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INICIAÇÃO EM FILOSOFIA

PROF. DANIEL FREIRE COSTA

Saudações berilenses!

Esse texto inicia a primeira etapa de um curso de filosofia em duas fazes. Possui
por propósito oferecer uma orientação inicial de interpretação da atividade filosófica
para os estudantes do terceiro série do ensino médio da Escola Estadual Berilo
Wanderley que estão se preparando para o ENEM em tempos de pandemia.

No texto introdutório que segue se oferece uma descrição conceitual da


filosofia e de seu lugar na cultura. Nos demais se oferta uma introdução no exercício
da atividade filosófica a partir da história da filosofia e por intermédio de seus
principais autores, o grupo de filósofos de maior influência.

Os textos serão disponibilizados um a um semanalmente nas plataformas


digitais da escola com propostas de estudos dirigidos. Este é o primeiro de oito. Os
primeiros quatro textos terão como apoio a História da filosofia, de Paulo Ghiraldelli
Júnior. Os quatro últimos, o livro didático de filosofia adotado, Fundamentos de
filosofia, do Gilberto Cotrim e da Mirna Fernandes.

Boa iniciação!

1. CARACTERISAÇÃO GERAL DA FILOSOFIA E DE SEU LUGAR NA CULTURA

Qual seria a melhor forma de ser iniciado em uma tradição? E qual é o lugar da
filosofia na cultura?

Costuma-se dizer que a filosofia é uma tradição de pensamento. Por vezes, que
é uma disciplina do conhecimento, com programa bem definido, método e corpo de
conhecimento próprios. Ou, por vezes também, que é um gênero literário. Essa
tradição, disciplina ou gênero literário gira em torno de um conjunto de textos, os
escritos dos filósofos. Os textos são os traços gráficos de uma prática, a escritura.
Nada melhor do que o testemunho dos filósofos para compreender a
especificidade dessa tradição, disciplina ou gênero literário e de seu lugar na cultura.
Mas o que é uma tradição, uma disciplina e um gênero literário?

De um modo mais abrangente, costuma-se definir uma tradição como sendo


uma herança de hábitos, valores, atitudes e conhecimentos compartilhados por um
grupo de indivíduos. Essa interpretação entende que a função social de uma tradição
seria o de conferir aos participantes identidade individual pelo grupo e orientação
quanto ao comportamento prático e a postura moral. Tradição assim compreendida
coincide com uma definição mais abrangente de cultura.

A cultura pode ser interpretada como aquele âmbito social de expressão e


transmissão de uma herança, de uma tradição. Aqui é possível também perceber um
encontro com a concepção clássica de educação (paidéia, em grego). A transmissão
acontece pela educação do grupo cuja finalidade é a manutenção da vida na tradição
transmitida. A prática educacional forma o indivíduo conferindo-lhe identidade e
orientação ao transmitir hábitos, valores, atitudes e conhecimentos.

Nesses termos, a iniciação em filosofia, interpretada como uma tradição


específica proveniente de uma tradição maior, a tradição ocidental, pressupõe
condução pedagógica, já que só a educação, a transmissão cultural, pode introduzir
adequadamente um indivíduo na participação de uma herança maior e de suas
manifestações específicas. E as escolhas na condução da prática pedagógica serão
decisivas na formação do iniciante.

Contudo, para que essa interpretação ofereça uma visão de conjunto, antes se
faz necessário situar a filosofia como uma tradição específica do âmbito mais geral da
cultura em questão, da expressão e transmissão dessa herança maior que é a tradição
ocidental.

No âmbito mais abrangente, o que a cultura transmite é uma tradição comum


aos participantes. A tradição ocidental surge na Grécia antiga e ao longo de sua
história passou por significativas transformações. Sua forma de pensamento é hoje em
dia predominante no mundo. Ao observar que uma tradição maior, como a ocidental,
se manifesta de múltiplas formas, percebe-se que ela comporta um conjunto de
tradições específicas menores que só participam aqueles que nelas forem treinados.

Os conceitos de “Tradição”, enquanto conjunto de hábitos, valores e


conhecimentos, “cultura”, como aquele âmbito de expressão e transmissão da
tradição, e “educação”, enquanto procedimento e manutenção dessa transmissão,
convergem com a concepção clássica de arte (em grego, tekhné).

