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Complexo econômico nordestino

Resumo

Formação econômica do Brasil - Celso Furtado


● Capítulo II - Fatores do êxito da empresa agrícola
○ Familiaridade dos portugueses com a produção de açúcar.
○ Contribuição dos holandeses (flamengos) com a produção do açúcar -
experiência comercial e capital.
○ Mão-de-obra barata - escravos africanos.
○ Êxito da grande empresa agrícola do século XVI - razão da permanência dos
portugueses nas terras brasileiras.
● Capítulo III - Monopólio
○ Os magníficos resultados financeiros da colonização agrícola do Brasil
abriram perspectivas atraentes à utilização econômica das novas terras.
○ Política espanhola - transformar as colônias em sistemas econômicos o
quanto possível auto-suficientes e produtores de um excedente líquido que
se transferia periodicamente para a metrópole - aumento do poder
econômico do Estado bem como do gasto público - inflação - déficit na
economia espanhola.
○ Os espanhóis poderiam ter sido muito mais bem sucedidos que os
portugueses devido suas terras e mãos de obras mais especializadas, porém
a decadência de sua economia foi um fator decisivo.
○ A decadência da economia espanhola ajudou a impulsionar o sucesso dos
portugueses nas colônias americanas.
○ Principal causa da decadência da economia espanhola: a descoberta
precoce dos metais preciosos.
● Capítulo 4 - desarticulação do sistema
○ O quadro político-econômico dentro do qual nasceu e progrediu de forma
surpreendente a empresa agrícola em que assentou a colonização do Brasil
foi profundamente modificado pela absorção de Portugal na Espanha.
■ Guerra holanda x espanha
● No século XVII, os holandeses controlavam praticamente todo
o comércio dos países europeus realizado por mar.
● A guerra pelo controle do açúcar - a permanência deles no
Brasil impulsionou o conhecimento dos holandeses em
relação a esse tipo de plantio.
○ Baixa rentabilidade da indústria açucareira - as transferências de renda
provocadas pela desvalorização reverteram principalmente em benefício dos
exportadores metropolitanos portugueses.
● Capítulo 8 - capitalização e nível de renda na colônia açucareira
○ O rápido desenvolvimento da indústria açucareira, malgrado as enormes
dificuldades decorrentes do meio físico, da hostilidade do silvícola e do custo
dos transportes, indica claramente que o esforço do governo português se
concentra nesse setor.
○ Favores especiais foram concedidos aqueles que instalaram engenhos:
■ Isenção de tributos, garantia contra a penhora dos instrumentos de
produção, honrarias e títulos.
○ O aproveitamento do escravo indígena se tornou inviável, mas foi um
importante elemento impulsionador da economia açucareira.
○ A mão de obra escrava chegou para impulsionar a expansão das empresas
○ O capital empregado na mão-de-obra escrava deveria aproximar-se de 20
por cento do capital fixo da empresa
○ A renda líquida gerada na colônia pela atividade açucareira correspondia a
60 por cento desse montante
○ Pelo menos 90 por cento da renda gerada pela economia açucareira dentro
do país se concentrava nas mãos da classe de proprietários de engenhos e
de plantações de cana.
○ A indústria açucareira era suficientemente rentável para autofinanciar uma
duplicação de sua capacidade produtiva a cada dois anos.
○ O crescimento da indústria foi governado pela possibilidade de absorção dos
mercados compradores
○ Recursos financeiros sobrantes eram utilizados fora da colônia
○ Eles explicam assim a íntima coordenação existente entre as etapas de
produção e comercialização, coordenação essa que preveniu a tendência
natural à superprodução.
● Capítulo 9 - Fluxo de renda e crescimento
○ Processos de formação de renda e de acumulação de capital.
■ O que mais singulariza a economia escravista é o modo como ela
opera o processo de acumulação de capital.
○ Início da indústria açucareira:
■ o empresário açucareiro do Brasil teve de operar em grande escala
desde sempre - as condições do Brasil não favoreciam em pensar em
grandes engenhos
■ capitais importados (equipamentos e mão de obra especializada -
escrava).
■ Mão de obra indígena provavelmente utilizada no começo.
● A introdução do escravo africano pelo indígena não foi
fundamental, pois apenas veio substituir outro escravo menos
eficiente e de recruto mais incerto.
○ Já instalada, a indústria operou nas mesmas condições do início.
■ A importação de mão de obra especializada diminuiu nesse período -
capacidade do engenho de se autoabastecer.
○ Etapa da inversão (construção e instalação)
■ Funcionou sem que houvesse local para um fluxo de renda monetária
■ Fez crescer a renda da coletividade em quantidade semelhante a ela
mesma - a inversão se transformou em pagamento a fatores de
produção.
○ As possibilidades de expansão da indústria escravista eram ilimitadas, pelo
lado da relativa abundância das primeiras décadas.
■ Grande parte do consumo do empresário estava assegurada pela
utilização do trabalho escravo.
■ Crescimento significava ocupação de novas terras e aumento das
importações
■ Decadência vinha a ser as reduções dos gastos em bens importados
e na reposição da força de trabalho.
