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Tradução Livre: Friederish Ratzel e a natureza (política) da Geografia. Friedrich


Ratzel and the nature of (political) geography

Research · March 2019


DOI: 10.13140/RG.2.2.35256.19203

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Eduardo Augusto Werneck Werneck Ribeiro


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense (IFC)
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Friederish Ratzel e a natureza (política) da Geografia.
Friedrich Ratzel and the nature of (political) geography 1

Franco Farinelli 2
farinell@dsc.unibo.it

Tradução livre:
Eduardo Augusto Werneck Ribeiro

Introdução:

É importante definir de inicio o que eu entendo neste trabalho por


“burguesia”. Este não é um termo ideológico, mas um termo histórico: burguês
é a tradução de bürgerlich ( do alemão) que – como os irmãos Grimn explicam
– significa “plebeu” mas também “civilizado”, em contraste a “nobreza e
aristocracia” (Grimm, 1860: 539). É na Alemanha que a contemporaneidade do
conhecimento geográfico originou no começo do século dezoito, com uma
razão política muito precisa – a destruição da “a verdade da velha corte”, que é
o absolutismo, a aristocracia e o Estado Feudal – em que os novos fatos foram
transformados em sinais e milagres (Habermas, 1971:29).
Por razões que se tornarão claras no final deste artigo, a história da
geografia esqueceu esta origem. Entretanto, entendo como o termo “político”,
neste momento impossível de descrever preciosamente este significado. Meu
argumento aqui irá de fato concentrar-se na mutação estrutural das funções
políticas da geografia, com referencia especial a Politische Geographie (1897)
de Ratzel. Enquanto este livro é comumente entendido como o começo da
geografia política (Douglas Jackson & Samuel, 1971:1; Matzenetter, 1977:7–8),
paradoxalmente também assina-la seu fim. De fato, na história do pensamento
geográfico, a Geografia de Ratzel representa uma alternativa para a geografia
estatal, que na metade do século dezenove, levantou-se das cinzas e
continuou a denominar esta disciplina até o fim da Segunda Guerra Mundial.

A natureza da geografia aristocrática e feudal e a razão do poder da


cartografia

Ironicamente atraídos pela limitação do pensamento comum opõem, a


“geografia burguesa” mostra desde o começo características que estão entre o
monstruoso e o prodígio, de acordo com outras produções mitológicas
(Reynaud, 1979). Isto nasceu controlado e com conhecimento, e por trás de
seu sua aparência inocente e sua forma infantil, esconde um terrível
conhecimento. Seu conceito esconde profundamente uma verdade porque
serve para cobrir suas reais intenções. A historiografia alemã apenas guarda a
data de seu nascimento cuja data de 1726, o ano que Polycarpus Leyser
publica em Helmstedt 3 seu “Comentário do método real da Geografia” em
Latim. De acordo com Emil Wisotzki (1897:197), este trabalho transformou a
Geografia em uma “disciplina completamente diferente” e, apesar de que o seu
conteúdo não era muito original, o estudo de Leyser persuadiu algo que

