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Entenda o conflito de competência no Novo CPC https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/artigos/405902812/entenda-o-...

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16 de Julho de 2022

Entenda o conflito de competência no Novo CPC

Publicado por Flávia Teixeira Ortega há 6 anos  124,2K visualizações

No presente artigo comentarei os artigos do CPC/15 acerca de conflito


de competência. Notei poucos artigos acerca do tema, então decidi
explicar, artigo por artigo.

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Art. 951. O conflito de competência pode ser suscitado por


qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz.

Parágrafo único. O Ministério Público somente será


ouvido nos conflitos de competência relativos aos
processos previstos no art. 178, mas terá qualidade de
parte nos conflitos que suscitar.

■ Conflito de competência

O art. 66 do NCPC cuida do conflito de competência e seu


processamento. Quando o conflito se verificar entre órgãos de primeiro
grau, tramita perante o Tribunal, conforme as regras estipuladas nos
arts. 951 e ss. Do NCPC.

O conflito de competência pode ser:

A) Positivo (dois ou mais juízes se declaram competentes);

B) Negativo (dois ou mais juízes se consideram incompetentes,


atribuindo um ao outro a competência).

C) Quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia sobre a reunião


ou separação de processos: se um órgão jurisdicional determina a
reunião de processos e contra esta o outro órgão se insurge, está-se
diante de conflito positivo de competência (os dois juízos afirmam-se
competentes); se, ao contrário, um órgão jurisdicional determina a
separação de processos e outro, ao qual um dos feitos foi remetido,
rejeita a competência que lhe foi atribuída, está-se diante de conflito
negativo de competência (dois juízos renegam a competência).

Sendo atribuída por determinado juiz ou órgão jurisdicional a


competência a outro juiz, caberá a este último, caso não aceite a
competência que lhe tenha sido imputada e não indique um
terceiro juízo como competente, a suscitação do conflito de
competência (art. 66 do NCPC, parágrafo único).

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A legitimação para a suscitação do conflito de competência é das


partes, do Ministério Público, podendo o órgão jurisdicional suscitá-lo
de ofício.

Em regra, nos conflitos de competência não se faz necessária a


intervenção do MP. Sua atuação será obrigatória apenas nos conflitos
que forem em tal órgão suscitados, evidentemente, pois o MP terá,
nesta situação, a condição de parte suscitante, ou nos conflitos de
competência oriundos de causas em que é obrigatória a participação do
órgão ministerial, conforme rol do art. 178 do NCPC.

Art. 952. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo,


arguiu incompetência relativa.

Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém,


a que a parte que não o arguiu suscite a incompetência.

A parte, ao arguir incompetência relativa, expressamente afirma que


um juízo é competente e o outro, por exclusão, não o é.

Ao fazê-lo, a parte (e estamos tratando da parte ré, que é quem


necessariamente suscita a incompetência relativa, em contestação)
esgota o ato processual por intermédio do qual poderia invocar a
ocorrência de incompetência relativa (que, como sabemos, envolve
questão de direito disponível).

Nestas condições, permitir que esta parte, além de haver arguido


incompetência relativa, suscite conflito de competência pautada nas
mesmas razões perfaria inadmissível bis in idem, e por esta razão o art.
952 do NCPC determina ser carecedora de interesse para suscitar o
conflito de competência a parte que já tenha arguido incompetência
relativa.

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Art. 953. O conflito será suscitado ao tribunal:

I - pelo juiz, por ofício;

II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição.

Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os


documentos necessários à prova do conflito.

O art. 953 do NCPC, repetindo as legitimações para suscitação do


conflito de competência (órgão jurisdicional, MP e partes), define o
endereçamento do conflito (seu processamento e seu julgamento são
de competência dos tribunais, de conformidade com os regimentos
internos destes) e a forma sob a qual deverão ser veiculados.

Se de iniciativa do órgão jurisdicional o conflito de competência deverá


ser suscitado por ofício dirigido ao tribunal. Se, contudo, o conflito de
competência for de iniciativa da parte do Ministério Público, deverá ser
suscitado por petição.

Tanto o ofício quanto a petição de suscitação do conflito de


competência deverão ser instruídos com todos os documentos
necessários à comprovação de suas razões.

Art. 954. Após a distribuição, o relator determinará a oitiva


dos juízes em conflito ou, se um deles for suscitante, apenas
do suscitado.

Parágrafo único. No prazo designado pelo relator, incumbirá


ao juiz ou aos juízes prestar as informações.

O art. 953 cuida do procedimento inicial do conflito de competência.