○ Não havia nenhuma possibilidade de que o crescimento com base no
impulso externo originasse um processo de desenvolvimento de
autopropulsão.
○ A economia escravista dependia assim, em forma praticamente exclusiva da
procura externa.
○ Na segunda metade do século XV, quando se desorganizou o mercado do
açúcar e teve início a forte concorrência antilhana, os preços se reduziram a
metade - o sistema entrou em uma letargia secular, mas sua estrutura
preservou-se intacta - depois ela voltou a funcionar com plena vitalidade.
● Capítulo X - projeção da economia açucareira: a pecuária
○ Economia açucareira: economia de elevadíssimo coeficiente de importações.
■ Grau de comercialização muito elevado.
○ A alta rentabilidade induzia à especialização - a extrema especialização da
economia açucareira constitui, na verdade, uma contraprova de sua elevada
rentabilidade.
○ A economia açucareira constituía um mercado de dimensões relativamente
grandes, podendo, portanto, atuar como fator altamente dinâmico do
desenvolvimento de outras regiões do país.
○ Motivos para desviar para o exterior essa produção
■ Interesses dos holandeses e portugueses - fretes excepcionalmente
baixos propiciados pelos barcos que seguiam para recolher açúcar.
■ Preocupação política de evitar o surgimento na colônia de qualquer
atividade que concorresse com a economia metropolitana.
○ Ao expandir a economia açucareira, a necessidade de animais de tiro tendeu
a crescer mais que proporcionalmente, pois a devastação das florestas
litorâneas obrigava a buscar a lenha a distâncias cada vez maiores.
■ Impossibilidade de criar gado na faixa litorânea (dentro das próprias
unidades produtoras de açúcar).
○ Surgiu a criação de gado - induzia a uma permanente expansão - fator
fundamental de penetração e ocupação do interior brasileiro.
■ Em sua etapa inicial, era um fenômeno econômico induzido pela
economia açucareira e de rentabilidade relativamente baixa.
○ A população que se ocupava da atividade criatória era evidentemente muito
escassa
■ O recrutamento de mão de obra para essas atividades baseou-se no
elemento indígena que se adaptava facilmente à mesma - ajudou na
expansão dessa atividade.
○ No que respeita à disponibilidade de capacidade empresarial, a expansão
criatória não parece haver encontrado obstáculos.
○ Apresentava mais atrativos que as ocupações acessíveis na economia
açucareira.
○ Não haviam fatores limitativos da oferta, apenas na procura.
○ A expansão pecuária consiste simplesmente no aumento dos rebanhos e na
incorporação de mão de obra.
○ A possibilidade de crescimento extensivo exclui qualquer preocupação de
melhora de rendimentos.
○ A economia criatória representava um mercado de ínfimas dimensões.
○ Importância dessa atividade: subsistência da população.
● Capítulo XI - formação do complexo econômico nordestino
○ Pecuária e açúcar como elementos fundamentais do que viria a ser a
economia brasileira.
○ O crescimento era puramente extensivo, mediante a incorporação de terra e
mão de obra, mas a reduzida expressão dos custos monetários tornava a
economia resistente aos efeitos a curto prazo de uma baixa de preços.
■ A curto prazo a oferta era totalmente inelástica.
■ A longo prazo as diferenças eram substanciais.
○ A economia criatória não dependia de gastos monetários no processo de
reposição do capital e de expansão da capacidade produtiva, ao contrário da
açucareira.
■ Posteriormente, em razão do aumento nos preços dos escravos e da
emigração de mão de obra especializada, a situação do açúcar fez-se
mais grave.
■ Com a diminuição da produção de açúcar diminuiu-se a produção
criatória, devido a redução de demanda
● Importância relativa da renda monetária ia diminuindo, o que
acarretava necessariamente uma redução paralela de sua
produtividade econômica.
○ Teria de repercutir no grau de especialização da
economia e no sistema de divisão do trabalho dentro
da mesma.
○ Início do século XVI - a economia nordestina sofreu um lento processo de
atrofiamento - a renda per capita de sua população declinou secularmente -
criação do sistema econômico do Nordeste, cujas características persistem
até hoje.
○ Quanto menos favoráveis fossem as condições da economia açucareira,
maior seria a tendência migratória para o interior - oferta de alimentos é
muito mais elástica a curto prazo - conversão da pecuária em economia de
subsistência.
■ Se não poderia ter resultado em uma estagnação demográfica.
○ A expansão da economia nordestina durante esse período consistiu em uma
Involução econômica: o setor de alta produtividade ia perdendo importância
relativa e a produtividade do setor pecuário declinava à medida que este
crescia.
■ O nordeste foi se transformando em uma economia em que grande
parte da população produzia apenas o necessário para subsidir.
○ A dispersão de grande parte da população num sistema de pecuária
extensiva, provocou uma involução nas formas de divisão de trabalho e
especialização, acarretando um retrocesso nas técnicas artesanais de
produção.
○ A formação da população nordestina e a de sua precária economia de
subsistência estão assim ligadas a esse lento processo de decadência da
grande empresa açucareira.

