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Cosmetologia

Material Teórico
Química Inorgânica e Orgânica Aplicadas à
Cosmetologia e à Permeação Cutânea

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Grazielle Prado Alexandre

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Química Inorgânica e Orgânica Aplicadas
à Cosmetologia e à Permeação Cutânea

• Princípios da Química Inorgânica e Orgânica Aplicadas à Cosmetologia;


• Estrutura Química – Funções Inorgânicas;
• Elementos Anátomofisiológicos da Pele e Anexos Cutâneos
e sua Correlação com a Permeação Cutânea;
• Tecnologia Cosmética: Lipossomas, Nanosferas, Nanocápsulas Etc.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecimentos correlacionados à química e à Cosmetologia dos
Produtos Cosméticos e como esses fatores interferem na perme-
ação cutânea.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Química Inorgânica e Orgânica Aplicadas à
Cosmetologia e à Permeação Cutânea

Princípios da Química Inorgânica e


Orgânica Aplicadas à Cosmetologia
Para entendermos melhor a Cosmetologia, precisamos conhecer alguns concei-
tos relacionados à Química Inorgânica e Orgânica (REBELLO, 2016).

Átomos
É a menor parte da matéria, sendo assim caracterizado como elemento químico.

O átomo é composto de elétrons (giram ao redor do núcleo), prótons e nêutrons


(localizados no núcleo) (COSTA, 2012; REBELLO, 2016).

Figura 1 – Estrutura do átomo


Fonte: iStock/Getty Images

Exemplo: Íon sódio (Na+): composto de 11 prótons e 10 elétrons.

Quando o átomo está ionizado, forma o que denominamos íon (REBELLO, 2016).

Elemento Químico
É formado por átomos que apresentam o mesmo número atômico, as mes-
mas propriedades, como valência, afinidade química e potencial de ionização (RE-
BELLO, 201; NUÑEZ et al., 2003).

Na Tabela Periódica (Figura 2), temos disponíveis informações sobre o elemento


químico, a substância simples no estado mais estável e seu estado físico na natureza
(NUÑEZ et al., 2003).

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Figura 2 – Tabela Periódica
Fonte: iStock/Getty Images

Número Atômico
É o número de prótons existentes no núcleo do átomo (REBELLO, 2016).

O número atômico de cada elemento representa a identidade química do ele-


mento químico.

A Tabela Periódica (Figura 3) traz o número atômico de cada elemento químico.


Nessa Tabela, os elementos estão organizados em ordem crescente de números
atômicos, organizados por colunas, denominadas grupos, e linhas horizontais, de-
nominadas períodos. Os grupos correspondem a conjuntos de elementos cujos
átomos formam substâncias com propriedades físicas e/ou químicas semelhantes
(COSTA, 2012).

Figura 3 – Localização na Tabela Periódica do número atômico


Fonte: iStock/Getty Images

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Camada de Valência
As camadas eletrônicas de um elemento químico são denominadas K, L, M e N,
e seus subníveis s, p, d, f (FERREIRA; MATSUBARA, 1997).
A camada de valência é a camada eletrônica mais externa da eletrosfera e que,
efetivamente, participa das reações químicas, sendo essa camada importante quan-
do nos lembramos da ação dos radicais livres (REBELLO, 2016).
Definimos o termo Radical Livre (Figura 4) como átomo ou molécula altamente
reativa, que contém número ímpar de elétrons em sua última camada eletrônica
(FERREIRA; MATSUBARA, 1997).
A perda da estabilidade depende de diversos fatores externos (exógenos), como
radiação ultravioleta e fumo, e de fatores internos (endógenos) como falha imuno-
lógica (Quadro 1).
Nos Sistemas Biológicos, em condições fisiológicas do metabolismo celular ae-
róbio, o O2 sofre redução formando radical livre. A molécula pode sofrer homólise,
ou seja, a molécula sofre uma quebra na ligação (REBELLO, 2016; FERREIRA;
MATSUBARA, 1997).

