial, por isso
sempre é relativa, levando em conta duas substâncias.

Figura 12.2 - Diagrama (T, P) de uma substância pura. A volatilidade relativa de uma substância A e
outra substância B é definida como:
As superfícies S, L e G representam,
respectivamente, as regiões de estabilidade das fases 𝑦
𝑥
sólida, líquida e gasosa. SC é a região do fluído 𝛼 =𝑦
supercrítico. O ponto triplo é TR; C é o ponto crítico; as 𝑥
coordenadas (T, P) de cada um deles estão também Onde:
indicadas. As curvas representam as linhas de equilíbrio
das fases que as limitam. A curva de TR até C é a curva de yA e yB – Frações molares de A e B, respectivamente,
vaporização da substância e define o equilíbrio na fase vapor em equilíbrio com a fase líquida.
líquido/vapor desta. xA e xB – Frações molares de A e B, respectivamente,
Ao longo da curva de vaporização, ao fazer variar na fase líquida em equilíbrio com a fase vapor.
a temperatura de uma quantidade para que
continuemos a observar equilíbrio termodinâmico entre Ou seja, a volatilidade indica a relação entre as
frações na fase vapor (y) e na fase líquida (x).

86
AULA 12
DESTILAÇÃO SIMPLES

Pelo fato desta relação normalmente ser aplicando-se a regra da alavanca no diagrama de fase.
diferente de 1, a representação geométrica do equilíbrio A regra da alavanca pode ser explicada considerando
líquido/vapor para misturas costuma ser feita em uma balança simples. A composição da liga é
diagramas pressão por composição (P, x, y) e/ou representada pelo apoio, e a composição das fases pelas
temperatura por composição (T, x, y). Na Figura 10.3 extremidades da barra. As proporções de fases presentes
apresenta-se um diagrama (T, x, y) esquemático de uma são determinadas pelos pesos necessários para
mistura binária. equilibrar a balança. O esquema ilustrado na Figura 13.4
pode facilitar a compreensão da regra da alavanca.

Figura 12.4 - Representação de uma alavanca.

Assim,
𝐶 −𝐶
𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑒 1 =
𝐶 −𝐶
𝐶−𝐶
𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑒 2 =
𝐶 −𝐶

Para o sistema binário, podemos usar o mesmo


conceito. Usando o ponto (a’) do diagrama proposto
Figura 12.3 - Diagrama (T, x, y) de uma mistura binária dos anteriormente, mostrado ampliado na Figura 12.5.
componentes 1 e 2 a pressão constante.

É interessante analisar a sucessão de fenômenos


que se observam quando se faz variar a temperatura
numa mistura binária a pressão constante. De fato este
fenômeno é o que permite as separações líquido/líquido
através de destilação.
Seja o diagrama (T, x, y) de uma mistura binária
de componentes 1 e 2, ilustrado na Figura 12.3. Na figura
os pontos T1 e T2 são respectivamente as temperaturas Figura 12.5. Representação da alavanca no diagrama de misturas
binárias.
de vaporização das substâncias puras 1 (mais volátil – TB
menor) e 2 (menos volátil – TB maior) à pressão P. Logo,
Estão indicados os domínios (T, composição) das 𝑋 −𝑋
regiões monofásicas (Líquido ou Gás) e bifásica %𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 = . 100
𝑋 −𝑋
(Gás+Líq.). A curva [T1, V, V’, V”, T2] é a curva dos PONTOS 𝑋 −𝑋
DE ORVALHO (condensação da mistura). A curva [T1, L, %𝑉𝑎𝑝𝑜𝑟 = . 100
𝑋 −𝑋
L’, L”, T2] é a curva dos PONTOS DE BOLHA (ebulição da
mistura).
DESTILAÇÃO
Regra da Alavanca A Destilação é uma das muitas operações de
Se uma liga consiste de mais de uma fase, a separação, utilizada tanto em nível laboratorial quanto
quantidade de cada fase presente pode ser encontrada