História econômica do Brasil - Caio Prado Júnior


● Capítulo 6 - Novo sistema político e administrativo na colônia
○ De 1580 a 1640, a coroa portuguesa esteve reunida a da Espanha
■ Sua autonomia, portanto, foi preservada, sendo Portugal governada
por um Vice-Rei em nome do soberano espanhol.
■ Portugal teria saído arruinado da dominação espanhola: a sua
marinha destruída, o seu império colonial esfacelado.
● Poucas colônias restaram na Ásia, no final apenas o Brasil e
algumas colônias na África.
○ Porém, com ingleses e holandeses fazendo incursões
esporádicas ao Brasil.
○ Essas circunstâncias determinaram profunda modificação da política de
Portugal em relação à colônia.
■ Juntamente com a prosperidade, em razão da existência do reino
europeu, e do empobrecimento de Portugal.
○ A emigração para o Brasil será considerável em meados do séc. XVII.
■ Para Portugal: ameaça de despovoamento de regiões importantes do
país.
■ Para o Brasil: rápido crescimento da população e extensão da
colonização.
○ O Território brasileiro atual se dá em razão da ocupação efetiva que antes
dos espanhóis, realizará o colono e povoador português.
○ Essa povoação provocou um grande distúrbio do equilíbrio econômico e
social da colônia
■ Lutas armas - entre os naturais da colônia e os novos homens que
chegaram
● Solução: reforço da administração pública e da coação
metropolitana
■ Essas rivalidades, portanto irão se transformar posteriormente em
lutas de emancipação
○ Reforço da administração colonial - centralização e reforça então do poder
real - antes governadas por donatários, voltarão ao domínio da coroa e serão
governadas por funcionários de nomeação real.
○ Decadência das autoridades locais - câmaras municipais
■ Órgãos eletivos para a administração do Brasil.
■ Substituição dos juízes de fora no Brasil em substituição aos juízes
ordinários de eleição popular.
● Cabia aos juízes a presidência das câmaras
○ A política econômica metropolitana se caracterizava por um liberalismo.
■ Tratamento dispensado a estrangeiros.
○ Portugal independente adotou penas rigorosas aqueles que permitissem ou
facilitasse o comércio de navios estrangeiros para o Brasil.
○ As restrições alcançaram também os súditos portugueses, os colonos do
Brasil e, particularmente.
○ Sistema de frotas - se proíbem as viagens isoladas.
○ Sistema de monopólio comercial mais amplo - companhias privilegiadas
■ Procurava-se, também, a medida que a população ia crescendo,
impedir a produção de qualquer gênero que não interessasse
diretamente à metrópole e seu comércio, ou que fizesse concorrência
a sua produção nacional.
○ O liberalismo do passado substituiu um regime de monopólios e restrições
destinados a dar maior amplitude possível à exploração e aproveitamento da
colônia e canalizar para o Reino o resultado de todas suas atividades.
○ O que os portugueses aspiravam para sua colônia americana é que fosse
uma simples produtora e fornecedora de gêneros úteis ao comércio
metropolitano e que se pudessem vender com grandes lucros nos mercados
europeus.

