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Química Aplicada à Cosmetologia

e as Tecnologias Cosméticas para a


Permeação Cutânea

Conteudista
Prof.ª M.ª Thaís Brienza

Revisão Textual
Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin
OBJETIVO DA UNIDADE
• Conhecimentos relacionados à Química e à Cosmetologia dos produtos
cosméticos e como esses fatores interferem na permeação cutânea.

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Princípios da Química
Inorgânica e Orgânica
Aplicadas à Cosmetologia
Para entendermos melhor a Cosmetologia, precisamos conhecer alguns concei-
tos relacionados à Química Inorgânica e Orgânica (REBELLO, 2016), que estão
apresentados a seguir.

Matéria
Matéria é tudo aquilo que ocupa lugar no espaço, tem massa e é formado por
átomos, como a água, a madeira, o petróleo etc. (REBELLO, 2016; COSTA, 2012).

Átomo
O átomo é uma unidade básica da matéria, partícula divisível, composta por um
núcleo central e uma eletrosfera. O núcleo contém prótons e nêutrons, sendo
o primeiro com carga positiva e o segundo com carga neutra. Já a eletrosfera é
composta por elétrons, partículas com carga negativa, que giram ao redor do nú-
cleo, como exemplificado na Figura 1. Os átomos diferem entre si pelo número
de prótons, nêutrons e elétrons que têm (COSTA, 2012; REBELLO, 2016).

Figura 1 – Estrutura do átomo


Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da estrutura do átomo. Sobre fundo branco, do lado esquerdo da imagem, está
a estrutura do átomo. Núcleo central com círculos nas cores vermelha e azul, representando prótons e neu-
trons, e, ao redor desse núcleo, em órbita, círculos na cor verde, representando os elétrons. Do lado direito da
imagem, há uma legenda onde está escrito: elétron em verde, nêutron em azul, próton em vermelho, núcleo em
lilás e órbita em cinza. Fim da descrição.

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Os elementos químicos, moléculas, substâncias e materiais orgânicos ou inorgâ-
nicos são formados por átomos:

• Elemento químico é um conjunto de átomos caracterizado por um de-


terminado número atômico. Os elementos químicos que fazem parte
da estrutura celular e tecidual, necessários em quantidades diárias, são
chamados de macroelementos e microelementos;

• Molécula é o conjunto de dois ou mais átomos, sendo a menor parte da


substância que mantém as suas características. As moléculas são repre-
sentadas por fórmulas (conjunto de números e símbolos). Exemplo: H2O
(água); O2 (oxigênio); CO2 (dióxido de carbono) etc.;

• Substância é uma quantidade qualquer de moléculas iguais ou diferen-


tes (REBELLO, 2016).

Elemento Químico
É formado por átomos que apresentam o mesmo número atômico, as mesmas
propriedades, como valência, afinidade química e potencial de ionização.

Na Tabela Periódica (Figura 2), temos disponíveis informações sobre o ele-


mento químico, a substância simples no estado mais estável e seu estado
físico na natureza.

Número Atômico
É o número de prótons existentes no núcleo do átomo. Em um átomo cuja car-
ga elétrica é zero, o número de prótons é igual ao número de elétrons, ou seja,
quando se diz que o número atômico do sódio (Na) é 11, significa que no núcleo
desse átomo existem 11 prótons e, consequentemente, existem 11 elétrons na
eletrosfera (REBELLO, 2016).

O número atômico de cada elemento representa a identidade química do ele-


mento químico.

A Tabela Periódica (Figura 2) traz o número atômico de cada elemento químico.

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Nessa Tabela, os elementos estão organizados em ordem crescente de núme-
ros atômicos, organizados por colunas, denominadas grupos, e linhas horizon-
tais, denominadas períodos. Os grupos correspondem a conjuntos de elementos
cujos átomos formam substâncias com propriedades físicas e/ou químicas se-
melhantes (COSTA, 2012).