87
AULA 12
DESTILAÇÃO SIMPLES

industrial, para purificar as correntes de processo diagrama (T, x, y) apresenta um ponto (ou região) de
(matérias primas ou produtos). coincidência entre as curvas de bolha e orvalho, similar
A separação por destilação só é possível se os às mostradas na Figura 12.6.
diferentes componentes da mistura a serem separados
tiverem volatilidades diferentes, ou seja, pontos de
ebulição diferentes em uma determinada pressão, o que
conduz a pressões de vapor diferentes para os vários
componentes da mistura.
A operação de destilação tem muitas e variadas
aplicações a nível industrial, mas a aplicação mais
conhecida é no Refino de Petróleo, na separação do
petróleo cru em frações de hidrocarbonetos com
diferentes gamas de peso molecular. Contudo, existem Figura 12.6 - Diagramas de misturas azeotrópicas.
muitos outros processos industriais que utilizam a Neste caso existe uma zona (mais ou menos
destilação, como, por exemplo, na produção de extensa) da curva em que a composição do líquido e
polímeros, nas indústrias de alimentos e fármacos, na vapor em equilíbrio são idênticas. Este tipo de mistura
reciclagem de óleos, na indústria de biocombustíveis, e recebe o nome de mistura azeotrópica.
até na dessalinização da água. Um azeótropo é uma mistura líquida que, para
O processo de destilação é uma operação pela uma determinada pressão, apresenta um ponto de
qual uma mistura (líquido ou vapor) é separada em duas ebulição constante que não varia com o grau de
correntes por fornecimento ou remoção de calor, ambas vaporização (tal como acontece com as substâncias
com composição diferente: uma rica nos componentes puras). Como tal, as composições do líquido e vapor em
mais leves, de menor ponto de ebulição, o destilado ou equilíbrio permanecem também constantes. Um
topo; e outra rica nos componentes mais pesados, de exemplo comum é o da mistura etanol/água. Esta
maior ponto de ebulição, o fundo. mistura apresenta um azeótropo para a composição de
A destilação baseia-se no fato de que quando se 89.4% de etanol e 10.6% de água (percentagens molares)
processa a vaporização parcial de uma mistura à pressão atmosférica. Por isso é que o álcool etílico
(aquecendo-a até a ebulição), produz-se um vapor mais comercial que usamos em casa tem uma composição
rico nos componente de menor ponto de ebulição do que muito próxima desse valor (não se consegue produzir
a mistura inicial (alimentação), enquanto que o líquido, álcool mais puro usando apenas uma coluna de
que em cada instante ainda se mantém no recipiente, vai destilação).
ficando cada vez mais rico nos componentes menos A separação por destilação, numa só coluna, no
voláteis, de maior ponto de ebulição (mais rico nesses ponto azeotrópico, é impossível, dado que não se
componentes do que a alimentação inicial e do que o consegue aumentar mais o enriquecimento do vapor no
vapor que é produzido na mesma altura). O vapor componente mais volátil, tal como se pretende na
produzido é normalmente condensado e, assim, no destilação fracionada. Contudo, existem estratégias para
processo de destilação obtêm-se duas correntes líquidas: separar por destilação misturas azeotrópicas,
o fundo, rico nos componentes menos voláteis, e o topo recorrendo a sistemas de da variação de pressão a que
condensado (destilado), rico nos componentes mais cada coluna opera para driblar este inconveniente, ou
voláteis da mistura inicial. ainda é mais comum na indústria recorrer à separação
através de extração com solvente.
MISTURAS AZEOTRÓPICAS
De um modo geral as misturas que queremos
separar por destilação são mais complexas do que as
misturas binárias (A+B) descritas na Figura 10.3. Assim,
podemos, por exemplo, ter misturas em que o