1
Artigo publicado em: Political Geography, nº. 19, 2000, p. 943-955.
2
Docente do Departamento de Comunicação da Universidade de Bolonha - Via Toffano, 2/2, 40125 Bologna, Itália.
3
N.T. – Cidade localizada no centro - norte da Alemanha.
naquele momento era meramente sugestivo e existia apenas na forma de um
embrião, por transformar isto em um franco protesto contra uma “representação
puramente política” da superfície da Terra.
Representação política significava (naquele momento) uma
representação que considerava – como Leyser escreve – os aspectos políticos
de um país, que é a distribuição do território e lugares dentro do interesse
político estatal (mas também nas fronteiras tênues) dos quais que tinham o
poder hegemônico. Pelo contraste, de acordo com Leyes, a “geografia
verdadeira” deve deixar estas preocupações para os burocratas, e lidar com “a
variação do ecúmeno (orbis habitatus) imposto e constituído pela própria
natureza”; tratará portanto com divisões naturais. A disciplina era por esta
razão também chamada “geografia natural” ou “geografia pura”, onde o “puro”
designa a rejeição da utilidade dos conhecimentos geográficos, uma recusa
para servir uma função política. É significativo que foi precisamente com o
rótulo de “geografia pura” que geografia burguesa surgiu pela primeira vez.
Aparentemente, esta era a geografia que por razões outras, que alegavam o
direito do conhecimento geográfico em ser neutro e usado a não ser pelos
geográficos.
Nós temos que ler a rápida resposta dos geógrafos estatais
(Staatsgeographen) para estas idéias para percebemos que é precisamente
esta alegação, aparentemente tão humilde, que representou a única forma
possível de crítica não na geografia, mas por meio da geografia. Entre as vozes
mais entusiastas neste debate era de Gustav Conrad Hering, conselheiro
imperial de guerra da Prússia e autor de “Considerações sobre a utilidade e a
necessidade da Geografia” publicada em Berlin em 1728. Ele reproduz a teoria
de Leyser de certa maneira. Mais adiante, ninguém empregou o critério correto
na classificação geográfica. Isto nem foi um dicionário propriamente – que é um
catálogo alfabético de lugares diferentes – tampouco baseado nas fronteiras
políticas de regiões diferentes (Länder), mas era uma perspectiva sobre a
situação natural, sobre os caminhos em que as regiões e lugares são situados
na relação com o mar, rios e “outras localidades não tocadas”. Por todo esse
tempo, divisões políticas e a nomenclatura (Benennungen) que fundamenta
desde o papel principal que eles representavam, afirma Hering, mas a tão
chamada geographia naturalis não seguiu esta regra nunca mais. Para Hering,
sobre o país, a nomenclatura dos espaços deve lembrar estritamente ligada
com as divisões políticas e os critérios nos livros de geografia devem refletir
esta hierarquia de poder: “primeiro deve vir a melhores partes da política
espacial seguida pelas menores” (Hering, 1728:14–15, 20, 21, 47–48, 27).
Como pode ser notado, o tema do discurso sobre o método geográfico
está conectado através da questão da sua instrumentalidade para a relação
entre conhecimento e poder. Para chamar esta relação em questão outra vez,
como Leyer fez, significa rejeitar a existência do poder, começando com sua
primordial expressão, as forças maiores decidem o que tem nome ou que não
tem, efetivamente decidem o que existe e o que não existe. A geografia
aristocrática feudal implicitamente e completamente deu esta função para o
mapa. Como poderíamos chamar, questiona Eberhard David Hauber, autor em
1727 do livro “O Útil discurso sobre o presente estado da Geografia”, o espaço
natural que Leyser estava discutindo? “Pegue seus mapas”, disse Hauber e “dê
uma olhada: Que tipo de nome você pode achar?”. De acordo com Hauber, a
geografia natural não poderia oferecer uma resposta, porque o único espaço é
politicamente dividido poder ter um nome – nome do Estado e seu organismo.
Portanto, Hauber conclui, a divisão política deve remontar a fundação da
Geografia, e isto é desde então o que tudo deve iniciar, não da mesma forma
porque a maioria dos leitores são mais inclinados em direção a este tipo de
geografia. Se isso foi diferentemente, continua o autor, apenas imagine o “caos
que resultaria de uma inversão de ordem!” (Hauber, 1727:71).
Como esta referência para os leitores mostra, esta perspectiva da
desordem é para ser entendida literalmente. A crítica da ordem no discurso
geográfico é de fato equivalente à crítica da ordem social existente, como os
ultrapassados geógrafos estatais ficaram bem alertados. O esforço de Leyser
em ir contra geografia política natural é uma tentativa de trancedenter a
situação política existente. Entretanto, teorizando um tipo de conhecimento que
não serve uma função política, serve para libertá-la da realidade política
contingente, por sua vez apenas servindo para subordinar ela para outro tipo
de política fundada sobre outro tipo de denominação. Apenas em nome de uma
ficcional pureza pode a “Geografia Natural” criticar a Geografia estatal, que é
uma forma de conhecimento que foi imediatamente instrumento para os
interesses do poder da aristocracia feudal. Esta polarização entre a “Geografia
Natural” e a Geografia estatal reflete a polarização no século dezoito ente a
moralidade e a política. Como Reinhardt Koselleck (1976:118–119) lembrou, a
critica política burguesa não estava baseada simplesmente sobre os assuntos
morais, mas embora existisse a separação entre a moral e um campo político.
Nesta perspectiva, a separação dentro do conhecimento geográfico em dois
campos, um natural e outro político, é historicamente ambos uma premissa e
uma conseqüência de uma critica política que vem da geografia. Como
julgamento moral, julgamento geográfico e mais geral julgamento cientifico,
funções como uma crítica das políticas, não simplesmente porque isso julga
políticas, mas principalmente porque isso é um julgamento subjetivo que fica
fora do terreno da política. Ambos os julgamentos moral e o cientifico
geográfico conformam a estratégia do Weltbürgerplan, que é do plano da
burguesia de dominação do mundo. Este plano foi baseado no que Koselleck
(1976:194) chama de uma “colaboração indireta“ – uma separação, primeiro,
do Estado absolutista no Estado do desenvolvimento da “sociedade civil”, e
segundo, da ocupação do Estado no caminho que aparentemente apolítico
precisamente por causa desta separação.
A guerra civil entre os “geógrafos estatais” e os “geógrafos puros”
atrasou todo um século. Os antigos estavam seguros em considerar o espaço
como produção política; os posteriores tentaram individualizar e classificar
sistematicamente espaços naturais. No livreto de Hering and Hauber, as
palavras Land 4 (região) e Staat 5 (Estado) são sinônimas; elas são duas
palavras diferentes, no entanto, elas não significam diferentes coisas. Do
contrário – e isto é apenas um dos típicos exemplos - Johann Christian Gatterer
em seu “Manual de Geografia” publicado em Gottingen em 1775 antecipou o
desenvolvimento da Länderkunde (que é Geografia Regional) como algo
diferente do Staatenkunde (que é a Geografia política). Mas a Länderkunde era
de pequena importância apesar da tentativa em descrever as fronteiras
políticas como linhas naturais. Em outras palavras a região para Gatterer foi de
pequena importância, mas Estados para os quais o autor deu nomes naturais:

