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Material Teórico
Introdução à Físico-química e ao Estudo dos Gases
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Introdução à Físico-química
e ao Estudo dos Gases
• Introdução à Físico-química;
• Estudo dos Gases Ideais e suas Propriedades;
• Estudo dos Gases Reais e suas Propriedades.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Introduzir os estudos de físico-química;
• Discutir os principais termos e conceitos que serão utilizados ao longo da disciplina;
• Apresentar e analisar quantitativamente problemas relacionados aos gases ideais e gases reais.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Introdução à Físico-química e ao Estudo dos Gases
Introdução à Físico-química
Para se definir o estudo da Físico-química precisamos primeiramente conceituar
o que é a Física e o que é a Química. A Física é a ciência que estuda os fenômenos
da natureza e as descreve por meio de formulações matemáticas. O cair de uma
pedra, por exemplo, é um fenômeno natural para o qual a Física se encarrega de
encontrar uma resposta e, através de uma equação matemática, se tem a descrição
completa do movimento dessa pedra.
A Química, por sua vez, é a ciência que estuda a matéria, suas propriedades e
suas transformações. A interação entre o ferro e oxigênio formando a ferrugem
no metal é um exemplo de fenômeno descrito pela Química. Os átomos são as
unidades básicas da matéria e são constituídos de partículas elementares chamadas
prótons, nêutrons e elétrons. Os prótons e nêutrons formam o núcleo atômico
e os elétrons orbitam em torno desse núcleo na região chamada de eletrosfera.
Os prótons possuem cargas positivas (+), nêutrons não possuem cargas e os elé-
trons possuem cargas negativas (-).
Prótons e nêutrons: situam-se no núcleo atômico. O próton possui carga positiva e o nêu-
tron não possui carga;
Elétron: orbita no núcleo atômico na região chamada de eletrosfera. Possui carga negativa.
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O número de prótons no núcleo do átomo define o elemento químico. Por exem-
plo, um átomo que possui apenas um próton no seu núcleo atômico é definido
como elemento químico Hidrogênio (H). O elemento químico Carbono (C) é defini-
do por possuir 6 prótons no seu núcleo atômico. O número de prótons no núcleo
de um átomo é comumente definido como o número atômico, Z. O número total
de prótons e nêutrons no núcleo e definido como número de massa, A. Átomos
com o mesmo número atômico Z, mas com diferente número de massa A são cha-
mados de isótopos do elemento. Os elementos químicos ordenados em função dos
números atômicos estão dispostos na tabela periódica.
Explor
Importante! Importante!
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UNIDADE Introdução à Físico-química e ao Estudo dos Gases
Matéria e Energia
A matéria é constituída por substâncias formadas de átomos e moléculas.
No nível macroscópico, a matéria é constituída por um imenso número de átomos
e moléculas. Um copo com água, gelo e uma cadeira são exemplos de matéria no
nível macroscópico. A quantidade de matéria no nível macroscópico é descrita por
sua massa, dada em unidades de gramas (g) ou quilogramas (kg). No entanto, para
descrever a quantidade microscópica da matéria (átomos, moléculas) precisamos de
uma unidade que associe a massa da substância com o número de átomos ou molé-
culas correspondente. Essa unidade de medida é chamada de mol. O mol é a quan-
tidade elementar (átomos, moléculas etc.) de uma substância e contém unidades
elementares. Por exemplo, a cada 12 gramas de carbono-12, temos 6,022 x 1023
átomos de carbono, ou seja, 1 mol de átomos de carbono. Esse número de espé-
cies por mol é chamado de constante de Avogadro, NA = 6,022 x 1023 mol-1.
Outra grandeza importantíssima é a massa molar M de uma substância, que é a
massa da substância por mol de átomos, moléculas etc. O gás hidrogênio (H2), por
exemplo, possui massa molar de 2 g/mol, ou seja, cada 1 mol de gás hidrogênio
corresponde a 2 g de gás hidrogênio. Por fim, o número de mols de uma substân-
cia, n, pode ser calculado pela relação:
m
n=
M
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Estados da matéria
Existem basicamente três estados físicos que a matéria macroscópica pode ser
encontrada: sólido, líquido e gasoso.