88
AULA 12
DESTILAÇÃO SIMPLES

MISTURAS MULTICOMPONENTES 3. Se usarmos uma alimentação composta por 30% de


etanol, diga qual serão as temperaturas de bolha e
Normalmente, as misturas que queremos tratar de orvalho. O que significam estas temperaturas?
a nível industrial são misturas com muito mais de dois
componentes. Estas misturas são muito mais complexas 4. Como você iria sugerir a obtenção de 80% de etanol,
e o equilíbrio líquido/vapor nestes sistemas não pode ser entrando com uma mistura com 10% de etanol?
representado nos diagramas (T, x, y). O projeto destas
colunas requer técnicas mais elaboradas que envolvem a
utilização de programas computacionais com alguma
complexidade. É o caso, por exemplo, das operações de
destilação que ocorrem durante a refinação do petróleo.
O petróleo é uma mistura complexa de mais de
100 hidrocarbonetos e, para produzir os diferentes tipos
de combustível, com características diferentes (desde a
gasolina ao combustível de avião), é necessário sujeitar
o petróleo a várias operações de destilação, entre outras
operações. A operação destas colunas é mais complexa
do que o que se descreveu até aqui.
É importante notar que a destilação é ainda o
processo de separação mais comum na indústria.
Contudo, pela sua natureza, requer quantidades
enormes de energia, seja no aquecimento da coluna seja
no sistema de arrefecimento do destilado
(condensador). Em muitos casos chega a contribuir para
mais de 50% dos custos de operação da unidade
industrial. Assim, a melhor forma de reduzir esses custos Utilize o gráfico da mistura benzeno/tolueno para a
de operação é melhorando a eficiência da coluna através resolução dos exercícios 5 e 6:
de otimização do processo e do controlo adequado das
unidades. 5. Para uma entrada de 30% molar de benzeno, qual o
ponto de bolha da mistura? Qual o ponto de orvalho da
EXERCÍCIOS mistura para a mesma composição de 30% de benzeno?
Caso essa mesma mistura seja aquecida até 100 °C, qual
Utilize o gráfico da mistura etanol/água para a é a fração de líquido e qual é fração de vapor?
resolução dos exercícios 1 a 4: Considerando que essa mistura alimente uma
destiladora que opera a 100°C com vazão de 100mols/h
1. Com o gráfico da mistura etanol/água, encontre as determina a vazão mássica de benzeno no fundo (MM
composições de saída para: benzeno = 78g/mol)
 Entrada: 50% molar de etanol, 35°C;
 Saída: 85°C. 6. Para uma entrada de 40% molar de benzeno,
responda:
2. Com o mesmo gráfico encontre a fração de vapor e a
fração de líquido para: a) Qual é a fase em que a mistura se encontra a 90°C?
 Entrada: 60% molar de água, 25°C;
b) Quais as fases que a mistura se encontra a 95°C?
 Saída: 87°C.

89
AULA 12
DESTILAÇÃO SIMPLES

c) Quais as fases que a mistura se encontra a 100°C? Qual d) vapor


é a fração de líquido e qual é a fração de vapor nessa e) V = 167kg/h e L = 83kg/h
temperatura?

d) Qual é a fase em que a mistura se encontra a 105°C?

e) Quais as vazões de saída de líquido e de gás


considerando uma alimentação de 250 kg/h da mistura
40% molar de benzeno com destilação a 100°C? (MM
benzeno = 78g/mol; MM Tolueno = 92g/mol)

GABARITO
1. Etanol 0,5 topo; 0,15 fundo

2. Etanol 0,45 topo; 0,1 fundo

3. PB 355°C; PO 365°C

4. Realizar mais de uma destilação

5. PB = 98,5°C ; PO = 104°C; T= 100°C


L = 0,8 e V = 0,2; vazão fundo = 1,62kg/h

6. a) líquida
b) líquida
c) Em Equilíbrio líquido vapor -fase liquida e gasosa
ao mesmo tempo; L = 0,26 V = 0,74

