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SOCIOLOGIA DAS

ORGANIZAÇÕES

3. As Organizações como
Sistemas Sociais e Técnicos

Helena Serra

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Teoria Geral dos Sistemas e
Organizações

l Anos 40/50: Trabalhos do biólogo


alemão Bertalanfly são aplicados às
Ciências Sociais.

SISTEMA
INTERDEPENDÊNCIA
INTERACÇÃO

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INPUT OUTPUT
PROCESSAMENTO

AUTO-REGULAÇÃO
FEDD-BACK

3
AMBIENTE EXTERNO

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ABORDAGEM SISTÉMICA DAS
ORGANIZAÇÕES

¡ Herbert Spencer (1820-1903)

¡ Talcot Parsons (1902-1979)

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PARSONS: Estrutural Funcionalismo
e a Análise das Organizações

¡ Os sistemas sociais são análogos à


fisiologia dos organismos vivos.

¡ Sistema Social:
¡ Estruturas
¡ Funções

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ESTRUTURAS:
. modelos institucionalizados de cultura normativa
(valores, normas, papeis);
. definem a ordem nas organizações;
. definem e orientam o comportamento dos
indivíduos (papel do indivíduo);
. são estáveis e constantes no espaço e no tempo.

FUNÇÕES:
Definem as modalidades de ajustamento/
adaptação das estruturas na dinâmica social.

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NO CAMPO DAS ORGANIZAÇÕES:

. As organizações são orientadas para


objectivos específicos.
. Nas sociedades modernas assiste-se a um
desenvolvimento da diferenciação
estrutural e funcional das organizações

Acentua-se e especialização de funções e a


multiplicação de papeis.

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¡ As organizações só sobrevivem se
tiverem uma função legitima no
sistema social.

¡ As organizações têm características


diferenciadas de acordo com a
situação específica em que operam,
no quadro geral dos subsistemas
que constituem a sociedade global.
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3.1. ABORDAGEM SÓCIO-TÉCNICA

¡ Alargamento das teses de


participação da Escola das Relações
Humanas.

¡ Tavistock Institute of Human


Relations (Londres, 1946).

¡ Equipas de investigadores nas áreas


das Ciências Sociais.
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MODELO SÓCIO-TÉCNICO
¡ Apoia-se na Teoria Geral dos Sistemas.

Organizações Sistemas Abertos

sistema técnico

sistema social

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¡ A organização é definida pela
interacção entre os sistemas técnico
e social.

SISTEMA SOCIO-TÉCNICO
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Abordagem Sócio-Técnica: Emery
e Trist (1960)
Sistemas técnico e social:
¡ a sua dinâmica é interactiva e
interdependente;
¡ tem capacidade de auto-regulação;
¡ é sistema aberto ao ambiente externo.

TECNOLOGIA ASSUME PAPEL FUNDAMENTAL


O sistema técnico funciona como condição
limitativa e determinante do sistema social da
organização.

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Emery e Trist – Experiências nas
Minas de Carvão (Inglaterra)

TECNOLOGIA

VÁRIAS FORMAS DE
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
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Emery e Trist – Experiências nas
Minas de Carvão (Inglaterra)

SISTEMA CONVENCIONAL:
. Estrutura tipo taylorista
. Papeis simples
. O mineiro preocupa-se apenas com
um parte simples da tarefa
. O mineiro não tem qualquer
responsabilidade no processo de
decisão sobre a organização do
trabalho
. Relações sociais pouco
desenvolvidas. 15
Emery e Trist – Experiências nas
Minas de Carvão (Inglaterra)

SISTEMA COMPOSTO:
. Combina uma estrutura
convencional com papeis complexos
. O mineiro adquire maior
responsabilidade nos processos de
decisão sobre a organização do
trabalho
. Trabalho em grupo; maior
participação.
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Emery e Trist – Experiências nas
Minas de Carvão (Inglaterra)

CONCLUSÕES DA EXPERIÊNCIA:
Consoante o modelo de organização
do trabalho adotado, variam os
níveis de:
- Produtividade
- Absentismo
- Qualidade
- Rotatividade (turnover)
- Acidentes de trabalho.

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Emery e Trist – Experiências nas
Minas de Carvão (Inglaterra)
i.e.:
. Existem várias formas de ajustamento
do sistema social ao sistema técnico;
. A tecnologia não impõe apenas um único
modelo de organização do trabalho
(contraria as teorias clássicas)

A eficácia do modelo depende de como o


sistema social se adapta ao sistema
técnico

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Emery e Trist – Experiências nas
Minas de Carvão (Inglaterra)

Nota: é sempre o sistema social que


se adapta ao sistema técnico e não
o contrário.

O SISTEMA TÉCNICO É
DETERMINANTE

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Emery e Trist – Experiências nas
Minas de Carvão (Inglaterra)

VANTAGENS DO SISTEMA COMPOSTO:

. Responde melhor às aspirações dos


indivíduos;
. implica suporte mútuo entre grupos de
trabalho;
. grupos semiautónomos;
. autonomia e intervenção na decisão;
. melhor adaptação do sistema social ao
sistema técnico;
. permite uma melhor aceitação da mudança.
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Emery e Thorsrud:
Democracia Industrial (Noruega, anos 60)

. Projeto da Universidade Técnica de Throndheim


e do Instituto Tavistock.

OBJETIVO: articular o impacto das novas


tecnologias na organização do trabalho à
escala global da sociedade norueguesa.

