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(Necessárias)
Essa fanfic não será uma leitura de fácil compreensão, portanto farei
algumas considerações iniciais necessárias para que se situem no contexto a
qual passa:
• Reino Franco/ou França (nesta versão a França é uma unidade inteira, não
dividida em outros reinos, e sim como uma nação sólida. Há duques,
condes, mas somente um rei).
- Fiz muitas pesquisas para escrever essa história, no entanto ainda há partes
que vêem da minha própria imaginação. Em caso de dúvidas, não hesite em
perguntar!
• Aviso. Vocês irão odiar o Harry no começo, igual todos os outros da fic
odeiam. Essa é a intenção.
Mas Louis irá fazê-los justamente enxerga-lo pelo outro lado da moeda. •
Louis não se sentia intimidado. Ele vivia sóbrio, austero e possuía nobreza
não apenas no sangue como no coração. No entanto, todos alertavam sobre
o maior empecilho desta prova de harmonia e equilíbrio...
Não era uma pessoa que absorvesse respostas rasas. Nem que admitisse
algo morno.
Para ele, frio ou quente.
Muito ou nada.
Talvez fosse sua personalidade forte e determinada que o fizera 'o promissor
futuro de Riverland'.
Tomlinson sempre fora a criança que corria primeiro para os braços da mãe
Johanna com uma flor recém-colhida de algum canteiro, entregando-a
contente pelo ato, enquanto seus irmãos continuavam a brincar de pular
pelo pátio do palácio.
Além de também ter tido destaque na área acadêmica, com seu
deslumbramento insaciável pela erudição, ganhou uma biblioteca no castelo
só para ele como presente de seu décimo quarto aniversário.
Louis era possuidor de uma beleza natural e única. E certamente isso seria
um valioso tributo futuro, quando fosse a hora de desposar com um príncipe
ou princesa.
Sua mãe o questionara em certo anoitecer, após uma grande festa ter
acontecido no palácio a qual seu pai o obrigou a ter a primeira experiência
como anfitrião.
.....
- Espero um dia encontrar uma pretendente que se faça uma rainha como a
senhora. - afirmou emocionado, impedindo que aquela saudade premeditada
de passar três meses distantes de seu reino e família afogassem sua
confiança.
***
Louis utilizou as muitas horas de viagem para divagar sobre sua família.
Ele sorria dócil a cada memória saboreada.
Crescer sendo o irmão do meio entre outros quatro era quase uma afronta ao
seu lema de viver em extremos e evitando médias.
Embora, ele jamais ousasse reclamar.
****
- Este é o Salão dos Homens, vossas altezas têm acesso ilimitado a ele
sempre que estiverem com tempo livre. - um cavalheiro francês chamado
Don Luminiére guiava-os pelos cômodos.
A maioria das paredes dos salões eram substituídas por janelas de vidro que
íam do teto aos rodapés.
Algumas salas não dispunham deles, de acordo com Don Luminiére eram
escritórios ou recintos particulares, no entanto não teriam acesso a elas a
menos que fosse previamente definido.
- Para tanto exigimos que vocês sigam as regras, participem das atividades
que visam melhoria da etiqueta, reforço acadêmico, e provas em que
testaremos vossas capacidades de liderarem exércitos, trabalharem em
equipe, arquitetarem planos de fuga, e principalmente, administrarem
reinos, sendo bons anfitriões e líderes respeitáveis.
O Príncipe de Malta.
O garoto de altura exagerada, olhar predador e dissimulado, e esbanjador de
uma pose incrivelmente insolente.
Sua reputação planava entre os reinos, deixando todos ali cientes de quem
era.
Sua aversão pelo outro é inegável tanto quanto a separação natural de água
e óleo de cozinha em um recipiente.
- Espero que esta sexta seja vossa última, alteza. - Don Luminiére disse sem
se permitir abalar, devolvendo um sorriso quase natural e gentil. Encenado
demais, embora.
- Quem sabe.
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Até domingo!❤
Chapter Three
Uma delas era uma graciosa garota, que deveria beirar seus dezesseis, de
pele pálida e olhos verdes. Pareciam assustados e nervosos.
Já a outra talvez fosse alguns anos mais velha, e mais experiente, com sua
postura serena e pele bronzeada, fios louros e lisos.
Por certo, Lorena não parecia devidamente preparada para servir algum
príncipe, levando-se em conta as normas de etiqueta as criadas eram
supostas a se comportarem formalmente, sem permitirem que seus
sentimentos fossem expostos na presença de vossa alteza, com rostos
neutros e ações mecânicas.
Tomlinson não vestia nada mais do que uma blusa de casimira abotoada
com o colarinho levantado, casaca azul marinho, e calças longas de
tonalidade escura. Além de suas abotoaduras de ouro enfeitando todo seu
traje.
- Nós iremos listar todas as manhãs suas tarefas diárias e traremos tudo
aquilo que necessitar, vossa alteza. Deixe-nos saber caso precise de
qualquer coisa. - Jezebel informou, cruzando os braços atrás das costas.
- Último andar, vossa alteza. - uma voz mais baixa e tímida respondeu,
despertando a curiosidade de Louis por ser a primeira manifestação verbal
de Lorena, intimidada pela atenção do maior estando voltada para si. -
Última porta do corredor.
Louis assentiu de breve e elegante, e enquanto rumava seus passos para sair
do quarto foi interceptado por Jezebel.
- Eu costumo me reservar mais, mas parece que esta não seria a melhor
opção por aqui, hum? - Tomlinson disse com um pequeno sorriso ajeitado,
conformando-se a si mesmo. - Agradeço por me avisar, a visitação na
biblioteca ficará para depois então.
***
- Soube desses tratados, estava por trás de alguns acordos. Fico feliz de
nossos reinos serem amigos.
Muito se ouvia nas ruas sobre o príncipe de Malta. Ninguém esperava que
os rumores de seu estrondoso caráter fosse tão reais da maneira que eram.
Harry desfilou vagarosamente de rosto erguido, avaliando os rapazes de
todo o ambiente com seu nariz empinado.
Demorou um tempo a mais prendendo sua atenção em Niall Horan com um
sorriso maldoso esculpindo sua face, sendo retribuído por uma expressão
nada amigável do mesmo.
Harry fitou o grupo arrastando seus passos para perto, logo estando no
centro dele.
- Sua chance já se foi, pobre Niall. Não seja egoísta de impedir os outros. -
Harry retrucou com deboche. - Eles irão aprender. - murmurou a ultima
parte como um sussurro a si próprio, girando trezentos e sessenta graus para
visualizar o rosto de cada um.
Mas, por uma fração de segundos, seus olhos detectaram um rosto que não
expressava raiva, medo, choque ou nada além de plena serenidade.
Quando você quer causar uma boa primeira impressão, deve bajular os
demais.
Mas quando você quer perpetuar uma primeira impressão, deve assusta-los.
E foi exatamente isso que Styles fez, rumando seus passos barulhentos para
fora do Salão rindo baixo sarcástico com a certeza de que por mais um ano
havia eternizado sua imagem na memória dos ingênuos jovens.
****
Mas foi então que ele reparou a atenção não ser voltada apenas para si,
como também a um outro príncipe que aparentemente também apreciava
ser pontual em eventos.
Sabia que o príncipe William não era de desviar sua atenção facilmente ou
se abandonar a postura austera de um rei - como o resto deles esquecia de
manter - portanto não se importava pelo fato de também não arrancar
reações do outro.
Liam, por sorte, estava sentado em uma posição perto da de Louis e fez
questão de elogiar a escolha de seus trajes, visto que apesar de serem
simples, destacava-se das dos outros, talvez pela pose de rei que Tomlinson
já adquirira desde menino.
- Certamente.
- Foi uma boa referência então. - Liam piscou gentil, sendo retribuído por
mais um agradecimento singelo de Tomlinson.
As feições confusas dos presentes esclarecia uma pergunta que Styles não
se impedira de fazer.
O silêncio transparecia o que ele intuía.
Mas antes que continuasse seu discurso, uma voz calma e melodiosa
ressoou da outra ponta da mesa.
Niall Horan aconselhou, seu cenho sempre muito franzido, seu rosto
adornado pelos fios louros claros semelhantes ao retrato de divindades
gregas.
- Ele não vai desistir até desmoralizar cada um de vocês. Não deturpem
seus valores pelo ego frágil do príncipe Edward. - finalizou, saindo à passos
robustos do recinto.
E alheio a todo o alarde em torno da situação estava Louis, que após rejeitar
o eclair - nunca foi apreciador de chocolate - mas bebericar com uma calma
prazerosa o vinho doce, estendeu-se suavemente de pé, com uma expressão
serena, e se curvou em uma reverência de despedida.
Todavia, depois de gastar o que ele deduzira em duas horas encarando o teto
sem de fato adormecer, Tomlinson cedeu à insônia.
Ela sempre o atormentava, e na maioria das vezes ele se rendia.
Levantou-se cuidadoso com uma ideia em mente. Sabia que há esse horário
da madrugada todos os príncipes já dormiam, portanto, seria perfeito.
Calçou os chinelos e removeu o pijama, vestindo uma calça de malha fria e
uma blusa branca lisa ao invés. Seria impertinente caminhar nas
dependências do palácio tão desarrumado.
Andou calmo pelo corredor, não de fato surpreso quando presenciou alguns
príncipes saírem de um quarto distante com seus cabelos desordenados,
assustados e quase como ladrões fugitivos temendo serem pegos em
flagrante.
Supostamente eram os que aceitaram as ofertas perturbadoras de Harry. E
provavelmente quem agora carregava culpa, ou, então, um novo prazer na
desinibição.
A sorte dos dois ou três que circulavam pelo corredor cambaleantes - talvez
devido à bebidas, ou alguma substância ilícita - temendo por suas
reputações era que quem se depara com suas imagens deturpadas havia sido
Louis. Louis e sua indiferença para o que cada um fazia com a própria vida.
Não era tão grande quanto a biblioteca que tinha para si em Riverland, mas
bastaria para entrete-lo, além de parecer aconchegante estar envolto da
companhia de livros enquanto a luz natural do luar iluminava parcialmente
o lugar, tendo a claridade escoada pelas grandes janelas de vidro.
Não foi necessário aguçar os ouvidos para estar ciente de quem entrara na
sala:
O Príncipe de Malta com seu traje de dormir - que era nada menos que uma
camisola de seda cinza, onde já se viu? - envolto em um roupão felpudo. Os
cabelos completamente desgrenhados como quem acabou de despertar de
um sono profundo - ou orgia profunda, no caso - concedia-o um ar
selvagem, em compactuo com seus imensos e gélidos olhos verdes,
naturalmente famintos.
Styles podia sentir seus pelos se arrepiando com a rala aproximação, sem de
fato compreender a razão. Mas a existência daquele príncipe neutro e
indiferente para a sua presença era uma afronta ao seu orgulho.
E, mesmo trajado com uma blusa branca simples e uma calça lisa, Louis
ainda parecia um elegante e austero príncipe, explicando em um tom
centrado e rouco:
- Segundo a mitologia grega, Filomena era casada com o rei Tereu, com
quem teve um filho. Porém, Tereu acabou se apaixonando pela irmã da
esposa, Progne, o que consequentemente gerou confusão e
desentendimento. Os três foram, então, castigados pelos deuses do Olimpo
e transformados em aves, sendo a nova forma de Progne uma andorinha.
Aos poucos a feição de Harry foi se maliciando, até que um sorriso maldoso
e desafiador bordasse a pele de porcelana polida.
- Creio que se esquece do que há nas entrelinhas, príncipe. Justo a melhor
parte.
- Esqueço?
- Os três por certo são punidos pelos deuses gregos, sendo transformados
em pássaros, o que significa o silenciamento físico como castigo final. -
Louis respondeu, encarando Harry no fundo dos olhos sem se intimidar ou
desviar o olhar, de modo que todos o faziam por não suportar a intensidade
transmitida pelo cacheado.
- Não é estranho alguém com a capacidade de ter cometido algo tão frio
buscar calor ao seu redor?
E nada, literalmente nada, parecia ser capaz de abalar a calmaria dos olhos
azuis. Oh, Harry queria enfiar essa serenidade em sua bunda e muitas outras
coisas também. Não reclamaria se fosse o contrário. Mas a figura do jovem
de beleza primorosa ateava fogo em seu curto pavio.
E o curto pavio de Styles possuía dois fins: excitação ou ódio.
A personalidade autêntica de Tomlinson instigava ambos.
- Bom, com todo o respeito, seus irmãos são mais divertidos que você.
Outro Tomlinson devia ter vindo em seu lugar.
- Sabe? Ainda é tempo de voltar atrás. - o mais alto insinuou com seu
melhor tom sedutor, atrevendo-se a parar em uma distância mínima de
Louis, levando seus longos dedos a relarem a costura da gola em V bufante
de sua blusa branca.
Com muita força interior o Príncipe Edward desviou seu olhar da clavícula
afundada e apetitosa do moreno - considerando que só o ato da
aproximação tenha extrapolado todas as etiquetas supostas em um
cavalheiro - e fitou as esferas azuladas. Ou melhor, as lagoas azuis, já que
Harry constatou que além da cor ser semelhante a das lagoas, eram tão frias
quanto.
Louis não esboçava o desejo ardente que era esperado ao realizar tal ação
com qualquer ser humano que tenha hormônios.
Uma de suas sobrancelhas estava levemente arqueada, e ele o encarava um
pouco confuso, um pouco descontraído e até mesmo divertido.
- Eu não me rebaixo aos caprichos carnais, vossa alteza. - Louis disse sem
falha na voz. Ela calma e tranquila. - E não se deve à questão de conduta. -
explicou. A diversão em suas lagoas azuis foi substituída por certo cuidado,
como se ele buscasse palavras que não fossem quebrar o ego do
extravagante príncipe. - Todavia eu sou um admirador de amor cortês. E
não pretendo espalhar meus dotes sentimentais para qualquer outro.
Quem ele pensava ser para achar que sua rejeição afetaria o Príncipe Harry
Edward Styles? Francamente.
O moreno podia ter toda uma beleza extraordinária e singular, mas não era
o único indivíduo belo deste palácio. E muito menos alguém apto para
entristecer o arrogante Príncipe Edward em toda a sua majestosa glória.
- Quem sou eu para te acordar deste sonhozinho, não é? - Harry soltou uma
gargalhada irônica, meneando a cabeça e murmurando com ênfase antes de
desaparecer pelo corredor - Tenha uma bom final de noite, vossa alteza.
Chapter Six
O cafe da manhã era servido às oito em ponto, sem permissão para atrasos,
e às dez dava-se inicio ao cronograma da temporada.
***
As frutas estavam frescas e saborosas, derretiam na língua e cediam
sensação de refrescância e leveza matinal.
Ou melhor, tudo estava realmente bem enquanto faltavam dez minutos para
às oito, quando a refeição era oficialmente iniciada, os príncipes chegaram
ao salão A - onde refeições comuns e rotineiras seriam servidas, nada muito
extravagante e uma mobília clássica e nobre - adiantados para conversarem
e socializarem.
Contudo, bastou o bater das oito da manhã que mais alguns príncipes que
preferiam ser pontuais - William Tomlinson, Niall Horan, claro, e outros
três - chegaram, alocando-se em assentos disponíveis das mesas.
Foi de imediato.
E reação de alguns era observa-lo curiosos, enquanto outros específicos
enrubesciam e tensionavam os músculos - Louis teria percebido que não tão
coincidentemente eram os que vagavam aflitos pelo corredor durante a
madrugada deixando o aposento de Styles.
- Hum, que manhã deslumbrante, não é mesmo? - Harry cantarolou,
puxando uma cadeira vazia e se acomodando nela, com os olhos passando
por todos os príncipes. - Eu tenho um fascínio por bom humor matinal ao
ser combinado com a brisa aquecida do verão.
- Bom Dia, Príncipe Edward! - Zayn saúda com sua simpatia exímia,
sorrindo gentil.
Talvez ele houvesse saído de um livro de conto de fadas, toda sua gentileza,
ingenuidade e beleza inalcançáveis.
- Oh, Bom Dia, querido. - Harry piscou para ele, lançando-o um beijo no ar.
Para então depois forçar uma expressão de surpresa e bater com a palma da
mão na testa. - Onde estão os meus bons modos? Vejo que esqueci de
desejar um bom dia para todos vocês! Ow, perdoem-me, deve ser pela
madrugada agitada que tive na companhia de ilustres cavalheiros, hum?
****
- Ah, Ruperts, meu velho, pra que todo esse stress, ahm? - Styles reverberou
com um sorriso sapeca, recebendo expressões de espanto por toda sua
ousadia petulante . - Já assisti essa mesma aula por cinco anos seguidos.
- Já que eu sugeri, não acho nada mais justo do que representar o suserano. -
Harry interveio, levantando-se da carteira de mogno e rumando para o
centro da sala.
- Não tanto quanto vossa alteza, garanto. - Louis replicou. E embora sua
voz estivesse ausenta de pretenções ou duplos sentidos, as palavras haviam
soado ácidas para Harry, e o atingiram em cheio.
- Já sei. - o ancião se pronunciou, ao que os dois príncipes estavam um ao
lado do outro, esperando ordens. - Vamos inverter os papéis, Príncipe
William será o suserano, e Príncipe Edward o vassalo.
- Espere, o que? O que você disse? - Harry grunhiu, uma leve irritação se
fazendo presente.
- Não me leve a mal, vossa alteza, mas o Príncipe William dispõe de uma
imagem muito mais condescendente e soberana que a sua. Se estamos aqui
para encenar, que se encaixem então adequadamente nos papéis.
Harry e Louis foram instruídos para encenar conforme o que era ditado por
Rupert, localizando-se no centro do palco enquanto o velho sábio ia para
um canto, descrevendo o ato.
Ele havia sido tão suave em seu gesto que Harry mal sentia o toque tenro
das palmas pressionando os nós de seus dedos.
Styles bufou.
- Mas eu quero ser um rei também! Pelo amor, não sou obrigado a me
submeter a isso! - Styles rebateu, sua birra infantil tornando-se óbvia e
intragável.
- Certo. - Louis de repente interveio, recuando o toque pela dor sentida com
o perfurar de sua pele, embora não transparecesse o incômodo. - Você pode
ser um rei também.
A pior parte, por senso comum, eram as aulas teóricas em que seus traseiros
se amorteciam após horas em contato com a madeira rija e desconfortável
das carteiras.
Os anciãos disseram que isso era uma lapidação das virtudes de paciência e
resistência que são esperadas dos futuros reis.
Alguns reviraram os olhos.
O Príncipe Edward já tinha intimidade com seu cavalo, já que insistira para
ficar com o mesmo durante as seis temporadas, e o nomeara de Hades.
Ele havia ficado com o suntuoso Appaloosa branco de crina platinada, patas
fortes e musculoso.
- Você o conhece?
- Oh. Sim. Este é Hades. E eu sou o único que consigo me aproximar dele
sem que fique irritado e agitado. - Styles murmurou orgulhoso, sorrindo
para seu cavalo.
- Creio que Zeus não será exclusividade minha, por infortúnio ele me
parece simpático, embora não seja um admirador seu.
- Zeus? Quem é Zeus? - Harry torceu o nariz.
- Meu equino. - Louis o revelou, acariciando uma última vez sua longa
crina branca. - Presumo que estou no direito de renomea-lo, haja em vista
que 'Cretino' não é um nome adequado para ninguém.
****
E isso bastou para Harry ser expulso dessa atividade, levando sua primeira
advertência, e arrancando risadas incontroláveis dos demais príncipes.
****
***
Notas da autora:
Gente, novamente, perdoe-me pela monotonia da história, mas esta -
especificamente - carece de uma construção aprofundada de personagens
para que os mistérios dela em si possam fazer sentido.
Aliás no próximo capítulo, se não me engano, irá começar o suspense.
Mas claro, até lá haveriam ainda seis dias de atividades e aulas trabalhosas.
A recompensa não é justa sem o empenho anterior.
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Atenção: se você não for alguém curioso e invasivo, nem tente essa leitura.
Dedico-a para todos os personagens narrados, e desde já me desculpo pela
intromissão em suas vidas.
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- Eu não acho que devíamos nos submeter a isso. Soa-me como um jogo
sujo e mal intencionado. - o príncipe Andrew de Western, com seus cabelos
lisos na cor mel e uma beleza inconfundível, reverberou.
Os outros concordaram lentamente, a curiosidade entrando em conflito com
a necessidade de autopreservação.
- Ele tem razão. Isso não nos levará a lugar algum, e quem quer que o tenha
escrito, não o fizera de boa índole. Devemos nos livrar das dez cópias
mantendo-as intocáveis.
Ao passo que Gregory juntava a pilha de jornais para descarta-la, uma voz
prepotente interviu, seguido de um príncipe petulante agarrando um dos
exemplares.
- Este é o tipo de armadilha feita para nos causar intriga, Príncipe Edward. -
Andrew se pronunciou, tentando tirar a folha da posse dos longos dedos,
adornados com anéis e maldade. - Não precisamos nos expor dessa forma.
- Quem não quiser escutar que tampe os ouvidos. - Harry decretou, subindo
e se erguendo de pé em uma poltrona para narrar a segunda página do jornal
em alto som.
Por mais que se opusessem ao caso, ninguém era realmente tão indiferente
ao ponto de sair do salão e deixar de escutar as fofocas.
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Segunda-feira, 08/06
Não deve ser novidade o fato de que príncipes regidos pela honra e boa
conduta durante duas décadas estejam a procura de uma ruptura.
Outros que não foram identificados até o momento terão seus nomes
divulgados em um futuro próximo.
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- Não devemos permitir que esses jornais se espalhem para fora do Palácio.
Jamais. - Gregory alertou, piscando confuso e sem jeito pelas revelações.
- Ora, Ora. - Styles riu irônico. - Vejo que tenho um fã. Seja quem estiver
por trás disso: Obrigado pela parte que me toca, digo, a serpente. Carolina,
minha cascavel, agradece a referencia também. - balançou graciosamente a
bengala mencionada no ar, as esmeraldas cravejadas em seus olhos de
madeira.
- Na verdade, você me incomoda. Não está vendo o que sua diversão idiota
provocou em uma semana?
- Querido, tudo que eu faço é oferecer meu pólen. A culpa não é minha se
as abelhas se atraem.
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Terça-feira, 09/06
Cavalheiros, é com muita surpresa que venho publicar minha segunda
edição de jornal no dia seguinte ao primeiro.
Não que eu tenha estipulado um dia exato para escrevê-lo, isso é com
vocês. Conforme me dão o que falar, eu falo.
Quem os vira no primeiro treino da semana passada não diria que aquele
equino é agitado. Muito pelo contrário, um dos bichanos mais dóceis da
cavalaria.
Aqui vai uma notícia fresca e de primeira mão: aquele equino tem pavor de
cobras.
Escutei sem querer o cuidador dele murmurar .
Podem acreditar em mim, ou não. Mas também foi encontrada cobra falsa
de pelúcia no quarto de Harry Edward Styles.
Andrew segue bem- uma das pernas quebradas apenas, e um corte na testa.
Apesar disso, eu não acho que alguém esteja seguro com uma verdadeira
cobra a solta.
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(Notas da autora:
sobre o concurso.
Não sabia exatamente o que fazer de prêmio mas imagino que o vencedor
possa escolher um tema/enredo de uma fanfic e eu escreverei o que elx
quiser.
Combinaremos direito depois.
A única coisa que você deve fazer é ser o primeiro a desvendar quem está
por trás do jornal, How to Wear a Crown e o por quê disso.
Episode: Touché
- Como você ousa?! - Andrew mancava com sua perna esquerda engessada
para atravessar apressadamente o salão do almoço.
Devido suas fraturas do dia anterior havia sido dispensado das aulas
teóricas, podendo se recuperar melhor no conforto de seu quarto com o
auxílio de suas criadas.
Harry vestia uma calça branca larga com uma típica camisa de mangas
compridas bufante florida em tons de rosa, concedendo-o uma imagem
pacífica de quem dificilmente teria acometido uma maldade com outro
garoto de modo tão bárbaro.
- Mas o que fiz dessa vez para deixa-lo tão fora de órbita? - Harry falou
com uma voz triste forçada. - Oh deus, escutei que deveria estar de repouso,
não lhe fará bem esses esforços.
- Você sabe! Usou uma cobra pra assustar meu cavalo?! Tudo isso por quê?!
Porque eu deixei claro que sua personalidade egocêntrica e prepotente
destruiria a moral alheia?
- Oh! Mas quanta hipocrisia, meu Deus! Ontem mesmo presenciei o senhor
e uma roda de outros jovens discursando sobre como não devemos dar
ouvidos aos burburinhos que esse escritor anônimo pretende causar... -
Harry dizia, olhando desinteressado para os próprios dedos longos
adornados de anéis caros. - ... E agora, basta a primeira matéria com
acusações para a minha pessoa que você vem me julgar? Isso é feio, hum.
- Harry Edward Styles, é bom que você não esteja envolvido nisso ou eu
juro que lhe quebro o pescoço agora mesmo!
Ele andou alguns passos para frente, curvando-se a medida que seu rosto
pairava alinhado ao de Andrew.
Com a voz rouca selando o que seria um desfecho horroroso para o cenário
de um almoço - em que ninguém realmente teve apetite para a sobremesa -
Styles se endireitou e o lançou um último sorriso de lábios fechados, olhos
perversos e juras ocultas.
Afastou-se e saiu do salão, deixando dentro dele pessoas espantadas com o
comportamento dos dois e o príncipe de Western jurando que ainda daria a
volta por cima.
****
Enquanto Harry se apressava para tomar sua posição com o típico queixo
erguido e seu casual orgulho ostensivo pesando talvez mais do que as joias
que enfeitavam exageradamente seu corpo, Louis andava devagar em
passos secos porém delicados, que remetiam a uma pluma planando no ar e
simultaneamente ao estrondo de um raio cortando o céu no apogeu de uma
tempestade.
Fazia cerca de uma semana desde que as gramas de verão repousaram sobre
as lagoas azuis, e nenhuma outra vez desde então.
Tomlinson parecia ser a exceção. Ele era o rei da fábula. Um jovem que
nunca exerceu o estereótipo de um príncipe, nascendo em um atalho direto
para o trono e a administração de algo maior.
A sua presença bastava para que quem estivesse próximo sentisse sua
dominância natural, o respeitasse sem motivos aparentes como se ele de
fato possuísse uma grande coroa de ouro cravejada de diamantes invisível
sobre os fios acastanhados.
Tomlinson não o respondeu, embora. Era uma coisa sua, desde menino,
cresceu com cinco irmãos extremamente competitivos que ameaçavam e
pressionavam uns aos outros durante os jogos, intimidando-os. O garoto do
meio, Louis, era o único que evitava escutar as insinuações, focando-se no
jogo. E ganhando na maioria de vezes.
O que ele não gostava era do fato de Louis não vacilar nenhuma vez diante
dos seus ataques, mantendo-se firme na defensiva, sem brechas ou falhas,
desviando fervorosamente de suas investidas, o que frustrava Harry.
- Últimos acontecimentos?
- Oh, ora, não me diga que é tão recluso ao nível de não estar a par dos
escândalos vigentes. Não acredito.
- Foi?
Styles recuou alguns passos somente para dar um impulso mais preciso em
seus próximos movimentos, disposto a perder uma perna pela vitória da
partida.
- Eu nunca conto os meus segredos. - Harry reforçou, com uma nova
estratégia de ataque lateral, que foi percebia rapidamente por Louis, o qual
se esgueirou para trás e bateu com as pontas dos sabres, entornando o do
príncipe para baixo. - Assim como você? Presumo.
- Você precisa transparecer aquilo que não quer que os outros saibam sobre
você. Quanto mais debaixo de seus narizes estiver, menos enxergarão. É um
grande provérbio chinês.
Harry, no entanto, franziu seu cenho. Cada minuto mais sedento pela vitória
de fazê-lo engolir essa mansidão, junto com uma derrota vergonhosa, para
então escutar daqueles lábios finos atrevidos um 'Touché', de quem
reconhece a perda do jogo.
- Isto é sobre mim, vossa alteza, hum? Seja direto.
- Pois pra mim foi uma referencia clara. Estamos em um novo jogo e eu não
sabia? Está me transmitindo morais?
- Não sou alguém para tal. - Louis replicou. Os sabres batendo em volume
alto. - Guardo a moral para mim próprio.
- Olhe para mim, Louis. Eu estou no controle de tudo. Sendo quem quero e
fazendo o que sou. - Harry proferiu, sorrindo insano ao reparar o descuido
de Louis ao querer defender-se com passos bambos para trás, causando a
desproteção de seu lombar esquerdo, facilitando a vitória de Harry, que
bastaria uma distensão rápida do braço para nocaute-lo.
Contudo, ao aproximar-se rumando um alvo no corpo de Tomlinson, o
mesmo desviou com um giro surpresa, pegando-o desprevenido e
atingindo-o certeiro em sua clavícula.
Louis ganhou.
- Essa é manha. Você precisar fazer com que pensem que estão no controle,
até demonstra-los o contrário - Príncipe William pronunciou tenro,
livrando-se da máscara branca, endireitando sua postura, e, pondo os braços
para trás das costas formalmente, enquanto assistia o adversário de cabelos
compridos e cacheados removendo a máscara Indigo estampada de flores
com sua respiração ofegante e pose curvada.
Louis aguardava calado. Harry sabia o que ele esperava e seu estômago
corroía sua honra.
**^
Chapter Ten
______________________________
Sábado, 13/06
Damas, hum?
O que me dizem sobre isso?
Não sei vocês, mas eu tenho a sensação de que este domingo promete.
Por falar no promissor futuro rei de Riverland... Por onde anda esse Louis
William Tomlinson?
Muito se comenta a seu respeito em círculos sociais dos quais se ausenta.
Ele é visto como um rei precoce, destacando-se pelo ar de soberania
mesclado com canela e lavanda. Uma combinação peculiar para uma
personalidade mais peculiar.
Episode: Diana
Domingo.
Finalmente domingo.
Uma manhã de ansiedade e gracejos.
Uma manhã de expectativa e medições.
Medições?
Sim. Os alfaiates reais se apresentaram nos aposentos dos príncipes logo no
nascer do sol - oh, um sol de verão, daqueles que os raios dourados
sacrificam sua pureza e penetram no céu límpido -, fitas métricas enroladas
em seus pescoços e sorrisos amistosos acompanhados de um 'sinto muito
por apresentar-me tão cedo, vossa alteza, mas devemos iniciar as medições
e costuras imediatamente para que vossos trajes de gala estejam prontos até
a iniciação do evento'.
- Vossa Alteza? - uma voz melodiosa e tímida escoou pelo quarto ainda
escuro. - Tenho permissão de abrir as cortinas? O alfaiate está prestes a
chegar.
Ele nunca foi alguém difícil de despertar, embora sua insônia geralmente o
mantivesse acordado encarando o teto até tarde da noite e acabasse por
desregular completamente o sono.
- Claro. - proferiu com a voz rouca e um pouco grogue. - Bom dia Jeze-
No entanto, assim que o tecido vermelho grosso das cortinas foi afastado e
a claridade invadiu o espaço, Tomlinson se surpreendeu ao notar Lorena ali,
com um pequeno sorriso tímido e uma bandeja de café da manhã em mãos.
- Compreendo.
- Ela acha que isso é bom. Que eu me soltaria mais. - adicionou em baixo
tom, numa luta interna entre se encolher instintivamente ou manter a
postura ereta.
- Você tem medo de mim? - Louis indagou, ao invés. Para não deixá-la
desconfortável com o direcionamento de uma pergunta íntima, ele ocupou
sua atenção com o café da manhã, mastigando as uvas verdes sem caroço
com uma tranquilidade esclarecedora.
Louis bateu levemente ao seu lado do colchão sinalizando para que ela se
sentasse.
- Isso é uma ordem, Lorena. - Tomlinson disse, apesar de sua voz não ser
autoritária e sim suave e gentil.
- Sabe, Lorena, há um provérbio chinês, um dos que eu gosto, que diz que
depois de uma partida de xadrez, o rei e o peão, e todas as peças, são
guardadas na mesma caixa. Não importa qual é relevância dela no jogo, elas
acabam indo para o mesmo espaço, embaralhadas.
Ela tomou uma lufada de ar, certa de que dialogar com Louis era realmente
fácil.
Alguns príncipes estavam atrás dos dois, no corredor, espiando pelas frestas
da cabeça o que tanto espantara a criada loira e o alfaiate.
Claro.
Lorena, sentada ao lado do Príncipe William na cama.
Lorena, uma criada.
Sentada.
No.
Colchão.
- E-eu-
- Bom, vossa alteza, estou aqui para tirar algumas medidas, certo? Está
pronto?
...
Suas primeiras ações adentro do ambiente espaçoso foram avaliar uns aos
outros.
Não necessariamente com desejo lúbrico - talvez necessariamente para a
maioria - mas sobretudo julgando aquilo que lhes impressionava, seja de
uma maneira boa ou ruim.
- Inquieto, eu diria.
- Descrição física?
- Soa-me que busca pela pessoa perfeita, vossa alteza. Temo que não
encontrará uma mente que se encaixe em todos os pré-requisitos.
- Oh! Aquela da direita é Pamela Greench, uma britânica que sempre recebe
muita atenção. - afirmou, apontando para um par de princesas loiras de
coque alto, olhos acizentados e ambas com vestimentas delicadas em tom
alaranjado. - És filha do rei Aron , de Tucson.
Sua irmã é tão prestigiada quanto ela, Livia Greench, fisicamente parecidas,
personalidades opostas. A primeira é a mais velha e muito madura enquanto
a segunda vive plenamente as virtudes da juventude.
Inconfundível.
Incomparável.
E - ainda com uma máscara preta cintilante cobrindo-lhe a face, ela ainda
era a lenda.
***
- Ah, Zayn, que desastre sou. Sinto muito pelo esbarrão. - falou, um sorriso
grande e sem dentes bordando seus lábios (que se você reparasse com zelo,
perceberia ser completamente forçado).
Estando acostumado a ser tratado com muita atenção por Harry Styles - que
parecia disposto desde o início determinado a juntar Zayn no grupo dos
príncipes fugitivos de seu quarto durante a madrugada - o moreno estranhou
o comportamento agitado de Harry, que desviava seus olhos verdes em
direção à escadaria principal a cada dois segundos, parecendo alheio do que
diziam.
- Não. - Harry negou com uma feição nervosa, substituindo-a para a calma
insolente logo depois. - Eu só devo ter bebido um pouco demais. Preciso ir
agora. Foi um prazer encontrá-lo Zayn. - dito isso puxou-lhe a mão a
plantou um beijo ralo em seu dorso. - O mesmo para vocês, princesas. -
repetiu o ritual, selando as mãos pequenas e delicadas das garotas sem
muito interesse.
***
Segunda-feira, 15/06
Visto que ontem foi uma noite de muita celebração, admito minha decepção
pela falta de polêmicas que eram supostas a aparecerem.
Vistam seus óculos de sol porque a previsão é de que o fogo que queima
suspenso no céu esteja prestes a descer para o solo.
***
- Jezebel trouxe seu café mais cedo e o depositou no criado mudo, depois
foi resolver outras tarefas pendentes. Há algo em que lhe possa ajudar?
- Na verdade, há. Minha tinta preta acabou. Preciso de mais tinta fresca,
pode providenciar pra mim?
- É para escrever cartas à minha família. Você sabe, eu amo escrever. Gosto
de deixá-los cientes de que estou bem.
Tomlinson concordou, ajeitando a franja que insistia em cair sobre sua testa
logo que crescera mais do que o suficiente.
O que soou dois minutos depois, a porta foi aberta, Lorena adentrando com
dois potes de vidro preenchidos de tinta fosca e fresca.
- Há uma divisão na ala dos criados com uma espécie de estoque para
abastecimento de tudo que julgam ser necessidades dos príncipes. Se
necessitar de mais delas, me deixe saber.
- Certo. É o que é.
***
Ou melhor, alguém.
Foi assim que deram por falta do príncipe Harry Edward Styles que, se
alguém houvesse se importado o suficiente para reparar, estava sumido
desde segunda, ausentando-se das aulas teóricas e práticas, dos almoços,
cafés e jantares, e nem mesmo dando o ar das graças do Salão dos Homens.
****
Sombras formadas pela luz da lua - infiltradas através das janelas de vidro
sem cortinas - refletidas em móveis, cedia ao trajeto um ar sombroso e
mitológico, principalmente as esculturas de anjos e divindades gregas.
Ele sabia que estava perto após cruzar toda a parte central do palácio,
desviando discretamente de um ou outro guarda que realizava a patrulha
noturna.
Estava muito escuro para distinguir quem era, ou o que tocava. Ele reprimiu
a surpresa e adentrou rapidamente a sala, fechando rápido a porta atrás de si
para abafar o som vibrante.
Estrondosa.
Forte.
Intensa.
Havia solidão.
Havia dor.
Aquilo soava como uma tortura para os ouvidos. Soava como uma
composição musical que não significava poesia, e sim uma pintura abstrata.
- Pelo menos serviu para deixá-lo de queixo caído então, hum? Aposto que
não esperava tanto talento em uma só alma... - cantarolou com uma
superioridade visivelmente encenada, sorrindo sem mostrar os dentes
enquanto andava com passos dançados ao redor do piano.
- O que quer dizer com isso? - questionou em tom seco, que nem sequer
intimidou qualquer célula de William.
Era como uma fera aprisionada em um corpo humano, o qual Louis não
recuara nem um milímetro. Ele não temia ninguém, muito menos o jeito
hostil do Príncipe de Malta.
- Cale a boca. - reverberou. - Você não tinha o direito de invadir esse espaço
e não tem o direito de opinar sobre mim! - acusou, sua pele avermelhada e
uma postura vacilante. - Está insinuando o quê?! Que sou deprimido e
sozinho?!
- Pelo amor, Príncipe William. Olhe para mim. Você realmente acha que eu
tenho qualquer resquício de tristeza com todo o ouro que me cerca, todas as
pessoas que me idolatram? - voltou a diminuir a distância entre eles,
estando com seus rostos alinhados para exclamar pausadamente, em um
sussurro maldoso: - Você tem é inveja de mim.
O que acabou por surpreender Styles, já que uma das opções acima era
exatamente o que faria em sua posição.
Tomlinson apenas proferiu, com uma voz firme e uma expressão séria.
- Você não precisa provar nada para mim, ou se justificar. Se isso é uma
verdade, mantenha-a para você, vossa alteza. Quando você nega algo de
maneira insistente, acaba por estar negando a si próprio.
Sua fala calma e profunda ateou ainda mais fogo no interior de Harry. Ele
estava tentando engolir a saliva e sorrir forçado balbuciando qualquer frase
superficial para demonstrar desinteresse naquilo, mas estava sendo em vão,
não podia reprimir o ódio que aquela insinuação propagava em suas veias.
- Eu o desprezo.
***
Seu fiel e entristecido irmão, Harry Edward Styles, está supostamente ainda
muito abalado e abatido com tal tragédia, visto que dera um chá de sumiço
na última semana.
Quem diria que Príncipe Edward possui afinal sentimentos puros e
verdadeiros naquele coração petrificado?
Nem uma delas foi possível identificar pela restrição facial das máscaras,
mas deduz-se que em sua maioria eram dinamarquesas.
Eles estavam no Salão dos Homens, descansando durante dez minutos após
o café da manhã antes que o sinal ressoasse indicando a continuação das
aulas teóricas monótonas.
Se surpreenderam ao adentrar o local e encontrarem mais uma pilha daquilo
que estava virando rotina com a tinta preta fresca cintilando o título 'How to
Wear a Crown'.
***
A cama king size, no centro do recinto, era no estilo dossel, tendo vigas de
madeira fincadas em suas quatro extremidades sustentando um majestoso
conjunto de cortinas de tule vinho, quase transparentes, o qual faziam com
que o colchão (e seu conjunto de fronhas e colcha bordados) parecesse um
verdadeiro mar de sangue. À frente da cama estava um longo divã camurça
vermelho forte, onde, naquele momento, Harry se encontrava deitado.
Oh.
Mas nada naquele quarto equivalia em luxuosidade e devassidão quanto à
figura imoral que os observava sorrindo presunçosamente.
O Príncipe de Malta trajava nada mais nada menos do que uma blusa branca
de babados volumosos na gola, justa em seus ombros, punhos e torso,
demarcando sua fina cintura ao estar modelada por um aparente corset -
sim, corset - de couro preto, apertando suas costelas e barriga, sobre a
blusa.
Quem diabos usa um corset feminino?
E ainda em cima da vestimenta (e não sob ela, como as princesas
costumavam o fazer para delinearem melhor suas silhuetas por baixo do
vestido).
O corset, no entanto, deixava-o mais belo, cedia excentricidade e uma
vulgaridade desmedida com curtas cordas amarradas em laços frontais em
uma elegância descomunal para tal tipo de peça.
Pregueada em torno de seu pescoço estava uma capa larga preta simulando
uma mistura de nobreza e romantismo vitoriano.
A calça justa em mesmo tom harmonizava-se com os sapatos envernizados,
e tudo contribuía para o olhar selvagem ao ser somado com a rebeldia dos
longos cachos, metade soltos e a outra metade - superior - presos em um
choque alto.
***
- Altezas.
Se estava perplexo por flagrar Harry Styles com dois príncipes sentados em
seu colo, um em cada coxa, paparicando-o e torcendo seus dedos nos
cachos macios com as bocas ralando-lhe o pescoço, Louis realmente não
demonstrou.
- Para mim, ele é um exibido, sem sentimentos algum. Soube que semana
retrasada, sábado, rasgou maldosamente a foto de família que Tyler trouxera
para o palácio, tudo isso porque o rapaz o afrontara durante uma aula de
estratégia de luta. - Liam revelou, recebendo uma expressão abismada de
Thomas. - Disseram que quando Tyler estava ausente de seu aposento,
assim como as criadas, Harry invadiu e removeu a foto do porta-retrato,
picando-a em pedaços e espalhando pela cama, de modo que seus pedaços
formassem a letra 'H'.
O príncipe ficou inconsolável com aquilo, era um item de significado
inestimável.
- Não estou dizendo o que devem ou não fazer.- Louis disse, mantendo uma
expressão neutra. - Mas precisam ter o mínimo conhecimento.
- Pelo amor d-
- Não deem ouvido a esse estraga prazeres, vamos lá. - Harry murmurou
entredentes, fulminando Tomlinson.
- Ora, ora. Mas você não consegue segurar esse seu jeito pessimista nem
por um segundo, não é mesmo Príncipe William? - Harry debochou,
arrastando-se cambaleante para próximo dele.
- Não fiz nada além de alerta-los, vossa alteza. - Tomlinson pronunciou,
encarando com intensidade as gramíneas de verão enfurecidas.
- Bom, já que não é capaz de mudar essa sua indiferença pra tudo, talvez
seja a hora de ir embora, vossa alteza. - Styles enfatizou irônico.
****
Ele sentia saudades de sua família, mas procurava não remoer muito o
assunto na mente, sabia que se o fizesse seu coração se apertaria ainda mais,
o que era completamente desnecessário pois essa seria uma fase passageira,
de transformação pessoal, para que finalmente retornasse a Riverland apto
para a posse do trono quando seu pai decidisse repassa-lo.
E como chovia!
Não havia percebido antes o barulho das gotículas colidindo contra o vidro,
mas agora que o notara poderia apreciar a paisagem bucólica e clichê de
uma tempestade inundando o espaço afora, engolindo pela escuridão,
enquanto mantinha-se seguro e aquecido em seu aposento.
***
Obrigada pelo carinho, por divulgarem (não só essa, como todas as minhas
fanfics - principalmente Perfectly Insane) no Twitter.
O amor de vocês pelas histórias é incrível.
Os passos afundados nas poças profundas do solo faziam com que as barras
de sua calça se encharcassem.
Ele piscava determinado com seu guarda-chuva preto velho (foi o único que
encontrou no fundo do armário de mogno, onde as criadas guardavam itens
básicos) protegendo-o superficialmente da enxurrada que condenava a
região - não que isso evitasse com que se molhasse, pois honestamente o
vento soprava de tal forma que a tempestade torrencial atingisse-o por
inteiro.
Harry.
Escutou perfeitamente...
Seu choro.
Não mesmo.
Mas nesse momento ele podia se libertar. Ele podia se afundar sem que o
impedissem, sem que o vissem, se que o julgassem.
Quando Louis se aproximou, pairando atrás de si, Harry não notou. Ele
provavelmente estava alheio de qualquer realidade além da sua.
Tomlinson não queria invadir sua privacidade, não pretendia ultrapassar seu
espaço e muito menos ouvir sua lamúrias.
Mas Styles começou a praticamente berra-las ao alento, e foi inevitável não
atentar-se para as palavras balbuciadas aos prantos pelo jovem ajoelhado na
lama.
- Geeeeem!
Harry ergueu sua cabeça para cima, apontada para o céu. A tempestade
tornava impossível que abrisse os olhos, então os manteve fechados.
Não sabia o que valia mais naquela hora: ter suas revelações particulares
em paz (ele não devia simplesmente tossir a seco para interromper seu
momento), ou não ser abandonado por outra pessoa.
Talvez um novo abandono não pudesse ser cogitado para alguém prestes a
se perder (se já não estivesse perdido) e contrair hipotermia.
A dor agravou-se.
- Eu vou lhe dizer uma vez. Apenas uma vez. - Harry sussurrou fracamente,
sem sequer se virar para trás para encara-lo, olhando fixo para baixo. Sua
voz quase não podia ser ouvida devido ao barulho dos trovões que
entrecortavam impiedosamente o céu. - Vá embora.
Mas, aparentemente, sua ordem não foi atendida. Talvez tenha surtido efeito
reverso pois passou a perceber que a chuva não o atingia mais, e sim a área
que excedia à circunferência de proteção ao seu redor.
Ele não conteve nem outro suspiro antes que seu choro voltasse, mais forte
ainda, se possível. Embrulhou seus braços em torno de seu torço, buscando
autoproteção, agarrando-se com medo de cair.
Ali estava Harry Edward Styles.
Talvez, o verdadeiro Harry Edward Styles.
Em que as joias não o alcançavam e sua colcha de fios egípicios não
poderia aquecer realmente as partes que precisavam de calor.
O Príncipe William era uma estátua. Não se mexia. Não dizia. Apenas
segurava o guarda-chuva e protegia-os minimamente do dilúvio cruel.
Talvez tenha se transcorrido quase uma hora e meia dado ao fato do céu
antes selado pelo breu da madrugada estar finalmente alvorecendo. A chuva
havia se diluído para chuviscos.
- Por que ainda está aqui? - sua voz completamente rouca eventualmente o
indagou.
A primeira resposta que veio à mente de Louis, para ser sincero, era um
raso 'não sei'.
Mas ele podia fazer melhor que isso desde que 'não sei' é um termo fora de
seu vocabulário.
Ele precisa sempre saber. É uma necessidade. Um vício.
Ele tinha controle sobre suas ações e 'não sei' lhe parecia uma réplica
preguiçosa e porca a qual ele prometeu nunca se submeter.
Seu rosto estava inchado. E tinha algumas espinhas - o que significava que
todos os dias cobria a pele com maquiagem para esconde-las.
Mas, com a luminosidade crua e pura do nascer do sol, até mesmo suas
imperfeições pareciam belas. Seus olhos verdes estavam claros, cansados, e
perdidos. Harry dispunha de uma beleza natural injusta, e seus cachos, que
começavam a se secar - ficando bagunçados e armados -, assemelhavam-se
a cascatas fartas adornando a epiderme pálida feita de porcelana fina.
Só o fato de tê-lo chamado por 'Harry' - assim, familiar e casual - já era algo
a se discutir. Porque aquilo foi tão... Tão relevante, sabe?
Ele estava lidando com um cara que passara as últimas horas chorando e
que precisava de conforto, de qualquer forma. E usar 'Harry' revelava um
tratamento íntimo e afetuoso.
Uma vela aquecera seu interior, descongelando uma pequena porção do
iceberg.
Reconfortante.
Ali, erguido, eles se encaravam de igual para igual, com suas alturas
alinhadas e a exaustão entregue na feição de ambos.
Eles precisavam dormir.
Precisavam se despedir e dormir.
- Qual foi sua descoberta? Para a sensibilidade tátil das flores em questão de
dor? Disse a ela que teria uma resposta sobre assunto de que sentem ou não
dor igual humanos...
Mas logo que captou a menção, abaixou a cabeça - sim, era complicado e o
constrangia horrores, ele estava sem seus escudos habituais.
- Eu provei cientificamente.
- Mas isso não significa que você deve machuca-las para descobrir, talvez
elas só não demonstrem. Pessoas seguem em frente mesmo quando estão
debilitadas, por que rosas não poderiam?
- Parece que eu lhe roubei as palavras, vossa alteza. - Styles ralhou com um
pouco de orgulho nas bordas, pronunciando 'vossa alteza' de sua típica
maneira desdenhosa e debochada, contudo, não suprimiu o surgir de um
pequeníssimo sorriso lateral (que parecia verdadeiro e honesto - o oposto de
qualquer outro esboçado anteriormente).
Aquele sorriso diluiu a seriedade da sua fala.
E ela não era encenada.
Nem cantarolada.
Nem sátira.
Ou arrogante.
Sua fala era curta, uma pitada atrevida, com um toque de insolência
programada mas comedida, havia um tempero de humor e cheirava a
audácia.
Louis proferira "Touché" da mesma forma que Harry o fez ao ser derrotado
pelo Príncipe de Riverland no Esgrima.
Harry.
Perdeu naquele dia.
Mas, de uma maneira estranha, ganhou agora.
Cindy e Kristen se entreolharam curiosas, não podiam fazer muito por isso,
era uma ocorrência intrigante. Várias cartas de admiração anônimas e
assinadas chegavam diariamente na porta do aposento do príncipe, mas esta
era a primeira escrita por Harry.
Meeting at Night
- Robert Browning,
_________________________
( Encontro à Noite)
________________________
****
- Esplêndido, meus caros. - foi sua primeira frase em tanto tempo, atraindo
a atenção imediata de quem já posicionava em seus instrumentos.
O instrutor musical de Styles era um loiro jovem, ele o guiou para a ala dos
violinos, onde Harry cumprimentou quem estava por perto com selar
sedutor no dorso de suas mãos e estalou beijos no ar para quem ainda o
olhava.
- Você não parece ter grandes dificuldades com o piano. - uma voz
despertou o devaneio de Malik, fazendo com que virasse o rosto para a
origem dela, o jovem do piano ao lado.
- Oh, entendo. Eu também sei tocar, mas fazia algum tempo que eu não
treinava, então quero especializar-me para depois aprender outro
instrumento.
- Tente começando pelas clássicas, costumam ser mais fáceis para uma
abordagem inicial.
- Toque uma para mim. - Payne pediu. Sua expressão interessada tornou
impossível rejeitar o desejo.
Zayn assentiu um tanto acanhado. Ele não sentia vergonha facilmente, mas
compartilhar uma melodia de sua autoria era pessoal, ele estaria expondo
uma parte sua para o exterior.
- É porque é. Era uma das canções que minha mãe me cantava quando eu
ainda estava no berço. Eu sempre registrei seu vocal na memória e de
alguma forma tentei traduzir para o piano.
Havia algo na voz de Zayn que entregava sua comoção ao tocar no assunto.
Os olhos piscando um pouco perdidos e visivelmente emocionados.
***
O Baile seria divido em dois dias, porque cada um representava uma fase. O
primeiro se chamava Nympha, lagarta/pupa em latim.
E o segundo, Papilio, borboleta.
Diziam que esse evento, diferente do primeiro baile, não seria uma
homenagem às damas, e sim, aos príncipes, representando a metamorfose
que os transformariam em reis.
Sempre haveriam metáforas nas entrelinhas, caberia a eles entender.
Uma delas, talvez a mais clara, seria justamente a pernoite das princesas no
palácio.
Isso soa como algo banal, mas certamente era uma prova.
Para você mudar de forma, precisa passar por uma série de transformações
anteriores. Elas estariam transcritas em pequenos detalhes.
Apostas?
Chapter Seventeen
Episode: Metamorfose
Cada um de seus braços era segurado por uma princesa. Lidia, uma bela
dama do Reino Franco Bordoux, pendia no direito, com um longo vestido
verde musgo realçando sua pele pálida e os cabelos loiros. Ao lado
esquerdo estava a tão destemida Diana, que havia sido flagrada com Louis
no primeiro Baile que tiveram, com uma veste sem grandes curvas e seus
fascinantes cachos castanhos movendo-se soltos na altura da cintura.