Figura 2 – Localização na Tabela Periódica do número atômico


Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da Tabela Periódica. Da esquerda para direita, são dezoito colunas que organi-
zam os cento e dezoito elementos químicos em ordem crescente de número atômico. Os grupos são as colunas
da Tabela Periódica. De cima para baixo, são os períodos. No canto esquerdo inferior, há um quadrado rosa
com a letra B no centro, representando um elemento químico. Uma seta azul apontando para o canto superior
direito do quadrado verde mostra o número atômico fictício. Fim da descrição.

Peso Molecular (PM)


É a soma das massas atômicas de todos os átomos que constituem uma molécu-
la ou composto químico (REBELLO, 2016).

Por exemplo: NaCl (cloreto de sódio, também conhecido como sal de cozinha):
PM: 23 + 35,5 = 58,5.

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Saiba Mais
É necessário observar que as substâncias com alto peso molecular
(peso molecular de 800 a 1000), como, por exemplo, as proteínas,
não permeiam pela pele, devido ao tamanho de suas moléculas
(REBELLO, 2016).

Camada de Valência
As camadas eletrônicas de um elemento químico são denominadas K, L, M e N, e
seus subníveis s, p, d, f. A camada de valência é a camada eletrônica mais externa
da eletrosfera e que participa das reações químicas, sendo essa camada impor-
tante quando nos lembramos da ação dos radicais livres (REBELLO, 2016).

Os radicais livres são espécies químicas instáveis, ou seja, um átomo ou molécula


altamente reativa, que contém número ímpar de elétrons em sua última camada
eletrônica, com elétrons desemparelhados e que, por isso, reagem ativamente
com qualquer molécula, como representado na Figura 3.

Figura 3 – Representação de radical livre


Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração de um radical livre. No canto superior esquerdo, está a representação de uma
célula. No canto superior direito, em azul, há representação de um átomo normal, com núcleo ao centro e os
elétrons na órbita. No canto inferior esquerdo, em vermelho, está a representação de uma molécula de radical
livre, com núcleo ao centro e na última camada da eletrosfera, faltando um elétron. No canto inferior direito,
em verde, há a representação de uma molécula antioxidante, com núcleo ao centro e os elétrons na eletrosfera
estáveis. Fim da descrição.

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A perda da estabilidade depende de diversos fatores externos (exógenos), como
radiação ultravioleta e fumo, e de fatores internos (endógenos) como falha imu-
nológica (Quadro 1).

Quadro 1 – Fontes de radicais livres

Endógenas Exógenas
Respiração aeróbica Ozônio
Inflamação Radiação gama e ultravioleta
Peroxissomos Medicamentos
Enzimas do citocromo P450 Dieta
Cigarro

Fonte: Adaptado de BIANCHI; ANTUNES, 1999

Nos Sistemas Biológicos, em condições fisiológicas do metabolismo celular aeró-


bio, o oxigênio sofre redução, formando radicais livres.

Eles são resultantes de cisões homolíticas, ou seja, de quebras de ligações cova-


lentes, denominadas também homólise (uma quebra igual da ligação).

Contudo, deve-se saber que os radicais livres são espécies químicas neutras e
não devem ser comparados aos íons, que são átomos carregados eletricamente.

Os íons são átomos que ficam carregados negativamente, chamados de ânions


(ganham elétrons) ou carregados positivamente, chamados de cátions (perdem
elétrons), no rompimento de uma ligação covalente.

Importante
A Natureza demonstra que os átomos ficam mais estáveis quan-
do a sua última camada eletrônica está completa. Esse fato acon-
tece, na maioria das vezes, quando a última camada contém oito
elétrons. É a famosa “Regra do octeto”.

Como observado na Figura 4, percebe-se que o radical livre apresenta elétrons


desemparelhados, isto é, instáveis, e, com isso, têm vida curta.

Para se estabilizar, os radicais livres precisam de uma ligação química. Desse


modo, os elétrons desemparelhados dos radicais reagem ativamente com qual-
quer molécula próxima a eles, formando novos compostos.

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Assim, entram em ação os antioxidantes, que combatem a ação danosa dos radi-
cais livres. O radical livre se liga ao antioxidante, preservando a célula.

Figura 4 – Desenho representativo da ligação do radical livre e do antioxidante


Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da ligação do radical livre e do antioxidante. A esquerda da imagem, está a re-
presentação de uma molécula de um radical livre instável, em azul, faltando um elétron na última camada da
eletrosfera, e, à direita da imagem, está a representação de uma molécula antioxidante, em verde, doando um
elétron para o radical livre. Fim da descrição.