• Estado sólido: os átomos estão bem compactados (condensados) e com
arranjos geométricos bem definidos. Os átomos se dispõem em posições
definidas e fixas. Possui uma forma e volume definidos que independe do
recipiente que ocupa.
• Estado líquido: os átomos ou moléculas não estão bem organizados em rela-
ção ao sólido, apesar de ser denso e pouco compressível. As moléculas estão
fortemente ligadas e possuem maior grau de movimentação. A sua forma varia
de acordo com o recipiente que ocupa.
• Estado gasoso: os átomos ou as moléculas estão complemente desorganiza-
dos, sendo um estado pouco denso e altamente compressível. Os átomos es-
tão totalmente desagregados e uma alta energia de movimento das partículas.
Ocupa todo o volume do recipiente variando a sua forma.
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UNIDADE Introdução à Físico-química e ao Estudo dos Gases
Fronteira
Sistema do sistema
Gás
Vizinhança
Figura 4 – Representação esquemática de um sistema termodinâmico indicando
o sistema, a fronteira (linha tracejada em vermelho) e a sua vizinhança
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Sistema
A B
C D
Gás
Tsistema = TA = TB = TC = TC
Vsistema = VA + VB + VC + VC
Figura 5 – Representação esquemática de um sistema termodinâmico com a
descrição da temperatura (propriedade intensiva) e do volume (propriedade extensiva)
Unidades de Medidas
As grandezas macroscópicas físicas são muito importantes para caracterizar
o estado de um sistema. Essas grandezas são definidas por um valor numérico e
sua unidade de medida. A temperatura, por exemplo, é uma grandeza descrita
pelo seu valor numérico e a unidade de medida. Estamos acostumados com a es-
cala celsius (ºC) como unidade, porém, em países de origem anglo-saxã, a escala
Fahrenheit (ºF) é a mais comumente utilizada.
Mas qual seria a unidade de temperatura a ser utilizada?
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UNIDADE Introdução à Físico-química e ao Estudo dos Gases
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entre as moléculas do gás e as colisões das moléculas com a parede do recipiente são
totalmente elásticas, ou seja, não ocorre perda de energia de movimento (cinética)
após a colisão. Dessa forma, não temos a transformação da energia cinética da mo-
lécula em calor após a colisão. No caso do gás ideal, o volume da molécula do gás é
desprezível e as interações intermoleculares de origem eletrostática, ou seja, intera-
ções de atração ou repulsão entre as moléculas também são desprezadas.
Para se determinar a condição do gás em um sistema, ou seja, o estado do gás,
devemos obter as seguintes propriedades físicas do gás no sistema: o volume V; a
quantidade de matéria ou número de mols n do gás; a pressão p; e a temperatura
T do sistema. Experimentalmente, basta determinar três dessas grandezas para que
a quarta seja obtida. Na seção anterior, discutimos sobre o número de mols, então,
falaremos agora um pouco das grandezas de pressão e temperatura e, em seguida,
enunciaremos a equação de estado do gás ideal, ou lei dos gases ideais.
Pressão (p)
A pressão é uma grandeza física definida como a razão entre a força e a área
sobre a qual a força é aplicada.
F
p=
A
Quanto maior a força que atua sobre uma área, maior será a pressão exercida. Po-
demos observar também que a pressão aumenta com a diminuição da área quando
aplicado uma força F constante. Isso explica o motivo de o prego possuir uma ponta
na sua extremidade, pois diminui a área de contato com a parede e, dessa forma,
aumenta a pressão exercida pela força aplicada pelo martelo. No nosso caso, a força
exercida por um gás na parede do recipiente tem origem nas inúmeras colisões entre
as moléculas do gás com a parede. A unidade SI da pressão é o pascal (Pa), que é
equivalente a Pa = 1 N/m². No entanto, existem muitas outras unidades de pressão
que ainda são bastante utilizadas, como a pressão atmosférica (atm), milímetros de
mercúrio (mmHg), metros de coluna de água (m.c.a) e o bar.