E, até mesmo, o próprio irmão mais novo de Diana acompanhava-os no
debate, fascinado pelo rosto delicado do futuro herdeiro de Riverland.
Príncipe William revelava-se cada vez mais proeminente diante cortes reais,
estabelecendo boas relações e fortificando contatos que seriam importantes
ao seu próprio reino.
- Mas, vossa alteza não deveria usar roupas de tonalidade escura? Não era
obrigatório? - uma delas, a de coque alto que Styles não se esforçara para
guardar o nome, indagou genuinamente curiosa.
- Por quê?
***
Durante o tranquilo baile, entre o serviço de degustação de aperitivos feitos
com camarão e o embebedamento através de muita champanhe de morango
e ponche de uva, os príncipes começaram a se animar, conversando em tons
elevados, rindo mais frequentemente, e até arriscando passos de dança -
com um fundo inusitado de ópera.
- Uma moeda por seus pensamentos. - escutou uma voz familiar ressoar em
seus ouvidos, tirando-o do transe.
- Na verdade, minha mágoa não é por não ter recebido notícias deles, e sim
por não estar surpreso que isso aconteceria.
- Devo imaginar.
- Sinto muito por amua-lo com minhas queixas, vossa alteza. - Zayn se
desculpou, chacoalhando a taça com um constrangimento natural.
No entanto, quando estava próximo das escadarias, uma mão segurou seu
antebraço.
- Não estou em uma noite boa. - foi o que usou para se justificar,
depositando uma boa quantidade de gentileza e paciência para lidar com o
insistente herdeiro de Malta.
- Devo supor que é pelas cartas nunca entregues de seus pais, sim?
- Ora, ora. As paredes deste palácio tem ouvido e olhos, não é difícil ficar a
par da situação quando você está rodeado de vidro.
- Jura? Seus pais realmente o abominam pelo incidente com Coral? - Styles
interviu, uma expressão de inocência e dúvida encenadas perfeitamente.
Os olhos do moreno se arregalaram instintivamente, pego desprevenido.
- C-omo s-
- Não acho que foi justo dos seus pais se horrorizarem tanto com a história.
Digo, você e Coral são meio irmãos, só por parte de pai, não deviam se
chocar ao os flagrarem transando atrás do depósito, certo?
Deus.
Malik voltou-se rapidamente para perto de Harry, ofegante. O breve
discurso soou como um trovão rachando-se na tempestade, desarmando-o e
chocando-o.
- Incesto é um tabu muito forte nesse século, eu não o tiro a razão, Coral é
uma bela garota, e vocês nem conviveram na infância, certo? Não é toa que
seus hormônios falaram mais alto ao receberem-na em Arlen pela primeira
vez.
- O que está tentando, Príncipe Edward? Como descobriu? - sua súplica era
urgente. E paupável.
- A culpa não é só sua. Se ela fez foi porque também quis. Por que apenas
condenaram você? Talvez por causa dos boatos anteriores que já se deitara
com um primo de segundo grau? É algum fetiche seu relacionar-se com
sangue de seu sangue? - Harry proferiu, estendendo a mão para repousar em
um sinal de apoio no ombro de Zayn.
***
***
Sábado, 26/06
**
Notas da autora:
Eu sei que o que Harry parece fazer com Zayn é muito pesado.
Mas não é exatamente o que acontece e vocês vão entender mais pra frente.
Não o detestem tantoo.
Chapter Eighteen
Episode: Butterfly
Mas, certamente os príncipes não entraram em contato com tal local tão
cedo. A celebração seria para o anoitecer, antes disso haveriam de participar
de um piquenique real com as princesas, e então se reunirem no Salão dos
Homens até que desse o horário da segunda etapa do baile.
Portanto, bastara Harry levar seus passos para a visão pública que três deles
já vieram paparica-lo, rodeando-o com elogios sobre sua aparência
impecável e sorrisos apaixonados.
Pois, de braços dados a Harry, estava Zayn Malik. O belo herdeiro de Arlen.
O garoto de aparência promissora que derretia os hormônios de qualquer
um com um breve piscar.
E, mesmo que a edição de How to Wear a Crown tenha alegado que Zayn
passara a noite com Harry, ninguém dera a devida importância.
Não tanto quanto estavam dando agora, seus queixos indo ao chão
conforme Styles sorria galanteador para o moreno e Zayn retribuía com
algumas falas - não parecia muito animado, sinceramente.
Ao chegarem no círculo social, Harry se apressou a acalmar os ânimos
entristecidos dos garotos que também o desejavam e se sentiam enciumados
com a atenção exclusiva que vinha sendo cedida a Zayn.
- Relaxem queridos. Esta é uma manhã estupenda demais para criar rugas
de ciúmes. Vocês sabem que, de noite, há Harry para todos vocês. - Styles
reverberou sorrindo torto.
...
Sim, fantasiado.
Seus cachos estavam mais volumosos naquela noite. Mais selvagens que o
normal. E ele parecia avidamente mais maldoso que de costume, o imenso
sorriso debochado entregava-o.
- Com licença. - uma mão puxou-a sutilmente pelo ombro, fazendo com que
Tomlinson e a princesa de Louve interrompessem seu passo imediatamente,
para virarem-se ao indivíduo que vos chamara. - Será que pode me permitir
uma dança com o Príncipe William, doçura?
Manteve contato visual com ela, não baixando a guarda, ele não abriria mão
de sua pose prepotente por ela, não importa o quão autoritária soasse.
- Wow, agora vejo o que gostou nela, tão intragável quanto você, Príncipe
William. - Styles proferiu, acompanhando Diana com o olhar enquanto a
mesma se afastava para a mesa de bebidas.
- Se me achas tão intragável, por que está pedindo-me uma dança, vossa
alteza? - Louis indagou neutro, embora uma certa provocação estivesse
sendo incitada em seu tom.
Styles permaneceu ali, ereto, piscando sua arrogância para fora com o
sorriso perverso fixo nos lábios.
Carolina largada em um canto do salão.
- Oh, vamos lá, milorde, assim você me insulta. O modo como rejeita
quaisquer de minhas investidas faz com que eu me sinta recusado. Não
pensei que fosse tão sem coração assim.
- Por que? Por causa das normas de etiqueta? Você acredita que tem uma
conduta a seguir?
- Certamente.
- Pois ouça o que digo, querido. Isso é desperdício. E esse é um conselho
que não se aplica só nesta situação, como em qualquer outra:
- Um dia você não vai mais rir. Um dia você não vai mais chorar. Um dia
você não vai mais poder fazer o que já teve vontade. E um dia, quando
fechar os olhos para sempre, viverá uma noite eterna em que anjos lhe
manterão fisicamente adormecido. Darling, a vida é efêmera e você está
deixando que a sua escorra pelo ralo.
- Disso eu estou ciente. - Harry rebateu, um tom de quem insinua sobre algo
embaçado em sua voz. Tomlinson o encarou intrigado e um pouco confuso,
não compreendo o que aquilo deveria significar.
- O que quer dizer com 'sem propósito'? - Príncipe Edward indagou logo
que se reergueu e retornou para o posicionamento tradicional. - O que há
contra borboletinhas?
Em meio à valsa lenta, Harry aproximou ainda mais seu rosto do de Louis
(que para variar permaneceu inabalado com isso) e levou seus lábios
rosados para o pé de seu ouvido, cochichando.
Louis não o respondeu verbalmente, mas seu silêncio foi uma deixa para
que continuasse.
- Acontece que eu descobri o seu segredo.
- Eu diria que a tinta preta fresca é o suficiente para que adivinhe. - Harry
revelou, sorrindo ainda mais amplamente quando a expressão antes serena
de Louis mostrou-se genuinamente deturpada e atônita.
- Não é possível.
- Na hora certa, você saberá. - Harry falou piscando uma das pestanas e se
afastando de Louis, distanciando-se vitorioso.
Chapter Nineteen
- Nesse caso, a resposta seria todos. Bárbaros sabem como atacar e são
brutos quando o fazem. Portanto, próximo passo é compreender: quais são
suas prioridades de salvação. Comida? Riquezas? Vamos lá, debatem.
- Riquezas.
- Água e Comida.
Até que uma delas fez com que todas as outras se calassem:
- Alianças, meu caro. Alie reinos vizinhos o suficiente para que cada porção
ilhada tenha uma defesa.
- Isso não faz sentido. - Liam rebateu. - Depois ficará em uma dívida eterna
com cada um dos que te ajudaram.
- Os bárbaros são povos de ataque direto. Eles não têm táticas de guerra
senão avançar contra as possíveis tropas em um jogo sangrento.
Quando eles adentrassem os limites do reino, não encontrariam ninguém.
Então nossas tropas usariam esse momento de confusão deles, enquanto
tentam compreender o que está acontecendo, para deixar as bases secretas e
ataca-los de surpresa. - Horan completou, devolvendo um olhar firme para o
Príncipe William, o qual assentiu agradecido.
Harry sabia.
E Louis não poderia permitir que espalhasse. Fora um deslize seu, talvez o
primeiro como príncipe maturo e responsável, mas era simplesmente
inevitável e agora não havia jeito de deixar que aquilo estragasse toda uma
imagem digna que construíra.
Pelo canto do olho reparou nas poltronas de leitura onde um deles lia
solitariamente algo como um conto romântico grego.
Niall Horan.
Tomlinson acenou.
- Soa interessante.
- Serve para distração. - Niall admitiu, dando de ombros. - Aliás, você não
deveria estar falando comigo, pode lhe trazer consequências.
- Como assim?
- Harry Styles.
- Perdoe-me, vossa alteza, mas ainda não entendo o que quer dizer.
- Quem você era? - Louis perguntou com um olhar astuto. - Você esteve na
temporada passada, suponho que seus estudos sobre o Príncipe Edward
tenham um fundamento experimental.
- Ele conseguiu o que queria. - Niall pronunciou de modo que soasse como
um sussurro em um quarto escuro e sombrio. - Ele destruiu o que eu tinha,
sem remorso algum.
Para Harry é um desafio divertido ferrar com quem lhe convém.
- Eu sei que não é de minha persona inteirar-me em algo tão particular, mas
se me permite indaga-lo, como veio a repetir de temporada?
Era possível enxergar ódio através das íris escurecidas do jovem loiro.
Dos lábios de Louis nada saiu, ele assentiu lentamente sem transparecer
seus verdadeiros pensamentos para a revelação, observando calmamente o
ódio de Niall esvaindo-se aos poucos.
- Harry é horrível. Ele quer que os outros sejam tão horríveis quanto ele
porque se afundar em companhia soa menos pior. - Horan proclamou um
último momento, como uma conclusão que encerraria o assunto. - Eu já
percebi o quanto ele te persegue, Styles deixa óbvio seus objetivos. Não
permita que ele consiga, Louis. Você tem uma reputação muito forte para
zelar.
****
Não foi novidade para ninguém quando naquele domingo, no Baile das
Velas,
Harry Styles adentrou o salão de inverno de braços dados a Zayn Malik.
Hoje, quando anunciaram que este seria o último baile com a presença de
princesas por um tempo, Harry levantou-se no mesmo instante e ordenou
que seus alfaiates e os alfaiates de Zayn produzissem trajes que
combinassem entre si, como um verdadeiro capricho bizarro de casal.
No âmbito da dinastia britânica, isso era traduzido para uma noite em que
não era permitido acender os lustres suspensos no céu, somente candelabros
de porte pequeno e velas de mesa, o que concedia um ambiente mais escuro
e poético a todo o evento.
Mais uma vez ele surpreendeu a todos. E dessa vez foi por quão
exageradamente belo estava vestido com uma camisa branca de manga
comprida, bufante nos ombros e com babados volumosos no peitoral, sua
barra presa sob a costura fina da calça justa de malha preta, e sapatos
envernizados.
Pronto.
Somente isso.
Para não divergir tanto do habitual, ele era acompanhado pela fiel bengala
de cascavel Carolina e aquele par de esmeraldas coladas em seus olhos.
***
Zayn vinha sendo a nova estátua do baile, sua figura solitária parada em um
canto, escorada na janela enquanto uma taça de champanhe pesava em sua
mão.
Ele era a personificação do silêncio ultimamente.
Nunca basta.
O Príncipe de Bristok falou. Desse modo. Cru e direto. Igual uma bala de
pólvora chicoteando o ar.
- Você não me conhece o suficiente para uma alegação tão forte. - Zayn
rebateu na defensiva.
- Eu também estou. - foi o que Zayn escutou enquanto rumava seus passos
para qualquer direção.
***
Fogo.
Tão inebriante de se assistir.
Hipnótico.
Tomlinson não precisou desviar a atenção das velas para saber de quem se
tratava.
Ouviu-se um breve riso insolente de Harry. Ele não podia controlar seu
deboche, podia?
Isso finalmente fez com que Louis devolvesse seu olhar, virando a cabeça
roboticamente com o queixo erguido.
E talvez houvesse uma vela acesa por trás deles, porque seus olhos verdes
pareciam gozar de uma fogueira presunçosa.
Antes que Tomlinson tivesse a chance de contesta-lo, Harry colou sua boca
na orelha esquerda avisando:
E se afastou.
Sumiu.
Como uma névoa.
Ou como a fumaça densa resultante de um corpo em chamas.
**
Até mesmo sobre a imensa cama havia uma bandeja com velas.
Louis supôs, no entanto, que ele estava no closet, visto que o som hostil de
sua fala originara-se daquela direção.
Soube que não haveria outra saída senão seguir suas ordens.
- Muito bem, darling. Estupendo. - sua voz debochada voltou a ricotear o ar.
- Saia logo do armário, vossa alteza. - Louis pediu perdendo sua paciência,
aquele atrevido o tirava dos limites como nada nem ninguém.
Um absurdo.
Louis tem certeza que seus lábios estavam muito vermelhos pois ele
provavelmente enterrara-os no gloss, e que Harry não vestia absolutamente
nada sob aquele roupão.
Ele estava ali, sentado com uma postura tensa, uma perna dobrada sobre a
outra e os braços descansando no colo. Louis jamais demonstrava o
nervosismo, embora estivesse inspirando em descompasso e engolindo
saliva mais do que o normal. Isso tudo porque simplesmente compreendia
que estava nas mãos de Harry, impotente naquela situação.
Uma barco à deriva esperando que o vento o soprasse.
Talvez Styles quisesse naufraga-lo.
- Temo que as normas da decência não tenham falado tão alto quanto suas
vontades primitivas, certo? - Harry sibilou, um sorriso perigoso sendo
exibido à medida que caminhava saltitante no perímetro do cômodo,
circundando a cadeira onde Louis estava acomodado. - Criado sob normas e
normas como todos nós, quem diria que o impecável Louis William
Tomlinson cometeria tal delito.
- Você certamente sabe que é proibido retratar pessoas nuas. O que piora
considerando que elas não são só moças da alta sociedade, como são
princesas. E pior, você é um príncipe. - Harry proferiu encenando uma
expressão de repreensão desdenhosa enquanto girava sozinho pelo quarto.
Louis inspirou fundo, desarmado. Ele tinha de confessar que Harry estava
certo. Ele tinha de arcar com as consequências, sejam quais fossem.
Harry virou sua cabeça para o lado, na direção do menor, olhando por cima
do ombro e apoiando seu queixo no mesmo, proferindo lenta e suavemente
enquanto a manga de seu robe escorregava pelo seu antebraço, deixando a
clavícula desnuda.
Okay.
Okay.
***
Oh, e havia Coralina também. Harry insistiu para deixar a bengala aparecer
no retrato, tendo sua mão esquerda sustentada na cabeça da cascavel, o par
de esmeraldas nada modesto se sobressaindo.
Ele mantinha a mesma feição excitante e intensa, seus grandes olhos verdes
não abandonaram os de Tomlinson um segundo sequer - mal piscavam,
permanecia com o queixo erguido e a boca um pouco entreaberta. Seus
cachos o caíam da melhor maneira.
Ele era o príncipe desvergonhado, desvirtuado, petulante que com suas duas
covinhas graciosas e um olhar quase ingênuo parecia representar a
inocência.
Era a quebra definitiva de Louis para a boa conduta, e sua irreverência com
relação a dogmas e crenças oficialmente aceitos.
Não que ele fosse cometer outros delitos, mas a execução oficial do
primeiro deles (e o reconhecimento de tal) já era uma enorme ruptura aos
antigos preceitos "louisianos" de existência, em que elevar o tom de voz
soava inaceitável e termos como "não sei' eram considerados porcos e
preguiçosos.
Mas quem diria que este mesmo príncipe de cera e normas estaria
desenhando outro príncipe seminu.
De fato, o título que dera para seu trabalho estava escrito no canto esquerdo
superior, com letras deitadas e corridas.
"Inescrutável".
Nem se o orgulho de Styles fosse maior que este palácio ele seria capaz de
negar a si mesmo ou verbalmente o quanto Louis era talentoso e
transformara sua foto em uma imagem tão expressiva e marcante.
Seu rosto magro, seu nariz afilado, seus olhos inebriantes e energéticos,
suas clavículas desnudas, a forma que o robe moldava suas curvas
corporais, o detalhe dos músculos de suas finas canelas, seus pés
(melhorados), seus cabelos reproduzidos como cascatas indomáveis, seus
lábios cheios entreabertos, sua fiel bengala, Carolina.
- Arte não é o que faço, arte é o que vejo. - Tomlinson rebateu, virando o
rosto para cima, encarando firmemente Harry. - Meu trabalho é só
transcrever para o papel. Você foi um bom modelo, vossa alteza.
- Temo avisa-lo que sou eloquente, muito persuasivo, quando desejo algo a
meu favor, Príncipe William.
- E o que significa?
- Príncipe William?
A criada que espanava a mobília parou seu afazer para olha-lo de canto.
Kristen, que costurava com um alfaiate um novo traje para ser usado no
evento do próximo domingo sentados no canto do quarto, levantou-se
imediatamente e se aproximou do Príncipe de Arlen, colocando uma
remenda de tecido em seu pulso.
Assim que o disse, batidas escoaram na porta de seu aposento. Cindy largou
o espanador sobre o criado-mudo e foi atende-la.
- Talvez pegue fogo mesmo. - a criada sussurrou assim que abriu uma
pequena fresta para ver quem era.
- Quem é?
Sua figura limpa e energizada apareceu na entrada, fazendo com que todos
o encarassem assustados pelo atrevimento.
Deveriam estar acostumados, sinceramente.
- Nojento. - Malik cuspiu negando com a cabeça para sua falta de senso.
- Harry, não estou com o mínimo de vontade para nada hoje, eu gostaria de
ficar sozinho.
No entanto isso não incomodou Harry nem um pouco, o qual sentou em seu
colo, uma perna em cada lado de seu corpo.
Seu jeito, contudo, obteve o efeito contrário ao que Zayn empurrou Harry
com força para o lado, fazendo-o cair de costas atordoado no colchão.
- Basta, Harry! - rugiu nervoso. Seus olhos escurecidos diziam tudo. - Não
vou mais tolerar essa sua manipulação barata, saia já do meu quarto ou eu
juro que te mato aqui mesmo.
Todos sabiam como além de dominar uma beleza sublime, invejável, Zayn
também era verdadeiro. Ele tinha uma bondade genuína em seu coração de
forma que todos os elogios e adorações não alterassem em nada seu estado
de espírito humilde e gentil.
O herdeiro de Arlen era alguém digno do trono, do título, da aparência.
Ele se destacava naturalmente.
Harry adorara-o e o ambicionara logo de início.
- Bom, não é recíproco, vossa alteza. - Zayn cuspiu, seu jeito ácido
esclarecendo que nenhuma insinuação de Styles o conquistaria. - Agora, se
me dá licença, eu quero dormir em paz.
- Zayn, é sério, eu preciso de você nesse momento, por favor. - algo em sua
voz soava um desespero cru. - E eu não estou mais me referindo a sexo.
Um aceno curto e rígido realizado por Harry foi o bastante para finalizar
aquele cenário.
Ele foi embora à passos pesados.
Mas também se tornou mais recluso, e quem olhasse para Harry durante as
aulas teóricas e práticas, os banquetes e cafés da manhã, não o
reconheceriam.
Nem mesmo sábado, em que os príncipes ficavam com mais horas vagas
entre as aulas, houve indícios do volumoso cabelo cacheado, ou de
indivíduos se esgueirando pelo corredor de madrugada fugitivos do covil do
pecado.
Claro, Styles ainda dava seus sorrisos desdenhosos e forçados, mas tudo
piorou quando ele surgiu com roupas... Normais.
Ele estava formal, e, evidentemente belo, mas aquilo não era Harry.
O rei chegou no Palácio com trinta minutos de atraso - ele podia, claro, e
sua presença soberana fez com que todos os jovens príncipes se curvassem
em uma reverência coletiva de imediato.
Louis, que estava do outro lado do salão, segurando uma taça de martini, o
assistiu com um olhar astuto.
Muito astuto.
Compreendendo exatamente a razão disso.
"Espero que fiquem mesmo" suspirou sorrindo "A opinião do Rei da França
é realmente importante em todos os aspectos". Lorena comentou, fitando-o
com aqueles olhos verdes claros enquanto sorria envergonhada.
"Ele visitou Riverland alguns verões atrás, não parecia ser uma pessoa
difícil de lidar" Tomlinson argumentou, recordando das tardes em que o rei
ficara hospedado em seu castelo, tratando de assuntos comerciais com
Mark.
"Eles não se dão bem, o rei da França humilha o Príncipe Edward" Lorena
explicou, largando uma das luvas pronta em cima do criado-mudo e
trabalhando na costura da outra. "Ao menos foi o que eu escutei por ai".
Louis continuou com uma feição surpresa no rosto, e ao nota-la, Lorena
prosseguiu:
"Eu não sei. Talvez por conhecer o garoto desde pequeno seja exigente com
ele. Mas definitivamente deve intimida-lo. Escutei que na primeira
temporada do Príncipe Edward, o rei franco esnobou ele, e o humilhou na
frente de todos os outros".
Aquele diálogo com Lorena o deixou intrigado, porque ela tinha um ponto.
Todos conheciam Harry Edward Styles.
Ou melhor, achavam que conheciam.
O mesmo Harry que há uma semana mudara da água para o vinho e parecia
estar com o rabo entre as pernas, quase pálido enquanto se afastava da
figura grandiosa do rei franco.
Quem tomara algum segundo de sua ocupada vida para se questionar como
andava a saúde mental e física do Príncipe 'asqueroso'?
Ninguém, porque ele não merecia o zelo ou carinho alheio, certo? Afinal,
ele era um idiota na maior parte do tempo...
Há uma corrente filosófica a qual alega que aquilo que você mais se faz ser
por fora, é o que menos é por dentro. Do que mais esnoba, é o que mais lhe
falta.
Dos sorrisos que entrega, poucos são verdadeiros.
Mas, foi quando anunciaram a hora da valsa principal da coroa, que tudo
desmoronou. Pois na ausência de princesas e damas para os acompanharem,
eles deviam escolher seu par em um dos outros príncipes, bailando sob a
supervisão do rei franco.
Francamente isso era mais um modo subliminar para que o rei avaliasse
quais seriam as escolhas de alianças futuras, visto que os príncipes
dançariam com quem possuíssem mais amizade entre si, o que
provavelmente penduraria até depois da temporada e geraria pactos inter-
reinais quando fossem coroados.
- Sim?
Era aquela velha história do "serve na cama, mas não fora dela".
Cruzava o salão com os braços cruzados atrás das costas, em uma pose
soberba, queixo erguido e as lagoas azuis cálidas, completamente ciente de
que era observado pelo rei durante seu percurso.
Seu convite bastou para que o espanto de Edward se amplificasse mil vezes,
levando-o a torcer o nariz, uma pitada de orgulho ainda beirando sua voz,
mas a surpresa se
sobressaindo.
- O-o quê?
***
Eu tenho a sensação que essa Fanfic não funcionou, não sei porque mas
acho que os leitores não estão gostando muito. Eu entendo que ela seja bem
maçante na escrita, mas eu juro que conforme o tempo passa ela vai
ficando mais emocionante e tals.
Deem uma chance pra ela, por favorzinho?
- Porque você sabe exatamente o que isso significa, não se faça de idiota
Príncipe William, está sujeitando sua reputação ao dançar comigo. - Harry
explicou.
Havia uma clara mágoa ao o proferir, como se doesse admitir que ele não
era uma companhia digna.
Mas também, na borda de suas emoções, estava um resquício de comoção.
O que era raro e quase milagroso flagrar Harry comovido por algo. Ele
estava genuinamente aliviado - sim, aliviado era a palavra - que alguém o
escolheu. Que alguém o puxou daquele canto solitário e vergonhoso de se
estar.
Alguém quis algo além de se aproveitar de seus convites hedonísticos.
E isso era... Era uma coisa.
Styles se viu de repente suprimindo um sorriso bobo nos lábios pelo quão
grato estava - mesmo que jamais fosse engolir seu orgulho para verbaliza-
lo.
Acolhedor.
- Eu acho que todos nós estamos um pouco quebrados. Todos nós fazemos
pedidos mudos de socorro. Todos nós, às vezes, estamos silenciosamente
esperando sermos resgatados. - Louis proferiu, um pouco distante, sua
pronúncia soando perdida entre os acordes dos violinos e os passos
sincronizados da valsa.
- Oh, jura? - havia uma gota de ironia na voz de Tomlinson (o que foi uma
surpresa para ambos, porque o herdeiro de Riverland nunca abria mão de
sua austeridade e cordialidade). - E por que você não pode simplesmente ser
você hoje?
- Não sei do que está falando. - Harry reverberou, seus dentes rangendo,
transmitindo uma raiva iminente através das gramas de verão, ou musgos, já
que as esferas verdes estavam mais escurecidas que o usual.
- Não sorriu uma única vez desde que entrou no salão. Nem mesmo os seus
sorrisos falsos.
- Não preciso estar sorrindo para demonstrar que estou feliz. - defendeu,
desviando sua atenção das lagoas profundas e levando-as para o horizonte,
em direção nordeste, avistando com facilidade o rei Franco sentado em seu
grande 'trono' improvisado enquanto assistia ao baile atentamente.
Onde?
Dito isso, Tomlinson fez uma reverência final para o espantado Harry Styles
e recuou os passos, prestes a se afastar, pois a valsa havia se encerrado e os
príncipes teriam um intervalo para degustarem melhor os queijos, vinhos,
socializarem e apreciarem a música clássica.
Isso porque você não sabe sobre os retratos que fiz de sua filha nua.
Tomlinson pensou, uma onda de culpa aglutinando sua pose de futuro rei,
sorrindo educado para o monólogo incessante de um dos franceses mais
ricos e influentes.
Estava.
Quase meia hora depois o próprio rei Franco o puxou para um diálogo.
Mas então um apito vermelho chacoalhou sua mente o alertando que talvez
ele não fosse tão honesto e gentil assim já que era capaz de intimidar o
inabalável Príncipe Edward.
Deveria ter acometido um grave crime para gerar tal proeza - não que Harry
não tenha provocado talvez, mas..
- Fico contente em escutar isso, sua família é bela. Tenho plena convicção
que quando Mark lhe passar o trono manteremos relações amistosas,
Príncipe William. Será um rei faustoso.
****
Era meia-noite.
Era uma meia-noite de névoas.
Ele suspirou. Havia claramente uma dor contida em sua fala, havia
nostalgia também e uma pitada de desdém (porque não seria Harry se não
houvesse desdém).
Styles o encarou em silêncio por breves segundos, para retomar seu olhar ao
chão.
- Ele e meu pai são muito amigos, sempre está nos visitando em Malta.
Desde que eu era uma criança ele me perseguia em suas estadias. - proferiu
penosamente, imitando a voz julgadora do rei. - "Muito afeminado, muito
extravagante, muito expressivo".
Um corvo solitário entrecortou em um voo rasante pela trilha de coníferas,
pousando delicadamente na borda de uma fonte vitoriana. Styles passou a
fita-lo com a feição neutra, distante, quase avoada.
O que soou dois minutos de quietude passados, o maior quebrou-o por fim:
- Como eu não mudei, durante minha adolescência ele.... Ele... - mas suas
palavras não se soldavam em sua língua, uma trava mental as impediam de
serem libertas. - Me punia, ele...
Assim, descobrir que Harry era abusado em seu próprio palácio de seu
próprio reino pelo rei Franco era repugnante.
Foi uma faísca que ateou fogo no pavio de Tomlinson. Uma raiva primitiva
consumindo seus dogmas e boa conduta.
- Por favor, eu lhe peço, não diga nada a respeito, nem agora ou nunca. É
um assunto encerrado. E morto.
Portanto, tudo o que fez, quase ao próprio pedido de Harry, foi se levantar
do banco rígido e gelado e se afastar, encaminhando seus passos pesarosos
para dentro do palácio e guardando-se em seu aposento.
Louis a sentia como uma irmã mais nova, sempre querendo protegê-lo e
esperando retornar ao quarto para garantir que estava bem.
Ao acorda-la ela o ofereceu para trazer uma xícara de chá, o qual aceitou de
bom grado, e foi finalmente se deitar em seu próprio lugar, no quarto dos
empregados.
Episode: Enemy
- Cavalheiros, devo lembra-los que esta será nossa última semana de aulas
regulares antes que comecem os sete dias de provas. - Don Luminiére
(ninguém entendia sua função no palácio) avisou-os enquanto os príncipes
sonolentos apreciavam o café da manhã na grande mesa do Salão A, sendo
interrompidos pela pronunciação do homem. - E qu-
- Sim, vossa alteza. Na semana que vem vocês farão provas diariamente,
tanto teóricas quanto nas atividades de tarde. Segunda, por exemplo, prova
de história e política pela manhã, hipismo após o almoço. Haverão duelos
de espada, apresentação instrumental e afins no decorrer da semana.
(Deve-se ressaltar que bastou o rei Franco ir embora com o nascer do sol
que o emaranhado de cachos já surgira na classe com seus típicos trajes
chamativos, seu sorriso grosseiro e os anéis nos dedos. Como um passe de
mágica, Harry estava de volta. Ele, Carolina, diamantes, e tudo mais que o
compunha).
Era terça-feira. Após o café e o fim das aulas de geopolítica os jovens foram
para o campo.
Silêncio.
- Vejo que está me dando uma colher de chá hoje, Príncipe William. Não há
o porquê disso. - Andrew murmurou sorrindo lateralmente.
- Não imaginei que o faria. - deu um passo para trás, esquivando da ponta
do sabre. - Minha perna deveria estar melhor. - eventualmente comentou,
suspirando profundamente quando uma fagulha de dor o serpenteou.
- Como pode ter tanta certeza de que foi ele? - Louis indagou, sinalizando
para que desse um intervalo e descansassem um pouco.
- Bom, tenho certeza que foi ele. - proferiu, retomando o diálogo. - Estava
escrito naquele jornal.
- Bom, e quem garante que o jornal não mente? - Louis rebateu, colocando
seus braços atrás das costas em uma pose ereta.
- Ele é mais esperto do que isso, deve tê-lo feito por saber que errou. Nós
conhecemos sua reputação, afinal.
Os dois jovens realizaram uma troca de olhar profunda, traduzida para uma
sensação intensa e sóbria.
- Querido, pensa que eu não noto o modo que me encara? Você ainda sente
raiva e está em busca de sua vingança. - disse-o, flexionando mais os
joelhos para golpeia-lo por baixo.
- Posso reter rancor, Harry, mas garanto que não sou cru como você ou
mesmo sujo. Eu tenho minha honra a zelar.
- Não é de sua conta nada sobre a minha vida! Qual é o seu problema?! -
Horan rugiu, pisando em falso ao recuar de uma investida de Harry e
acabando por tropeçar em uma pedra, o que o fez perder o equilíbrio e cair
de costas na grama.
- Niall, Niall. Quantas vezes terei de lhe provar que você não tem a menor
chance comigo, hum?
Styles não relevou o deslize do príncipe, apontando a ponta de seu sabre
sobre seu peito ofegante apesar de Horan estar esparramado no chão ao
desequilibrar-se.
Visto daquele ângulo, com uma pose soberba e superior, Harry parecia
ainda mais arrogante, zombando a vulnerabilidade de Niall e esfregando-a
em sua cara.
- Até semana que vem, onde perderá publicamente... Mais uma vez.
Niall suspirou, pronto para se levantar, quando notou uma mão estendida
em sua direção.
- Como assim?
- Certo, mas?
- Mas força não o levará a nenhum lugar, vossa alteza. Se quer vencê-lo, ou
vencer qualquer indivíduo que recorra sempre à força, precisa de uma
estratégia melhor, como agilidade.
- Agilidade?
Tomlinson assentiu.
- Quem opta por golpes brutos só enfrenta de frente. Vá pelos cantos, use o
cérebro ao invés dos braços. - proferira enquanto adentravam na ala das
escadarias.
- Disponha.
****
______________________________
Quarta-feira, 14/07
Será que o mais cobiçado príncipe dos olhos de mel se enjoou de toda a
extravagância e superficialidade ambulante que é Harry Edward Styles?
Pensando que a noite não ficaria mais estranha, ocorre a valsa dos
príncipes, em que o par de Harry Edward Styles (que honestamente parecia
desolado e solitário em seu canto) foi o sucessor do trono de Riverland, o
aclamado jovem Louis William Tomlinson, que desafiou o
comprometimento de sua imagem e reputação, pela massa de pecados que
significa estar em companhia de Styles.
Será que o moreno dos olhos azuis é o novo affair da cobra? Ou então o
confidente?
Essa história poderá ser reveladora.
______________________________
••• notas da autora: relaxem, o que aconteceu no baile será falado no próx
cap. ❤
Chapter Twenty Four
A Drinking Song
- W. B. Yeats
- W. B. Yeats]
- O que acha que ele quis dizer com isso? - Lorena indagou, seus braços
atrás das costas e um olhar curioso ao passo que Louis terminava de recitar
a carta, sentado ereto em seu colchão enquanto a lamparina do criado-mudo
iluminava a superfície do papel. - Ele deixou a mesma carta na porta de
todos os príncipes.
- Hum, deve ser mais outro de seus devaneios. Têm se tornado frequentes
há um tempo, sim?
- Bom, ao menos Harry tem um bom pendor para literatura, William Butler
Yeats é renomado por seus poemas vitorianos.
- Achas que o Príncipe de Malta quer dizer algo com essas citações? Um
código secreto? - a criada questionou, piscando rápido.
Tanto é que já devia ser quase onze da noite, horário que as empregadas
reais estavam supostamente em seus próprios quartos e os príncipes
deveriam descansar em paz, preparando-se para o dia seguinte.
Portanto, foi uma surpresa geral quando àquele ponto da quarta-feira muito
após o jantar escoaram-se fracas batidas na porta de seu dormitório,
advertindo que alguém pedia para adentrar.
Ele parecia desconcertado por definitivamente não esperar que outra pessoa
além de Louis estivesse naquele quarto, assustado por ter sido flagrado ali.
Se Louis estava surpreso ou perplexo, ele claramente não expôs nada além
de um sorriso cordial e um aceno com a cabeça, sempre inatingível e
austero.
Pela quase queda, seu rosto enrubesceu e ele gastou alguns segundos
alisando seu smoking preto, dissipando o constrangimento.
- Mas eu nem sequer sorri. - rebateu com um ar divertido, tocado pelo modo
envergonhado que o príncipe de Malta ficara após o incidente.
Tudo dizia sobre sua personalidade, havia quase um Louis em cada mobília
de ébano maciço, uma elegância requintada e fina, sem exageros, porém
vistosa.
Completamente o oposto do interior do quarto de Styles, cujos móveis
cheiravam a verniz, eram lustrados, brilhantes. Onde as cortinas cobriam
quase paredes inteiras e os tapetes egípcios gozavam de fios de tecido
dourado.
Ele era um pedacinho de gelo por dentro e se demonstrava ser uma figura
calorosa por fora, enquanto que Louis aparentava-se um floco de neve fria
por fora, mas possuía um calor inconfundível em seu interior.
No final, tudo se resume àquilo que você quer ser para os outros, em vez de
si mesmo.
Harry olhou por alguns segundos para a cama como se ponderasse o que
deveria fazer, então optou por acomodar-se na poltrona que estava ao lado,
cruzando as pernas formalmente.
Styles concordou, talvez aliviado por não ter que verbalizar o que pretendia
falar.
- Então você vem até o meu aposento para zombar de mim, entendi.
- Prometi a mim mesmo que não o faria, mas você o torna uma missão
impossível.
Por um momento, uma fagulha serpenteou por trás das orbes de esmeraldas.
Um brilho quente acendeu-as de modo que se parecessem com faróis, ou
com pisca-piscas de natal - a sentença mágica natalina induzindo-as ao
espírito de esperança.
Perplexo demais.
Impactante demais.
Utópico demais.
A palidez em sua face declarava o suficiente para que Louis enrugasse sua
testa em uma expressão confusa, transmitindo um 'o que foi?' diante todo o
alvoroço.
- Com o que?
- Nenhum príncipe quis ser meu amigo antes. - Styles segredou, fixando
suas pupilas na figura do moreno, nas lagoas azuis, a complexidade exibida
naqueles vincos faciais.
- Eles não têm muita culpa por isso, certo? - Tomlinson indagou. Sincero e
doloroso.
- Então... por que você quer? Por que q-quer ser meu amigo? - algo ali
soava como um grunhido de dor.
Era o gato de rua, abandonado e arisco, que tinha uma ferida ardendo em
sua costela, e se sentia ofendido e perdido.
Não era o seu corpo que o fazia um humano, e sim sua insegurança. Sua
insegurança - bem escondida quase sempre - o trazia a humanidade que o
ouro e os diamantes constantemente o tiravam.
Foi apenas por essa razão que Styles acreditou na sinceridade dele.
Por essa razão que ele se limitou a assentir em concordância com o decreto
pouco elaborado do menor.
- Ah, qual é? Cadê seu orgulho próprio? Não me venha dizer que não ficaria
deprimido diante uma derrota.
- Jura? Porque para mim não. Não há nada mais prazeroso do que escutar
seu adversário reconhecendo o fracasso ao murmurar Touché com aquela
indignação azeda nos lábios. - reverberou, piscando anestesiado.
- Talvez você devesse rever seu conceito para felicidade, Príncipe Edward.
Tomlinson fingiu não ter escutado a intensidade da fala, optando por mudar
o rumo da conversa.
- Certo, desde que fui criticado assim, me resuma o que é felicidade na sua
concepção.
- Creio que uma noite de sereno, sob o céu limpo da Grécia, degustando
uma fatia de queijo brie combinada com uma taça de Chardonnay ao som
de violinos no fundo e a companhia de algum escritor vitoriano, Yeats
provavelmente.
Mas dos lábios finos de Tomlinson não se escapou sequer uma risada, ele
engoliu a diversão e proferiu em um tom sério - porém visivelmente
brincando.
- O que diz?
Sinceridade.
Sinceridade. Um termo quase inexistente para Harry, será que ele já foi
algum momento completamente sincero quando adicionava sarcasmo e
deboche para mascarar suas verdadeiras significações?
- Pelo contrário. - Louis garantiu, olhando-o no fundo dos olhos para que
Harry fosse capaz de agarrar a sinceridade transmitida pelas lagoas azuis. -
Eu o invejo. Você consegue ter um olhar leve e colorido da realidade, de tal
forma que a maioria de nós não é capaz, vossa alteza. Admiro-o pela
concepção espirituosa que estabelece aos menores detalhes, por mais
supérfluos que sejam.
- Mas, como todos que me julgam, não gostaria de ser como eu, certo?
Afinal quem quer ser o príncipe maluco com os pés na lua e o desprezo da
família. - Styles murmurou cheio de desdém, entendendo que Louis era no
fundo mais um dos que o achavam um estúpido que não sabe se portar ou
pensar da maneira suposta a um futuro rei. Ele recuou o contato físico e
restaurou sua posição original na poltrona.
- Mas são poucos os domadores de tal virtude. Você não se torna especial,
você nasce especial.
- Bem, nem sequer disse metade. Deveria mencionar que o senhor anda por
aí acompanhado de uma bengala com formato de cobra? E literalmente a
batizou com um nome?
Unanimemente Harry parecia não ter ninguém ao seu redor que quisesse
verdadeiramente entende-lo. Sim, haviam alguns que o idolatravam e
ficavam a sua mercê para qualquer desejo.. Mas... Mas no fundo eles
estavam se aproveitando.
E quem não se aproveitava, o julgava, ou o repudiava, ou o criticava...
Talvez fosse o que Harry precisasse todo esse tempo... Um par de ouvidos e
um pouco de atenção.
Styles fazia tantas besteiras para ter atenção geral que no fundo era outro
tipo de atenção que ele carecia.
Quando você adota um animal de rua, você nunca será capaz de saber pelo
o que ele passou, mas você terá uma leve noção a partir dos traumas que ele
trouxer do passado.
Styles desviou seu foco para o próprio colo, subitamente sentindo-se muito
tímido e impotente para aquilo.
- Eles atiravam pedras nela enquanto a cobra corria para a floresta. Ela foi
evidentemente acertada no percurso por uma das grandes e parecia doloroso
demais para ela continuar rastejando e se salvar.
- E-eu não queria. A cobra estava praticamente já morta, mal se mexia, não
havia necessidade daquilo. É um animal, apenas igual a nós, e ninguém
deve machucar um animal. - sua voz se quebrou. - Eles estavam me
pressionando e foi difícil de suportar, tudo que fiz foi correr como um
covarde em direção ao palácio.
A acidez de seu tom era o suficiente para delatar o quanto de rancor ele
tinha pelo episódio.
- Sente-se orgulhoso por isso? De ter aberto mão de quem era para se tornar
alguém odiado e repudiado pela maioria? - Louis indagou, curto e doloroso.
Ele nunca mediu muito suas palavras, eram sempre honestas demais
independente do quão cruas e esmagadoras soassem. - Valeu a pena?
Harry por fim levantou sua cabeça e encarou-o significativamente com suas
orbes frias.
- Então por que você continua a trazer nos dias de hoje fragmentos do
passado? Por que ainda anda com a cobra de bengala? Presumo que ela
tenha importância inestimável.
Louis não disse nada. Nem precisou. Era claro que tinha consagrado seu
ponto e sugado de Harry a revelação previsivelmente auto-esclarecedora.
Seu ato não passou despercebido por Harry, que imediatamente tratou de se
levantar um pouco sem graça, esticando o tecido da calça que se amassara.
- Foi uma boa conversa. - Louis decretou, sua voz calma e quase
preguiçosa, um sorriso extenso formando rugas nas laterais dos olhos azuis.
- Obrigado, vossa alteza. - desdenhou uma última vez (ora, era engraçado) e
fingiu uma reverência irônica, rindo no final. - Tenha uma boa noite.
Talvez fosse exatamente essa atenção que Harry tanto almejara ganhar.
***
Notas da autora: heeeyy gente. Eu vou ficar um tempo sem postar aqui por
enquanto.
Um porque preciso trabalhar na parte de divulgação dessa fic, eu sou
péssima nisso.
E dois porque não tenho estado muito inspirada, preciso encontrar algo
que me traga fertilidade artística.
❤ até uma próxima. Prometo que quando voltar farei uma longa maratona.
Chapter Twenty Five
- Uh, eu definitivamente não gostei dessa cor, por que não escolheram o
verde em um tom mais claro? - Lorena resmungou em um canto do quarto,
pendurando o terno verde musgo elegante que confeccionaram para Louis
vestir naquele dia.
Jezebel revirou seus olhos para a fala da irmã, depositando a bandeja com
uma xícara de chá quente no criado-mudo, curvando-se ligeiramente em
direção ao corpo do príncipe repousado no colchão.
Sua feição de tédio era bem auto-esclarecedora, mas ainda assim ela
sussurrou para que somente Louis escutasse.
- Uh, Lorena não gosta do herdeiro de Malta perto do senhor, ela crê
veemente que ele acabará sujando a imagem do senhor, ou o abalando de
algum modo. - Jezebel acrescentou.
Louis não pôde segurar uma breve risada incrédula para aquilo, porque
sinceramente foi hilário de se escutar e Lorena deveria ser considerada o ser
mais adorável desse planeta.
A partir dessa demonstração Louis decidiu que era a hora de ter uma
conversa com sua fiel companheira de dezessete anos e um temperamento
típico de adolescentes.
- Jezebel, será que poderia deixar-me alguns minutos a sós com Lorena? -
pediu educadamente, sendo retribuído com um breve aceno em
concordância e uma última reverência antes que a loira saísse do quarto.
- Sim. - ela disse sem rodeios, largando seu serviço atual e indo se
acomodar ao lado do príncipe.
Foi mais fácil e direto que pensou que seria, Louis concluiu.
- Lor-
- Ele leva outros príncipes para o quarto toda noite, corteja damas casadas,
cria armadilhas para as pessoas! Louis, ele é malvado. Eu sinto que ele é
malvado.
Louis parou e se recordou do diálogo que tivera certo tempo passado, onde
Zayn criara um bom ponto.
Isso foi um pouco fora dos limites, sinceramente. Porque ela era uma
criada, e estava insinuando coisas terríveis sobre um príncipe, sobretudo
mencionando que a intenção do mesmo era atrair Tomlinson para seu covil.
- Sinto que está sendo enganado, vossa alteza. É um sexto sentido meu
avisando que isso não acabará bem. Além de que o senhor é uma pessoa tão
boa, de coração puro, relacionando-se com um homem... - seu nariz se
franziu em uma careta de repúdio. - Intragável, maldoso e perverso.
- Não acho que ele seja verdadeiramente assim. É só uma defesa natural.
- Ele não irá. - Louis garantiu, com tanta certeza e confiança que até
aparentava-se um vidente seguro de suas previsões futuras.
- Por quê?
- Certo.
Ela concordou.
- Outro dia, essa mesma pessoa se aproxima de novo, incitado pela tristeza
que aquele cachorrinho sempre carrega no fundo do olhar. E, novamente,
ele é mordido. Mas, dessa vez, ele não vira as costas ou desiste. Ele
permanece ali, próximo, e aos poucos leva sua mão para perto do animal. O
cachorrinho não permite que ela faça carinho, no entanto também não o
ataca como anteriormente.
- Uh, isso é altruísta.
- Isso é humano.
- Com o tempo, ele teve a sua amizade, e decidiu levar o cachorrinho de rua
para a própria casa, onde não se sentiria mais solitário, não sofreria maus-
tratos ou se assustaria com as madrugadas sombrias. - pausou, respirou e
prosseguiu. - Me diga, Lorena, o cachorro irá mordê-lo novamente?
- Não.
- Irá ataca-lo?
- Não.
- E sabe por que não? Porque a pessoa ganhou sua confiança. Ele
obviamente avançava em cima dos outros antes porque ataque era sua
melhor forma de defesa, uma vez que você está sozinho.
- E por que o senhor se disporia tanto a ser essa pessoa logo para Harry
Styles?
Louis inspirou fundo, levando sua cabeça em direção à janela do lado, onde
sabia que veria exatamente a figura de Harry caminhando sozinho pelos
jardins, da mesma maneira que o príncipe fazia todas as manhãs, era
praticamente uma rotina - não importa o quão fria amanhecesse- ele sempre
estaria perambulando em meio aos canteiros, parecendo sem rumo e um
pouco perdido, ora parando para apanhar uma flor, ora sentando-se em um
dos banquinhos de madeira para observar em silêncio o canto harmônico
dos pássaros.
Isso bastou para calar a garota, parecendo o suficiente para captar toda uma
moral túrgida como desfecho.
- Ele é só um humano. Nós todos somos. Nós todos merecemos um pouco
de carinho, sim? - acresceu.
O ponto positivo sobre isso foi que os jovens foram liberados às 17 horas e
a partir de então teriam tempo livre para dormirem, socializarem no Salão
dos Homens, estudarem ou, você sabe, irem à festa particular que Harry
estava organizando para aquele final de noite, que, de acordo com sua visão
inconveniente, deviam celebrar o último momento antes de passarem pelo
inferno de provas que os aguardavam para a manhã seguinte.
***
Liam Payne se acomodara com uma vida mais humilde que a dos demais
príncipes. Em seu reino, Bristok, o palácio real era de proporções
relativamente menores, e a família renegara muitos dos benefícios que
deveriam lhes ser concedidos por direito, como a promoção de banquetes
particulares - eles sempre deixavam aberto para a população, sobretudo aos
menos afortunados que não teriam o que comer -, confecção de vestuário
menos incrementado, dispensa no uso de joias.
O rei ensinara aos seus filhos sobre a prática do Dandismo, e a importância
de passar a vida pregando simplicidade.
Portanto, desde cedo Liam aprendera a não distinguir pessoas por seu
estamento, e se for muito honesto consigo mesmo a única vez que se
apaixonara fora aos dezessete anos, por uma de suas criadas, Sophia. A bela
jovem beirava os dezenove e possuía um par de olhos quentes, assim como
o sorriso mais acolhedor que ele já vira.
***
Suspirava entre uma dosagem de seu chá de canela e ervas cidreiras e Oscar
Wilde. O Retrato de Dorian Gray sustentado pela articulação de seus dedos
direitos enquanto a mão esquerda ocupava-se segurando a alça da xícara de
porcelana.
Louis vivia constantemente nesse seu próprio espaço. Desde pequeno. Não
era raro tardes em que Johanna procurava pelo filho do meio em todo o
palácio, encontrando-o sozinho em alguma sala escura enquanto seus quatro
irmãos brincavam no jardim.
E isso não se dava porque o garoto era tímido ou retraído, pelo contrário,
seu carisma e humildade conquistavam facilmente simpatia . Mas...
Tomlinson cultivava um fascínio na solidão, em contrapartida à sua própria
opinião de que ninguém deveria se sentir sozinho, ele próprio a apreciava.
O poder do álcool.
- Hum?
Tomlinson não impediu que uma breve risada escapasse de seus lábios, mas
então ele meio que se deu conta de algo.
- Eles... Hm, você não.. Não fez isso enquanto estava bêbado, certo? -
certificou-se, piscando com um olhar apurado e preocupado para o maior. -
Ninguém lhe abusou ou algo assim..?
Styles durante uma fração de segundo - uma rápida fagulha de uma margem
mínima de tempo - pareceu congelar as pupilas em um ponto fixo,
engolindo uma quantidade grande de saliva. Mas, sucessivamente, encarou-
o com olhos cegos, libertando uma gargalhada (que honestamente soava
como um riso forçado), rindo de modo que o sorriso não alcançasse as
gramas de verão, e o som não concedesse autenticidade para seus atos.
Okay.
Talvez não fosse apenas álcool.
Talvez fossem alucinógenos.
- Queria companhia? - Tomlinson sugeriu desde que Harry parecia sem jeito
demais para concluir a própria frase e admitir qualquer coisa que ferisse seu
orgulho.
- Sim.
Styles adotou uma postura mais séria, fitando-o naquela intensidade ardente
que suas orbes verdes azuladas pudessem queima-lo.
- Louis. - sussurrou.
Eles estavam a uma distância segura, caso contrário seria um grande risco
ficar próximo de Harry quando ele aparentava mais agitado do que nunca,
como se uma dose excessiva de adrenalina circulasse por suas veias naquele
instante. Talvez fosse exatamente o caso.
- Não há patrulha nas portas dos fundos, perto da ala dos empregados.
Podemos sair por lá.
Harry dizia aquilo com tanta certeza. Com tanta simplicidade. Nem parecia
que ele estava trazendo uma proposta tão utópica quanto aquela.
- Vossa alteza, não sei aonde sua cabeça está no momento, mas é evidente
que não há chance alguma de que eu corresponda à uma sugestão como
essa, especialmente nessas condições.
- Pare com essa chatisse de um velho rabugento. Vamos lá, sair um pouco,
respirar o sereno e-
Harry quebrou a quietude, indagando-o com a voz tão baixa que fora um
verdadeiro desafio escuta-lo.
- Qual é o seu maior defeito?
- Errado. Errado.
Louis não esboçou uma reação facial para sua alegação, continuando
sustentando seu olhar, escutando educadamente o que quer que Styles
estivesse dizendo.
- Enquanto você se recusa a se riscar, está se recusando a viver. A vida
começa onde o conforto termina. - Harry acrescentou, um sorriso lateral de
covinha afundando atrevidamente. - Então, eu irei lhe repetir uma segunda
vez, Príncipe William. Uma corrida pelos jardins, um mergulho no lago, e
uma constatação de que estou completamente certo.