4
N.T. - do alemão
5
N.T. - do alemão
por exemplo: ele definiu a região da Espanha e Portugal como a “Península
dos Pirineus”. Isso foi um método que não teve conseqüências. A limitação do
estudo de Gatterer era contido em suas próprias premissas, porque era
impossível descrever a península sem separa-la outra vez em dois difertentes
Estados (Gatterer, 1775:5, 187; Wisotzki, 1897:202). Em última instância
também para Gatterer, a Geografia regional praticamente não poderia ser
diferenciada de uma simples descrição política.
Em um período de transição de uma visão de mudo feudal (Weltbild)
para uma visão burguesa, este exemplo é apenas uma iminência da impotência
do geógrafo em prever – sem mencionar em termos contraditórios e oscilantes
– a destruição dos estreitos limites espaciais de um Estado absoluto que a
Alemanha inventou na queda da organização da opinião pública germânica.
Isto também é uma demonstração da impossibilidade da imposição da visão
burguesa do mundo ao menos isso era dentro de uma ampla e mais complexa
Weltanschauung, uma complexa e elaborada teoria de conhecimento. De
acordo com Habermas, o mundo das imagens é sempre ideológico porque eles
legitimam o poder. Ele tem uma missão paradoxal de justificar um principio de
normas sociais sem permitir um discurso espontâneo que inauguraria a falsa
pretensão da existência de instituições. As representações de um mundo que
legitima o poder dão uma justificação aparentemente objetiva para estas
normas que não podem ser justificadas na relação com as normas sociais em
geral. Portanto, estas normas, com o objetivo de ser estabelecidas, precisam
de uma aparente justificação e legitimação (Habermas, 1973:174). E o que
Habermas diz sobre representação do mundo em linhas gerais é, acima de
tudo, verdade para os mapas.

A tentativa do Erdkunde: uma nova sociedade para um novo Estado

Johann Gottfried Lüdde, o primeiro historiador da metodologia da


geografia burguesa, nos dispôs a mais apta definição de Erdkund: um discurso
científico “tão complicado para ser re-absorvido em uma simples escrita”, que
está em um mapa (Lüdde,1849, p. XI). Esta definição inaugura as secretas
intenções da geografia “pura”: escapar, através de praticas discursivas de uma
“república de iniciantes”, o controle do conhecimento geográfico imposto pelos
geógrafos estatais. A descrente opinião de Hering (1728:15–16) sobre a teoria
de Leyser foi devastadora:

Eu gostaria (portanto) de alguém explicar para mim como uma pessoa pode
construir uma geografia para “a Geografia” ou uma geografia que serve a um
propósito histórico ou para qualquer um outro, sem usar a participação política.
Para isto, esta pessoa precisaria de mapas regionais alternativos, porque os
mapas atuais são baseados em tais participações. Eu ainda não posso
compreender como o autor pode rejeitar a divisão política e, ao mesmo tempo,
pensar que os mapas regionais que foram usados até hoje são validos.

