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UNIDADE 4 - SERVIÇO DE INFORMAÇÃO E O USUÁRIO INTERNO

4.1 NECESSIDADES E COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS E O PERFIL DOS


PROFISSIONAIS DA INFORMAÇÃO

Os profissionais da informação precisam assumir um papel, urgentemente, de ofertar


e estabelecer programas de competência em informação, não somente para a
comunidade acadêmica, mas, também, para a sociedade em geral, ampliando seus
serviços para além das boas práticas de acesso à informação e ao combate à
desinformação.

Para Rossi, Costa e Pinto (2014), os profissionais bibliotecários que atuam em


bibliotecas precisam estar preparados para enfrentar os desafios. Além disso, essa
gama de serviços de informação deve contar com pessoal especializado na busca da
informação, de fontes relevantes e políticas que facilitem o acesso à informação
(BORGES, 2007).

Amboni (2002, p. 5) relata que: [...] as bibliotecas precisam de pessoas com atitudes,
conhecimentos e habilidades necessárias para tornar a estratégia uma realidade, bem
como enfatizar que os recursos humanos da biblioteca devem estar ligados à sua
estratégia de serviços, da mesma forma que a estrutura da organização e a tecnologia.

Os bibliotecários necessitam adquirir conhecimentos diversos e se qualificar


para agir em áreas determinantes ao desenvolvimento consensual das
Bibliotecas Universitárias, onde o planejamento organizacional, financeiro, de
outros recursos físicos e humanos estão inseridos. Devem assumir a
responsabilidade pela gestão de atividades específicas e complexas, como
formação e desenvolvimento de pessoas e coleções; tratamento técnico dos
documentos e de recursos de informação de modo geral; aderir novas
tecnologias e a novos métodos que tornem mais fácil o trabalho e acesso à
informação; impulsionar ações que objetivem a educação e formação de
habilidades de uso dos recursos informacionais; integrar o setor em
atividades cooperativas e extensionistas, entre outras. É necessário
compreender a importância da educação continuada no ambiente da
Bibliotecas Universitárias, como forma de fomentar iniciativas educativas aos
seus usuários. Diante da ebulição constante quanto ao ensino, pesquisa e
extensão no ambiente acadêmico, é necessário que as Bibliotecas
Universitárias e seus colaboradores tenham uma postura proativa em
monitorar e inovar os serviços e produtos de informação com o objetivo de
avanço contínuo na educação de seus usuários. (FARIAS, et al., 2018, p.90).

A explosão informacional abriu um pouco mais o mercado de atuação dos


profissionais da informação. Santos (1996, p.5) apud Rocha e Dias (2005), define
quem são os profissionais da informação: por profissional da informação entende-se
todos aqueles indivíduos que de uma forma ou de outra fazem da informação o seu
objeto de trabalho, entre os quais, arquivistas, museólogos, administradores, analistas
de sistemas, comunicadores, documentalistas e bibliotecários, além dos
profissionais ligados à informática e as tecnologias da informação e
telecomunicações. Santos (1996, p.5) apud Rocha e Dias (2005) faz uma pergunta:
Quais desses profissionais desejam-se vislumbrar como moderno? A pergunta é
respondida com facilidade: aqueles ligados, ao setor da informação, no sentido de
sua participação nos processos de geração, disseminação, recuperação,
gerenciamento, conservação e utilização da informação, ou seja, bibliotecários e
documentalistas.

Aos bibliotecários cabe, portanto, estarem atentos a esses avanços tecnológicos,


adaptando-se às novas tecnologias de informação e comunicação que causaram
grandes impactos na sociedade em geral. Para a emergente sociedade da
informação o que realmente interessa é disseminar o conhecimento no âmbito das
instituições produtoras de informação, ou seja, bibliotecas, arquivos, centros de
documentação, entre outras.

Para Castells (1999, p.25) apud Rocha e Dias (2005) “a tecnologia é a sociedade e a
sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas
tecnológicas”. Lojkine (1999, p.7) apud Rocha e Dias (2005), por sua vez, diz que a
Revolução tecnológica trouxe “o surgimento de uma civilização não mais dividida
entre aqueles que produzem e os que comandam, mas entre aqueles que detém o
conhecimento e os que são excluídos deste exercício”.

Os profissionais da informação têm um papel fundamental no mundo virtual. O


profissional atento às novas mudanças pode assumir sua função de mediar as
informações neste novo cenário. Portanto, é importante que os bibliotecários
participem dos processos de organização e disseminação das informações pela Web.

É preciso interagir com os usuários, conhecer suas necessidades de informação e


participar com outros profissionais na construção dos conteúdos e também opinar
na disponibilização dos recursos finais, ou seja, na interface, parte que liga o
usuário às informações. As barreiras entre os diferentes tipos de profissionais da
informação precisam ser quebradas a fim de melhorem suas contribuições
funcionais neste novo mundo em formação.

Valentim (2000, p.138-139) apud Rocha e Dias (2005), faz uma colocação muito
importante para todos os profissionais da atualidade:

As tecnologias de informação devem ser consideradas ferramentas básicas


de trabalho, instrumental de trabalho para qualquer tipo de unidade de
trabalho/informação, uma vez que a seleção, a armazenagem, o
processamento, a gestão, a recuperação e a disseminação da informação
através dessas tecnologias são mais eficientes e eficazes. Por isso, os
cursos formadores devem disponibilizar todo e qualquer tipo de tecnologia ao
seu corpo docente e discente buscando um ensino e uma aprendizagem que
permitam ao profissional atuar no mercado de trabalho de forma segura e
competente.