Ele parecia ser o tipo de adulto que acordaria no meio da noite para tocar
piano. E que esconderia-se embaixo da cama para se ausentar dos
compromissos do dia quando os criados fossem procura-lo pela manhã.
Ele parecia ser o tipo de rei que celebraria datas aleatórias, como o 'Dia de
Usar Rosa Salmão', e promoveria chás-da-tarde com conhaque misturado
nas bebidas.
**
*votem e comentem, bom capítulo!* +edit: gente, este cap aborda o tema
de transtornos alimentares, se você não se sente confortável com o assunto
por favor pule a parte de ziam
Zayn.
O cheiro estava honestamente horrível mas Liam nem sequer o sentia, seu
cérebro muito transtornado com os acontecimentos recentes para processar
qualquer outra coisa.
- Oh, meu Deus. - Payne balbuciou, cobrindo sua boca com a ponta dos
dedos em um choque mudo. - Você tem alguma doença? Alguma doença
grave?
Zayn soltou um silvo, como uma risada debochada, fitando-o em suas
pestanas longas e uma feição de ironia, levemente rabugenta, e levemente
depravada.
- Não. - disse secamente, dando passos firmes pelo lugar tomado de breu
(como se ele conhecesse aquele espaço com a palma de sua mão de modo
que se localizasse na iminente escuridão, atenuada pelo resquício de
claridade da porta).
O modo como ele enfatizou o final de sua fala, o modo como 'bonito'
pareceu carregar um peso muito grande para uma só palavra soou
sufocante. Soou um termo de valor raso, mas significado profundo.
Era dessa forma que Zayn Malik equilibrava o peso de sua coroa?
Como podia ignorar absolutamente tudo que ele possuía, todo o caráter e a
compaixão, para simplesmente abreviar-se a beleza.
Um simples 'você está tratando aparência como uma virtude maior que sua
nobreza interior' não funcionaria. Não nesse momento. Não nessas
condições.
Convencessem-o que ele não era a porra de um espelho para refletir o que
os demais indivíduos esperavam enxergar através de seu corpo. E sim
através de seu coração.
Apesar do escuro total naquele canto do quarto, Liam meio que sentia Zayn
encarando-o, e se fosse palpitar ainda alegaria que havia um vinco em suas
sobrancelhas de desconfiança.
- Onde estamos, aliás? - Payne questionou, querendo desviar o curso da
conversa para algo menos pesaroso.
- Não. Eu me acostumei. Além de ser boa por não ter janelas e alguém
dificilmente, você sabe, me flagrar. - encolheu seus ombros.
Payne não estaria apto para ver, mas Zayn negou sutilmente com sua
cabeça.
- Eu quem me desculpo por você ter, er, presenciado isso. É nojento, eu sei.
- Você pode, uh, manter isso em sigilo? Como um grande segredo? - Zayn
pediu (lê-se suplicou) em sua pele frágil e pequena, visivelmente inseguro.
- Meus lábios são túmulos, vossa alteza. Não se preocupe.
***
- Não é tão fácil quando você dispõe de dois pés esquerdos. - Harry arfou,
tomando uma longa lufada de ar, ainda arqueado naquela posição. - E tem
asma.
Havia uma paixão no modo que Harry dissera aquilo que declinou a
possibilidade de se tratar de um dos comentários debochados.
- Oh, sim. Ela tem hábitos propensos à libertinagem, você sabe. - Harry
murmurou chutando a grama com as pontas dos sapatos, um sorriso
carinhoso brincando em seus lábios.
- De certo ela é uma cobra moderna. - Harry rebateu. - Oh, cuidado onde
pisa, agora entraremos no trajeto escondido, é possível haverem cobras e
aranhas.
Harry varreu a área com suas íris radiantes e o peito aquecido só por estar
lá.
- Eles não dão segundas chances para o que encaram como inferior. -
respondeu. E de alguma maneira seu argumento tomou outras proporções
de significado. Seu argumento soou pessoal, embora sua voz se mantivesse
firme, com uma determinação calma e neutralidade mascarando a seu
incômodo.
E Harry entendeu.
- Presumo que tenha valido a pena. - Louis comentou, maravilhado por toda
aquela natureza rejeitada.
Harry concordou.
- É que.. Sabe, é estranho escutar isso vindo logo de você, o filho do ouro,
com todo o respeito.
Styles virou o rosto para frente, repuxando a boca minimamente para cima
em um sorriso brando enquanto vislumbrava o reflexo da lua na água
parada.
- É como emergir seu rosto para a superfície enquanto pratica o nado, dando
impulso e inspirando o quanto é capaz, devolvendo oxigênio ao pulmão.
Tão revigorante quanto o momento que seu rosto se ergue para fora da água
e você pode finalmente.. Respirar. - pronunciou com uma feição sonhadora
acendendo de si. Styles sussurrou a última parte: É libertador, não acha?
Ora ou outra você piscava e quase jurava de ter visto um curto vislumbre de
sua verdadeira essência, como se durante alguns segundos ele emergisse de
seu interior, ultrapassando os cadeados, e se materializando bem a sua
frente.
Essa era uma das vezes.
- Oh, pelo amor, é só pronunciar o 'a' depois de 'H' e adicionar o 'rry' com
algum sotaque. Não é difícil. - Styles persuadiu, sorrindo travesso.
Harry fixou sua atenção nos olhos vibrantes de Louis, notando o quão
destoante era o tom de suas lagoas azuis no sereno do luar.
Deus, ele sempre se afogava nelas.
- Você.. Você sabe, esse pode ser o nosso esconderijo. Eu não me importo
de compartilha-lo. Sempre que quiser vir, não precisa de meu
acompanhamento. Sei que gosta de ler e sugiro deitar-se naquelas pedras
para aproveitar a claridade da lua, e a umidade do ar. Eu lhe darei um mapa
com instruções de como chegar aqui.
Isso fez com que Harry despertasse - felizmente - de seu transe, piscando
rápido até recobrar a consciência e tentar normalizar os impulsos de seu
coração.
Ele estava avoado o suficiente para não compreender nada.
- Oh. O meu plano era fingir que eu pularia para o ver submergindo
sozinho. - Harry segredou, rindo pela indignação paupável do moreno. -
Jamais tive a intenção de entrar nesse lago, ele é fundo e eu não sei nadar.
- Jura?
- Aprecio a oferta, mas recuso. Sou claramente uma negação com controle
motor e, sobretudo, não tenho fôlego para isso.
- Eu ainda irei descobrir quem está por trás dessa palhaçada. - Harry
professou, assistindo Louis piscar lentamente em concordância, atento.
***
Notas da autora: bom, acho que começa a ficar claro que a partir de agora
nós vamos percebendo quem eles realmente são por baixo da coroa, seus
problemas e suas inseguranças.
E com ela toda a rivalidade mantida em sigilo dos príncipes, porque claro,
embora as competições de nada valessem ainda eram uma forma de se
sobressairem e mostrarem-se melhores um que o outro. Afinal, não é a
regra de funcionamento da vida? Demonstração de suposta superioridade?
O que, honestamente, foi muito injusto para Harry. Ele tinha tanta
experiência com equitação, ele domava tão intensamente Hades e pulava
mais alto que todos. E ainda era subestimado devido a julgarem-o sem
requinte em suas manobras, alegando que Styles não possuía a desenvoltura
soberba esperada para futuros reis.
Se pudesse culpar alguém por isso, seria Harry Styles e sua persistência em
se tornar o antagonismo de tudo aquilo que Louis consideraria nobre, e
ainda parecer singularmente nobre sob os olhos azuis, levando-o a quebrar
conceitos e até se arriscar em provar alguns.
Mas Louis era homem o bastante para não se acovardar e colocar a culpa
nos outros.
Ele entendia que a 'culpa' era dele.
E que, honestamente, se ele gostou da madrugada insana que Harry o
proporcionou (mesmo que isso resultasse no surgimento de um par de
olheiras) era porque estava apenas adormecido em si o instinto de... Se
aventurar, Styles somente despertou a adrenalina que nem mesmo Louis
cogitara existir.
Portanto, foi meio que automático quando Tomlinson acabou por abandonar
involuntariamente sua pose serena e quieta de usualmente entre todos os
príncipes que aplaudiam Niall, Liam e George no pódio, para caminhar para
próximo de Harry, enquanto a figura esguia e um pouco corcunda se
afastava do grupo puxando seu grande Hades em direção ao estábulo.
Louis não chegou a de fato correr, muito menos acelerar o passo (isso não
era agradável ou fino, mas - novamente- não foi o que sua mente sugeriu há
horas atrás quando corria livre pelo jardim silencioso), portanto apenas
alcançou o mais alto quando este já estava na entrada do estábulo,
praticamente estático, guiando o Mustang preto com cuidado para seu
compartimento.
Os outros príncipes somente haviam concordado que os empregados
guardassem seus bichanos após as apresentações, mas Harry fora o único
que mantivera Hades consigo até depois de anunciarem os melhores, para
então ele mesmo retirar seu cavalo.
Pelo primeiro segundo Styles pareceu tomado de susto. Ele estava de costas
puxando suavemente as rédeas do equino para frente quando escutou Louis
emergir do nada e soltou um suspiro involuntário, pulando levemente.
Mas, depois, Styles logo se virou para ele com a cara um tanto neutra senão
por um sorriso leve e pequeno pintando sua expressão.
Parecia existir uma leve irritação devido ao recente susto e intromissão em
um momento particular dele, no entanto, simultâneo àquilo, Harry
aparentava genuinamente satisfeito pela presença do futuro de Riverland
ali.
É só que... Seu sorriso não estava acompanhado pelo brilho dos olhos igual
normalmente.
Harry Styles, todo vestido sob uma combinação de montaria chique, sendo
suas botas cano alto de couro legítimo marrom, uma camisa branca de seda
com a barra presa sob calças justas e um cinto com a fivela dourada (era
ouro) selando o contrato que definia implicitamente que Harry teria que ser
assim em todas as ocasiões. O que não implicaria muito a nada, se ele
particularmente não estivesse no meio de um estábulo com forte odor de
fezes, guiando um animal maior que ele, com fenos grudando nas suas solas
e tornando aquela imagem uma legítima contradição, onde o príncipe
parecia um empregado vestido à la Paris.
O 'porém' era que ainda com aquele retrato deturpado e incômodo que não
se condizia, Harry simplesmente parecia encaixado na perfeita situação. Em
sua perfeita forma.
Ele nunca esteve tão deslocado e bem acomodado em uma cena tão
perfeitamente.
- Eu acho injusto de fato que vocês não tenham ganho um lugar no pódio, o
número foi magnífico. - Louis eventualmente comentou, o que fez com que
Harry o olhasse de canto, orgulhoso demais para demonstrar sua comoção.
- Você acha? - questionou, seu rosto todo voltado para o menor em uma
expressão de expectativa. As gramas de verão estavam claras e - Harry
conseguia ser extremamente expressivo através delas - delatavam seu
desânimo, que foi rapidamente substituído por esperança com a afirmação
de Louis.
- Sim. Vocês me surpreenderam. O último salto foi particularmente o meu
favorito. Era como se pudessem voar.
O aplaudindo sinceramente.
- Nós não nos importamos com aquilo. - Harry mentiu, dando de ombros.
Referindo-se ao lugar no pódio que ele e Hades definitivamente mereciam
ter conquistado.
Louis não comprou sua negação, embora. Ele sabia - Harry deixara claro
como água - o quanto gostava de vencer. Então, estar sempre condenado a
se esgueirar de destaque por mero pre-julgamento alheio devia meio que
ferir um pouco sua dignidade.
- Pois mereciam. - foi o decreto final de William. Styles levou seus olhos
para as lagoas azuis - lindas, oh, muito lindas - com um sorriso sem dentes,
de agradecimento, que ele esperava que Louis captasse a honestidade
contida ali. E a gratidão, principalmente.
- Eu não sei. É só.. Que há essa coisa entre mim e esse lindo Mustang desde
o início. - ia murmurando enquanto apanhava uma sacola no canto e de lá
retirava algumas cenouras.
- Sim.
- Oh, veja. Isso é bom. A maioria de nós não se apega aos equinos por
sabermos que é uma relação com prazo de validade para apenas três meses,
mas você se permitiu, você sabe, ser fiel a Hades desde o início... Quando
não imaginava que acabaria por reencontrá-lo por mais alguns pares de
temporadas.
- Sim. Eles são completamente efêmeros para nós. Três meses e pronto,
toda a construção sentimental que criou com o cavalo durante esse tempo
será provavelmente esquecida quando retornar para o reino e para seus
cavalos fixos que lá residem.
- Hey. - o tom amistoso e simpático teria sido bom em algum outro instante
do dia. Mas definitivamente não após múltiplas horas de prova escrita de
geopolítica em que a maioria descobriu ser uma verdadeira merda em
relações internacionais.
Mas como Zayn Malik era realmente uma criatura educada, ele engoliu a
frustração pela vida e se limitou a esboçar um sorriso.
Zayn não tinha certeza. Mas parte de si jurava que Liam vinha o
perseguindo - há dois dias, mais especificamente.
Okay. Ele entendia essa primeira estranheza para aquele hábito compulsivo
seu. Ele entendia a preocupação. E também até compaixão.
- Como está hoje? - Liam o indagou, vindo se sentar ao seu lado no almoço.
- Bem.
Seu tom seco foi meio que uma surpresa para os dois. Não só os dois, como
todos os príncipes que escutaram a forma rude que Malik tratara o herdeiro
de Bristok, com vincos em sua expressão e o canto dos lábios em linha reta,
sua respiração levemente ofegante.
Zayn não podia acreditar que havia agido desse jeito, tão primitivo e
desrespeitoso. Ele estava sobrecarregado com seu segredo descoberto e se
sentia sufocado sobre o assunto. Ainda assim isso não era justificativa para
agir agressivamente e ignorar sua própria personalidade que evitava ao
máximo discórdias.
***
****
_______________________________
Quarta-feira, 28/07
Ora, ora, parece que um verdadeiro palácio nunca pode realmente viver em
completo silêncio não é?
Pois bombas explorem quando as coroas não são capazes de reter algum
equilíbrio.
Talvez algo grande que vocês não esperavam estar ocorrendo seja essa
conexão duvidosa entre os herdeiros de Arlen e Bristok.
Estamos nos referindo aos adorados da temporada Zayn Malik e Liam
Payne que passaram por um momento embaraçoso durante o almoço do
dia anterior.
Boatos são que Zayn se exaltou e acabou elevando o tom para o contido
Payne, que não tentou segui-lo quando o belo príncipe abandonou a
refeição, deixando para trás olhos surpresos e bocas escancaradas.
O que há por trás disso? Qual é o motivo de Malik ter se revoltado tão cedo
pela manhã?
Veja Zayn, eu entendo que isso o faz perder o apetite, mas comer é preciso
às vezes, sim?
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Deveria ser próximo das onze. Era nesse horário que geralmente Lorena o
traria uma xícara de chá de camomila adocicado com mel e se sentava na
poltrona para que eles conversassem sobre absolutamente qualquer coisa
que viesse em suas mentes. Mas provavelmente não hoje.
Lorena e ele pouco trocaram palavras aquela noite da carta, ela apenas ficou
ali, sentada, piscando seus longos cílios de boneca enquanto reprimia
bocejos para que o príncipe não percebesse quão cansada estava. Talvez sua
presença fosse crucial.
Jezebel e Lorena vinham brigando constantemente nos últimos tempos, o
que acabava por deixar uma certa tensão toda vez que elas estavam no
quarto simultaneamente limpando, costurando ou qualquer coisa.
A loira também parecia abatida. Ela e Louis não eram tão próximos quanto
ele era com Lorena, mas ainda assim o futuro rei se esforçou para melhorar
a relação deles e convidar Jezebel a se sentar com ele a fim de conversarem.
Contudo, ela negou, avisando que não seria prudente uma criada se
acomodar próximo de um príncipe, muito fora dos padrões estipulados para
uma conduta adequada.
Sua vida inteira pensou que acabaria se casando com uma moça reservada e
introvertida, igual a si próprio. Uma moça que aceitaria um casamento
simples, e que fariam votos matrimoniais sucedidos de um beijo casto. Seu
futuro com ela seriam três filhos, todos poliglotas e extremamente
educados, para passarem um verão no sul de Nice, provando cafés pouco
adocicados e torradas francesas enquanto discutiam a economia vigente.
Mas então, ele se sabota ao aceitar que essa pessoa que ele idealizava era o
oposto do que no fundo queria.
Alguém que no fundo fosse seu oposto, porque às vezes ele se sentia
cansado de si mesmo.
Então essa pessoa seria um escape, e o levaria para um outro lado da vida.
Todos os dias sendo uma aventura - com desfecho positivo ou negativo.
Alguém que soubesse aproveitar as pequenas coisas. Que ele poderia
chamar para tomar chá de noite e estabelecer conversas diversas. Que
contaria segredos deitados na cama antes de adormecer. Que ele levaria
para conhecer o mundo, norte da África talvez, e cavalgassem pelo deserto,
ou fizessem uma fogueira noturna. Que não se importasse com sua mania
de fazer retratos nus, e que gostasse de arte. Que o acompanhasse em
exposições de arte e saraus.
Que desse mais atenção para os filhos do que para a coroa.
Que o mostrasse um novo mundo dentro do seu.
Alguém para o confirmar que acreditar em amor cortês valeu a pena todo
esse tempo.
Seria mentira se afirmasse que não sentira falta de Lorena nesses três dias.
Embora Harry tenha resgatado-o na madrugada de domingo de sua insônia
insuportável, nas outras madrugadas ele somente se sentava na cama e lia
algum exemplar, com uma mínima esperança de que a menina entraria pela
porta para mais uma de suas sessões de descontração e chás.
Assim, nessa madrugada de quarta ele nem sequer esperava que ela
aparecesse quando foi surpreendido pela porta ressoando dois toques leves.
Era o código deles. Dois toques. Um em cada extremidade dela.
A maçaneta foi girada sem realmente esperar por seu consentimento, o que
o fez rir porque ela era atrevida e um pouco negligente mas ele achava-a
engraçada.
Oh, chás.
- Admito que me perguntei por onde andastes, Lorena. Senti sua falta. -
Louis admitiu, sorrindo doce para a morena que piscou feliz.
Seu dezesseis anos, toda sua juventude materializada em seus traços faciais
e expressionistas.
- Espere só... Um sorriso meio torto, um toque ousado na fala, nada que me
remetesse a uma linguagem requintada... O que te aconteceu? Que mudança
é essa?! - foi dizendo deixando seu espanto claro, apontando
acusadoramente seu dedo indicador em direção a Louis como se ela
soubesse. - Quem é você e o que fez com o Príncipe William?!
Louis não se segurou ao soltar uma breve risada, formando rugas no canto
de seus olhos daquele modo adorável que ele fazia involuntariamente. Mas,
então, novamente ele os surpreendeu ao revirar os olhos meio que
zombeteiro e meio carinhoso para toda a situação.
Essa foi possivelmente a primeira vez que rolou seus olhos ironicamente em
toda sua existência, ou ao menos em algum grande período.
- Certo. Agora vamos ao real assunto em que você irá desabafar o que te
ocorre. - Tomlinson desviou o rumo da conversa (que ele não se sentia apto
para tratar).
- Ok. Diga-me sua opinião, Louis. - pediu, coçando a nuca um tanto incerta.
- Você acha possível gostar de duas pessoas simultaneamente?
- De quem se trata?
- Então cá estou, confusa e não entendo quem amo e devo presentear com...
Você sabe, um beijo.
A menina soava tão ingênua e pura, de quem estava querendo entregar seu
coração depressa por achar alguma brecha.
Louis não poderia culpa-la, ele sabia que, sendo uma criada, em semanas de
serviço normal não disporia de tempo para escapar do trabalho e encontrar
pretendentes. Era raro a criadagem estabelecer relações amorosas em
temporadas da Anistia dos Tronos. Todavia, ainda assim, ele acreditava que
era muito cedo para ela se declarar apaixonada quando aquilo significava
evidentemente seu medo de ficar sozinha.
- Imagine que você está caminhando por uma rua. - Tomlinson pediu. -
Então você vê uma casa enorme, a maior do bairro. Uma construção
gloriosa que prende sua completa atenção. Você não sabe quem mora lá
dentro, mas certamente em sua idealização será um homem robusto, forte e
atraente.
- Terreno baldio?
Ela não respondeu verbalmente, porém meneou um 'sim' com sua cabeça.
Quando a criada abriu a boca para falar, o diálogo deles foi bruscamente
interrompido por gritos desesperados vindos de fora do corredor.
***
- Sério? Vocês ainda têm duvida de quem está por trás disso? - Andrew
voltou a reverberar, fazendo com que a sala entrasse em um silêncio tenso. -
Olhem ao redor, quem está faltando aqui?
- Quem iria por todos os santos se ocupar em perder o tempo para ferrar
com alguém? Quem possui rixa com Niall James Horan? Quem é cruel e
vingativo?!
- Não, Dom Luminiére. Está óbvio e claro assim como o sol do meio dia
que Harry Edward Styles é o culpado! E por alguma razão vocês ainda
tentam relevar suas ladainhas! Eu estou cheio disso, honestamente. Nós
somos obrigados a aceitar tudo que aquela cobra depravada faz de braços
cruzados.
E nem sequer no jantar Harry Styles foi corajoso o suficiente para dar as
caras.
****
Então, não foi difícil entender que a última refeição da quinta-feira havia
sido um tanto perturbadora.
***
Mas, quando abriu uma fresta suficiente para sua passagem, tomou um
grande susto ao deparar-se com a figura de Liam Payne agachada em meio
ao escuro, segurando contra o peito o seu balde de madeira destinado para..
você sabe.
Teve de apanhar outro para clarear o espaço, mas então buscou por uma
pequena lamparina que não resultasse em outra queimação de dedos.
Ao encontrar, retornou ao seu posto inicial, perto de Liam, depositando a
lamparina no chão.
- Você me disse sobre beleza. Penso que talvez esteja certo. Se faz isso
tendo esse corpo magro, imagino então eu, com tantos quilos amais, quão
longe do ideal estou. - Payne ia proferindo, e cada palavra aterrorizava
ainda mais o príncipe. - Talvez eu deva aderir aos seus métodos.
- Eu não vou deixar que você faça isso. Liam, você não vai entrar nessa. -
alertou, tentando puxar o recipiente com força da posse do maior, que por
ser mais forte não cedeu, tornando aquilo uma espécie de cabo de força.
E apenas porque sua voz estava beirando uma aflição extrema, Payne parou
de insistir, permitindo que o balde fosse arrancado de si.
- E por quê?
- Não me importo. Eu não tenho mais cura nesse quesito. - Malik decretou.
- Seu distúrbio tem cura, no caso, é entender que você tem muito mais a
oferecer do que estética.
- Bem, não quando esperam que você seja bonito o bastante para atrair
alguém respeitado, bem posicionado e digno.
- Eles são o que me mantém firme. Eles me garantirão uma boa esposa, ou
esposo. Algum pretendente decente, que resulte em uma união de tronos
épica. Essa é a minha forma de conseguir. - Zayn sussurrou.
Merda.
Era um assunto tão delicado, porque quiça a devida importância que Liam
dava aquilo não fosse um décimo da que Zayn dava.
Payne respirou fundo, indo sentar-se ao lado de Zayn no piso frio, rente a
sua magra estrutura.
***
Não pelo clima tenso que se dissipou quando cada um rumou ao seu próprio
aposento, e sim porque talvez fosse a primeira madrugada daquela
temporada em que o verão se fizesse tão presente.
Era uma camisa de mangas longas branca - com marcas beges de gordura
ou rastros de bolor estampando-a - e uma calça simples preta, sem
curvaturas ou tecidos finos, um tanto larga em suas pernas.
Louis não precisou chama-lo ou reafirmar sua presença, Harry nem mesmo
virado para si ouviu-o chegando e, de algum modo, soube que era ele.
Seus olhos estavam na mesma tonalidade verde clara usual, no entanto com
um aspecto exasperado, inquietos, e sobretudo perdidos.
Harry nunca fazia contato visual que não fosse invasivo e pretensioso. Ele
nunca sustentava contatos visuais se certamente não estivesse em uma
posição superior ou em seu comportamento insinuante.
Ele permaneceu com suas pupilas fixas nas de Louis sem ousar se
movimentar. É como se estivesse agoniado internamente e aquele olhar
significativo fosse um aviso de emergência.
- Vai ficar calado? - sua voz um tanto grogue e falha insinuou, embora a
ironia não alcançasse ou se tornasse legítima naquele momento.
Louis estava se esforçando para agir o mais natural que conseguisse apesar
de haver um ímpeto de questionar Styles o que havia de errado.
Bem, ele não precisou ter esse trabalho, Harry eventualmente ressoou suas
palavras de forma dolorida ao adentrar no assunto:
E Louis entendeu.
Naquele segundo ele ligou os pontos, a situação fez sentido e se esclareceu.
O incidente.
Harry estava sendo culpado por todos.
Claro.
Talvez ser odiado e acusado por tudo de ruim que acontecia naquele palácio
o chateasse mais do que qualquer um imaginasse.
- Não. Não escutei. - Tomlinson mentiu. Era óbvio que ele havia escutado,
assim como todos que estavam no café da manhã o qual Luminiére
anunciou o ocorrido.
- Eles acham que fui eu quem envenenei Niall. Que eu tentei matá-lo. -
Styles quase cochichou de tão fraco que saiu, como se estivesse
envergonhado de até mesmo pronunciar tal afirmação.
Louis, que até então estava do lado de fora do coreto - sendo parte da cena
ainda em meio ao jardim - subiu os degraus da estrutura oval adornada com
luzes, os três que haviam, calmamente.
- Foi você?
Harry não o disse nada durante os próximos dois minutos. Nesse meio
tempo tenso Louis sustentou o olhar fixo em suas costas, não sabendo qual
era a feição do herdeiro Malta.
- Não foi o que perguntei. - Tomlinson rebateu, direto. - Foi você? Foi você
quem envenenou Niall?
Harry parecia pronto para o que vinha a seguir, estava preparado para
escutar Louis rindo de sua negação como se falasse 'ah, claro, e eu sou um
pirata', ou qualquer deboche humilhante que com certeza viria das outras
pessoas.
Mas....
E Harry não se lembra de alguma vez na vida ter ficado assim perplexo -
nem ao transar com um príncipe embaixo da mesa de jantar enquanto
acontecia um banquete no Palácio de Vidro, três temporadas atrás.
Seu espanto estava claro enquanto seus olhos pareciam ter o dobro de
tamanho do tão arregalados que ficaram.
Aquilo foi o suficiente para que Louis entendesse que ele não diria nada por
estar preso em uma espécie de choque interno, o que o levou a esclarecer
melhor:
- Harry, você não tem que se construir em torno da imagem que as pessoas
guardam de você. - Louis ia proferindo, procurando clarear toda sua
honestidade em cada frase. - Você não tem que insistir em se defender deles
caso duvidem da sua palavra. Se não foi você, então isso basta. Você sabe a
verdade. Se eles vão continuar te acusando ou não, deixe que falem. Quem
liga? Eu acredito em você.
Styles aparentava prestes a ter um colapso emocional de tão tocado que
estava.
Sua respiração de repente ficou muito ofegante, como se fosse ter um
ataque de asma ou chorar impotente.
Seu peito subia e descia tão bruscamente que o ar escapava por seus lábios
entreabertos, à medida que seus olhos estavam estatísticos nos de Louis,
ligeiramente marejados.
- Não fui eu também que armou aquilo da cobra falsa com Andrew. Eu juro.
- Harry sussurrou, sua voz se perdendo no sereno da noite, em iminência de
desabar.
- Você nunca cogitaria a ideia de assustar alguém ou algo com uma cobra,
nem mesmo um cavalo. Não quando tem um carinho tão grande pela
história de Carolina. - Louis afirmou, de uma maneira que tornara certo de
que ele nunca comprara a ideia de que Harry estivera por trás do
acontecimento no passado.
Meio inerte da realidade, meio chocado com ela, fitando Louis com uma
intensidade descomunal.
Ele não deu nenhum tempo de compreensão antes de avançar seus passos
em direção a Louis, sem aviso, e jogando seus braços com pressa em torno
do pescoço do outro - como se precisasse se agarrar nele para não cair.
Desesperado.
Era a palavra ideal para descrever o ato de Styles, o qual seus beiços se
movimentavam em um colapso físico, onde após exatos oito segundos
Louis finalmente despertou e aceitou aquilo.
Tomlinson sempre desconfiara que seus lábios eram extremamente rosa por
um motivo. Só não tinha certeza que provinha de um gloss labial com sabor.
Ele estava tão perdido naquilo que não notara sua própria perna esquerda se
levantando e a direita se encaixando entre as de Tomlinson, completamente
inebriado pela sensação de êxtase que o tomara.
Harry desuniu seus lábios um tanto ofegante, distanciando seus rostos para
que pudesse olhar nas lagoas azuis, deparando-se com elas brilhantes,
encarando-o de volta.
O príncipe de Malta se deu conta do quanto estava pressionando Louis
contra a grade, e o quanto estava apertando-se nele como se a qualquer
segundo fossem se tornar uma única peça.
Talvez ele também tenha se dado conta que havia sudo sufocante demais
para o menor.
E ficou atordoado com seu próprio comportamento, confuso por ter agido
sob um impulso primitivo de agarra-lo sem seu consentimento.
•••
Notas da autora:
Eh isto.
Kkkkkk até a próxima att, amo vcs
Chapter Thirty Two
Ao que Louis retornou para seu aposento naquela noite, uma certeza se fez
clara em sua mente: Harry era um completo desastre insano.
- Yeah, está. Está sim. - ele escolheu responder ao invés, pela primeira vez
em anos não tendo conhecimento de onde botava os pés e o quanto se
afundaria.
***
Eles teriam alguns dias livres para pensar, dissipar a tensão e tudo mais.
Não é todo dia que um dos membros reais com uma coroa prometida
sofrem uma tentativa de envenenamento dentro de um palácio suposto a ser
seguro.
Harry Edward Styles em sua gloriosa casualidade surgiu com cinco minutos
de atraso, quando todos já estavam acomodados saboreando morangos e
pequenos bolos de massa leve.
Styles estava vestido com peças lisas de tonalidade clara, um lenço de seda
rosa pastel enrolado em seu pescoço. Em cima de sua casaca creme havia
uma pequena flor fixa com um broche brilhante. Ele era a personificação da
elegância descomunal com uma bengala desnecessária e sapatos de verniz.
E embora sua roupa não diferisse do seu usual, a expressão quieta e
desconfortável divergia.
Os olhos verdes esmeralda do tão odiado príncipe desviaram seu foco para
o chão, e talvez essa fora a primeira vez que Harry se demonstrou
genuinamente rebaixado diante qualquer situação na frente de um público.
Era de se esperar que um sorriso debochado surgisse em seu rosto, e não
que ele o abaixasse.
- E vocês acreditam? Sinto pelo tumulto, mas alguém de fato acredita que
depois de tanto aprontar conosco, até mesmo ter provocado um acidente
que poderia ter sido fatal enquanto eu cavalgava, que esse repudiável
indivíduo o qual detesta abertamente Niall Horan, e perdeu
vergonhosamente no duelo no esgrima, não está por trás disso?! - Andrew
verbalizou aturdido, olhando em volta como se chamasse os outros para
unirem-se a ele e provarem seu ponto.
- Eu acredito.
Uma voz cortou a finalização de Andrew.
Naquele instante Harry levantou o rosto pela primeira vez, tão descrente
quanto os demais.
Sua pele rosada e seus grandes olhos estavam mais arregalados que o
possível, dirigidos com uma perturbação visível para Tomlinson. Ele estava
só.. perdido? E provavelmente tocado?
Muito tocado.
- Louis está certo. - Zayn se pronunciou em sua mesa. - Nenhum de nós está
acima das leis. O que é justo, é justo.
Catástrofe.
****
- Não acha que o que o senhor fez foi muito arriscado? - ela o indagou com
uma expressão preocupada.
Após o café da manhã Tomlinson preferiu gastar toda sua tarde lendo na
biblioteca alguns contos fantasiosos nórdicos. Estórias sobre vikings e
povos bárbaros. Não que isso tenha sido um sucesso ao todo, porque
sinceramente sua cabeça estava um pouco embaralhada e os pensamentos
inquietos não permitiam que ele se concentrasse nos parágrafos.
A coisa era que o que aconteceu na noite passada naquele coreto iluminado
foi perturbadora.
Ele não imaginaria que Harry o agarraria.
Nunca.
Ele não poderia prever nem em milhões de anos.
Lógico, Louis não era um idiota. Muito pelo contrário, ele notara alguns
piscares atravessados que às vezes Styles o enviava. Styles fazia isso com
qualquer par de pernas que andasse.
Amigável.
Ele guardara algum carinho por Styles e seus jeitos excêntricos de sorrir, de
pensar e viver.
E céus. Como?
Ainda mais considerando o bilhete que Harry clamara por sua presença na -
pelo amor de Deus - despensa da ala leste enquanto estavam supostos a
dormir.
Talvez essa fosse a maneira que o rapaz dos olhos verdes correspondesse
sua simpatia.... o que seria totalmente errado, porque Harry jamais deveria
se sentir na obrigação de retribuir o afeto de qualquer um dispondo-se para
a pessoa. Ele não deveria se colocar em uma posição tão vulnerável por
agradecimento.
Ugh.
Era só difícil saber o que aquele lapse deveria significar e Louis não se via
capaz de lidar com esse tipo de situação.
E la estavam eles.
Que por mais que Tomlinson se esforçasse para desviar o rumo dos
diálogos... sempre voltava para Harry.
- É só que... todo mundo está falando, entende? Isso virou fofoca entre os
empregados reais. Todos comentam como foi estranho que você o defendeu.
- ela insistiu.
- Eu sei mas... não é arriscado assimilar sua imagem com a de.. Harry?
Príncipes não vivem sobretudo de aparência?
- Você parece como um príncipe normal ultimamente. E não como meu avô,
se eu tivesse um.
Ele desviou seu foco para um relógio de bolso que repousava sobre o
criado-mudo, notando faltar três minutos para meia-noite.
Suspirou.
- Tipo... se encontrar com ele? - ela ergueu uma das sobrancelhas. - Não sou
burra. Essas paredes têm ouvidos. Sei que ele lhe deixou um bilhete durante
o café da manhã. Bastar somar um mais um.
***
Ele não saberia exatamente localizar uma despensa na ala leste quando o
palácio era um lugar incrivelmente grande e os príncipes pouco podiam
explorar devido à falta de tempo.
Mas, aparentemente isso não foi seu maior problema, não quando entre
cumprimentar formalmente um ou outro guarda que fazia a patrulha noturna
ele sentiu duas mãos o agarrarem e o puxarem bruscamente para dentro de
um pequeno espaço.
Louis, embora não tenha gritado ou se exaltado tanto pelo susto, ainda
perdeu o fôlego, observando em alerta o escuro que o circundava, sendo
empurrado para uma parede.
- V-você... - Harry começou sem jeito, batucando a perna sem algum ritmo
definido contra o chão de madeira, balançando Carolina entre seus dedos.
Ele era honestamente a definição da inquietude. - Bem, você me defendeu.
Catástrofe.
Alertado por seu bom senso usual, Louis segurou ambos os seus pulsos
firmemente, almejando impedi-lo.
- Shh!
- Príncipe Edward. - reforçou firme, virando seu rosto para o outro lado e
empurrando-o levemente pelos ombros para trás. - Por favor.
- É só que... é só que Louis, você é tão... tão gentil e bom para mim. Eu-
- Mas é que... eu não sei explicar. Você é tão bom, e ninguém nunca... você
sabe, foi assim... e eu fico atraído e-
Embora houvesse deboche visível no tom de Harry, não era tão duro ou
crítico.
- Você acha que eu não sei?! Diabos, Tomlinson é óbvio que eu não estou
nem próximo de me adequar nesses padrões mórbidos e entediantes que
você espera de alguém. - Styles bufou, revirando os olhos. - É só que... você
é bom, e gentil, e tudo que eu não sou, e ainda fodidamente quente-
Ele estava até mesmo espantado que Harry não tenha usado seus apelidos
como 'meu caro, querido, darling ou honey' de seu jeito forçado ainda.
- Por favor Louis, por favor. - pediu unindo seus peitorais, rosto à
centímetros do de Louis. Sua respiração já desregulada.
E com a merda de uma covinha que adornava e enriquecia sua beleza muito
mais do que um diamante ou maquiagens poderiam.
Louis sentiu a barra de sua camisola de seda raspar contra sua panturrilha
desnuda. O tecido fino e gelado reforçando a luxúria e simplicidade do
momento.
Não.
Ele instantaneamente retesou o movimento de suas mãos, desvinculando-as
da posse de Harry e rapidamente pegando seus pulsos e os apertando, como
para impedi-lo de novo daquilo.
- Por que tenho a impressão de que gosta quando prendo seus pulsos? -
Louis indagou baixo, inspirando com dificuldade.
Harry fitou fundo nas orbes azuis, expondo toda sua voracidade. Levou seus
lábios para o ouvido de Tomlinson, segredando provocativo:
Catástrofe.
Louis ofegou.
Louis desmoronou sua muralha nesse segundo, sendo persuadido por toda a
situação. Talvez isso fosse compreensível porque ele era um humano, jovem
e não estava cometendo crime algum...
Só... um deslize.
Literalmente.
Um deslize de beiços molhados e perdidos e desesperados.
Louis apertou com mais força seus pulsos. Mudou-os de posição colocando
Harry contra as prateleiras.
Chamando-o. Tentando-o.
Querido.
Querido.
E ele o largou.
- Pensei que se permitiria aventurar por ao menos uma vez. - comentou com
uma pitada de decepção nas bordas.
- Harry, não serei mais um de seus totens expostos na parede dos que você
conseguiu por um mero capricho de auto-estima.
Styles até mesmo posicionou a palma de sua mão contra a barriga, para
estancar o suposto sangramento da ferida.
Era perto da meia noite e ele e Zayn estavam encolhidos em algum canto
daquela sala escura de concertos onde o Príncipe Payne o encontrara aquela
vez.
Desde então isso era aparentemente uma coisa.
Há duas noites Malik não ousara usar o balde para despejar toda sua última
refeição.
Não quando seu esconderijo fora invadido sem qualquer concessão por
Liam, que simplesmente adentrava e sentava calado ao seu lado, encarando-
o atentamente como em expectativa. Como se não fosse uma presença meio
incômoda dada às circunstâncias.
Zayn sentia vontade de gritar porque obviamente não estava ali escondido
esperando uma companhia para conversar. Ele queria fazer a sua coisa e ir
embora.
O que o restava era engolir sua frustração e distrair seu pensamento sobre
'beleza' com algum diálogo trivial.
O que o restava era suprimir seu ímpeto de ferir seu psicológico e, ao invés,
fingir estar atento ao que quer que Liam estivesse o revelando.
- É só que... ele não é uma boa pessoa. Ele manipula os outros, se faz de
inocente-
- Bom, mas sabemos que Harry é. É tão claro quanto o sol sua arrogância e
prepotência, a maneira como nos esnoba. Por que você o defende? Não foi
ele quem o usou de marionete semanas atrás? Ele não o chantageou?
- Harry descobriu essa ... obsessão que eu tenho com o meu peso. Ele
incrivelmente sempre descobre tudo. Também tem conhecimento de um
incidente que eu me envolvi no passado, a razão pelo qual minha família
não se orgulha de mim ou nem me manda cartas perguntando como estou.
Ele resolveu me chantagear naquela época, ameaçando expor-me.
- Ainda sim. Não foi certo nem que ele tenha começado ela. Ameaçar
alguém aproveitando-se de seu corpo é nojento. - Liam reforçou, raiva
vazando nas bordas de suas palavras. - Harry é... é-
- Até que ele se sente mais, hum, confortável quando está sendo agradável
aos outros, do que presunçoso ou perverso.
- Por que diz isso?
Isso não seria de fato uma anomalia, haja em visto que as aulas estavam
suspensas, ninguém era obrigado a adormecer ou acordar cedo e o tédio os
aglutinaria se não fosse pelos babados reais.
- O que é essa sala? - Malik perguntou para Liam, estreitando seu olhar à
porta de madeira praticamente fechada onde um amontoado de curiosos
espiava em quietude.
- Eu venho aqui buscar tinta quando pretendo escrever cartas para a minha
família. - respondeu-o hesitante. - Sei que não é permitido que nós
tenhamos acessos a esses tipos de área do Palácio, mas odeio dar mais
trabalho para as minhas criadas.
- Querem saber de algo? Que droga de direito vocês pensam ter para invadir
a privacidade de alguém dessa forma? Perderam a porra dos escrúpulos?
Andrew não o deu qualquer resposta, mas bufou e fez questão de esbarrar
em seu ombro com certa força ao dirigir-se para longe do grupo
remanescente, incentivando que o resto deles seguissem rumo a seus
próprios aposentos.
Zayn negou.
- O que fiz foi justo. Andrew pode ser um idiota quando quer, não duvido
que esteja por trás de todos os problemas desse Palácio.
- Acha que ele pode ser o autor daquele jornal? - Payne questionou-o,
fitando-o fixamente ao que chegaram no andar dos quartos e pararam para
se despedir.
- Acho que quem quer que seja tem suas próprias razões. E eu não duvidaria
se fosse ele. Ou qualquer um de nós.
****
_________________________________
31/07
Não seria tão chocante delatar sobre mais um destes... se não se tratasse
especificamente de Louis William Tomlinson de Riverland com (pasmem)
Harry Edward Styles, de Malta.
Pegos em flagrante.
Att,
Sua Fonte Anônima.
_________________________________
Por sorte, Louis Tomlinson decidira naquele dia que levantaria-se mais
tarde, aproveitando para reparar suas horas de sono perdidas para a insônia
durante as últimas semanas.
Ele não estava ciente do jornal até o momento de abrir seus olhos,
deparando-se com o aposento ensolarado e suas duas criadas o encarando
apreensivas.
- Hm, bom-
Louis não teve tempo de respondê-la apropriadamente. Não sem antes ser
bruscamente interrompido pela menina dos cabelos castanhos e expressão
inquieta.
- Louis, não surte! Mas ... uma coisa aconteceu. - proclamou piscando
rápida, preocupada.
E, Céus, ele não tivera nem um instante para se situar entre a divisão
instável entre sonhos e realidade que já parecia ter adentrado algum
pesadelo.
- Não acho que devemos o revelar, és um assunto dele o qual não estamos
supostas a nos meter. - Jezebel disse para a irmã, incomodada com a reação
de Tomlinson. Não estava acostumada a flagra-lo tão expressivo.
- O quê? Lógico que devemos! Ele é o meu protegido! Não vou permiti-lo
entrar em choque publicamente. - Lorena interveio, uma posição defensiva
contra a irmã, que lhe enviou uma feição irritada.
- Isto. - a garota replicou, esticando seu braço para cima da cômoda onde
havia um exemplar do jornal e estendendo-o cuidadosamente.
- Louis?
- O quê?!
- Você foi a única que sabia. Eu lhe segredei, é a única ciente dos meus
passos. - acusou, sua respiração acelerada.
- Louis, isso não significa que fui eu! Como pode sequer pensar que eu
estou por trás de algo sem sentido como essa baboseira?!
- Pensa realmente que eu armaria qualquer coisa para lhe atingir? - ela
prosseguiu, ganhando sua atenção novamente. Sua voz estava falha e ele se
esquecia que jogar acusações nas costas de uma pobre garota de dezessete
anos era extremamente insensível.
- Lore-
- Você realmente pensa que uma criada destinada a lavar roupas e limpar
quartos, que se ilude com a ideia de que pode ter alguma amizade com
alguém da realeza, escreveria artigos dedurando pessoas a fim de atingir o
único que lhe estendeu a mão todo esse tempo? - falou em baixo tom,
andando cegamente de costas até estar contra a porta.
- E, também, por que raios essa exposição o atinge tanto? Não é você quem
afirma que príncipes vivem de aparências? Não é você que se abstém desses
estereótipos pra viver fiel a si mesmo? - ela o devolveu afiada.
- Jura? Porque, para mim, sua exaltação é uma prova de que tens sido um
grande hipócrita, permitindo que a imagem alheia que construíram de você
esteja afetando a que tens de si próprio. O que quer que eles estejam
fofocando sobre suas ações... essas opiniões nunca importaram antes, por
que importariam agora? Você vive defendendo Harry, mas, na verdade, se
remói ao ter sua reputação vinculada a dele.
Harry Styles era abertamente reconhecido por fazer esse tipo de coisa.
E Louis só não gostava da ideia de acreditarem que ele seria parte de seus
súditos. Não quando o príncipe de Riverland cultivava um coração
romântico e uma crença em amores reais e sorrisos apaixonados e
fidelidade.
Tomlinson se tornara mais um dos que julgavam Harry pelo o que ele
costuma fazer. Mais um dos que não apreciam estar associados a ele. Mais
um dos que o diminuíam.
Ele não era nem qualificado para alegar que Harry no fundo não seria
alguém romântico.
Ele não tinha esse poder de definir nada a seu respeito.
- Eu pensei que fosse melhor do que isso, Louis. - ela grunhiu, secando uma
lágrima ao que corria desolada para fora do aposento.
****
- Boa tarde, vossa Alteza. - Tomlinson saudou, buscando soar o mais limpo
que fosse capaz dadas as circunstâncias.
- Você não está tipo... pirando? - Harry ousou questionar diretamente.
- Tem certeza?
- Lembra-se quando me disse que todos pensavam que você era o culpado
pelo envenenamento de Niall e eu o aconselhei a os mandarem mentalmente
se foderem?
- Pois, seguirei este mesmo conselho. Eu não os devo nada. Nem você.
- Eu peço perdão pela minha arrogância ontem. Você não merece ser
julgado por ninguém, principalmente por mim.
Mas, para sua surpresa, ele não o submeteu a nenhuma outra situação.
Não semelhante às últimas, ao menos.
Abraçando-o.
Quando imaginariam que Harry teria muitas faces, e permitiria que somente
Louis pudesse lidar com a sua mais vulnerável, e provavelmente sincera.
Ele não costumava abraçar ou ser abraçado por ninguém que não fosse sua
família, especialmente Johanna com aquele calor materno insubstituível.
Ele não costumava abraçar por não ser considerado um gesto tão formal.
***
Notas da autora: Hey gente, eu sei que vocês esperam pela interação de
Larry ansiosos e sei que essa história parece enrolar demais.
É só que... acho que as coisas têm uma ordem cronológica para acontecer.
Louis não iria de uma hora para outra amar Harry. Ele carrega seus
próprios princípios e não é pela beleza e charme de Styles que aceitaria se
relacionar com ele do dia para a noite.
Eu acho que vocês irão gostar mais de como as coisas entre eles
caminharão daqui para frente, espero que sim. É necessária uma
construção exata de sentimentos que quebre a barreira que ambos têm ao
redor de si para se protegerem.
• Quanto ao autor do jornal, alguém tem um palpite?
O único episódio que teve que lidar com o assunto foi quando Liam
discretamente tocou seu cotovelo no jantar da noite seguinte e cochichou
para si.
E, mesmo que seu tom fosse amistoso e não exatamente inquiridor, Louis
não se sentiu à vontade de relatar sobre para seu amigo, futuro herdeiro de
Bristok, respondendo com um ar de desentendido.
- Oh, seu salmão também está um pouco cru? Pensei que fosse apenas o
meu, você pode pedir para que eles troquem, se for o caso.
Niall James Horan retornara para o convívio público, e fora instruído a não
dialogar sobre o envenenamento até domingo, quando a administração real
exporia as provas que obteve e proclamaria seu decreto final.
Dentro dos aposentos de Louis, contudo, tudo que ele vinha repugnando era
a falta de palavras de Lorena.
Ela deixara claro sua mágoa quando ele tentou puxar assunto na manhã
seguinte e ela fingiu não escuta-lo, reverenciando-se, agindo sob a conduta
esperada e parecendo uma cópia de Jezebel, distante e impessoal. Não que
Tomlinson fosse culpa-la.
- Eu não sou um homem tão justo quanto queria. No final do dia, não passo
de um jovem de vinte e três anos carregando o peso muito grande de uma
coroa e meus próprios pecados.
Preciso que me perdoe, Lorena. Eu não deveria ter lhe acusado daquele
modo, nem duvidado de seu caráter.
Sua boca se entreabriu ao que seus olhos brilharam para o que viram.
Dedos trêmulos apanharam o tecido ao que ela trouxe o vestido para fora da
caixa. O vestido era rosa, com pedrarias na barra e corpete na cintura,
realçando a saia rodada de três camadas.
- Ser uma criada não te proíbe de possuir coisas que lhe agradem.
- Lo-
***
Mas, assim que deu leves batidas - esforçando-se para não despertar os
demais príncipes e atrair uma plateia de madrugada - ele não teve sucesso
também.
Afinal, Louis ainda era humano. E se apegar nas pessoas que convivia era
Okay. Principalmente em alguém que ele certamente nutria apreço e
admiração.
O esconderijo de Styles.
Ele estava confuso com as direções que o levaram até lá pela primeira vez.
Não era exatamente um percurso iluminado ou fácil. Tudo que Louis se
recordava era de ter seguido uma trilha independente na floresta, ao leste.
Claro, o detalhe é que naquela noite Harry o guiara.
- Se eu fosse você, não daria outro passo afrente. - escutou a voz rouca que
buscava ressoar subitamente, levando-o a próximo de um infarto.
O lago reluzia o formato oval da lua e algumas das estrelas mais cintilantes.
Em um segundo plano da paisagem estava a figura curvilínea, sentada com
as costas apoiadas em um tronco e a cabeça inclinada para trás.
Styles soltou uma risada sarcástica, uma careta atrevida tornando explícito o
óbvio.
Eles passaram alguns minutos sem dizer nada, apenas... sentindo a natureza,
e permitindo-se sujarem seus traseiros com terra enquanto admiravam a lua
refletia no lago.
- Foi encontrado veneno em seu armário. Eles irão expulsa-lo amanhã, logo
cedo.
Silêncio.
- Como?
- Minha criada me revelou hoje após o almoço.
- Não fui eu. O frasco nunca esteve lá até resolverem fazer uma vistoria.
Armaram para mim.
Styles soltou uma risada sem humor, negando com a cabeça. Como uma
piada interna que Tomlinson não ousou questionar.
- Como assim?
- O que isso quer dizer? Você... você burla as regras de propósito? Você se
faz ser repetente de propósito? - Louis questionou, não medindo qualquer
esforço para disfarçar seu espanto. - Harry? Por quê?
- Sabe, das outras vezes, quando eu recebia uma intimação para deixar o
Palácio devido à ferir normas ou quaisquer motivos, eu costumava dar de
ombros e sorrir. - Harry proferiu. - E, agora, isso me soa tão... complicado.
Merda.
Harry não queria ter que explicar.
Bufou.
- Você me deu algo que ninguém nunca me deu, Louis. - admitiu, hesitante.
- Uma chance.
Entre todos os príncipes, Harry era o único que não aparentava ter tido sua
essência jovial arrancada. Sua juventude ainda estava traduzida naqueles
cachos, e em seu jeito diferente de encarar o mundo a sua volta. Sua
juventude ainda estava lá quando ele lançava os sorrisos atrevidos, ou ria -
sincera ou forçadamente - para as próprias histórias que contava aos outros.
E, por baixo dos anéis e gargantilhas, no final do dia, ele era mais um
garoto, forçado a amadurecer - ou nem tanto - cedo, e ter um peso muito
grande sobre seus ombros.
Um peso que, aparentemente, Harry se recusava a carregar. E se esquivava
o quanto podia.
Louis engatinhou - Deus, ele nem se reconhecia mais - para mais próximo
de Harry, sentando ajoelhado em sua frente, numa distância segura e
confortável.
- Ouça, Harry. - pediu, a voz branda e macia. - Mesmo que não admita, eu
sei que você se sente inferior às vezes. E indigno e pequeno. Mas, você não
é.
Styles entreabriu os lábios, sem exatamente saber como lidar com alguém o
elogiando - sem que fossem elogios sobre sua aparência ou insinuantes.
- Acredite em mim. Sem joias, sem veludo, sem Carolina e sem nada que o
dê a sensação de poder, você continua sendo inteligente e carismático,
divertido e altruísta. Você continua tendo valor. Um valor que o ouro não
pesa, e a reputação não compra.
