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SEMESTRE- 2022/2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA


CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
DISCIPLINA: Laboratório de Física A CÓDIGO: FIS 224
LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS

1 – Objetivo
Estudar o movimento parabólico de um projétil, após o mesmo ser lançado com uma dada velocidade
inicial, e por meio de análise gráfica obter a velocidade de lançamento.

2 – Introdução
Pode-se definir um projétil como sendo qualquer objeto que se movimenta com uma certa
velocidade apenas sob o efeito da aceleração da gravidade e da resistência do ar. Ou seja, qualquer
objeto lançado pode ser considerado como projétil.
Uma bola lançada ou chutada por um atleta, um pacote abandonado pela janela de um carro
em movimento, ou um paraquedista que se lança de um avião, podem ser considerados como projéteis
e o movimento que o descreve terá a forma de uma curva chamada de trajetória.
No caso específico dessa prática, será estudado o movimento de uma esfera ao ser lançada
com apenas a componente horizontal da velocidade, lançamento horizontal, e o movimento no caso
de a esfera ser lançada fazendo um ângulo em relação à horizontal, lançamento oblíquo. Em ambos
os casos é possível fazer algumas aproximações como: desconsiderar os efeitos da resistência do ar
da curvatura e do movimento da Terra, principalmente por se tratar de uma trajetória curta, e
considerar a esfera como uma partícula.
De um modo geral, todos os projéteis têm sua trajetória contida em um plano determinado
pela direção da velocidade inicial, o que significa dizer que o movimento ocorre em duas dimensões,
como ilustrado na Figura 1.

Figura 1. Representação dos vetores velocidade em alguns pontos da trajetória parabólica. Observa-
se que o comportamento da componente no eixo vertical varia e no eixo horizontal é sempre igual em
toda a trajetória. Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

1
“Podemos considerar o movimento de um projétil como a combinação de um movimento horizontal
com velocidade constante e um movimento vertical com aceleração constante”.

Deve-se analisar separadamente as duas componentes da trajetória. No caso da componente


horizontal da trajetória, tem-se um movimento retilíneo uniforme (MRU), já que não há nenhuma
força externa atuando sobre o projétil. “Lembre-se que estamos desconsiderando a resistência do ar”.
Sendo assim a componente horizontal da trajetória pode ser escrita da seguinte forma:
𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0𝑥 𝑡 (1)
sendo 𝑥 a posição horizontal no tempo 𝑡, 𝑥0 a posição inicial e 𝑣0𝑥 é a componente horizontal da
velocidade inicial do projétil.
Diferente da componente horizontal, na componente vertical da trajetória ocorre um
movimento retilíneo uniformemente acelerado (MRUV), pois o projétil sofre a ação da aceleração da
gravidade que atua sempre para baixo devido a força gravitacional. A equação que descreve essa
componente é escrita da seguinte maneira:
1
𝑦 = 𝑦0 + 𝑣0𝑦 𝑡 + 𝑎𝑦 𝑡 2 , (2)
2
em que 𝑦 é a posição vertical no tempo 𝑡, 𝑦0 é a posição inicial, 𝑣0𝑦 é o componente vertical da
velocidade inicial do projétil e 𝑎𝑦 é o componente vertical da aceleração, cujo módulo é igual ao da
aceleração da gravidade local, g. Podemos analisar o caso particular que será estudado nessa prática.
Ou seja, o caso em que o projétil que será lançado horizontalmente, e realizará um movimento
parabólico no plano xy. Para simplificar o entendimento, a origem do nosso sistema de coordenadas
será colocada no ponto exato em que o projétil é lançado, ou seja, 𝑥0 e 𝑦0 serão iguais a zero. Além
disso, vamos considerar o eixo 𝑦 do nosso sistema de coordenadas apontado na mesma direção da
aceleração da gravidade, o que implica em 𝑎𝑦 = +𝑔 e o movimento será positivo de cima para baixo.
Outra característica do nosso experimento é que como o projétil é lançado na horizontal, a
componente 𝑦 da velocidade inicial é nula, ou seja, 𝑣0𝑦 = 0 𝑚/𝑠. Nesse caso as equações (1) e (2)
tomam a seguinte forma:
𝑥 = 𝑣0𝑥 𝑡 (3)

1 2
𝑦= 𝑔𝑡 (4)
2

As duas componentes do movimento, descritas pelas equações (3) e (4), estão diretamente
relacionadas ao tempo 𝑡. Logo, podemos escrever uma relação entre 𝑦 e a distância horizontal

2
percorrida pelo projétil, 𝑥.