90
AULA 13
DESTILAÇÃO FRACIONADA

INTRODUÇÃO
Nesta aula será abordado o estudo dos princípios
fundamentais do processo de destilação fracionada.
Inicialmente estudaremos em quais situações este
método deve ser aplicado e como opera uma coluna de
fracionamento. Em seguida, analisaremos dos principais
tipos físicos de colunas de destilação e suas aplicações.
Vale ressaltar que a destilação fracionada pode ser
considerada um dos principais motores da indústria
petrolífera, uma vez que esta operação é responsável,
pela separação dos componentes do petróleo, sendo a
primeira unidade no processo de Refino. Na Unidade de
Destilação as colunas fracionadoras são mais complexa
Figura 13.1 - Diagrama de temperatura em função da composição a
pois possui produtos laterais, não somente o destilado e pressão constante.
o resíduo, mas isso não será discutido nesta aula.
O tempo e o trabalho requeridos para o
DESTILAÇÃO FRACIONADA fracionamento por batelada torna o processo
contraproducente. Por isso, este método é substituído
Este procedimento é realizado quando não é por um método contínuo, no qual se usa uma coluna de
possível fazer uma separação via destilação simples, pois fracionamento (Figura 13.2). Este equipamento é
os componentes da mistura apresentam pontos de constituído por seções ou pratos onde ocorrem as
ebulição muito próximos. microdestilações, ou seja, é como se fosse a junção de
O procedimento é realizado através de uma várias destiladoras simples sucessivas.
coluna de fracionamento que cria várias regiões de
equilíbrio líquido-vapor, acarretando uma série de Mecânica da coluna de fracionamento
microdestilações sucessivas, tornando, assim, possível o A coluna é aquecida em sua parte inferior e ao
enriquecimento da parte vaporizada com as substâncias longo de todo o equipamento forma-se um gradiente de
mais voláteis. temperatura decrescente da base ao topo. Suponha que
Suponha que, durante um processo de a temperatura no topo da coluna seja T7 e o vapor
destilação, a temperatura de uma mistura binária M seja recolhido nesta região esteja em equilíbrio com o líquido
elevada até que parte do material esteja presente como existente no prato número 7 (Figura 13.2). As
vapor e a outra como líquido (Figura 13.1). A composição composições do líquido e do vapor nesta região podem
do vapor é v e a do líquido é L. O vapor é removido e ser identificadas na Figura 13.1 por L’’’ e v’’’. No prato
condensado, formando um destilado D que, por sua vez, seguinte, número 6, a temperatura é T6, ligeiramente
é aquecido até que determinada quantidade evapore. A superior à T7. Nesta região a composição do líquido e
composição do vapor é v’ e a do líquido é L’. O vapor é vapor pode ser representada por L’’ e v’’. Isto se repete
removido e condensado; obtemos um destilado D’ que por todos os pratos da coluna. O vapor sobe pelo
também é aquecido até que metade evapore. As equipamento e vai resfriando; devido a esse
composições do vapor (v’’) e do líquido (L’’) estão resfriamento o componente menos volátil condensa
indicadas no diagrama da Figura 13.1. Esse preferencialmente e, com isso, o vapor se torna cada vez
procedimento é repetido até a obtenção de um destilado mais rico no componente mais volátil enquanto sobe
quase puro do líquido mais volátil e um resíduo pela coluna.
constituído do líquido menos volátil quase puro.

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AULA 13
DESTILAÇÃO FRACIONADA

deve ser determinado experimentalmente com base no


número teórico.
Quando os componentes individuais têm pontos
de ebulição muito afastados, basta uma coluna com
poucos pratos teóricos para separar os componentes da
mistura. Por outro lado, se os pontos de ebulição são
muito próximos, é necessária uma coluna com grande
número de pratos teóricos.