Harry estava tocado, e lisonjeado, e tentando prender esse sorriso bobo que
fazia sua pele esquentar e o coração acelerar, quase podendo-o escutar
diante o silêncio seguinte.
Contudo, ele quase se esquecia que não podia o fazê-lo. Porque Louis não o
desejava. Não era recíproco e nunca seria. E ele deveria respeita-lo mais do
que já respeitou alguém.
Louis era precioso, e raro. Ele não ousaria estraga-lo.
Louis era uma peça de arte vitoriana que você deveria somente admirar de
longe.
- Pensei que tenha me dito no estábulo sobre não existir nada fixo. E sim,
um temporário prolongado.
- Você deve ir. Ficarei mais um pouco para me despedir do meu santuário. -
Harry informou, tocando suavemente o tronco da árvore que agora a pouco
estava encostado, como em devoção. - Não sei se ainda terei permissão para
retornar ano que vem. Uma suposta tentativa de assassinato não se
esquipara aos motivos que me levaram a ser reprovado nas temporadas
passadas
Louis concordou sem nada proferir. Talvez ele estivesse certo. Talvez o
banissem do Palácio.
Sério? Louis negou descrente com aquilo, não se impedindo de rir. Harry
nunca mudaria, mesmo.
- Ele meio que encarnou o antigo Harry neste exato instante. E meio que
morreria por um desfecho poético para esta tragédia.
Louis soltou uma breve risada, e Harry o acompanhou. Eles estavam tão
leves. Poderiam flutuar.
Styles respirou falho pela surpresa, não imaginando que realmente fosse
acontecer.
Seu coração quase pulando para fora quando Louis se aproximou, tocando
com cuidado seus lábios nos dele. Encaixando-os sem pressa.
O beijo lento, o mais lento que Styles já teve, parecia molhado e quente
como o inferno. Louis puxava seu lábio inferior e o mordiscava, e era
também o paraíso.
Céus.
***
Mas, antes de retornar ao seu aposento para descansar, ele precisava passar
no de outro alguém. Havia uma missão a ser feita.
Chapter Thirty Five
Episode: Justice
[...]
- Eu não entendo. Não acho que posso fazer o que me pede, Vossa Alteza.
- Você deve. Eu não viria lhe solicitar algo se não estivesse certo disso.
***
Ele se levantou.
Sua postura petulante enquanto caminhava - desfilava - até o centro do
palco, sustentando uma expressão de deboche, e revirando seus olhos.
***
- Alguns minutos. É tudo que peço. - Harry insistiu, pela sétima vez,
encostando sua testa contra a porta fechada, esperando magicamente que ela
se destrancasse.
- Você sabe que não é para isso que estou aqui. - insistiu. E pelo amor, ele
precisava entender o que se passava.
Levado pelo cansaço da persistência, Niall bufou, levantando-se de sua
cama e abrindo a porta, permitindo que Harry adentrasse.
- Sua teimosia venceu. Dou-lhe três minutos. Nada mais ou menos. E se não
for embora ao ter tal limite excedido, juro voltar atrás com a minha decisão.
- Niall avisou, direto e frito.
- Imaginei que viria. Mesmo que estivesse na esperança que não o fizesse.
- Não estou aqui para ser rude ou insulta-lo, Horan. Gostaria somente de um
único motivo que justificasse o que fez por mim. - Harry admitiu.
- Não fiz isso por você. - Niall foi rápido ao contradizê-lo. - Fiz por Louis.
- Oh. - Harry soltou um riso sarcástico. - Quer que eu acredite que você
deixou de me sentenciar no julgamento porque outro príncipe deu sua
palavra de que eu não estava envolvido? Honestamente, nós dois sabemos
que não há nada senão raiva direcionada a mim neste seu coração, Horan.
- Louis é o príncipe mais justo que conheço, Styles. Se ele está certo de que
não foi você, é porque não foi. Não é de meu feitio condenar um inocente.
- Não sou como você, Vossa Alteza. Eu não jogo sujo para vencer. - o
príncipe dos fios louros sedosos cuspiu, estreitando os olhos, amargamente.
Talvez o que Niall tenha dito serviu como uma grande lição para a
petulância de Harry, pois toda sua atitude arrogante se desmanchou no
segundo que a verdade por trás daquelas palavras o atingiu com força.
Mas, como este não era particularmente um jogo esportivo, e sim a vida
real, Styles precisava reconhecer os seus erros, porque aquilo - uou - aquilo
era uma boa razão para se aprender com eles.
Então, ele disse o que raramente dizia - com a pele mais pálida que o
comum:
Neste seu 'sinto muito' talvez houvesse muito embutido no pouco. Uma
redenção que generalizava meses e muitos episódios de terror.
Não estava tão explícito ao que se referia, mas soava pertinente e profundo.
Profundo o suficiente para deslizar pelas camadas que foram se depositando
com o tempo, fases de rancor, mágoa e repugnância.
Ele não era a mesma criatura maléfica que costumava ser. Não podia ser. O
antigo Harry jamais pediria perdão, ou se arrependeria de suas maldades.
Ele provavelmente riria irônico e faria alguma piada suja.
- Desculpas não concertam os seus erros, Harry. - Niall reforçou. - Mas são
um começo para evitar que os cometa novamente. Seja alguém melhor.
Faça isso por si próprio. - e largou-o. Permitindo-o que saísse. A mente de
Harry tão carregada de pensamentos quanto quando chegou.
***
Durante toda a semana seguinte, tudo que Harry desejava era agradecer
Louis.
Certo.
Estes pensamentos específicos estavam o levando à loucura.
Porque, Céus, Harry não se lembra de ter permitido que fosse bombardeado
com ideias do tipo.
E, okay, talvez não fosse tanta surpresa que ele estivesse encantado por
Tomlinson. Porque, sim, Louis era fodidamente quente, e tinha um sorriso
bonito, e para piorar haviam aquelas duas bolinhas de gude em tonalidade
azulada hipnotizantes que ele chamava de olhos (ou lagoas azuis, nas horas
vagas).
Louis era inteligente, seguro, confiante, soberbo e digno.
Merda.
E, principalmente, ele era tão bom com Harry.
Ele o tratava bem, gentil, respeitoso.
Ele não se aproveitava dele.
E o olhava como... como se Harry valesse mesmo alguma coisa. Como se
merecesse sua atenção e respeito.
Ele era belo em níveis que Harry jamais julgou qualquer quadro pintado à
óleo ser. Nem mesmo os de John Everett Millais (que continuamente o
deixava com lágrimas nos olhos ao admirar).
Consciência de que Tomlinson - nesses cinco dias úteis - não o olhara uma
vez sequer durante as aulas.
Consciência de que não deveria nem mesmo agradecê-lo por ter convencido
Niall a livra-lo do julgamento, porque Louis não era desse tipo. Ele não agia
esperando reconhecimento. Não fazia coisas boas esperando devoluções.
Ele era discreto e ligeiramente fechado. Não ensejando que Styles o
enchesse de abraços enquanto suspirava 'amém, meu salvador' (muito gay
até para Harry).
E, a julgar pela distância que sucumbiu entre os dois nessa semana, Harry
duvidava até mesmo que Louis estivesse interessado em dialogar com ele.
Minutos mais tarde e a princesa que a acompanhava foi puxada para dançar
com um príncipe, deixando-a sozinha no canto.
Ele nem precisou se virar para saber de quem vinha aquela ação meio rude
e deselegante.
- Não se aproxime dela, Louis. - Harry sussurrou por trás, ao pé de seu
ouvido. - Não faça isso, por favor.
- Desenhe-me.
Ou não deveria.
- Perdão?
- Pois bem, que assim seja. - Louis decretou com sua feição séria, passando
a rumar para fora do Salão sem sequer lançar uma despedida para Diana.
Deus o dê forças.
***
[ gente por conter conteúdo explícito o próximo cap - que eu já postei - está
bloqueado. Se não estiver constando pra vocês, tira a fic da biblioteca e
adiciona novamente]
Chapter Thirty Six
- Posso fazer o retrato no seu aposento? Gosto de como seu divã vermelho
contrasta com a sua pele, possibilita-me criar um jogo de sombreados no
papel. - Tomlinson pediu, andando mais a frente enquanto Harry tentava
acompanha-lo e simultaneamente não desmaiar.
- Pode, claro.
Seu estômago se retorceu e ele jurou que teria um derrame cerebral porque
ficar nu próximo de Louis seria sua morte.
***
Carregava uma tela média e uma sacola com tintas, pincéis e alguns pares
de panos.
Ele se deu o direito de abandonar o fraque azul marinho no mancebo e se
sentir mais confortável com somente sua camisa branca básica, decote em
V e bufante nas mangas, calça preta justa no quadril porém larga nas
canelas.
Jogou seu cabelo para trás uma última vez antes de propriamente se deparar
com o príncipe Edward.
Harry teve que repreender um grunhido frustrado porque eles nem haviam
começado e o autoritarismo de Louis já estava arrepiando seus pelos.
Quão desastroso seria se ele já ganhasse uma ereção no primeiro segundo
após ficar nu?
Adentrando?
Por favor, Divindades do Tesão e Ereções, não me deixem ter uma hoje. -
obstinadamente repetia em sua consciência. Styles assentiu calado,
engolindo a seco enquanto jogava o robe para traz do divã, expondo-se
completamente, olhando inseguro para qual seria a reação de Tomlinson
(pois talvez uma fagulha de decepção o atingiria no caso do menor ignora-
lo como sempre).
No entanto, Louis não desviou sua atenção para longe, pelo contrário,
avaliou com calma cada pedaço exposto de Styles.
Styles por instinto se encolheu um pouco em torno de si, torcendo para suas
bochechas não enrubescerem.
- Você é lindo, Harry. - Tomlinson admitiu, para sua surpresa (coração, não
dispare agora, talvez ele seja capaz de flagrar-te pulsando impiedosamente
contra meu peito) - Creio que não serei apto para retratar um milésimo de
sua pulcritude.
Louis sorriu determinado daquela forma sedutora que faria Harry se atirar
de um penhasco.
- Irei vendá-lo, coloca-lo na posição que preciso que esteja, para enfim
começar a retrata-lo. - Louis anunciou, não cedendo outro segundo para que
Harry protestasse antes de colocar uma faixa sobre seus olhos, amarrando-a
atrás de sua cabeça, atento para não amassar seu cabelo.
- Acalme-se, Styles. Ou terei que apertar o laço com mais força para não se
desfazer. - Tomlinson reverberou, afundando a ponta de seu dedo indicador
na têmpora direita de Harry.
- Eu estou. - sussurrou.
- Droga.
- Tenho seu consentimento para conhecer seu corpo?
- O quê?! - engasgou.
Styles resfolegou.
- No baile lhe dei permissão para fazer o que quisesse comigo. - afirmou. -
Minha concessão está de pé.
Era tudo muito sensual. E tentador. E droga, Harry estava prestes a manda-
lo se foder porque sinceramente ele não achava que seria capaz de se
control-
Era inevitável que Louis não se hipnotizasse pelo jeito submisso de como
Harry se encolheu durante o espasmo, com sua boca curvada reproduziu
resmungos baixos e rapidamente mordeu os próprios lábios para repreendê-
los.
Não poderia ser mais erótico a forma que os músculos sob o pincel se
tensionaram conforme Tomlinson percorreu sem pressa pelo seu peitoral.
Seu corpo estava trêmulo, e mesmo sendo considerando o sexo sob pernas,
Harry nunca estivera com seus sentidos tão aguçados, e borboletas
pinicando a parede de seu estômago com ideia de Louis o tocando.
- Sua parte inferior está, na verdade, bem inquieta. - Louis encarava seu
pau, o qual levanta-se e enrijecia-se, evidenciando as veias grossas que
marcavam a epiderme rosada.
Não lembrava de ter ficado duro desse modo em alguma outra ocasião.
Harry estava agoniado por ter sua mobilidade limitada, não poder assistir a
cena gloriosa de Louis estudando-o. No entanto, ele imaginava.
Levou a ponta do pincel para traçar a veia que se sobressaia do pênis. Harry
se retorceu bruscamente com aquilo e choramingou - fodidamente
choramingou - repuxando os braços para se desvincular.
Porque era uma sensação de prazer estranha em sua região muito sensível,
impotência. E, embora ele sempre tenha sido um tanto barulhento e muito
receptivo na cama, não se recorda de se entregar como agora para outro
alguém.
Era Louis.
E o fato de ser Louis ali o reconfortava e o deixava insano.
- Afaste suas pernas. - exigiu, sua voz prestes a vacilar porque aquilo era
demais e Harry era demais para sua saúde mental.
Engolindo sua admiração, Louis roçou o pincel nas bordas de seu botão
rosado.
- Não pare. Por Deus, não pare. Dê-me um orgasmo, meu rei.
- Lou, por favor, solte meus pulsos. Eu preciso me aliviar. - Harry soluçou,
inquieto. - Eu preciso me masturbar forte ou eu juro que meu pau irá cair.
Louis sabia que aquela finalização estava longe de ser decente e realista,
que os formatos estavam crus e sem sombreamento. Ele sabia que aquilo
não era nem um milésimo do que almejara.... mas... mas ele também era
humano, e seu coração estava despedaçado ao assistir Harry chorando -
literalmente deixando que lágrimas escorressem por sua bochecha -
enquanto se contorcia de tesão.
Então, o resultado de sua obra tornara-se uma importância secundária
quando ele se levantou do banco e caminhou para próximo do menino.
- Irei liberta-lo agora, Harry. - informou, sorrindo triste mesmo que ele
estivesse vendado.
- Tem certeza? Você já acabou? E-eu posso aguentar mais tempo se for
preciso. - Styles certificou, e merda ele era tão encantador e gentil, ao ponto
de colocar o trabalho de Louis na frente de sua necessidade.
Styles logo abaixou os braços, apertando os pulsos para amenizar a dor que
os panos causaram.
E, por fim, Louis se agachou ao lado de divã e desatou o pano que vendava-
o, assistindo Harry abrir devagar os olhos, piscando desnorteado a fim de se
acostumar novamente com a claridade do quarto.
A primeira imagem que Harry teve ao situar sua visão foram as profundas
lagoas azuis, deixando-o sem fôlego de imediato.
Louis estava próximo, avaliando e assegurando-se que ele estava bem.
Mas, sério, como Harry poderia estar bem tendo uma maldita ereção
exposta e dois pares de esferas azuis infinitas direcionadas completamente a
ele?
Tomlinson piscou surpreso, mas decidiu não pensar - ele já causou miséria
o suficiente no outro por hoje - e levou cuidadosamente seu rosto para ainda
mais perto do de Harry.
Louis, de olhos fechados, certamente não podia ve-lo se masturbar, mas ele
sabia que Harry estava bombeando incansavelmente seu próprio membro
pelo modo que seu corpo inteiro acabava tremendo com os espasmos e seus
gemidos entrecortavam o beijo.
Tomlinson chupou sua língua com avidez, levando Styles a perto de uivar
de satisfação enquanto sua mão masturbava seu pau provavelmente na
velocidade da luz.
Era sedutor - e quase fofo - os suspiros de prazer que Harry dava, ou então
quando ele afastava rapidamente sua boca para gemer livre e ofegar por ar.
Sobretudo, era fascinante presencia-lo arqueando as costas ao se aproximar
de seu tão esperado orgasmo.
Talvez ele se martirizasse mais tarde, mas movido por um ímpeto estranho
Tomlinson guiou seus lábios a depositarem um beijo casto na bochecha de
Harry, o qual, coincidentemente, chegou ao seu ápice naquele instante,
emitindo uma lamúria alta e vindo em jatos longos e grossos contra seu
estômago, o corpo todo delicadamente se sacudindo pelos choque de prazer.
Antes que concluísse a frase Harry já havia sentado em seu colo, colocando
as pernas em cada lado de seu corpo.
Ele parecia cansado. Contente. E sujo - no sentido literal, pois seus cabelos
estava úmidos de suor, havia gozo espalhado em seu tronco, resquício de
lágrimas em suas têmporas e sangue saindo das feridas de sua boca.
- Hey. - Styles saudou animado, parecendo uma criança adorável e animada.
- Eu não sei fazer coques. - admitiu, torcendo o nariz pelo resultado meio
desarrumado que obteve, algumas mexas escorregando do elástico e
deslizando para frente do rosto de Styles, que apenas riu sem se importar.
Styles estendeu suas mãos corajosamente para segurarem seu rosto, com
suavidade, as pontas dos dedos acariciando-o.
- Obrigado. Este foi o orgasmo mais diferente e intenso que eu já tive.
Até que, subitamente, Harry fechasse sua expressão feliz para uma
ligeiramente zangada - e enciumada.
- Ei, então era isso que pretendia fazer com Diana hoje? - indagou
visivelmente chateado e irritado.
- Ouch.
- Saiba que sou uma opção muito melhor do que ela, Louis. Infinitamente
melhor. - gabou-se, depositando um selinho inesperado em seus lábios.
- Posso lhe perguntar por que se esquivara de mim durante esta semana? -
Harry interrogou direto.
- Eu não me esquivei.
- Conhece aquela capela que há mais afastada do Palácio? Atrás dos jardins
das coníferas?
- Uh, sim.
- Descobri que aquele lugar é muito silencioso de noite, perfeito para ler.
Não fica tão frio e os vitrais coloridos parecem milagrosos ao refletirem a
luz da lua. Gosto de me isolar.
- Bem, preciso ir. Já deve ser madrugada e amanhã haverão mais aulas. -
Louis anunciou, dando leves tapas na coxa do maior para que ele levantasse
de seu colo.
Logo que os dois estavam de pé e Tomlinson estava pronto para sair, Harry
o chamou com um leve toque em seu antebraço.
- Sim?
- Diga-me antes, qual o nome de sua obra? - Styles perguntou, fitando a tela
nos braços de Louis com um retrato seu (vulnerável e excitado) pintado em
tinta preta.
***
notas da autora: Gostaram? Sou ruim escrevendo hot mas prometo
melhorar.
- Nada. É só... muito legal escutar isso, sabe? No meu reino eu sinto como
se nem minha própria família fosse minha família. - deu de ombros.
E por um momento ocorreu em Liam que aquilo era errado, muito. E que,
embora o outro não quisesse compartilha-lo seus maiores pecados que o
levavam constantemente a julgamento, desafeto não era uma penalidade
plausível, não com alguém que já se auto sabotava tanto quanto Zayn, que
se machucava porque via na beleza uma escapatória da vida que tinha.
Movido por um impulso maior, segurou o príncipe pelo cotovelo,
impedindo-o de prosseguir seu caminho.
- O que há de errado?
Quantos de nós não gritamos mudos por pedidos de socorros que ninguém
consegue escutar?
- Eles achavam que eu era ruim lutando de espadas, péssimo nas aulas de
estratégias, e muito retraído para governar. Mas, admitiam que eu saía bem
nos códigos de etiqueta. - parecia dolorosa a forma que Zayn revelava sua
rejeição, como se ela deteriorasse seus sentimentos a cada segundo do dia. -
Minha mãe então passou a enxergar uma solução para isso. Para a ascensão
econômica de Alren. Ao invés de me instruírem para crescer e me tornar
um bom príncipe, instruíram-me para crescer e me tornar um bom marido.
- Eu sei que isso no total já é a coisa mais errada e desgostosa que ouvi,
mas... o que de pior aconteceu? O que houve para que eles te
abandonassem?
- Nós nos aproximamos no começo, e ela era divertida. Estar com ela era
diferente de estar com os outros, porque todos os jovens com quem estava
permitido a ter contato eram alvos de interesse ao reino, e isso soava
forçado. Então, quando eu beijava Coral, por mais que ela fosse minha irmã
postiça, parecia leve e casual. - Zayn mordeu os lábios ao proferir, temendo
a reação e o julgamento que encontraria nos olhos de Payne.
- Eu prometi a mim próprio que não seriam mais do que beijos. Mas eu era
jovem, e me deixei levar. Nós estávamos tendo nossa primeira vez atrás dos
depósitos do Palácio quando meus pais nos flagraram. - Zayn tossiu,
constrangido. - Eles ficaram obviamente horrorizados, e disseram que eu
perdi a única coisa que poderia me salvar, minha dignidade. Se algum
pretendente soubesse disso, me largaria. Eu sou a queda de Arlen. Se não
me há dignidade, resta-me esperar que a beleza externa valha algo.
Escutar esse tipo de revelação era como ser acertado por uma flecha.
Porque... uou... Liam entendia que Zayn talvez tenha se deixado levar um
pouco na situação... mas quem não erra? No final ela era uma garota como
outra qualquer, e eles não se conheciam então mal poderiam se considerar
irmãos.
Liam não sabia exatamente como se pronunciar diante esta confissão. Ele
entendia que suas palavras não mudariam algo, que a influência que o rei e
a rainha tiveram no psicológico de Zayn seria muito maior que a sua, e que
a parte destruída e rasgada de seu coração jamais seria recomposta, porque
a capacidade que os outros têm de nos ferir é muito mais forte do que a que
nós temos para curar.
Uma vez que alguém desconstrói a boa ideia que você guarda de si próprio,
ela é perdida. Ela é jogada e substituída por uma ruim.
Afinal, é tão mais fácil nós nos odiarmos do que nos amarmos. Basta, às
vezes, um pequeno comentário para desmontar nossos sentimentos.... quem
dirá toda a educação de uma criança a base de ideais superficiais e
depreciativos como foi com Zayn.
Payne jogou a flor amarela no chão, usando suas duas mãos livres para se
firmarem no ombro de Malik, apertando-os para transmitir alguma firmeza.
Encarou-o sério - fazendo questão de não deixar nenhuma gota de pena ou
julgamento (porque não é o que ele precisava).
E Liam duvidada que ele fosse capaz de até mesmo reconhecer seu estado,
pois o próprio príncipe não se enxergava mais como um humano, e sim um
objeto.
- De amor próprio.
***
Deveria.
Porque não estava.
Ele decidira naquela noite que voltou ao quarto que não queria entender.
Não queria decodificar o que suas ações significavam e o peso que um dia
fariam sobre seus ombros.
Ele decidira aceitar a sua idade, e não se culpar por ceder às vertigens que a
juventude nos sucumbe, aproveitando-se da nossa propensão à
impulsividade e desequilíbrio.
Não era delito dele. Louis não poderia ter imaginado que o filhote de
gatinho arisco e perdido que ele metaforizava para Lorena - aquele que ele
teria trazido para casa eventualmente - atacaria-o assim. Literalmente
avançando em Tomlinson, sem chance alguma de defesa.
E tudo se acabaria.
Ele retornaria para Riverland com a permissão de ter uma coroa em sua
cabeça, e faria de sua vida uma missão eterna para honra-la.
Ele colocaria a felicidade nos rosto de seu povo, e lutaria por ela.
Harry Styles seria uma história no seu livro que teria acrescentado um
pouco de adrenalina. A história a qual ele se permitiu sair de seu eixo
suposto de comportamento e cedido à espontaneidade.
Era tão óbvio como Styles se sentia solitário. E como ele tinha total
consciência de que ninguém de fato se importou antes com seu bem-estar
nesse Palácio.
Ninguém provavelmente segurou sua mão enquanto ele tremia após drogar-
se.
Ninguém procurou-o ou enfrentou uma tempestade quando ele chorou de
saudades da irmã.
E Harry valia uma tempestade, valia uma pneumonia e valia ter pessoas
demonstrando que ele era digno de atenção.
Ou talvez ele só tivesse muito carente por algo mais afetuoso e sincero do
que costumava ter.
***
Precisava que ele fosse paciente (ao fazer questão de manda-lo algumas
piscadelas presunçosas em toda santa ocasião que os dois estivessem em
uma mesma sala - com tantos outros príncipes presentes - até que Louis
desviasse o olhar sem jeito).
Precisava que ele tivesse muita energia, porque Harry decidira que fazer
suas caminhadas matinais nos fundos dos jardins seria melhor na presença
de Louis - justo o príncipe que sofria de insônia e mal tinha tempo de
aproveitar as poucas horas de sono antes de ter batidas insistentes em sua
porta e um jovem importunando-o em busca de companhia.
Precisava que ele soubesse ser um bom filtro (Louis se esforçava demais
nisso) e ignorasse grande parte de seus comentários maldosos sobre os
outros príncipes. Tomlinson descobriu que o humor negro de Styles seria
pior do que imaginara ao presencia-lo cochichando secretamente no ouvido
direito de Marley, um príncipe abertamente surdo.
Harry não sabia o que era espaço pessoal. E era um pouco sufocante,
porque Louis acreditava que se o permitisse, ele até mesmo ficaria o
acompanhando no banheiro enquanto estivesse tomando banho ou usando a
privada.
Ele agradecia mentalmente por Lorena não estar tendo crises de ciúmes por
ter seu posto de conselheira noturna evidentemente substituído pela criatura
dos cachos compridos. Nas poucas oportunidades que tinham de se
comunicar, ela revelava como estava seu relacionamento com Brandon, o
jovem guarda - a quem ela preferiu do que Leroy, o cozinheiro, e de como é
estranho se ligar a alguém.
Louis engoliu sua frustração de não finalizar o segundo capítulo antes que o
ambiente calmo se desmanchasse e Harry estivesse em seu campo de visão,
com suas gramas de verão mais arregaladas que o normal, o encarando.
- Você está bem? Sente-se doente? - ele parecia muito preocupado. Fechou
a porta atrás de si e se sentou na cama, estudando-o, procurando indícios de
febre ou algo assim.
- Oh. Então... por que não foi jantar hoje? Sem fome?
- De mim, certo? Eu sei. Sei que é de mim. Sei que estou sendo muito...
hm... invasivo? Eu estou sugando suas energias? Me avise se estiver, ok?
Você não precisa fingir que está satisfeito só para me fazer feliz-
- Harry.
- Harry.
- Só n-não... só não se afaste, sim? Não deve se afastar, er, nunca. Quando
eu estiver sendo um incômodo me avis-
Styles nunca teve a quem recorrer nesse Palácio por seis anos, e agora que
tinha estava compensando as chances perdidas e criando uma zona de
conforto nova.
Não era justo Louis se sentir nem minimamente estressado por ter
desencadeado essa reação nele, afinal, era tudo que ele estimulara-o a ser...
sincero e feliz.
- Ei, garoto, está tudo bem. Não pire, certo? Eu não vou deixá-lo. -
Tomlinson disse, devagar e gentil, acariciando as laterais de suas
bochechas. - Eu só queria ler um pouco, mas também... já li este livro
repetidas vezes... é um favor que me faz vindo aqui! Eu ficaria entediado se
não viesse.
- Não é porque não nos falemos durante algumas horas que isso significa
que o abandonei, Harry. Sem se desesperar novamente, hm?
Ele continuou com ela lá, parecendo como se segurasse algo de dentro, e
aparentando-se hesitante quanto ao que era.
Harry puxou sua mão de novo, abrindo-a entre os dois, revelando um frasco
de tinta cosmética densa azul bebê.
- Eu-
- Você não precisa se não quiser, ou se não gostar. É só que... não sei,
parecia uma boa ideia na minha cabeça estúpida antes-
Oh.
Existiam esse momentos.
Esses momentos conflitantes.
- Para quem pinta retratos exímios como você, preencher unhas com tinta
será fácil. - Harry prometeu.
E nos primeiros cinco minutos ele guiou-o com comando, de como ter
cuidado para não extravasar ou borrar as laterais, e não acumular esmalte
nas pontas.
As unhas de Harry eram delicadas e bonitas, e Louis precisava admitir que
o esmalte as realçava divinamente. Ele ficava ainda mais belo com elas, e
vivo. Era gritante como pequenos detalhes o favoreciam nesse nível.
Ele ficava ainda mais sexy ao ter a mão de Styles apoiada em sua coxa,
enquanto permanecia ligeiramente curvado passando o pincel em suas
unhas.
Louis concordou em silêncio, sorrindo mesmo que pela posição Styles não
visse.
Analisou seu trabalho com as pupilas dilatas, quase tornando seu orgulho
paupável por estarem tão bem feitas.
- De acordo com a mitologia, quando Zeus foi ao seu encontro, não resistiu
e se apaixonou perdidamente pelo rapaz. Mas ele não poderia tê-lo
exatamente. Ele era... inalcançável. - Styles murmurou, soando um tanto
distante. - Assim, Zeus se transformou em uma águia para rapta-lo, e
manteve-o como prisioneiro no Olimpo.
- Perturbador. E abusivo. Você não pode raptar alguém, levar uma pessoa
contra a sua vontade, esperando que ele o ame de volta.
Louis elogiou. E isso fez com que Harry desviasse o olhar para o chão,
enrubescendo sua pele para um vermelho claro. Ele mordia timidamente seu
lábio, a mente turva com pensamentos.
- Certo. Hm, então acho que devo dormir. Sabe, há este ser que adora fazer
passeios naquele jardim congelante pelas manhãs, e ele provavelmente
ficará furioso se eu não conseguir acordar às seis. - Tomlinson disse
descontraído, esperando que Harry compreendesse e fosse para seu próprio
aposento.
Mas Harry somente soltou uma risada e continuou ali, parado, encarando-o.
- Hm?
***
❤
Chapter Thirty Eight
***
Mas, o que realmente era, não passaria como hipótese para ninguém de lá.
Ele parecia um pouco eufórico e entusiasmado com o que quer que fosse
enquanto os demais honestamente só encaravam os dois entediados.
Participar de uma escola para Príncipes não era exatamente como
imaginavam que seria - com festas todo dia, vinho e damas.
- Pois bem, conforme dito anteriormente, hoje estarei divulgando o projeto
da semana. Ele foi sugerido e elaborado com o auxílio de Liam James
Payne. - proferiu inexpressivo, seu sotaque francês repuxando o fina das
palavras. - Prefere explicar o que há por trás dele, vossa alteza? - indagou a
Payne.
Liam deu um passo a frente de onde estava com Luminiére- meio que no
superior da escadaria, olhando os demais jovens da dinastia amontoados no
nível térreo.
- Mas, sob o meu ponto de vista, este pensamento está ultrapassado. Nós
temos todos os deveres de sermos líderes e pais tão bem preparados quanto
elas, para quando futuramente, na geração de nossos herdeiros, saibamos
cria-los apropriadamente. - Liam tentou, contudo não pôde evitar olhar para
Zayn nesta parte do discurso, o qual fitava retraído o chão de mármore.
Liam subiu para o andar dos aposentos mais rápido que pôde, deixando um
tumulto de príncipes indignados e exasperados para trás.
Pelos próximos minutos tudo que se ouvia entre eles eram resmungos e
comentários alarmados.
***
Mas, tudo que sua mente focou foi, na verdade, a garota dos cabelos loiros e
trançados que estava entre Don Luminiére e Liam, encarando-o assustada e
silenciosa.
E ele obviamente sabia que aquela menina não era ela, pois se tivesse tido a
chance de existir, sua irmã já seria mais velha, com seus sete anos.
E esta provavelmente não passava dos cinco.
Porque por mais frenéticos que seus irmãos tivessem sido, pouco afetaram o
comportamento de Tomlinson. Enquanto eles pulavam e corriam pelo
jardim do palácio em Riverland, Louis leria sossegado seus livros no
próprio quarto.
O que é, sem dúvidas, muito diferente de ter uma garota sob sua supervisão
e responsabilidade que o colocaria possivelmente em situações que ele não
saberia lidar.
Sem um manual exato de uma suposta conduta para isso, Tomlinson engoliu
a seco e se agachou na altura dela, tentando soar o mais gentil que pudesse.
***
Enquanto Louis já estava tendo seus primeiros ensinamentos de
sobrevivência alternativa com Charllote - como, por exemplo, uma menina
pode ser muito mais sapeca e agitada que garotinhos quando quer, Harry
fora convocado para receber a sua pequena grande responsabilidade no
escritório.
Sua pose era de tédio e sua vestimenta estava gritando por repressão.
Ele estava sob seu conjunto menos formal de camisa bufante amarela clara
e a calça caqui. Adornando sua cabeça havia uma Fedora camurça marrom.
Foi quando Liam, que encarava-o sério, se pronunciou, virando-se para trás
e apanhando alguma coisa em uma cesta.
- O que seria melhor para ensiná-lo a ser finalmente um adulto, do que lidar
com um bebê? - Payne satirizou, estendendo o nenem em sua direção.
- Como, por exemplo, fazer mamadeiras. Uma a cada duas horas. - Payne
interferiu, antes que Harry xingasse. - trocar fraldas e ninar. Todos os
utensílios e suprimentos que precisa estão na dispensa da cozinha, sua
criada foi instruída estritamente a não ajuda-lo nisso, Vossa Alteza. Ou a
intenção de aprendizagem seria em vão.
- Não sejam loucos, eu mal sei como pegar esse pacotinho no meu colo,
quem dirá tomar conta disso. - Harry afirmou contrariado, distanciando-se
deles.
Harry bufou.
Negou com a cabeça.
Choramingou.
E por fim pegou aquele montinho de cobertas dos braços de Liam,
segurando-a sem jeito.
Prendeu sua bengala entre o braço e a costela e desajeitadamente saiu da
sala.
***
Isso soava triste, porque Louis cresceu e teve sua infância sendo mimado
em um Palácio maior que este, ele não consegue imaginar uma realidade
alternativa em que seus pais deveriam comprar alimentos ou livros, lutando
para sobreviver até o final do mês.
- Brincar? Pega-pega?
Oh Céus.
Louis nem ao menos se recorda de ter aceitado correr atrás de seus irmãos
quando mais jovem. Ele não era do tipo que apreciava suar e se cansar a
toa.
***
- Ouça, eu não a quero. Não a quero. Então, se puder fazer o favor de parar,
irá me deixar muito menos aborrecido. - Harry resmungou, pressionando as
pontas dos dedos nas laterais da testa, massageando o local.
Bastou ele coloca-la sobre sua cama, o dossel macio e vermelho, que a bebê
aguou seus pequenos olhos e formou um biquinho.
Naquele instante em diante, ele declarou odia-la.
- Deus, que pênis de silicone eu joguei na cruz para merecer isso? - bufou.
Harry decidiu que largar aquela miniatura de gente em sua cama e esperar
calmamente que ela parasse de berrar não estaria funcionando em nenhum
momento próximo.
- É fome? - ele perguntou a si mesmo. - Será que essa coisinha não mamou
ainda?
- Viu? Viu o que tenho? Se eu te der isso você ficará enfim quieta?
- Ande minha querida. O que foi? Precisa que eu beba por você também? -
reclamou impaciente, cruzando os braços em frente ao peito.
Certo.
***
Foi quando aquele odor forte e horrível o atingiu, e Harry esteve tentado a
larga-la no ar para tampar seu nariz.
Harry correu para pegar uma fralda nova de pano, pomadas e talco,
enfiando-os em uma bolsa de couro preto e transpassando por seu ombro.
****
Styles não pensou duas vezes ao torcer a maçaneta da porta de Louis sem
nem bater.
Era só que... a cena diante dele enviara um calafrio por sua espinha.
Harry não percebera estar sorrindo tão abobado e inerte. Ao menos não até
que um outro ser invadisse sua visão.
- Oi, quem é você? - a garota que surgiu de Deus sabe onde perguntou em
meio ao silêncio, fazendo-o pular e soltar um grito estridente de susto.
Louis, perturbado com todos os sons que ouvia, tirou sua venda para
averiguar o que ocorria.
- Seus pais nunca a ensinaram a não falar com estranhos? Por que estava
falando comigo? - Harry perguntou rudemente para a garota, que franziu o
cenho contrariada.
Antes que Louis pudesse reagir, Lottie que assistia a cena debaixo, começou
a se animar.
- A fedorentinha está fedorentinha, então, Louis, por favor e por tudo que
há de mais sagrado, dê um jeito nela. - implorou, desesperado porque o
príncipe não parecia disposto a pega-la ou sequer se mover.
- E você, meu caro, é o nosso salvador. Então faça o que um salvador faz, e
nos salve.
- ... Mas posso ensiná-lo e orientá-lo, para que seja capaz de trata-la da
maneira correta. - Louis adicionou.
E bem, era melhor do que nada.
Nos próximos dez minutos Tomlinson obrigou Harry não só observar como
trocava fraldas, como de fato participar.
A tarde foi gasta com Louis sendo intimado por Charlottie a procura-la pelo
Palácio, fingir interagir com seus amigos imaginários, e fazer cócegas em
sua barriga, enquanto Harry permanecia nos aposentos de Tomlinson
esperando-o retornar.
A maioria dos príncipes ainda não tinham se acostumado com suas crianças
adotivas temporárias e enfrentavam dificuldades em mantê-las por perto.
Louis tinha que procurar Lottie a todo momento desde que ela parecia
obstinada a ignorar seus comandos e se divertir com as outros de sua idade.
Zayn não lidava com tantos problemas. O garoto que fora selecionado para
ele era Kevin. Kevin era incrivelmente tímido e envergonhado, tinha origem
mestiça, olhos assustados, cabelos lisos e corpo rechonchudo.
Os dois jantavam lado a lado em silêncio, Malik ora ou outra tentando
puxar assunto ou incentivando-o a se juntar naquela algazarra de baixinhos.
- Por que não vai brincar e fazer novos amigos depois que comer, Kevin? -
sugeriu, sorrindo doce.
Foi quando Malik inspirou fundo pensando que só podia ser obra do karma.
Ou melhor, do Liam.
***
Depois do jantar Tomlinson colocou Lottie sobre seus ombros - porque ele
desconfia que ela jamais aceitaria ir dormir e parar de correr - e levou-a
contra sua vontade para o aposento, deparando-se com Harry ainda ali,
cochilando com Mackenzie no colo.
Eram onze da noite quando Harry retornou para seu posto de babá, entrando
no aposento de Louis vestido com seu pijama de algodão sem cerimônia
alguma.
***
Ele tinha prometido escovar as madeixas sedosas de Lottie antes que ela se
deitasse, mas a cada segundo que presenciava Styles supervisionando
aquela bebê uma agonia o sucumbia.
- O que está fazendo? Não é assim que se segura um neném, Harry. Ela é
frágil, não é como carregar um amontoado de livros. - repreendeu, largando
a escova de cabelos de lado para dar atenção àquela coisa depravada.
- Isso, mas seja mais gentil, não tenha medo dela. - Tomlinson quase riu,
porque o herdeiro de Malta simulava uma aparência de pavor. - Ela não irá
engoli-lo, você consegue.
Com seu jeito desconfiado, Styles apertou-a mais contra si, vendo seus
olhinhos piscarem lentamente.
- Faça movimentos leves e lentos, nine-a. - Louis instruiu por fim, sorrindo
um tanto orgulhoso de como Mackenzie caiu em um sono tranquilo,
ressonando baixo e parecendo macia como uma flor.
***
Na real que esse cap e o próximo seriam meio que um só, mas como eles
ficaram meio grandes teria que postar separado.
Chapter Thirty Nine
- Vou levar pros meu pais. - ela revelou. - Eles nunca comeram chocolate
antes. Posso?
- Muitos.
Para um indivíduo de quatro anos, a gratidão que brilhou em seus olhos era
praticamente paupável.
É como se ela estivesse vendo materializado algum herói grego das estórias
que Tomlinson a contou.
***
- Então, eu devo apenas, hm, bater com esse bastão na bola e tentar fazer
com que ela passe pelo arco? - Kevin questionou atento, balançando o taco
de madeira pelo ar.
- Meu pai sempre me falou que sou bom com esportes e jogos no geral. É o
que mais gosto de fazer. - explicou-se. - Geralmente eu pratico coisas ao ar
livre no jardim de casa.
Havia uma essência desgastada nos olhos daquele menino que intrigava
Zayn.
Não falava com ninguém - a não ser Malik, após muita persistência.
Ele só... honestamente, Zayn sentia haver partes rachadas nele. E crianças
com seis anos não deveriam ter partes rachadas. Elas deveriam ter alegria,
inocência, entusiasmo e paixão.
- Ei, será que poderíamos brincar de ... hm, tênis? É meu favorito. - Kevin
sugeriu.
- Então, me conte, como é ir para a escola inglesa? Você vai, não é? - Zayn
questionou curioso, recebendo uma confirmação silenciosa do menor. - É
que eu nunca tive a chance de ir, fico curioso de como é.
- Você não gosta dela? - Zayn franziu o cenho. Ir para a escola inglesa
particular não era privilégio de muitos, a maioria dos filhos de camponeses
humildes sequer tinham condição.
- Pensei que fosse uma boa ocasião para praticar esportes que careçam de
times.
- Eles não me deixam entrar nos times. Porque eu não tenho o porte físico
para um jogador adequado.
***
- Perdoe-me pelo atraso, Lottie me fez ler uma fábula antes de vir.
Louis lançou-o uma expressão fria a qual Harry optou por se corrigir.
Mackenzie sorriu daquele jeito fofo de bebês para Louis, o qual piscou
encantado.
- Parece que esta garota é ligada na tomada. Nunca vi um neném tão novo
permanecer todo esse tempo desperta.
- Não.
- Então, bem, deveria saber que vai de organismo para organismo. Às vezes
ela é só uma menininha agitada que reparará as supostas horas de sono
depois do banho, ou de madrugada.
"Talvez ela seja, desde que não tenha um espinho cortando sua pele".
- Ela não é uma boneca de pano, não a chacoalhe desse jeito!- Louis
ordenou com sua voz firme. A típica voz firme que levava o príncipe dos
cachos selvagens e macios a engolir a seco e divagar sobre a beleza
(dominante) excessiva que alguém tem direito de apresentar.
Harry então virou seu rosto para a bebê, mantendo a feição de choque.
- Você ouviu isso, fedorentinha? - ele sussurrou para a neném, que pendeu
sua cabeça para a esquerda (com aquela toca de antenas bizarras que ele
obrigara o alfaiate confeccionar pela manhã). - Ele blasfemou!
- Sério, Har-
- Oh meu Deus! Ele xingou! Louis William Tomlinson xingou em alto bom
som! Estaríamos nós existindo em um universo alternativo?!
Sinceramente Louis nem se sentiu culpado por tê-lo feito. Ele sabia que a
convivência com Harry geraria algumas consequências inevitáveis em sua
personalidade... e okay, porque ele percebeu que xingar era um pouco
libertador.
- Ele não soa sexy para porra quando fala insultos? - escutou Harry ainda
comentando a respeito com a neném. - O que eu não daria para um recital
de palavreados?! - uma pausa dramática e sua aparência se acendeu de
malícia. - Ops, eu daria tudo.
Estava traduzida nas lentes esmeraldas a idolatria que fez o príncipe dos
cachos congelar o tempo para observa-lo como um espetáculo teatral. Louis
e o sorriso imortal.
Sua súbita paralisia alertou até mesmo Mackenzie, que satisfeita por não
estar mais sendo obrigada a dançar e também distraída da ferida de seu
dedo acabou se silenciando, amenizando o choro para curtos espasmos
soluçados.
Mackenzie ria estonteada para Styles, que, surpreso pela reação contagiante
da menor, não teve forças de impedir que um sorriso delicado se repuxasse
aos poucos em sua boca, sincero e inevitável.
Para Louis, que assistia tudo sendo um telespectador fora daquela bolha, era
claro como o dia que Harry estava maravilhado com ela, e emocionado e
anestesiado.
Ele emitia uma luz boa ao seu redor, criando uma conexão especial com a
criança. Ele parecia tocar um milagre com o coração, inerte do exterior.
Porém, abrasivo igual uma faísca caindo sobre palha, toda a construção
delicada e frágil...se...quebrou.
Mas... simultâneo a essa hipótese... Louis meio que sabia - meio que sentia -
que aquilo estava além de um delírio psicológico. Aproximava-se de um
delírio sentimental.
- Alteza, por favor, ouça-me. - pediu, buscando acalmar-se para não piorar
sua agonia. - Você vai assusta-la. Você vai assustar Mackenzie. - inferiu
firme, encontrando o olhar de Harry.
Harry engoliu a seco, uma camada de suor rolando pela pele pálida.
Louis preparava-se para repetir a pergunta quando Styles tomou a frente da
situação e acenou em concordância com a cabeça, embora não verbalizasse
uma resposta.
Fez com que ele privasse o ímpeto de embala-lo em seus braços, recitando
frases de conforto.
***
Existia uma ponte que o separava do mundo neste momento a qual ninguém
- nem Tomlinson - teria permissão de cruzar.
Quando, em uma noite há muitas semanas atrás, Harry murmurou sobre ser
um precipício... ele não estava mentindo.
Agora ele soava exatamente como um.
Fodido e Imprevisível.
No entanto, tudo que obteve foi Harry finalmente se virando para encara-lo,
não simulando normalidade, sem se proteger com uma fantasia. Parecendo
real e ferido. Seus olhos ligeiramente marejados e vermelhos.
Ele era uma história incompleta que não podia ser lida.
Muitos elogiaram a capa, mas ninguém procurou as páginas faltando.
***
Depois de colocar Charlottie para dormir, ressentido que em dois dias seria
sua despedida, Louis resolveu se comunicar com sua mãe.
E desde então, sua mãe mantém uma curiosidade sobre o tal príncipe.
Se fosse narrar cada pedaço de Styles para Johanna, seria necessário envia-
la uma cartografia de escala absurda, um pergaminho com a extensão de um
país, pinturas e retratos que exprimissem sua beleza exuberante.
Portanto, vendo que era inconveniente qualquer um desses detalhamentos,
Tomlinson eventualmente desistira de responder aquela carta.
***
Era sábado.
O último dia oficial dos príncipes com seus 'afilhados' temporários antes de
propriamente se despedirem deles em uma cerimônia de banquetes no
almoço de domingo.
Tocado pela cena, Zayn sorriu triste. Ele queria distrai-lo com alguns
acordes de piano, no entanto sabia que incentivar seu gosto musical não era
o que esta criança de seis anos desejava no momento.
- Boa tarde, Vossa Alteza. - Liam saudou, não parecendo surpreso por
encontra-los ali.
- Contei o que?
Liam inspirou fundo, indo para o centro do cômodo com os braços cruzados
atrás das costas.
- Não contou que ele não pode fazer o que anseia, ou ser o que deseja,
porque suas condições físicas o impedem de tal.
Neste mesmo instante os olhos de Zayn se arregalaram em descrença, a pele
empalidecendo mais do que o usual. Ele sibilou inaudível um que porra
está dizendo? que foi efetivamente ignorado por Payne.
A esse ponto, a palidez de Malik não era nada comparada com o desespero
de sua face, os olhos incrivelmente marejados enquanto os lábios tremiam.
- Não, Zayn. Ele precisa ouvir. Você precisa ouvir. Ou você o revela agora
mesmo que seu exterior é mais importante do que qualquer outra
característica boa que ele tem, que seu porte físico e sua beleza são os
únicos que valem de seu potencial... - Liam advertiu, elevando a entonação.
E aquilo soava como estarem dentro de um tornado. A ventania, o barulho,
a destruição.
Zayn gostaria de construir uma casa resistente em volta deles para protegê-
los.
Mas ele sabia que no fundo era um sem-teto, desabrigado.
Ele lembrou das noites que chorou no quarto, com medo de que acabasse
sozinho.
Das noites que chorou pensando que nunca seria suficiente.
Das noites que despejou todas as suas refeições em um balde porque
acreditava ser o único caminho.
- Ouça. - Zayn finalmente disse à criança. - V-Você não merece isso. Você
não merece pensar que... vale pouco. Não merece crescer se
menosprezando.
Zayn limpou as lágrimas que escorriam de seus olhos com as costas das
mãos.
- Seu físico, sua aparência ... ela não vai ter dar o que você deseja. É tudo
uma grande mentira. Ela te torna obsessivo, e vazio. - mordeu o lábio
inferior. - E a única forma de se sentir preenchido... é valorizar o que há
dentro de você.
Um toque suave foi depositado em seu ombro, e Malik sabia que era Liam
tentando conforta-lo.
O menino assentiu calado. E, tudo bem, porque ele era muito novo para
entender tudo, e entender a intensidade e veracidade do que lhe era
informado.
- Eu sei.
***
Na noite de sábado, os príncipes e seus afilhados foram presentados com
uma bela surpresa de terem seu último jantar servido ao ar livre, sob o
sereno da lua e o clima ameno do verão.
- A meia esquerda dela caiu no chão. - escutou uma voz baixa intercede-lo,
fazendo-o olhar para cima.
- Claro.
O príncipe fez o que lhe foi pedido, e então se sentou na cadeira ao lado da
de Harry, que o encarou de soslaio em desconfiança.
- Brincando. Stuart fez um amigo agora a pouco, creio que com Kevin, o
garoto de Zayn. - Niall explicou, buscando-o com os olhos pela área e
suspirando aliviado com flagra-lo correndo atrás de Kevin.
- Você poderia ter neglicenciado esse projeto. Nós dois sabemos que se
você não compactua com algo, não há nada que o obrigue a fazer.
- Não há como negar que criara uma conexão com essa bebê, Harry. - Niall
advertiu. - Mas não pode se envolver tanto, ou ficará sofrendo pelo resto da
vida quando ela for embora. Porque ela tem uma família, e pertence a outro
lugar.
E antes que desse chance para Horan questiona-lo (pois ele parecia disposto
a confrontar seu estado emocional - o que era perturbador e gentil) Harry se
levantou e se retirou, retornando para o aposento.
***
Sentados lado a lado, ela se esforçava para retratar algo que Tomlinson não
sabia traduzir.
Estavam algumas bolinhas, e formatos desproporcionais, todos dentro de
um grande retângulo.
- Oh, somos nós. Na minha primeira noite aqui deitados na cama gigante. -
ela sorriu, apontando para as figuras respectivas. - Esta sou eu, com cabelo
compridos, vê? Este do lado é você. E esses são Harry e sua nenenzinha.
Com uma fixação muito grande pelo desenho, Louis suspirou anestesiado.
Uma sensação de carinho circulando por suas veias.
- Eu amo minha família, quero voltar para casa e ver o papai e a mamãe.
Mas também sei que quando estiver lá, irei sentir falta daqui.
- 'Vocês'?
- Você e Harry. Ele é engraçado. Um pouco malvado. Mas parece ser legal.
E muito bonito. Eu gosto dele. - Lottie admitiu, soando doce e honesta.
- Eu também.
***
Segundo, vou fazer uma breve reflexão sobre o que aconteceu nesse
capítulo.
Auto-aceitação é um processo longo. Complicado. E sufocante.
Não tem sempre efeito ou mudanças radicais.
Zayn conseguiu finalmente reconhecer que ele vale.
Esse é um passo importante.
E eu espero que vocês também reconheçam e façam das palavras dele as
suas.
❤
Chapter Forty
Mesmo que suas roupas estivessem tão extravagantes quanto o normal, elas
vestiam uma pessoa diferente. Uma pessoa que não combinava com
espalhafato, que precisamente deveria usar um fraque cinza o qual fizesse
jus a seu humor atual.
Aos poucos, no decorrer inicial da semana, Tomlinson discretamente
sentava-se na cadeira ao lado da sua nas aulas teóricas, e, quando longe,
estudava-o minuciosamente. Suas expressões, seus gestos, seus pequenos
sorrisos forçados.
A próxima interação que Louis obteve - enfim - com o garoto dos cachos
longos foi na quarta-feira.
Ele reparou que Styles não descera para o café, nem almoço ou janta.
Decerto ele sabia que o príncipe recebera suas refeições privadas no quarto,
mas... ele ainda precisava demonstrar que se importava. E que sentia sua
falta.
Então, sem divagar muito sobre, pediu que Lorena preparasse uma bela
cesta de frutas frescas com algumas velas aromáticas dispersas entre os
morangos e as cerejas.
Ele mesmo levou a cesta até os aposentos de Harry, o qual não o atendeu ao
ser chamado.
Tomlinson pensou que aquele fora o ápice do que poderia lidar. Ele não era
acostumado a perseguir tanto alguém e decretou, por fim, sua desistência.
Harry precisava de tempo e espaço.
- W. B. Yeats."
***
Os dias se passaram.
Nem com sua família - que o selecionara para o trono dentre os cinco filhos.
Nem com seu povo - que mereciam um líder soberbo e devoto.
Porque... apesar de sua postura usual estar ali, de seu desempenho despontar
outra vez, e de sua reputação ser a mesma... ele não era.
***
***
Naquela noite, especificamente, Louis fora agraciado com uma Lua cheia e
um céu sem nuvens para esconde-la, o que tornara consequentemente a
igreja abandonada sua aventura mais adequada para a ocasião.