No começo do século dezoito, a separação do Estado e da sociedade na


Alemanha era, como oposto no Reino Unido e na França, apenas no seu
estágio inicial, todavia era examinado minuciosamente o compromisso
napoleônico entre o Estado e a sociedade civil na Alemanha. No Allgemeine
Landrecht , o código civil promulgado em 1794, reflete a idéia de um Estado
inspirado em uma monarquia, foi de mãos dadas com a emancipação e o
conservadorismo (Conze, 1958:2, 6, 8). Na primeira metade do século
dezenove, em Prússia entre a reforma e revolução, para citar o título do maior
trabalho de Koselleck, o primeiro sinal da institucionalização da expressão de
sociedade através do Estado que estava começando aparecer.
Um exemplo de tal institucionalização é o ensino da geografia burguesa
na Universidade e na Academia Militar de Berlin em 1820 por Carl Ritter. Em
seus comentários para a primeira edição de Politische Geographie, Ratzel
(1923, p. III) enfatiza a importância do trabalho de Ritter para o
desenvolvimento do “caráter político da Geografia”. Esta lembrança foi muito
sinalizada porque durante os quarentas anos que passaram desde a morte de
Ritter para a sistematização do conhecimento geográfico por Ratzel, a
contribuição de Ritter foi totalmente esquecida. Nesta releitura, é significante
uma recente tradução francesa dos trabalhos teóricos de Ritter. No começo da
tradução é a introdução do primeiro volume, escrito em 1817, do enorme
Erdkunde (Geografia). Aqui, Ritter indicou a quem ele está endereçando,
nominalmente “der sittliche Mensch”, que é literalmente “a moral do homem”.
Mas na tradução francesa que é dada de certa forma por uma expressão geral
de “cada homem que se comporta para um tipo de código de comportamento”
(Ritter, 1974:41) com o resultado que a especificidade histórica e político da
expressão original de Ritter estão perdidos.
Pegando a inspiração desde Koselleck, nós já notamos a importante
função da moralidade nos argumentos burgueses para o poder, argumentos
que remetem sobre a separação e autonomia da moralidade da espera política.
Ritter foi o primeiro geógrafo em descrever a Terra na imagem e similaridade
da moral humana, que é do homem social, definido como um membro da
sociedade historicamente determinado pertencente a esfera pública burguesa,
o tema de uma nova lei privada e o agente de uma economia de mercado em
franca expansão. Em outras palavras, ele é um “solitário”. A Terra, de acordo
com Ritter, é uma grande e autônoma individualidade planetária e a natureza
da divisão da terra, começando com os continentes, foram descritos como
individualidades menores. A razão de compor uma “geografia geral
comparativa” estava acima de tudo “para individualizar precisamente
(Individualisierung) objetos naturias” com o objetivo de estabelecer “tipos
fundamentais de formação” que constituem o “espaço preenchido com coisas
terrenas, e suas recíprocas relações através da determinação de todas as
formas autônomas e específicas”. Isto foi porque a terra “independentemente
do homem, sem o homem e antes do homem é o teatro dos eventos naturais”.
Por ultimo, a proposta de Ritter era em compreender “completamente a história
do homem e das pessoas desde o ponto de vista de toda sua atividade que
tinha até este momento observado”. Para colocar isto de outra forma, Ritter
deveria entender a “Terra na sua relação essencial com a humanidade”. Tudo
isto é feito com uma intenção antecipada: “prever a evolução necessária das
condutas de certo povo começando desde inicio dos tempos”, uma conduta
que poderia ser seguido por aqueles com objetivos em obter prosperidade,
“que um destino eterno e justo confere sobre aqueles que têm fé” (Ritter, 1852:
6, 8, 10, 20, 23, 70–73; Daniel, 1862:16–17, 32).
Neste momento, nós não estamos tão longes da simplicidade do
discurso sobre Geografia, mas sobre Herder e a romântica versão da história
da filosofia, como Ratzel já apontou primeiramente (Ratzel, 1882:24; Lehmann,
1883). De acordo com Koselleck, aqui se localiza a forma através do qual a
moral burguesa transcende a divisão entre a instância da moral e do poder.
Esta visão esconde o diagnostico que acontece da “pretensão da domínio do
Estado sobre uma força, e uma sociedade sobre outra”, efetivamente coincide
com a política e a revolução social (Koselleck, 1976:74–175, 180). Realmente,