O processo de mediação entre o profissional da informação e o usuário tornou-se alvo


de constantes estudos e novas implementações tanto nos portais da Internet quanto
nas redes internas das Instituições. Valentim (2000, p.139) apud Rocha e Dias (2005),
cita que “a Internet, por exemplo, modificou a forma e o meio quanto à busca da
informação e, consequentemente, a forma e o meio de mediar a informação”. Com
essa modificação Valentim (2000, p. 145) apud Rocha e Dias (2005), também salienta
que:

Portais de conteúdo e portais de acesso seja na rede global (Internet) seja


nas redes institucionais (Intranets), com ênfase nos portais de conteúdo, o
profissional da informação tem um grande nicho de mercado, no qual ele
será imprescindível nos aspectos relativos à seleção (filtragem), tratamento
(análise/síntese) e mediação da informação.

Segundo Blattmann; Fachin; Rados (1999, p.10) apud Rocha e Dias (2005), na
Biblioteconomia existe uma preocupação por parte dos cursos, departamentos e
associações de classe em promover a educação continuada e permanente de seus
profissionais. Assim, ainda em Valentim (2000, p. 140) apud Rocha e Dias (2005),
observamos que: a atualização contínua do profissional da informação, assim como
de qualquer outro profissional que queira ser competente e dinâmico – é
fundamental. A formação obtida na graduação é absolutamente necessária, é alicerce
na formação deste profissional, na medida em que o indivíduo aprende a relacionar
a teoria e a práxis antes de atuar no mercado de trabalho.

O bibliotecário assume, portanto, um novo papel frente às inovações tecnológicas,


passando a ser o intermediador entre a informação eletrônica e o usuário. Suas
habilidades em conjunto com outros profissionais passam a auxiliar na construção de
bases de dados, de programas, de softwares de gerenciamentos e em mecanismos
de busca de recuperação da informação na Web. Os diretórios de pesquisa
utilizam o trabalho dos bibliotecários e os estudos sobre ferramentas de busca na Web
vêm interessando muitos profissionais da área de Ciência da Informação.

O bibliotecário do futuro precisa estar habilitado e inserido no contexto atual da


modernidade tecnológica e ser um excelente conhecedor da informática. Em muitos
casos os usuários não estão preparados para uma busca específica das informações
que desejam ou desconhecem as instruções técnicas dos sistemas de recuperação
necessitando da presença do profissional habilitado que o auxilie. Além de organizar
o conhecimento com todas as técnicas biblioteconômicas, é extremamente importante
para o bibliotecário no desenvolvimento de suas habilidades que a informação seja
disseminada de forma rápida, precisa e de qualidade onde o atendimento ao cliente
será fator determinante da subsistência de sua profissão.

Refletindo sobre a competência informacional dos profissionais bibliotecários a partir


do ano de 2020 frente a crise causada pela pandemia da COVID-19, ano atípico e que
fez uma reviravolta nos modelos tradicionais das bibliotecas, principalmente, no que
tange ao atendimento aos usuários.

Considerando-se que as atividades nas bibliotecas foram, por muito tempo,


executadas quase que exclusivamente em espaços físicos, pode-se ressaltar que
essas práticas vêm se modificando, com o advento das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) e com o aumento em grande escala do acesso e uso da internet.
Fatores estes que influenciaram na atuação de muitos bibliotecários, que passaram a
exercer atividades bibliotecárias no ciberespaço e na virtualidade.

Os profissionais bibliotecários precisam de capacitação contínua para estar aptos à


prestação dos serviços de informação, acompanhando as mudanças tecnológicas e
as necessidades dos usuários. Para isso, é preciso identificar suas competências, a
fim de promover uma capacitação adequada e que vise a melhorias dos serviços
prestados e o desenvolvimento profissional dentro da organização (ROSI; COSTA;
PINTO, 2014).
Partindo dessas inquietações, cabe trazer para o texto o conceito de competência e
de competência em informação, refletindo-se, assim, sobre a necessidade de
construção de uma consciência profissional que precise ter e desenvolver
competências para lidar com o novo na execução de suas tarefas como bibliotecário
mediador da informação.

A origem do termo competência vem da palavra latina competens que significa “o que
vem com”, “o que é adaptado” (MOURA et al., 2009). Os pesquisadores Fleury e
Fleury (2000, p. 21) elaboram um conceito de competência como “[...] um saber agir
responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos,
recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao
indivíduo”, definição ilustrada na Figura 1.

Figura 1 - Competências como fonte de valor para o indivíduo e para a organização

Fonte: Fleury e Fleury (2000, p. 21)

Dudziak (2003, p.28) define a competência informacional como: “[...] processo


contínuo de internalização de fundamentos conceituais, atitudinais, de habilidades,
necessários à compreensão e interação permanente com o universo informacional e
a sua dinâmica, de modo a proporcionar um aprendizado ao longo da vida”.