Arte, em seu significado clássico mais geral, tal como se pode encontrar nos
diálogos de Platão (427-347 a.C.), qualifica todas as atividades humanas ordenadas e
que, portanto, exigem treinamento, distinguindo-se assim, em seu complexo, da
natureza. Toda arte específica é orientada por um conjunto específico de regras
capazes de dirigir eficazmente sua atividade. Cada arte possui uma finalidade (télos,
em grego) na cultura e um método (methodos, em grego, que significa “caminho”)
para alcançá-la. Existe a arte de educar. O propósito é a formação do indivíduo na
tradição que está sendo introduzido. O método (caminho), a transmissão de hábitos,
atitudes, valores e conhecimentos orientada por um conjunto de regras pedagógicas.
Existe também na vida da cultura a arte da política, cuja finalidade, segundo Aristóteles
(384-322 a.C.), destacado discípulo de Platão, seria o bem comum. E o método, a
deliberação racional. A medicina (arte de curar), o artesanato (arte de fabricar
artefatos), a navegação (arte de navegar), a construção (arte de edificar estruturas), a
ciência (arte do conhecimento rigoroso) e assim por diante, enquanto atividades
ordenadas com finalidade e método, podem ser tomadas corretamente como
exemplos que entram na definição clássica de arte.

Aristóteles legou uma forma racional de ordenar a hierarquia das artes na


transmissão cultural de uma cidade (pólis, em grego). A política seria a arte mestra na
organização da pólis, posto que é de sua responsabilidade todas as decisões
deliberativas. Pertencem à atividade política não só a escolha das artes adotadas como
também a determinação da importância conforme o propósito que cada uma assume
e da seleção daqueles que serão os seus respectivos praticantes. A política funda uma
pólis e mantêm o seu funcionamento por intermédio de um bom ordenamento das
artes. A arte de educar vem como segunda em importância, pois sem ela não se pode
manter a herança viva. Com política e educação ruins, tudo degrada.
Como a transmissão cultural de uma tradição maior exige uma organização
hierárquica das artes, isto é, das práticas ordenadas por conjuntos específicos de
regras, fica assim compreendido como essa interpretação do que venham a ser
“tradição”, “cultura” e “educação” faz o encontro das três com a definição clássica de
arte. É através das artes que a herança cultural é transmitida e exercida em suas
formas expressivas.

A ação das artes na transmissão cultural confere aos praticantes identidades


que se especificam somente na sua relação com o âmbito maior da cultura de uma
identidade mais abrangente. O conjunto de determinações na definição da identidade
pública de uma personalidade histórica da Grécia antiga, por exemplo, segue uma
ordem em que as determinações mais específicas dependem do reconhecimento de
uma determinação mais geral e primeira, a cultura em que foi educado. A localidade
da comunidade de origem atesta o pertencimento, ao mesmo tempo que fornece o
reconhecimento da segunda determinação mais geral, a cidade (pólis, em grego). Uma
terceira determinação, menos geral que a anterior, diz respeito ao papel social da arte
principal em que foi treinada. Uma quarta, dos feitos reconhecidos no exercício das
funções.

Na determinação da identidade pública de uma personalidade histórica da


Grécia antiga, a quarta determinação acima enumerada depende da terceira. E todas
dependem da primeira. Na definição da identidade pública de Hipócrates, por
exemplo, ser grego, originário da cidade de Cós, é anterior a ser médico. E ser médico
é anterior aos feitos no exercício da arte. Se é brasileiro antes de ser reconhecido
como preto, pardo, branco ou caboclo de determinada região ou com profissão
específica. Ao menos assim deveria ser. A determinação da identidade pública de Pelé
(Edson Arantes do Nascimento) como um famoso ex-jogador preto da história do
futebol depende de uma determinação anterior mais geral, a de ser brasileiro.

Em outras palavras, o reconhecimento da parte mais específica da identidade


pública de um indivíduo, que diz respeito sobretudo à função assumida na sociedade e
dos feitos reconhecidos no seu exercício, depende do reconhecimento de parte mais
abrangente, a cultura em que foi educado. Por isso Hipócrates é reconhecido como
tendo sido um renomado médico grego, originário da ilha de Cós; e Pelé, um famoso
ex-jogador brasileiro de futebol, originário de Três Corações (MG).