O conflito de competência é distribuído a um dos magistrados


integrantes do tribunal, que funcionará como seu relator; distribuído o
conflito, quando este for suscitado por alguma das partes ou pelo MP,
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será determinada a oitiva dos órgãos jurisdicionais em conflito. Caso o


conflito tenha sido suscitado por um dos juízos, apenas o suscitado
será instado a se manifestar.

O prazo para que se dê a manifestação dos juízos em conflito será


designado pelo relator ou, no silêncio deste, aplicar-se-á o prazo geral
de 5 (cinco) dias.

Art. 955. O relator poderá, de ofício ou a requerimento de


qualquer das partes, determinar, quando o conflito for
positivo, o sobrestamento do processo e, nesse caso, bem
como no de conflito negativo, designará um dos juízes para
resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes.

Parágrafo único. O relator poderá julgar de plano o


conflito de competência quando sua decisão se fundar em:

I - súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior


Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

II - tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em


incidente de assunção de competência.

O artigo em apreço cuida, dentre outros temas, da possibilidade de


julgamento de plano do conflito, sem que se faça necessária a coleta de
elementos de convicção, quando a matéria sub judice, vale dizer, a
temática que gerou o conflito de competência, for objeto de pacificação
jurisprudencial em decorrência de (i) súmula do STF, do STJ ou do
próprio tribunal em que suscitado o conflito, ou de (ii) tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de
competência.

Trata-se de salutar permissão de julgamento sumário do conflito, em


caráter monocrático, atribuindo-se ao relator o julgamento
monocrático em virtude de a matéria estar pacificada nos termos dos
incisos do parágrafo único do art. 955 em questão, sem necessidade de

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apreciação do conflito de competência pelo órgão colegiado.

Durante o processamento do conflito de competência, deverá o relator


designar um dos órgãos jurisdicionais em conflito para que resolva as
questões urgentes, de modo que os riscos de danos graves ou de difícil
reparação não fiquem inapreciados. A resolução das questões urgentes,
evidentemente, será provisória, ficando, como de resto ocorrerá com as
demais questões, na dependência de convalidação decisória por parte
do órgão jurisdicional que for fixado como o competente.

Art. 956. Decorrido o prazo designado pelo relator, será


ouvido o Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias,
ainda que as informações não tenham sido
prestadas, e, em seguida, o conflito irá a julgamento.

O art. 956 do NCPC estipula que, empreendidas as providências


descritas nos arts. 954 e 955 antecedentes (distribuição do conflito de
competência, oitiva dos órgãos jurisdicionais em conflito, designação
do juiz que apreciará as questões urgentes), será ouvido o MP em 5
(cinco) dias e o conflito irá a julgamento.

A oitiva do MP apenas se dará na hipótese prevista no art. 951,


parágrafo único, do NCPC.

Art. 957. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o


juízo competente, pronunciando-se também sobre a
validade dos atos do juízo incompetente.

Parágrafo único. Os autos do processo em que se manifestou


o conflito serão remetidos ao juiz declarado competente.

Quando da decisão do conflito de competência, automaticamente será


declarado qual o juízo competente ao qual serão remetidos os autos.
Adicionalmente, deverá o tribunal, também, pronunciar-se sobre quais
atos praticados pelo juízo tido por incompetente serão validados ou
invalidados.

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A decisão proferida em sede de conflito de incompetência desafia


recursos, a saber, os embargos de declaração, o recurso especial e o
recurso extraordinário, 31. sendo preenchidos os demais pressupostos.

Art. 958. No conflito que envolva órgãos fracionários dos


tribunais, desembargadores e juízes em exercício no tribunal,
observar-se-á o que dispuser o regimento interno do tribunal.

O conflito de competência cujo processamento é tratado nos arts. 941 a


959 do NCPC diz respeito àquele verificado entre órgãos de primeiro
grau; caso o conflito de competência, contudo, se manifeste entre
órgãos jurisdicionais de segundo grau (órgãos fracionários,
desembargadores ou juízes em exercício no tribunal), seu
processamento deverá observar o disposto no regimento interno da
corte.

Art. 959. O regimento interno do tribunal regulará o processo


e o julgamento do conflito de atribuições entre autoridade
judiciária e autoridade administrativa.

Pode ocorrer de o conflito manifestar-se não entre duas autoridades


judiciais, porém entre autoridade judicial e autoridade administrativa,
ambas afirmando ter atribuição para apreciar determinada questão.
Nesta hipótese, o conflito não é chamado de conflito de competência,
porém de conflito de atribuições, e seu processamento se dará da
maneira prevista no regimento interno do tribunal.

Bibliografia: Fredie Diddier.

Disponível em: https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/artigos/405902812/entenda-o-conflito-


de-competencia-no-novo-cpc

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