OPERAÇÃO DA COLUNA DE
FRACIONAMENTO
Como dito anteriormente, uma coluna de
destilação fracionada é constituída por um recipiente
cilíndrico dentro do qual se encontram pratos internos
nos quais circulam vapor e líquido em contracorrente. As
Figura 13.2 - Coluna de fracionamento. DRS.
duas fases presentes em cada andar sofrem
A ascensão do vapor e a queda do líquido pelo transferência de massa e calor e assume-se que se
equipamento levam a uma redistribuição dos dois encontram em equilíbrio ao deixarem cada estágio.
componentes entre as duas fases, líquido e vapor, para A mistura a ser destilada é introduzida na coluna
estabelecer o equilíbrio em cada posição (temperatura) através ponto de alimentação (Figura 13.3). No seu
da coluna. Essa redistribuição deve ser rápida para que interior, a mistura descenderá até atingir a base da
exista, de fato, o equilíbrio em qualquer posição. A fim coluna onde será aquecida através de um refervedor.
de garantir o contato eficiente entre o líquido e o vapor, Este dispositivo é um trocador de calor que aquece a
a coluna de destilação pode apresentar diversas mistura até atingir sua temperatura de ebulição. Neste
variantes físicas, como recheios e pratos perfurados. ponto, a mistura emitirá vapores que se moverão em
É interessante notar que se certa parte da coluna sentido ascendente através da coluna, em
é mantida a uma temperatura particular, no equilíbrio, a contracorrente com a mistura da alimentação. Ao longo
composição do líquido e do vapor possuem valores do percurso na torre parte do vapor é condensado até
correspondentes àquela temperatura. Como o sistema atingir o topo. Nesta região ele é direcionado a um
encontra-se a pressão constante, consequentemente, condensador onde sofre liquefação.
fixando-se a temperatura em cada posição da coluna, Na base do equipamento, a mistura, isenta de
fixa-se também a composição do vapor e do líquido no componentes mais voláteis, deixa a coluna como
equilíbrio em cada ponto da destiladora. produto residual.
Na prática, o equilíbrio não se estabelece em Para otimizar a separação das frações desejadas,
cada estágio da coluna, pois em qualquer posição o realiza-se o retorno de parte do destilado na forma de
vapor tem composição em equilíbrio com o líquido de refluxo. Isto enriquece o topo da coluna com produtos
posição ligeiramente inferior. Se a distância entre estas mais voláteis, melhorando a pureza do produto
duas posições é H, diz-se que a altura H corresponde a destilado.
um prato teórico. O número de pratos teóricos da coluna
depende da sua geometria, do tipo de arranjo do
material de enchimento, da maneira pela qual é operada
a coluna, da pureza desejada do produto de interesse,
etc. Vale ressaltar que o número de pratos de operação

92
AULA 13
DESTILAÇÃO FRACIONADA

O que se faz na prática é adotar uma razão de


refluxo ótima, que é função dos custos de construção da
coluna e dos custos da manutenção e operação dela.

Figura 13.3 - Esquema de uma coluna de destilação fracionada.

Figura 13.4 - Razão de refluxo x nº de estágios teóricos.