Como foi apontado no exemplo do reconhecimento de personalidades


históricas da Grécia antiga, a denominação da cidade de origem é uma marca de
comprovação do pertencimento a uma tradição maior que transcende função social e
comunidade, aquilo que todas as cidades gregas tinham culturalmente em comum, em
maior ou menor grau. A medicina grega era uma arte específica, cultivada dentro de
um contexto social maior, a cidade (pólis). Por sua vez, as cidades-estados da Grécia
antiga, com suas formas de organização, pertenciam a um contexto de partilha de
maior abrangência, um conjunto de hábitos, valores e conhecimentos relativamente
comuns entre os gregos. Cada cidade apresentava suas especificidades, formas
particulares de expressão e transmissão da cultura comum. Os mitos transmitidos, por
exemplo, poderiam mudar conforme a região e as transformações das necessidades de
uma geração para outra.

A lógica de determinação no procedimento de definição da identidade pública


de uma personalidade histórica, que vincula o mais específico ao mais geral, é a
mesma na classificação clássica do conhecimento. Como o conhecimento, no sentido
clássico, é fruto da atividade humana ordenada (arte, em sentido clássico), então a
classificação do conhecimento coincide com a classificação clássica das artes. Nos
diálogos de Platão se encontra uma classificação que divide o conhecimento em dois
grupos maiores, o conhecimento das artes judicativas e o conhecimento das artes
imperativas. O primeiro consiste simplesmente em conhecer, o que Aristóteles
denominou de conhecimento teorético, cuja finalidade é o conhecimento por ele
mesmo. O segundo, de dirigir uma atividade com base no conhecimento, o que
Aristóteles denominou de conhecimento prático, cuja finalidade é uma ação ou um
produto.

A filosofia pertenceria àquele grupo que Platão denominou de ciência


(epistéme, em grego), que entra as artes judicativas (ou teoréticas) é aquela que se
utiliza da mediação de uma elevada racionalidade. Ciência, em sentido clássico, é a
arte de conhecer com rigor pelo raciocínio, de reconhecer com exatidão o que é e o
que não é adequado afirmar sobre estados de coisas. Entre as artes do raciocínio, a
filosofia é tida por Platão e Aristóteles como a mais rigorosa. É a arte que pode
conduzir a inteligência para uma contemplação (teoria) que se atém ao estritamente
essencial e primeiro sobre o estado de coisas investigado, isto é, o princípio
fundamental de sua existência, sua razão de ser. A filosofia, assim compreendida, seria
uma forma rigorosa de encontrar e dar as razões fundamentais sobre simples estados
de coisas.

Segundo Aristóteles, o objeto, o estado de coisas da investigação filosófica é a


existência na sua totalidade. É nesse sentido que ela é tida como a ciência primeira, a
mais abrangente e importante porque estuda os primeiros princípios e fundamentos
da realidade no seu todo. Como a filosofia, enquanto tradição de uma atividade
humana ordenada (arte) de conhecimento rigoroso (ciência), surge no contexto
cultural da pólis grega há cerca de 2.500 anos, ela é reconhecida pela historiografia
como uma tradição ocidental proveniente da cultura grega antiga.

Dito isso, se pode agora lançar mão de uma interpretação sobre a razão da
filosofia não raras vezes ser considerada como uma disciplina do conhecimento. Para
que uma atividade de conhecimento seja reconhecida como disciplinar, se faz
necessário que ela se apresente como um programa de pesquisa bem definido, com
objeto de investigação e método próprios.