Saiba Mais
Os radicais livres são também tóxicos e indesejáveis para algu-
mas células sadias do nosso corpo, pois, conforme dito, eles são
instáveis e podem reagir com proteínas, outros lipídios, o próprio
DNA, que carrega as nossas informações genéticas, e açúcares.
A desestabilização desses compostos leva ao aparecimento de
várias doenças degenerativas, como o Mal de Alzheimer e o en-
velhecimento precoce.

Podemos utilizar os compostos antioxidantes (Quadro 2) encontrados na dieta


ou mesmo sintéticos como um dos mecanismos de defesa contra os radicais
livres, sendo que o desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes, em que há
excesso de radicais livres, resulta na indução de danos celulares, que denomina-
mos estresse oxidativo.

Nosso corpo tem algumas enzimas protetoras que combatem a produção exces-
siva dos radicais livres.

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Temos antioxidantes enzimáticos (Quadro 2), como glutationa redutase (GR), su-
peróxido-dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa peroxidase (GPx), glutatio-
na oxidase (GO) e peroxirredoxinas (Prxs) e também por antioxidantes não enzi-
máticos, muitos encontrados na nossa dieta.

Quadro 2 – Relação dos principais antioxidantes

Não Enzimático Enzimático

α-tocoferol (vitamina E) Superóxido dismutase

Betacaroteno Catalase

Ácido ascórbico (vitamina C) NADPH-quinona oxidoredutase

Flavonóides Glutationa peroxidase

Proteínas do plasma

Selênio

Glutationa

Clorofilina

L-cisteína

Curcumina

Fonte: Adaptado de BIANCHI; ANTUNES, 1999

Leitura
Estresse oxidativo e sistemas antioxidantes:
conceitos fundamentais sob os aspectos da
nutrição e da ciência dos alimentos. Leia o
artigo disponível no QR Code ao lado.

A seguir, no Quadro 3, temos alguns eventos relacionados aos efeitos danosos


do radical livre no organismo humano.

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Quadro 3 – Eventos relacionados aos efeitos danosos do
radical livre no organismo humano

Eventos relacionados a espécies reativas de oxigênio

Envelhecimento
Mutações
Câncer
Aterosclerose
Lesão por toxicidade de oxigênio em pulmão e retina
Lesão pós-isquemia e reperfusão de cérebro, coração, pele, intestino,
pâncreas, fígado, músculo, rins e pulmões
Lesão pós concussão cerebral e pós hipertensão intracraniana
Síndrome demencial
Disfunção renal pós-transplante
Artrite reumatoide
Hemocromatose transfusional
Doenças auto-imunes
Toxicidade decorrente da exposição a xenobióticos

Fonte: Adaptado de FERREIRA; MATSUBARA, 1997

Molécula
A molécula é a menor partícula de uma substância na qual existe certo número
de átomos ligados entre si, buscando sua estabilidade química.

Ela é formada a partir de átomos, ligada por forças interatômicas e originando


espécies estáveis.

Exemplo: a molécula do oxigênio é formada por dois átomos de oxigênio, pois,


assim, é possível manter a estabilidade, tendo oito elétrons na última camada de
valência, sendo que cada átomo de oxigênio tem 6 elétrons na última camada de
valência, em que, por meio do compartilhamento de 2 elétrons, temos a estabili-
dade da molécula (REBELLO, 2016).

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Reação de Oxidação e de Redução
Essas reações ocorrem em nosso organismo e são:

Reação de oxidação

É aquela em que o composto ou o elemento reage com oxigênio (ganha oxigê-


nio) ou perde hidrogênio. Por exemplo: ferro encontrado em pregos em conta-
to com o ar reage com oxigênio e oxida, formando a ferrugem (óxido de ferro);

Reação de redução

É quando um elemento ou composto químico perde oxigênio ou ganha hidro-


gênio. É o contrário da reação de oxidação (REBELLO, 2016).