Quadro 1
Endógenas Exógenas
Respiração acróbica Ozônio
Inflamações Radiações gama e ultravioleta
Peroxissomos Medicamentos
Enzimas do citocromo P450 Dieta
Cigarro
Fonte: Bianch e Antunes, 1999

Pode-se dizer que esta reação denominada homólise é o ponto de partida para
o aparecimento de radicais livres, sendo um elétron não emparelhado conferindo
uma alta reatividade (REBELLO, 2016; FERREIRA; MATSUBARA, 1997).

Figura 4 – Representação de radical livre


Fonte: iStock/Getty Images

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Importante! Importante!

A natureza demonstra que os átomos ficam mais estáveis quando a sua última camada
eletrônica está completa. Esse fato acontece, na maioria das vezes, quando a última
camada contêm oito elétrons. É a famosa “Regra do octeto” (REY).

Como observado na Figura 5, percebe-se que o radical livre apresenta elétrons


desemparelhados, isto é, instáveis, e para estabilizar, precisam de uma ligação quí-
mica. Os radicais livres podem se ligar à célula, no citoplasma, na mitocôndria ou
na membrana, causar danos e causar doenças ao ser humano.

Assim, entram em ação os antioxidades, que combatem a ação danosa dos radicais
livres. O radical livre se liga ao antioxidante, preservando a célula (BIANCH; ANTU-
NES, 1999).

Figura 5 – Desenho representativo da ligação do radical livre e do antioxidante


Fonte: iStock/Getty Images

Podemos utilizar compostos antioxidantes (Quadro 2) encontrados na dieta ou


mesmo sintéticos como um dos mecanismos de defesa contra os radicais livres,
sendo que o desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes, em que há excesso
de radicais livres, resulta na indução de danos celulares, que denominamos estresse
oxidativo (BIANCH; ANTUNES, 1999; FERREIRA; MATSUBARA, 1997).

Quadro 2
Não-enzimático L-cisteína
α− tocoferol (vitamina E) Curcumina
β− caroteno Enzimático
Ácido ascórbico (vitamina C) Superóxido dismutase
Flavonóides Catalase
Proteínas do plasma NADPH-quinona oxidoredutase
Selênio Glutationa peroxidase
Glutationa Enzimas de reparo
Clorofilina
Fonte: Bianch e Antunes, 1999

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Temos antioxidantes enzimáticos (Quadro 2), como glutationa reduzida (GSH),


superóxido-dismutase (SOD), catalase, glutationa-peroxidase (GSH-Px), e também
não-enzimáticos, muitos encontrados na nossa dieta (BIANCH; ANTUNES, 1999).

A seguir, o Quadro 3, com alguns eventos relacionados aos efeitos danosos do


radical livre no organismo humano.

Quadro 3 – Eventos relacionados aos efeitos


danosos do radical livre no organismo humano
Eventos relacionados a espécies reativas de O2*
Envelhecimento
Mutações
Câncer
Aterosclerose
Lesão por toxicidade de O2 em pulmão e retina
Lesão pós-isquema e reperfusão de cérebro, coração,
pele, intestino, pâncreas, fígado, músculo, rins e pulmões
Lesão pós-concussão cerebral e
pós-hipertensão intracraniana
Síndrome demencial
Disfunção renal pós-transplante
Artrite reumatóide
Hemocromatose transfusiomal
Doenças auto-imunes
Toxicidade decorrente da exposição a xenobióticos
Fonte: Ferreira; Matsubara, 1997

Moléculas
É a menor partícula de uma substância na qual existe certo número de átomos
ligados entre si, buscando sua estabilidade química (REBELLO, 2016).

Sabe-se que as moléculas são formadas a partir de átomos, ligados por forças
interatômicas e originando espécies estáveis (MORENO; TEIXEIRA, 1998).