Com essas definições, podemos destacar a competência em informação como


alternativa para minimizar as problemáticas em diferentes contextos, que foi
justamente o que os bibliotecários precisaram fazer para continuarem suas práticas
profissionais em 2020, durante a pandemia da COVID 19.
Conforme afirmam Santa Anna e Calmon (2016), as práticas profissionais não podem
se limitar apenas às atividades técnicas desenvolvidas pelo bibliotecário. Para se
concretizarem, de acordo com os desafios da Biblioteca híbrida (a biblioteca híbrida
deve integrar o acesso a diferentes tecnologias para o mundo da biblioteca digital e
através de diferentes mídias, que hoje não pode ser completamente impressa nem
completamente digital), é necessário que o profissional da informação adquira novas
e contínuas competências, a partir da soma de novos conhecimentos, experiências,
habilidades e atribuições.

4.2 SERVIÇOS PRESTADOS PELAS BIBLIOTECAS

As bibliotecas têm como objetivo principal, satisfazer seus usuários por meio de um
acervo organizado, atualizado e pertinente à comunidade. Ficando a critério de cada
biblioteca prestar os serviços que melhor atendam a sua demanda.

O estudo de Cunha (2010, p. 1) proclama com excelência a situação das bibliotecas


diante da oferta híbrida de seus produtos e serviços. Segundo esse autor, a biblioteca
encontra-se, na atualidade, em um momento de muitas possibilidades,
disponibilizando suas atividades tanto em ambiente digital quanto impresso.

As áreas de competência digital podem ser resumidas da seguinte forma, segundo


Ferrari (2013, p. 11):
● Informações: identificar, localizar, recuperar, armazenar, organizar e
analisar informações digitais, julgando sua relevância e propósito.
● Comunicação: comunicar-se em ambientes digitais, compartilhar
recursos por meio de ferramentas online, conectar-se com outras pessoas e
colaborar por meio de ferramentas digitais, interagir e participar de
comunidades e redes, ter consciência intercultural.
● Criação de conteúdo: Criar e editar novo conteúdo (de processamento
de texto a imagens e vídeo); integrar e reelaborar conhecimentos e conteúdos
anteriores; produzir expressões criativas, saídas de mídia e programação;
lidar com e aplicar direitos e licenças de propriedade intelectual.
● Segurança: proteção pessoal, proteção de dados, proteção de identidade
digital, medidas de segurança, cofre e uso sustentável.
● Resolução de problemas: identificar necessidades e recursos digitais,
tomar decisões informadas sobre a maioria das ferramentas digitais
adequadas de acordo com o propósito ou necessidade, resolver problemas
conceituais por meios digitais, usar tecnologias criativamente, resolver
problemas técnicos, atualizar as próprias competências e de terceiros.

No quadro 1, estão descritas as 5 áreas de Competência Digital com as suas


descrições e uma lista de competências que pertencem a cada uma das áreas.
Quadro 1 - Estrutura de Competência Digital

Área 1 – Informação
Descrição: Identificar, localizar, recuperar, armazenar, organizar e analisar
informações digitais, julgando sua relevância e propósito.
Competências:
1.1 Navegar, pesquisar e filtrar informações.
1.2 Avaliação de informações.
1.3 Armazenamento e recuperação de informações.

Área 2 – Comunicação
Descrição: Comunicar-se em ambientes digitais, compartilhar recursos por meio de
ferramentas online, conectar-se com outras pessoas e colaborar por meio de
ferramentas digitais, interagir e participar de comunidades e redes, ter consciência
intercultural.
Competências:
2.1 Interagir por meio de tecnologias;
2.2 Compartilhar informações e conteúdo;
2.3 Envolver-se com a cidadania online;
2.4 Colaborar por meio de canais digitais;
2,5 Netiqueta;
2.6 Gerenciar identidade digital.

Área 3 – Criação de Conteúdo


Descrição: Criar e editar novos conteúdos (de processamento de texto a imagens e
vídeo); integrar e reelaborar conhecimentos e conteúdos anteriores; produzir
expressões criativas, saídas de mídia e programação; lidar com e aplicar direitos e
licenças de propriedade intelectual.
Competências:
3.1 Desenvolvimento de conteúdo
3.2 Integração e reelaboração
3.3 Direitos autorais e licenças
3.4 Programação

Área 4 – Segurança
Descrição: Proteção pessoal, proteção de dados, proteção de identidade digital,
medidas de segurança, segurança e uso sustentável.

Competências:
4.1 Dispositivos de proteção
4.2 Proteção de dados e identidade digital
4.3 Proteção da saúde
4.4 Proteção do meio ambiente

Área 5 – Solução de problemas


Descrição geral: Identificar necessidades e recursos digitais, tomar decisões
informadas sobre as ferramentas digitais mais adequadas de acordo com o propósito
ou necessidade, resolver problemas conceituais por meio digital, usar de forma
criativa tecnologias, resolver problemas técnicos, atualizar competências próprias e
alheias.

Competências:
5.1 Resolução de problemas técnicos
5.2 Identificação de necessidades e respostas tecnológicas
5.3 Inovação e uso da tecnologia de forma criativa
5.4 Identificação de lacunas de competência digital

Fonte: Ferrari, 2013, p. 15-32

Por conseguinte, esse contexto plural pode representar inúmeros desafios para os
profissionais que não estão habilitados a atuar em meio a essa diversidade. Assim, a
biblioteca está permeada por “[...] desafios complexos que exigem muita atenção por
parte dos gestores das bibliotecas para poderem atravessar uma verdadeira
encruzilhada [...]”, fato esse que exige a adequação profissional, por meio da
aquisição de novas competências. (SANTA ANNA; CALMON, 2016, p.51).