Comentários de sala

Complexo econômico nordestino


● Estrutura econômica constituída de um segmento exportador de alta produtividade, o
açúcar, e sua projeção numa atividade de abastecimento interno, a pecuária.

Êxito inicial da empresa agrícola do açúcar


● A tarefa de defesa do território brasileiro só teria sentido na medida em que fosse
possível encontrar uma nova forma de utilização econômica das terras
● Necessidade de uma utilização econômica que não fosse a exploração mineral e
partisse daquilo que de mais abundante havia por aqui: terra
● Nova atividade econômica: agricultura de simples empresa extrativa o Brasil passou
a ser uma enorme exploração agrícola
● Necessidade de manter a reprodução do sistema econômico que marcou os
primeiros passos do complexo econômico nordestino: a economia açucareira
○ Embora presente em outras regiões, foi nas terras nordestinas que se
consolidou, mantendo-se hegemônica por séculos

“Caso a defesa das novas terras houvesse permanecido por muito tempo como uma
carga financeira para o pequeno reino, seria de esperar que tendesse a relaxar-se. O êxito
da grande empresa agrícola do século XVI – única na época – constituiu portanto a razão
de ser da continuidade da presença dos portugueses em uma grande extensão de terras
americanas.” (Celso Furtado)

“Quaisquer que pudessem ter sido os números reais, não há dúvida de que a rápida
expansão da indústria açucareira no Brasil, de 1575 a 1600, era um dos maiores
acontecimentos do mundo atlântico da época. (...) No fim do século, um produtor podia
vangloriar-se junto ao governo de Lisboa de que o açúcar do Brasil era mais lucrativo para a
monarquia ibérica do que toda a pimenta, especiarias, joias e mercadorias de luxo que os
navios mercantes importavam da ‘Goa dourada’.” (Charles Boxer)

● Implantação e reprodução altamente lucrativa da plantation de base escravista:


○ abundância de terras
○ boas condições climáticas
○ favores especiais aos que se dispusessem a implantar e fazer funcionar os
engenhos de açúcar
“Não há dúvida que por trás de tudo estavam o desejo e o empenho do governo
português de conservar a parte que lhe cabia das terras da América, das quais sempre se
esperava que um dia sairia o ouro em grande escala. Sem embargo, esse desejo só poderia
transformar-se em política atuante se encontrasse algo concreto em que se apoiar.” (Celso
Furtado)

Fatores de êxito da empresa agrícola portuguesa no Brasil:


1. técnica de produção
2. criação de mercado
3. financiamento
4. mão de obra
5. monopólio
Obs.: esses fatores de êxito nada mais foram que problemas atinentes à produção e ao
comércio e que foram resolvidos no tempo oportuno, independentemente da existência de
um plano geral preestabelecido.

1. Técnica de produção
● Experiência anterior com a produção de açúcar na Ilha da Madeira = sistema de
colonização assentado na exploração comercial de açúcar a ser exportado para a
Europa
● Avanço técnico (facilitador da produção)
○ Solução de problemas técnicos relacionados à produção
○ Desenvolvimento em território português de uma indústria de equipamentos
para engenhos de açúcar
● Transferência para o Brasil, quando a colônia se mostrou mais vantajosa
economicamente

2. Criação de mercado
● Antes: produção e comercialização do açúcar dominadas por italianos
● Produção na Madeira (séc. XV):
○ Concorrência aos produtores instalados em outras áreas
○ Ligações comerciais Portugal - Holanda
○ Ampliação do poderio comercial flamengo - capacidade de organização
suficiente para criar um mercado de grande dimensões
● Produção no Brasil (séc. XVI):
○ Parceria comercial Portugal-Holanda transferida para o Brasil
○ Holandeses = Refino e Distribuição do açúcar
○ Expansão do mercado para o açúcar → absorção pelo mercado europeu de açúcar a
preços firmes
○ “Do luxo à massa”

3. Financiamento
● Flamengos = responsáveis por parte importante do financiamento da instalação da
produção e ampliação da capacidade produtiva (bastante custosas), em especial
instalação de toda a mecânica dos engenhos e aquisição de mão de obra
“A partir da metade do século XVI a produção portuguesa de açúcar passa a ser
mais e mais uma empresa em comum com os flamengos (...) Os flamengos recolhiam o
produto em Lisboa, refinavam-no e faziam a distribuição por toda a Europa, particularmente
o Báltico, a França e a Inglaterra. E não somente com sua experiência comercial
contribuíram os holandeses. Parte substancial dos capitais requeridos pela empresa
açucareira viera dos Países-Baixos.” (Celso Furtado)