Exemplo: a molécula do oxigênio (Figura 6) é formada por dois átomos de oxi-


gênio, pois assim é possível manter a estabilidade, tendo oito elétrons na última
camada de valência, sendo que cada átomo de oxigênio tem 6 elétrons na última
camada de valência, em que, por meio do compartilhamento de 2 elétrons, temos
a estabilidade da molécula (REBELLO, 2016; MORENO; TEIXEIRA, 1998).

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Figura 6 – Representação da molécula de Oxigênio
Fonte: iStock/Getty Images

Reação de Oxidação e de Redução


Essas reações ocorrem em nosso organismo:
• Reação de Oxidação: é aquela em que o composto ou elemento reage com
oxigênio (ganha oxigênio) ou perde hidrogênio. Por exemplo: ferro encontrado
em pregos em contato com o ar, reage com oxigênio e oxida, formando a
ferrugem (óxido de ferro);
• Reação de Redução: é quando um elemento ou composto químico perde oxigê-
nio ou ganha hidrogênio; o contrário da reação de oxidação (REBELLO, 2016).

Em Síntese Importante!

As reações descritas acima, de oxidação e redução, são processos recíprocos, isto é, quando
numa reação química uma substância é reduzida, é porque a outra se oxidou. Por exemplo,
a vitamina C em nosso organismo, que tem ação antioxidante, em que a vitamina C sofre
processo de oxidação para exercer sua função antioxidante (REBELLO, 2016).

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Cosmetologia e à Permeação Cutânea

Ligações Químicas
A ligação química pode ser compreendida como uma busca pela estabilidade,
em que os átomos dos gases nobres, que já se encontram estáveis (apresentam
8 elétrons na última camada eletrônica, com exceção do hélio, que possui 2 elé-
trons), funcionam como padrão a ser imitado (COSTA, 2012).

Trocando ideias...Importante!
Como materiais tão diferentes como a gasolina, a naftalina e o gás de cozinha podem
ser constituídos por átomos de apenas dois tipos: carbono e hidrogênio? A resposta
está na forma de união entre os átomos. Sabe-se que os átomos podem se ligar uns
aos outros de diversas maneiras, dando assim, diferentes compostos com os mesmos
elementos químicos.

Os átomos, ao se ligarem, fazem-no por meio dos elétrons da última camada,


podendo perder, ganhar ou compartilhar os elétrons, até atingirem a configuração
estável (COSTA, 2012).

Há três tipos de ligações químicas:


• Ligação Iônica: a ligação que se estabelece entre íons, o total de elétrons ce-
didos, deve ser igual ao total de elétrons recebidos. Um exemplo desse tipo de
ligação é o sal de cozinha (Figura 7).

+
Na Cl

Fórmula NaCl
Fórmula Iônica Na+Cl-
Fórmula de Lewis [Na]+ [ Cl ]-

Figura 7 – Representação do cloreto de sódio e suas fórmulas após a ligação iônica


Fonte: Adaptado de Costa, 2012 apud CTISM

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• Ligação Covalente: nesse tipo de ligação, temos o compartilhamento de elé-
trons entre dois átomos neutros. Cada par eletrônico é constituído por um elé-
tron de cada átomo e pertence simultaneamente aos dois átomos. Um exemplo
é o diamante, formado apenas por átomos de carbono ligados covalentemente
e o átomo do gás hidrogênio (Figura 8) (REY; COSTA, 2012).

H + H H H Fórmula eletrônica ou de Lewis

H + H H H Fórmula estrutural

H2 Fórmula molecular

Figura 8 – Formação da molécula de H2 e suas respectivas fórmulas


Fonte: Adaptado de Costa, 2012 apud CTISM

• Ligação Metálica: é a ligação química que ocorre nos metais e nas ligas metá-
licas. A teoria do octeto não explica a ligação metálica (COSTA, 2012).