Louis caminhou pelo corredor entre os bancos procurando a fonte dos sons
estrangulados até que, no canto esquerdo, se deparou com uma figura
espalhada no chão, de frente para o altar, com as pernas esticadas e as
costas apoiadas na parede lateral, em sua posse estava uma garrafa de rum.
Harry era como um anjo expulso do paraíso condenado a ser seu próprio
inferno pessoal.
- Eu estou chorando, não está vendo? - embora ele tentasse soar áspero e
arrogante, suas tentativas foram falhas. Era incontestável que ele não
passava de um vaso estilhaçado usando seus próprios cacos pontudos como
uma arma de defesa.
Harry enrugou o nariz. Agora confuso não sabendo se escutou direito o que
Tomlinson havia proferido anteriormente.
Porque, talvez, fosse sua mente o pregando uma peça, consumindo sua
fragilidade para agrada-lo com aquilo que desejasse ouvir.
Louis não seria alguém que reportaria-o uma frase de carga tão intensa
ainda vestindo sua pose inabalável e imparcial
Ele podia sentir o olhar desconfiado de Styles sobre si, e como o garoto
repetia um ritual de empurrar o tufo de cachos que atrapalhava sua visão e
em seguida secava as pálpebras com as costas da mão.
Os príncipes caíram nesse silêncio, que não era tenso ou constrangedor. Era
só... aconchegante e seguro, com uma pitada divina realçada pelos vitrais
religiosos que refletiam cores sobre eles.
Sua pergunta não foi nada tão grandiosa, contudo, impactante para que
Harry fechasse os olhos, expirando.
- Não interessa.
Se Louis fosse uma pessoa sã, ele não provocaria alguém que acabou de
quebrar uma garrafa. Dentro de uma catedral. Fazendo com que um
santuário sagrado fedesse à álcool doce.
Porque Styles conseguia ser tão expressivo com seus gestos, e aquele olhar
representava justamente o olhar que um cão de rua abandonado faz ao ser
acariciado por um indivíduo que, comovido, tomou um tempo de sua vida
para demonstrar afeto ao animal.
Styles fitava-o com reverência, de modo que Louis fosse uma santidade
resgatando a alma de um ateu. De um ateu que deixara de acreditar na
salvação há muito tempo.
- Você merece mais. Você merece mais do que isso. - Styles disse, a voz
amarga, apontando pra si mesmo com desprezo. - Você merece tanto, Louis.
- Creio que sou apto para tomar este tipo de decisão sozinho, Harry. Cabe a
mim saber o que quero, e quem desejo manter comigo.
- Mas eu não. Eu não sou uma boa pessoa. - decretou, desviando sua
atenção ao horizonte da igreja, no oposto onde estava a bagunça de vidros e
rum em uma poça larga. - Eu tomei decisões erradas o suficiente para que
elas estragassem o que havia de benévolo e honroso em mim.
Louis desceu a vista para as próprias mãos, ponderando. Até que enfim se
exprimisse.
Tomlinson fez uma pausa, permitindo-se levar sua mão para buscar a de
Harry - que repousava ainda na própria coxa.
Styles observou sua ação atônito, assistindo com uma expectativa silenciosa
o segundo em que os dedos de Louis se entrelaçaram delicadamente com os
seus.
- Você não é um vilão. É alguém que preferiu ser retratado como um.
Alguém que aceitou os insultos, e os xingamentos, em prol do poder, com
medo de que em nenhum dia escutaria os elogios verdadeiros por suas
virtudes.
- Eu não consigo ver uma única virtude minha da qual esteja se referindo. -
Harry confessou inseguro.
Porra.
Só... porra.
Era a única palavra que se acendia na mente de Harry. Porque seu corpo
estava tremendo e seu estômago estava gelado.
- Minha irmã. Minha irmã era a única que não criticava minha
personalidade, ou julgava-me por ser... você sabe, afeminado.
Louis escovou suas costas em reconforto com a ponta dos dedos, dissipando
a tensão que sucumbiu Styles ao mencionar Gemma.
- Mas então ela se foi. - disse sufocado. - E aquela corda que me impedia de
cair em meu próprio abismo estourou. Eu fui me perdendo, eu fui fodendo
tudo ao meu redor. Até sobrar o que há hoje.
Por fim, diante a feição confusa do maior, Louis pegou outra vez em suas
mãos, movendo-as para o espaço entre seus rostos e, em um último
momento, arrastando-as para sua boca, a qual selou beijos castos nos nós de
cada dedo de Harry, nas rugas de suas palmas, nas veias de seus pulsos...
tudo sob o olhar atônito do outro.
Harry tremulou a boca como se fosse falar algo que não saísse, porque
qualquer sílaba que estivesse na ponta de sua língua desaparecera.
Foram embora quando Harry encaixou a boca de Louis na sua de modo que
engoliu suas palavras, seus elogios e conselhos. De modo que se fortaleceu.
O fato era que Harry se entregava de uma maneira que simplesmente ter o
lábio mordiscado o fazia choramingar em deleite, e Louis não podia evitar,
ele adorava sua submissão.
Podia sentir cada centímetro de sua pele se aquecendo sob o toque de Louis.
Podia sentir sua mente se relaxando com uma onda de satisfação.
Podia sentir suas bolas pressionadas com uma força calculada sobre o pau
coberto de Tomlinson, e seu próprio pau sendo espremido contra o abdômen
do outro.
Louis chupou a pele sensível abaixo dela, usando a ponta da língua molhada
para contorna-la, fazendo com que Harry tremesse em seu colo, com um
resmungo manhoso reverberando de sua garganta.
Era tudo tão erótico, desde os sons estalados que os lábios de Louis
produziam ao fazer sucções e deixar marcas coloridas contra a pele antes
pálida de Styles, até a aparência deprava do príncipe sentado sobre si, com a
cabeça jogada e os olhos cerrados, soltando resmungos (um pouco fofos) e
necessitados.
Tomlinson empurrou Harry com delicadeza para sair de seu colo, esperando
fugir.
- Depois de triste, eu fico com tesão. - Styles admitiu, sua voz rouca, como
se fosse uma desculpa boa o suficiente para qualquer alegação.
- Não posso. Estamos em uma capela. Isso seria... isso seria errado de tantas
maneiras. Iria além de pecar. - Louis esforçou-se para manter-se são e não
gaguejar (e não ceder). O que provocou a extensão do sorriso sórdido que o
outro o lançava.
- Aproveite que está em uma instituição religiosa, Tomlinson. - sussurrou,
com a boca colada na sua. - E me deixe orar em você.
Não quando Styles puxou a barra de sua calça para baixo enquanto o
encarava com devoção irradiando de suas orbes verdes (escuras).
Harry sabia onde por as mãos. Sabia que deveria fecha-las em volta das
bolas inchadas de Louis para tê-lo tremendo as coxas devido aos espasmos
de prazer.
Portanto, teve sua primeira tentativa empurrando-o fundo contra seu pênis,
sentindo-o esbarrar na garganta do príncipe ao que o nariz de Harry
alcançou seu abdômen.
- Porra. - Louis não pôde evitar xingar. O que fez com que Styles
imediatamente o olhasse ainda com o pau na garganta de olhos arregalados.
A visão das orbes de esmeraldas, com com cachos selvagens e seu pau
completamente abrigado na garganta do outro, Louis estremeceu.
- Porra, Harry.
Styles sorriu.
E aquilo parecia ser carinhoso apesar da situação.
- Quero que me toque, Louis. Quero que espalme sua mão, seu calor, em
todo o meu corpo. Quero que chupe meus mamilos enquanto masturbe meu
pau com força. - disse manhoso, sem hesitar. Ele expirava sensualidade, e
uma beleza inocente que nem suas palavras sujas poderiam corromper.
Louis desviou seu olhar por um breve instante, fixando-o em uma extensa
mesa de mogno vazia mais em destaque, na zona central de frente da
capela. Sua mente com pensamentos errados e turvos que o remetiam a um
arrependimento por ao menos cogita-los.
Mas, Harry, percebeu.
E seguiu seu olhar.
E encontrou-o pairado naquela mesa.
E sorriu.
Foi então que Styles se sentou na beirada da mesa, ele próprio se despindo
da camisola e atirando-a em qualquer direção. Seu pau estava duro e
levantado, implorando para ter um pouco de fricção.
- Você tem medo. - Harry analisou, num fio de voz. - Você tem medo de que
se se entregar agora, não haverá mais volta. Porque sabe que resistir à
tentação fica mais difícil depois que já pecou uma vez.
- Tenha-os. Você não imagina o quanto ansiei por esse momento, Louis. -
Styles suplicou arrastado, erguendo-se mais para que a boca de Tomlinson o
tocasse.
Fascinado, Louis raspou seus lábios contra o bico do mamilo, fazendo com
que Harry se desmanchasse em um suspiro.
Louis percebeu que quanto mais chupasse seu peito, mais Harry se
libertava, começando a emitir sons cada vez mais altos e tremer todo seu
tronco com espasmos de prazer.
- O-Oh, Lou, você é tão bom e- Harry literalmente travou ao perceber que
além de ter a boca de Louis em seu peito, agora sua mão acabara de
descer.... e apertar seu pau.
Seu fim.
E iria aprender agora que Tomlinson sabe exatamente o que fazer. E como
fazer.
A visão que Styles dispunha então era do teto. Do teto de vitrais coloridos
... que, em questão de um segundo, ficou turva desde que Louis retomou os
movimentos em seu pau.
Já a visão de Louis era outra. Era redonda e parecia macia. Fazia com que
sua vontade de devora-la fosse maior que sua conduta ou qualquer merda
que se atrevesse a impedi-lo de aproximar o rosto de suas nadegas brancas e
selar um beijo sobre seu buraco.
Louis grunhiu, sentindo nada além de Harry ao seu redor e não demorou
muito até ele circular a língua na entrada do garoto, provando-o
despudoradamente.
Louis podia sentir que seu próprio cuspe escorria por seus lábios, seu
queixo e suas bochechas e, se isso não fosse o mais quente além dos
gemidos incrivelmente gritados, desesperados, de Harry, ressoando em eco
na catedral, então ele não sabia o que mais era.
Ele imaginava que Styles era barulhento pela forma que gemera na noite
que o pintou, mas não fazia ideia do quanto.
Se ele estivesse em sua órbita responsável, se atentaria na possibilidade de
alguém escuta-los de fora, mas honestamente naquele cenário tudo que o
importava era Harry entregue, com lágrimas escapando de seus olhos,
perdido em uma zona de prazer que o deixava se contorcendo sobre a mesa.
Harry era insaciável e repetia um mantra de Mais mais mais até que
Tomlinson enrolasse a ponta da língua para dentro de sua entrada,
esfregando-a asperamente contra suas paredes internas, causando-o
espasmos que o levavam a tensionar os músculos internos, arquear as costas
e agitar as pernas.
- Oh, Lou, Lou. Pare! N-Não, continue. Continue, por favor. Espere, Pare! -
Styles era essa bagunça de gemidos incoerentes que Tomlinson se esforçava
para filtrar os que faziam sentido dos que passavam dos limites ("isso
mesmo, me coma a fundo, meu rei").
- O quê?! Não, não, você não deve levar em consideração nada que saia da
minha boca quando estou perto do meu orgasmo. - Harry proferiu,
formando um bico descontente com os lábios.
- Eu quero que eles todos e suas regras malditas vão se foder. - Styles
respondeu, piscando com adoração para suas unhas, reluzindo-as na frente
de sua face.
- Isso me inclui?
- O que você diria? Qual seria sua resposta se isso realmente fosse?
- Louis William Tomlinson, você aceita foder Harry Edward Styles por livre
e espontânea vontade? - Harry indagou, balançando as sobrancelhas pra
cima e para baixo.
- Bem, então está esperando o que para beijar a noiva, quer dizer, vir me
foder?
Louis parou de esperar. E fez o que Harry insinuou, colando seus lábios
com uma paixão lenta, intensa, e calma.
Foi natural quando Harry se inclinou para trás, nu e vulnerável, com seu
pescoço coberto de marcas vermelhas (que lembravam tinta sobre tela),
deitando-se parcialmente com os cotovelos mantendo seu tronco arqueado.
- Hora da lua de mel, meu rei. - disse com um ar presunçoso, assistindo com
idolatria Louis retirando a própria camisa e largando-a de qualquer jeito no
canto.
Harry pendeu a cabeça para o lado ao ter Louis avançando sobre ele,
deitando-se por cima e fazendo, consequentemente, com que seus membros
eretos se encontrassem.
Louis levou dois de seus dedos para a própria a boca, umedecendo-os a fim
de desliza-los pela entrada de Harry, para prepara-lo melhor.
- Harry. - Louis o deu aquele olhar preocupado. - Irá doer se não estiver-
Louis olhou para Harry, cuja mão estava sentada em seu peito enquanto ele
saía e entrava de volta, a boca do outro se abrindo sobre o impacto e
escoando lamúrias necessitadas.
- Merda, Harry. - ele xingou, já acelerando o ritmo ao que Styles mexia os
quadris para obter mais do pau de Louis como ele simplesmente não
conseguisse o suficiente.
- Você gosta disso? Gosta de ser penetrado com força, princesa? - Louis
provocou ao apertar a cintura do menino, angulando-o de modo a atingir
sua próstata com precisão, assistindo o universo de Styles desmoronar ao
que este lançou a cabeça para trás, abrindo a boca para gemer no entanto tão
anestesiado que nenhum som saiu. Sua respiração estava desregulada e
ofegante e Tomlinson estaria mentindo se negasse que não sentira um pouco
de orgulho por deixá-lo nesse estado.
Quanto mais forte Louis se aprofundava em seu ponto sensível, mais alto o
príncipe lamentava de prazer e arranhava o peitoral de Louis com suas
unhas pintadas.
Harry era como uma flor desabrochando sob seu toque. Macio igual as
pétalas da rosa. Delicado e encantador.
Os sons que ele reproduzia eram estridentes e altos. E Louis amava como
Harry não se prendia ou escondia seu prazer. Pelo contrário, ele deixava
claro para o príncipe (ou qualquer um que resolvesse circular a região da
catedral) o quanto gostava de sexo. O quanto gostava de ser fodido. O
quanto gostava de Louis o tomando para si.
Tomlinson olhou entre eles, notando como o pau de Harry estava tão
molhado e rígido. Com cada impulso, mais pre-gozo espirrava como se
estivesse tentando conter a vinda de seu real gozo.
- Oh meu Deus Louis! Foda ali mesmo. Mais uma vez, p-por favor! - Harry
choramingou ao que continuava a trazer seu quadril para baixo para
encontrar as investidas de Louis que estava surrando seu pau logo em sua
próstata, arremetendo impetuosamente no exato lugar.
Harry estava em um estado de felicidade tão puro, sua cabeça estava alta
nas nuvens, nem mesmo lhe dando forças para mover suas ancas de volta
para retornar os impulsos, permitindo que Louis dominasse o ritmo e
penetrasse-o com a velocidade máxima, obrigando Styles a firmar seus pés
no chão e resfolegar em busca de oxigênio.
- Estou perto! Muito perto! L-Louis oh meu ... merda! - Ele interrompeu
suas próprias palavras no pescoço de Louis, com mais lágrimas em seus
olhos.
- Goze, Harry. Você está tão molhado. Eu posso sentir isso. Você está
apenas implorando para gozar. - Louis rosnou entre seus impulsos finais.
Seus próprios músculos começaram a doer, mas ele podia sentir seu
estômago apertar e seu ápice se aproximando rapidamente.
Com mais três investidas certeiras em sua próstata, Harry veio com um
estridente gemido no ombro de Louis, espalhando jatos longos de gozo pelo
peitoral de ambos.
- E-eu... não sei. Acho que seria muito desrespeito. Dormir sem remorso
com Jesus me encarando não parece pertinente. - Louis respondeu, sentindo
uma pontada de culpa ao encontrar o olhar neutro da estátua de Jesus na
cruz sobre ele. - Como se já não bastasse ter pecado dentro de sua capela.
- Bem, teoricamente foi dentro de mim, então não sei se isso conta. - Harry
riu, levantando-se.
Louis reprimiu uma risada, pensando que cometeu delitos o suficiente para
adicionar outros pecados na lista, e se pôs de pé, procurando suas roupas.
Deveria ser próximo das três da manhã e era necessário que eles fossem se
deitar para não despertarem cansados e com sono na manhã seguinte.
- É o livro de poemas que eu trouxe para ler antes de... bem, te achar.
Tardou alguns minutos para que Louis obtivesse uma reação de Harry, que
após uma visível hesitação, recitou.
***
Styles avisou Louis que ficaria um tempo ainda na capela, pois gostaria de
ler sozinho e se perder em seus próprios devaneios.
Já em seu aposento, Louis ainda demorou uma hora sem que o sono o
levasse, bombardeado pelas lembranças do episódio recente e de sensações
estranhas no interior de seu estômago.
Nos segundos seguintes um papel deslizou pela soleira, e quem quer que
estivesse lá foi embora.
***
Notas da autora: ❤
Chapter Forty One
- Você nunca imaginou o porquê de Liam Payne nunca estar sendo exposto
no jornal? - Andrew interrogou Zayn, enquanto este tentava ler uma
enciclopédia no Salão dos Homens. - E de manter toda essa linha de
perfeição sob uma cautela estudada?
- Com licença, Vossa Alteza, não percebe que estou ocupado com minha
leitura? - Malik rebateu, trincando a mandíbula em um sinal óbvio de
irritação.
- Todos nós sabemos que ele tem meio que uma queda por você. E, se
nossas desconfianças estiverem certas, você pode nos ajudar a fazer uma
armadilha para ele.
Se pudesse, Zayn cuspiria em sua cara para finalizar seu desfecho triunfal.
Mas tomar advertências não era um pensamento agradável logo ao final da
temporada.
***
Quando Louis entreabriu suas pálpebras pela primeira vez naquela manhã,
ele se sentia renovado.
Apesar das poucas horas de sono, seu cansaço não era tão gritante, e sua
cabeça não doía.
Antes de adentrar o Palácio de Vidro Louis nem sequer conversava com sua
família sem colocar termos decorados e pronomes excessivos no meio das
frases.
E, honestamente, averiguando a fundo... isso soava horrível. Soava horrível
trata-los de um modo igual ao que tratava desconhecidos, visitantes
estrangeiros e diplomatas.
Sua mãe merecia ter mais de seu afeto. Seus irmãos e pai também.
E tudo que ele os fornecera era essa máquina humana que pouco se
exprimia, e que quando o fazia sempre era sólido e privado, não os cedendo
espaço para que de fato entrassem em sua vida. E o conhecessem além da
pele e osso.
Conhecessem essa versão descontraída, otimizada e mais humanitária que
ele vinha descobrindo dentro de si.
- Ew, o que é isso?! - a voz alta de Lorena o assustou, já que ele nem havia
notado quando ela chegara no aposento.
A criada mais nova fazia uma careta, apanhando a camisa suja de ... gozo...
que Louis esquecera no canto da cômoda. Merda!
- Oh, eu... derramei chá nela. - Tomlinson mentiu, mantendo sua melhor
expressão confiante a fim de não se delatar.
Louis teve que reprimir uma ânsia com essa cena, jurando que a imagem de
sua jovem criada cheirando os rastros de gozo de Harry era perturbador o
bastante para atormenta-lo nos próximos vinte pesadelos.
- É, tem cheiro de chá branco mesmo. - Ela concluiu após alguns segundos
apurando.
Tomlinson nem teve voz pra verbalizar uma resposta e se limitou a
concordar com um aceno meio assombrado.
- É por isso que demorei para chegar, fui buscar... seu uniforme de caça
maravilhoso! - Lorena acrescentou entusiasmada, apontando para onde
pendurara o vestuário padronizado e refinado que consistia em colete de
couro, uma camisa de caxemira e calças culotes parecidas com as de
montaria. Todas em tonalidades neutras para não chamarem atenção e
espantarem os animais.
***
Por um momento Louis fitava Styles pensando no que dizer, e no outro ele
já havia o perdido de vista.
- O quê?!
- Ei, vocês! Isso mesmo, todos vocês! - Styles chamou, sobre a 'plataforma',
para que os príncipes se aproximassem. - Venham, por favor, tenho algo a
pronunciar!
- Não há explicação, Vossa Alteza. Queres anular a aula menos tediosa que
podemos ter destes três meses! - uma segunda voz (mais educada) afirmou,
levando Harry a fechar seus punhos com força nas laterais do corpo.
Louis queria não estar sorrindo com essas gotículas de orgulho derramadas
em seu interior enquanto esforçava-se para conservar uma postura neutra.
- Para os humanos, a caça é arte e diversão. Mas garanto que nenhum destes
animais se divertem enquanto flechas perfuram seus órgãos vitais.
***
- Ugh, eu não pedi uma babá! - Harry reclamava como um mantra, de dois
em dois segundos. - Quem você pensa que é para ousar falar por mim?'
- O que quer dizer com... espera, já foi expulso por essa específica situação
antes?
Ao notar que Louis estava estático há uma boa distância atrás, ele também
interrompeu sua caminhada, permanecendo estático sem se virar para
encarar Tomlinson.
Louis sorriu com carinho, embora Harry estivesse de costas e não pudesse
vê-lo.
- O que?
Porque, vamos lá, não era comum que ele fizesse ações merecedoras de
congratulação. O que Styles geralmente recebia eram críticas, julgamentos e
menosprezo.
Harry queria pular em seu colo e abraçá-lo e dizer o quão aliviado se sentia
por saber que Louis não era um assassino impiedoso como os outros (o que
era hipocrisia sua de qualquer forma).
Mas.... Styles não iria parabeniza-lo. Tomlinson não estava cumprindo nada
além de sua obrigação.
E mesmo que fosse Louis e que o príncipe dos cachos desejasse enaltecê-lo
só por sua existência, ele ainda tinha desvanecimento para não dar o braço a
torcer ou abandonar seu jeito melindroso.
Assim, Harry seguiu por outro rumo o assunto:
- E só para lembrá-lo, aquela Princesa Diana que você vive indo atrás nos
bailes é uma arqueira. Não duvido que ela treine em animais. - cantarolou, a
voz respingando veneno e desdém.
- Bom, ela não está aqui agora. - Louis constatou, a postura erguida, sem se
abalar. - E mesmo que estivesse, não faria diferença.
Mas Louis não deixaria barato. Ele sabia jogar essa disputa de provocações
e estava disposto a vencer.
Descartou o véu, as botas. Livrou-se das meias, jaqueta e calças sem hesitar.
E, por último, levou seus longos dedos para desfazer o nó do lenço que
cobria seu pescoço que, quando exposto, revelou extensas manchas
vermelhas, roxeadas... a assinatura que Louis escrevera sobre sua pele na
madrugada anterior.
Só não era justo que Harry fizesse essas coisas assim, como se fosse tão
simples e fácil.
Não era justo ter a visão do príncipe nu, em sua gloriosa forma, e,
simultâneo a essa oferta de paraíso, sua consciência gritar avisos de fuga.
Tomlinson se sentia um fraco por não ser apto de desviar a atenção daquilo.
O pau de Harry endurecia a cada movimento, a cabeça sumindo e
reaparecendo entre o aperto de seu punho.
- Nós fomos concebidos quando nossos pais estavam sem roupas, nascemos
sem elas. - alegou, mordendo o lábio inferior ao que sua masturbação
excitava-o mais. - O que o faz pensar que estar despido é um crime?
Se Louis fosse responsável, ele se viraria e iria para longe da tentação. Mas,
suas pernas tinham outros planos. E, aparentemente, seu pau também.
E isso poderia tanto ser metaforizado para o episódio de Adão e Eva, com
ambos nus na natureza sendo instigados para pecar.
E, ainda assim, não quebrara a conexão visual que mantinham, por nenhum
segundo.
Mas, diante daquela cena, a reação de Louis foi meio que o oposto do que
Harry supunha.
Pois o que Louis realmente fez foi se abaixar até que estivesse agachado na
altura de Harry, inclinando a cabeça para alinha-la à de Styles.
- O quê?
Tudo que sua mente processava era que Louis Tomlinson não o cobiçava da
maneira que ele acreditara.
Ele não era suficiente. Nem estando totalmente aberto com a esperança de
que o agradaria.
E havia essa grande colher de dúvida em Styles que fez Louis refletir sobre
como é fácil levá-lo de um estado de empoderamento para um frágil e
ferido em um período tão curto, como se Harry cultivasse uma imagem
destruída de si e a escondesse sob uma fina camada de falsa auto-confiança.
Bastava um comentário mal elaborado para escorregar aos seus pontos
fracos.
Afinal, era muito mais natural se rebaixar e colocar a culpa em si, do que
entender que Tomlinson estava na verdade planejando protegê-lo.
- Você merece ser tratado como uma princesa, e não como um animal. Eu
não o uso por sexo, e... essa posição, nessas circunstâncias.... soa-me tão
impessoal, tão vazia. - Tomlinson explicou, suavizando a expressão e
levando sua mão ao rosto de Harry, prendendo gentilmente as madeixas
encaracoladas que caíam sobre seus olhos atras de sua orelha enquanto o
príncipe o fitava quieto.
Que Harry digeriu (após muita dificuldade) o que Louis o disse, como o
tratou e quais foram suas intenções.
Era só... estranho crer que alguém havia de fato impedido-o de se submeter
à posição que a maioria das pessoas com quem teve relações sexuais o
ordenavam a cumprir.
Styles, no fundo, agia em modo automático. Ele sempre sabia o que fazer,
como fazer, como satisfazer os outros por experiência própria. Possuía essa
espécie de manual que o instruía às melhores formas de dar prazer. Porque
sexo era sexo.
E isso estava okay até então, afinal, ninguém nunca reclamou ou se
importou muito em como ele se sentia.
E talvez o motivo de Styles ter desconfiado tanto era por nunca ter sido
posto em primeiro lugar antes, e ... presenciar alguém o privilegiando...
chegava a soar um absurdo. Uma utopia.
Mas bem...
Quando Styles entreabriu a boca para arfar - surpreso tanto pelo gesto
quanto pelo palavreado, Louis juntou seus lábios, em um beijo profundo e
molhado.
Suas línguas deslizavam dentro da boca de Harry com uma calma erótica e
lasciva, abraçando-se em ondulações estimulantes.
Ora ou outra eles intercalavam mordidas um tanto fortes.
Harry já alcançava seu nível de sons altos, gemendo uma série de 'Oh!'
adoráveis e excitantes que não preocupariam tanto Louis se eles não
estivessem ao ar livre, em iminência de serem pegos no flagra por qualquer
príncipe que estivesse caçando no perímetro.
A esse ponto Harry já projetava seus quadris para cima, estocando seu pau
na mão de Louis como se ele precisasse de toda a fricção que pudesse ter,
esforçando-se para não perder o fôlego e se concentrando em retribuir o
prazer ao príncipe, estimulando trêmulo o membro de Tomlinson.
- Louis, preciso que entre em mim, por favor. - Styles suplicou, o estômago
se retorcendo só com o pensamento de estar sendo fodido entre árvores com
a ameaça de escuta-los. - Preencha-me.
- Vou cobrir sua boca com seu lenço preto. - determinou, já esticando-o ao
redor do rosto de Harry. - não precisamos de ninguém atirando em nós
supondo que somos gazelas copulando.
- Ei, meus gemidos não são tão estridentes assim! - Styles se defendeu,
porém permitindo que Louis atasse essa espécie improvisada de mordaça
com um nó firme, restringindo seu poder de fala.
E gemer com um pano amarrado em sua boca não era de todo ruim. Ele só
não seria apto para formular frases, mas qualquer som que sua garganta
emitisse ainda escoaria para fora, ligeiramente embaçado.
Ainda era um tanto desafiador transar nessas condições, mas Tomlinson pôs
tudo de si ao adentrar em uma só estocada completamente em Harry, que
lamuriou em deleite ao ter essa invasão precisa entre suas paredes internas
cheias de nervos sensíveis.
Louis começou a entrar e sair, projetando seu quadril para cima ao que
Styles o ajudava acompanhando suas investidas para baixo.
Aos poucos foram estabelecendo um ritmo nem tão rápido nem tão divagar,
mas gostoso o bastante para prendê-los naquela bolha de satisfação onde o
mundo afora não importava. Tudo que importava era o suor entre seus
peitorais colados, deixando escorregadio para que Styles deslizasse para
cima toda vez que Louis arremetesse com mais firmeza.
Mas Harry era insaciável, além de estar sendo fodido contra uma árvore,
tendo o pau de Louis cada investida mais próximo de seu ponto sensível,
ele ainda arqueou seu peitoral para frente, explicitamente esperando que
Tomlinson o chupasse.
Rodeou sua língua pelo anel rosado e chupou avidamente a bolinha, toda
essa sucção fazendo imediatamente com que Harry gritasse abafado.
Agora, tudo que necessitava era do pau de Louis estocando com força em
sua bunda sem parar naquele local abençoado pelos deuses que o faria
chorar.
- Oh, merda. Certo. Depois cuidaremos das feridas que ficarem. - Louis
garantiu (meio que para si mesmo e seu ímpeto de preocupação) .
Louis inspirou fundo e deu a Harry um segundo, antes de retomar as
estocadas em um ritmo frenético.
Styles delirava.
Para Louis, que observara-o durante todo seu orgasmo, ele flagrou o
segundo em que lágrimas rolaram pelas bochechas coradas de Harry ao que
seu pau ainda era estimulado com precisão, a cabeça sumindo e
reaparecendo entre os dedos de Tomlinson até que a fenda espirrasse os
primeiros jatos de sêmen denso.
Assistir Styles entregue ao prazer no estado mais cru que houvesse, sob a
claridade do dia e o cantos dos pássaros, já bastaria para que Louis se
desmanchasse dentro dele.
Portanto, após uma última estocada, dura e certeira, ele sentiu seu corpo se
anestesiar, a extremidade de seu abdômen se retorcendo ao que ele grunhia
enfiando o rosto no vão do pescoço de Styles, tendo seu pau se desfazendo
no interior do príncipe em faixas quentes e longas de gozo, o qual Harry
estremeceu com a sensação porém sorriu satisfeito.
- Não, não, é que você blasfemou tão naturalmente que eu fiquei surpreso. -
Harry explicou, ainda piscando fascinado. - É notável como tem se
transformado, Louis.
- Este foi nosso segundo sexo em um período menor do que vinte e quatro
horas. - apontou, aquele sorriso atrevido acusando-o. - Ou melhor, em
menos de doze horas.
Literalmente nada.
- Hm, de tran-
Tomlinson suspirou.
- Oh, merda. Logo o sol deverá se pôr e eu não cacei nenhum bichinho. -
proferiu com o desespero visível.
- Você... você faria isso por mim? Mentiria para o Lulu? - Harry perguntou,
piscando lento em uma expressão abobada.
- Você sabe que sim, Harry. Devemos nos apressar antes de escurecer.
***
Demorou cerca de duas horas até que eles estivessem prontos para retornar
ao palácio.
Não havia nada que Louis pudesse dizer para conforta-lo, então ele só
permitia que o príncipe expusesse seu luto pelo sangue derramado dos
animais indefesos.
Ao final, Harry teve que ajudar a carregar um filhote de cervo morto, pois
Tomlinson já tinha seus braços ocupados levando os outros.
***
No final da noite, após Harry entregar suas supostas presas com um terrível
ódio no olhar para Don Luminiére, ele e Louis se esgueiraram na cozinha
principal. Estavam famintos e haviam perdido o horário do jantar.
Roubaram algumas sobras e frutas e comeram escondidos na biblioteca
escura.
Desde tarde Styles não pronunciara nenhuma outra palavra, e Louis não o
forçaria porque sentia que ele estava emocionalmente muito debilitado para
se manifestar.
Ele se esforçou muito para fazer uma leitura labial, decodificando "nem
temor, nem esperança assistem ao animal agonizante" e soube de imediato
que Harry recitava mentalmente um poema de Yeats, o qual deixara-o
escrito em bilhete dias anteriores.
***
***
***
Notas da autora: vou dar uma pista, nesse capítulo o autor anônimo esteve
presente ou foi mencionado.
Façam suas apostas.
PS: uma menina no tt sugeriu que eu criasse um grupo sobre a fanfic, para
quem tiver interesse debater suas teorias e tals. Se vocês estiverem a fim
disso me mandem seus usuários ou então número de tel por aqui ou inbox.
Episode: Home
E não foi diferente quando ele se levantou mais cedo que o comum naquela
manhã, esperando cuidar das feridas de Harry. As das costas, por ora.
Esperou.
Quando pensou que Styles não o atenderia propositalmente por estar com
companhias, a porta foi aberta, revelando um Harry ainda de camisola e
respiração desregulada, encarando-o afoito e hesitante.
Ao invés de convidar Louis para entrar, ele próprio saiu do quarto para o
corredor de frente ao príncipe, trancando a porta atrás de si.
- Então... olá, o que houve? Não é muito cedo para estar de pé? - indagou
meio frenético, e se Louis não o conhecesse o suficiente ele diria que estava
sob efeito de alucinógenos, mas toda aquela inquietação só poderiam
significar outra coisa. Ele estava escondendo algo.
- Bom dia para você também, Vossa Alteza. Conforme prometido, vim
cuidar de seus machucados. - Tomlinson informou, apontando para o kit de
primeiros socorros que deixara no chão.
- Não, não, não, Lou! - Styles interviu gesticulando com as mãos. - Não é
nada do que pensas!
- Ouça, Harry, não podemos ir para o meu quarto pois minhas criadas já
estão lá.
- Exatamente por isso que não podemos fazer nada aqui. Minha criada está,
hm, cumprindo seu serviço.
Deveria ser bela, jovem, e - pelo amor - muito cobiçada, afinal, não era
novidade que príncipes cedessem aos encantos das serviçais presas em seus
aposentos. Não era mais nem tabu relações sexuais entre eles.
Louis estava prestes a rebater com algo satírico e inquiridor quando Harry
bufou e agarrou seu pulso.
- Ela sabe mais de mim do que qualquer um. Fique tranquilo. - admitiu,
parando-os na pequena divisão da entrada antes de se voltar outra vez para
Tomlinson, relutante. - Ela também sabe sobre, hm, você. Então não se
assuste.
Harry forçou uma tosse seca até que ele detivesse sua atenção.
- Oh, céus! Você é ainda mais bonito do que ele vive dizendo! - a idosa
proclamou, largando o espanador sobre o aparador de mármore para
caminhar na direção dos dois.
Louis olhou de soslaio para Harry, flagrando-o negando com sua cabeça
para si próprio, de olhos fechados, suas bochechas muito vermelhas.
Mas ela não pareceu surpresa. Pois provavelmente era tratada com a mesma
veneração por Harry diariamente.
- Ami! Não! Você jurou que não faria isso! - Styles interrompeu, parecendo
a personificação do constrangimento.
- Baixe esse tom de voz comigo, garoto. - ela rebateu. E Tomlinson se
sentiu intrigado pela ousadia da criada ao repreender o príncipe, que
imediatamente se calou, aparentando-se contrariado como uma criança
censurada em público.
- Certo, bem... - Louis se manifestou, ciente de que uma guerra entre os dois
seria instaurada se ele não fizesse. - Harry, devemos começar os curativos
logo, antes que o café seja servido.
- Preciso que tome rapidamente uma ducha para limpar os cortes com água
morna. Não esfregue ou friccione a região com uma esponja natural. -
instruiu-o, tendo Styles concordando e rumando para o seu banheiro
privativo.
Antes de fechar-se lá ele enfiou seu rosto num vão, encarando Amélia.
- Por favor, Ami, não me faça me arrepender de ter trazido-o para cá, sim? -
pediu com uma voz mansa.
Algo estava confuso. Porque... não haviam motivos para que ela o
configurasse toda essa importância.
- Tudo bem. - ele assegurou. - Mas por que ele não queria nos apresentar?
Amélia conseguiu visualizar a confusão da mente do príncipe, levando-a a
piscar perplexa.
- Céus, você ainda não percebeu? És um tanto lerdo para quem todos
louvam a inteligência - soltou uma risadinha atrevida. - Harry não quer que
eu o revele sobre como ele não tira seu nome da boca, lindinho.
Ela era uma figura e Louis poderia imagina-la cortando as asas de Styles
quando ele fosse petulante ou agisse como um menino malcriado.
- Não, não, não é isso meu jovem. Não estou te julgando. Só estou confusa
pela sua altura já que Harry se gaba repetidamente sobre quão grande você
é.
E, Okay. Talvez Louis não quisesse exatamente descobrir o que o futuro rei
de Malta cochichava a respeito do tamanho de suas intimidades (ele estava
lisonjeado, embora).
Tomlinson assentiu.
E essa ousadia lhe soou como um carinho familiar da avó que nunca
conheceu mas sempre sonhou.
- Sabe, fico feliz que Harry tenha você agora. Nestas últimas temporadas fui
designada como chefe da limpeza, mal posso ficar aqui fazendo-o
companhia, só venho pela manhã para arrumar as coisas. Sei como meu
menino se sentia solitário de madrugada, quando não havia ninguém para
escuta-lo. Eu tentei fazê-lo trocar de criada, mas é um rapaz teimoso.
E Louis não pode evitar rir, porque isso era muito Styles.
- Como?
- Bom, ele era um garoto doce, apesar de tudo. Ingênuo, tímido e delicado.
Meu menino sofria muito na mão dos outros. Frequentemente retornava
chorando para seus aposentos. Com o tempo fui ganhando sua confiança,
até que ele viesse se abrigar em meus braços.
- Mas ele preferiu me conservar como sua criada. Fez essa exigência. Foi
então que eu percebi que ele precisava de mim, que essa decisão significava
um pedido de socorro mudo. - inspirou fundo. - Depois de muito insistir, ele
me confessou. Confessou o que houve, o que o levou a ser quem era agora.
- E o qu-
- Não poderei dizê-lo, Louis. Sinto muito, contudo temo que o passado de
Harry pertence unicamente a ele.
Louis concordou.
Ela estava certa.
Não seria justo ele arrancar as passagens sigilosas da vida de Harry. Não
seria justo ele ter acesso aos fragmentos obscuros sem sua concessão.
- Ele não se reergueu ao todo. Meu menino ainda sentia, ele ainda chorava.
E, já que eu precisava chefiar a área da limpeza, não conseguia mais fazê-lo
companhia de noite. Então, talvez para não ficar tão solitário, começou a
atrair príncipes para seu aposento.
- Ano a ano meu menino foi depositando mais superficialidade ao seu redor,
constituindo novas barreiras de proteção sob imodéstia, desrespeito, jóias e
sexo. Ele se perdeu de si próprio, e eu pensei que nunca mais se encontraria.
- Amélia passou a encarar Louis, entrelaçando sua mão trêmula ao do
príncipe. - E, enfim, você o encontrou.
- Eu nã-
Sua voz saía abafada pelo chuveiro, e ele era um pouco desafinado, e
errava o vocabulário, mas soava original, espontâneo e tão Harry.
- Louis, se pretende algum dia corresponder ao que ele sente por você... -
Amélia iniciou, levando o príncipe a fita-la de olhos arregalados, em
posição de alerta. - Há algo que precisa saber.
Mas, Louis não queria desaponta-la, não queria acabar com suas esperanças
visíveis de que o príncipe de Malta se relacionasse firmemente com alguém.
Não queria nem iria reproduzir seu discurso ensaiado do porquê eles não
funcionariam juntos ou... ou... bem, funcionariam.
- Harry está despedaçado. - a idosa decretou, firme e sólida. - E ele não quer
que você o concerte.
Havia essa obstinação na criada que delatava toda a relevância que ela
depositava em Harry. Igual um anjinho da guarda.
- E ele não entendeu como aquilo seria uma prova de amor até encarar sua
reflexão no presente, e perceber que se ele se despisse, a imagem refletida
se despiria também.
- Ouça, Harry nunca verbalizará que sente algo por você, porque ele não se
acha digno de tê-lo, ele jamais se verá merecedor da sua atenção, Louis. -
cochichou, os dois cientes de que o respectivo príncipe já estava rodando a
fechadura, prestes a retorcer a maçaneta. - Mas, ele deixará claro nos
pequenos gestos e nos sorrisos. Não se faça de cego só por Harry mantê-lo
surdo.
***
E príncipes não deveriam só governar reinos e zelar pelo bem de seu povo.
Eles deveriam zelar pelo bem alheio, em prol humanitário.
Se nenhum dos outros nas antigas temporadas quis cuidar de Styles - e pelo
contrário, o destruíram - qual era o propósito da realeza?
Por que quem pagou o preço da coroa foi somente Harry?
Amélia havia deixado os dois a sós (não antes de Styles se despedir com um
beijo carinhoso em sua testa, proferindo provocativo 'até amanhã,
ruguinhas!' e tendo sua orelha puxada como punição).
- Nada. Só estou distraído. - Louis disse-o, colando esparadrapos nos
arranhões com suavidade.
- Você está com fome? - Harry interrogou, curvando seu pescoço para trás,
de modo que enxergasse Louis de ponta cabeça enquanto o príncipe
finalizava o serviço.
- Não muita.
E... er.
- Eu o disse que não estava inspirado para sexo, e não que me recusaria a
satisfazê-lo.
- Será uma honra agradá-lo. - Louis garantiu. E a forma incrédula que Harry
reagiu o conduziu a crer que ninguém costumava proporciona-lo um
orgasmo sem visar seus próprios interesses.
- Eu não- Você não precisa dar prazer só pra mim, Lou. Eu posso me aliviar
sozinho, vá para o caf-
- Louis. Se você fizer isso de novo será como puxar uma alavanca. - Harry
advertiu. - E não haverá volta. Então eu sugiro que pare e-
Louis apertou o pênis novamente, com mais força, sentindo-o pulsar contra
sua palma e a boca de Styles avançar na sua para que Tomlinson engolisse
seu gemido, evitando que ele escoasse alto entre as paredes e chamasse
atenção alheia.
Ele não enxergava suas próprias ações, desde que a toalha tampava
completamente a visão, contudo jurava que o pênis de Harry estaria em um
tom vermelho escuro, com as veias proeminentes, latejando quase como
uma poesia erótica sendo descrita no ato.
Quando Louis raspou o polegar por sua glande, Harry grunhiu contra a sua
boca, seu corpo inteiro tremendo no colo do menor.
Tomlinson descolou seus lábios dos dele e os trouxe para a orelha de Styles,
sussurrando:
Ainda com Styles o encarando paralisado, Louis conduziu seu próprio dedo
até sua boca, chupando-o com suas bochechas afundadas o resquício do
fluído expelido pelo pau de Harry.
Harry piscou atônito, concordando com Deus sabe lá o quê, e saindo de seu
colo, permitindo que Louis deitasse completamente no colchão.
Uma vertigem o atingiu, fazendo com que Styles ficasse subitamente tímido
para despir-se sobre o rosto de Louis.
E ele não entendia o porquê, afinal, vamos lá, Harry tinha uma lista longa
de despudor... mas... com Louis era diferente, sempre era diferente. E,
mesmo que eles já houvessem transado e feito isso antes, era inevitável que
essa insegurança ocasionalmente sobrecarregasse seu peito.
Essa confissão de Harry deveria ter travado Louis. Deveria tê-lo colocado
em uma nuvem de choque por corresponder exatamente ao que Amélia o
dissera.
O atrito que o têxtil causava ao alisar seu membro enquanto era removido
provocou a retomada dos sentidos carnais de Styles, que engoliu o
constrangimento e suspirou ansioso pelo o que vinha.
Assim, ao que Louis estendeu sua língua para cima, circulando a região
sensível, Harry chiou, contorcendo-se.
Ele tinha gosto de maça verde e Tomlinson agradeceu pelo banho que
acabara de tomar - onde possivelmente se preparara internamente para o
caso de ser lambido (Styles era muito precavido).
Harry amava os choques que seus nervos internos sensíveis recebiam com o
músculo úmido e macio da língua de Tomlinson, só a ideia de estar
montado sobre a face do príncipe de Riverland levava-o à loucura.
- Hm, isso, isso... - Styles gemeu arrastado, pegando um ritmo mais bruto e
arqueando todo o corpo enquanto sacudia seu quadril para a boca do menor.
Ele apoiou suas mãos na cabeceira adornada da cama, obtendo uma melhor
sustenção para remexer-se contra sua língua.
Era muito melhor do que cogitara, ele não podia ajudar seus quadris que
estavam tentando se afundar completamente no rosto de Louis nessa
posição.
Louis, por sua vez, podia sentir as coxas de Harry abraçarem suas orelhas e
os lados de sua cabeça ainda mais apertados, fazendo com que ele
penetrasse mais afundo sua língua no buraco agora suficientemente
molhado do menino. Ele gemeu contra sua pele, sentindo Harry gritar pela
vibração antes de ter uma onda de espasmos forte.
Seu próprio cuspe começara a escorrer de seus lábios para seu queixo, e
talvez Louis saísse com seu nariz quebrado pela força que Harry aplicava
contra ele, mas nada o impediria de prosseguir só para escutar os gemidos
desesperados do príncipe, somados com o baque erótico e intermitente do
casco de madeira da cabeceira batendo na parede atrás dele cada vez que
Harry empurrava suas ancas contra o rosto de Louis.
Ele enrolou a língua mais adiante no buraco comprimido de Styles,
esfregando-a contra suas paredes aveludadas ao que o príncipe abandonava
sua noção, entrando no estado em que seus olhos se umedeciam com
lágrimas delatando sua satisfação.
Harry gritou.
E ninguém poderia culpar seu desespero, pois era evidente que ter Louis
lambendo sua entrada impiedosamente já seria o suficiente, mas sua mente
ainda processava a masturbação contínua em seu pau e a sensação deliciosa
do bico de seu mamilo eriçado sendo apertado com precisão. Era tudo tão
insuportavelmente quente e delicioso.
Louis sentiu como se ele estivesse ofegante para o ar neste momento, como
Harry estava empurrando-se mais e mais forte contra seu rosto, sufocando-
o. Seus pensamentos eram nebulosos, mas tudo o que ele podia pensar era
continuar devorando-o e indo mais profundo.... e profundo, tão profundo
quanto podia antes que Harry estivesse se contorcendo, chorando de prazer,
e sentando em uma investida final até que a fenda de seu pênis jorrasse com
força.
Infelizmente a posição não permitia que Tomlinson visualizasse a beleza de
Styles durante seu orgasmo, mas ele perfeitamente idealizou o cenário exato
em que o príncipe lançou a cabeça para trás, seus músculos se tensionando
e seus lábios se partindo até que a última palavra que dissesse com lágrimas
rolando por seu rosto fosse 'Louis'.
As lagoas azuis eram tão mais límpidas sob a claridade do sol, e aqueles
beiços inchados e muito vermelhos soavam como um convite irrecusável
para Harry, que, não sendo capaz de se impedir, colou sua boca na de Louis
em um beijo calmo, sem língua... só provando... provando um pedaço
daquilo que teria gosto de céu.
E ele voava.
Mas Harry interferiu, prendendo-o pelo antebraço até que detivesse sua
atenção.
- Eu sei que ultimamente tudo que tenho feito é te agradecer, porque você é
honestamente uma benção e sua bondade está ficando repetitiva. - Styles
suspirou, mordendo o interior da bochecha. - Hm, de novo, obrigado Louis.
Obrigado por curar minhas feridas.
***
E, apesar de Harry nem poder ter avistado Louis de onde estava, ele
simplesmente sentia a presença do outro.
Deveria ser tarde, Louis não sabia.
Ele havia abandonado a noção do tempo, tendo apenas ciência de que seu
traseiro já estava amortecido e seu cérebro mal processava o que quer que
estivesse o incomodando.
Tomlinson sorriu, seu foco ainda preso na suntuosa lua cheia, levando
Harry a sorrir junto.
- Sinta-se à vontade.
Porque... se apaixonar por Harry não foi como cair em paixão e rotular a
queda como amor.
Apaixonar-se por Harry foi natural, como entrar em uma casa sentindo que
aquele era seu lar.
***
PS: gente, descobri que sou burra e não sei criar grupo no twitter. Alguém
pode fazer uma gentileza para essa autora perdida e criar um grupo da
fanfic?
Assim, quem quiser participar deixa o user aqui (os que se manifestaram no
capítulo passado já anotei) e vamos ser uma família feliz. ❤
Chapter Forty Three
Primeiro: ele não havia respondido novamente a carta que sua mãe o
enviara porque se tratava - ainda - de Harry.
E, okay, ele não era iludido de imaginar que seu destino ocorreria da
maneira que pôs no papel durante toda sua existência.
Mas, encontrar um marido ou esposa que seguissem sua linha de
idealização era o mínimo.
- Não, não é. Eu sinto muito por tê-lo acordado mais cedo é que... er-
- Diga, o que a incomoda? - Louis questionou, puxando-a delicadamente
pelo pulso para que se sentasse em sua frente.
- Eu o trai, Lou. Sei que é horrível, mas eu o trai com Leroy. Lembra-se
daquele cozinheiro que mencionei uma vez estar confusa a respeito? - suas
bochechas estavam rosas. - E alguém me dedurou. Contou a Brandon.
- Isso é tão... feio, Lolo. - e, certo, Louis pode ou não ter incorporado o
papel do irmão mais velho conferindo algumas lições de moral para a
caçula, mesmo que ele não tenha muita experiência a respeito de
relacionamentos. - Você pisou nele, nós não podemos pisar nas pessoas
como se fossem folhas secas que caíram das árvores ao chão.
O fim da paixão?
Ou as tentações gritando mais alto que ela?
***
- Está sim, apenas meu talher que caiu. - Louis disse-o em tom neutro,
normalizando os traços.
E, certo, aquilo com certeza não era um ratinho, a menos que ratos tivessem
cabelos cacheados, olhos enormes verdes e um sorriso perverso em seus
rostos.
- Harry?! O que faz aqui?! Por que está debaixo da mesa? - sussurrou,
rezando para que nenhum outro príncipe escutasse e interrompesse seu café
para bisbilhotar o porquê de Louis estar praticamente inclinado
conversando com Deus sabe o que.
- Bom dia, Lou! - Harry saudou, piscando lento com aquela inocência
forçada que exprimia 'catástrofe'. - Pensei em retribuir o que fez por mim
ontem!
- Então tome cuidado para que não desconfiem. - Styles disse assim, fácil e
simples, com um dar de ombros.
- Vossa Alteza? O que foi? Está tudo bem? - escutou Liam de longe.
Certo.
Ele poderia fazer isso.
Ele poderia pensar sobre como coelhos gritam estranho quando copulam e
então o macho cai estremecido no chão.
Ou ele poderia pensar que Harry está passando a porra do polegar por sua
glande e como é maravilhoso.
Não!
Ele iria divagar então a respeito das olimpíadas de críquete que ocorreram
ano passado em seu Reino, e o desastre que seus irmãos demonstraram ser
neste esporte.
Por sorte a maioria dos príncipes estavam distraídos com seus próprios
debates - não cogitando a possibilidade de um deles estar sendo chupado
em público na cadeira ao lado - e ninguém o escutou. A não ser,
obviamente, Liam.
- Louis? - chamou-o.
- Porra, porra, porra... - ele sibilou inaudível, percebendo que com as mãos
livres Harry apertava suas bolas, masturbava o que não podia chupar, e
esfregava a língua despudoradamente sobre sua fenda.
Era tudo demais e Louis estava perdendo a fé que mantinha sobre si no que
condizia sua força de vontade, sua resistência pessoal.
Um choque o paralisou logo que Styles aplicou uma pressão deliciosa com
a sucção de suas bochechas contra as veias proeminentes de seu pênis, e
infelizmente Tomlinson não previu que, sim, gemeria.
Ele gemeu. Não tão alto, mas chamativo o bastante para que os demais
jovens o fitassem estranhando nada discretos.
Sabendo que seu rosto estaria escarlate de vergonha, Louis apanhou a taça
de suco de morango, suas mãos soando frio e trêmulas.
Para não ter que falar, Tomlinson grudou sua boca na borda da taça,
tardando muito mais tempo para de fato bebê-lo.
Todavia, obviamente, Harry é essa maldição sem qualquer senso, que não
satisfeito pelo alvoroço que causava no menor, aproveitou que uma das
mãos de Louis repousava sobre o estofado da cadeira para puxa-la,
guiando-a até o topo de sua cabeça.
E, porra, Louis desejou muito lutar contra esse ímpeto, preserva-lo estático
até que o horário do café da manhã terminasse.
