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CAUSAS DE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA

1. Causas de modificação da competência.

1.1. Há modificação da competência absoluta quando o Juízo, ex officio ou a requerimento,


declara a (sua) incompetência e determina a remessa do processo ao Juízo (absolutamente)
competente (em razão da matéria ou função) (CPC 62);

1.2. Há modificação da competência relativa quando o Juízo, a requerimento da parte, declara


a (sua) incompetência e determina a remessa do processo ao Juízo (relativamente) competente (em
razão do território ou do valor da causa) (CPC 63);

1.3. Conexão (CPC 54 e 55). Para haver conexão, são necessárias duas ou mais ações. Entre
essas deverá haver identidade da causa de pedir (fatos e fundamentos jurídicos) ou de pedido. Não
há necessidade de haver identidade de partes, para que opere-se a conexão.

1.3.1. Procedimento. Cabe às partes arguirem a conexão de causas. Isto pode dar-se
tanto pelo autor, quanto pelo réu. Quando o autor ajuíza uma ação ciente de que é conexa a outra,
que já está em trâmite, cumpre-lhe informar tal situação na petição inicial e requerer que a inicial
seja distribuída por dependência (p. ex., embargos de terceiro, CPC 676, e embargos à execução,
CPC 914, § 1º); quando cabe ao réu alegar a conexão de causas, deve fazê-lo em preliminar de
contestação (CPC 337, VIII). A decisão sobre a conexão não é passível de ser atacada por agravo de
instrumento, razão pela qual caberá às partes, querendo, dela recorrerem em sede de preliminar de
apelação (CPC 1.009, § 1º).

1.3.2. Os processos conexos serão julgados pelo Juízo prevento (CPC 58), sendo
considerado prevento o Juízo onde primeiro foi registrada ou distribuída a petição inicial (CPC 59).

1.3.3. A conexão pode ser conhecida ex officio pelo Juízo, que, se assim o reconhecer,
determinará, alternativamente, (i) a remessa do processo ao Juízo prevento ou (ii) que o processo
que tramita em outro Juízo lhe seja remetido, quando é o Juízo prevento.

1.3.4. Em caso de ações dúplices, dispensa-se o ajuizamento de duas ações e, por


conseguinte, não há que se falar em conexão, p. ex., ações possessórias e ação de guarda de filhos
menores.

1.3.5. Limites impeditivos da reunião de processo por conexão: (i) critério temporal
(CPC 55, § 1º); (ii) diferença de procedimentos, p. ex., não se pode reunir, por conexão, um
processo de execução de título extrajudicial e uma ação de cobrança, ainda que exista identidade de
credor e devedor nos dois processos; há, entretanto, uma exceção, que é a hipótese de o autor abrir
mão do procedimento que lhe seja mais favorável e litigar em ambos processos pelo procedimento
comum; (iii) só há conexão quando se tratar de competência relativa (territorial e quanto ao valor da
causa), ou seja, não se reúnem processos quando há diferente competência absoluta (material ou
funcional), por exemplo, não se pode reunir ação de divórcio que tem por fundamento violência
doméstica e ação de indenização que tenha o mesmo fundamento, vez que esta deve tramitar no
Juízo Cível, quanto aquela no Juízo de Família.

1.4. Continência (CPC 56). Há continência quando houver identidade de partes e de causa de
pedir e, ainda, o pedido de um dos processos é mais abrangente que o do outro.
1.4.1. Procedimentalmente, a continência opera-se tal qual a conexão. A única
diferença, é que, depois de reunidos os processos, aquele que for menos abrangente deve ser extinto
sem análise do mérito, cabendo julgar apenas o processo mais abrangente.

1.5. Conflito de competência (CPC 66).

1.5.1. Hipóteses em que ocorre o conflito de competência: (i) quando dois ou mais
Juízos declaram-se competentes para processar e julgar a causa; (ii) quando dois mais Juízos
declaram-se incompetentes; (iii) quando há controvérsia entre dois ou mais Juízos sobre a reunião
de processos.

1.5.2. Deve o juiz, ex officio, suscitar o conflito de competência quando entender que (i)
não deve julgar o processo que lhe foi remetido, (ii) solicita a remessa de um processo para julgar e
esta solicitação não é acolhida, (iii) entende haver conexão de processos e o Juízo no qual tramita o
processo conexo recusa-se a remetê-lo ao Juízo prevento ou, (iv) ainda, não recebe o processo que
lhe foi remetido.