Matéria
É aquilo que ocupa lugar no espaço e tem massa, como a água, a madeira, o
petróleo etc. (REBELLO, 2016; COSTA, 2012).

Peso Molecular (PM)


É a soma das massas atômicas de todos os átomos que constituem uma mo-
lécula ou composto químico (REBELLO, 2016). Por exemplo: NaCl (cloreto de
sódio,também conhecido como sal de cozinha).

PM: 23+ 35,5= 58,5

É necessário observar que as substâncias com peso molecular elevado (peso molecular de
Explor

800 a 1000) não permeiam na pele (REBELLO, 2016; NARDIN; GUTERRES, 1999).

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pH
O termo pH significa “potencial hidrogeniônico”. Sendo uma escala que varia de
0 a 14. Esse símbolo representa “power” (p), ou seja, intensidade da concentração
de íons hidrogênio, H+.

A escala de pH (Figura 9) é utilizada para indicar se uma substância é ácida,


alcalina ou neutra (GIL, 2010; GONÇALVES, 2006).

Figura 9 – Escala de pH
Fonte: iStock/Getty Images

Em Síntese Importante!

• Quanto menor o pH das substâncias (ácidos), maior a concentração de íons


H+ e menor a concentração de íons OH-;
• Quanto maior o pH das substâncias (alcalino), menor a concentração de íons
H+ e maior a concentração de íons OH-;
• Numa solução neutra (por exemplo, a água), haverá o mesmo número de íons
H+ e íons OH- (GONÇALVES, 2006).

Quanto mais próxima do zero, mais ácida, e quanto mais próxima do 14,
mais alcalina.

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Os alimentos também apresentam escalas de pH, conforme sua característica
(Figura 10).

Figura 10 – Escala pH dos alimentos


Fonte: iStock/Getty Images

O pH é extremamente importante para a pele. A pele apresenta pH de apro-


ximadamente 5,0, ou seja, levemente ácido. A acidez da epiderme desempenha
função de proteção. Essa acidez é por causa do ácido láctico e outros ácidos graxos
livres liberados pela secreção da glândula sudorípara. A acidez protege a pele con-
tra agressões microbianas e parasitárias (REBELLO, 2016; GONÇALVES, 2006).

Trocando ideias...Importante!
E se alteramos o pH da pele com o uso de substâncias alcalinas? Sendo o pH da pele
em torno de 5,0, ao utilizarmos substâncias com pH alcalino, aumentamos a permea-
bilidade cutânea. Mas, para cosméticos de uso diário, o ideal é utilizar produtos com
pH próximo ao pH fisiológico, ou seja, pH 5,0 (ácido) para mantermos a integridade da
pele e para ter a efetividade de sua função bactericida e fungicida exercida por esse pH
(REBELLO, 2016).

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UNIDADE Química Inorgânica e Orgânica Aplicadas à
Cosmetologia e à Permeação Cutânea

Podemos medir o pH pelo pHmetro (Figura 11) ou fita com escala de pH (Figura 12).

Figura 11 – pHmetro
Fonte: iStock/Getty Images

Figura 12 – Fita de medida de pH


Fonte: iStock/Getty Images

pKa
Cada função orgânica possui seu pKa específico. Quanto maior o pKa, mais fra-
co é o ácido. O valor pKa do ácido glicólico é 3,83. Assim, existe uma relação com
o pH da solução e seu valor de pKa. Os alfa-hidroxiácidos, como ácido glicólico,
devem estar numa solução com um pH menor que o valor do pKa, para termos a
melhor permeação do ácido na pele (NARDIN; GUTIERRES, 1999).

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Estrutura Química – Funções Inorgânicas
Ácidos
São caracterizados pelo pH a seguir de 7,0. Segundo Arrhenius, podemos de-
finir como toda substância que, em solução aquosa, sofre ionização, produzindo,
como cátion, apenas o íon H+ (Figura 13) (COSTA, 2012).