Mas, sério, seu pau estava latejando, fodidamente duro, Harry tinha o
oferecido a chance de penetra-lo em sua garganta e a hipótese de gozar
silenciosamente em presença de outras pessoas era no mínimo excitante.
Ele nem sequer cogitava que era amante do perigo ... até hoje.
Com a respiração ofegante, e acumulando a maior quantidade de Flan que
coubesse em sua boca para abafar potenciais futuros grunhidos, Louis
começou discretamente a empurrar a cabeça de Harry para baixo, sentindo-
o envelopar seu membro.
Foi ficando mais e mais macio, e vez o outra Louis ouvia-o engasgar e
parava, mas Styles beliscava o interior da sua coxa em repressão,
ordenando-o indiretamente a prosseguir.
Louis tremeu, sendo tomado por descargas que o atravessavam, e, por fim,
suspirou junto a um grunhido, tendo os dentes de Harry raspando sutilmente
suas veias antes de puxa-lo para trás e ejacular com força em seus lábios.
Jatos aliviados e longos.
Tomlinson rezou para que nenhum deles tenham desconfiado (o que Deus
por certo o ignorara, pois ele acabou de gozar na mesa - e todas as refeições
são sagradas / Harry e ele tinham algo com mesas).
***
Antes, para ele, 'paixão' nunca foi mais do que um tema retratado em livros
de romance. Cem, trezentas, quinhentas páginas discorrendo
detalhadamente estórias impossíveis, trágicas e belas.
Louis sabia quais são os efeitos, as contra-indicações... mas, até então, sua
compreensão se resumia a essa espécie de 'bula', que o precave do que há
por vir.
Todavia, da mesma forma que um medicamento reage diferente em cada
organismo... a paixão também.
Quando constatou estar apaixonado por Harry, Louis não o fez porque de
repente seu coração palpitou e suas pupilas dilataram; não o fez porque de
um segundo ao outro o príncipe se transformou naquilo que ele jamais se
veria sem; não o fez por, naquele instante, ter se impressionado e decidido
que assim seria...
Ele se apaixonou por Harry porque Harry o presenteou com uma amostra
do que viver supostamente significa. E isso o mudou.
Harry é uma constelação. O que faz sentido pois são as constelações que
guiam os marinheiros de volta pro lar.
"Em casa".
***
E ele estaria mais surpreso se não estivesse habituado com esses sumiços
causais, esses eventuais comportamentos duvidáveis.
Quando buscou ajuda à Amélia tudo que ela o retribuiu foi um sorriso triste
e um pedido para que ele não desistisse de seu menino, pois Harry era
complicado.
***
Aquela era particularmente uma madrugada fria, e nem o fato de ser verão
contribuiu para que Louis se sentisse ao menos aquecido com o casaco de
linho marrom que vestiu por cima da blusa branca de pijama.
- Acho que estou fodido. - foi tudo o que disse em um fio de voz, quase
assombrado.
- Bem, você quase nos fodeu naquela manhã. - proferiu rindo, para enfatizar
que era uma brincadeira.
- Sinto muito mesmo por isso, Louis. Eu não pretendia nos arriscar nesse
nível. Mas... foi preciso. - confessou. Firme e inquieto.
- Aquele jornal de fofocas besta? Por que está tentando desvendar isso?
- 'Jornal besta'? - Harry repetiu incrédulo. - Louis, essa merda quase me fez
ser expulso do Palácio por algo que não fiz. Duas vezes.
A maneira que Styles afundava suas unhas contra a própria palma da mão, e
a respiração desregulada, conduziram Tomlinson a crer que o príncipe
estava a beira de um surto.
Contudo, Louis não vacilou em sua postura. Se Harry já estava aflito, ele
precisava se demonstrar seguro. Precisava transmitir resistência.
- Sim, aquilo foi um teste. O autor é esperto, assiste os meus passos. Ele
saberia que eu estava debaixo daquela mesa entre as suas pernas... e ainda
assim se manteve quieto. Não divulgou.
- Seja quem for que está armando contra mim não vem publicando nada- o
príncipe de Malta adicionou, engolindo a seco.
- Enquanto ele estiver armando para você sem provas, com crimes forçados,
você estará protegido, Harry. - garantiu-o.
Mas Harry se desvinculou de seu toque, virando o rosto para frente com
uma inspiração profunda.
- Não. - disse relutante. - ... as que podem expor coisas verídicas que
realmente me ponham em risco.
Louis descobriu sobre si que sua versão apaixonada não era exatamente a
que passaria a mão na cabeça de seus erros. Não de todos.
- Você... você tem noção de quem é o escritor anônimo? Quem pode odiá-lo
tanto a ponto de te vigiar, te perseguir?
- Certo, e destes tantos... haveria alguém com motivos fortes o bastante para
ansiar destruí-lo deste modo? Você causou algum problema que justifique
essa raiva? - Louis indagou, internamente desejando que ele negasse. -
Algum que não há reparo?
Louis não queria ter se apaixonado por um jovem que carrega um grande
delito, seu pai o ensinara que o limite que se pode proteger quem ama é, se
ao fazê-lo, não está abandonando sua própria honra.
Episode: Addicted
Quando Tomlinson afastou suas pálpebras pela primeira vez naquela manhã
de domingo, ele ofegou assustado.
Não é tão comum que a primeira visão de seus dias fosse o príncipe de
Malta.
Mas Harry sorriu com seu típico ar prepotente, então o universo não seria
tão paralelo assim.
E, Okay.
Louis não tinha saúde para acompanhar as mudanças de humor do príncipe.
Não mesmo.
Ele não pensava que paixão é sinônimo de guerra, a qual você escolhe um
lado pelo qual lutará até o fim.
Para ele, paixão deveria ser sinônimo de arte, em que o pintor aceita que
alguns borrões são apagáveis e outros acabam estragando a tela.
E, Céus, ele desejava tanto que Harry continuasse sendo uma obra-prima
sob sua perspectiva. Ele desejava mantê-lo assim, bonito e admirável. E,
obviamente todos cometem erros, mas a intuição de Louis apontava que os
daquele príncipe seriam piores do que cogitara.
- Como chegou tão cedo? Lorena ou Jezebel não estavam aqui? - Tomlinson
questionou suspirando, estralando seus ossos da maneira que fazia ao se
espreguiçar.
- Operação Autor, o que acha? O nome soa muito óbvio e exagerado, certo?
- Styles começou a monologar, fazendo uma careta para si próprio. - Yeah,
não ficou tão adequado quanto planejei, que tal Operação Kiwi? Não é
sugestivo e eu gosto dessa fruta-
- Harry. - Louis advertiu, interrompendo-o. Ele levou sua mão para repousar
suavemente contra a bochecha do maior, afagando o local em um carinho
calmo que deteve totalmente a atenção do príncipe. Styles assistia sua ação
fascinado. - Vamos, diga-me o plano.
- V-você... você vai mesmo entrar nessa comigo? Mesmo sem saber
exatamente a história? - questionou atônito.
- Uma hora você terá que me contar o que fez, Harry. Uma hora próxima. -
avisou. - Mas até lá eu estou nessa com você. Eu irei ajuda-lo a desmascarar
o covarde anônimo por trás do jornal. - decretou com um meio sorriso.
E, porra, Styles percebeu as lagoas azuis tão profundas em si. Ele não se
conteve e avançou em Louis, rodeando seus braços no pescoço do outro em
um abraço forte, enfiando seu nariz entre os maços bagunçados do cabelo
do príncipe recém desperto. Louis circundou sua cintura.
- Yay, certo, certo... vamos pegar ele. - Harry murmurou, quase sufocando-o
em seu aperto. - Vamos pegar ele, meu salvador.
Eles passaram um período nessa bolha confortável de um abraçado eterno,
em que nenhuma das partes demonstrava-se disposta a largar primeiro... até
que, é, percebessem que seus músculos estavam dormentes.
- Confie em mim, Lou. Há algo nela que... enfim, e se ela estivesse aliada
com alguém? E se-
Louis soltou uma risada nasalada meio irônica (ele estava se transformando
na versão atrevida de Harry Styles), todavia, concordou.
- Tudo bem, amor. Posso vigia-la hoje.
amor.
***
Mas, claro, Harry solicitou seu auxílio, e a Operação Kiwi não funcionaria
sem ele.
Diana era certamente muito vistosa e bela, possuía esses cachos graciosos
compridos, seus olhos verdes grandes e um estilo elegante próprio de uma
futura rainha. Ficara linda nos quadros que pintara, não sentia-se
constrangida de posar nua.
Andrew arqueou uma das sobrancelhas pela elevação de seu tom, fazendo
com que Zayn se envergonhasse de sua falta de educação, mesmo que este
estúpido merecesse.
- Compreendo, Zayn, Liam é muito soberbo e fiel para isso. Só... não diga
que não avisei depois... - murmurou insolente. - Porque, sabe, ninguém é
perfeito. E as pessoas que mais se esforçam para ser, são as que escondem
os piores segredos.
***
***
Louis não supunha que vigiar uma pessoa seria tão tedioso quanto estava
sendo. Algumas taças já se acumulavam vazias na mesa próxima e ele.
Outra coisa que o incomodava era o fato de Harry estar sumido. Ele não
havia aparecido desde o início do baile e Louis se indagava se esta era uma
parte do plano ou não. E, seu sexto sentido, opinava na segunda opção.
Existia esse gosto amargo na boca de seu estômago a respeito de Styles que
ele precisava diluir (e álcool não funcionava).
- Com licença, Vossa Alteza. - uma voz intercedeu seus devaneios, levando-
o a fitar Niall distraidamente.
- Bem, obrigado.
- Não foi Harry. Sei que no final as informações ficaram jogadas no ar, mas
não foi-
- Vim aqui na verdade para lhe perguntar sobre uma pessoa, Louis.
- Certo. Quem?
- O qu-
- Sim, sim. Questionei-me por que não me procurara antes, Louis. Pensei
que mantivéssemos nossa relação sob tintas. - Diana piscou um dos olhos,
divertida. Seu sotaque francês era forte e sua personalidade mais ainda.
- Não sou burra, Vossa Alteza. Vi como trocaram olhares aquela outra vez
no baile, e que saíram juntos logo em seguida. - explicou-se, estalando a
língua no céu da boca. - Seu segredo está bem guardado.
***
Por ter sido impassível a sua existência toda ele não sabia como
monopoliza-los, organiza-los, reconhecê-los. Para tanto, se limitava a
maquia-los sob neutralidade e indiferença.
Mas, mesmo que por fora não houvesse uma linha de decepção formada em
sua face, seu estado de espírito estava demasiadamente esmagado.
Porque, ali, na porta dos aposentos de Harry, havia o tradicional lenço
vermelho rodeando a maçaneta, que só poderia significar uma coisa.
E, tudo bem, ninguém estava nu, nem Harry. Mas eles estavam sentados em
roda sobre o colchão, o que consequentemente o induzia a crer que aquilo
aconteceria em breve.
E... ninguém havia notado a presença de Louis, bem, até agora, porque
Louis os faria notar.
- Eu só direi uma segunda vez - Louis decretou, olhando-o sem ceder - Saia.
Louis não revidou. Ele era superior. Não sujava as mãos a troco de tão
pouco.
O clique da porta fechando escoou como um baque ruidoso.
- Foi para isso que me mandou ficar com Diana? O plano era, efetivamente,
me manter afastado para que se refugiasse em seu aposento? - Tomlinson
ocasionalmente indagou, destemido.
Ele sequer piscava e parecia ligeiramente machucado se você o estudasse a
fundo, no entanto, ainda existia esta armadura sólida que o fornecia uma
imagem erguida, indestrutível.
- O quê? Não, não, não, Lou. Eu re-realmente precisava que você.. que você
me ajudasse na missão. E-eu-
- Louis! Eles não estavam aqui por sexo! Nós não íamos transar! - garantiu,
exasperado, ofegante.
- Lou, e-eu... eu não tenho relações sexuais apropriadas com ninguém desde
que nós... na capela.. - sussurrou, seus lábios a centímetros dos do menor, o
qual continuava imóvel.
Foi meio inevitável não amenizar essa postura distante, porque Louis
confiava em Harry (ele queria muito confiar) e essa sensação de alívio pelo
príncipe não ter se relacionado com outros durante o período em que eles se
tornaram .. uma coisa.. o aqueceu novamente.
Oh, então é dessa forma que o ciúmes funciona.
- Eu não consigo mais ter orgasmos com outras pessoas. Eu não consigo
gemer outro nome além do seu. Eu nem quero. - Harry sibilou, suspirando.
Suas gramas de verão aparentavam- se sinceras, pesando sobre as lagoas
azuis sem relutar.
Porque, sim, ele sempre teve consciência de que nestas 'reuniões' privadas
de Styles muitos tipos de drogas eram gratuitamente oferecidos.
Mas, ainda, parte sua mantinha essa fé boba de que o príncipe não usava-a
com frequência, ao menos não recentemente.
E tudo foi, enfim, esclarecido. Por exemplo, sobre como Harry consegue
surgir com uma aparência impecável e agitada logo após suas quedas, suas
recaídas psicológicas ou surtos mentais. Como ele lapida facilmente
sorrisos energéticos depois de secar as lágrimas das bochechas e sobre
como sua personalidade transborda extravagância, fantasia, alvoroço.
Explicava o porquê do príncipe dormir pouco (deitando-se no final da
madrugada e levantando-se cedo para caminhadas matinais), e se alimentar
mal, com apetite limitado.
Céus. Tomlinson compreendia que não era ao todo culpa do príncipe essa
dependência desgastante, afinal, ele estava sendo vítima de suas
composições químicas, das consequências, dos efeitos colaterais.
No entanto, Louis não iria se render junto à situação. Ele não podia aceitar
que o outro ingerisse drogas saboreando uma falsa emancipação da
melancolia.
- Seja um rei valente, Harry. Não fuja de seus demônios, oponha-se a eles.
Criar universos menos dolorosos por meio de drogas é o que um covarde
faz. - Tomlinson atestou, amaciando a voz - Não se vence guerras rendendo-
se aos inimigos.
- Todo dia é uma batalha diferente, eu sei. Porém nenhuma vitória é válida
se houver trapaça.
Amélia o alertara que Styles não desejava ser consertado, só amado. Mas...
desde quando assistir submisso um indivíduo se mutilar com seus próprios
cacos quebrados é um modo de protegê-lo?'
E aquele seria o típico episódio trágico de uma peça, resumido pelo fim do
que nem começou.
Harry, o qual encarava-o mudo, não realizou qualquer gesto ou fez menção
de pronunciar nenhuma vez nos próximos cinco minutos.
- Este era todo o meu estoque. - Harry disse, claramente esforçando-se para
conservar sua feição impassível. Ele parecia decidido, apesar de haver
pingos de apreensão diluídos no verde de seus olhos. - E agora é seu. Livre-
se da maneira que preferir.
E... uou. Merda. Ele de fato estava disposto a abrir mão daquilo que o
sustenta no cotidiano por Louis.
Por Louis.
Porra.
- Você pode ser a exceção boa, Lou. - miou manhoso, tocando a boca dele
com a sua em um contato calmo.
- Você sabe que não será fácil, certo? Nestes próximos dias sem drogas em
seu organismo enfrentará uma abstinência complicada.. - advertiu.
Louis quase sentia a insinuação pessoal por trás das palavras. Ele quase
escutava os gritos ocultos na frase. Ele sentia o amargo na língua.
- Minha irmã costumava me alertar que amar é não ser egoísta. - fez uma
pausa. - Quando chega a hora, você deixa a pessoa ir, e diz 'tchau tchau,
meu bem, o mundo é seu, e eu também'. - Harry sussurrou, e ao olhar para
Louis com seus olhos distantes e marejados, sua expressão estava banhada
com um sofrimento contido.
***
***
Dia a dia o sufoco era maior, seu estômago se revirava, sua cabeça doía.
Harry sentia-se suprimido de sua própria existência, estando presente nela
como um ator coadjuvante. Ele escutava os ruídos distantes, olhava
cegamente para o seu redor, notava Amélia trazendo-o as refeições
particulares (mesmo que ela não devesse permanecer com ele em outros
turnos senão da manhã). Tudo - tudo - que sua mente materializava era um
vazio, um vazio que só poderia ser preenchido pelas substâncias químicas
que o fariam enxergar a vida colorida novamente.
Ele queria tocar o sol com a ponta dos dedos e sorrir. Ele queria pôr seus
pensamentos no lugar onde a tristeza mal alcançasse.
Ele queria ter seu coração disparando com a cocaína, lembrando-o que ele
ainda estava vivo - apesar de muitas vezes não querer.
Ele preferia olhar seu reflexo no espelho com suas roupas espalhafatosas
para representar o êxtase que corrompia-o no interior. Não havia mais
êxtase.
Ele se sentia ferido. Com ossos fraturados e órgãos faltando. Seu organismo
não trabalhava como antes, fazia-o fraco, fazia-o doente.
Harry não via borboletas em cada canto do quarto, nenhuma pousava mais
em seus braços. Harry não se recordava de ter mergulhado neste lago,
naufragando por não saber nadar.
Até que em cinco dias limpo o que o restara era a carcaça de um homem,
com cabelos sujos e despenteados, olheiras roxas destacando-se na pele
extremamente pálida, e ossos salientes da clavícula pela falta de nutrientes.
Salve-me.
****
Harry não permitiu que ele entrasse uma vez sequer, não desejava que
ninguém o flagrasse naquele estado deplorável. Ele era como uma maça
podre e murcha que despencou da árvore.
Agachado miseravelmente dentro de uma moita (sério, o que ele não faz por
Harry?), com alguns galhos pinicando-o e folhas grudado em seu cabelo,
Tomlinson esperou.
Esperou. E ele detestava esse horário em que o sol está nascendo, pois a
temperatura ainda é congelante e tem essa brisa para piorar.
Entre suspirar com dor nas pernas pela posição e se indagar como sua vida
chegou a este nível ele escutou passos fortes entrecortarem o ambiente.
Espiou pela fresta dos ramos e teve que reter um ofego assombrado ao se
deparar com a figura de Styles.
Pois, nestas meras cento e vinte horas, o brilho de Styles se apagara. Ele
vinha abraçando a si próprio, talvez para reter calor no corpo muito mais
magro que o normal, uma aparência exausta e quase um ninho de pássaros
formado em seus cabelos. Seu rosto fino com as bochechas mais fundas, um
semblante tenso ao que ele passara a fitar ao seu redor, atordoado. Como se
procurasse algo.
Ele, ocasionalmente, retesou seus passos em frente a um chafariz de anjos,
inclinando-se para uma andorinha.
Louis não tinha certeza do que se sucedia estando oculto em uma distância
considerável, contudo a julgar pela forma que os lábios de Harry pareciam
se mover ele deduziu que o príncipe tentava ... conversar com ela (?).
E, okay, Tomlinson sabia que Styles tinha essa tendência de falar com
animais ou objetos inanimados mas ele sempre achou adorável e nunca
considerou que era parte do delírio que as drogas os causavam.
Engatinhou para fora da moita (muito sujo de terra e folhas), indo para
Harry sem delongas.
- Ela quem?
- Não chore, amor. - Louis tentou consola-lo, mas ele não o permitiu,
afastando depressa e indo para frente de um canteiro de margaridas.
Tomlinson o seguiu.
- É tão difícil.
Oh, merda.
- Certo... bem, a verdade é que nós, nós que não usamos alucinógenos,
também temos a habilidade de conversar com o que quisermos.
- Você não usa a audição, nós não podemos ouvi-las. - Louis avisou, fitando
a flor com um pouco de fascinação, porque aquele pequeno ser-vivo era
capaz de despertar toda essa comoção naquele jovem.
- O-o que? Mas o que? Então como sabemos qual foi a resposta delas se não
as ouvimos?! - interrogou indignado.
- Não, Haz. Funciona sim. É só que.. acho que faz pouco tempo que você
parou de se drogar, ainda foi um processo recente, compreende?
- Tudo bem, eu irei. Mas, enquanto isso, será que você pode usar a sua
habilidade agora para saber qual foi a resposta delas? Eu estou preocupado.
- Harry pediu, e Louis queria não estar com seu coração dolorido pela
situação, no entanto trajou um sorriso carinhoso e concordou, posicionando
seus dedos suavemente sobre uma de umas folhas e inspirando fundo, como
se se concentrasse para isso. [ele se comunicava com uma margarida, Céus].
- Elas me disseram que estão bem. E comentaram que sentiram sua falta.
- Daisy falou que você está muito magro, e que precisa se alimentar melhor.
- Tomlinson alertou. - Ela também comentou que seu cabelo parece sujo e
que devia lava-lo hoje.
Harry riu.
- Oh, isso é tão Daisy, esta florzinha atrevida e sincera. - reproduziu tenro.
- Ela também disse, Harry, que está muito orgulhosa de você, de suas
últimas iniciativas altruístas. - Louis proferiu, vendo Styles abaixar o rosto,
envergonhado. - E que está ansiosa para conversar diretamente com o
senhor, portanto pediu para que se restabeleça, e volte de cabeça erguida.
Harry virou sua face para a margarida, libertando uma última lágrima.
***
Ainda que ele estivesse determinado, era inevitável não ter enjoos e tremer.
Essa reação de seu corpo o assustava.
Com uma ligeira claustrofobia Harry vestiu uma casaca sobre os ombros e
saiu, descendo as escadas pulando degraus, correndo novamente para os
jardins.
- Oi?
- Não sei... você é tipo muito exclusivo para alguém como eu falar?
Zayn inspirou lentamente, inclinando sua cabeça para trás até que ela
estivesse apoiada no banco, virada para cima ao que observava o céu limpo.
- Mas, sabe, eu aprendi esse ditado de que nem todas as pessoas que nós
perdemos foram realmente uma perda. Eu acho que esse afastamento dos
meus pais foi, para mim, um ganho. - pausou, divagando. - Enquanto eu
estivesse escutando-os, estaria me silenciando diante das minhas
verdadeiras qualidades. Eles me cegaram, e pais não devem cegar seus
filhos, eles devem apoia-los, deixar que falem e vejam por si próprio.
Após seu monólogo, Malik fechou os olhos, sentindo a brisa tocar sua
epiderme nos cantos que estivesse descoberta, onde os tecidos do traje não
alcançasse. Leve e suave.
- Eu penso que 'superar' é um termo muito relativo. Eu não tenho mais feito
aquilo, mas sempre há passagens de recaída, vontade de.. de retomar os
costumes antigos. Acho que o que nos fere muito se transforma em uma
cicatriz.
Zayn passou a mão sobre seu estômago, como se ela tivesse lá.
- E cicatrizes não são 'superáveis'. Elas permanecerão ali para sempre, cabe
a você reabri-las ou ignora-las. Alguns dias soa tentador a ideia de puxar as
casquinhas nas extremidades, mas... você precisa lembrar que se arranca-las
a ferida arderá de novo.
Zayn era esse vaso egípcio caro repousado sobre uma prateleira baixa do
museu, que todos tocavam pelo fácil acesso, mas ninguém se importava de
limpar as camadas de poeira que o cobriam.
Zayn levou sua mão para repousar amigavelmente sobre o ombro de Harry,
o qual fitou seu gesto atônito.
- Esta é a cicatriz da batalha que você trava nesse instante. E é Okay ter
medo da abandonar sua antiga armadura, mas... Liam me ensinou que
armaduras às vezes não protegem você do mundo, protegem o mundo de
você, porque nós somos muito poderosos quando acreditamos em nosso
potencial.
- Então... você está assim graças a Liam? - Styles indagou, suspeitando que
tenha sido meio invasivo ao se intrometer na vida alheia de Zayn de novo.
- Hm, na verdade, não. Não foi graças a Liam. Claro, Liam me guiou ,
mas... foi graças a mim. Eu me devo esse mérito. Mesmo que muitos
tentem ajuda-lo, não haverá qualquer êxito se você não se ajudar. Seria
trabalho em vão pois é você quem define o rumo da sua vida no final de
tudo.
Harry não entendia como Zayn poderia ser tão legal. Poderia ser sensato e
inspirador com suas frases e suas ideologias. Definitivamente um altruísta,
de caráter belo e pose humilde.
Zayn o encarou. E merda, ele não se considerava apto para lidar com essas
situações.
- Zayn, e-eu... eu sei que te devo um enorme pedido de desculpas. - Harry
admitiu, suas pálpebras acumulando lágrimas devido ao seu emocional
fragilizado pela abstinência. Ótimo. - Você não mereceu aquilo. N-Ninguém
merece ser chantageado. Eu fui um estupido, e me arrependo. Sinto muito.
Pela maneira que Styles ficou era quase paupável seu remorso. Se ele fosse
de fato um gatinho suas orelhas estariam decaídas e seu rabinho cruzado
entre as pernas.
Ele não poderia verbalizar que aquilo seria superado, ou que não se
chateava com o assunto, portanto, decidiu descontrair e quebrar aquela
tensão presa nos traços faciais de Styles.
- Hey, não diga isso. Louis não gostaria que alguém dissesse. - murmurou
sem jeito, revirando os olhos. - Eu não faço mais... sexo. Não com outras
pessoas, desculpe-me.
- Bem, você gosta muito dele, não? Louis obviamente o trata como se fosse
a única rosa de seu jardim.
O estômago de Harry se contraiu com essa afirmação, ele inteiro sentindo-
se aquecer dentro para fora.
- Harry, você não pode fazer isso por ele. Você tem que fazer isso por você.
- Zayn reverberou, fitando-o firme e sério. - Você tem que fazer isso porque
você se deve novas chances, porque você merece uma vida melhor. Este
tipo de decisão que nos transforma não pode ser creditado a ninguém senão
a nós próprios. Essa é a melhor forma de você se amar.
Styles teve que pausar a respiração para absorver o que Zayn o disse,
apalpando a veracidade daquilo.
Pois... talvez, ele não fosse merecedor de muitas coisas com essa longa lista
de erros cometidos, mas... ele merecia amor próprio. E um amor próprio
real, que não fosse destinado à sua riqueza, as joias, à sua beleza externa.
Malik se virou para ele, estendendo seu braço para baixo a fim de afagar o
ombro de Styles naquela posição embolada que ele permanecera.
***
Ele pensou sobre muitas coisas, como sua família, sua coroação, seu reino.
Sentia falta deles mas sabia que sentiria saudades deste Palácio também.
Entre devanear a respeito de Riverland e de seus irmão mais velho que
havia ficado noivo na semana passada, foi desperto pelo ruído da porta do
banheiro se abrindo.
- Não. Ela me avisou que você estava se banhando. Então tivemos uma
pequena discussão até que eu a convenci a permitir minha entrada. - Styles
afirmava ao que se aproximava de Tomlinson, os ossos de seu corpo se
sobressaindo pela falta de massa corporal. - Também a convenci de sair do
seu aposento para que eu me despisse, e a dispensei pela noite. Sua criada é
teimosinha mas não pareceu capaz de nos dedurar.
- Pode fazer isso por mim? - indagou, trazendo-se para mais perto de
Tomlinson e abaixando sua cabeça como se expusesse-a para que o outro
lavasse.
Era algo cálido e puro, desde a reverência que Tomlinson expunha para
lavar cada centímetro de seus fios, até a delicadeza aplicada ao jogar
punhados de água em cima, a fim de remover o produto.
- O certo seria você ter tomado uma ducha antes de entrar na banheira. -
Louis ocasionalmente observou.
- A questão é que nós nunca estaremos cem por cento prontos e nunca
haverá a hora certa para as coisas. - Louis reproduziu. - Mas esse é o ponto.
Porque significa que todo momento é também o momento certo. Se você
quer algo, basta fazê-lo.
- A primeira vez que cheirei cocaína não foi porque eu estava curioso com
seus efeitos, foi porque eu tentei me matar.
Boom.
Foi como uma bomba estourando os tímpanos de Tomlinson.
- Até notar que... eu não estava mais naquilo porque tentava me matar, eu
estava naquilo porque havia me viciado. E era como um caminho sem volta.
Na verdade, eu nunca tive um motivo para voltar. As alucinações, o coração
acelerado, os pensamentos altos... eles faziam com que eu me sentisse vivo
de novo, e menos sozinho, pois sempre que eu quisesse as flores, Carolina e
os animais conversariam comigo.
Você não precisa mais deles, Harry. Você tem a mim. Louis gostaria de
avisar, todavia, ele preferiu não se manifestar para não interrompê-lo.
- Eu só- eu só não queria ser o que todos querem ser. Lou, você sabe
exatamente o que fazer desde o momento que acorda até antes de dormir,
você tem o mundo sob os seus pés enquanto eu o quero em minhas mãos.
Styles não verbalizou uma resposta, pondo fim àquele diálogo por ora.
- Fico feliz de que nessa analogia eu sou o único a conhecer o lago então. -
Louis proferiu, sorrindo carinhoso para o garoto desolado. - Ele é o meu
espaço favorito deste Reino, Harry.
Harry, o qual cobria o rosto com suas mãos, afastou-as para o lado,
encarando-o nesta fresta.
Styles não aguardou nem outro segundo para tomar a boca de Louis para si,
tecendo aquele encaixe molhado e desesperado comum para eles, suas
línguas se encontrando, girando, em uma dança própria que já estavam
habituadas.
Louis rolou sua boca para o pescoço de Styles, depositando leves mordidas
com pouca sucção, sentindo o príncipe se remexer inquieto em seu colo,
pressionando o pênis nele para receber algum estímulo.
- Lou... Lou, me de um orgasmo, por favor. Já faz tanto tempo, e-eu preciso
de você. - sussurrou necessitado em seu ouvido. - Eu preciso me distrair,
quero gozar, quero gritar o seu nome.
Louis tinha que ser forte e negar, porque Harry estava em um estado
psicológico abalado e este era o certo a ser feito...
Mas então o jovem dos cachos provavelmente traduziu sua feição incerta e
se apressou a repreende-lo.
- Nem cogite isso. Eu o desejo nesse momento, Tomlinson. Quero ficar por
cima, hoje. Preciso me sentir no controle das coisas desta vez.
Louis acenou em concordância, um tanto surpreso pela vontade de Styles.
Ele já havia sido o passivo antes com outras pessoas, não era seu
posicionamento preferido mas continuava sendo o bom e-
Louis obedeceu seu pedido, agarrando as bolas do príncipe com uma força
calculada, ouvindo-o gemer em deleite.
- Oh- Lou, isso, meu bem. Maltrate-os, eles são seus. - lamuriou, amando a
atenção oferecida em seus preciosos (e muito suscetíveis a prazer) mamilos.
Ele se estendeu o bastante até que pudesse sentir o pau de Louis ereto,
relando em sua bunda.
Ao abrigar todo o pau em si, estando com as coxas encostadas nas de Louis,
Styles ficou em inércia, acostumando-se com a sensação abrasadora que o
sucumbia. Sua respiração engatou e sua boca se entreabriu.
Era insaciável.
Sua mente ficou nublada muito depressa, sem frases coerentes, muito
excitado para sequer administrar algum compasso.
Os sons de estalos de pele com pele nas cavalgadas eram atenuados pela
água remanescente, contudo, os gemidos de Styles não estavam impedidos
de ressoar com eco entre os ladrilhos, ele agarrando os ombros de Louis
para se firmar nesse exercício incansável de suprir sua maior necessidade
no momento.
Louis soube que Harry havia golpeado sua próstata quando um grito rouco
e macio escoou de seus lábios, pendendo a cabeça para trás como se
estivesse desmoronando, as paredes em torno do pênis se contraindo
bruscamente.
A partir desse instante, em que Harry surrara seu ponto mais sensível, ele
realmente entrou em um estado de frenesi, cavalgando como se sua vida
dependesse disso, angulando para que a cabeça do pau escovasse sua
próstata em toda investida.
Tomlinson não conseguiu responder, ele estava muito desnorteado para tal.
No entanto, com suas duas mãos livres, levou cada uma para um mamilo do
príncipe, esfregando-os firmemente com suas digitais, ocasionando uma
onda dilacerante no maior o qual se viu choramingando ligeiramente
curvado no peitoral de Louis, o corpo tremendo abruptamente.
***
Inspirou.
Expirou.
- E quando você cai um pouco, você cai muito, porque nem toda queda tem
segundas chances.
Inspirou.
Expirou.
- Talvez a vida seja sobre isso, encontrar uma maneira de subir de novo
escalando o vazio.
***
Notas da autora: olá, meus caros. Eu vim fazer uma breve reflexão sobre a
importância desse capítulo, sobretudo ao que diz respeito a superações.
A melhora de Harry não é mérito de Louis. É mérito dele. Por ele e graças
a ele.
Nós somos os autores da nossa vida, nos devemos a felicidade por mais
inalcançável que ela soe.
A caneta continua na sua mão, e embora algumas vezes os rabiscos
estraguem uma parte, não coloquem um ponto final.
Chapter Forty Six
Episode: Liar
Tomlinson aprendeu que havia essa rotina inédita em que Harry apareceria
cedo em seu quarto, com os olhos vermelhos, conturbado e a mandíbula
trincada, bufando até que o menor se levantasse e o questionasse
calmamente o que poderia fazer por ele.
Então existiria esse desabafo infindável sobre como a vida era uma grande
merda, como ele se sentia agoniado e como amaria quebrar a cara de
alguém.
Louis não permitia que eles transassem sobre o colchão... porque nessa sua
ideologia particular a cama era um espaço mais especial para relações
sexuais e ele gostaria de fazer desse momento memorável - ele sempre
possuiria um romance lapidado - portanto, colocava algumas almofadas
sobre o tapete macio e deitava Harry confortavelmente neles.
Por outro lado, era evidente que a frustração de Styles influenciava o sexo
porque, por exemplo, o príncipe passara a xingar palavrões no meio de
todos seus gemidos, e projetar sua ancas para baixo, para encontrar as
estocadas de Louis, com muita brutalidade. Ele seria ligeiramente agressivo
e mais afobado, gritando, chorando e se contorcendo de prazer em
espasmos intensos, que desembocavam em um Harry ofegante, pendendo a
cabeça para trás em busca de oxigênio, derretendo-se em jatos quentes de
gozo ao que escutava Louis o chamando de 'princesa pervertida'.
Ele amava.
Essa situação não era exatamente o que Tomlinson almejava. Porque... bem,
ele estava apaixonado, e queria demonstrar com toques carinhosos, escovar
os cabelos de Harry e massagear seu rosto com as pontas de seus dedos, em
gestos doces e sutis. Mas Harry não queria tal atenção neste instante.
***
Na terça tudo parecia muito normal, desde Harry apoiando totalmente sua
cabeça no ombro de Tomlinson durante o almoço até ele insinuando um
boquete com a língua contornada sob a bochecha (no meio da roda de
conversa no Salão dos Homens). Louis tossiu e disfarçou.
Ele tentou de novo arrastar o príncipe para o canto, sem sucesso, porque,
bem, Tomlinson não tinha como arranjar forças após dois sexos na parte da
manhã e mais os outros que certamente viriam de noite.
Então ele sutilmente negou com um aceno e retomou sua atenção para o
debate trivial que ocorria.
Contudo Louis retesou. Porque aquilo soou quase como uma insinuação.
- Digo, não é normal que esteja tão desinformado. Não vem frequentando o
Salão dos Homens também. - Liam adicionou, afagando o ombro de
Tomlinson. - Mas não se preocupe, amanhã eu próprio posso levá-lo à sala
de costura. O que acha?
Não foi preciso virar seu rosto para adivinhar que ali encontraria Harry com
sua mandíbula trincada, encarando Payne como se pudesse perfurar sua
testa com este olhar intimidador, e, para enfatizar, esta espécie de ruído
saindo de sua garganta.
Ele queria muito que Styles traduzisse esse gesto como 'relaxe, gatinho'.
- Oh, Príncipe Edward, como está? - Liam o dirigiu a palavra, suas feições
forçando uma gentileza frágil e montada. Não era segredo que ele julgava
Harry semelhante a todos os outros mais recatados, que colocavam aquela
cabeça de cachos na lista dos que 'perderam totalmente o bom senso'.
- Bom, deve estar mesmo, haja em vista que ninguém tem sido mais visto
deixando suas festas privadas noturnas, hum?
- Bem, garanto-lhe que meu tipo de festa atual está sendo bem mais
divertido. - Styles se gabou, rodeando seus braços nos ombros de Louis
com a feição presunçosa.
A partir do instante que Payne sumiu de vista, Louis se virou para Harry. E,
honestamente, ele conseguiria ser bonito e sexy em todos os seus estados de
espírito, mas quando este lado mais sombrio e irritado surgia, Styles
adoraria empinar sua bunda e gozar só com aquela visão.
- Não. Não é isso, Harry. - Tomlinson o cortou. Seu tom amenizou para algo
mais suave, no entanto, ainda seco. - Eu só fiquei, hm, incomodado...
porque você se referiu a mim como uma festa. E eu não sou uma festa
noturna, nem desejo ser considerado uma.
Styles gostaria de gritar a plenos pulmões que Louis estava longe de ser
uma distração, um sexo casual.
Ele gostaria de escrever em todas as paredes deste Palácio o quanto esse
príncipe era especial, e lindo, e mil outros adjetivos que fariam qualquer
outro mortal inveja-lo.
Não poderia porque... porque seria egoísmo, e ele sempre soube que
haveriam alguns limites estipulados que o impediriam de cruzar essa linha
tênue entre aproveitar o que há no momento e tornar as coisas oficiais em
sua cabeça.
Ele não tinha o direito de pensar que seu mundo pudesse ser um romance
vitoriano, mas pensou.
Ele não tinha o direito de incluir Louis nessa bagunça da sua vida, mas
incluiu.
E agora arcaria com o preço de sufocar suas maiores vontades para garantir
que Louis tivesse melhores chances.
***
- Você tem que dizer a ele, menino teimoso. - ela reforçou, bufando
ranzinza.
- Não, não posso. Não posso, você sabe disso, ruguinhas. - Styles rebateu,
afundando ainda mais o rosto contra o travesseiro.
- Eu não posso. Não. Ainda tenho as coisas sob controle e-e eu nem sei se
ele iria mesmo querer... hm.... você sabe.... - Styles gaguejou, suas
bochechas adquirindo uma tonalidade vermelha.
- Ele iria mesmo o que? - Amelia insistiu, arqueando uma das sobrancelhas.
O príncipe tossiu a seco sem jeito, inspirando falho e de repente muito
tímido.
- Não estou rindo por tal motivo, menino. Estou rindo porque o que acabou
de falar é tão óbvio que foi engraçado. Louis não talvez o queira para algo
sério. Ele com certeza quer.
- V-você acha? Você acha mesmo? - indagou, orando para que não soasse
extremamente esperançoso ou animado. Mas, então, a realização dos fatos
repercutiu no canto consciente de seu cérebro, puxando-o para a lembrança
que o assombrava. - Ele não pode. Ele não pode, Ami. Ou tudo estará
perdido.
- Tudo esteve perdido por tanto tempo, querido. Você precisa permitir que
ele o encontre. - ela reproduziu. Levantando-se para retomar suas
responsabilidades na área da limpeza a qual se esgueirou por poucos
minutos para atender ao chamado do príncipe.
***
Deduziu ser Amélia que possivelmente esqueceu algum espanador por lá.
- Não sei quem 'ruguinhas' é, Harry, mas sinto pena dela por ter que
conviver com alguém como você.
***
Onze da noite.
Onze meia.
Meia noite.
Tomlinson gostava de transar, certamente. Mas... era por Harry. Por estar
com Harry e observa-lo entre os gemidos e o suor, e ter certeza de que
aquele homem seria o seu futuro. E pensar em quão sortudo ele era por estar
com o jovem dos cachos em seu aperto, entregue e extasiado, com a luxúria
expirada de seus poros e a juventude enraizada em seus suspiros.
E Louis se lamentava com toda essa alusão. Porque... por mais que Harry
fosse o verão por fora, ele não aquecia o que estava congelado
internamente.
E ele iria.
Ignoraria esse bolo corroendo seu estômago e aceitaria que este era um
convite explícito para se retirar... mas.... mas....
Ao que sua visão varreu o local, ele não se sentiu nem um pouco aliviado.
Porque, okay, não havia um bacanal comunitário ocorrendo no colchão com
drogas à vontade.
- Sente isso, Styles?! É o preço que se paga por brincar com os outros como
se fossem a merda dos seus brinquedos! - cuspiu exasperado, apontando
agora uma espada em seu pescoço, descendo a mordaça do príncipe.
- Oh, não foi, não é? Assim como não foi você quem tentou me matar
manipulando meu cavalo com aquela cobra de pelúcia?! Tão previsível!
- Que porra está acontecendo aqui?! - Louis reverberou alto, saindo de seu
estado de paralisia e correndo até eles.
- Oh, vejo que o destino está a meu favor. - riu diabólico, igual o vilão de
algum conto heróico faria. - Qual melhor maneira de torturar esse
desgraçado do que torturar a pessoa que ele preza em sua frente?! Enquanto
assiste a tudo impotente?
- Andrew, não sei o que pensas que o Príncipe Edward fez, mas garanto-lhe
que não foi ele. - Louis informou.
- Foi, foi sim! Eu não recebi cartas de minha família uma vez sequer nesta
temporada, nenhuma! Não importa quantas enviasse! E ontem,
magicamente, todas as que eu enviei ou pensei ter enviado ao longo destes
meses ressurgiram em meu quarto! - acusou, olhando furiosamente para
Harry. - Agora me diz, qual é o único idiota que tem potencial para cometer
um delito destes?!
Louis não sabe exatamente como aquilo escapou tão facilmente de seus
lábios, ele nem se tocou na verdade (havia um risco de morte ocupando a
maior parte de seu raciocínio). Mas... Harry sim.
- Andrew, não! Por favor, não machuque ele! Machuque a mim! - implorou,
lágrimas grossas acumulando. - Deixe-o ir!
Tomlinson se agachou e tomou a espada para si, indo até Harry e com um
único movimento cortando as cordas que o prendiam ao divã.
Contudo, devido à explosão emocional que era sua fase de abstinência das
drogas, toda sua energia foi convertida para raiva.
Raiva a qual o despertou de toda essa nuvem de dor e fraqueza para uma em
que sua visão se fixou quase maníaca na figura de Andrew deitado de
bruços.
E ele se enfureceu.
- Harry, pare com isso! Ele já está desmaiado! - Louis alertou, tentando
inutilmente puxa-lo para longe.
Outro soco.
- Haz! Haz! Não! - Louis apelou, ajoelhando-se perto de Harry ao que este
transferia um golpe no nariz do rapaz, fazendo-o sangrar.
- Harry, pare com isso agora! Olhe para mim! Olhe para mim, paixão! -
pediu desesperado, apertando o ombro do maior para ter sua atenção.
- Hey, hey, eu estou bem, está vendo? Não precisa disso, amor. Veja. Ele
não me feriu. - garantiu com a voz macia, sendo cuidadoso em lidar com
essa sobrecarga de Harry.
- Não, L-lou. Olhe. E-ele fez um corte abaixo de s-seu queixo. - sussurrou,
fitando aborrecido a marca vermelha que a espada deixara ao ser
pressionada naquela região.
- N-não, Lou. Ele o machucou. Ele tem que pagar. Eu não perdoo quem
machuca os meus protegidos. - uma lágrima cristalina escorreu pela face de
Styles, ele com este aspecto decepcionado para todo o caos. - Você é o meu
protegido.
Isso soava como o tipo de ocorrido que culminaria na expulsão dos três haja
em vista que qualquer agressão física entre príncipes é estritamente proibida
e condenada.
- Ninguém pode tocar você, Lou, não de uma maneira ruim. - Styles alegou,
sua entonação meio manhosa com as palavras arrastadas. - E nem de uma
maneira boa, somente eu. - acrescentou, agarrando o colarinho da camisa de
Louis e o trazendo para baixo, até que o príncipe estivesse curvado em sua
direção, com o rosto próximo do seu.
- Ninguém irá. - Tomlinson riu sob a respiração. Tudo dentre dele gritava
'apaixonado!'. - Mas não tenho certeza que conseguiremos escapar impunes
dessa.
E o mundo girou.
O mundo de Louis girou.
Ele não se recorda de ter se sentido assim angustiado por qualquer outro
motivo em sua existência, o garoto estava ferido e sofrendo e ele não
saberia cura-lo em plena madrugada e-
Ambos arrastaram seus focos para a fonte dela, e Tomlinson por pouco não
morreu do coração.
Ele ainda vestia seu uniforme habitual, o cabelo preso em coque, o rosto
com traços um tanto congelados e os braços cruzados atrás das costas,
educadamente.
***
Louis de todas as pessoas não cogitou que seria Jezebel quem estaria
fazendo curativos nos hematomas do abdômen de Harry, o qual estava
deitado ereto na cama, com Andrew ainda estendido no chão... como se
toda aquela situação não fosse bizarra o bastante.
Desde que iniciara seu serviço, Jezebel não dissera uma sequer palavra, e
Tomlinson meio que sentia que ela preferiria manter-se assim.... mas...
mas... como? Como ela surgiu lá? Será que os escutou quando brigavam? E
se sim, por que razão estaria vagando pelo corredor tão tarde da noite?
- Eu, hm, estava... estava procurando por Lorena, ela deve ter saído com o
namorado e eu fiquei preocupada.
E, bingo.
Tomlinson tinha sua resposta.
Lorena não estava mais namorando.
Ela não esboçou muita reação senão desviar brevemente o rosto para o
outro lado, com um sorriso mínimo e parecendo sem jeito.
- Com dor. Porém melhor. - Styles garantiu, engatinhando até que estivesse
se sentando sobre o colo de Tomlinson, completamente manhoso e cansado.
- Ei, precisa sair de cima de mim, preguiçoso. Nunca pensei que diria isso
mas... tenho um corpo desacordado para carregar. - informou, sorrindo
hipnotizado para o biquinho contrariado que Harry formou em seus lábios.
- Não se aborreça com isso. Vai ficar tudo bem. - Tomlinson pediu (mesmo
que no fundo de sua mente houvesse esse medo lapidado o preenchendo
com o receio de que realmente perdesse a temporada).
Harry negou.
- Não. Não. Eu terei arruinado sua vida. Eu terei o condenado, e eu fui tão
egoísta, tudo por... tudo por... - no entanto, Styles não continuou seu
monólogo.
E Louis não entendeu o porquê dessa surpresa pois.. era meio óbvio, não?
Ele não vinha sendo muito óbvio para que Harry soubesse?
- Nós, claro.
Louis acreditava que ele estava a todo momento perdendo Harry. De tantas
maneiras.
Tomlinson queria indaga-lo o que estava ocorrendo, mas Harry não o deu a
chance, ele conhecia-o para prever que o outro interpelaria, adiantando-se
em incrementar.
- Dias antes de pisar neste lugar, eu dediquei três páginas inteiras com essa
divagação sobre como talvez eu encontrasse um príncipe encantado. - Harry
riu, nostálgico pela memória. - Eu me indagava se ele teria um cavalo
branco igual nas tragédias de teatro, ou menos convencional. Eu escrevia
frases do tipo 'ele será ruivo? Loiro? Moreno?', 'ele me beijará sob a lua
cheia, debaixo das estrelas?'.
Respirou fundo.
- Obrigado, Louis, por ser melhor do que qualquer uma das idealizações
que um dia criei. - pressionou seus lábios secos suavemente nos do menor. -
Você me fez lembrar que príncipes encantados existem.
***
Notas da autora: essa autora tem que amar muito vocês para estar
atualizando em pleno Canadá.
Primeiro: quem não tá nos grupos ainda e quer entrar (seja no de wpp ou
tt) basta deixar seu número ou user aqui! ❤
Quem chegou primeiro foi Andrew, com grandes marcas pelo rosto
deixadas pelo episódio de raiva de Harry. Ele primeiro tentou ilustrar um
cenário em que tivera sido vítima total das agressões de Styles.
Andrew parecia indignado. Em sua mente ele ainda estava com razão, tivera
bons motivos para armar o que armou.
Harry demonstrava-se apreensivo. Não pela sua sentença, mas pela sentença
de Louis, porque Louis não merecia estar ali, respondendo por um ato que
foi somente vítima. E, ainda assim, ele veio com Styles, sentou ao seu lado
e ao dar sua versão alegou que ajudou Harry a agredir Andrew para que o
cacheado não levasse toda a culpa.
Já Tomlinson... se você o assistisse por fora, em sua forma autêntica e
automática de não surpreendentemente expressar suas reais emoções, você
diria que ele estava confiante. Contudo, ali dentro de si, tudo gritava
euforia. Porque... aquilo era um grande pesadelo. E ele não saberia como
diria à sua mãe que acabou repetindo a temporada e falhando com seu
Reino. Ele não poderia. Dos cinco filhos sempre o escolheram. Sempre o
avisaram indiretamente que aquele cargo estaria sob sua responsabilidade.
E... sempre foi sobre esta responsabilidade que dedicou sua vida. A coroa.
Agora, ela estava escorregando entre os seus dedos.
- Temo que diante deste caso, sem ter como promover uma análise
detalhada, deverei aplicar a única punição viável e justa, senhores. - o
cavalheiro formulou, levantando-se de sua cadeira para caminhar ereto de
um lado ao outro do cômodo, com esse suspense nobre que faria com que
todos desejassem estrangula-lo. - Nossas regras são exatas e claras, e,
principalmente, nestas circunstâncias, deverão ser aplicadas.
***
Existe essa teoria estranha de que a felicidade é subjetiva. Ela não é uma
sensação de prazer, ou entusiasmo. Ela não é uma notícia que o deixou
alegre, ou algo que o fez sorrir.
Ela é uma coisa imperceptível.
Você às vezes não percebe que é feliz ... até que haja um motivação para o
relembrar o gosto que tal sensação causa.
Você ficou feliz por receber um presente.
Mas e antes de tê-lo recebido?
A felicidade é rotina.
Ela é quieta e passiva.
Ela está ali no fundo, guardada, pronta para ser recordada e inundar sua
consciência novamente.
Ele acreditava que não era feliz. Não estava feliz. Mas poderia fingir,
poderia colocar sorrisos em seu rosto e enganar a todos, talvez conseguindo
ora ou outra enganar a si próprio.
Ele conseguiria inspirar fundo e rir nas horas que estivesse suposto, ele
conseguiria participar de algumas reuniões em seu Reino dizendo
continuamente palavras como 'esplêndido' e distribuindo elogios nos ares
para quem quisesse pegar. Ele faria tudo sob essa fantasia estrondosa,
magnética e viciante. Ele faria tudo até que na madrugada, quando fosse
apenas ele em seu aposento em Malta, as lágrimas pudessem descer, e a
máscara pudesse cair.
Ele se questionava se estava sendo um egoísta fodido por não estar feliz
ainda que rodeado de ouro, banquetes e pedraria.
Ele se questionava se no céu todas pessoas são felizes, porque talvez ele
tivesse uma chance lá.
Ele seria feliz por ele próprio, porque nós precisamos entender que a
felicidade é nossa. E que ser feliz por você é essencial.
Ele não acredita que algum dia pararia de ser apaixonado por Louis.
Possivelmente obteria um novo diário onde escreveria sobre aquele príncipe
toda as vezes que seu coração apertasse de saudades.
Pensaria onde Tomlinson estaria por essas horas, se haveria tido novas
paixões, se pedira a pessoa em casamento, se viajara com sua esposa ou
esposo para Veneza e tivera um casal de filhos educados.
Ele se contentaria de ter sido um capítulo breve, de ter tido a honra de ser
cuidado, bem tratado e apreciado pelo indivíduo que o incentivou a apreciar
novamente a humanidade.
.... Porque.... nós ficamos tão distraídos por como as coisas acabam que
geralmente esquecemos quão lindo o começo foi.
Harry sempre soube que a existência é efêmera, e ainda assim, Louis estaria
imortalizado na sua.
Na sua visão, na sua versão, ele continuaria como o seu príncipe encantado
das lagoas azuis.
***
- Eles não podem fazer isso! Não, não, não com você! - Lorena grunhiu
exasperada, enterrando o rosto entre as mãos.
Louis solicitara sua presença em seu quarto para que ela o auxiliasse a
arrumar suas malas, mas, a partir do instante que soube de tudo, a garota se
demonstrou inconsolável.
- V-você... você não merece essa droga, Louis. Não merece! - soprou
indignada, dobrando contrariada algumas das roupas. - Eu o alertei que
Harry o traria a ruínas! Todos os criados vivem cochichando mal a respeito
dele!
Louis avançou em sua direção, agarrando com delicadeza seus pulsos para
que ela largasse as vestimentas e cedesse atenção a ele. Logo que a teve, os
soltou, gesticulando para que ela se acomodasse ao seu lado na cama.