Os autores Rossi, Costa e Pinto (2014, p.112), afirmam que os serviços de informação
são entendidos como toda assistência fornecida aos usuários para suprir suas
necessidades, “sendo o serviço de referência (entrevista realizada com o usuário para
identificar sua necessidade informacional) compreendido como um dos serviços”.
Estudos sobre serviços de informação prestados em Bibliotecas Universitárias,
desenvolvidos por Rossi; Costa; Pinto (2014), que indicam que os serviços de
informação mais característicos são:
a) capacitação: treinamentos focados na utilização do sistema, bases de
dados, normalização, direito autoral, inclusão digital, educação ao usuário,
entre outros;
b) comutação bibliográfica: permite a obtenção, mediante pagamento
antecipado, de cópias de documentos técnico-científicos disponíveis nos
acervos de bibliotecas conveniadas;
c) levantamento bibliográfico: recuperação de materiais bibliográficos
específicos para a necessidade informacional;
d) normalização bibliográfica: visa padronizar os documentos de acordo
com uma determinada norma;
e) processo de referência/assistência informacional: entrevista com o
usuário para identificar e buscar as necessidades informacionais, resposta a
informações bibliográficas factuais, auxílio na busca e na recuperação de
materiais bibliográficos (pessoal, online ou telefone). (Rossi; Costa; Pinto,
2014, p. 112).

A percepção dos bibliotecários em relação ao nível de relevância dos serviços de


informação prestados pelas bibliotecas onde atuam podem auxiliar no
estabelecimento de ações voltadas para continuarem com a oferta dos mesmos.
Cultri; Bazilio; Gomes (2020), demonstram, no Quadro 2, alguns dos serviços
prestados pelas BUs, reforçando que, além desses, sabemos que a cada dia entram
novas TICs para inovação dos serviços.

Quadro 2 - Serviços prestados pelas bibliotecas universitárias


BIBLIOTECAS FEDERAIS BRASILEIRAS
Consultas e empréstimos Empréstimos entre Área para exposições.
de livros, periódicos, bibliotecas.
audiobooks e e-books.
Desenvolvimento e Disseminação seletiva da Recebimento de doações.
organização de coleções informação.
e memorias.
Realização de Acesso gratuito ao Wifi, a Serviço de confecção de
empréstimos jornais, à impressão e a ficha bibliográfica.
computadores etc.
Atividades de integração Conhecimento e Normalização.
dos sistemas divulgação dos novos
gêneros textuais.
Apoio nas descrições de Interação e intervenção Orientações individuais.
documentos para facilitar crítica na produção e
as buscas e a compartilhamento de
recuperação da conteúdo.
informação.
Padronização de Promoção de intercâmbios Renovação.
teses/dissertações. culturais e linguísticos.
Regulamentação (teses e Prestações de serviços à Reserva.
dissertações) junto ao comunidade
IBICT.
Oferecimento de Disponibilização de Sugestões de compra.
treinamentos. sistema de
autoatendimento.
Apoio a Serviço de referência Treinamento em grupo.
internacionalização virtual (SRV).
Alfabetização Constante uso de novas Recebimento de público
informacional tecnologias de para visitas interativas.
Reservas de salas e comunicação e Informação sobre tutoriais.
espaços via sistema. informação (TICs).
Repositórios. Oferecimento de acervos
especiais como os
multimeios (CDs, DVDs,
Mapas e braile).
Informações sobre o
acesso remoto ao Portal de
Periódicos da CAPES
(Portal CAPES) por meio da
rede da comunidade
acadêmica federada (café),
o sistema café.
Fonte: CULTRI; BAZILIO; GOMES, p.100, 2020

Os serviços listados no Quadro 1, em sua totalidade, foram inovados pelas Bibliotecas


Federais e Brasileiras, ofertando seus serviços na medida do possível e de forma
remota, considerando seus recursos físicos, tecnológicos e financeiros, de modo a
demonstrar que o bibliotecário precisa estar preparado para reinventar o fluxo de
transmissão da informação e da sua maneira de comunicar com os usuários quando
necessário, adaptando-se a um novo cenário social.

Levando em conta a vivenciada no início de março de 2020, onde os serviços de


referência de muitas bibliotecas passaram a serem ofertados exclusivamente via
internet, ou seja, o início da experiência no modelo home office, este estudo traz
para a discussão a necessidade de se refletir sobre como as bibliotecas universitárias
brasileiras passaram a exercer seu papel, oferecendo serviços e produtos
informacionais às comunidades acadêmicas diretamente vinculadas ao
enfrentamento da pandemia de COVID-19.

4.3 SERVIÇOS CULTURAIS DISPONIBILIZADOS PELAS BIBLIOTECAS

A terminologia sob a denominação de ação cultural segundo Rasteli e Caldas (2015)


surge no início dos anos de 1980, tendo como referência a obra Francis Jeanson
(1973) quando diz “[...]o processo de ação cultural resume-se na criação ou
organização das condições necessárias para que as pessoas inventem seus próprios
fins e se tornem assim, sujeitos da cultura e não seus objetos.” Flusser (1983), traz
os primeiros artigos sobre a temática, em que aponta a biblioteca, independentemente
de sua terminologia, ser constituída de um acervo cultural, é em seus serviços
disponibilizariam ações culturais a seus usuários. Para a época dos estudos de
Flusser, uma prática ainda muito incipiente em um ambiente de bibliotecas, até então
caracterizado por ser tradicionalmente lugar de livros, lugar de informação, que na
concepção do autor sua função seria oferecer estas informações, esse acervo cultural
a um grupo de pessoas.