H2o
HCl H+ + Cl-
Figura 13 – Representação dos ácidos

Quanto à sua estrutura, podem ser classificados em:


• Hidroxiácidos: só apresentam Hidrogênio (H) na molécula. Por exemplo: áci-
do clorídrico (HCl) (Figura 14).

Figura 14 – Ácido clorídrico


Fonte: iStock/Getty Images

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UNIDADE Química Inorgânica e Orgânica Aplicadas à
Cosmetologia e à Permeação Cutânea

• Oxiácidos: apresentam também Oxigênio (O) na molécula. Por exemplo: Áci-


do sulfúrico (H2SO4) (Figura 15).

Figura 15 – Ácido sulfúrico


Fonte: iStock/Getty Images

• Peroxiácidos: apresentam também um grupo péroxi (-O-O-) em sua molécula.


Por exemplo: Ácido persulfúrico (H2SO5) (Figura 16).

Figura 16 – Ácido persulfúrico


• Tioácidos: quando um dos oxigênios é substituído por enxofre (S). Por exemplo:
Ácido tioglicólico, tão utilizado na estética para peeling (Figura 17) (REBELLO,
2016; COSTA, 2012).

O
HS OH
Figura 17 – Ácido tioglicólico

Bases
São substâncias que, quando colocadas em presença de água ionizam, fornecendo
íons hidroxila ou oxidrila (OH-) (Figura 18) (REBELLO, 2016; COSTA, 2012).

H2o
NaOH (aq) + OH (aq)
Na+1 -1

Figura 18 – Representação das bases

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Sal
Podemos definir como todo composto que em solução aquosa possui pelo me-
nos um cátion diferente do H+ e, pelo menos, um ânion diferente do OH- e que, na
presença de água, sofrem dissociação iônica.

Podemos também afirmar que sal é um composto obtido pela neutralização de


um ácido por uma base (COSTA, 2012).

Por exemplo: HCl + NaOH → NaCl + H2O

Óxido
Composto binário em que o oxigênio é o elemento mais eletronegativo (COSTA, 2012).

Por exemplo: Na2O.

Química Orgânica
É a parte da Química que estuda os compostos de carbono. O átomo de carbono
é tetravalente (Figura 19), ou seja, precisa estabelecer quatro ligações para obter
sua estabilidade (REBELLO, 2016; COSTA, 2010).

Figura 19 – Estrutura tetravalente do carbono


Fonte: iStock/Getty Images

Trocando ideias...Importante!
Hidrocarbonetos, Ácido carboxílico, Éster, Álcool, Éter, Aldeídos, Fenol, Cetona, Amina
e Amida são exemplos de funções orgânicas. Compostos que têm átomo de carbono
em sua molécula. Um exemplo é a uréia, composto amplamente utilizado na estética
(REBELLO, 2016).

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Cosmetologia e à Permeação Cutânea

Elementos Anátomofisiológicos da Pele e


Anexos Cutâneos e sua Correlação com a
Permeação Cutânea
A pele é o maior órgão do corpo humano, representando cerca de 10 a 15% do
peso corporal (STEINER; ADDOR, 2014).

A epiderme é a camada mais superficial da pele, avascularizada. Sofre processo


de diferenciação celular a partir de células-tronco germinativas, diferenciando-se
em 5 camadas sucessivas: basal, espinhosa, granular, lúcida (exclusiva das regiões
palmoplantares) e córnea (COSTA, 2012).

Apresenta estruturas de suma importância como os melanócitos (responsáveis


pela produção de melanina) e células de Langerhans (células de defesa) (STEINER;
ADDOR, 2014).

As células basais sofrem divisão a cada 19 dias e sua migração transepidérmica


até a superfície granular pode durar em torno de 35 dias (COSTA, 2012).

Você Sabia? Importante!