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Temperatura (T)
Estamos acostumados a falar, em nosso dia a dia, a todo momento, sobre a
temperatura. Comentamos sobre a temperatura ambiente de uma sala, cidade ou
país, temperatura para manter conservado os alimentos ou evitar altas tempera-
turas que podem estragar alguns produtos que consumimos. Mas como defini-
mos a grandeza temperatura?
Na físico-química, a temperatura é uma propriedade física que está associada
com a energia de um sistema. Quanto maior a temperatura de um sistema, maior
energia interna ela carrega. Dessa forma, a temperatura está diretamente relacio-
nada com o grau de agitação das moléculas do sistema, ou seja, a energia cinética
das moléculas. A unidade SI da temperatura é o kelvin (K), que é considerada a
escala absoluta, mas podemos facilmente encontrar as medidas de temperatura
em outras escalas como o Celsius (ºC) e o Fahrenheit (ºF). Podemos associar a
escala Celsius com a kelvin através da seguinte relação:
A escala Kelvin (não se fala grau Kelvin!) é considerada escala absoluta por considerar o zero
Explor
absoluto como referência de escala, ou seja, a agitação das moléculas de um sistema é nula.
Mas será que existem sistemas que alcançam o zero absoluto kelvin?.
Você sabia que existe uma escala chamada Rankine? Saiba mais consultando o link:
Explor
https://bit.ly/2IC0tph
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Importante! Importante!
Cuidado: o gás e o vapor não são análogos! O gás é um estado da matéria e para mudar
seu estado devemos alterar sua temperatura e pressão simultaneamente. A temperatura
do gás está acima da temperatura crítica da substância. A temperatura crítica é a tem-
peratura limite que determina a conversão do estado gasoso para o líquido, variando
somente a pressão. Acima da temperatura crítica, a substância só pode existir na forma
gasosa. No caso do vapor, temos a condição de equilíbrio entre a transição de gás e lí-
quido, ou seja, o vapor pode ser transformado em líquido somente com o aumento de
pressão ou com a diminuição da temperatura. A temperatura do vapor está abaixo da
temperatura crítica..
Boyle observou que, dado um gás em um sistema fechado e com a sua tempera-
tura constante (processo isotérmico), o volume do gás aumenta e simultaneamente
ocorre uma diminuição da pressão exercida pelas moléculas do gás nas paredes
do recipiente. Dessa forma, o volume e a pressão são inversamente proporcionais.
Equacionando a situação, o produto p.V é constante para uma quantidade determi-
nada de massa do gás e temperatura fixa, ou seja:
Charles formulou sua lei observando que, dado um gás confinado em um sistema
fechado e a pressão constante (processo isobárico), o volume do gás aumenta com
o aumento da temperatura e diminui com a diminuição da temperatura do sistema,
ou seja, o volume do gás é diretamente proporcional com a temperatura do siste-
ma. Equacionando a situação, temos:
Gay-Lussac, através dos estudos dos gases, observou que para um gás confina-
do em sistema fechado e volume constante (processo isocórico ou isovolumétrico)
sua pressão é diretamente proporcional à sua temperatura, ou seja, para o estado
inicial 1 e final 2 do gás, temos:
P1 P2
=
T1 T2
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UNIDADE Introdução à Físico-química e ao Estudo dos Gases
PV
1 1 PV
= 2 2
T1 T2
Por fim, Avogadro estabeleceu a relação do volume de um gás com o seu nú-
mero de mols, conhecido como o princípio de Avogadro: V = constante. n. Dessa
forma, a junção das leis de Boyle, Charles, Gay-Lussac e Avogadro nos fornece a
equação de estado do gás perfeito ou a lei dos gases ideais:
pV = nRT
A constante universal dos gases é uma constante física que associa o número de
mols de um gás com a pressão e temperatura. Para determinar o valor de R, con-
sideramos o sistema dentro das condições normais de temperatura e pressão
(CNTP). Dessa forma, temos na CNTP os valores para pressão p = 1 atm; n = 1
mol; T = 273,15 K e V = 22,4 L. Substituindo esses valores da equação de estado
do gás perfeito, obtemos o valor de R = 0,082 L.atm/K.mol.