este tipo de conhecimento não está tão longe de ser chamado de Geografia,
mas de Erdkunde, que é o “conhecimento da Terra”. Como Ritter acostumava
dizer em suas palestras, isto não era simplesmente um elementar e puro
conhecimento”(Kenntniss), mas uma penetrante re-cognição (Erkenntniss) do
espaço da Terra” (Daniel, 1862, p. 18).
A realização que o conhecimento objetivo – melhor, uma tentativa do
conhecimento obejtivo – é nada mais do que um reconhecimento da
objetividade de uma gama de valores subjetivos que dão importância cientifica
para o Erdkunde. A legitimação da aristocracia e a geografia feudal consistiram
em ser diretamente funcional para um regime particular de política de poder.
Neste sentido não havia diretamente, falando diretamente, nenhuma
necessidade para legitimação na visão burguesa de mundo. Ao contrário, o
conhecimento burguês que era a expressão de uma luta contra o Estado não
poderia ser legitimada pela existência do poder, como isso não poderia ser
declarado abertamente, isto tinha uma função política. Por esta razão isso teve
que fixar regras, objetivos e procedimentos cuja a natureza não era política e
sim cientifica. A legitimação política foi depois substituída por uma legitimação
epsitemologica que era, entretanto, uma forma clandestina em que a sociedade
se expressava sua impotência enquanto isso não estava arbitrado
politicamente ainda.
A “tentativa” de Ritter, o geógrafo que junto com von Humboltd melhor
representa este momento histórico, foi fundado precisamente e
fundamentalmente sobre os esforços em estabelecer a relação entre uma
antiga forma de conhecimento e com a nova, entre ideologia (um indispensável
estágio no processo em direção ao conhecimento) e ciência. Por ultimo, é sem
importância, mas o ato de ir alem da ideologia, a concepção da idéia que um
idealmente deveria habitar. Esta é uma concepção subjetiva, historicamente
maleável, e, entretanto para Ritter, o Erdkunde significa apenas “o
conhecimento individual que nós adquirimos da Terra até aquele momento”
(Daniel,1862:17). Vários geógrafos contemporâneos (sem ter a verdadeira
noção) são seguidores de Ritter, quando eles dizem, por exemplo, que a
“objetividade científica tem que ir através do reconhecimento de suas
características subjetivas e pontos de vistas” e que isso é apenas pela
escolhas da transparência...“as declarações preliminares de algumas
ideologias” que alguém pode convencer intuitivamente “sem importância, mas
declarações honestas”. (Racine, 1981: 88–89).
As características destas hipóteses pré-científicas ou teses, cuja
formulação nos permite transformar a multiplicidade dos fatos empíricos em
unidade (Ritter, 1852: 26), revelam os limites políticos das idéias de Ritter.
Estas são os mesmos limites que Carl Schmitt apontou como “romantismo
político”, que consistiu em uma retirada da esfera em que o conflito ganha lugar
– que é a política – em direção o que consideravam uma esfera superior – que
é a religião. E no caso de Ritter, também, finalmente com uma “atitude
decididamente governamental” (Schmitt, 1981: 239). Mas a Prússia de Friedrich
Wilhelm III era um país no qual, na universidade como também na Academia
Militar, o geógrafo tinha “a tarefa de criticar o pensamento geográfico existente”
(Kramer, 1875, p. 375).
Para Alexander von Humboldt, também, o Erdkunde era uma teoria da
Terra (von Humboldt, 1793: 9); “ele argumenta que nós acreditamos fortemente
em receber do mundo exterior o que nós mesmo colocamos sobre ele” (von
Humboldt, 1845: 8). Em contraste ao pensamento de Ritter, a relação de
Humbolt com as instituições era mais articulada e dialética, ao ponto que isso
quase cria uma rivalidade. Na contradição com Ritter, sua teoria era
fundamentada em uma admissão aberta dos projetos políticos que o
sustentava. Um republicano na corte do rei, von Humboldt “nunca foi de
abandonar a essência ética da Revolução Francesa e subsequentemente
comportava-se de acordo até sua morte” (Beck, 1961:188). Se Georg Foster, o
jacobino de Mainz 6 que trouxe von Humboldt para Paris em 1790, foi talvez a
primeira pessoa em introduzir na Alemanha a idéia moderna de opinião pública
com o significado de “reflexões públicas e comuns sobre a fundação da ordem
social” (Habermas, 1971:119,125), era o papel de von Humboldt em empregar
ciência para estabelecer em seu próprio país uma relação mais sólida entre a