Na ação cultural o agente prepara as condições e fornece os recursos que


propiciem o desenrolar e o avanço da produção cultural, deixando que os
membros dos grupos exerçam o papel de sujeitos do processo de criação.
Nela o indivíduo é o criador, e tem autonomia para escolher com ampla
liberdade os meios e técnicas que prefere utilizar no ato criativo (CABRAL,
1999, p.39-40).

Dentro dessa dinâmica de conceitualização do que é preconizado como ação cultural


Flusser, (1983, p. 4) descreve que: “Para o propósito de uma ação cultural, as duas
posições diante da cultura – acervo e contexto – devem ser constantemente
considerados, pois a ação cultural é basicamente mediação e criação de acervo,
inseridos em contexto cultural bem definido.” Assim a ação cultural deve ser entendida
como uma forma diligente, permitir-se ser fomentadora no processo educativo.

Dessa forma (RASTELI E CALDAS, 2015, p. 4) traz como reflexão que esse processo
deve ocorrer no âmbito das bibliotecas, no qual discutiremos em parte do estudo:
O papel social das bibliotecas precisa ser permeado pelo acesso às
informações e apropriação do conhecimento, podendo ser caracterizadas
como locais de construção permanente de cultura, para permitir a
aprendizagem e o desenvolvimento cultural dos indivíduos e grupos sociais.

No entanto Flusser (1983) descreve em seu estudo que a ação cultural carrega em si
significados díspares.). Essa ambiguidade pode ocasionar a desinformação por parte
dos profissionais bibliotecários, considerando que a literatura da área ainda é muito
incipiente. “A cultura como ação, está subentendida de poder transformador social
enfatizando a criação, a expressão dos sujeitos.” Isso é: um processo educativo
individual, por meio das atividades culturais como prática um processo de educação
coletivo. “O compartilhamento das informações.” (RASTELI E CALDAS, 2015, p. 12)

Independentemente do tipo da biblioteca e de seu público-alvo, o primordial é saber


qual a prática cultural que irá atender ao contexto e ao objetivo pretendido a se
alcançar. Para Coelho Neto (1999, p. 248) “os diferentes níveis em que essas
atividades podem ser desenvolvidas caracterizam modos diversos da mediação
cultural como a ação cultural, animação cultural e fabricação cultural”.

Ou seja, a ação cultural se constitui como uma potente ferramenta para a mediação
cultural, enquanto a animação cultural, apesar da limitação, pode conduzir o sujeito à
mediação. Já a fabricação cultural não possibilita o ato de mediar, pois consiste em
uma ação em que a atividade é imposta e os sujeitos não são convidados a participar.

O tipo de mediação cultural vai se diferenciar conforme os níveis em que forem


desenvolvidas tais mediações. Atividades estas que podem ser: orientadores de
oficinas culturais, exposições de artes, entre outras. Em vista de que a ação cultural é
tida como foco da presente pesquisa, também foram identificadas as atividades
intituladas como: animação cultural e fabricação cultural (SILVA, 2016). Apesar da
conceituação da ação cultural transcender a realização das práticas culturais,
conforme analisado na introdução do estudo, nesta pesquisa a definição será
analisada a partir da perspectiva do que pode ser produzido por meio da articulação
dessa ferramenta e das manifestações artísticas realizadas em bibliotecas.

Ao analisar na literatura as definições que os autores trazem e suas interpretações,


trabalha-se na síntese dos conceitos em relação aos três tipos de práticas culturais a
partir da publicação “O que é ação cultural” do autor Coelho Neto (1999). O Quadro 3
a seguir, traz as sínteses dos conceitos apresentados por Coelho Neto (1999) e por
uma pesquisa mais recente dos pesquisadores Silva e Santos Neto (2017).
Quadro 3 - Síntese dos conceitos de práticas de ação cultural
Práticas Síntese Autores
Culturais
Prática em que o sujeito possui autonomia e liberdade
para escolher as técnicas que serão utilizadas no SILVA;
processo de criação para a produção cultural, assim os SANTOS
membros do grupo se tornam protagonistas do NETO (2017)
processo de criação. Nela, se visa a apropriação da
Ação Cultural cultura pelos sujeitos.
Existem quatro níveis ou fases do sistema de produção COELHO
cultural que a ação cultural perpassa para que de fato NETO (1999)
ocorra a mediação cultural, levando em conta um
público determinado, uma obra de cultura ou uma arte.
Para o referido autor os níveis de sistema de produção
cultural são: produção, distribuição, troca e uso.
Prática em que se privilegia a produção da obra de arte,
possui início, meio e fim. É realizada superficialmente e SILVA;
não vislumbra a apropriação cultural, pois não privilegia SANTOS
a presença dos sujeitos envolvidos. NETO (2017)
A fabricação cultural seria uma prática realizada
Fabricação superficialmente, transmitida de modo artificial, em que
Cultural não se almeja a apropriação da cultura nos indivíduos,
seria entendida como, [...] um processo com início COELHO
determinado, um fim previsto e etapas estipuladas que NETO (1999)
devem levar ao fim preestabelecido. A ação cultural, de
seu por outro lado, é um processo com início claro e
armado, mas sem fim especificado e, portanto, sem
etapas ou estações intermediárias pelas quais se deva
necessariamente passar.
Prática que almeja a ocupação de tempo livre com
sentido, a partir de práticas culturais e artísticas. SILVA;
Atividade mais passiva, direcionada para o comércio SANTOS
(compra/venda), em que se faz o uso dos métodos de NETO (2017)
relações públicas, como o marketing cultural, para
promover a venda de um livro, um ingresso para um
espetáculo ou um filme. A interação é baixa, e não
Animação almeja a apropriação.
Cultural A animação cultural, é proposta mais como uma prática
de lazer do que de cultura em si, em que se cria uma
interação com a arte. Desta forma, ela não possibilita a
apropriação de um conceito ou uma técnica cultural,
limitando a interação do público com as manifestações
de arte. Esta prática, portanto, não seria projetada COELHO
somente para manter os sujeitos ocupados em um NETO (1999)
tempo determinado, mas para que os sujeitos
pudessem aproveitar esse momento para lidar com
alguma das práticas culturais e artísticas,
principalmente aquelas amadoras, como a pintura e
cerâmica; como também programas como passeios
turísticos, reuniões dançantes e atividades esportivas.
Fonte: Adaptado de Silva; Santos Neto (2017)