Ligação Química
A ligação química pode ser compreendida como uma busca pela estabilidade,
em que os átomos dos gases nobres, que já se encontram estáveis (apresentam
8 elétrons na última camada eletrônica, com exceção do hélio, que possui 2 elé-
trons), funcionam como padrão a ser imitado (COSTA, 2012).

Trocando Ideias
Como materiais tão diferentes como a gasolina, a naftalina e o
gás de cozinha podem ser constituídos por átomos de apenas
dois tipos: carbono e hidrogênio? A resposta está na forma de
união entre os átomos. Sabe-se que os átomos podem se ligar
uns aos outros de diversas maneiras, dando assim, diferentes
compostos com os mesmos elementos químicos.

Os átomos, ao se ligarem, fazem-no por meio dos elétrons da última camada, po-
dendo perder, ganhar ou compartilhar os elétrons, até atingirem a configuração
estável (COSTA, 2012).

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Há três tipos de ligações químicas:

• Ligação iônica: a ligação que se estabelece entre íons. O número total


de elétrons cedidos, deve ser igual ao número de elétrons recebidos. Um
exemplo desse tipo de ligação é o sal de cozinha NaCl – cloreto de sódio;

• Ligação covalente: nesse tipo de ligação, temos o compartilhamento de


elétrons entre dois átomos neutros. Cada par eletrônico é constituído
por um elétron de cada átomo e pertence simultaneamente aos dois
átomos. Um exemplo é o hidrogênio (COSTA, 2012);

• Ligação metálica: é a ligação química que ocorre nos metais e nas ligas
metálicas. A teoria do octeto não explica a ligação metálica (COSTA, 2012).

Potencial Hidrogeniônico – pH
O pH é o valor que representa a acidez ou alcalinidade de uma solução aquosa,
que é representada em uma escala, que se chama escala de pH, que vai de 0 a
14, sendo 7 considerado o pH neutro.

O que estiver abaixo de 7 é ácido, e tudo o que estiver acima de 7 é alcalino


ou básico.

A escala de pH é utilizada para indicar se uma substância é ácida, alcalina ou neu-


tra (GIL, 2010; GONÇALVES, 2006).

Em Síntese
• Quanto menor o pH das substâncias (ácidos), maior a concen-
tração de íons H+ e menor a concentração de íons OH–;
• Quanto maior o pH das substâncias (alcalino), menor a concen-
tração de íons H+ e maior a concentração de íons OH;
• Numa solução neutra (por exemplo, a água), haverá o mesmo

número de íons H+ e íons OH (GONÇALVES, 2006).

O pH é extremamente importante para a pele. A pele apresenta um pH de apro-


ximadamente 5,0, ou seja, levemente ácido. A acidez da epiderme desempenha
a função de proteção. O papel mais importante que a epiderme desempenha é a
função de barreira protetora entre o nosso corpo e o mundo exterior, e o pH é um
dos seus principais mecanismos de proteção (REBELLO, 2016; GONÇALVES, 2006).

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Trocando Ideias
E se alteramos o pH da pele com o uso de substâncias alcalinas?
Sendo o pH da pele em torno de 5,0, ao utilizarmos substâncias
com pH alcalino, aumentamos a permeabilidade cutânea. Mas,
para cosméticos de uso diário, o ideal é utilizar produtos com pH
próximo ao pH fisiológico, ou seja, pH 5,0 (ácido) para manter-
mos a integridade da pele e para ter a efetividade de sua função
bactericida e fungicida exercida por esse pH (REBELLO, 2016).

Podemos medir o pH pelo pHmetro (Figura 5) ou fita com escala de pH (Figura 6).

Figura 5 – pHmetro
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: fotografia do aparelho pHmetro. Sobre fundo cinza claro, há o aparelho pHmetro de ban-
cada. Fim da descrição.

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Figura 6 – Fita de medida de pH
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: fotografia da fita com escala de pH sobre o fundo de uma bancada de laboratório. Ao cen-
tro da imagem, há duas mãos com luvas azuis, segurando a fita medidora de pH. Fim da descrição.

pKa
O pKa é usado para descrever a força dos ácidos. Cada função orgânica tem seu
pKa específico.