esfera da literatura publica e da esfera política.
Já no final de 1827, von Humboltd leu em Berlim a primeira parte de seu
“Leituras sob o Kosmos” (Kosmosvorlesungen). Crônicas de seu período em
que comentou sobre o tipo do público, importantes mulheres da sociedade,
artesão, príncipes, mestres de obras e carpinteiros (Beck, 1961: 91–92) que
juntos constituem a sociedade civil o qual von Humboldt apelava. Isso era
atestava que o Kosmosvorlesungen introduziu na Alemanha uma nova
“imagem do universo das ciências naturais” e marcou o começo da substituição
da religião e da filosofia para a claridade da ciência (Linden, 1940: 7). A
intenção de von Humboltd era chacoalhar a burguesia alemã de sua
contemplativa atitude, e para usar a frase de Franz Mehring (1957: 164–8),
para tirar do “domínio da aparência estética” para construir um conhecimento
que permitiu a dominação da Terra, em um curto espaço de tempo para
compreender a idéia de Weltbürgerplan. No começo do Kosmos , o trabalho
que, na metade do século dezenove, convenceu a burguesia européia e a
americana em estudar ciências naturais, Humboldt declara que a razão
principal de seu “diálogos com a Natureza” foi corrigir alguns dos erros que
originou de “uma simplista e imperfeito empericismo típico da classe social
mais alta (in den höheren Volksklassen)”, que várias vezes tem “uma boa
educação literária” (von Humboldt, 1845:18). Este tipo de educação inspirou a
prosa Humboldt em seus estudos populares. Como nós poderíamos explicar de
outra forma, o uso estratégico que ele faz da concepção de paisagem que
começou com von Humboldt que tornou-se um das concepções mais
populares na Geografia? O problema de von Humboldt era transformar o
conhecimento em pintura, novelas e poemas, típicos da cultura burguesa em
ciência natural. O meio que ele astutamente empregou para este propósito foi a
concepção de paisagem, com sua carga de ambigüidade. Pela primeira vez,
nos trabalhos de Humboldt, a concepção de paisagem trocou com o domínio
do estético para o domínio cientifico, do artístico e a literatura poética para
disciplina geográfica. Deste ponto de vista da história do conhecimento, a
paisagem adquire uma original e revolucionária definição. No mesmo sentido, a
6
N.T.- Mainz (em latim Moguntiacum, tem o nome aportuguesado de Mogúncia; em francês Mayence) é a capital do Estado
federal alemão de Renânia-Palatinado. Mainz situa-se na margem esquerda do rio Reno, frente à confluência com o rio Main.
opinião que nasceu do conhecimento estético é transformada em uma crítica
política – um caminho para estabelecer um paralelo entre os últimos e a ciência
geográfica (Farinelli, 1992: 201–210; 1998).
Contudo, quando finalmente os movimentos revolucionários expandiram
sobre a Alemanha, von Humboldt foi forçado a ficar em silêncio. Em 21 de
março de 1848, von Humboldt era o único entre os membros da corte que,
conduziu a calma da população que tinha se juntado em frente a castelo real
para comemorar por aqueles que tinham morrido a poucas horas antes nas
barricadas de Berlim. Este não era apenas um silêncio diplomático, como
Hanno Beck pensa (Beck, 1961:195–196). A revolta de Berlim marcou o clímax
da pressão da sociedade prussiana sobre o Estado e a sangrenta repressão
que seguia constituía o fim deste momento revolucionário. O que um iniciante
como von Humboltd diria contra a imediata e direta linguagem do poder; ele
que era um estrategista da opinião pública e que tinha escolhido as palavras
como sua linguagem e razão como suas armas?
Neste silencio inicial foi seguido pelo reconhecimento de uma completa
diferença, quase oposta de fato, realidade na relação com prognóstico antigo.
Como von Humboldt acostumava repetir durante seus últimos dias, “1848 foi o
ano da revolução, mas 1849 foi o ano da reação”( Beck,1961: 201). É sobre o
movimento da onda reacionária que em 1850, Estado e sociedade alcançaram
o compromisso através do qual a nova burguesia move inteira em uma
situação de co-administração política (Mitbestimmung) (Conze, 1958: 34). Mas
o novo Estado estava, por eles, pronto para extinguir todas as velhas tensões
burguesas e tornar-se – entre outras coisas – apenas um discreto objeto de
uma nova Geografia (política), que é uma Geografia neste momento
despreocupada de sua real função política.