Você notou que para obter o valor de R não precisamos saber qual é a composi-
ção do gás? Por isso que denotamos a constante R de constante universal.
Explor
Para maiores informações e detalhes dos critérios da CNTP, visite o site: https://bit.ly/2LXj7dc
Agora que temos um bom conhecimento sobre os gases ideais, podemos nos de-
parar com o seguinte problema: como descrever o comportamento de uma mistura
de gases? Para responder a essa pergunta precisamos determinar a contribuição de
pressão parcial e fração molar de cada gás que compõe a mistura. A fração mo-
lar (xi) de um gás componente da mistura é a razão entre o número de mols desse
gás com o número de mols total da mistura.
ni
xi = onde nT = n1 + n2 + é o número de mols total da mistura
nT
p1 = x1p
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Estudo dos Gases Reais e suas Propriedades
Trocando ideias... Importante!
Conforme vimos anteriormente, o modelo de gás ideal é o modelo mais simples possível
para descrever o comportamento dos gases. Em algumas situações, como em sistemas
com altas temperaturas e baixa pressão, podemos aproximar o comportamento do gás
ao comportamento ideal e, nesse caso, o modelo de gás ideal é satisfatório e suficiente
para explicar o gás no sistema.
No entanto, para sistemas com variação de pressão mais sensível, o gás não apresenta
esse comportamento ideal e o modelo de gás perfeito falha ao descrever as suas pro-
priedades físicas. Dessa forma, necessitamos de um modelo melhorado, mais próximo
da realidade e que corrija as falhas do modelo ideal. Um dos modelos propostos para a
resolução desse problema é o modelo de gás real. Discutiremos agora esse modelo em
detalhes e os seus melhoramentos em relação ao modelo de gás ideal.
Mas por que o modelo de gás ideal descreve bem somente sistemas com pressões
muito baixas e temperaturas muito elevadas? Isso é fácil de responder se lembrar-
mos da relação direta da temperatura com a energia cinética das moléculas do gás.
Dessa forma, para temperaturas elevadas, a energia cinética média das moléculas
do gás é alta e, com o aumento da velocidade das moléculas, temos um aumento
da distância média entre elas. No entanto, se reduzirmos a temperatura do sistema,
diminuímos a energia cinética das moléculas e consequentemente diminuímos a
distância média entre as moléculas, de tal forma que as interações de atração e
repulsão entre as moléculas começam a se tornar significativas na descrição do gás.
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UNIDADE Introdução à Físico-química e ao Estudo dos Gases
Vreal V RT
Z= onde Vreal = gás e Videal =
Videal ng p
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Basicamente, van der Waals inseriu na equação de estado do gás as correções
das forças intermoleculares (atração e repulsão) e o volume das moléculas do
gás. Dessa forma, temos a adição de dois termos na equação de estado, um para
corrigir as forças de atração e repulsão e outro para corrigir o volume das molé-
culas do gás. Na equação de van der Waals, o volume das moléculas é definido, e
não mais considerado como pontual ou desprezível. Após um longo estudo, van
der Waals apresentou a sua equação de estado:
nRT n2
p= -a 2
(V - nb) V
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UNIDADE Introdução à Físico-química e ao Estudo dos Gases
nRT n2
Berthelot p= a
(V - nb) TV 2
nRT ì ï
ï nB (T ) n 2C (T ) ü
ï
ï
Virial p= í1 + + + ý
(V - nb) ïîï V V 2
ï
ï
þ
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Físico-química
ATKINS, P. W.; DE PAULA, J. A. Físico-química. Vol. 1 e 2. 9. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2018.
Química Geral e reações químicas
KOTZ, J. C et al. Química Geral e reações químicas. 3. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2016.
Vídeos
Modelos para Gases Reais
https://youtu.be/p7sBgGz4VKM
Leitura
Leis da Termodinamica
https://bit.ly/2VtVbkX
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UNIDADE Introdução à Físico-química e ao Estudo dos Gases
Referências
ATKINS, P. W.; DE PAULA, J. A. Físico-química. Vol. 1 e 2. 9. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2018
KOTZ, J. C et al. Química Geral e reações químicas. 3. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2016.
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