4. Mão de obra
● Mão de obra europeia: necessidade de salários elevados (elevação de custos),
inviável economicamente
● Alternativa: escravizados
○ Completo conhecimento do mercado de escravos africanos que os
portugueses possuíam pôde ser ampliado num bem organizado e lucrativo
comércio em larga escala
○ Experiência prévia na utilização dessa mão de obra na produção de açúcar
nas ilhas do atlântico

“Por essa época os portugueses eram já senhores de um complexo conhecimento


do mercado africano de escravos. (...) Mediante recursos suficientes, seria possível ampliar
esse negócio e organizar a transferência para a nova colônia agrícola da mão-de-obra
barata, sem a qual ela seria economicamente inviável.” (Celso Furtado)

5. Monopólio
● Uma vez postas as condições de instalação e manutenção da economia açucareira,
ela teve seu êxito garantido enquanto permaneceu, da perspectiva econômica, o seu
(quase) monopólio
● O monopólio foi fator de êxito pois enquanto ele existiu a economia açucareira foi
próspera e quando ele deixou de existir houve uma retração nessa economia
● E como Portugal conseguiu manter o monopólio por tanto tempo?
○ Desinteresse e decadência econômica da Espanha
■ Melhores terras para produzir açúcar terras mais próximas das
Europa acesso a mão de obra indígena um grande poder financeiro
(ao menos por algum tempo)

Espanha:
afluxo de metais → aumento do poder econômico do Estado (aumento de gastos e ampliação do fluxo
de renda) → aumento da demanda → inflação interna → alteração de preços relativos → aumento das
importações e queda das exportações → queda na produção (e por consequência dos grupos dirigentes
ligados à produção) → déficit na balança comercial → decadência econômica.

Economia do açúcar: capitalização, renda, lucro

Açúcar
● Etapa inicial:
○ Mão de obra indígena
○ Mão de obra especializada importada
○ Capitais importados
● Expansão:
○ Capitais importados
○ Mão de obra africana = base de um sistema de produção mais capitalizado =
necessidade de rentabilidade
● Importante presença de lavradores de cana: indivíduos que plantavam a cana, mas
a moíam em engenhos de terceiros
● Elevado grau de dependência do crédito (formação de canaviais, montagem de
engenhos e custeio das safras)
● Século XVI: preponderância de capitais e créditos estrangeiros e metropolitanos
● A partir do século XVII: predomínio de fontes creditícias internas (instituições
religiosas e comerciantes)
Obs.:
● O acesso ao crédito era tanto mais facilitado quanto mais proeminente a posição dos
produtores
● A concessão de empréstimos dividia-se em recursos monetários e mercadorias,
principalmente importadas
● Arrendamentos e empréstimos em formas variadas eram concedidos por senhores
de engenhos e conformavam mecanismos eficientes de vinculação de lavradores de
cana ao processamento na unidade industrial

A atividade açucareira era um negócio, portanto os canaviais e engenhos eram operados


como empresas e reagiam a perdas e ganhos
● Quanto custava estabelecer um engenho?
● Quanto era a renda gerada pela produção de açúcar?
● Qual a lucratividade da economia açucareira?

Alguns fatores que influenciavam o resultado econômico da empresa açucareira


1. Os níveis da oferta e demanda de açúcar no mercado internacional, fortemente
condicionados por conjunturas coloniais e europeias
2. Os preços internos e externos do açúcar, resultantes de múltiplos fatores
(principalmente das conjunturas apontadas em 1)
3. Os custos de produção (principalmente a permanente necessidade de reposição de
escravizados)
4. Grau de endividamento resultante do regular recurso ao crédito
5. Carga fiscal colonial
6. Fatores naturais (principalmente climáticos)

Declínio da Economia do açúcar

União Ibérica (1580 - 1640):


● União ibérica = união das coroas portuguesa e espanhola
● 1580: crise sucessória em Portugal
○ As forças espanholas invadiram Portugal, em 1580, e o rei da Espanha
(Filipe II) tomou a Coroa portuguesa, unindo Portugal e Espanha: fato
conhecido como UNIÃO IBÉRICA.
● 1640: reconquista com apoio francês
● 1668: reconhecimento da independência pela Espanha
Holanda vs. Espanha - disputas territoriais, religião, etc.