- Não diga isso, Lolo. Ele não me destruiu - pediu, negando com a cabeça. -
Harry foi o melhor acontecimento que tive nestes vinte e três anos.
- Você terá Jezebel, sua irmã. - afirmou, vendo-a soprar irônica, encarando-
o como se ele tivesse dito uma barbaridade.
- Sim, claro.
Louis segurou sua língua para não revela-la a respeito de Jezebel, de que a
irmã de Lorena surgiu em meio ao caos aleatoriamente de modo muito
suspeito. Ele havia prometido à criada não dedura-la como testemunha
daquilo para ninguém, e, portanto, não o faria.
- Por nada. Esqueça. - sorriu triste. - Agora vamos, devemos deixar estas
malas fechadas e cheias até de noite, amanhã provavelmente minha
carruagem partirá para Riverland.
- Sim?
Ele o adorava.
Ele o ambicionava.
***
Era uma lástima, no entanto, ele não conseguiria figurar uma melhor
maneira de conhecer esse local senão junto a Styles.
Tomlinson não falara com Harry desde que Don Luminiére anunciou suas
expulsões. O príncipe dos cachos imediatamente se levantou incrédulo e
correu para se trancafiar em seus aposentos.
E, estaria mentindo se não admitisse que uma certa angústia o sucumbia por
estar tanto tempo (alguns pares de horas) distante de Harry, ele só...
precisava do jovem sendo satírico, importunando-o e insinuando coisas
sujas publicamente. Ele só precisava daquilo (para todo o sempre).
Não era exatamente o ideal trajar um modelo tão fino por cima de sua
camisa branca básica em conjunto com uma calça mais justa marinha, no
entanto, ele ainda ficou elegante. A casaca coube-o bem, embora um pouco
larga nos ombros (por certamente estar destinada a outro príncipe). E ele se
sentiu ansioso.
E porra.
Só... porra.
Talvez ele repetisse 'porra' pelos próximos dez anos ao se recordar deste
cenário.
E... a questão era que o que estava no meio do palco teria o arsenal para
acabar com sua sanidade mental em um piscar de olhos. Literalmente.
Pois ali, refletido em todos os ângulos pelos espelhos, estava Harry Edward
Styles vestindo a porra de uma veste feminina rosa, como um vestido
incompleto. Ele estava de pé, sendo bonito e sorrindo atrevido, com esse
espartilho apertando sua cintura, amarrado ao contrário - com as cordas
pretas para frente em um laço elaborado- cobrindo da região abaixo de seus
mamilos até o final de suas ancas. Parecia estreito e sexy. E .. é.
Logo abaixo dela, interligada ao espartilho, havia essa saia longa de duas
camadas que cobria suas pernas, embora uma fenda proposital houvesse
sido rasgada na região entre elas - atrevido desmedido do caralho - e
amostrasse o parcialmente o interior de suas coxas. Coxas as quais tinham
cintas ligas pretas de couro as delineando, e meias compridas da mesma cor,
de seda, dando um aspecto de maciez ainda mais lasciva para todo o
conjunto. Suas mãos estavam sob luvas pretas e seus lábios cintilando em
um gloss incolor.
Louis queria emoldura-lo. Queria transferi-lo para uma tela e torna-lo uma
obra-prima em terceiro relevo.
Não com esses cachos volumosos, esses olhos intensos e esse sorriso
quente. Não com toda essa combinação irresistível o encarando como se
Louis fosse o único indivíduo da Terra.
Merda.
- Então será uma dama da corte hoje? - Tomlinson indagou, após recuperar
o fôlego, permanecendo meio estático sem forças para quaisquer outras
reações. - Ou um rapaz afeminado sensual e atrevido?
Harry lançou-o um último sorriso lateral antes de virar-se e fitar seu próprio
rosto refletido no espelho.
- Você demorou.
Outro passo.
E então, sob uma suavidade exímia, trouxe seus dedos para se encaixarem
com uma veneração quieta nos dedos magros e adornados de anéis de
Harry. Logo que suas mãos se fecharam unidas, eles as estenderam na altura
de seus ombros, ambos observando silenciosamente o calor que uma
propagava na outra.
Assim, cabendo-se daquela mesma sutileza, Louis orientou seu outro braço
para envolver a cintura de Harry naquele espartilho rosa, percebendo a
textura áspera do tecido, moldando-o com seu aperto.
Lagoas azuis.
Lagoas azuis.
Sempre profundas. Sempre travessas. Sempre perigosas. Especialmente
para os que não sabem nadar.
Natural.
- Ouça. Meu coração está acelerado. - Styles sussurrou. - Esta será nossa
música hoje.
- Sabe o que ainda falta? Pessoas. Está muito vazio para um baile, não?
Styles precisava gritar eu te amo, eu te amo, eu te amo até que sua voz
cedesse.
Ele precisava.
Precisava.
- Louis, desejo que entre em mim. - sussurrou com sua expiração aquecida
batendo contra o lóbulo da orelha do príncipe. - preciso te sentir, preciso te
ter, preciso que me consuma.
Styles sorriu, pendendo sua cabeça para trás para que seu pescoço ficasse
exposto em um convite implícito que Tomlinson o maltratasse.
Louis conectou sua boca na base lateral, chupando a pele entre seus dentes,
escutando imediatamente Harry ofegar. Sugou por um algum tempo, e
finalizou com uma mordida, fazendo o príncipe estremecer.
Repetiu tal ato em todos os pedacinhos de seu pescoço que estivessem sob
seu alcance, com muita calma, degustando a maciez da região e as lamúrias
satisfeitas que Styles emitia.
Devagar. Deslumbrado.
Louis esperava que Harry sentisse a paixão traduzida nos gestos. Louis
esperava que a cada beijo estalado lentamente em cima das marcas
vermelhas ele escutasse ressoar telepaticamente algo como 'eu sou
apaixonado por você'.
De onde estava, Styles pôde inclinar seu pescoço, fitando o teto, ao que
outro espelho fixado lá refletia perfeitamente a imagem de Louis torturando
o bico de seu mamilo esquerdo.
E aquilo era muito molhado e quente, desde a língua úmida atiçando seu
ponto sensível até os sons estalados que eram emitidos na sucção.
- Oh, L-lou, eu amo quando faz isso. - admitiu, em sua orbe excitada e
submissa, antes de soluçar com a sensação.
Harry tremeu.
E... o quê?!
Tomlinson travou.
Para, finalmente, Louis espreitar seus dedos para dentro das duas camadas
de saia, dedilhando primeiro uma superfície plastificada, que ele supôs
alegremente pertencer às cintas ligas.
Passou a subir sua mão, vendo Harry prender a respiração e ele próprio
perder a sua quando suas digitais relaram em uma dimensão fina e sedosa,
com rendas nas beiradas.
Ao criar coragem, trouxe sua mão mais para cima, esbarrando-a na ereção
do príncipe, um relevo rígido e quente, delineado sob sua palma. Harry
aproveitou-se da fricção e levantou sua perna, almejando obter mais, tendo
Louis suspendendo-a pela base de sua coxa.
- Não disse que estava muito duro? - Harry se gabou sorrindo doce, porque
era para ele, era por ele, era e provavelmente sempre seria por Louis. Ele
não ficava excitado dessa maneira com outros, nunca ficou. - Enterre-se em
mim antes que eu morra por tesão.
Harry soltou um curto riso, com esse sonzinho adorável vibrando de sua
garganta.
E ele percebeu.
- Não. Fique assim. Você está charmoso em um patamar que nem posso
definir. - o príncipe pediu, sua voz muito honesta.
- A princesa está correndo, ela precisa fugir. - Styles (em seu modo
peculiar de existir) murmurou contra o lábio de Tomlinson. - Precisa fugir,
senão será tarde.
Louis não saberia traduzir o que raios Harry queria significar, mas
honestamente quando ele saberia?
Styles tem esse charme singular que justamente o torna especial como é,
Louis não precisava entendê-lo, ele só precisava apoia-lo.
- Pelo outro caminho, se ela se virar, haverá uma entrada mais fácil. -
Tomlinson rebateu, esperando não soar bizarro como imaginou que seria.
Contudo, a julgar pelo pequeno sorriso que Harry deu, ele desprendeu que
adentrar neste seu mundo das loucuras agradava o príncipe.
Harry se desvinculou do beijo, e com uma lentidão programada passou a
girar-se em seu próprio eixo com um olhar iluminado, não exatamente
presunçoso, mas... encantado?
Tomlinson quase não teve reação para aquilo. Ele jurava que havia baba em
seu queixo.
Louis gemeu nesta visão, seu pênis dolorido, ereto em seu abdômen.
Harry se engasgou. Tomlinson não permitiu que ele concluísse sua frase,
não sem esfregar sua língua quente no centro de seu anel.
Era gostoso pra caralho ter o príncipe de Riverland ajoelhado atrás de si,
suspendendo seu vestido enquanto afundava a face em seu traseiro,
esfregando-o no lugar mais receptivo de seu corpo.
Ele amava.
Ele amava o prazer que dilacerava suas células.
Ele amava gemer "Lou, lou, mais".
Ele amava quando Tomlinson penetrava sua língua para dentro, esfregando-
a habilidosamente nas paredes internas e estimulando seus nervos.
Ele o amava.
Para Louis, o prazer era recíproco. Porque assistir Styles se entregar em seu
estado necessitado, involuntariamente empurrando-se para baixo em busca
de maior contato, ao que o jovem dos cachos lamentava-se
continuamente.... aquilo era tudo. Era tudo para ele. Era tudo que ele
desejava até o final dos seus dias.
Louis, o qual se encontrava molhado com sua própria saliva que escorria
para seu queixo, soprou uma última vez a fenda de Styles (ouvindo-o
choramingar agudo), antes de se estender de pé.
Harry foi quem não resistiu e cedeu. Ele lançou suas costas para o peitoral
de Louis, esclarecendo o quanto precisava daquilo naquele instante.
Remexeu seu quadril para trás, sentindo a cabeça do pênis do príncipe
cutucar seu orifício embora não fosse o bastante para sacia-lo.
E talvez Harry não estivesse preparado para o tal ritmo que seria, pois assim
que Tomlinson saiu e o estocou de novo com toda a força e firmeza, um
grito surpreso escoou de sua garganta, os músculos de sua perna
tremelicando com um espasmo.
Tomlinson estocava-o o mais rápido que podia, empurrando para dentro por
inteiro e sua cabeça estava girando quando ele sentiu uma vibração na
barriga. Seu pulso passou a doer do ângulo em que ele estava o fodendo e
segurando a calcinha para o lado como se sua vida dependesse disso. Ele
estava a puxando com tanta força, que podia ouvir as costuras se
afrouxando e rasgando das rendas entre seus gemidos, os quais ele es
esforçava tanto para diminuir.
- Sim, Deus, sim! - Styles suplicou, já tendo seu pau expelindo pré-gozo em
expectativa. - Quero tanto, Lou.
- Então segure sua calcinha para a lateral por mim? - Tomlinson pediu
gentilmente, vendo Harry mover a cabeça em concordância e usar uma das
mãos que o sustentava contra o espelho para posiciona-la em seu próprio
traseiro, seus longos dedos agarrando o tecido branco parcialmente
destruído para fora do caminho.
Ele fracamente puxou sua calcinha para expor seu orifício ainda mais,
permitindo que Louis penetrasse-o em sua melhor potência. Suas paredes se
apertavam em torno do pênis do príncipe, tensionavam-se
desesperadamente, implorando por estar cheio.
- Ela irá escapar. - Tomlinson garantiu, nem ele próprio com a consciência
clara para refletir sobre aquilo - não ao se ter a visão da base de seu pênis
ressurgindo e afundando entre as nádegas macias de Harry e esta era, meu
bem, a visão do paraíso.
Louis não poupava esforços. Ele estava há um passo de ter seu orgasmo e
queria que Harry viesse junto, para tanto, o torturou sem piedade surrando
sua próstata forte e certeiro, fodendo-o com adoração (e brutalidade nas
bordas), ao que sua mão descia para agarrar as bolas de Styles e massageia-
las com seus dedos.
- Vo-você .. oh, jesus... vo-você não pode. - Harry soprou sufocado, seu
estômago vibrando e o conduzindo ao seu ápice. Ele nunca chorara tanto de
prazer quanto agora. - São muitos, muitos lobos. - entonou por último antes
de jorrar sêmen pela fenda de seu pênis, Louis assistindo-o pelo reflexo ao
que os traços faciais do príncipe se congelavam em satisfação, seus cachos
pingavam de suor, lágrimas molhavam suas têmporas vermelhas e Harry
parecia perdido, tremulando pelos espasmos. Lindo.
- Eu sentirei sua falta, Lou. - admitiu, fitando as lagoas azuis, a barba rala
que despontava em seu queixo, as ruguinhas proeminentes nos cantos de
seus olhos. Ele gostava de tudo. Ele queria se recordar de cada mínimo
detalhe para a eternidade.
Correto?!
- Por quê? Você não enxerga o quanto estou apegado em você, em suas
manias, em suas loucuras? - Tomlinson insistiu, seu tom de voz subindo ao
que uma agonia começava a afoga-lo. - Paixão, eu o am-
O olhar que Louis o deu foi uma apunhalada. Pois... Tomlinson aparentava
tão magoado, tão machucado... e o pior era que Harry sabia que aquela era
só uma amostra do que ele exibiria a seguir.
Louis gostaria tanto de interrompê-lo e alegar que não importa o que fosse,
seu coração continuaria palpitando por Harry até as próximas décadas, até
os próximos milênios... mas ele sempre jurou a si mesmo que seria sensato,
que não se entregaria para qualquer circunstância. Louis não tinha uma
personalidade volátil, ele equilibrava sua razão e a emoção em uma balança.
Provavelmente conviveria com uma paixão dilacerante corroendo todos
seus órgãos e ainda assim impediria que ela afetasse completamente sua
moral.
- Não se pronuncie, por favor, desejo terminar logo com isso para que
deixe-me ir de uma vez, Okay? Eu confio em você o bastante para acreditar
que não divulgará nada do que for segredado aqui, nem quando nós
seguirmos rumos distintos fora deste Palácio amanhã.
Louis se calou.
Ele tentava não transparecer o choque que o assombrava no momento.
- O s-segundo segredo... é... é definitivamente o pior. - Harry gaguejou, sua
garganta muito seca de repente. Ele não teria coragem de dizer. Não teria.
Styles suspirou. Ele teria que arcar com as consequências uma hora ou
outra.
- Eu não posso ser a princesa inocente que você materializa, Louis.. - Harry
afirmou, fechando suas pálpebras - A razão de eu não gostar de crianças é-é
que elas me lembram do passado... elas trazem de volta os pesadelos que
ainda enfrento, a culpa que me consome. - pausou - P-Porque... porque eu já
matei uma criança.
Louis gostaria de recobrar sua cognição e não surtar, ao invés, poder dar a
chance de explicação para Harry, questiona-lo o que exatamente ele quer
significar com isso. No entanto, o impacto o impedia de se mover.
O impedia de ter qualquer reação que não fosse piscar lento, fitando o
príncipe dos cachos atônito.
Sem ter noção alguma de quanto tempo havia passado com o silêncio
criando uma barreira enorme entre os dois, uma batida tímida
eventualmente ressoou da porta.
- Louis, você não vai acreditar! Escutei na ala dos empregados a melhor
fofoca de todas! - comemorou com um sorriso enorme, não se dando conta
da feição vazia de Tomlinson. - Don Luminiére não vai mais expulsa-lo ou
a Harry, o Príncipe Niall Horan testemunhou a favor de vocês! Estão livres
do julgamento!
***
Pssss: coloquei todos nos grupos, quem não está é porque eu não consegui
(ou deu problema de adicionar pelo tt ou o número do whats tava errado)
Até a próxima ❤❤
Chapter Forty Eight
[eu fiz uma playlist no Spotify para este capítulo, se chama HTWAC. caso
você não use o aplicativo, deixei salvo na mídia a música principal.
Ouçam no aviso que haverá.
PS: dedico este capítulo inteiro a Sara, eu iria dividi-lo em dois, mas já que
é em homenagem à alguém tão especial (que fez aniversário ontem)
postarei inteiro mesmo.
Agradeçam ela.]
Ele sempre soube que ... bem, Harry teria uma bagagem de traumas e
pecados longa em seus ombros. Ele sempre soube que os olhos verdes
escondiam mais do que charme e mistério. Ele sempre soube que se
apaixonar por aquele jovem seria algum convite para a loucura.
Mas... mas ele nunca cogitou que acabaria assim, deitado na banheira de
seu toalete por horas, com a água ao seu redor já totalmente fria, divagando
sobre Harry Edward Styles ter potencialmente assassinado uma criança.
Uma criança.
Seu emocional e sua razão estavam em um conflito infindável, guerreando
para quem ganhava o pódio. Ele apostara cedo demais que sua capacidade
de discernimento moral cantaria mais alto que seus sentimentos, ele
colocara muito crédito em seu auto controle.
E Louis não tinha mais tanta certeza se calaria essas malditas retorções em
seu estômago porque o peso de sua consciência contrabalançaria.
Quando saiu daquele episódio seguindo Lorena pelo corredor, não teve
segundos pensamentos em olhar para trás, em retornar para a sala de costura
e checar como Harry ficara.
Ele temia a hipótese de que se houvesse retornado, acabaria flagrando
lágrimas rolando pela face de Styles, ele temia que jogaria imediatamente
toda sua ideologia de vida para baixo e colocaria o príncipe em seus braços,
confortando-o e alegando que tudo estava bem.
Por Deus, se Styles realmente matou uma criança... Louis... Louis... porra,
Louis nem saberia o que mais achar dele.
Ugh.
Então, inspirando trêmulo pela temperatura da água da banheira, Tomlinson
refletiu sobre como também não estava sendo justo negando o direito de
explicação para Styles.
Porque... e se... e se talvez existisse uma história por trás de toda essa bola
de revelações?
Por Deus, faltava uma semana para o fim da temporada, Andrew havia sido
expulso, tanto Louis quanto Harry eram residentes fantasmas daquele
Palácio e algo devia mudar. Não dava para continuar neste sigilo ardiloso
que desgastava ambos.
Tomlinson não pensou ser um bom plano interceder o jovem naquele final
de madrugada.
Aguardaria até o dia seguinte.
Acordaria cedo.
E encontraria Harry nos jardins enquanto este estivesse em seu passeio
matinal.
***
- Eu já o revelei tudo. - seu tom era baixo, tímido. - O que ainda faz aqui? -
Harry começou a se virar, até que estivesse de frente, o encarando.
Ele se esquecia que tinha se tornado o maior vício de Styles. Ele se esquecia
que sua ausência não seria reparada em nenhuma reabilitação convencional.
Ele se esquecia que ao renegar Harry naquela noite ele acabou por
sentenciar o pior pesadelo do príncipe.
- Você deixa muitas coisas no ar, por isso ninguém te alcança. - Louis
bufou. - Você é tipo um balão.
Harry, no entanto, pareceu encara-lo mais ferido ainda, recuando passos até
que estivesse andando cegamente de costas, se afastando de Louis o quanto
pudesse.
- Louis, o problema é que você não veio pela verdade, você veio em busca
de uma explicação bonita que me vitimize de meu pecado e que te dê a
permissão para me enxergar de novo com a inocência de antes. - Harry
suspirou - E não é assim que as coisas funcionam. Não é assim que as
pessoas funcionam. Pessoas erram muito e algumas vezes você precisa
aceitar esses erros ao invés de querer justifica-los.
Louis descobriu sua face, levantando-a para observar o príncipe (ou não) de
Malta com um pavor cru.
- Eu não matei uma criança por um descuido. Eu não matei uma criança por
acidente. Eu matei uma criança porque foi a solução menos trabalhosa que
eu encontrei de sair de uma situação. - confessou, mordendo o lábio inferior
com força, até que gotículas de sangue escorressem pelo queixo.
Merda. Louis desejava tanto obrigá-lo a não maltratar mais sua boca como
ele sempre maltratava ao se sentir nervoso, principalmente por ser a causa.
Ele desejava passar o polegar com suavidade sobre esses cortes, e selar
alguns beijos castos com todo carinho cabível.
Styles percebeu.
Ele nem precisou se esforçar para flagrar a palidez de Louis com suas
últimas afirmações, ou o modo que Tomlinson franziu a boca como se fosse
vomitar.
- Então, por favor, eu prefiro que me renegue de uma vez e jamais me aceite
em seus braços do que tente colocar-me nesta idealização antiga e vitimada
que tinhas de mim. - sussurrou, reabrindo as gramas de verão sem cor. - Eu
não posso mudar o que fiz, Lou... e você não pode mudar quem sou. As
pessoas tendem a fazer isso: enfeitar as partes feias para que as bonitas não
se estraguem completamente. E elas precisam entender que as bonitas e as
feias são o que as constituem. É em vão tapar buracos com peneiras.
Harry se virou. E se foi.
***
Algum dia nós iremos fechar os olhos pela última vez. E pode ser hoje. Ou
pode ser amanhã.
Louis costumava acreditar que contanto que houvesse cumprido sua missão,
isso estaria bem.
Contanto que tivesse zelado por seu Reino, protegido Riverland... ele
poderia descansar em paz.
Contudo essa ideia agora soava tão oca. Soava fútil e sem propósito.
Ou melhor, claro que ele ainda almejaria trazer a felicidade para seus
cidadãos, mas... e quanto a dele?
E, antagônico a este sonho, ele deveria reforçar pra si mesmo que colocar
no trono alguém com sangue de um inocente derramado nas mãos iria
contra todos os seus princípios, e toda a honra que um governante está
suposto a cultivar.
Era frustrante travar uma disputa entre 'o que ele deveria sentir' e 'o que ele
realmente sente'.
Desta vez às seis da manhã, embora, ele não estava nos jardins perseguindo
Styles.
Ele estava parado na frente da porta de seu quarto divagando, questionando
até qual ponto sua dignidade seria apostada.
- Uh, vejo que já estão arrumando tudo para domingo. - Louis constatou,
seu coração se apertando em seu peito. - Um pouco precipitado, não?
- I-isso... isso é por minha causa? - gaguejou, sua visão turva em um pré-
desmaio.
- Ouça, você não tem culpa, rapaz. - a criada garantiu, fitando-o séria e
honesta. - Harry sabia que seria assim. Ele sabia que quando o revelasse
você não continuaria com ele. E isso está bem. - reforçou, afagando as
costas de Louis com sua palma quente. - Mas ele precisa ir embora porque
não se acha digno de receber a coroa, então em algum momento desta
semana acabaria se despedindo antecipadamente de nós. Don Luminiére
deixou claro que se ele for, não haverão mais chances para retornar.
- Você não está zangada comigo por deixa-lo ir? - perguntou cuidadoso. -
Eu sei que é protetora com o Príncipe Edward, e eu sei que cuida dele.
- Lógico que não estou, Louis. - Ami prometeu. - Claro, existia uma fagulha
de esperança em mim que vocês se resolvessem e ele decidisse governar,
mas... - trouxe sua mão para segurar a de Tomlinson. - Mas você não é
obrigado a aceitar nada. Não é porque foi Harry especificamente que
cometeu algo que ele ganha uma carta de impunidade. A redenção não deve
vir por pena ou paixão, ela deve ser natural. Se você quiser perdoa-lo,
perdoe-o porque acredita que ele merece, e não porque o ama.
A primeira lágrima se acumulou na pálpebra de Tomlinson. Ele se sentia
confuso, perdido e impotente para caralho.
- Nós não podemos escolher quem amar, Louis. - Amélia anunciou - Mas
podemos escolher como ama-los. E, em algumas ocasiões, você pode amá-
lo não estando com ele. Se esse for o seu caso, eu não irei julga-lo.
- Nós não podemos achar que o mundo está sob nossos pés. É muita
pretensão. - ela rebateu. - Você não vai passar sua existência toda sabendo
como lidar com cada situação, isso é fictício. Não importa o quão decidido
e correto você seja, você tem que se perder, você tem que falhar, você tem
que ser egoísta em alguns dias e benévolo em outros. Você tem que se sentir
confuso, tomar decisões duvidosas, se arriscar, perder. A vida é fugaz,
Louis, e nós somos humanos, temos que cantar nossa própria canção,
dançar nossa própria dança, apreciar a jornada, confiando que não importa o
que aconteceça, essa é a nossa aventura.
- É só... tão diferente mudar a perspectiva que mantive por vinte e três anos.
- Louis confessou, uma emoção calma o embalou e ele soluçou sufocado. -
Eu me alojei nesta bolha por tanto tempo, eu existi confortavelmente nela.
Então fui aos poucos permitindo que o Príncipe Edward fizesse pequenos
furos nas bordas, me iludi com o pensamento de que ainda estaria
protegido.
Amélia abriu seu semblante para um carinhoso, olhando-o a fundo com esse
ar de compreensão externa.
- A coisa, garoto, é que você nunca se apaixonou por Harry porque ele é um
príncipe correto. Você se apaixonou por Harry porque ele é o perigo. E você
secretamente queria perigo em sua vida. Você se apaixonou por Harry
sabendo, em sua subconsciência, que ele tinha uma lista grande de pecados.
Você só precisa aceitar que ama os pecados dele tanto quanto o ama.
Ele o amou.
Em cada segundo.
Em cada detalhe.
Em seus acertos e defeitos.
- C-como você... como você fez, Ami? Como fez para perdoa-lo quando
soube disso? - Louis formulou fracamente.
- Eu não sei o que fazer. - Louis confessou sob uma bufada, esfregando as
lágrimas remanescentes com o dorso de sua mão.
- Rapaz, será que pode pegar aquele echarpe rosa que está em cima da
escrivana? - ela pediu, seu rosto parecia sugestivo.
- Hm, se achou algo que queira aí pode ficar. Harry ordenou que eu me
livrasse desses. - escutou Amélia ressoar um pouco distante. E Tomlinson
de algum jeito percebeu que aquela teria sido a intenção dela ao manda-lo ir
até ali. Ele captou a presunção em sua voz. E... ela era sensacional, certo?
- Ei, garoto. - ela chamou, uma última vez. Tomlinson fitou-a por cima do
ombro. - Independentemente de qualquer coisa, obrigada por ter trazido
meu menino de volta para a vida. Ele estava morto antes de conhecê-lo.
***
Tomlinson compreendia que ele tinha poucas horas para de fato concretizar
o rumo que seu futuro teria.
E dar rumos para o seu futuro é assustador, porque ele é tão imprevisível
quanto arriscado.
Nestes mínimos pares de horas aquilo que Louis mais desejava era ler o
diário de Harry.
Mas...
Merda.
A primeira. Possivelmente.
Certo, ele bufou em desistência - não se reconhecendo por nunca ter sido
curioso antes - e dedilhou a respectiva folha, sorrindo carinhoso ao notar a
escrita rabiscada, os erros ortográficos que eram corrigidos com vários
traços em cima para escondê-los (quem dera pudéssemos fazer isso com
nossos erros) e a iniciação de parágrafos irregular.
Tão Harry.
Torcendo para que sua consciência não pesasse pelo delito, ele iniciou a
leitura antes de perder a coragem.
—
'Adorado Diário ♡
Meu pai disse que isso deveria pertencer à Gemma. E eu sei que deveria.
Eu sei que ela se preparou a vida todinha para ser a melhor rainha deste
mundo.
Mas Deus teve outros planos, e a tirou de nós cedo. Agora cabe a mim a
responsabilidade de herdar a coroa.
Eu pretendo governar da forma que imagino que minha irmã faria, porque
ela com certeza está logo ali no céu assistindo os meus passos, pronta para
puxar minha orelha se eu falhar com o meu povo (o que eu não vou!).
Gemma costumava comentar que ela iria para uma escola preparatória de
Rainhas, que haveriam bailes com príncipes e aulas de etiqueta. Então
imagino que na minha escola de Príncipes será igual.
Uma vez li que nós geralmente procuramos na pessoa por quem nos
apaixonamos traços que se assemelhem naquela que mais amamos.
Creio que meu príncipe será então uma cópia da Gemma. Calma, gentil,
meio mandona, soberba. Ela havia nascido para reinar. E eu não sei se
estou preparado, não aos dezessete anos, não sem ela.
Louis não notara quando este sorriso enorme havia repuxado seus lábios,
todavia, era inevitável. Seu interior estava aquecido com a imagem de um
Harry de dezessete anos, olhos grandes e pernas desajeitadas discorrendo a
respeito de sua primeira temporada.
Ele prometeu a si próprio que não recolheria todas as informações daquilo,
ele prometeu que seria razoável ao extrair alguns excertos e outros perdidos
pelo diário.
"A lua estava bonita. Tenho uma visão boa do meu esconderijo no lago. Eu
conversei com ela fingindo ser Gemma. Fiz uma piada, mas esqueci que a
lua não iria rir.
Senti falta das risadas de minha irmã'".
Então, claro, apanhei. Apanhei o suficiente para que meu estômago doa a
cada movimento.
" Eu acho que talvez nós fomos feitos para nos machucarmos,
E cada uma destas experiências dolorosas definem quem somos.
Se há algo profundo em sofrimento, é que ele ensina a você um pouco
sobre si".
Com seu coração estilhaçado, Louis decretou que ele não conseguiria ver
mais disso.
Ele não conseguiria ter ciência do quanto Harry sofreu.
Não sei o quanto meu pai me punirá. Mas espero que ele entenda."
A página estava quase vazia, se não fosse por um pequeno parágrafo, sem
enfeites, sem bordas bonitas, com a caligrafia mais sólida, retilínea e
monótona.
"Morte ao Príncipe.
Não se vive morrendo.
Mas se morre vivendo.
Morte ao Príncipe".
Era meia-noite.
Pois ali, sentado em uma larga rocha na beira do lago, Harry encarava seu
próprio reflexo exibido na superfície da água.
Seus cabelos caíam sobre sua face. A malha de sua camisa de linho estava
abarrotada, os cantos amassados. Ele não assemelhava-se com um
integrante da realeza. E, ainda assim, emanava a áurea de um príncipe.
- Eu vim saber a verdade. Aquela em que eu entendo que você errou, a qual
eu não espero por um final feliz, mas um final real.
- Eu fui ensinado desde pequeno que quando você acha algo pelo qual vale
a pena lutar, você nunca desiste. - confessou, inclinando-se para frente até
que também estivesse vislumbrando a reflexão de si próprio no lago.
Styles inspirou fundo e demorado, como se houvesse sido atingido por uma
flecha e perdido o fôlego.
- Talvez precise procurar melhor, porque eu não sou esse algo. - Harry
sussurrou, mordendo o lábio inferior.
- Creio que o Harry que escreveu a primeira página daquele diário não
concordaria com você. Ele tinha boas esperanças de encontrar um príncipe
encantado.
Styles riu nasalado, não surpreso ou zangado por Louis ter lido.
- Suas esperanças foram arrancadas quando soube que ele não era um
príncipe.
E, okay, agora Harry revelaria tudo. Não havia mais escapatória. Correr do
seu passado seria em vão.
- Ele tem repugnância de mim, pois sob minhas veias corre sangue
manchado.
Quando ele ficava bravo comigo em minha infância chamava-me de 'vira-
lata'. Eu nunca compreendia o que aquilo deveria significar. - riu
amargamente. - Até ter ciência de tudo através do diário de Gemma. As
coisas começaram a fazer sentido, toda a indiferença, o desgosto. Eu não
sou como ele. Eu não era como minha irmã. Eu não sou como vocês.
- Har-
- Não. - Styles interviu antes que Louis interrompesse. - Só, por favor, não.
Ele tinha razão em algumas partes, eu nasci por um erro seu. Eu já nasci
sendo um erro, Lou. Sabe como é dilacerante descobrir de um minuto para
o outro o porquê de você ter se sentido deslocado em sua própria casa sua
vida toda? Eu não pertencia a ela, não pertenço a aqui. Sou como uma peça
de quebra-cabeça largada na caixa errada, não posso me conectar
devidamente em nada.
Styles o ignorou.
- E de bônus perdi na época meu sonho do príncipe encantado. - o maior
disse, prendendo sua atenção cegamente no céu. - Aquilo era importante
para mim, a ideia de que eu conheceria um cavalheiro no baile, o qual
confiaria, o qual me resgataria do meu inferno particular. É o que se faz aos
dezessete anos, enche-se de expectativa que alguém virá resgata-lo. E, de
repente, essa expectativa foi queimada.
Porra.
Seus ouvidos sangrariam por escutar essas coisas, seu coração já sangrava.
- Matei?
- Minha irmã.
Harry o olhou fixamente, embora suas orbes verdes estivessem vazias, e ele
soasse monótono.
- Você está prestes a saber a real história de Malta por trás dos bastidores, a
poeira embaixo da coroa:
" Quando Katherine faleceu, meu pai conheceu a duquesa a qual é casado
até hoje, Verônica. Meses após a morte da mãe de Gemma ele já estava
oficializado com Verônica e, previsivelmente, ela engravidou, gerando uma
garota. Carolina.
Eu tinha sete anos, Gemma dez. Nós estávamos em uma fase confusa, nosso
pai pouco se pronunciava a respeito e Verônica parecia nos odiar.
Ela tentava a todo custo colocar na cabeça de meu pai que Carolina
deveria ser a futura rainha de Malta.
Mas, por sorte, Gemma era a favorita do rei, ela sabia se portar, ser
elegante, refinada. A coroa estava destinada para ela.
Toda a honra, toda a nobreza, todo meu caráter... o que ainda restara de
generoso em mim se corrompeu. Naquele momento eu me ceguei de ódio,
de uma raiva desmedida.
Eu queria vingança.
Eu queria fazer Verônica sofrer de modo que ela me fez ao me afastar de
Gemma.
Eu quis ensina-la que quando as pessoas pisam em mim, nos cacos
quebrados, elas tendem a sair perfuradas.
E eu fiz. "
Eu condenei uma garota saudável, sem culpa alguma, por ira à sua mãe,
porque esta foi a solução mais fácil e macabra.
Eu tirei o futuro feliz que ela poderia ter, só porque nunca teria o meu.
Carolina foi dada como sumida por alguns dias, então eu paguei alguns
camponeses para testemunharem tê-la flagrado caindo no rio e se afogado.
Você ainda é tudo pra mim. Louis refletiu. Ele não tinha reação para o que
ouviu. Seu estômago estava revirado, e seus pensamentos muito
conflitantes.
- Aquela vez em que... que comentou ter pulado e quase se afogado neste
lago... v-você sabia, não era? Você sabia que seria muito profundo.
Louis não percebeu a referência que o outro sugerira, ele estava devastado
com a realização de que Styles havia tentado se matar ali.
Harry assentiu.
- Este pode ser seu refúgio até domingo. É um bom lugar para chorar, se
quiser. - Harry ofereceu com um sorriso triste, varrendo sua visão pela
paisagem, gravando os detalhes do local que o acolheu por tantas noites
solitárias, tantos ataques emocionais.
Foda-se.
Correu.
Correu pelas rochas,
Correu entre os arbustos, as árvores, até que estivesse na trilha das
Coníferas.
- Fique!
- Eu não sou digno do trono, Louis. Eu não sou um príncipe. - Harry gritou
de volta.
- Você esteve nesta merda por seis anos. Você aprendeu melhor do que
qualquer um de nós! - Tomlinson rebateu à plenos pulmões, esticando seus
braços para cima. - Está na hora de calar suas inseguranças. Está na hora de
parar de viver por elas. Coloque esta coroa em sua cabeça, seja o seu
melhor.
- Fique comigo.
- E p-por que... por que você ficaria por mim? - soluçou. - Fiz coisas
terríveis, e-eu não mereço-
- Há uma lista de lugares no seu corpo que eu amo. Adoro os lugares que
escondem as suas dúvidas, Harry.
Acariciou a bochecha do príncipe em uma veneração calma.
- Os lugares que estão escuros porque você esqueceu de crescer a sua luz.
Levo a palma de sua mão direita para repousar sobre o peitoral de Styles, e
a da esquerda para agarrar sua nuca.
- Adoro o espaço dentro do seu peito onde você segura a expiração quando
sente vontade de desistir e o caroço preso em sua garganta quando fala
sobre os seus sentimentos.
- E, no entanto, vivo pelos lugares que você ainda mantém sua esperança.
As áreas dentro das suas células onde a felicidade prospera, a inspiração
que leva o seu riso a encontrar os seus olhos.
- Adoro as áreas do seu corpo que estão marcadas, que estão cansadas. Eu
vejo a dor que você tem dentro de cada centímetro de seu fogo, em cada
osso que quebrou sob a pressão de ser o suficiente e amar o suficiente.
Adoro a força que carrega entre estas rachaduras, o tijolo e a argamassa dos
seus erros, a luta dentro das suas feridas. - Louis estalou um beijo casto no
canto de sua boca - Vê? Eu simplesmente amo cada pedaço de ti. Todos os
lugares que abriga esperança, todas as masmorras das suas incertezas.
Adoro os seus extremos, os seus defeitos, as suas falhas... as partes que
manteve escondidas por medo de afastar alguém - suspirou - É cada lugar
dentro do seu corpo que me faz querer ficar.
- Sugiro que avise à carruagem que ela será desnecessária. Sugiro que
permaneça neste Palácio até domingo, entre em meu lado para a nossa
coração, receba a permissão de se tornar futuramente um rei. - Louis
murmurou, os cantos da boca se elevando. - Sugiro que venha morar
comigo em Riverland, e, quando for a hora de governarmos, unifiquemos os
Reinos.
- Isso parece um pedido de casamento distorcido. - Harry disse com um
sorriso atrevido em meio às lágrimas salgadas, as orbes cintilantes e ao caos
que ele era.
- O que você diria? Qual seria sua resposta se isso realmente fosse, paixão?
- Tomlinson devolveu, insinuante.
O mundo celebrava-os.
E o universo assoviava alguma melodia bonita e romântica.
A juventude consumia-os.
Garotos apaixonados.
Garotos respirando encanto, tateando a lua com as extremidades dos dedos,
em uma vertigem poética, flutuando sob essa órbita anestesiante com seus
pés longe do chão.
Caso... caso essas merdas não houvessem ocorrido, caso ele não tivesse se
corrompido e se estilhaçado tantas e tantas vezes... talvez ele teria sido um
príncipe-não-príncipe digno, à altura de Louis. Ele teria a oportunidade de
oferecê-lo mais, e não... restos... restos do que no passado era uma pessoa
decente.
- Eu o amarei nos dias que sua risada escoar alta pelo cômodo, e nos dias
que não. Eu o amarei nos dias que você estiver radiante tanto quanto
naqueles em que reclamar de absolutamente tudo. Eu o amarei durante suas
cicatrizações, e eu o amarei durante suas quedas. Eu o amarei nos instantes
de paz, e nos instantes de dor. - prometeu, selando um beijo delicado na
têmpora de Harry, o qual tremulava as pálpebras atônito - Recuso-me a
amá-lo em metades... mostre-me onde você floresce, e eu o amarei lá.
Mostre-me onde está quebrado, e eu o amarei lá. Mostre-me onde guarda
suas inseguranças, e eu o amarei lá. Mostre-me onde se esconde, e eu o
amarei lá.
Exponha seu coração aberto, esfolado e palpitando em sua decadência e seu
renascimento... eu irei amar, paixão. Eu irei amar tudo.
- Ei, Lou. Eu não sou só fodido, mas também fodidamente apaixonado por
você. - berrou, embebedado com suas loucuras. - Eu te amo pra caralho,
Louis William Tomlinson.
Eles se beijaram por muito tempo - nessa eternidade particular de uma noite
de verão.
***
Seu coração ainda palpitava forte, as asas das borboletas raspavam nas
paredes internas de seu estômago, e ter o príncipe acomodado em seu
conchego soava surreal.
- Há algo que ainda não o contei. - proferiu. - Algo que precisa saber.
Tomlinson assentiu.
- Uh, recordo-me quando mencionou que se quem estivesse por trás disso
tivesse relação com seus segredos poderia destruí-lo.
- Exatamente. - disse, lambendo seus lábios em nervosismo.
- Então, quais são suas apostas? Há alguém no Palácio com potencial para
dedura-lo? Para estar envolvido no delito?
- Bem, uma parte era. - o maior confessou, dando de ombros. - Mas desde a
segunda temporada eu tenho esse conflito em mim sobre como ela é
fisicamente parecida comigo.
- Eu.... uh. Talvez seja. Eu pesquisei há muito tempo quem Diana era,
descobri que é mais jovem do que aparenta. Visitei seu Reino em busca de
informações e ouvi boatos que ela foi adotada.
- Ela vive me encarando estranha nos bailes. E para piorar logo neste ano
ela grudou em você, é muito suspeito, justo em você, como se soubesse. Eu
sei que parece loucura, mas é como um sexto sentido.
- E como se sente sobre isso? Seria um alívio certo? Saber que você não a
matou, que ela está viva.
- Não muda porra alguma. O que conta foi a minha intenção na época.
Carolina não merecia ter a vida tirada, seja literalmente ou não.
- Talvez essa seja uma segunda chance. Talvez, se Diana for de fato
Carolina, você poderá se redimir. - Louis falou com pingos de esperança em
sua voz.
- Ela não irá querer um pedido de desculpas. - sussurrou, temeroso. - Ela irá
querer me destruir.
***
E isso era bizarro porque após tanto ser auxiliado por Liam em sua pose
educada e confiante ele não esperava de modo algum tê-lo chorando em sua
frente, no meio da noite.
***
Notas da autora:
Meu deus, meu deus, meu deus.
Queria tanto ter postado ontem, mas não consegui.
Vocês gostaram do capítulo???
*Quanto ao capítulo:
O que vocês pensam agora sobre o Harry?
-
Chapter Forty Nine
Episode: Carolina.
Mas foi quando sentiu um peso abrupto despencando sobre si, como uma
bigorna presa em um único fio de náilon que se estoura, que ele despertou
assustado de seu cochilo.
E, claro, a primeira visão de seu dia foi de um Harry seminu sob um robe de
seda branca com cachos molhados e sorrindo sapeca, de modo que a
inocência transmitida pelo seu piscar lento e proposital apagasse o susto que
o deu ao pular em cima de Louis enquanto este estava adormecido.
- Sim. Eu já até tomei banho. - Harry afirmou, balançando sua cabeça para
espalhar o aroma de maça verde que seus cabelos exalavam. - Acordei
cedo, fiquei o observando, percebi que parecia um maníaco obcecado,
tomei banho, e me atirei em ti. Este foi o cronograma.
- Então qual seu plano, Príncipe Edward? Presumo que este sorrisinho
sugestivo em combinação com sua voz mansa façam parte de um propósito,
se bem o conheço.
- Eu meio que tomei banho e me limpei com muito sabonete... então, você
sabe, creio que esclareci minha pretenção Príncipe William. - Styles
reverberou, malícia escorrendo dos cantos de seus lábios rosados.
- Uh, não obteve muito êxito, não é? - Tomlinson provocou, descendo sua
mão entre seus corpos lentamente até que suas digitais desbravassem o
interior quente das coxas de Harry e esbarrassem na superfície sólida.
Styles mordeu o lábio inferior ansioso.
- Ela sempre vem nesse horário para limpar o quarto, Lou. - respondeu,
ondulando-se para baixo com um suspiro longo. - Mas logo saiu, pois
escutei a porta se fechar em questão de segundos. Deve ter se assustado
com meus necessitados 'oh louis' sendo cantarolados entre as paredes.
A seda deslizava por seu ombro, desnudando sua pele pálida e leitosa
graciosamente, centímetro por centímetro, como se a acariciasse no
processo e desflorasse as pétalas de um jasmin perfumado na primavera,
expondo o miolo.
Harry era intenso.
Era intenso enquanto desfazia o nó que prendia seu roupão de luxo fechado,
descobrindo seus mamilos eriçados.
Era intenso enquanto, por fim, atirava a peça para longe, exibindo-se
despido, com seu perfume impregnado de maçãs verdes e o membro
pulsante e vermelho para cima.
Seu menino evitou acorda-lo antes mesmo que estivesse sofrendo com suas
próprias necessidades.
Ele se aliviou cantando o nome de Louis, pensando nele, ansiando ele.
Aproximou seu rosto o bastante até que sua expiração estivesse batendo
contra a cabeça do membro excitado. Estendeu a língua para fora porque
desejou experimentá-lo e, para tanto, arrastou-a desde a base para o topo,
ouvindo Harry ofegar, e, enfim, repousar a ponta da língua na fenda.
Harry choramingou.
Céus, Louis estava cutucando sua região mega sensível como se saboreasse
a droga de um pirulito, como se sua ação não incendiasse o maior em um
nível que se tornaria insuportável em algum ponto.
Ele prendeu cegamente um punhado dos fios lisos de Louis em suas duas
mãos, precisando segurar em alguma coisa antes que perdesse o limite,
buscando por instinto apoio.
Pois... aquilo não era e nunca se resumiria a apenas um ato sexual. Aquilo
era artístico, inspirador e bonito.
Os gemidos agudos que Harry escapava sem pudor reafirmavam que ele se
sentia a vontade com Louis. A vontade para expor toda sua submissão e sua
depravação. Todos os anúncios de que ele estava, naquele momento,
completo em suas esquinas e curvas, transbordando-se e emitindo o que
havia em seu peito.
Harry abriu devagar os olhos, curvando o rosto para baixo até encontrar as
lagoas azuis.
- T-tem certeza? E-Eu acho melhor não, você sabe que sou descontrolado e
desesperado, posso sufoca-lo.
Só... só era genuíno e caloroso como ele chupava-o para baixo e para cima
de seu pênis demorado e firme, fitando-o nesse contato visual inquebrável,
com suas bochechas fundas sugando-o o quanto julgava humanamente
possível, até que sua língua estivesse rodopiando pela cabeça do membro,
sentindo-a derreter-se em pré-gozo.
Louis removeu-o da boca por um momento, com uma ideia acesa, e apertou
a digital de seu indicador na fenda (Harry não teria uma reação diferente de
agarrar-se ainda mais desesperado nos fios de Tomlinson desde que eram
seu único suporte).
Pois... Louis enfiou, sem piedade alguma, seu dedo para dentro de Harry,
sentindo sua entrada contrair pela invasão e suas paredes internas sedosas
espremerem-o.
Ou então iria cair, porque estava tremendo inteiro e sem sustenção alguma.
- Lou, Lou, minhas pernas estão fracas, espere-me deitar, por favor. -
suplicou sem fôlego, muito bambo - N-não sou resistente n-no que... hmf...
no que se condiz à prazer.
- O quê?
- Quero que você perceba que tem o controle, tem o controle da sua vida, de
tudo. Quero que perceba que eu sou seu, inteiramente seu, em todas as
situações possíveis. Você exerce o poder que desejar, tem escolhas também,
e isso inclui ser passivo ou ativo.
- Oh, meu Deus, essa foi a declaração de uma posição sexual mais pura e
bela que alguém já fez por mim. - Harry sussurrou, emocionado e rouco,
inclinando-se para beijar o queixo de Louis com veneração. - Obrigado,
Lou.
- Lou... não sei se é uma boa ideia. - revelou, muito envergonhado para
encara-lo diretamente - E se... e se eu não conseguir? E se eu te ferir? Não
quero que sinta dor.
O futuro rei de Malta passou a empurrar Louis pelos ombros para trás, com
calma, conduzindo-o até que ele estivesse deitado no colchão.
Com uma expectativa irrefreável ele deslizou em um só movimento a blusa
de linho lisa pelo peitoral de Tomlinson, despindo seu abdômen.
- Quem disse que princesas não podem foder nunca conheceu a minha. -
Tomlinson proferiu.
- Por que não usa algum de seus brinquedos? Aposto que possua ao menos
um. - Louis adivinhou (seu garoto parecia ser o tipo que faria um cômodo
em Riverland só para guarda-los), tendo Harry sorrindo em realização com
sua sugestão.
- Eu não uso-o para sexo. Nunca irei usá-lo para sexo. - Louis garantiu,
resvalando seu nariz pelo o de Harry. - Eu o uso para amar, para amor, para
figurações bonitas das suas fraquezas, de seus expoentes. - foi guiando o
artefato cegamente para baixo, com Harry equilibrado de quatro sobre ele
com a bunda aberta o bastante para recebê-lo. - Eu gosto de te assistir em
seus ápices porque você parece feliz e realizado. Isso é tudo que eu desejo:
sua felicidade. - aproveitou o lapso de paralisação do maior e introduziu a
extremidade do brinquedo em sua entrada.
- Certo, agora e-eu vou... eu vou penetra-lo, Lou. Okay? Isso está okay para
você ainda?
- Não fique nervoso, paixão. - pediu, notando como Harry mordia o lábio
inferior um pouco hesitante.
Louis revirou os olhos com carinho, puxando Styles para abaixar-se até que
estivesse deitado de bruços sobre ele.
- É melhor não me testar assim. Estou usando toda a força de vontade que
tenho para não afundar-me inteiro em você de uma vez só. - alertou-o.
Harry orientou seu pênis - que antes estava repousado junto com o de
Tomlinson (a vida é linda) - para o orifício do príncipe preso embaixo de si.
Ele próprio não podia evitar seus choramingos ao ter as paredes quentes e
muito apertadas de Louis fazendo pressão contra seu membro, acolhendo-o
em um estímulo fodidamente delicioso e molhado.
À proporção que havia adentrado nele por inteiro, com suas bolas
pressionadas no traseiro do menor, Harry se interrompeu.
Harry riu.
E, claro que Harry foi. Com toda sua energia, toda sua intensidade, toda a
sua paixão. Queimando-a como querosene em todos os instantes que o
preenchia, que se fundiam e se amavam em gestos.
E era uma grande merda ser muito fraco no quesito sexo pois ele tinha o
dever de só vir depois que Tomlinson viesse, Louis sempre fazia isso por
ele e quão idiota Harry se sentiria se não aguentasse?
E... como alguém esperaria que ele pudesse resistir quando há um objeto
engolido por seu traseiro, seu pau sumindo e reaparecendo na entrada de
Louis e seus pequenos protótipos de seios enviando-o choques de satisfação
insuportáveis?!
- Céus Lou, por f-favor. - ele chorou, suas pálpebras lançando lágrimas. - n-
não... oh... não continue espremendo-os o-oh- - hmf - ou eu vou gozar.
Tomlinson ficou estimulando seu nervo com aquele artefato por mais alguns
segundos, prolongando o orgasmo do príncipe ao que este derramava jatos
grossos e espessos de esperma no interior de Louis.
Tardou cerca de três minutos para que Styles retomasse seu fôlego, largado
em exaustão em cima de Louis com seu rosto enterrado no pescoço do
menor.
- Eu sinto muito, eu sinto muito mesmo por ter gozado antes, fui um estúpi-
Styles não verbalizou uma resposta, ao invés, arqueou-se para trás até estar
sentado de joelhos perto de Louis.
Ainda estabelecendo contato visual, abriu sua boca em aguardo, um
minúsculo sorriso sujo afundando uma de suas covinhas.
- Vamos lá, dê-me meu remédio, Lou. - Harry persuadiu, esticando a língua
para fora.
Ele sabia que estaria muito próximo se vir. Primeiro porque Harry havia o
fodido e o levado ao céu, e depois porque a porra do príncipe estava
ajoelhado esperando engolir cada gota sua.
Styles levou seus dedos para rodearem suas bolas e este foi seu fim.
Com uma pontaria quase milagrosa ele fez com que seu gozo fosse quase
por inteiro para a língua e lábios de Harry, pintando-as de branco, enchendo
sua boca com o que se tornou a imagem mais lasciva que ele já presenciou
alguma vez na vida.
Seu orgasmo o embalou por bons minutos até que a adrenalina diminuísse,
seus batimentos cardíacos tentassem se normalizar e a nuvem de leveza
dissipasse em sua mente.
Para então Louis piscar mais lúcido, totalmente deslumbrado com a forma
que Harry ainda o fitava, o prazer branco e denso escorrendo dos cantos dos
lábios dele, escorrendo em finas faixas por seu queixo.
****
Madrugada anterior:
Liam havia dito antes de despejar tudo que pretendi, com Zayn o olhando
atordoado, pego desprevenido para tais novas maneiras de passar a
madrugada.
- Eu.. eu não ninguém para julga-lo, Vossa Alteza. Sinto muito. - Malik
disse com o semblante sério, esperando que ele fosse embora. - Não
entendo por que está me revelando isso agora.