Tomemos a definição clássica de filosofia como exemplo. Como


tradicionalmente foi compreendida como a ciência que estuda a realidade na sua
totalidade, caem no campo de investigação da filosofia, assim definida, todo e
qualquer objeto tido como possível. Seu método de investigação seria a teoria
(theória, em grego), que em Aristóteles significa contemplação das possibilidades
existenciais condicionantes do objeto investigado. Nessa contemplação o que se vê são
os princípios fundamentais, aquele âmbito da realidade do objeto que faz o objeto ser
o objeto que ele é, isto é, sua origem condutora (arkhé, em grego), seu região
fundamental. Os modos de alcançar a contemplação também são chamados de
métodos, caminhos que podem conduzir o iniciado à atitude contemplativa da
investigação filosófica. Platão legou, nesse intento, a dialética, a arte da definição
universal. Uma vez de posse dos princípios originários da região fundamental do
objeto, definidos na sua universalidade, o filósofo pode inferir conhecimentos mais
específicos sobre o objeto investigado. Os princípios e as inferências compõem o
conhecimento da atitude contemplativa.

Mas a atividade da filosofia não se resume à atitude contemplativa de


conhecer, embora tenha sido considerada por Aristóteles como sua parte mais
importante, sua finalidade última. Faz parte da prática filosófica a transmissão e
discussão do conjunto de temas e problemas específicos da disciplina. Para que uma
tradição possa ser preservada, é imprescindível o registro das atividades e dos
resultados.

A escrita possui uma função pedagógica e historiográfica de registro e


transmissão. Na época dos filósofos da Grécia antiga já havia um sistema de escrita
bem desenvolvido. Os primeiros filósofos copiaram dos aedos, poetas gregos da
tradição oral, sua estrutura poética de expressão, transpondo-a para escritura e
escrevendo assim em versos metrificados. Inclusive Heródoto (485-425 a.C.) de
Halicarnasso, famoso historiador e cronista grego (logógrafo), um contemporâneo
mais velho de Sócrates (469-399 a.C.), normalmente tido no Ocidente como o primeiro
a compor um relato racional e estruturado de acontecimentos provenientes da ação
humana, também escreveu em verso.

Só a partir de Anaximandro (610-546 a.C.) de Mileto e Heráclito (502-450 a.C.)


de Éfeso que a filosofia desenvolveu um estilo próprio que a libertou da metrificação, a
prosa, rapidamente exportada para outras formas de registro de atividades não
filosóficas do mundo grego antigo. Vale lembrar que existem alguns testemunhos
antigos que reconhecem o historiador e cronista Cadmo de Mileto, um
contemporâneo mais jovem de Anaximandro que viveu aproximadamente um século
antes de Heráclito, como um dos primeiros prosistas. Mas há dúvidas até de que
Cadmo tenha existido. E mesmo que o tenha, assim como os de Anaximandro, seus
escritos não foram preservados. A doutrina de Anaximandro foi ao menos preservada
por testemunhos indiretos, sobretudo de Aristóteles. Já de Heráclito existem citações
diretas, enxertos textuais significativos preservados por doxógrafos, compiladores da
antiguidade de opiniões dos filósofos antigos. Então Heráclito é o melhor exemplo de
uma primeira prosa grega bem desenvolvida.
Os discípulos de Sócrates, entre eles Platão, adaptaram do teatro o caráter
cênico dos diálogos e inventaram um gênero literário, os diálogos socráticos, prosa de
diálogos ficcionais entre personagens supostamente reais sobre temas diversos
tratados filosoficamente. Os discípulos de Aristóteles cultivaram o hábito de registrar
as aulas copiando a forma expositiva do mestre, legando para a posteridade o modelo
técnico de exposição conceitual. A forma expositiva de mostração técnico-conceitual
de um assunto ainda hoje é o modelo de registro mais seguido, seja qual for a área do
conhecimento.

A Michel de Montaigne, filósofo francês do século XVI, lhe é creditado o ensaio,


um estilo livre e pessoal de expor o assunto sem pretensão de ser um estudo. O ensaio
é um gênero textual largamente praticado hoje em dia por uma vasta gama de
escritores provenientes das mais diversas áreas da atividade cultural (não só filósofos,
mas também teólogos, jornalistas, críticos literários, cientistas, entre outros).

Esse conjunto específico de formas de registro da atividade filosófica, pessoal


ou coletiva, confere à filosofia um palheta estilística de gêneros textuais. O conjunto
dos escritos filosóficos constitui um corpo de textos que versam sobre temas definidos.
Por ser possível observar em seus registros essas duas características, gêneros textuais
e temas específicos, a filosofia pode ser também concebida como um gênero literário.
Como os segredos da atividade filosófica estão contidos nesse corpo, os textos
representam sua fonte universal de acesso. A partir de uma apropriação do corpo
textual desse gênero de literatura, na discussão dos temas e problemas específicos,
pode-se aprender a atividade intelectual que é a filosofia.