A Geografia do Estado versus geógrafos estatais: A crise de Ratzel

É verdade que, como Claude Raffestin (1981:25 - 35,51) argumenta que


a coincidência da Geografia política e a Geografia do Estado representam o
passo final do processo de institucionalização do conhecimento geográfico?
A questão é complexa e, mesmo antes tentando responder, devemos
considerar a explanação histórica para a crítica de Ratzel por Karl Wittofogel no
final dos anos de 1920, a questão que os geógrafos falharam em confrontar
nos últimos setenta anos. “O Estado, para Ratzel, é nada menos do que a
sociedade organizada” escreveu Wittfogel (1929: 27). Raffestin criticou
exatamente este tipo de equivalência, mas nós devemos notar que a
equivalência da sociedade e Estado não foi inventada por Ratzel e não
pertencia exclusivamente para a Zeitgeist. Nós já vimos que a confluência da
sociedade e do Estado ocorre na Alemanha no final da primeira metade do
século dezenove. Nos vintes anos seguintes, com o nascimento do Reich, isso
alcançaria sua mais alta popularidade. Coincidente com a mutação estrutural
da sociedade e em particular com a mudança “de uma crítica culturalmente
política para o público que consume cultura” (Habermas, 1971:192–209) foi o
fato que a Geografia perdeu todas as suas funções críticas. Mas eu devo
rapidamente reforçar que o Politische Geographie de Ratzel não era o
resultado deste processo. Do contrário, o trágico paradoxo de Ratzel consistiu-
se do esforço em conceber criticamente uma forma geográfica de
conhecimento como um conhecimento na qual a critica era ainda possível; em
outras palavras, ele tentou manter a salvo a pesquisa individual científica pelo
conhecimento apesar do desaparecimento dos direitos historicamente
conectados com os valores da sociedade. Ele tentou, de fato, reconciliar o
conhecimento do sujeito com a total subordinação do conhecimento para o
interesse do Estado. Ratzel foi o último indivíduo na Geografia que queria servir
para ambos: sociedade e Estado, e ele estava, todavia em uma crise individual.
Sua origem social desfavorecida configurou sua instância critica que era
rejeitada pelo Estado. O trabalho de Johannes Steinmetzler (1956) ilustra bem
o que Ratzel emprestou de Herder e Ritter além do evolucionismo e da tradição
positivista. Ratzel era o último representante do Erdkunde porque ele era o
primeiro em perceber que isto é impossível em mudar sua função política sem
destruí-la completamente.
Para Ratzel – como para Ritter e von Humboldt e outros “geógrafos
puros” como também seus oponentes – não pode existir a forma do
conhecimento geográfico se isto falta-lhe uma função política. A diferença entre
Ratzel e seus precursores é que pela primeira vez Ratzel não usa a geografia
burguesa para criticar o Estado. Ao contrário, o Estado, que ele vê como “a
maior realização do homem na terra” é o “clímax de todo fenômeno conectado
na expansão da vida” (Ratzel, 1923: 2). Nesta maneira, o Estado tem a
possessão da Geografia e torna-se seu objeto supremo. Ratzel desta forma
transforma o relacionamento entre a ciência e a força do Estado em articulação
por meio da Geografia burguesa alemã na primeira metade do século
dezenove. Ao passo que, de acordo com o autor, a tentativa de construir uma
geografia científica foi de mãos dadas com uma crítica da existência do Estado.
Ratzel tenta legitimar em bases cientificas a existência do Estado. Ratzel não
procurou negar a função política do conhecimento geográfico, do contrario, ele
tentou adaptar esta função para as novas necessidades da organização da
burguesia que coincidiu em mediar com aqueles do Estado. Mas Ratzel, o
primeiro geógrafo em ordenar e subdividir o conhecimento geográfico em
diferentes subdisciplinas foi cauteloso em não limitar a Geografia para a
Geografia do Estado, e a Geografia do Estado em Politische Geographie.
Anthropogeographie pode ser explicada, segundo Ratzel, apenas como um
estágio preliminar dentro de uma tarefa urgente, a fundação de uma “ciência da
Geografia política”, a forma do conhecimento geográfico que é compreendido
para ser “a menor ciência, mas também a mais velha ramificação da Geografia”
(Ratzel, 1891:8). Toda a Geografia tornou-se, para Ratzel, a Geografia do
Estado e a Politische Geographie é nada, mas seu apogeu.
O que dispõe a Geografia do Estado desde que se tornou uma
Geografia Estatal? O que distingue os dois é realização que todas as relações
no mundo têm uma política natural, e, todavia, todo o conhecimento também
tem uma matriz política. Aquelas que, em referência a Ratzel, separam o que
não pode ser separado, aquelas que, em outras palavras, leram a
Anthropogeographie como alguma coisa diferente de Politische Geographie
(Vidal de la Blache, por exemplo) revela como é fácil reduzi-la a Geografia do
Estado para a Geografia estatal. “O lado político” da realidade, Ratzel escreveu
no começo do século dezenove, “não admite confusão com o que é
generalmente humano (allgemein menschlichen)” (Ratzel, 1906a: 237). Poucos
anos antes, Vidal de la Blache (1898:98) escreveu com respeito ao Politische
Geographie de Ratzel que:
Geografia Política representa aproximadamente um desenvolvimento espacial da
Geografia Humana. Ratzel busca entender a matriz neste sentido. Na aplicação da
Geografia para o homem, nós sempre lidamos com o homem dentro da sociedade ou em
grupos, assim alguém pode dar legitimidade para o termo de Geografia política, uma
ampla visão do significado que estende também para a Geografia Humana.