. 4 experiências de intervenção em várias


empresas (contexto norueguês muito
favorável: grandes tradições democráticas
onde Estado, associações patronais e
sindicatos colaboram ativamente). 21
Conclusões da Corrente Sócio-
Técnica:

As organizações enquanto
sistemas são o resultado da
interacção e interdependência entre
subsistemas da organização,
nomeadamente:

. a execução de tarefas
. o processo de tomada de decisão
. a organização do trabalho
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As organizações são sistemas abertos
que interagem com o ambiente circundante
importando e exportando sob a forma de
inputs e outputs.

Para uma mesma tecnologia é possível


estruturar uma organização do trabalho
baseada no grupo.
- uma maior eficiência atinge-se em
grupo;

GRUPOS SEMI-AUTÓNOMOS

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Método PESQUISA-ACÇÃO

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SOCIOLOGIA DAS
ORGANIZAÇÕES

3.2. As Abordagens
Contingenciais: organizações
como sistemas abertos

Helena Serra
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ABORDAGEM CONTINGÊNCIAL
(anos 60)

Premissas Básicas:
. Paradigma Sistémico (linha de tradição
Tavistock Institute;
. Não existe nenhum modelo organizacional
ideal, universal; tudo é relativo.
. O ambiente externo determina as
características organizacionais.
. A relação organização /ambiente é do tipo
“se…então”.
. Modelo determinista.

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ABORDAGEM CONTINGÊNCIAL

Características Organizacionais:
. Estrutura
. Desenho organizacional
. Níveis hierárquicos
. Papeis
. Normas
. Processo de tomada de decisão

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ABORDAGEM CONTINGÊNCIAL

Variáveis do Ambiente Externo:


. Tecnologia
. Mercado

. Inovação
. Pressão demográfica
. Cultura
. Política económica
. Outras organizações

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AUTORES DA CORRENTE
CONTINGENCIAL
¡ Joan Woodward

¡ Charles Perrow

¡ James Thompson

¡ Burns e Stalker

¡ Lawrence e Lorsch

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3.3. ABORDAGEM ECOLÓGICA
Stinchombe (1965) – “The Handbook of
Organizations”.
- Objecto de análise: populações
organizacionais

Conjunto de organizações homogéneas


definido a partir de determinados
critérios.
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ABORDAGEM ECOLÓGICA

Aspetos a realçar:
- as condições que favorecem a
fundação ou a extinção das
organizações;
- o decréscimo/crescimento de
populações organizacionais;
- Potencialidade organizativa.

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ABORDAGEM ECOLÓGICA
LIABILITY OF NEWNESS (desvantagem da juventude):
. novos papeis e capacidades
. invenções
. adaptações criativas
. elevados riscos de insucesso
. ineficiências temporárias
. dificuldade em romper com redes já estabelecidas
. resistência institucionalizada

RESISTÊNCIA À MUDANÇA: o reverso da medalha da


INOVAÇÃO como trunfo competitivo
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ABORDAGEM ECOLÓGICA
Quais as formas sociais que mais favorecem a inovação
e que evitam a “liability of newness”?

A partir de exemplos históricos dos processos de


modernização constata-se que as capacidades
organizativas duma sociedade são tanto mais
elevadas quanto mais estão desenvolvidos os
seguintes aspectos:
- Grau de alfabetização
- Urbanização
- Economia monetária
- Revolução política
- Nível de experiência organizativa

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ABORDAGEM ECOLÓGICA
IMPRINTING
Independentemente do ano de fundação de
uma organização, ela apresenta traços
estruturais que reflectem a época histórica
em que se impôs a espécie organizacional a
que pertence. O imprinting é explicado pela
junção de 2 factores:
1. As condições económicas e técnicas de uma
determinada época determinam as formas
organizacionais mais apropriadas para
alcançar o sucesso.
2. Certos tipos de organizações não podem ser
“inventadas” antes de uma estrutura social
apropriada que as suporte.

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ECOLOGIA DAS POPULAÇÕES
ORGANIZACIONAIS (HANNAN E FREEMAN)-
1977

¡ Foca a questão da inovação


organizacional, que pode resultar da
adaptação (que ocorre ao nível das
organizações singulares) ou da seleção
(que ocorre ao nível das espécies
organizacionais).
¡ . Procura explicar a existência de várias
formas e espécies organizacionais.

¡ há que analisar a seleção competitiva que é


imposta pelo ambiente

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ECOLOGIA DAS POPULAÇÕES
ORGANIZACIONAIS (HANNAN E FREEMAN)-1977
- Quanto maior for a semelhança entre duas
populações em competição pelos mesmos
recursos limitados, mais difícil será que o
mesmo ambiente possa suportar duas
populações em equilíbrio.
- Quanto mais dura for a competição maior
será a eliminação dos menos aptos.

Explicação de dois fenómenos: a pluralidade


das várias espécies; a homogeneidade no
interior de cada espécie.

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ECOLOGIA DAS POPULAÇÕES
ORGANIZACIONAIS (HANNAN E FREEMAN)-1977

TIPOS DE ORGANIZAÇÕES

Organizações especialistas – maximizam


uma gama restrita de recursos fixos;
adaptam-se particularmente a ambientes
estáveis.

Organizações generalistas – maximizam a


capacidade de utilizar uma gama mais vasta
de recursos; adaptam-se a ambientes
variáveis.

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ECOLOGIA DAS POPULAÇÕES ORGANIZACIONAIS
(HANNAN E FREEMAN)-1977

Contextos:
I – previsibilidade ambiental e rigidez de
recursos
II – imprevisibilidade ambiental e flexibilidade
de recursos

Consoante a relação que se estabelece entre


estes dois contextos e os dois tipos de
organizações, os autores apontam para dois
tipos de ambientes: ambientes de grão fino
e de grão grosso.
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