Movimento de um projétil

Ranyelle Maria da Silva Avelino Leal

Departamento de Física - Centro de Ciências da Natureza - UFPI
email: avelinoleal011@gmail.com

Resumo. Este experimento teve como objetivo determinar o ponto de impacto que uma
esfera rígida atingiu ao cair de um sistema, formado por um plano inclinado e uma mesa
sob ele, por meio da aquisição das velocidades 𝑣𝑥 e 𝑣𝑦 do complexo, uma vez que

conhecendo estas, juntamente com a altura da mesa, são suficientes para demarcar o
alcance do projétil. Sabendo disso, para uma mesa de 0, 093 𝑚 e uma gravidade de
aproximadamente 9, 8 𝑚/𝑠, aferiu-se que os pontos de impacto máximo e mínimo foram de
0, 460 𝑚 e 0, 451 𝑚, para as velocidades de 1, 046 𝑚/𝑠 e 1, 025 𝑚/𝑠, respectivamente. Para
uma velocidade média de (1, 038 ± 0, 007) 𝑚/𝑠, obteve-se uma alcance de 0, 456 𝑚,
assumindo um valor bem próximo do ponto de impacto real, mensurado por 0, 451 𝑚, com
um erro experimental de apenas 0,5%.

Palavras chave: Alcance, altura, velocidade.

1.0 Introdução seja, podemos isolá-las como problemas

Foi Galileu Galilei o pioneiro no estudo e resolvê-las de forma individual, uma vez
da cinemática, realizados diversos que o tempo para ambos é o mesmo[1].
experimentos, e refutando as ideias Em um deslocamento horizontal, a
aristotélicas que predominavam na época. posição final pode ser encontrada por
Em um das suas experiências, concluiu meio da seguinte equação:
que em queda livre, a massa dos corpos
não influencia no seu tempo de queda ∆𝑥 = 𝑣𝑥 𝑡 (01)
como muitos pensavam na época. Ele
mostrou isso através de um experimento, Onde ∆𝑥 é a variação da posição, e
onde fez duas bolas de chumbo, de
tendo o ponto inicial 𝑥0 igual a zero, o
massas diferentes, rolarem sobre um
ponto de impacto dado pela equação
plano inclinado, no qual, ambos se
pode ser encontrado por meio da
deslocaram na mesma velocidade. Mais
velocidade 𝑣𝑥 e o tempo 𝑡.
tarde analisando o deslocamento de
corpos, ele concluiu que em um Como mencionado anteriormente, o