1 𝑥
𝑦= 𝑔( )2 (5)
2 𝑣0𝑥

3 – Metodologia:

3.1 - Material Utilizado

Calha, esfera, trena, fita adesiva, corda com peso na ponta (prumo), nível, papel milimetrado e
paquímetro.

3.2 – Procedimentos

Lançamento horizontal

O aparato experimental para realização das medidas é ilustrado na Figura 2, juntamente com
a ilustração da trajetória do projétil (linha pontilhada). Neste experimento, a esfera é abandonada a
partir da posição arbitrária A. O lançamento ocorre a partir do ponto B e, após realizar um movimento
parabólico, atinge o solo no ponto C. Tomaremos o ponto B como sendo a origem do sistema de
coordenadas (𝑥0 = 𝑦0 = 0).

Figura 2. Ilustração do aparato experimental. Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

A Figura 3 apresenta a imagem do aparato experimental utilizado na prática (ilustrado na


Figura 2). Um sensor para mensurar o tempo que a esfera leva para colidir com o solo será colocado
na posição B da Figura 2. Esse sensor é o equipamento localizado imediatamente no final da calha,

3
em formato de “U”, mostrado na Figura 3 (a-d). O tempo de lançamento inicia a sua contagem assim
que a esfera passar através desse sensor e será interrompido assim que a esfera colidir com o sensor
mostrado na Figura 3(d). Esse está apresentado de forma mais clara na Figura 4. No momento que a
esfera colidir na “rampa” do sensor, a contagem de tempo será interrompida e o tempo que a esfera
levou em sua trajetória até colidir com o solo será mostrado na tela do equipamento.

(a) (b) (d)


Sensor

(c)
Sensor

Medidor
de
tempo

Prumo

Figura 3. Aparato experimental para a prática de lançamento horizontal de projéteis. Fonte:


Elaborado pelo próprio autor.

𝒚′𝟏
𝒚′𝟐

Figura 4. Detalhes do sensor que interrompe a contagem do tempo de queda. Fonte: Elaborado
pelo próprio autor.
4
Etapas para realização das medidas:

1. Serão realizadas medidas de comprimento de 𝒚 e 𝒙 como ilustrado na Figura 2. Para isso,


escolha um valor arbitrário 𝒉 de onde a esfera será abandonada. Meça o valor de 𝒉 e mantenha
essa altura 𝒉 fixa em todos os lançamentos. Nivele a base horizontal da calha para garantir
que o lançamento seja horizontal (𝑣𝑦0 = 0 𝑚/𝑠). Assegure-se de que a calha esteja nivelada
em todos os lançamentos;
2. Fixe o sensor na placa de madeira e um pedaço de papel branco sobre ele com o auxílio de
uma fita adesiva como ilustra a Figura 4. Meça a espessura da placa de madeira e do sensor
(𝒚𝟏 e 𝒚𝟐 ) como ilustrado na Figura 4 com o auxílio de um paquímetro;
3. Utilizando a linha de prumo (Figura 3(d)), marque no chão o ponto exatamente abaixo do
ponto B (Figura 1), ou seja, a origem da componente 𝒙 do movimento. Mantenha esse ponto
fixo em todas as medidas;
4. Com a ajuda de um membro do grupo, faça um lançamento teste abandonando a esfera da
posição escolhida com a calha ajustada no primeiro nível (nível mais alto em relação ao
solo) em uma certa altura 𝒚 e ajuste a localização do sensor para que a esfera colida com o
sensor. Um membro do grupo irá abandonar a esfera de uma certa posição e o outro irá
observar o mais próximo possível do sensor localizado no solo onde a esfera irá colidir.
Marque a posição de colisão com o sensor. Faça a medida da altura 𝒚 e do alcance x em
relação à origem como ilustrado na Figura 1. Note que o tempo de lançamento será
contabilizado no medidor de tempo. Considere a incerteza para medida de tempo de um dígito
em segundos no último algarismo da medida. Observe que a altura total, ou seja, (𝒚𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍) é
a medida de y subtraída da espessura da placa de madeira e do sensor.
5. Considerando-se o mesmo nível de altura (𝒚) do primeiro lançamento (item 4), empurre a
esfera da borda final da calha tal que ele passe pelo sensor e realize um movimento
aproximadamente de queda livre. Anote o tempo de queda livre. Note que a altura 𝒚 você já
anotou a medida de acordo com o item 4;
6. Repita os itens 4 e 5 mais cinco vezes;
7. Apresente todas as medidas em uma tabela de forma organizada e legível.