Razão de refluxo
A razão de refluxo (RR) de uma destiladora é
razão entre a corrente de refluxo e a corrente de TIPOS DE TORRES DE DESTILAÇÃO
destilado que sai como produto da coluna (equação 01).
Este fator influencia diretamente o projeto do No interior da coluna há a necessidade de
equipamento. garantir o contato perfeito entre o líquido e o vapor.
Além disso, a altura da torre deve ser adequada ao tipo
𝑅𝑒𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 de separação desejada. Em algumas situações, a torre
𝑅𝑅 = (01) não pode apresentar grandes alturas devido as
𝐷𝑒𝑠𝑡𝑖𝑙𝑎𝑑𝑜
condições climáticas da região em que se encontra e ao
alto custo de construção e manutenção. O grau de
Como dito anteriormente, a corrente de refluxo separação desejado vai indicar a altura que a coluna deve
tem como objetivo enriquecer o topo da coluna com os apresentar.
elementos mais voláteis a fim de garantir a eficiência do Existem três tipos convencionais de torres de
processo. Dessa forma, quanto maior a razão de refluxo, destilação: colunas com pratos e borbulhadores, colunas
menor o número de estágios que a coluna deve com pratos perfurados e colunas com recheios. Todas
apresentar. O gráfico da Figura 13.4 mostra a relação funcionam com o mesmo princípio, ou seja, promover o
entre a razão de refluxo e número de estágios da coluna. contato de forma mais perfeita possível entre as fases
Em um primeiro momento pode parecer lógico líquida e vapor.
usar uma razão de refluxo muito alta para projetar a
coluna, já que isso diminuiria o número de pratos Colunas com pratos e borbulhadores
teóricos tornando mais barata a construção do
equipamento. Porém, quanto mais alta a razão de Colunas com pratos e borbulhadores, também
refluxo, mais do nosso destilado está voltando para a denominados bandejas, são as mais usuais na indústria.
coluna, ou seja, a nossa produção da corrente destilada Torres deste tipo apresentam pratos ou bandejas
rica nos componentes mais voláteis seria pequena. Logo, superpostas que variam em número e detalhes
essa alternativa é inviável.

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AULA 13
DESTILAÇÃO FRACIONADA

conforme a mistura que se deseja separar. Os pratos são Coluna com pratos perfurados
constituídos por borbulhadores, tubos de ascensão e Neste tipo de coluna os pratos com
tubos de retorno (Figura 13.5). borbulhadores são substituídos por pratos dotados de
perfurações, cujo diâmetro varia entre 0,8 e 3 mm. O
funcionamento é idêntico as colunas que funcionam com
pratos com borbulhadores (Figura 13.7).

Figure 13.5 - Coluna de bandejas.

Os borbulhadores são fixados sobre os tubos de


ascensão de vapor. O tubo de retorno tem como
Figure 13.7 - Coluna com pratos perfurados.
finalidade promover a volta, prato a prato, do excedente
de condensado. Dessa forma, há sobre cada bandeja um
Colunas de recheio
nível constante de líquido regulado pela altura do tubo
Nas colunas de recheio os pratos ou badejas são
de retorno, que deve corresponder ao nível do topo dos
substituídos por corpos sólidos com formato definido.
borbulhadores. Estes, por sua vez, são dispostos de tal
Estes corpos, denominados recheios, podem apresentar
forma que fiquem na mesma altura do início do tubo de
diversas formas como tipo Raching, Pall, Lessing, ou
retorno de líquido, a fim de que se tenha uma ligeira
ainda selas do tipo Berl, Intalox e outros (Figura 14.8). A
imersão na camada líquida. Os vapores devem circular
forma do recheio depende do tipo de mistura alimentada
em contracorrente com o líquido passando pelos tubos
na coluna, do grau de separação desejado, entre outros
de ascensão, borbulhando através das ranhuras dos
fatores.
borbulhadores a fim de aumentar o contato entre as
fases. A Figura 13.6 ilustra o líquido escorrendo através
do equipamento.

Figure 13.6 - Escoamento de líquido através dos prastos. Figure 13.8 - Recheios de colunas de destilação.

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AULA 13
DESTILAÇÃO FRACIONADA