Ao analisar as sínteses explanadas pelos autores no Quadro 2, é possível concluir


que na ação cultural, as condições para o desenvolvimento das atividades são criadas
possibilitando uma interação efetiva entre os mediadores e os participantes. Por meio
da ação cultural, o indivíduo convidado a participar também se torna mediador do
processo. Silva e Santos Neto (2017) afirmam que no processo de fabricação, a
atenção está mais voltada à produção da arte. A animação possui o objetivo de animar
o público e oferecer o consumo de obras culturais. Para Coelho Neto (1999) a
animação não é o ideal de atividade, devido não possibilitar o diálogo.

Porém, por meio dela pode-se chegar a uma ação em que os sujeitos participem do
processo de mediação de fato. Enquanto a primeira, a ação cultural, visa a
apropriação cultural, as outras duas não almejam isso. Contudo, Coelho Neto Neto
(2012, p. 268) trouxe à tona a expressão animação cultural em seu Dicionário crítico
de política cultural, incluindo-a no rol de atividades englobadas pela mediação cultural:
“Os diferentes níveis em que essas atividades podem ser desenvolvidas caracterizam
modos diversos da mediação cultural, como a ação cultural, a animação cultural e a
fabricação cultural”.

Segundo Rateli (2019), os termos animação e ação cultural podem ser utilizados
genericamente como sinônimos, isto é, na posição de estratégias pedagógicas de
mediação ou de intervenção, é possível, entretanto, distinguir características
singulares para cada uma delas.
Quadro 4 - Diferenças conceituais das atividades culturais em bibliotecas

ATIVIDADES CULTURAIS CONCEITOS

AÇÃO CULTURAL Processo que enfatiza a criação, a expressão e a


criatividade das pessoas. Diz respeito à produção
cultural coletiva. Através de atividades práticas, as
ações se abrem para troca de informações e
discussões sobre variados temas. Na ação cultural, a
atuação do bibliotecário é a de um agente cultural. A
ação cultural também está vinculada a políticas
culturais.

ANIMAÇÃO CULTURAL Atividades que se relacionam com o incentivo à leitura,


como a hora do conto e com os serviços de divulgação
da biblioteca como exposições. Nesse caso, o
bibliotecário é o animador cultural.

FABRICAÇÃO CULTURAL Processo com um início, etapas e fim preestabelecido,


com fins de se produzir um objeto cultural. Sua
realização não envolve os sujeitos da comunidade em
que a biblioteca se encontra inserida.
Fonte: elaborado a partir de Almeida (1987) e Coelho Neto (1989; 2012) apud Rateli (2019,
p. 100)

Depois da apresentação dos conceitos no quadro 4, Santos (2015, p.181), traz a


seguinte reflexão: Qual seria o papel do bibliotecário no contexto da ação cultural?
Segundo esse autor “O elemento que trabalha a cultura como processo, que se
caracteriza como sendo o aglutinador de interesses e desejos é o agente cultural”.

Nessa afirmação, Santos (2015) traz a reflexão de que o bibliotecário deve associar
os conhecimentos da área de biblioteconomia aos conhecimentos de cultura e poder
organizar e oferecer ações em que as informações culturais passem a ser
apresentadas e discutidas pelos usuários. O profissional da informação precisa “ser
proativo, lidar com imprevistos, ter criatividade, cultura geral, sensibilidade, trabalhar
com profissionais de outras áreas, buscarem parceiros, ter uma equipe envolvida e
altamente comprometida” (OLIVEIRA, 2010, p. 125). E Flusser (1983) nomeia o
bibliotecário responsável pela promoção de cultura de “bibliotecário-animador”.

A ação cultural bibliotecária é promissora nas bibliotecas públicas, escolares,


comunitárias, centros culturais e outras unidades de informação, educação e cultura,
“[...] sendo indiscutível sua importância tanto no sentido de dinamizá-la como de
alavancar o processo de produção cultural no âmbito dessas instituições e da
sociedade” (CABRAL, 1999, p. 39)”.