Durante a União Ibérica: Portugal


● Conserva sua autonomia mas é governado por um vice-rei escolhido pelo soberano
espanhol
● Participa das guerras espanholas, perdendo recursos humanos e financeiros,
incluindo sua marinha e parte significativa do império colonial
○ Guerra 80 anos (independência da Holanda)
● Perde o comércio asiático, restando-lhe apenas o Brasil e algumas posses da África
○ Expansão holandesa: efeito devastador para o império ultramarino português

“(...) a colonização holandesa no Nordeste foi, antes de tudo, comercial, organizada


por uma companhia mercantil, a WIC, particularmente centrada no negócio do açúcar, mais
tarde entrelaçado com o tráfico de escravos africano. Enquanto o negócio foi lucrativo, os
investimentos e créditos holandeses fluíam para Pernambuco (...) bem como para a defesa
militar das conquistas nordestinas. O declínio das exportações de açúcar, a partir de 1643,
e a insolvência crescente dos senhores luso-brasileiros tornaram o investimento no Brasil
discutível.” (Ronaldo Vainfas)

A partir de agora Portugal vai se dedicar exclusivamente ao Brasil.

Durante da União Ibérica: Brasil


● Perde sentido o Tratado de Tordesilhas e a colonização se expande para o interior
(a oeste)
○ Algum fluxo migratório = crescimento da população e da colonização
(povoamento de novas áreas)
● Vigora na colônia um relativo relaxamento do exclusivo metropolitano
● Brasil “visitado” por ingleses e holandeses; holandeses se instalaram em
Pernambuco a partir de 1630.
○ A Espanha estava em guerra aberta contra a Holanda, com domínio
espanhol estendido sobre o Brasil, os holandeses resolveram “ invadir” o
nordeste brasileiro para garantir seu controle sobre a produção e
comercialização do açúcar.
○ Os holandeses se apoderaram de parte do Brasil não com a intenção de o
colonizar, tinham interesses mercantis: grandes lucros do açúcar.

“(...) a colonização holandesa no Nordeste foi, antes de tudo, comercial, organizada


por uma companhia mercantil, a WIC, particularmente centrada no negócio do açúcar, mais
tarde entrelaçado com o tráfico de escravos africano. Enquanto o negócio foi lucrativo, os
investimentos e créditos holandeses fluíam para Pernambuco (...) bem como para a defesa
militar das conquistas nordestinas. O declínio das exportações de açúcar, a partir de 1643,
e a insolvência crescente dos senhores luso-brasileiros tornaram o investimento no Brasil
discutível.” (Ricardo Varifas)

Depois da União Ibérica: Portugal


● Enfraquecimento político e econômico que só não será pior diante da descoberta em
fins do século XVII de ouro no Brasil.
● Privado do comércio asiático, Portugal reforça o exclusivo metropolitano
● Êxodo em Portugal com direção ao Brasil amplia a escassez de mão de obra da
metrópole

“(...) os Países Baixos reconheceram a soberania portuguesa no Nordeste em troca


de substanciais concessões financeiras e comerciais. Ao longo desses anos [1654-1669], a
possibilidade de novo ataque ao Brasil constituiu preocupação constante da Coroa.” (Evaldo
Cabral de Melo)

Depois da União Ibérica: Brasil


● A administração colonial se reforça, centralizando poder e reforçando o poder real
da colônia
● Ampliam-se as restrições a “estrangeiros” (atividades e pessoas), e se reforça o
exclusivo metropolitano
● Escassez de moeda na colônia (pagamentos crescentes de impostos)
● Luta contra Holandeses que invadiram Pernambuco em 1630 e que sçao expulsos
14 anos depois do final da União Ibérica
● Ruptura do sistema cooperativo com a holanda tem consequência duradouras:
○ Perda do monopólio
○ Queda no preço e nas exportações de açúcar
○ Desvalorização da moeda (portuguesa) frente ao ouro

Concorrência antilhana:
● Holandeses expulsos levam as técnicas de produção do açúcar para o Caribe
○ Obs: sistema de plantation, GBR, FRA e HOL

“É tão favorável a situação que encontram nas Antilhas francesas e inglesas que
preferem colaborar com os colonos dessas regiões a ocupar novas terras e instalar por
conta própria a indústria [açucareira].” (Celso Furtado)

● Vantagens:
○ Menor distância da Europa
○ Grandes recursos financeiros
○ Dominância na distribuição do açúcar na Europa
● Consequência do açúcar nas Antilhas:
○ Concorrência - quebra do monopólio português

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