- Eu não podia esconder mais. Isso... isso vai prejudicar a vida de uma outra
pessoa, está prejudicando.
Zayn escolheu não se envolver nessa história, mas então Liam o balançou
pelos ombros desesperado.
- Um pouco, mas esta não é a questão. Fale algo. Fale que fui um idiota
impulsivo, fale alguma coisa Zayn.
- Você não muda. O que está feito, está feito. - Zayn soprou, fechando as
pálpebras com força. - Vive julgando Harry pela irresponsabilidade dele, e
não possui qualquer moral para tal.
- Agora você vai ter que conviver com as escolhas erradas que fez, sabendo
que isso afetou uma pessoa inocente.
**
Eles, em geral, não eram idiotas para não perceberem que os príncipes
Edward e William estavam mantendo algum tipo de relação, contudo, todas
as hipóteses foram concretizadas quando os dois chegaram no arco de
entrada do salão de mãos dadas.
E, bem, essa tinha sido uma ideia de Louis que se recordou do episódio em
que repreendeu Harry por ter exposto indevidamente os dois para Liam
Payne, e que, sem intenção, acabou por deixar Styles inseguro quanto a
revelar ou não o que eles possuíam.
E Styles o fitou tão surpreso e profundo que foi bonito o brilho iluminando
suas gramas de verão.
- Juntos... juntos?
- Caralho é o que eu mais quero! Assim eles saberão que nós nos
pertencemos, e o Marley não irá mais tentar rouba-lo de mim.
- Nunca!
- Sim.
***
E Styles estava com vergonha por Louis, pois ele sabia que todos julgariam
uma barbaridade que o austero e soberbo príncipe de Riverlad se
relacionasse com aquele vagabundo que repetiu seis temporadas e vestia
coisas muito chamativas para o padrão.
- Harry amor, você não fica atrás de mim, nunca. Nem de mim nem de
ninguém. - falou para o outro, fitando-o sério.
Eles estavam assustados, porque bem... faltavam dois dias para a coroação,
não era possível que fossem ganhar qualquer punição logo agora.
- O quê?!
- Não chore de saudades, saiba que sempre que quiser poderá nos visitar em
Riverland!
***
No início da noite cada um foi para seu aposento, tomariam banho e quem
sabe se encontrariam depois. Não definiram previamente o que ocorreria,
mas era ligeiramente óbvio.
Assim que Louis finalizou sua ducha e adentrou em seu quarto, notou uma
cartinha em cima do colchão de sua cama.
"Encontre-me na dispensa."
Estava escrito com uma letra mais rebuscada que Tomlinson deduziu ser
uma tentativa de Harry de soar mais culto.
***
Entre rodopiar como uma bailarina e passar gloss em seus lápis ele reparou
em um papel depositado sobre um dos aparadores de mármore.
***
A realidade em que ele notou sua boca estar limitada por uma mordaça e
todos os seus membros amarrados nas extremidades de uma cadeira.
- Sinto muito, Príncipe. Não era para estar envolvido nisso, sei que é
inocente mas se esta é a única saída para que eu tenha êxito em minha
vingança, então terei que inclui-lo.
Caralho.
- Você é uma pessoa boa, não merece esta merda. Mas.. mas precisa
perceber que Harry foi um monstro, e ele pagará pelo seu pecado.
A garota de nove anos que seria princesa caso Verônica convencesse o rei
estava viva.
Carolina.
***
PS: publiquei uma nova fanfic, ela será curta (10 caps), chama-se Between
Your Streets, se puderem ler. Obrigada!
Amo todos.
Xx
How to Wear a Crown
Puta merda.
- Muito cedo?
- Lore-
Era estranho.
Afinal ela... ela parecia a mesma menina - energética e atrapalhada - de
sempre.
Não era como nos padrões das estórias em que depois que o personagem
bom se revela um vilão ele de repente se torna mais corrompido, com uma
aparência transtornada e uma risada maléfica.
- Eu... eu era só uma criança. Eu era uma criança que gostava de subir em
árvores e estava ansiosa porque faria dez anos no próximo mês. Em um
momento eu pensava sobre qual vestido minha mãe me presentearia no meu
aniversário e... e no outro um homem grande e assustador me puxou pelos
braços.
Havia um tom de tristeza misturado com o rancor por trás de suas frases. E
era como a narração de um conto de terror materializando-se em torno
deles. Louis poderia sentir e poderia imaginar seus gritos assustados e seu
medo.
Tomlinson desejava dizer algo... qualquer coisa... mas... mas o que ele
poderia? Defender Styles? Não... ele... ele o amava mas... aquilo era forte e
delicado. E ela tinha o direito de se sentir machucada, afinal.
- E meu mundo desabou. Meu irmão, meu próprio irmão, havia mandado
alguém me assassinar. Ele era a culpa de tudo aquilo. Era por sua causa que
eu perdi minha vida, perdi meu nome e tive minha existência destruída. Ele
era e é um monstro. E me condenou por... por um erro da minha mãe.
- Você... você sabia que Verônica que havia envenenado sua irmã?
- Eu sei. Mas... mas você está seguindo o mesmo caminho que ele. Você
permitiu que seu ódio te consumisse, olha só onde estamos agora. -
Tomlinson reforçou, sinalizando para a situação deplorável em que se
abrigavam. - Converteu tudo que havia de digno em ti por um anseio vazio.
- Que merda está sugerindo, Lou?! — Lorena contestou em alto tom ao ser
contrariada. — Espera que eu simplesmente aceite o que ele aprontou e me
conforme com essa sentença?!
- A vingança não é assim, Lorena. Seja como for, ela não irá te devolver os
seus anos perdidos. Harry se arrepende, ele pedirá perdão e achará uma
solução para reparar uma parte dos danos. Não há necessidade de causar
qualquer mal em troca.
- Às vezes você... você precisa matar o seu passado pra salvar o seu futuro.
- Mas, agora, não serei eu quem me assumirei perante todos alegando ser a
princesa desaparecida. E sim Harry. Harry confessará o que fez diante de
toda a corte, de seu pai, de Verônica e dos demais reis e rainhas dos Reinos,
perante aos príncipes, as princesas e ao rei Franco. Cada indivíduo que
comparecer na coroação simulada de domingo conhecerá de seu crime, o
sangue manchado que corre em sua veia, e, ao final, ele ainda me anunciará
como Carolina, a verdadeira herdeira por direito do trono.
- Você... não, Lorena. Por favor, deixe que ele assuma isso em privado para
seus pais. Não o faça admitir na presença do rei Franco, ou dos demais
presentes... ele poderá ser exilado, condenado à morte. - Tomlinson
implorou, o desespero o sufocando com a percepção de que as
consequências seriam catastróficas.
Guiou seus passos para a porta, no entanto, antes de sair do cômodo escuro
e largar Louis amarrado na cadeira impotente, virou-se uma última vez para
ele, afirmando:
- Mas não é como se Harry não tivesse escolha. Ele pode se salvar, ele pode
decidir não confessar nada e ter seu trono. - disse. Seus olhos pareciam
apagados. - Só que então ele estará condenando você, Louis.
***
Ele não saberia mediar sua respiração ofegante devido à asma, com as
lágrimas que inevitavelmente embaçavam sua visão.
Era incontestável que nesta funesta e extrema situação ele deveria manter-se
são o bastante para não cometer qualquer deslize, ou exporia Tomlinson ao
perigo.
Porque... era obvio que ele salvaria Louis, ele sempre salvaria Louis mesmo
que isso significasse estar se atirando em uma fogueira.
- É estranho como nós nunca conseguimos um real controle das coisas. Por
mais que elas pareçam bonitas em um momento, no segundo seguinte você
acorda para perceber que não passou de um sonho. - Malik soprou,
interrompendo o silêncio e a zona de pensamentos conflitantes que
atormentavam Styles.
Zayn riu nasalado, um som irônico e amargo reproduzido por sua garganta.
- E estava. Mas esta é a última noite. - ele disse, como se fosse evidente,
com um desespero paupável em suas palavras. - E o que houve neste
Palácio foi como um conto de fadas encantador em que eu evolui e mudei
meus princípios... mas... mas nada disso será válido a partir de amanhã. -
Malik franziu o cenho. - ... porque eu retornarei ao meu próprio Reino,
lidarei com as mesmas críticas e serei intoxicado com a ideia de que falhei
ao não arranjar um futuro casamento. Arlen irá falir sem a garantia de uma
boa aliança e eu serei o futuro rei que não salvou a coroa.
Pois... pois Zayn o remetia ao seu antigo 'eu'. Ao seu 'eu' da primeira
temporada que vivia constantemente perdido, julgando-se insuficiente e
alimentando-se com a hipótese de que iria superar.
Styles teve Gemma para amenizar seu sofrimento. Mas... Zayn não teve
ninguém... não teve ninguém para recorrer nas noites de lágrimas e choros.
Styles fez o que fez porque transformou toda sua dor em revolta, e se
arrependeu.
Ele... ele não deixaria que Zayn também sucumbisse ao caos, renunciasse
na exata Guerra pela felicidade que ele próprio instruiu Harry a não ceder.
- Quando você é forte mas está cansado, sua fé fica duvidosa. Você sonha
com o amor mas também o teme. — Styles proferiu, colocando sua mão
sobre a de Zayn, almejando de sua maneira frágil transpassa-lo algum
conforto. — Você só deseja fugir. Parar de tentar. Parar de acreditar ou
sentir tudo tão profundamente.
- Quando tudo que você conheceu foi decepção, requer muita força para que
acredite em qualquer coisa, requer força para acreditar no amor logo que
tanto sofreu por não conseguir se amar.— as palavras começaram a escorrer
da língua de Harry como um desabafo involuntário. — E eu sei como é
estar exausto de preservar alguma esperança, como é estar exausto de se
machucar, de se desapontar. Você está exausto de dar o seu melhor para
assistir as outras pessoas tirarem vantagem. Você já se importou muito com
quem o retribuiu com tão pouco.
O mesmo veio para Zayn e a falta de afeto, e seus pais que o colocaram em
uma bolha de incapacidade e estupidez, fazendo-o se espelhar em algo fútil
como beleza por ser sua 'única' real virtude.
Nas cartas ignoradas.
No desgosto.
No entanto... ele não estava neste instante discursando, ele estava se abrindo
esperando que Malik pudesse enxergar a sinceridade, pudesse enxergar
alguma motivação, pudesse enxergar o Príncipe Edward aos dezessete anos
que desistiu e guiou-se por caminhos sem volta.
Ele esperava que Zayn se nutrisse de fé, pois é ela que semeia uma vida
menos concreta.
Apertou-lhe o ombro e o puxou para trás, para que ele restabelecesse sua
postura e o encarasse com a cabeça um pouquinho erguida.
- Então eu peço que não mude. Valorize-se por ter aguentado tanto. Apesar
das rachaduras que carrega são guerreiros como você que inspiram os
demais a continuar.
***
Sua aparência não era catastrófica como na hora em que revelou o que
cometeu, contudo ainda seria perceptível notar as olheiras escuras e o
desânimo contido caso se prendesse aos detalhes.
- Sinto que fui rígido demais com você ontem. E-Eu não... não tinha esse
direito.
E, okay, porque a nossa sujeira é parte de nós, cabe a você deixa-la exposta
ou mantê-la para si.
Zayn tocou gentilmente em seu ombro, como Liam costumava tocar no seu
nas noites sombrias em que ele se escorava na sala de concertos devido ao
seu distúrbio alimentar.
- Ei...
- Como?!
- Talvez não tenha o feito com uma intenção justa, contudo, acredite em
mim: ela está bem, ela ficará bem, ela crescerá em um lar com um jardim
extenso, e flores simples que florescerão na primavera. Ela poderá correr na
chuva sem ser chamada para aula de esgrima, comer biscoitos amanteigados
sem a lembrarem de seu peso e criar bonecos de neve com cenouras no
nariz e tudo mais...
- Nós precisamos parar de refletir o que há por fora. Isso é superficial. Isso
é raso. Deveríamos refletir o que está dentro, o que poucos conseguem
tocar. Deveríamos ir atrás de profundidade. É uma sociedade muito líquida,
muito fluída, em que todos querem se encaixar em formatos. Nós
precisamos de substância, nós precisamos de essência, de solidez.
Precisamos achar a beleza própria ao invés de defini-la.
- A felicidade nunca foi sobre seu ofício, sua aparência, ou sobre estar em
um relacionamento. Felicidade nunca foi sobre seguir os passos daqueles
que vieram antes de você, nunca foi sobre ser como eles. Ela sempre foi
sobre a descoberta, a esperança, ouvir suas vontades e segui-las aonde quer
que elas te levem. A felicidade sempre foi sobre ser gentil consigo mesmo,
e assumir a pessoa que você está se tornando. Ela é a aceitação de si
próprio.
Suspirou.
- Você me ajudou a compreender que eu posso passar por isso. Que todos
nós podemos. — Zayn concluiu. — Um passo por dia. Um aprendizado por
vez.
***
No domingo pela manhã Harry foi despertado por Amélia, a qual o puxou
suavemente pelo ombro até que seus tremores e choramingos se
interrompessem.
Harry acordou de um pesadelo... para estar em outro, e, este era real.
Sua criada notou a mancha úmida em seu travesseiro, onde seu rosto ficou
enfiado por toda a noite, onde seu choro se fundiu ao tecido macio e
transformou-o em um abrigo para sua tristeza e desolação.
- O quê?! Como?
- E está desesperançoso? Não é assim que você vai vencer essa batalha,
querido. Você pode chorar, você pode temer... mas você não pode desistir.
- Não, querido, seu traje feito sob medida está na sala de costuras dos
alfaiates. Vestirá-se lá. - ela avisou, confusa.
- E Sun Tzu uma vez disse que em meio ao caos há sempre uma
oportunidade. - o príncipe reverberou, apertando a peça contra o peito, suas
covinhas afundadas. - Se eu vou revelar quem sou e o que fiz para a
humanidade, então que seja original e verdadeiro em todos os aspectos.
***
Ele não escutava ruídos próximos, o que significava que seja qual lugar
estivesse sendo mantido em cativeiro seria uma área não frequentada do
Palácio.
Sua suposição é que fosse já domingo, pois Lorena viera alimentá-lo três
vezes neste período, duas refeições no sábado e quiçá o café da manhã de
hoje.
Ela parecia distante, intocável. Qualquer frase que Louis a direcionasse
seria completamente ignorado, como se a garota não pudesse mais escuta-
lo.
E tão pouca humanidade ele notava nela agora. Ela entrava robótica e
neutra no local acompanhada de um guarda que Louis supôs ser seu
'namorado' o qual mencionava, ou qualquer outra desculpa que tivesse dito
para tê-lo em seu lado.
Contudo, ele não temia por si. Não temeu em momento algum, nem com a
ameaça de Lorena.
Ele temia por Harry. Porque Louis sabia que fora entregue ao seu príncipe
uma quantidade surreal de pressão e terror psicológico e, honestamente, era
natural que Styles estivesse compensando e pagando por seu crime mas...
mas aquele não era mais ele.
E Harry mudou.
Mas julgar quem errou cometendo o exato erro desfaz toda a legitimidade
de sua causa.
***
Foi entre o hall da entrada e o acesso para a ala oeste que ele a flagrou.
Sem pensar sobre suas ações começou a puxa-la para um dos repartimentos
mais isolados pelo pulso, deixando-a eufórica.
- Certo, você venceu, eu darei o que deseja, tem minha palavra, só... só me
diga onde ele está? Onde o escondeu de mim?! - ralhou, seus olhos
arregalados e aflitos.
Ela, embora, permaneceu o fitando sem reação, com seus traços congelados
e confusos, quase assustados.
- Olha, eu sei que é você, eu sei o que fiz... só... só por favor, não... não o
Lou. Garantirei sua vingança, garantirei minha destruição... mas não o
destrua, sim? — Harry começou a se engasgar, um choro querendo
transbordar suas pálpebras. — Eu preciso dele, okay? Por favor, por favor
eu preciso dele. E-ele me ajuda a falar com as plantas, e... e ele põe sorrisos
no meu rosto mesmo que eu não mereça, mas... ele é bondoso, não o
machuque, não machuque o meu amor, eu preciso d-dele, eu-
- Não precisa fingir que não é você, eu sei que é! — ele elevou o tom,
aparentando-se no ápice de seu controle e Diana não recuou, mas
contorceu-se em desconforto. — Eu sei que me despreza e que-
- Não minta para mim. Você me odeia, você me perseguiu com o olhar nas
temporadas em que esteve aqui, fica me encarando como se soubesse de
algo ou estivesse planejando algo, eu... eu... e ainda se escorou em Louis no
intuito de me provocar-
Harry pisou em falso para trás, bambo. Cada ruga em seu rosto exprimindo
sua completa surpresa e choque para a revelação.
- Sempre desejei revela-lo desde que ela faleceu, eu sentia que estava
escondendo um pedaço da vida de sua irmã que você tinha o direito a ter
acesso... toda vez que o encarava nos bailes me remoía com o ímpeto de
conta-lo sobre nossa relação, mas... de repente eu perdia a coragem, é
impossível retomar este assunto sem me recordar de tudo, sem arder.
Porque.... o quê?!
E, por alguma razão, isso o confortava. Porque ele percebeu que sua irmã
experimentou desse prazer antes de morrer. Ela pôde sorrir apaixonada e
olhar as estrelas com a cabeça girando. Ela pôde preencher os espacinhos
vazios do seu coração com um romance e imaginar um futuro animado para
si.
Agora que Harry conhecia essa sentimento ele... ele também ficou
infinitamente satisfeito de que ela também conheceu.
- Não sei. Gemma sempre será minha estrela guia lá no céu. — afirmou,
mordendo o interior da bochecha. — Mas Louis disse que juntos nós somos
nossa própria constelação. Os dois são feitos de luz, mas cada um brilha
diferente.
***
- Príncipe William?
- Espere. — ele pediu, piscando confuso. — Niall sabe disso? O que está
acontecendo?
- Garantiremos que ele ficará bem, Louis. Você irá salva-lo. - Niall
respondeu.
- Está... está contra sua própria irmã? - o futuro rei de Riverland interrogou
Jezebel, lutando para manter suas pálpebras abertas e a lucidez em si. -
Sempre soube que era Lorena?
- E ainda assim está me ajudando? Mesmo ciente do que Harry fez com ela?
***
Isso é destino?
- Sendo uma tradição que se estende por décadas, a Anistia dos Tronos tem
como função garantir a paz entre reinos de origem franca e-
Pois em seus ombros não havia uma capa de cor básica e classe.
Literal.
Don Luminiére estava tão pálido que possivelmente desmaiaria ali mesmo.
- Vai ficar tudo bem. — Zayn sussurrou, sentado à sua direita, notando a
tremedeira que ameaçava iniciar em Harry.
Príncipe Niall chegou na coroação por uma das entradas do fundo, subindo
no palco discretamente enquanto Don Luminiére proclamava algumas
citações bonitas.
Styles fitou Horan surpreso pela sua euforia enquanto esforçava-se para
regular a respiração.
- O-o quê?!
- Não se preocupe, Harry. Você não precisará confessar nada. Ele está a
salvo. - Niall garantiu. - Louis está em repouso, muito fraco.
Transitou para perto do homem mais velho, que sorria para o príncipe
apesar das asas espalhafatosas e de toda aquela falta de conduta com suas
roupas fora do padrão (mas aquilo era inevitável, hum?).
- Não.
Visualizou Carolina.
E ele não poderia ter tanta certeza mas sua intuição simplesmente sinalizava
que era ela.
A criada de Louis.
Era ela.
Expirou.
Expirou.
O tempo congelou.
Ofegos e murmúrios tomaram o salão.
Os cochichos aumentaram.
Que porra-
E veio ao centro.
Todos a olharam.
Se este cenário fizesse parte de um livro mais fantasioso, então o sol daria
lugar para uma tempestade.
Uma tempestade tão forte quanto a que ocorria entre eles.
- Caroli- Styles iria chama-la. Ela, no entanto, acenou para que ele se
calasse.
- Senhoras e senhores, como futura rainha de Malta por direito, e princesa
oficial, anuncio meu primeiro decreto. — ela proferiu, virando-se confiante
e entusiasmada para o público. — Pelo crime cometido, e por ter enganado
a todos alegando ser um príncipe de sangue: Condeno meu irmão, Harry
Edward Styles, à morte.
- Harry não será morto, seus idiotas. - Tomlinson decretou em alto tom,
materializando-se como fumaça na entrada.
- Príncipe William, por favor, tenha mais respeito para com as Vossas
Majestade. - algum orador secundário ordenou.
- Harry não será morto porque não é permitido que se mate um príncipe de
outro Reino, a menos que declare Guerra. - atestou.
Ele estava ali. Louis estava ali. Aparentando-se exausto, com olheiras
demarcadas e o traje que lhe fora feito sob medida e cabelos devidamente
bagunçados.
- Você não é estupido neste nível para crer que pode simplesmente
consagrar-se rei com um marido que sequer é um príncipe de sangue e está
sob pena de morte por assassinato, certo? - ela lançou.
Mark, pai de Louis, pronunciou-se de onde estava entre todo o público, com
Johanna à sua esquerda e os outros quatro filhos acomodados à direita.
Louis girou-se em seu eixo para que agora estivesse de frente à plateia,
recebendo as feições desconfiadas, as feições em expectativa.
- Você usa uma coroa se escondendo em mentiras, você usa uma coroa
assassinando a própria enteada para garantir que sua filha seja coroada.
Envenena-a a fim de retira-la de seu caminho.
- Você usa uma coroa negligenciando seu filho. Você usa uma coroa
tratando-o como um lixo porque não tem coração ou honra o bastante para
responder suas cartas, para ensiná-lo o que é amor e fazê-lo se sentir amado.
— acusou, não recuando nem com a expressão repressiva do mesmo. —
Você usa uma coroa permitindo que ele se perca de si, ignorando seus
pedidos de socorro, pois não é digno para socorrê-lo. Que tipo de rei,
honestamente, é? Se não ajuda alguém do próprio sangue, o que fará para
com seus cidadãos?!
- Você usa uma coroa assediando príncipes jovens porque não aceita suas
personalidades, porque não os aceita. Você os estupra quando os visita em
seus próprios Palácios, você os traumatiza e os empurra para um mundo
terrível com a desculpa que isso é uma punição. — revelou, franzindo o
lábio como se estivesse reprimindo uma ânsia, Harry o pressionando perto,
desnorteado — Isso não é uma punição, isso é uma tortura desumana.
- E você... você nem sequer usa uma coroa, ou deveria usar... porque foi
impertinente ao decretar uma decisão baseada em sua aversão pessoal. Você
manipulou, arriscou a vida de inocentes em troca de sua vingança, criou um
jornal anônimo com fofocas alheias e difamações. Não passa de uma
hipócrita. — Tomlinson desceu o olhar de seus pés à cabeça. — E este
vestido ficaria muito melhor em Harry, querida.
- É assim que vocês usam suas coroas. Colocando-as sobre suas cabeças
ignorantes e empurrando a poeira para baixo para que ninguém note os
defeitos. Escondendo-se sobre elas! — Louis reverberou, rindo satírico. —
Vocês não são nobres. São um bando de trapaceiros cheios de si que se
colocam no pedestal porque pensam ser inalcançáveis. São amargurados
que perpetuam um ciclo de dor e abuso e interesse próprio.
Tão iguais, com simetrias e cilios que provinham de uma mesma genética,
fisionomias e histórias de vida semelhantes.
Tão cansados.
Todos tão cansados.
Assim.
Com dezenas de indivíduos arfando pasmos.
- Lou, não. Não. Não. — Harry interveio, puxando-o exasperado para que
ele o olhasse. — Você não pode fazer isso. Você não pode desistir do trono,
e não vai. Contento-me o bastante de ter ciência de que o realizaria por
mim, contudo eu jamais me sentiria bem com essa decisão, sabendo que
rompi com seu futuro e-
Tomlinson empurrou sua mão para tapa-lo a boca, para que ele engolisse
seu desespero e suas palavras.
Porque... porque...
- A senhora não pode fazer isso! Vai contra as regras da Anistia dos Tronos!
Não tem o meu consentimento para tal! - O rei Franco imediatamente se
opôs, enfrentando-a do assento que estava.
- Que se dane essa maldita Anistia! - ela rebateu, inabalável, fazendo com
que o velho e arrogante rei risse irônico.
- Oh, jura? Pensas que isso se trata de um conto de fadas e quer ser a fada
madrinha dos dois? — proferiu, torcendo o nariz em desgosto ao encarar
Harry — Se quer abrigar este traste assassino em seu Reino e ainda torna-lo
Rei, então saiba que a consequência será catastrófica pois o Reino Franco e
todos os nossos aliados estarão proibidos de estabelecer quaisquer tratados
ou acordos comerciais com vocês. — finalizou, em seu ar de vitória.
- Quem julga-se ser para declarar algo do tipo?! - o pai de Malik contra-
argumentou, elevando-se entre a plateia.
- Como você, Vossa Alteza, teria renunciado a tudo, a toda a grandeza, por
uma pessoa?! — o rei de Arlen, pai de Zayn, questionou genuinamente
atordoado, intrometendo-se no cenário afetivo.
Tomlinson desviou seu foco para ele, inspirando devagar. E, assim, com a
expressão iluminada anunciou:
- Lou-
- E um lar vale mais do que qualquer retorno que o poder iria me oferecer.
— Tomlinson soprou, aproximando seu rosto tão perto do de Harry que
suas respirações ofegantes se chocavam. Eles se uniam. Como se não
estivessem em público. Neste universo particular segredando promessas. —
Você é a minha borboleta que um dia quebrou as asas, mas agora que as
curou têm a chance de voar, então venha comigo, amor, venha aonde
poderei protegê-lo, e aquecê-lo, e idolatra-lo.
- Nós temos esse costume de fazer declarações que soam como pedidos de
casamento, não é? - Styles cochichou rente à boca de Tomlinson, arqueando
as sobrancelhas insinuante.
Por cada estrela que você assistiu silenciosamente sozinho, por cada vez
que você esteve exausto por ninguém valorizar o que há no auge do teu
coração, por cada carícia vazia, por cada olhar esperado e nunca
encontrado, por cada carta nunca recebida.
Por cada manhã ensolarada gasta pensando sobre como seria bom ser
tomado pela mão. Por cada noite quando assustou-se com um trovão você
acordou, chovendo de repente, e não teve ninguém para tranquilizá-lo. Por
toda promessa quebrada, por toda a confiança traída.
Pelos arco-íris que te movem. Para cada lágrima que você derramou pelos
que não a mereciam. E segurou firme. Não se desligou só porque ninguém
não via sua luz.
Fizeram-me amar sua loucura mesmo que você não a amasse. Fizeram-me
apaixonar-me pela sua forma desastrada de caminhar, tropeçando, porque
você nunca olha para o chão. Fizeram com que eu o assistisse com seus
olhos voltados para o céu, no limite entre cair e se reerguer.
Você manteve seu amor escondido porque achou que fosse a sua ruína, na
verdade, é a sua salvação.
- Ha-
- As pessoas têm procurado por séculos para encontrar o jeito certo de dizer
'eu te amo' e para explicar essas borboletas que correm em seus estômagos,
o aquecimento macio no ventre e o coração falhando batidas. Você me
mostrou tais respostas. Você me ensinou que as melhores e mais bonitas
coisas desse mundo não podem ser vistas ou escutadas, elas precisam ser
sentidas. — Harry sibilou, veneração escorrendo pelas bordas. — E eu as
sinto. Agora as sinto. Você me levou a senti-las. Você me levou a tocar na
lua, beijar o sol e pisar em nuvens nos simples atos poéticos que escreveu
em mim.
E isso representava tanto eles. Porque... era real, e era natural e bonito. Não
precisava dessa ostentação frágil que já os cercava.
Styles enfiou o anel improvisado e se levantou calmo, indo para seus lábios
e o conforto de suas braços em um beijo lento, e forte, que sugava seus
fôlegos e misturava suas chamas.
Entre esfregarem suas línguas uma contra a outra com barulhos estalados de
suas bocas e sorrirem apaixonados, começaram a escutar aplausos.
Os aplausos vieram tímidos, pela família de Louis, porém logo se
espalharam entre os convidados e então eles eram o motivo pelo qual
alguns reis, rainhas, monarcas, oradores e empregados estavam assoviando
e celebrando.
Celebrando o amor.
Foi quando Louis flagrou pelo canto do olho a imagem borrada de Andrew.
Andrew contraindo uma de suas mãos para trás, com uma angulação
programada.
Andrew lançando a flecha, ela fazendo seu caminho para a direção deles.
***
Já teve um lapso de delírio onde cogitou como seria perder uma pessoa que
gosta, a conclusão sufocante , o desespero cru, do quanto doeria?
Talvez essa seja a questão: usar o termo errado para definir as coisas.
Falecer não é perder. É manter protegido dentro de ti, onde ninguém mais
poderá tocar. É preservar. É prolongar. É eterniza-lo.
Há muitas eternidades.
Louis notava que os sorrisos para cada situação eram diferentes. Eram
específicos. Se fossem honestos viriam com covinhas afundadas. As
curvaturas mudavam, e os ângulos também.
Louis encontrou a eternidade neles.
Mas Louis não amou mais o príncipe quando este assumiu seu ápice de
transformação. Ele não o amou só quando as partes consideradas belas
estavam nítidas. Ele não o amou somente no final de seu ciclo de
renascimento.
Era só... era só puro e genuíno o fato de você amar uma pessoa em suas
etapas mais decadentes e incentiva-la a alcançar a sua melhor versão.
Porque todo mundo é uma poesia no aguardo de sua metamorfose.
Seria indiscutivelmente fácil escrever 'e eles foram felizes para sempre'.
Mas... quão razo é você ignorar toda uma trajetória de vida e abreviá-la com
um termo clichê?
Afinal... sim, eles foram felizes, mas eles também brigavam, eles também
discutiam, eles também choravam e depois se amavam mais, e tudo bem,
porque o amor não está suposto a ser algo constante e estável, o amor está
suposto a falhar batidas, a reparar erros, a superar discussões. O amor está
suposto a ser uma aventura.
Oh, por favor, duas personalidades tão distintas por certo gerariam conflitos
bobos sobre como quando Harry propôs para que criassem uma lei chamada
'Dias de Arco-íris' a qual definiria que quando surgissem arco-íris nos céus
os cidadãos de Riverland deveriam usar roupas coloridas senão seriam
presos. E Louis literalmente teve que fechar os olhos e contar até dez pois a
loucura de seu príncipe ultrapassava os limites.
Tomlinson sentiu-se enciumado com o fato de Styles já ter ido para a cama
com dois de seus irmãos no passado (e agora, ha, eles todos morariam em
um mesmo Palácio). Ele quase os expulsou do Reino ao ouvirem-nos
cochichando sobre a beleza de seu noivo.
Tudo que Styles fez pelos próximos quatro meses após o pedido de
casamento foi enfatizar cinco vezes que eram noivos a cada frase (Louis,
meu adorado noivo, será que você poderia ser um amável noivo e trazer um
mártir para seu noivo?).
Ele o amou nas manhãs em que Harry acordava energético para um passeio
(e puxava Louis para fora da cama antes das seis) e, ao cumprimentar as
flores dos canteiros, começava a chorar desolado por não escuta-las mais.
Então Louis o puxaria para sentarem-se no banco e ofereceria seu ombro
para que o jovem derramasse as lágrimas. Eles ficariam nessa bolha o
tempo que Harry precisasse, até que a tremedeira diminuísse e seus soluços
atenuassem. Tomlinson finalizaria o episódio beijando suavemente sua
bochecha e confortando-o com um 'as flores o amam tanto quanto eu. Mas
nem todos nós confessamos nosso amor. Esse é o caso delas'.
Tomlinson o puxou delicadamente pelos pulsos para que ele saísse de cima
de si e o trouxe-o para deitar-se no colchão.
Uma semana depois a carruagem havia sido preparada e toda a carga que
levariam fora realocada em charretes atrás.
Foram dois dias de viagem até que chegassem no Reino que pretendiam.
- Você veio, você veio Lou! - comemorou animada, piscando para trás e
surpreendendo-se ao ver Harry. - Oh meu—
Harry nem ao menos reclamou com seu sapato sujo de terra pisando em seu
fraque verde claro feito sob medida, ele estava estranhamente sorrindo
estonteado.
Harry não parecia próximo de pular ou qualquer coisa. Mas ele estava ali,
curvado, balançando suas pernas no ar e olhando para a lua desolado.
- V-você sorriu, não foi? Você sorriu, querida, quando percebeu estar
apaixonada. - escutou seu noivo balbuciar para ela. - Eu também sorri.
Tomlinson não emitiu qualquer ruído que o assustasse. Ele próprio estava
abalado demais por flagrar Styles sentado tão próximo de seu fim.
Seus ombros estavam trêmulos e... era doloroso e forte. Triste e bonito.
- E-ela... ela parece ser uma pessoa boa, Gem. Sua namorada. - Harry
atestou, em meio a um soluço. - Diana me lembra um pouco o Lou, ela é
austera, reservada. Ela tem nobreza transpirando de seus poros e... e deve
soar meio teimosa. Ela é o Lou todinho.
- Queria.. queria que estivesse aqui. Estivesse aqui para ver como Louis me
trata bem. Ele é... ele é além do que eu mereço, ou do que qualquer um
merece. E... — Styles suspirou — e me pediu em casamento. Ou melhor, eu
pedi, certo, mas... mas ele aceitou e nós... eu.... nós vamos nos casar? É só
injusto que não esteja aqui para me acompanhar até o altar... uh, que
droga... s-se você estivesse nós faríamos nossos casamentos em conjunto,
e... eu provavelmente entraria com um vestido mais extravagante que o de
Diana mas... mas não vai acontecer.
Quando o choro de Harry começou a se transformar em uma tremedeira,
Louis teve que intervir por sua própria segurança.
Não necessitou de muito para desprender que Styles havia tido uma recaída
e tragado alguma substância para seu organismo. Suas pupilas dilatadas o
entregavam, embora.
Louis nem precisou se questionar tanto para supor que seu noivo estaria
acomodado naquele precipício.
Ele estava encolhido, dessa vez não olhava para o céu, a Lua ou as estrelas.
Olhava para o horizonte, perdido e inconsolável.
Tomlinson sentou atrás de si e puxou para que Styles encostasse suas costas
em seu peitoral. Eles se mantiveram silenciosos a maior parte da
madrugada, respirando fundo o ar gelado do inverno, sendo envelopados
por uma tempestade de neve fraca.
Eles se amariam até lá e ainda depois de lá, embora a ideia de uma futura
separação física fosse inevitavelmente desesperadora.
Harry se gabou dizendo 'meu marido' cerca de cem vezes pelo resto do dia.
Foi uma semana em que Louis duvidou de sua própria capacidade de saciar
Harry o quanto seu marido queria, pois, bem... Harry amava sexo.
Foi em Março.
Em uma dessas semanas foi-se entregue uma carta que solicitava a presença
de Styles imediatamente em Malta.
Harry e Louis discutiram por três dias a respeito. Era só incabível que o
príncipe ainda considerasse ir para lá, para seu antigo Reino, com todo o
risco desta merda ser uma armadilha e de ansiarem por vingança ou algo do
tipo.
"Eu só não quero perder meu marido, é tão difícil assim? Que caralho,
Harry!"
"Bom, você irá me perder se passar a tentar me controlar desse modo!" Ele
rebateu, sua voz falhando "Você mesmo reconheceu que sou sua princesa
empoderada. Pare de achar que não sou capaz de opinar em minhas
próprias ações"
Ele pediu para falar em particular com o filho e Louis literalmente rosnou
para aquilo. Mas Styles sendo a mente teimosa seguiu o rei para o
escritório.
Só para descobrir que seu pai estava doente. E que "embora eu odeie
admitir, já que sua irmã Carolina morreu por sua causa e não poderá
governar, Malta acabará ficando sob sua posse".
E, certo, isso já teria sido doloroso o bastante para Harry se ele não
houvesse acrescentado "não pense que estou contente com este decreto. Mal
o considero um filho. Será como um cão vira-lata liderando uma nação.
Graças a Deus estarei morto e não precisarei assistir tal desgosto. Você é
só um bastardo que teve alguma sorte".
Styles se quebrou.
E era uma dor que seu amor não curaria, e provavelmente nada curaria
porque não importa o quão felizes estejamos, a felicidade não apaga as
cicatrizes, ela só nos distrai delas.
Louis notou como estava realmente certo quando disse que não se pode
concertar uma pessoa, que somente pode se amá-la.
Você pode amá-las esperando que a esperança se propague em seu peito,
torcendo para que sua devoção alcance as extremidades frias e aqueça-as.
Mas você não pode amá-las esperando que isso cure todas as suas dores ou
espante seus demônios.
Louis percebeu que Harry permaneceria sempre lá, tendo seus dias bons e
seus dias péssimos, e que ele não conseguiria preencher todos dos seus
espaços vazios, e, portanto, só o restava orar para que as partes trincadas de
seu marido não se rachassem de vez.
Agora ele não observava mais o céu, as estrelas ou a Lua. Nem o horizonte.
E Louis, dessa vez, não se sentou ao seu lado, não se sentou atrás dele.
- Se você quer ir, paixão, se você quer ir você pode ir. - Tomlinson
fracamente pronunciou. - Porque eu não tenho direito de te impedir,
entende? - murmurou com a voz embargada, seu corpo tremelicando.
- E-eu não... eu não consigo ir. Eu não consigo fechar os olhos e tomar
impulso para frente. Não dá. Sou... sou tão medroso. - Harry admitiu, sua
voz rouca por possivelmente não ter verbalizado qualquer palavra nas
últimas horas.
- Não significa que você é medroso. Você não está sendo medroso evitando
a morte. - sussurrou. - Você está sendo corajoso. Significa que você está
sendo corajoso por não desistir.
- E-eu o amo. Mas o amor de outro alguém não tem que ser maior do que o
que você guarda por si mesmo. - Louis adicionou. - Fique porque você se
ama, porque ainda há centenas de nasceres de sol para serem assistidos,
porque na primavera as flores irão florescer e perfumar nosso jardim,
porque os formatos das nuvens te intrigam, te fascinam e você ama
discorrer sobre elas. Fique para andar à cavalo no verão, para dançar na
chuva. Fique, Harry, para ver seus futuros filhos pulando pelos corredores,
para que possa vesti-los com fantasias bizarras e ensina-los algumas coisas
que eles jamais aprenderiam comigo. - Louis piscou emocionado. - Fique
para sentir o amor deles e o meu amor eterno por você. Você merece
presenciar tudo isso, paixão.
A este ponto não havia mais nada no universo a não ser os dois.
- Eu sei que não foi fácil pra você aceitar os meus defeitos, mas mesmo
assim você escolheu viver comigo. - o maior balbuciou. - Você escolhe me
abraçar quando eu choro, ao invés de colocar pra fora que não me entende.
Você segura barreiras que são jogadas sobre mim que não precisavam
machucar você, eram pra ferir à mim, mas você não as deixa.
Algumas pessoas são como borboletas: você consegue ver, pode até tocar,
mas se você guardar uma pra você ela simplesmente morre.
Tem que saber admirar de longe.
A vida tem sua própria sabedoria. Quem tenta ajudar uma borboleta a sair
do casulo a mata. Quem tenta ajudar o broto a sair da semente o destrói.
***
Eu sei que há dias em que você só quer completamente chorar. Dias que
você se questiona se ainda é capaz de sequer encontrar forças para
continuar lutando porque você está exausto.
Mas você mantém seus pedaços remendados. Você sorri e segue em frente
como se por dentro não estivesse se quebrando. Você não quer parecer
fraco, você não quer parecer sobrecarregado.
Eu sei que você está ferido.
Eu não sei exatamente o que te fere. Talvez seja um coração partido. Talvez
seja a escola, o trabalho ou um milhão de outras merdas. Talvez sejam
pessoas que não te valorizam, não reconhecem seus esforços. E talvez essa
pessoa que não te dê a devida importância seja você mesmo.
Para tal, quero lhe agradecer em nome daqueles que não apreciam o que
você faz por eles, não apreciam sua luta. Quero mostrar agradecimento por
estar aqui, por estar tentando. Isso requer força.
Confie em mim. Esse sentimento de vazio é bom. Ele está aí para te mostrar
que você não está no lugar certo mais. Desconforto é bom. Significa que
você está crescendo.
Então nade.
Nade, mesmo que se canse, mesmo que seus músculos queiram ceder,
mesmo que a terra firme pareça estar longe.
Continue persistindo, continue se movendo. Você não percebe, mas cada
braçada está te levando para mais próximo de um destino onde as coisas
farão sentido e serão melhores. Não perca sua fé. Não se deixe boiar
apenas, não aceite as condições que te abrigam agora se elas não te
satisfazem.
Talvez se salvar soe difícil, mas você pode contribuir para que mais pessoas
consigam.
Peça para que ele feche os olhos, para que prenda o fôlego por um
momento. Nem todos nós sabemos nadar, então o ensine como. Ensine-o
que a distância se encurta milímetro por milímetro.
**
"Ele faz o quebrado parecer belo,
E o forte parecer invencível,
Ele anda com o universo sobre seus
ombros,
Fazendo-o parecer como um par de asas".
**
*Fim*
Enfim, imagino que talvez haja alguma ponta solta que vocês tenham
dúvida (?).
Se sim, mande aqui seu pedido, sua pergunta. Se quer saber algo específico
que aconteceu com eles durante todo o resto da trajetória. Eu estou aberta
para responder e contar aquilo que ficaram curiosos para saber, se houver
interesse, claro.
❤)
One Last Goodbye
Quando Andrew escutou Louis acusar Lorena de estar por trás do jornal, e
quando ela própria expôs sua vingança, ficou esclarecido que era
Carolina/Lorena quem armara para ele, quem cometeu os crimes (na
intenção de culpar Harry).
Andrew havia sido expulso por ter agredido Styles no episódio em que a
raiva o tomou.
Creio que ao se realizar que Carolina era a verdadeira 'vilã da história', o
ódio foi imediatamente transferido para ela.
Andrew estava na coroação porque pretendia atingir Harry logo que este
recebesse sua coroa.
Contudo, com o desfecho que houve, o alvo de sua ira mudou.
Ele foi isolado nas Antilhas, ali residiu até sua morte, aos trinta e seis anos.
Logo que iniciei essa história tive a pretensão de incluir um romance entre
eles, para que a história não se focasse completamente em Louis e Harry.
Mas, imagino que depois de um ano do Palácio, Zayn estava de fato melhor.
Ele retornou para Arlen mais feliz e renovado. Certamente haveriam dias
que sua autoestima cairia (e autoestima não se trata somente de aparência,
como também de não se sentir o suficiente) e ele se questionaria se seria
realmente capaz de governar um território grande por conta própria.
Seu coração se aceleraria um pouco ao ver que pertencia a Liam. Eles não
tinham se comunicado durante o último ano, desde a coroação final, e agora
estava diante palavras suas, convidando-o (suplicando) para que ele o
visitasse no fim do verão para tratar daqueles assuntos.
Ele a assistiria por horas em silêncio. Os dois escondidos nos fundos entre
arbustos.
Zayn não diria nada, ele o faria companhia e esperaria sua crise atenuar. Ele
permaneceria quieto ao seu lado observando a menina consigo enquanto ela
ora corria com alguma boneca na mão, e ora cantava alguma canção
inventada.
Inicialmente ela ficaria receosa e diria que seus pais a instruíram a não
conversar com estranhos, mas, para a sorte do mundo, Malik se uniu a eles
e, notando que o nervosismo de Liam não o permitiria a agir como uma
pessoa que não estava prestes a entrar em colapso, ofereceu-se para correr
atrás da borboleta com a garota.
Seu nome era Sophia. E Payne nunca teria sabido pois a doou antes de dá-la
um nome. Os camponeses, contudo, a par da história inteira resolveram
nomeia-la homenageando a mãe biológica. E isso floresceu uma felicidade
indescritível em Liam.
Sophia aceitaria sua presença relutante e eles passariam o resto daquele dia
em uma situação um pouco silenciosa em que tentavam capturar borboletas
do jardim.
Liam convenceria os pais dela que ele se tornasse ao menos uma companhia
eventual, desejando ser um amigo.
Ela só... só parecia meio apagada com aquela realidade. Como se, de fato,
não se entusiasmasse em frequentar um Palácio milhares de vezes maior
que seu lar. Liam por um momento sentiu como se talvez seu erro teve
algum bom ponto, pois assim ela não era uma pequena princesa já destinada
à coroa sendo guiada desde cedo a adquirir responsabilidades incontáveis.
Talvez tudo que ela quisesse e precisasse fosse mesmo correr pelo campo,
sujar as solas de seu pé de terra, sentir a grama pinica-la quando se estirasse
no solo, sujando e sorrindo, livre como uma criança deve ser.
Eventualmente Zayn teria que voltar para Arlen e a despedida seria difícil
porque o príncipe teria sido uma parte de sua rotina naquele final de verão e
Liam não desejava perdê-lo novamente.
Seus lábios se encontrariam e Liam perceberia que aquele era seu destino.
Que Zayn era seu destino. Que eles ainda iriam juntos brincar com Sophia
muitas vezes, acompanhariam-a crescendo como amigos fiéis, e teriam seus
próprios filhos também.
Após três meses Liam pediu a mão de Zayn em casamento. Eles se casaram
no fim de Abril do ano seguinte sob um evento íntimo e delicado, com
Sophia sendo a dama de honra.
Bristok e Arlen se unificaram.
E eles foram bons reis, certamente. Tiveram dois filhos, Logan e Henry, e
prosseguiram próximos de Sophia para o resto de suas existências.
Naquele dia que Jezebel flagrou a briga entre Harry e Andrew no aposento
de Styles ela estava, na verdade, indo para o aposento de Niall quando os
escutou. Ficou relutante em se intrometer temendo que aquilo a expusesse e
também agiu estranho ao cuidar das feridas de Harry por já saber que
Lorena estava tentando derruba-lo e que aquele cenário da revolta de
Andrew era uma consequência do que sua irmã havia planejado.
*
- O assédio que Harry sofria em sua adolescência pelo Rei Franco o
causou muitos traumas? Seu pai sabia?
Talvez parte de sua propensão muito submissa tenha sido um efeito do que
ele viveu. Refletindo também na premissa que ele desenvolveu sobre 'sexo
não ter valor'. Ele mantinha muitas relações sexuais com os príncipes nas
temporadas por tratar aquilo como uma parte de sua vida antiga. Pensava
que não poderia ter o amor deles, então se contentou em ser usado e usá-los
para prazer.
É por esse motivo que no capítulo quarenta e um, quando eles fazem sexo
na Selva e Harry se coloca de quatro no chão, a intervenção de Louis é tão
importante. Porque ele entende que Harry se subjugava a esses
posicionamentos por se sentir um pouco de um objeto, acostumado a
oferecer-se a eles da forma que preferissem, da forma que os excitassem,
sem questionar muito a respeito do que exatamente estava fazendo,
querendo agradar os demais.
De volta nos tempos antigos, nas vezes em que era abusado pelo Rei
Franco.... bem, seu pai possivelmente desconfiava, pois é muito difícil que
esse tipo de ocorrido frequente não o alertasse que algo estava errado.
No entanto, ele se fez de desentendido.
A esta época Gemma já havia falecido e não havia quem recorrer, sem
contar que neste século a ideia de 'abusos sexuais' não era considerada tão
grave como hoje em dia. Então nosso príncipe Harry infelizmente sofreu
em silêncio pelo estupro.
(Dedico a explicação a @Patriciademoraes e @gabizinhaduarte)
Mas, como uma autora que facilmente se encanta pela ideia deles,
materializo alguns cenários interessantes.
Harry também abriu seu Palácio nos finais de semana para que os cidadãos
- desde os humildes aos ricos - festejassem com vinho, musicais e
banquetes (sendo a única regra ter que usar um par de asas durante o evento
as quais ele ordenou confeccionar milhares - Harry nunca foi muito
convencional de qualquer modo. Ele se divertia com a visão de idosos
vestidos como borboletas).
A primeira criança que geraram foi por barriga de aluguel. E, desde que
naquela época não havia avanços na área de biomedicina e genética, a
reprodução teve que ocorrer da maneira tradicional.
Essa situação seria um tanto - muito - constrangedora para eles pois... ter
sexo com uma outra pessoa soava complicado.
Harry não falou com Louis por uma semana depois daquilo, e Louis insistia
que "... mas, paixão, esta ideia foi sua!"
E ele rebateria com lágrimas de ciúmes escorrendo de seus olhos com "É,
mas... mas... mas, ugh! Você não gemeu, né? Você nem ao menos gozou
muito, certo? Foi pouquinho que gozou porque não apreciou, sim?
Promete?
E Louis tinha que prender o riso porque ele era só tão adorável "Amor, eu
gozei de olhos fechados imaginando que era você quem estava embaixo de
mim. Eu juro."
Esse desfecho tomaria uma proporção diferente ao passo que Louis cercasse
Harry e sussurrasse em seu ouvido "Não há nada que se compare a você
cavalgando em mim, aos seus gemidos, ao seu prazer quando chega ao
ápice e espreme os olhos fechados, choramingando. Nosso sexo é arte,
paixão."
E isso bastaria por ora para que Styles ignorasse esse incômodo interior e
entrelaçasse suas pernas na cintura de Louis sibilando algumas palavras
sujas e se esfregando nele necessitado.
Nove meses depois chegou o resultado.
Depois dos primeiros meses Beau ficou menos dependente da moça que o
gerou, e pôde finalmente ser todo de seus pais. Seus pais os quais não o
largavam.
Harry fazia questão - pasmem - de preparar a madeira e trocar suas fraldas
mesmo que isso o fizesse soltar alguns palavrões em voz baixa ao sentir o
forte odor daquilo.
Quando Beau crescesse alguns anos, contudo, eles teriam uma pequena
surpresa.
Ao devanear a respeito, na época em que cogitava escrever uma segunda
parte dessa história, eu retrataria especificamente disso. Seria como um
grande acontecimento, pois, certo, Beau era filho de Harry, o que
significaria ser completamente natural ele apreciar vestir-se com vestidos, e
estender a mão em direção das maquiagens de Styles, ou chorar sob a
ameaça de ter suas bonecas guardadas para que dormisse. Eles não
distinguiam ou especificavam o que era apropriado para 'menino' ou
'menina'.
O que Louis e Harry não cogitavam era que, no fundo, aquela era uma
situação inusitada para a época, pois conforme envelheceu a criação para os
seis anos, eles compreenderam que o filho deles não se enxergava como o
Beau, e sim como a Beau.
Foi difícil reconhecer tal circunstância sobre seu filho, porque era normal
para Harry e Louis que o garoto quisesse manter os cabelos compridos,
como o pai, e usasse saias, e batons, e desfilasse como uma princesa. Mas
após um tempo Harry constatou com certa surpresa que Beau era, de fato,
uma princesa.
Foi como o novo Vício de Styles. "São tantos brotinhos!" ele anunciaria,
referindo-se a todos como 'brotos'. "Nós temos um jardim lindo!".
Louis brigaria vez ou outra com Harry por ele ser um pouco sem noção,
como na vez em que se deparou com Arthur pulando com barbantes
amarrados em seus pulsos, o que o assustou. E, quando perguntado, seu
filho disse que o 'papai Harry' havia feito isso como uma mensagem a
Tomlinson que ele não entendia.
Louis não precisou de esforços para saber que aquela noite Harry desejava
ser amarrado e fodido como nunca contra a cama.
E aquela seria perfeita definição de 'eternidade' que Harry guardaria para si.
Harry estaria sentado na grama, divagando algo como "Meu deus, ela já
está tão grande! Eu realmente quero chorar por isso! É como se fosse
ontem que nosso brotinho se transformou em uma flor".
Harry levantaria a cabeça flagrando-a com seu lindo vestido azul, e seus
cabelos amarrados em um coque, sorrindo como quem ainda tem um
mundo para descobrir aos vinte e cinco anos de idade, remetendo-o à sua
própria juventude e como os invernos pareciam muitos longos naqueles
tempos.
Ela reviraria os olhos mas aceitaria (Harry nunca pararia de ser assim
protetor) e sairia.
E então Styles calmamente inspiraria fundo e olharia uma última vez para a
lápide, sorrindo.
Ele deixaria uma margaria em cima dela como em todos os dias e
sussurraria com carinho "Tchau tchau meu bem, meu mundo é seu, e eu
também".