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JULIANA MACHADO
SUELLEN DECOTTIGNIES
VILA VELHA
2020
Muito se discute sobre a definição de regras em análise do comportamento.
Analistas do comportamento divergem sobre a definição de regra. Para Glenn (1987
apud Malavazzi e Pereira, p. 01, 2016), regras são descrições de relações
funcionais, relacionando o termo apenas a topografia não sendo necessário dar
reconhecimento à função do antecedente verbal da regra. Porém, Catania (1989
apud Malavazzi e Pereira, 2016) discorda afirmando que a topografia de uma regra
não é fundamental para que se compreenda o modo como ela afeta a resposta
especificada pelo falante na descrição de contingência e afirma que a definição de
regra exige identificar a função dela no controle do comportamento humano.
Por conseguinte, destaca-se que uma regra é completa quando descreve o estímulo
antecedente, resposta e consequência. Já a descrição da contingência é parcial
quando expõe somente a resposta, resposta e estimulo ou resposta e consequência.
Ainda que a contingência se apresente de modo imparcial há aquisição ou
modificação do comportamento. À luz de Veiga e Leonardi (p.173)
Uma pessoa pode olhar para os convidados de uma festa como resultado
da recomendação de seu clínico durante a sessão, enquanto outra pode
fazê-lo porque, em sua história, isso produziu reforçadores sociais e,
consequentemente, estabeleceu a condição antecedente “festa” como
estímulo discriminativo para a resposta de olhar.
Acerca da variável que diz respeito a relação com eventos antecedentes, ressalta-se
dois aspectos relevantes: a influência que o falante tem sobre o ouvinte quando a
regra é apresentada e a função de estímulo que a própria regra exerce.
Entende-se que uma regra exerce a função discriminativa quando a descrição até
então desconhecida pelo ouvinte é composta por trechos da descrição em que o
responder do ouvinte já foi reforçado em outros momentos. Alega-se que
recombinações desse tipo possibilitam a emissão de “respostas novas” sob controle
de “regras novas”, processo designado como formação de classes discriminativas
generalizadas (Veiga e Leonardi, p. 174).
Por sua vez, a alteração ambiental descrita pela regra funciona como estímulos
discriminativos evocando respostas. Dessa forma, a contingência se apresenta da
seguinte maneira, conforme Veiga e Leonardi (p.175)
Neste contexto, Skinner (2006, p.112) entende que a razão é a força original da
mente que leva a descoberta da verdade. Dessa forma, as consequências descritas
em conselhos, avisos são as razões pelas quais uma pessoa atende a um conselho,
obedece a lei, segue instruções. A razão não se torna efetiva apenas porque o
indivíduo pensa nela antes de agir, os estímulos que desempenham um papel numa
longa história de condicionamento.
Na clínica comportamental é possível analisar comportamentos para se extrair
regras que se aplicam a uma classe de fatos. A análise das condições pode levar a
descrições que evocam o comportamento apropriado às contingências sem
exposição direta a elas. Dessa forma, uma pessoa é capaz de solucionar um
problema mudando o cenário em que ele aparece.
Vislumbra-se então que uma pessoa quer seguir uma regra devido às
consequências organizadas por aqueles que ditam as regras e as mantêm em vigor.
Entretanto, o comportamento social não exige que as contingências que o geraram
sejam formuladas em regras.
Skinner (1984) destaca ainda que uma pessoa pode exercer o papel de ouvinte e
falante ao mesmo tempo, emitindo regras para si mesmo. Determinado
comportamento denomina-se como “autorregras”, ou seja, a pessoa passa a emitir
comportamentos controlados por regras estabelecidas por ela mesma.
À luz de Medeiros (2010 apud Silvia e Medeiros, 2019, p.161), uma das justificativas
para a preferência da emissão de autorregras é a maior probabilidade de
seguimento destas do que regras emitidas por outro falante.
Isto posto, muitos indivíduos não descrevem as variáveis que controlam os seus
comportamentos o que diminui a probabilidade de atuarem sobre o próprio
comportamento.
Para Matos (2001), a sociedade precisa das regras para se organizar. Normalmente
as pessoas mais velhas de um grupo são reforçadas quando instalam e mantém
regras que são seguidas e perpetuadas pelos mais jovens. Porém ela adverte que
alguém que não foi oportunizado com contingencias naturais, se relacionando
apenas com descrições das regras, pode vir a se tornar dependente de
contingências sociais, e dependente das correspondências descritas entre eventos
sociais e naturais e do comportamento verbal do falante tornando-se, assim,
insensível à contingências naturais.