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Resumo
Comentários de sala
“Caso a defesa das novas terras houvesse permanecido por muito tempo como uma
carga financeira para o pequeno reino, seria de esperar que tendesse a relaxar-se. O êxito
da grande empresa agrícola do século XVI – única na época – constituiu portanto a razão
de ser da continuidade da presença dos portugueses em uma grande extensão de terras
americanas.” (Celso Furtado)
“Quaisquer que pudessem ter sido os números reais, não há dúvida de que a rápida
expansão da indústria açucareira no Brasil, de 1575 a 1600, era um dos maiores
acontecimentos do mundo atlântico da época. (...) No fim do século, um produtor podia
vangloriar-se junto ao governo de Lisboa de que o açúcar do Brasil era mais lucrativo para a
monarquia ibérica do que toda a pimenta, especiarias, joias e mercadorias de luxo que os
navios mercantes importavam da ‘Goa dourada’.” (Charles Boxer)
1. Técnica de produção
● Experiência anterior com a produção de açúcar na Ilha da Madeira = sistema de
colonização assentado na exploração comercial de açúcar a ser exportado para a
Europa
● Avanço técnico (facilitador da produção)
○ Solução de problemas técnicos relacionados à produção
○ Desenvolvimento em território português de uma indústria de equipamentos
para engenhos de açúcar
● Transferência para o Brasil, quando a colônia se mostrou mais vantajosa
economicamente
2. Criação de mercado
● Antes: produção e comercialização do açúcar dominadas por italianos
● Produção na Madeira (séc. XV):
○ Concorrência aos produtores instalados em outras áreas
○ Ligações comerciais Portugal - Holanda
○ Ampliação do poderio comercial flamengo - capacidade de organização
suficiente para criar um mercado de grande dimensões
● Produção no Brasil (séc. XVI):
○ Parceria comercial Portugal-Holanda transferida para o Brasil
○ Holandeses = Refino e Distribuição do açúcar
○ Expansão do mercado para o açúcar → absorção pelo mercado europeu de açúcar a
preços firmes
○ “Do luxo à massa”
3. Financiamento
● Flamengos = responsáveis por parte importante do financiamento da instalação da
produção e ampliação da capacidade produtiva (bastante custosas), em especial
instalação de toda a mecânica dos engenhos e aquisição de mão de obra
“A partir da metade do século XVI a produção portuguesa de açúcar passa a ser
mais e mais uma empresa em comum com os flamengos (...) Os flamengos recolhiam o
produto em Lisboa, refinavam-no e faziam a distribuição por toda a Europa, particularmente
o Báltico, a França e a Inglaterra. E não somente com sua experiência comercial
contribuíram os holandeses. Parte substancial dos capitais requeridos pela empresa
açucareira viera dos Países-Baixos.” (Celso Furtado)
4. Mão de obra
● Mão de obra europeia: necessidade de salários elevados (elevação de custos),
inviável economicamente
● Alternativa: escravizados
○ Completo conhecimento do mercado de escravos africanos que os
portugueses possuíam pôde ser ampliado num bem organizado e lucrativo
comércio em larga escala
○ Experiência prévia na utilização dessa mão de obra na produção de açúcar
nas ilhas do atlântico
5. Monopólio
● Uma vez postas as condições de instalação e manutenção da economia açucareira,
ela teve seu êxito garantido enquanto permaneceu, da perspectiva econômica, o seu
(quase) monopólio
● O monopólio foi fator de êxito pois enquanto ele existiu a economia açucareira foi
próspera e quando ele deixou de existir houve uma retração nessa economia
● E como Portugal conseguiu manter o monopólio por tanto tempo?
○ Desinteresse e decadência econômica da Espanha
■ Melhores terras para produzir açúcar terras mais próximas das
Europa acesso a mão de obra indígena um grande poder financeiro
(ao menos por algum tempo)
Espanha:
afluxo de metais → aumento do poder econômico do Estado (aumento de gastos e ampliação do fluxo
de renda) → aumento da demanda → inflação interna → alteração de preços relativos → aumento das
importações e queda das exportações → queda na produção (e por consequência dos grupos dirigentes
ligados à produção) → déficit na balança comercial → decadência econômica.
Açúcar
● Etapa inicial:
○ Mão de obra indígena
○ Mão de obra especializada importada
○ Capitais importados
● Expansão:
○ Capitais importados
○ Mão de obra africana = base de um sistema de produção mais capitalizado =
necessidade de rentabilidade
● Importante presença de lavradores de cana: indivíduos que plantavam a cana, mas
a moíam em engenhos de terceiros
● Elevado grau de dependência do crédito (formação de canaviais, montagem de
engenhos e custeio das safras)
● Século XVI: preponderância de capitais e créditos estrangeiros e metropolitanos
● A partir do século XVII: predomínio de fontes creditícias internas (instituições
religiosas e comerciantes)
Obs.:
● O acesso ao crédito era tanto mais facilitado quanto mais proeminente a posição dos
produtores
● A concessão de empréstimos dividia-se em recursos monetários e mercadorias,
principalmente importadas
● Arrendamentos e empréstimos em formas variadas eram concedidos por senhores
de engenhos e conformavam mecanismos eficientes de vinculação de lavradores de
cana ao processamento na unidade industrial
Concorrência antilhana:
● Holandeses expulsos levam as técnicas de produção do açúcar para o Caribe
○ Obs: sistema de plantation, GBR, FRA e HOL
“É tão favorável a situação que encontram nas Antilhas francesas e inglesas que
preferem colaborar com os colonos dessas regiões a ocupar novas terras e instalar por
conta própria a indústria [açucareira].” (Celso Furtado)
● Vantagens:
○ Menor distância da Europa
○ Grandes recursos financeiros
○ Dominância na distribuição do açúcar na Europa
● Consequência do açúcar nas Antilhas:
○ Concorrência - quebra do monopólio português