Quanto maior o pKa, mais fraco é o ácido:

• Quando o pKa é menor que 1, tem-se um ácido muito forte;

• pKa de 1 a 5, tem-se um ácido forte;

• pKa entre 5 e 15, tem-se um ácido fraco;

• Quando o pKa é maior que 15, o ácido é muito fraco.

O valor do pKa do ácido glicólico é 3,83. Assim, existe uma relação com o pH da
solução e seu valor de pKa.

Os alfa-hidroxiácidos, como ácido glicólico, devem estar numa solução com um


pH menor que o valor do pKa, para termos a melhor permeação do ácido na pele.

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Estrutura Química – Funções
Inorgânicas
Ácidos
Os ácidos são caracterizados pelo pH acima de 7,0. Segundo Arrhenius, podemos
defini-los como toda substância que, em solução aquosa, sofre ionização, produ-
zindo, como cátion, apenas o íon H+ (Figura 7) (COSTA, 2012).

Figura 7 – Representação dos ácidos


Fonte: Adaptada de COSTA, 2012
#ParaTodosVerem: imagem de uma reação química dos ácidos, sobre fundo azul. À esquerda a molécula HCl

(ácido clorídrico), uma seta, no centro, em direção ao ácido H+ mais o íon de cloro Cl . Em cima da seta, há a
molécula da água H2O. Fim da descrição

Quanto à sua estrutura, podem ser classificados em:

• Hidroxiácidos: só apresentam Hidrogênio (H) na molécula. Por exem-


plo: ácido clorídrico (HCl);

• Oxiácidos: apresentam também Oxigênio (O) na molécula. Por exem-


plo: Ácido sulfúrico (H2SO4);

• Peroxiácidos: apresentam também um grupo péroxi (-O-O-) em sua mo-


lécula. Por exemplo: Ácido persulfúrico (H2SO5);

• Tioácidos: quando um dos oxigênios é substituído por enxofre (S).


Por exemplo: Ácido tioglicólico, tão utilizado na estética para peeling
(REBELLO, 2016; COSTA, 2012).

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Base
Substância que, quando colocada em presença de água, ioniza, fornecendo íons
hidroxila ou oxidrila (OH–) (Figura 8) (REBELLO, 2016; COSTA, 2012).

Figura 8 – Representação das bases


Fonte: Adaptada de COSTA, 2012
#ParaTodosVerem: imagem de uma reação química das bases, sobre fundo azul. À esquerda, está a molécula
NaOH (hidróxido de sódio), uma seta, no centro, em direção ao íon Na+1 mais o íon hidroxila OH-. Em cima da
seta, há a molécula da água H2O. Fim da descrição.

Sal
Podemos definir como todo composto que em solução aquosa tem pelo menos
um cátion diferente do H+ e, pelo menos, um ânion diferente do OH– e que, na
presença de água, sofre dissociação iônica.

Podemos afirmar, também, que sal é um composto obtido pela neutralização de


um ácido por uma base (COSTA, 2012).

Por exemplo: HCl + NaOH → NaCl + H2O

Óxido
Composto binário em que o oxigênio é o elemento mais eletronegativo
(COSTA, 2012).

Por exemplo: Na2O.

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Química Orgânica
É a parte da Química que estuda os compostos de carbono. O átomo de carbono
é tetravalente, ou seja, precisa estabelecer quatro ligações para obter sua estabi-
lidade (REBELLO, 2016; COSTA, 2010).

Trocando Ideias
Hidrocarbonetos, Ácido carboxílico, Éster, Álcool, Éter, Aldeídos,
Fenol, Cetona, Amina e Amida são exemplos de funções orgâni-
cas. Compostos que têm átomo de carbono em sua molécula.
Um exemplo é a ureia, composto amplamente utilizado na Esté-
tica (REBELLO, 2016).

Elementos Anatomofisiológicos
da Pele e seus Anexos Cutâneos
e sua Correlação com a
Permeação Cutânea
A pele é o maior órgão do corpo humano, representando cerca de 10 a 20% do
peso corporal.

A epiderme é a camada mais superficial da pele. Sofre processo de diferenciação


celular a partir de células-tronco germinativas, diferenciando-se em 5 camadas
sucessivas: basal, espinhosa, granular, lúcida (exclusiva das regiões palmo plan-
tares) e córnea (COSTA, 2012).