1.5.3. Competência para julgar o conflito de competência:

a) quando o conflito é estabelecido entre Juízos de primeiro grau da mesma


justiça, o conflito é processado e julgado no respectivo tribunal local;

b) quando o conflito é estabelecido entre Juízos de primeiro grau da mesma


justiça, mas que estejam vinculados a tribunais (de segundo grau) diferentes, o conflito será julgado
no tribunal superior a que tais Juízos estejam vinculados;

c) quando o conflito é estabelecido entre Juízos de primeiro grau de justiças


diferentes, o conflito será julgado no STJ;

d) quando o conflito é estabelecido entre um Juízo de primeiro grau e um Juízo de


segundo grau, da mesma justiça, o conflito será julgado pelo tribunal local, mas por órgão
jurisdicional diferente daquele que está em conflito;

e) quando o conflito é estabelecido entre um Juízo de primeiro grau e um Juízo de


segundo grau de justiças diferentes, o conflito será julgado pelo STJ;

f) quando o conflito é estabelecido entre órgãos fracionários do mesmo tribunal,


cabe ao próprio tribunal julgar o conflito, mas por órgão jurisdicional diferente daqueles que estão
conflito de competência;

g) quando o conflito de competência é estabelecido entre tribunais de segundo


grau, de mesma justiça, o conflito será julgado pelo tribunal superior respectivo.

h) quando o conflito de competência é estabelecido entre tribunais de segundo


grau de justiças diferentes, o conflito será julgado pelo STJ;

i) quando o conflito de competência é estabelecido entre tribunais superiores, o


conflito será julgado pelo STF.

1.5.4. Processamento do conflito de competência.


a) na forma do CPC 953, o conflito de competência, quando suscitado pelo Juízo
(ex officio), se dá através de ofício remetido ao Tribunal responsável pelo julgamento do conflito;
quando suscitado pelas partes ou pelo MP, se dá através do protocolo da petição inicial (do conflito
de competência) no Tribunal competente para julgar tal conflito.

b) depois de distribuído o conflito de competência e sorteado o relator, este último


determinará que os juízes em conflito remetam as razões pelas quais entendem-se competentes ou
incompetentes; quando o conflito foi suscitado ex officio, apenas o juiz que não o suscitou é
intimado para manifestar-se.

c) decorrido o prazo fixado pelo relator, com ou sem a(s) manifestação(ões) do(s)
juiz(es) o relator abrirá vistas ao MP para manifestar-se em cinco dias.

d) depois de colhidas as manifestações dos juízes em conflito e do MP, o conflito de


competência é levado ao colegiado (Câmara ou Turma), em sessão de julgamento.

e) no julgamento decide-se (i) qual é o juízo competente, (ii) se são, ou não,


válidos os atos processuais praticados pelo juízo declarado incompetente.

f) decidido qual é o juízo competente, o processo é a ele destinado.

g) observação 1: em caso de tutela provisória, cabe ao relator designar um dos


juízes em conflito para decidir requerimentos das partes.

h) observação 2: da decisão do tribunal que declara qual é o juízo competente,


podem recorrer as partes ou o MP; os juízes em conflito não podem recorrer, vez que estão
hierarquicamente subordinados ao tribunal.

2. Elementos de identificação da ação.

2.1. Partes. As partes precisam ser qualificadas (CPC 319, II) e, a partir desta qualificação é
possível, ainda que pode exclusão, determinar de modo ao menos aproximado, de que tipo de
processo não se está a tratar.

2.2. Fatos. Tratam-se de elemento anterior ao processo, e valorados juridicamente pelo direito
material, e que são trazidos ao processo pois é dos fatos que deriva e surge a pretensão do autor.

2.3. Fundamentos jurídicos. Elementos de direito material que a parte autora (envolvida nos
fatos) sustenta que incidem sobre tais fatos, bem como dos quais se pretende extrair consequências
práticas.

2.4. Pedido. Providência que a parte autora pretende receber do Poder Judiciário. É o pedido
que define a natureza jurídica do processo.

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