Mas dentro deste sentido, exatamente contrário o que Ratzel disse,


alguém reduz a Geografia do Estado para uma Geografia Humana genérica,
sob a pretensão que, em cada caso, Ratzel focalizasse sobre as associações
humanas. De acordo com Vidal, isso é como se para Ratzel o problema desta
incorreta substituição da questão do objeto e não da função da Geografia, este
é o seu sentido! É apenas por causa desta incorreta substituição da questão do
objeto com o que da função – ou sentido – que a Geografia Humana pode
remover desde a sua consciência, a política e a rígida lógica estatal que a
marca desde o começo. Isto tornou dentro deste sentido ideológico – não no
entendimento Ritteriano – mas na concepção contemporânea do termo, como
um tipo de conhecimento que esconde sua própria natureza e seu verdadeiro
significado.
A interpretação de Vidal era o inicio da posição de todo Geografia
“clássica” francesa (Claval, 1972: 67–97). Mas silenciosamente, esta posição já
imposta por ela mesma na Alemanha contra as idéias de Ratzel. “O mapa
topográfico é um instrumento de precisão, e um documento exato que regula
todas as falsas noções”, afirma Vidal em 1904 (pág.120). Mas em 1883 (pág.9)
na indicação de “Métodos e proposições da Geografia”, Ferdinand von
Richthofen já considerava o mapa regional como “a imagem concreta da terra”
e como “uma base para a pesquisa geográfica muito mais significante do que a
fotografia de uma anotação de uma rocha para a pesquisa arqueológica.” Em
1876 em seu “Novos problemas em comparação de Erdkunde”, Oskar Peschel
anunciou “um novo procedimento” para a “definição” de Geografia: “A pesquisa
da similaridade na natureza como eles são representados pelos cartógrafos”
(Peschel, 1876: 3–5). Em uma ocasião mais tarde, Otto Schlüter (1906)
construiu a moderna cultura da Geografia, a Geographie des Menschen (o
equivalente de uma “géographie humaine”) exatamente sobre o modelo de
geomorfológico de Peschel. Neste sentido, isto é possível reconhecer uma
identificação entre a “homologia geográfica” (Lautensach, 1934: 222) e o que
nós podemos chamar a “carto-topográfico” (Farinelli, 1981, pp. 12–22).
É o mapa topográfico qualquer, todavia uma imagem que o Estado produz
e através que isso o promoveu, ou como Raffestin (1981:150) diz: a imagem de
seu próprio espetáculo? Ou, em outras palavras, o lugar da transformação das
produções históricas e sociais em concepções físicas (Farinelli, 1976:626–
654)? É apenas Ratzel, o defensor da Geografia do Estado, que critica este
retorno dos geógrafos para uma prática no qual o conhecimento geográfico era
um protocolo da cartografia estatal e que a Geografia burguesa lutou por mais
de um século. A única diferença era que na época de Ratzel o Estado não era
aristocrático-feudal a pouco tempo mas era o Estado aristocrático-burguês. De
acordo com Ratzel, a introdução da imagem cartográfica, na sua forma
topográfica especifica, como uma imagem que influencia o conhecimento
geográfico data para o período entre 1860 e 1870, antes apenas da
constituição do novo império alemão.
Neste respeito, Ratzel lamenta “que a cartografia alemã permaneceu
decididamente no alto, mas onde estava a ciência?” (Ratzel, 1906b, p. 439).
Depois Ritter, nenhum geógrafo no século dezenove avisou-nos tão claramente
como Ratzel fez contra a inadequação da expressão cartográfica, contra os
perigos do reducionismo da Geografia para a Cartografia. Também para Ratzel
– como antes para von Humboldt, Ritter e os “geógrafos puros” – o discurso
veio antes da escrita cartográfica e suas próprias imposições para isso, porque
para saber significa estabelecer relações entre os objetos, começando desde a
hipótese que vem antes de todo mapa e que nenhum mapa pode representar.
A posição do lugar, pela instancia, implica, de acordo com Ratzel, “a
concepção da relação e da conexão”, mas o mapa pode em nenhuma vez
“revelar a conexão entre as coisas” porque a conexão é um processo mental e
isso pode apenas ser “espiritualmente (geistig) convencido e entendido”
(Ratzel, 1901, pp. 938, 935). Em sua ultima análise, Ratzel, em contraste com
os geógrafos estatais contemporâneos – aqueles que conscientemente
aceitaram a silienciosa imagem topográfica determinada pelo Estado como
única base cientifica para pesquisa – continuou a interrogar o problema do
conhecimento, que é o problema do relacionamento entre a visão do mundo
(ou ideologia) da ciência.
Ratzel era engajado com o problema da ideologia e da ciência por toda a
sua vida e especialmente durante seus últimos anos. Hans Helmet (1906: pg.
XIII) foi o primeiro a noticiar o erro daqueles que pensavam que Ratzel em seus
últimos trabalhos “desde a claridade de seus trabalhos iniciais afundaram em
uma confusão mistica”. Entretanto, Helmolt não demonstra uma explanação
suficiente de porque os últimos trabalhos de Ratzel, aparenta o teologico Ritter,
quando ele escreveu que uma “visão do mundo (Weltanschauung)” que aponta
corresponder para a verdade “não pode meramente ser fundamentanda sobre
a ciência, mas deve também estar fundamentada na fé (Glauben)” (Ratzel,
1906c, p. 297). Ou porque, para os últimos trabalhos de Ratzel, e tambem para
Ritter e von Humboltd, a ciência tornou-se “re-congnição (Er-kenntniss) (Ratzel,
1906d, p. 318). Ratzel, no momento em que ele completou o Erdkunde,
percebeu que no processo de escrita do livro, ele tinha sacrificado o problema
do conhecimento, que, no segunda parte do século dezenove, fez a Geografia
uma crítica e desafiadora disciplina. A “confusão” de Ratzel não importava,
mas um tipo desesperado de resposta para estas questões, como ele mesmo
confessou, quando Ratzel falou metaforicamente sobre “o oceano cinza da
ignorância” no qual “ em qualquer lugar ao nosso entorno da incompreensível
defesa de nossa existência ou conhecimento” (Ratzel, 1906c, p. 318). Über
Naturschilderung (Sobre a interpretação da natureza), que pode ser
considerado o ultimo testamento cientifico de Ratzel, a ultima ação da
Geografia estatal, dramaticamente mostra a impossibilidade do autor em achar
outra vez o caminho interrompido de Erdkunde. Em Naturschilderung, o
conhecimento é retomado na sua integridade para a filosofia da natureza, e a
ciência é trazida de volta para o estado da arte. Ainda, isto não acontece
somente por causa de um uma parte do misticismo, mas porque a morfologia
idealista de Goethe é para os últimos momentos de Ratzel a única
possibilidade de modelo epistemológico (Ratzel, 1904, pp. 47–49, 94). Nenhum
dos geógrafos estatais de seu tempo (quase todos geógrafos alemães)
estavam habilitados em entender o significado do ultimo trabalho de Ratzel, no
qual deveria ser interpretado como um extremo esforço para reintroduzir, na
forma de uma esperançosa justificativa dos direitos do conhecer o objeto, a
reflexão geográfica, que é a legitimação do conhecimento geográfico. Este
dilema ainda permanece no calor de que hoje nós chamamos (por causa de
Ratzel e desgosto de Ratzel) Geografia política; ainda há um crise, uma crise
de Ratzel. Mas esta crise ainda nos pertence.

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