É avascular, ou seja, não tem a presença de capilares sanguíneos, e apresenta


estruturas de suma importância, como os melanócitos (responsáveis pela produ-
ção de melanina) e células de Langerhans (células de defesa).

As células basais sofrem divisão a cada 19 dias e sua migração transepidérmica


até a superfície granular pode durar em torno de 26 a 28 dias.

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Na derme, que fica na camada abaixo da epiderme, encontramos vasos sanguí-
neos e linfáticos, nervos, folículos pilossebáceos, glândulas sudoríparas, músculo
eretor do pelo e fibroblastos (HARRIS, 2017).

O tecido conjuntivo é constituído pelo:

Tecido conjuntivo frouxo

Tecido delicado, flexível, que apoia e nutre as células epiteliais, envolve os


nervos, os vasos sanguíneos e os linfáticos. É constituído por três compo-
nentes principais: células (por exemplo: fibroblastos), fibras e matriz (mate-
rial extracelular);

Tecido conjuntivo denso

O tecido conjuntivo denso é formado pelos mesmos elementos encontra-


dos no tecido conjuntivo frouxo, porém, tem fibras colágenas, elásticas e re-
ticulares mais espessas e mais numerosas, e menor quantidade de células.
Esse tecido conjuntivo é menos flexível e mais resistente à tensão do que
o tecido conjuntivo frouxo.

As fibras colágenas são a proteína mais abundante no corpo humano, exer-


cendo função de suporte estrutural da pele, sendo compostas, principalmente,
de glicina, prolina e hidroxiprolina. Com o envelhecimento, a derme apresen-
ta progressiva diminuição dessas fibras, gerando atrofia dérmica. A elastina é
uma proteína responsável pela elasticidade da pele e, com o avançar da idade,
sofre diminuição, sendo mais acentuada em áreas expostas à radiação ultravio-
leta (HARRIS, 2017).

Temos, também, os glicosaminoglicanos, que formam longas cadeias de carboi-


dratos capazes de reter água na derme, e são representados, sobretudo, pelo
ácido hialurônico e pelo sulfato de condroitina.

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Saiba Mais
A derme masculina é mais espessa e apresenta, também, vas-
cularização mais abundante do que a feminina. A espessura da
derme depende dos androgênios (DHEA), que aumentam a sín-
tese de pró-colágeno e inibe a metaloproteinase1 (MMP-1) da
matriz, uma enzima que degrada as proteínas da matriz extra-
celular. A DHEA também aumenta as concentrações do inibidor
tecidual da metaloproteinase 1 (TIMP-1) e da estromelisina-1.
A ação combinada dessas enzimas resulta no maior depósito
de colágeno observado na pele masculina. Os homens também
apresentam produção maior de sebo, apresentando também,
óstios mais dilatados, informações extremamente importantes
para os protocolos cosméticos (COSTA, 2012).

O tecido subcutâneo (hipoderme) é uma camada composta por adipócitos, dis-


postos em lóbulos separados por septos fibroconjuntivos, e apresenta função
de reserva energética e proteção mecânica, entre outras. A hipoderme não faz
parte da pele. Algumas vezes, é designada como tecido adiposo ou subcutâneo
(HARRIS, 2017).

Permeação Cutânea
A função de barreira da pele para agentes agressores externos funciona também
para os ativos cosméticos utilizados terapeuticamente que tentam permeá-la,
mas acabam sendo retidos em camadas mais externas, sem alcançar seu local
alvo de ação.

Para superar os problemas decorrentes da impermeabilidade da pele e da va-


riabilidade biológica e aumentar o número de substâncias ativas candidatas
ao desenvolvimento de produtos farmacêuticos, vários métodos para remo-
ver reversivelmente a resistência dessa barreira da pele têm sido investigados
(HARRIS, 2017).

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O que é Permeação Cutânea?
É a passagem de uma substância através do estrato córneo, e que se difunde entre
as demais camadas celulares de acordo com sua afinidade pelo tecido aplicado.