A espessura da epiderme é dependente da ação dos androgênios. É comprovado que a


testosterona aumenta a queratinização das células da camada epidérmica. Tais diferen-
ças são importantes para fins de criação e utilização de cosmecêuticos (COSTA, 2012).
Por isso, hoje, a Cosmetologia vem abrindo mão de cosméticos de ação específica para
a pele masculina.

Na derme, que fica a seguir da epiderme, encontramos vasos sanguíneos e linfáti-


cos, folículo pilossebáceo, glândulas sudoríparas, músculo eretor do pelo e fibroblastos.

O tecido conjuntivo é constituído de fibras elásticas e colágenas, glicosamino-


glicanos e proteoglicanos, que são polímeros biológicos compostos por açúcares
retentores de água (COSTA, 2012).

As fibras colágenas são a proteína mais abundante no corpo humano, exer-


cendo função de suporte estrutural da pele, sendo composta, principalmente, de
glicina, prolina e hidroxiprolina.

Com o avançar da idade, a derme apresenta progressiva diminuição dessas fi-


bras gerando atrofia dérmica. A elastina é uma proteína responsável pela elastici-
dade da pele e com o avançar da idade sofre diminuição, sendo mais acentuada em
áreas expostas à radiação UV.

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Temos também os glicosaminoglicanos que formam longas cadeias de carboi-
dratos capazes de reter água na derme; são representados, sobretudo, pelo ácido
hialurônico e pela condroitina (COSTA, 2012; STEINER; ADDOR, 2014).

Você Sabia? Importante!

A derme masculina é mais espessa e apresenta, também, vascularização mais abun-


dante do que a feminina. A espessura da derme depende dos androgênios (DHEA), que
aumenta a síntese de pró-colágeno e inibe a metaloproteinase1 (MMP-1) da matriz,
uma enzima que degrada as proteínas da matriz extracelular. A DHEA também aumenta
as concentrações do inibidor tecidual da metaloproteinase 1 (TIMP-1) e da estromelisi-
na-1. A ação combinada dessas enzimas resulta no maior depósito de colágeno obser-
vado na pele masculina. Os homens também apresentam uma produção maior de sebo,
apresentando também, óstios mais dilatados, informações extremamente importantes
para os protocolos cosméticos (COSTA, 2012).

O tecido subcutâneo (hipoderme) é uma camada composta por adipócitos, dis-


postos em lóbulos separados por septos fibroconjuntivos e apresenta função de
reserva energética e proteção mecânica, entre outras. A hipoderme não faz parte
da pele; é por vezes designada por tecido celular subcutâneo ou fáscia superficial
(COSTA, 2012; GONÇALVES, 2006).

Permeabilidade cutânea é a capacidade da pele de deixar que as substâncias


passem em função da natureza química de demais fatores, como peso molecular
etc. (REBELLO, 2016; COSTA, 2012).
• Permeável na pele: gases;
• Relativamente permeável: substâncias lipossolúveis (vitamina D, vitamina A),
derivados fenólicos (resorcina, hidroquinona);
• Praticamente impermeável: eletrólitos, proteínas e carboidratos. No caso
de proteínas e carboidratos, é por causa do elevado peso molecular e da
pouca lipossolubilidade.

Fatores que influenciam a permeabilidade cutânea:


• Quanto mais fina a epiderme, melhor a permeação;
• A pele com hiperemia aumenta o fluxo sanguíneo e temos melhor permeação;
• Em pele hidratada, há melhor permeação;
• Peso molecular baixo facilita permeação (REBELLO, 2016).