O autor também reforça que é fundamental que o bibliotecário que pretenda atuar
como agente cultural, tenha o entendimento das diferenças conceituais existentes
nesse campo de atuação, a fim de que possa adotar aquele mais adequado à
finalidade de suas ações. “Além disso, deve estar apto a desenvolver um trabalho de
caráter [trans e] interdisciplinar com uma equipe de profissionais de várias áreas”
(CABRAL, 1999, p. 40).

Baltazar Filho (2009) apresenta o bibliotecário como um potente agente cultural que
por meio de projetos e atividades/manifestações culturais integra a unidade de
informação aos sujeitos sociais. Gerlin e Barcellos (2017, p.124) afirma que o
bibliotecário ao elaborar uma ação cultural precisa antes realizar “o planejamento de
acordo com as características do perfil do grupo, tendo em vista que o diálogo deve
ser previsto ao longo de todo o processo. Esse agente cultural dá prosseguimento a
um conjunto de etapas que tenha como meta a criação de um processo dinâmico e
interativo”.

O exposto permite considerar que o bibliotecário poderá atuar em campos


diferenciados ao assumir o agenciamento cultural. Melo e Vieira (2012, p. 20)
apresentam três características que o profissional da informação precisa para atuar
como agente cultural:
a) Cabe ao gestor cultural, buscar, gerenciar e implantar projetos culturais, e
após sua implantação delegar tarefas e responsabilidades para sua melhor
realização, além de ajudar na formação de agentes culturais;
b) O agente cultural deve agir como um bom exemplo a ser seguido pelos
demais, deve ser o que se envolve, participa de todas as etapas na realização
dos projetos, o criador e a criatura, enfim, o que ocupa a função fundamental
para a elaboração da ação.
c) Cabe ainda ao gestor cultural a escolha do co-produtor cultural, pessoa
competente que o irá auxiliar na busca por resultados das ações
desenvolvidas pelos membros das comunidades e instituições, é um
coadjuvante na elaboração, mas não menos importante que o gestor.

Perante as características apresentadas por Melo e Vieira (2012) e, ainda, de acordo


com Almeida (1987), reflete-se que a profissão de agente cultural. Encontra-se
relacionada diversas áreas de atuação da biblioteconomia, podendo auxiliar no
processo de mediação cultural desde que assuma uma posição de diálogo.

Essa constatação permite identificar que ao assumir essa função no contexto de uma
unidade de informação, o bibliotecário poderá trabalhar com uma variedade de
atividades culturais conforme exposto no Quadro 5 com o auxílio de autores como
Almeida Júnior (2013); Sperry (1987); Tsupal (1987); Milanesi (1987) e Vieira (2014).

Quadro 5 - Exemplos de atividades culturais em bibliotecas


Atividades culturais em bibliotecas

Apresentação musical Apresentação de teatro Apresentações diversas


(audições) (criação de grupos) (dança, teatro, marionetes,
fantoches)

Caça ao tesouro Campeonatos Concursos literários (poesia,


contos, crônicas)

Conferências Debates Encontro com autores

Encontro com pessoas da Eventos diversos Exibição de filmes


comunidade (relatos pessoais, (eleições, diretas,
memória local, depoimentos, derrubadas de
encontros artísticos) presidentes etc.)

Exposições diversas (artes Filatelia Gincanas


plásticas, livros, documentos,
mapas, estampas,
artesanatos, folclore,
fotografias)

Eventos especiais (natal, Jogos recreativos Jornais (fanzines)


semanas comemorativas) educativos (eletrônicos,
damas, baralho, xadrez
etc.)

Hora do conto (crianças, Laboratórios de leitura Numismática (estudo das


jovens, adultos e idosos) (oficinas) coleções)

Laboratórios de redação Museu de rua Oficinas de cursos artísticos


(oficinas de escrita) (artesanatos, artes plásticas,
desenhos, histórias em
quadrinhos, mangá etc.)

Ônibus-biblioteca (serviços de Murais Oficinas de cursos diversos


extensão como biblioteca (primeiros socorros, higiene,
móvel) culinária, puericultura etc.)

Oficinas diversas (workshops: Oficinas de letramento Palestras


comédia stand-up, teatro, digital
cinema)

Semanas comemorativas (da Contação de história, Atividades de inclusão


mulher, do jovem, da 3º. Saraus, clubes e rodas de digital.
Idade) leitura
Fonte: Adaptado pelos autores e elaborado a partir de: Almeida Júnior (2013); Sperry
(1987); Tsupal (1987); Milanesi (1987) e Vieira (2014) apud Rateli, 2019, p. 108

A diversidade de atividades apresentadas no Quadro 5 são importantes para que a


mediação cultural seja fortalecida em bibliotecas escolares, acadêmicas, corporativas,
comunitárias, públicas e privadas, entre outras.
Ao refletir sobre a mediação cultural em variados tipos de bibliotecas, elucida-se na
pesquisa que as bibliotecas além da oferta de seus serviços tradicionais, passam a se
reafirmar como instituições ativas nos processos de mediação e de construção social,
cultural e histórica dos espaços onde estão inseridas (RASTELE; CALDAS, 2019).