Para concluir essa introdução, e de tudo o que foi dito até aqui, se arrisca agora
uma resposta às duas perguntas principais levantadas no início, a saber, qual a melhor
forma de ser introduzido numa tradição e qual é o lugar da filosofia na cultura.

O posicionamento quanto a sua função histórico na cultura foi determinado


desde os seus primórdios. O lugar de fala da filosofia é a crítica orientadora. Ela nasce
como crítica da cultura, como crítica às formas de pensar e de se organizar da tradição
a qual faz parte. É seu papel apontar os problemas e limites e ofertar uma
interpretação mais rigorosa sobre tudo o que é possível a um ser humano educado
conceber de como são as coisas e como elas poderiam ser. É nesse sentido que Platão
fala que o filósofo é médico e legislador de almas. Com sua atitude questionadora,
oferece os remédios para que possamos lidar com as enfermidades provenientes de
uma condição anêmica que nos é constitutiva, a ignorância. No questionamento
filosófico podemos conceber uma compreensão organizada sobre si mesmo e a
realidade em volta que considera nossa situação existencial no mundo. E munido da
capacidade de contemplar as possibilidades existenciais, um filósofo pode, também,
ofertar caminhos mais interessantes na vida da cultura, como direcionamentos éticos e
organizações sociais mais justas que promovam uma melhor condução moral e cívica.

Quanto à melhor forma de ser introduzido em uma tradição específica, se


defende aqui que é a apropriação textual da história de suas atividades. Se aprende a
filosofar inicialmente com alguns poucos textos introdutórios que deem as poucas
ferramentas necessárias para aprender a pensar filosoficamente e interpretar sua
literatura específica. A iniciação em filosofia que este curso oferta se pretende como
um primeiro guia. Ela articula a história da filosofia tendo como fio condutor uma
discussão com a contribuição dos filósofos mais influentes. Se verá que a filosofia
andou, que não permaneceu a mesma sempre e que suas mudanças marcam as
transformações históricas do pensar no Ocidente.

ESTUDO DIRIGIDO

1. Pesquisar na internet o significado clássico (grego antigo) de educação


(paidéia), arte (tekhné) e ciência (epistéme). Desenvolver um texto
argumentativo que aponte razões da importância do ensino de filosofia
articulando os conceitos pesquisados.

2. Ler o primeiro capítulo do livro História da filosofia de Paulo Ghiraldelli Júnior,


“Os pré-socráticos e os saberes filosóficos”. Identificar e compreender os
conceitos gregos de physes, lógos, arché, Kósmos e devir e a importância da
distinção entre aparência e realidade que faz da filosofia uma tradição crítica
em relação à tradição mitológica. Identificar os primeiros filósofos,
denominados por Aristóteles por physiologoi (físicos), suas doutrinas e o uso
que fizeram dos conceitos destacados. Por exemplo, como cada um das duas
principais tríades dos filósofos pré-socráticos (Tales, Anaxímenes, Anaximandro
e Pitágoras, Heráclito, Parmênides) compreendeu a arché, princípio e origem
de todo o kósmos (totalidade ordenada), assim como o devir da physis, a força
de mudança da natureza, de geração e corrupção do contínuo fluir de um
contrário ao outro, como do quente ao frio, ou como do ser ao não mais ser.

3. Fazer um mapa conceitual da doutrina dos filósofos trabalhados como exercício


de fixação.

Ex:

Tales

Princípio (Arché): água | Mudança (devir): modulação da arché(água)

Anaxímenes

Arché: ar | Devir: rarefação e condensação da arché(ar)

Anaximandro

arché: apéiron (o indeterminado) | devir: diké(justiça)

Pitágoras

arché: razão (lógos) | devir: aparência (a mudança não é o mais real)

Heráclito
arché: fogo/logos | devir: guerra dos contrários

Parmênides

arché: ser (aquilo que é, que existe) | devir: aparência (ilusão)

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