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UNIDADE Química Inorgânica e Orgânica Aplicadas à
Cosmetologia e à Permeação Cutânea

Tecnologia Cosmética: Lipossomas,


Nanosferas, Nanocápsulas Etc.
Para favorecer a permeação, podemos fazer uso de:
• Lipossomas: definidas como vesículas microscópicas compostas de uma ou
mais bicamadas lipídicas, separadas por um meio aquoso, geralmente fosfolí-
pides. Denominado como Sistema de Veiculação de princípios ativos para o
interior da epiderme. Eles podem encapsular substâncias hidrofílicas e/ou lipo-
fílicas, sendo que as primeiras ficam no compartimento aquoso e as lipofílicas
inseridas na membrana do lipossoma. São biodegradáveis e biocompatíveis
(REBELLO, 2016; BATISTA et al., 2007);
• Nanoesferas: polímero biodegradável microscópico, não contém óleo em sua
constituição, sendo sua principal vantagem a liberação gradual dos ativos e a
proteção do ativo ao meio externo. Temos como exemplo cosmecêuticos com
nanoesferas de vitamina C (REBELLO, 2016, SOUTO et al., 2011);
• Nanocápsulas: são constituídas por um invólucro polimérico biodegradável
ao redor de um núcleo oleoso, podendo o fármaco estar dissolvido nesse nú-
cleo e/ou adsorvido à parede polimérica (SOUTO et al., 2011);
• Ciclodextrinas de Thalesferas: são macroesferas de colágeno marinho re-
cobertas por uma película de glicosaminoglicanas, utilizadas para encapsular
princípios ativos para serem transportados para o interior da epiderme (RE-
BELLO, 2016).

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas
BATISTA, C. M; CARVALHO, C. M. B; MAGALHÃES, N. S. S. Lipossomas e suas
aplicações terapêuticas: Estado da arte, Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas,
v. 43, n. 2, abr./jun., 2007.

Vídeos
Nanotecnolgia e Cosméticos
Nanotecnolgia e Cosméticos (parte 1).
https://youtu.be/IdbK_wcIVUo

Leitura
Preparação de Nanopartículas Poliméricas a partir da Polimerização de Monômeros
SOUTO, E. B.; SEVERINO P.; SANTANA, M. H. Preparação de nanopartículas poli-
méricas a partir da polimerização de monômeros – parte I. 2011.
https://goo.gl/4aie7A

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Cosmetologia e à Permeação Cutânea

Referências
BATISTA, C. M., CARVALHO, C. M. B; MAGALHÃES, N. S. S. Lipossomas e
suas aplicações terapêuticas: Estado da arte, Revista Brasileira de Ciências Far-
macêuticas, v. 43, n. 2, abr./jun., 2007.

BIANCHI, M. L. P.; ANTUNES, L. M. G. Radicais livres e os principais antioxi-


dantes da dieta, Rev. Nutr., Campinas, v. 12, n. 2, p. 123-130, 1999.

COSTA, L. L. Química I. Universidade Federal de Santa Maria, 2012. Disponível em:


<http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/eixo_prd_industr/tec_acucar_al-
cool/161012_quimica_i.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2018.

COSTA, A. D. Tratado Internacional de Cosmecêuticos. Rio de Janeiro: Gua-


nabara Koogan, 2012.

FERREIRA, A. L. A; MATSUBARA, L. S. Radicais livres: conceitos, doenças rel-


acionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo. Rev. Ass. Med. Brasil, v. 43,
n.1, p. 61-68, 1997.

GIL, E. S. Controle Físico-químico de Qualidade de Medicamentos. São Paulo:


Pharmabooks, 2010.

GONÇALVES, A. Manual Técnico de Estética. Teoria e prática para Estética,


Cosmetologia e Massagem. 2.ed. Efape, 2006.

MORENO, R. R. M; TEIXEIRA, L. S. G. Entendendo estrutura molecular com a


molécula de hidrogênio ionizada. Química Nova, v. 22, n. 6, p. 882-888, 1999.

NARDIN, P.; GUTERRES, S. S. Alfa-hidroxiácidos: aplicações cosméticas e der-


matológicas, Caderno de Farmácia. v. 15, n. 1, p. 7-14, 1999.

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