Os recheios, além de serem molháveis e restabelece, vence a perda de carga no prato de forma
resistente à tensão e a altas temperaturas, devem brusca gerando pulsações no interior do sistema.
apresentar elevada resistência à corrosão, razão pela
qual são, geralmente, de cerâmica ou de aço inoxidável. Vazamento de líquido
Dependendo da temperatura do processo também É o fenômeno de passagem de líquido da
podem ser utilizados plásticos de alta resistência bandeja superior para a inferior através dos orifícios de
mecânica. Para que os recheios não sofram compactação transporte ascendente de passagem de vapor. Isto
devido ao peso que a estrutura possa apresentar eles são ocorre quando a vazão de vapor é baixa e a vazão de
fixados na coluna sobre suportes de sustentação. líquido é excessivamente alta.
As torres com recheios apresentam algumas
vantagens em relação às torres com pratos, tais como: Inundação (via downcomer)
A inundação ocorre quando o nível de líquido do
 O projeto da coluna torna-se economicamente mais tubo de retorno de um prato atinge o prato superior. Isto
competitivo devido ao baixo custo de construção. ocorre quando a vazão de líquido é muito alta e o tubo
 A maioria dos recheios apresenta reduzida perda de de retorno não consegue conter o fluido.
carga.
 Os recheios não estão sujeitos à formação de Inundação
espuma, as quais prejudicam a troca de massa e Esse tipo de inundação ocorre quando a vazão de
calor. vapor é muito elevada e a de líquido é muito baixa,
ocasionando o arraste de líquido para pratos superiores.

PROBELMAS QUE PODEM OCORRER EM


COLUNAS DE DESTILAÇÃO EXERCÍCIOS
1. Explique em que ocasião é utilizada a destilação
Arraste
fracionada exemplificando com um exemplo
O arraste é o transporte, efetuado pelo vapor, de
industrial.
gotículas de líquido do prato inferior para os pratos
superiores. A quantidade de líquido arrastado depende
2. Explique porque o gradiente de temperatura em
da velocidade do vapor ao longo da torre. Nessa ocasião,
uma coluna de destilação fracionada é decrescente
o líquido do prato inferior contamina o líquido do prato
da base ao topo?
superior com compostos pesados (menos voláteis),
prejudicando o fracionamento ao longo do
3. Por que durante a operação de uma coluna de
equipamento. O arraste pode ser provocado pelo
fracionamento deve-se fazer o refluxo de parte do
aumento da vazão volumétrica do vapor que ocorre
destilado?
devido a elevação da pressão em alguma região da
coluna. Devido a isto, as torres de destilação a vácuo são
4. Mostre através de um gráfico a relação entre a razão
construídas com um diâmetro muito maior que as torres
de refluxo e número de estágios de uma coluna de
de destilação atmosférica, pois como suas pressões são
destilação e explique o motivo sobre o qual esta
muito baixas, provocam vazões muitos elevadas.
relação está baseada.
Pulsação
Este fenômeno ocorre quando a vazão de vapor, 5. Qual a função dos borbulhadores em uma coluna
que ascende de um prato para o outro, não tem pressão com pratos e borbulhadores? Qual a diferença entre
suficiente para vencer continuamente a perda de carga a coluna com borbulhadores e a coluna com pratos
apresentada pelas bandejas. Com isso, o vapor cessa perfurados?
temporariamente sua passagem e, quando sua pressão

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AULA 13
DESTILAÇÃO FRACIONADA

6. Quais características gerais que um recheio deve


apresentar para ser viável sua utilização? Além disso,
indique as principais vantagens no emprego destas
estruturas no processo de destilação.

7. O que provoca o arraste em colunas de destilação?


Que medidas podem ser tomadas para evitar este
problema?

8. O aumento da razão de refluxo adotada na


destilação pode provocar a inundação do
equipamento? Além disso, explique porque o
vazamento de líquido através das bandejas prejudica
a eficiência de uma destiladora?

9. Esboce o esquema de uma coluna de destilação


fracionada indicando os pratos, o refervedor e o
condensador. Explique o que acontece em cada
prato com base na teoria de equilíbrio líquido-vapor
e, além disso, fale sobre a função dos trocadores de
calor citados.

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ANEXO
Propriedades da água saturada (líquido e vapor), entrada de temperaturas.

97
Propriedades da água saturada (líquido e vapor), entrada de temperaturas. (continuação)

98
Propriedades da água saturada (líquido e vapor), entrada de pressões.

99
Propriedades da água saturada (líquido e vapor), entrada de pressões. (continuação)

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