lançamento oblíquo, as componentes 𝑣𝑥 e tempo para ambos os movimentos é o

mesmo, e pode ser encontrado através da
𝑣𝑦 da velocidade se comporta de forma
seguinte equação:
independente uma em relação a outra, ou
 ∆𝑦 = 𝑣0𝑦𝑡 +
1 2
𝑎𝑦𝑡 (02)
2
Considerando que a velocidade inicial
𝑣0𝑦 seja igual à zero, o tempo dado pela
equação (2) pode ser ser encontrado por
meio da seguinte relação:
2∆𝑦
𝑡 = 𝑎𝑦
(03)
Sendo 𝑎𝑦 a aceleração da gravidade
que atua no sentido vertical[2].
Desta forma, o objetivo desta prática é
determinar o ponto de impacto através da
relação bidimensional de diferentes
velocidades 𝑣𝑥 obtidas por meio de
diversos lançamentos.
2.0 Procedimento
Primeiramente, montou-se o arranjo
experimental, como mostra na figura 2.1,
com um plano inclinado sobre a mesa,
tendo como objetivo obter velocidades
mais próximas a cada lançamento, ou
seja, diminuir o desvio padrão entre as
velocidades.
Em seguida, os dois fotodetectores
foram instalados no sistema, e a distância
entre eles foi definida e plotada no
computador, com o intuito de determinar a
velocidade da esfera, visto que o tempo
que ela passa entre eles é cronometrado
pelos fotodetectores, e transmitidos para o
PC.
Posteriormente, os lançamentos foram
realizados e as velocidades que a bolinha
obteve foram recolhidos do programa.
Após o penúltimo lançamento uma folha
de papel carbônico foi colocada no chão,
a fim de obter-se um alcance real para o
movimento. A altura da mesa também foi
aferida a fim de determinar o
deslocamento vertical sofrido pela esfera.
Figura 2.1: arranjo
[3]
experimental.
3.0 Resultados e discussões
Se uma bola parte do repouso em
queda livre, é possível determinar em que
instante de tempo a esfera atinge o chão
conhecendo apenas a altura de onde ela
irá cair e a que aceleração da gravidade
que o objeto está sendo submetido.
Contudo, em um lançamento oblíquo,
o movimento que um projétil realiza
durante a queda é composto pelo vetor
velocidade, que decompõem-se em
componentes 𝑣𝑥 e 𝑣𝑦 da velocidade, e se
relacionam de forma independente,
apesar disso, o tempo para ambos os
movimentos é o mesmo.
Durante o seu trajeto vertical, a
componente 𝑣𝑦 da velocidade tem módulo
inicial nulo, atuando apenas a força
gravitacional e adquirindo energia cinética
a partir da aceleração da gravidade.
Dessa forma, pode-se encontrar o valor
do tempo t por meio da eq.(03)
 No decorrer do seu deslocamento um projétil suja velocidade 𝑣𝑥 seja
horizontal, a velocidade 𝑣𝑥 teve origem a diferente de zero.
partir da viagem da bolinha no plano Conhecendo-se o tempo de queda e
inclinado (velocidade esta medida pelo suas velocidade, para uma velocidade
computador), e é proporcional ao ângulo média 𝑣𝑥 de (1, 038 ± 0, 007) 𝑚/𝑠 o ponto
que o plano faz com a superfície da de impacto previsto foi de 0, 0456 𝑚, um
mesa, uma vez que a aceleração também
valor que encontra-se entre os valores
é maior quando θ tende a 90°. Com a
máximos e mínimos de 0, 460 𝑚 e
bolinha deixa a mesa apenas com
0, 451 𝑚, para as velocidades de
velocidade 𝑣𝑥, é possível encontrar o
1, 046 𝑚/𝑠 e 1, 025 𝑚/𝑠, respectivamente.
ponto de impacto com base na eq.(01). Considerando os erros sistemáticos,
Levando em conta essas informações, como aparelhos não tão precisos, além da
averiguou-se que, para uma altura de resistência do ar, os dados apresentados
0, 093 𝑚, um objeto em queda livre não podem ser considerados exatos, visto
demoraria cerca 0, 44 𝑠 para chegar ao que o ponto de impacto previsto
chão, tempo equivalente para a queda de apresentou uma taxa de 0,5% de erro ao
ser comparado com o ponto de impacto
real de 0, 451 𝑚.
Tabela II: Velocidade e ponto de impacto do projétil.
Tabela I: Velocidades adquiridas durante os
Altura 0, 093 𝑚
lançamentos.
Velocidade máxima 1, 046 𝑚/𝑠
Tentativas Velocidade
(m/s)
Velocidade mínima 1, 025 𝑚/𝑠

1 1,036 Ponto de impacto máximo 0, 460 𝑚

2 1,032 Ponto de impacto mínimo 0, 451 𝑚

3 1,046 Velocidade média (1, 038 ±

0, 007) 𝑚/𝑠
4 1,043

5 1,036
Ponto de impacto previsto 0, 456 𝑚
6 1,032
Ponto de impacto real 0, 451 𝑚
7 1,046

8 1,043

9 1,025

10 1,038

4.0 Conclusão
 Esta prática teve como objetivo
entender como funciona a dinâmica de
um projétil, e prever onde seria sua
queda, uma vez que, as componentes do
vetor que direciona o movimento do corpo
se comportam de forma independentes.
Averiguou-se que, para uma velocidade
média de (1, 038 ± 0, 007) 𝑚/𝑠
obteve-se um ponto de impacto de
0, 456 𝑚 muito próximo ao valor atribuído
pelo impacto real, de 0, 451 𝑚 possuindo
um percentual de erro de apenas 0,5%.

6.0 Referências
[1] Hawking, S. Uma Breve História Sobre
o Tempo. 1988.
[2] NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de
física básica, Vol. 1 São Paulo: E. Blücher,
5º edição, 2013.
[3] Apostila de Física experimental I
elaborada pela Profa. Maria Leticia Vega
– 2022