O estrato córneo é uma formidável barreira física, ambiental e microbiológica,


que garante a homeostase (equilíbrio da pele).

A permeabilidade é influenciada pela organização dos lipídeos extracelulares do


estrato córneo, visando à formação de uma barreira protetora que previne a per-
da de fluídos e eletrólitos.

A barreira epidérmica se constitui de três estruturas:

• Emulsão epicutânea ou Manto Hidrolipídico;

• Estrato córneo;

• Cimento intercelular.

Existem alguns fatores que facilitam a permeação cutânea:

• Espessura da epiderme: menos espessa, maior permeação;

• Fluxo sanguíneo: pele hiperêmica é mais permeável;

• Pele hidratada;

• Capacidade de associação: substâncias que a pele já tem, permeiam


com mais facilidade;

• Região com grande número de orifícios pilossebáceos;

• Região muito vascularizada são mais permeáveis;

• Moléculas pequenas: baixo peso molecular;

• Veículos: lipossomas, nanotecnologia (HARRIS, 2017).

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Tecnologia Cosmética:
Lipossomas, Nanosferas,
Nanocápsulas etc.
Para favorecer a permeação, podemos fazer uso de veículos, também chamados
de veículos vetoriais, que podem levar o princípio ativo hidrossolúvel ou liposso-
lúvel para dentro da epiderme (Figura 9):

Lipossomas

São vesículas microscópicas carreadoras compostas de uma ou mais bicamadas


lipídicas, compostas de fosfolipídios, colesterol e água. Os lipossomas podem
encapsular substâncias hidrofílicas e/ou lipofílicas, sendo que as primeiras ficam
no compartimento aquoso e as lipofílicas inseridas na membrana do lipossoma.
São consideradas uma excelente forma de sistema de liberação controlada de
substâncias biologicamente ativas (REBELLO, 2016; BATISTA et al., 2007);

Thalasphere®

As Thalasphere® são macroesferas de colágeno marinho recobertas por uma


película de glicosaminoglicanas, utilizadas para encapsular princípios ativos
para serem transportados para o interior da epiderme (REBELLO, 2016);

Silanóis

Esses veículos são compostos à base de silício orgânico que, por ter grande
afinidade com a pele, tem alta capacidade de penetração e permeação cutânea;

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Nanoesferas

São esferas poliméricas biodegradáveis microscópicas, que contêm uma


matriz polimérica, semelhante a uma rede, sendo sua principal vantagem a
liberação gradual dos ativos e a proteção do ativo ao meio externo. Como
exemplo, temos cosmecêuticos com nanoesferas de vitamina C (REBELLO,
2016, SOUTO et al., 2011);

Nanocápsulas

São constituídas por uma membrana polimérica biodegradável que incorpo-


ra o ativo no seu interior, podendo o fármaco estar dissolvido nesse núcleo
e/ou adsorvido à parede polimérica (SOUTO et al., 2011).

Figura 9 – Estrutura da pele com a aplicação de um cosmético convencional e com o uso


da nanotecnologia
Fonte: Adaptada de FRANCIS, 2014
#ParaTodosVerem: ilustração das camadas da pele. À esquerda, há uma imagem da pele demonstrando apli-
cação de um cosmético convencional, representado com bolas azuis sobre a camada externa da pele. À direita,
está aplicação de um cosmético com nanotecnologia, representado com bolas pequenas azuis, espalhado por
toda a epiderme. Fim da descrição.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

Leituras

Permeação Cutânea: Desafios e Oportunidades


https://bit.ly/3LxuVlh

Pele: Alterações Anatômicas e Fisiológicas do Nascimento à Maturidade


https://bit.ly/3n206Mi

Vídeos

O Átomo
https://youtu.be/TKEOWch5kXE

Nanotecnologia – Melhor Eficácia dos seus Cosméticos


https://youtu.be/STelbDyjucw

Nanotecnologia Farmacêutica (Nanobiotecnologia): As Principais


Nanoestruturas Utilizadas
https://youtu.be/foL5vYvzKsI
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATISTA, C. M., CARVALHO, C. M. B, MAGALHÃES, N. S. S. Lipossomas e suas aplicações


terapêuticas: Estado da arte., Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, s.l., v.
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