Para os bibliotecários que desejem coordenar ações culturais, Quílez Simon (2008)
apresenta algumas habilidades essenciais que os profissionais da informação
precisam desenvolver:
a) Habilidades informáticas: necessário para a elaboração de tabelas
estatísticas, folders, cartazes; envio de correio eletrônico; realização de
pesquisas na web; preparação de planilhas; edição de imagens; acrescenta-
se a divulgação de eventos em redes sociais.
b) Habilidade de localização e uso da informação: a pesquisa na web é
fundamental. Toda atividade cultural na biblioteca precisa da apresentação
de informação. Por isso, o bibliotecário precisa pesquisar quais são as obras
e os sites que disponibilizam informação sobre aquilo que está sendo
apresentado. Para o desenvolvimento da atividade cultural também precisa
de conhecimento. O profissional da informação precisa saber ao menos o
básico sobre o objeto da atividade cultural.
c) Conhecimento de procedimentos e tarefas instrumentais: o
bibliotecário não precisa dominar a montagem dos equipamentos da
animação cultural, mas recomenda-se conhecer um pouco sobre os
aparelhos. É preciso planejar, por exemplo, a iluminação do local, o som, a
disposição das peças para a exposição. O autor orienta, se possível, contratar
um profissional da área para a montagem da animação cultural.
d) Técnicas e ferramentas de gestão: é preciso organizar as tarefas no
planejamento da atividade cultural. O autor recomenda alguns programas de
administração de projetos. É importante que o bibliotecário não centralize
todas as tarefas e permita que outros profissionais da biblioteca participem
na elaboração da atividade cultural. E também explore as habilidades de cada
profissional. No entanto, normalmente não há disponibilidade de formar uma
equipe.
e) Habilidade de competências de comunicação e difusão: é necessário
manter uma base de dados com contatos de interessados nos projetos
culturais e possíveis parceiros. Além de se comunicar com órgãos públicos,
associações, editoras. A divulgação das atividades culturais pode ser feita
por meio de folders, cartazes. A mídia também pode auxiliar na divulgação.
O autor recomenda o envio de e-mails. Atualmente as redes sociais são um
excelente meio de divulgação (QUÍLEZ SIMON, 2008, p.105-120 apud
SANTOS, 2015, p. 183-184).

Rateli, (2021. p.131) concluiu em sua recente pesquisa, que a mediação cultural é
“categoria essencial em todas as bibliotecas, independentemente de suas tipologias,
plasmando-se em todos os fluxos informacionais que circulam através das mediações
implícitas e explícitas”. Desse modo, assinalou-se as seguintes premissas da
mediação cultural em bibliotecas:
a) todas as bibliotecas são mediadoras culturais, independentemente de suas
tipologias;
b) a informação é um produto da cultura; já a mediação cultural é um processo
mais amplo, que engloba a mediação da informação e da leitura;
c) a mediação cultural abrange todas as atividades das bibliotecas,
espraiando-se em mediações implícitas e explícitas;
d) no que tange às mediações explicitas e à função cultural e de lazer das
bibliotecas, a mediação cultural é desenvolvida através dos modos de ação
cultural, animação cultural e fabricação cultural;
e) uma pedagogia apropriada ao trabalho do bibliotecário com a comunidade
(mediações explícitas) necessita de maiores investigações, apesar de os
pesquisadores participantes da pesquisa apontarem propostas promissoras,
destacando a perspectiva dialógica, a do oprimido e a da negociação cultural;
f) a mediação cultural é um processo que envolve estratégias de
comunicação, interferências e dispositivos;
g) a mediação cultural é um processo complexo, de práticas heterogêneas,
envolvendo dispositivos, suportes, linguagens e técnicas;
h) a mediação cultural na biblioteca encerra as noções de interação,
compartilhamento, diálogo, apropriação, protagonismo e cidadania cultural;
i) a mediação cultural refere-se a processos complexos englobando os
diversos dispositivos na construção de sentidos;
j) nos processos de mediação cultural, a atuação do bibliotecário abre se em
possibilidades para o acesso, a produção, a circulação, a apropriação e o
protagonismo cultural, considerando-se a construção de significados e o
desenvolvimento sociocultural da comunidade;
k) os processos de mediação cultural em bibliotecas vinculam-se à
construção de sentidos a partir do contato com os elementos formadores da
cultura;
l) a gestão pública e as políticas culturais também são reconhecidas como
instâncias de mediação cultural;
m) o bibliotecário precisa de conhecimentos transdisciplinares para atuar
como mediador cultural e para assim contribuir para a apropriação cultural.
(RASTELI, 2021. p.131).

Permitindo-se entender diante desse resultado que as mediações culturais em


bibliotecas podem ser entendidas como processos que possibilitam a elaboração de
sentidos com potencial para a construção de interações, apropriações em direção ao
protagonismo cultural. “A mediação cultural comporta a noção participativa dos
sujeitos na cultura, no processo de apropriação das informações, e revela nas ações
dos bibliotecários o estabelecimento de interações simbólicas entre os sujeitos e o
mundo cultural” (RASTELI, 2021, p.131).

Lessa e Gomes (2017), reforçam que existem bibliotecas funcionando como centros
de cultura ou bibliotecas integradas aos centros de cultura, bibliotecas dentro de
museus ou arquivos dentro de bibliotecas, para não citar aquelas que podemos
encontrar em museus ou exposições que integram, a um só tempo, processos
informacionais e culturais. Nesse contexto, justifica-se a relevância e pertinência da
presente pesquisa, que coloca em análise a conceituação teórica que gira em torno
dos fazeres e saberes da mediação cultural e da ação cultural em qualquer tipo de
biblioteca.

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