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conquistas-da-turma-em-2022
Publicado em NOVA ESCOLA 06 de Dezembro | 2022

Planejamento

Como avaliar as
conquistas da turma em
2022?
Por conta dos impactos da pandemia, é indispensável ter
um olhar sensível para identificar a evolução em cada
passo, mesmo que pequeno ou mais lento do que o
esperado
Rosiane Prates

Foto: Getty Images


Realizar o processo avaliativo neste período pós-pandemia pode apresentar-se
como algo mais desafiador do que antes, ao considerar todo o contexto que
envolve os Anos Finais do Fundamental no ensino-aprendizagem de
Matemática e a amplitude do que é avaliar. Para que a avaliação seja algo
estimulante, e não aniquilante, é preciso relacioná-la à construção de saberes e
levar em consideração as realidades diferentes de alunos e professores.
Diante disso, considere que o momento adverso provocado pela pandemia
atingiu a todos e, portanto, é indispensável ter um olhar sensível para
identificar a evolução em cada passo, mesmo que pequeno ou de maneira um
pouco mais lenta.
Assim, professor, é fundamental não desconsiderar o momento de
aprendizagem de cada aluno, que mesmo antes da pandemia já era algo
relevante e, agora, precisa ser olhado de uma maneira até mais aguçada.
Estratégias para avaliar no pós-pandemia
Quando falamos de estratégias de avaliação, podemos considerar como
princípio para reflexão o formato da avaliação formativa, por meio da realização
de atividades como oficinas, construção de portfólio (mesmo sendo em séries
finais do Ensino Fundamental), atividades entre pares de maneira colaborativa
e tarefas com roteiro para construção de materiais manipuláveis, com intuito de
aproximar o estudo de conceitos matemáticos do cotidiano do aluno.
Invista em modelos de atividades diversas, desde aquelas com questões para
marcar somente uma alternativa correta até outras para o aluno desenvolver o
caminho percorrido para chegar a uma solução. Nesse contexto, é possível
ainda a construção de diálogo e argumentação envolvendo o estudo de um
determinado conteúdo matemático.
Para além dessa diversificação, adote práticas que possibilitem o aluno atuar
como protagonista – e o professor atuar como mediador da aprendizagem –,
aspecto que favorece positivamente o processo avaliativo, pois, quando o aluno
assume um papel ativo no desenvolvimento de uma tarefa, é possível analisar o
esforço e o desenvolvimento em cada etapa de maneira mais próxima da
realidade daquele estudante, e não somente o resultado final.
Outra estratégia importante para entender as conquistas da turma é levar em
consideração os erros no processo de ensino-aprendizagem. Ou seja, em vez de
encará-lo como algo desfavorável ou que leva à punição, o erro pode ser um
fator que contribui para melhores análises dos passos percorridos com intuito
de desenvolvimento.
Veja como é fundamental, principalmente neste momento, não nos limitarmos
à realização de uma prova. A avaliação pode e deve ser composta por vários
instrumentos.
Convide o aluno a refletir sobre o próprio
desempenho
É importante considerar que o significado do termo desempenho é dinâmico e
pode ser usado de maneira positiva quando o processo de avaliação é realizado
tendo como ponto de partida a análise diagnóstica para fixação dos objetivos
de aprendizagem e das estratégias da avaliação formativa.
Entenda, caro colega, que o desempenho não pode somente estar relacionado
a uma nota quantitativa, mas também ao processo ao longo de um tempo e a
aspectos subjetivos.
Nesse ponto, pense se não é interessante propor ao aluno realizar uma
autoavaliação. Esse é um processo que permite identificar em quais conteúdos
ainda há dificuldade para assimilação e também aqueles que foram aprendidos
com mais facilidade e, a partir daí, fazer uma análise de metodologia e material
didático e entender quais fatores favoreceram ou não a aprendizagem.
Para tanto, podemos sugerir que os estudantes respondam a algumas
perguntas, como: onde posso melhorar? Quais conteúdos consegui aprender
ou recordar com facilidade? Quais considero difíceis e por quê? As respostas,
professor, podem ajudar você a alinhar melhor suas práticas com a realidade
do aluno.
Reconheça os esforços e incentive a turma
Por fim, após um ano de tantos esforços e dificuldades, é importante incentivar
a turma, ainda que essa não seja uma tarefa fácil, em especial quando olhamos
para os estudantes que acreditam que não são capazes de aprender
Matemática e encontram maiores problemas durante a recomposição de
aprendizagens.
Porém, podemos começar pela reflexão sobre a prática em sala de aula, quais
pontos merecem mais atenção ou precisam ser aprimorados, com vista para
um maior envolvimento dos alunos.
Considere propor trabalhos com projetos, com o intuito de maior engajamento
na realização das atividades, permitindo um melhor acompanhamento a partir
da colaboração do aluno, sendo bacana um olhar atencioso para as questões
socioemocionais. Elas foram evidenciadas de maneira intensa a partir desse
momento pandêmico e o resultado de um processo avaliativo pode ser
considerado como escopo para análise e reflexão do que foi possível realizar
com sucesso, bem como os aprimoramentos com base nos pontos
identificados.
Apresentar histórias inspiradoras de pessoas – que estejam relacionadas à
Matemática ou à Educação – também pode ser uma boa alternativa, uma vez
que isso pode estimular mais interesse pela área. Mostre exemplos que
envolvam o contexto do conhecimento matemático de maneira interdisciplinar,
transversal, ligado à pesquisa e à inovação, bem como a importância da
Matemática nas diversas áreas de estudo. Tudo isso facilita que o aluno
entenda que esse componente está no dia a dia dele.
E então, professores, como tem sido avaliar neste ano pós-pandêmico? Desejo
que tudo ocorra bem nesse processo de avaliação, no final de ano letivo, e
muitas alegrias nas festividades de fim de ano! Um abraço caloroso e até a
próxima!
Rosiane Prates é professora de Matemática das séries finais do Ensino
Fundamental, atua há mais de dez anos na rede pública e já integrou o Comitê
de Avaliação do Município de Pinheiros (ES). Em 2022, participou da quarta
edição do Mulheres na Ciência e Inovação, programa de formação para
pesquisadoras no Brasil realizado pelo Museu do Amanhã e o British Council.
Também foi professora-autora no projeto Planos de Aula de Matemática,
realizado pela Associação Nova Escola. Além disso, tem participação como
voluntária em projetos socioeducacionais e de empreendedorismo. É licenciada
em Matemática e Pedagogia, graduada em Administração e especialista em
Ensino e Currículo e em Matemática na Prática.

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