5
Altura Tempo Altura total Distância
(𝑦 ± ∆𝑦) 𝑚 (𝑡 ± ∆𝑡) 𝑠 (𝑦𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ± 𝜎𝑦 ) 𝑚 (𝑥 ± ∆𝑥) 𝑚

ℎ=( ± ) 𝑚 𝑦1′ = ( ± )𝑚 𝑦2′ = ( ± )𝑚

Altura total Tempo de queda livre


(𝑦𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ± 𝜎𝑦 ) 𝑚 (𝑡 ± ∆𝑡) 𝑠

OBS: utilizar propagação de erro pelo método da derivada no preenchimento da coluna “altura total”
da tabela. Observe que você está fazendo uma subtração (veja Figura 4). 𝑦𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑦 − (𝑦1′ + 𝑦2′ ).

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4 – Atividades

1. Conhecendo a relação teórica entre 𝑦 e 𝑥 (equação 5), em que desprezamos a força de


resistência do ar, faça um gráfico linearizado em uma folha de papel milimetrado. Apresente
os cálculos. Apresente nova tabela, caso a linearização exija.
2. Utilizando o método da melhor reta visual, encontre os coeficientes angular e linear da reta e
escreva o relacionamento analítico entre as grandezas 𝑦 e 𝑥.
3. Quais são os significados físicos dos coeficientes encontrados? Considerando o módulo de
𝑔 = (9,78 ± 0,01) 𝑚/𝑠 2 e que a incerteza aproximada do coeficiente angular da reta é
±0,002 𝑚−1, determine graficamente o módulo da velocidade com que a esfera foi lançada e
seu respectivo desvio (Utilize o método da derivada). Quais seriam as possíveis fontes de
erros no caso desse experimento?
4. Construa os gráficos de 𝑦 𝑣𝑒𝑟𝑠𝑢𝑠 𝑡 e 𝑥 𝑣𝑒𝑟𝑠𝑢𝑠 𝑡 em duas folhas distintas de papel
milimetrado já linearizado considerando as equações (3) e (4). Apresente nova tabela, caso a
linearização exija. Quais são os significados físicos dos coeficientes encontrados para cada
gráfico? Determine os seus valores.
5. O gráfico 𝑥 𝑣𝑒𝑟𝑠𝑢𝑠 𝑡 está relacionado a componente horizontal da trajetória. O que podemos
afirmar acerca da sua velocidade e aceleração? Faça a sua discussão considerando o resultado
do item 4.
6. O gráfico linearizado 𝑦 𝑣𝑒𝑟𝑠𝑢𝑠 𝑡 está relacionado a componente vertical da trajetória. O que
podemos afirmar acerca da sua velocidade e aceleração? Faça a sua discussão considerando o
resultado do item 4.
7. Considerando os resultados anteriores, explique a razão para a trajetória observada da esfera
lançada ter um comportamento de curva (parabólico) e não retilínea.
8. Calcule o módulo da velocidade no ponto B, caso a energia mecanica do sistema entre os
pontos A e B se mantivesse constante. Compare com o valor obtido anteriormente e discuta
sobre a diferença entre os métodos.

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