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DIREITO PENAL

CONCEITO DE DIREITO PENAL

O Direito Penal é constituído por regras e/ou princípios, os quais são responsáveis pela
descrição minuciosa da conduta delituosa, seguida pela determinação da sanção penal
correspondente.

SANÇÃO PENAL
DIREITO PENAL DESCRIÇÃO DO CRIME +
(correspondente)

INFRAÇÕES PENAIS

Refere-se a toda conduta previamente descrita pela legislação como ilícita. Divide-se
em:
1. CRIME: conduta delituosa, considerada grave e com previsão de punibilidade de
reclusão ou detenção.

DIREITO 2. CONTRAVENÇÃO PENAL: conduta delituosa de menor lesividade, possui caráter


de crime "anão", ou seja, é uma conduta ilícita não tão grave, cuja penalidade é mais
branda, como prisão simples ou multa.

PENAL I SANÇÃO PENAL

Restringe o direito de ir e vir do indivíduo,


PRIVATIVA DE LIBERDADE
I ESTÁGIO recolhendo-o ou não em ambiente prisional.

PENAS São penas alternativas à prisão, ao invés do


RESTRITIVA DE DIREITOS
encarceramento há a restrição de direitos.

Consiste em uma sanção patrimonial, ou


MULTA
seja, pagamento de quantia em dinheiro.

Aplicáveis aos IMPUTÁVEIS: é aquele que possuía capacidade de entendimento no


imputáveis ou
momento da ação, consequentemente, sofrerá a responsabilização
semi-imputáveis
penal correspondente.
sem periculosidade

SEMI IMPUTÁVEIS: perca parcial da capacidade de entendimento ou


vontade no momento da ação, não exclui a culpabilidade, por esse
motivo, haverá responsabilização, no entanto, a pena deverá ser
reduzida.
AÇÃO PENAL PÚBLICA
O indivíduo é absolvido, por ser inimputável, A ação é penal pública quando os crimes têm reflexos na sociedade, por isso o próprio
INTERNAÇÃO mas, reconhecido como autor do crime, será Estado (Poder Judiciário) tem interesse na sua punição e repressão. Nesse caso, ele vai
internado em hospital psiquiátrico.
agir por intermédio do Ministério Público. Só o MP pode propor a ação penal pública em
MEDIDAS DE juízo. Ou seja, são ações movidas face aos crimes que independem da vontade da
SEGURANÇA É uma medida restritiva, uma vez
vitíma em punir ou não o autor.
que há obrigação do indivíduo de
TRATAMENTO AMBULATORIAL comparecer para realizar o
tratamento em ambulatório, mas
não há privação de liberdade.
AÇÃO PENAL PRIVADA
É executada pelo próprio indivíduo ofendido que pede a punição do ofensor, porque o
Aplicáveis aos É aquele que por doença mental ou desenvolvimento bem violado é exclusivamente privado (por exemplo, uma queixa referente ao furto de
inimputáveis e mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da um celular, que é espécie de crime contra o bem material do indivíduo).
semi-inimputáveis ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
com entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
periculosidade de acordo com esse entendimento.
DIREITO PENAL - DIREITO CRIMINAL

Direito Penal ou Direito Criminal? ambas as expressões estão corretas, contudo, prioriza-
se, conforme é referido pela Constituição, o termo: Direito Penal.
DIREITO PENAL COMO RAMO DO DIREITO PÚBLICO

Considera-se ramo do Direito Público pelo fato de ser aplicado a todos os indivíduos
indistintamente, ademais, o Estado é o único detentor do poder de punição, o executa RELAÇÃO DO DIREITO PENAL COM OS DEMAIS RAMOS
através do Poder Judiciário.
Direito Processual Penal: configura-se como um instrumento através do qual o
Direito penal aplica sanções aos delitos, respeitando o devido processo legal, cujo
AÇÃO PENAL princípio assegura a todo e qualquer indivíduo o direito a um processo com todas as
etapas previstas em lei e todas as garantias constitucionais.
O conceito de ação penal consiste no direito de se exigir ou pedir a tutela jurisdicional do
Estado, tendo como objetivo a resolução de um conflito decorrente de um fato concreto.
Direito Constitucional: refere-se a Constituição Federal em sua supremacia, a qual
Existem duas espécies:
permite a criação de Códigos (a exemplo, o Código Penal), desde que, estejam em
comum acordo com as suas normas previamente estabelecidas.
INICIATIVA DO MP
Direito Administrativo: o Direito Penal interliga-se a este direito por meio do
PÚBLICA INCONDICIONADA
processo administrativo, isto é, em casos de divergências às normas, o indivíduo
estará sujeito a responsabilização, cujos termos e sanções advém diretamente do
DENÚNCIA
Código Penal.
AÇÃO PENAL
Direito Civil: relaciona-se em decorrência dos litígios civilistas, aos quais são
INICIATIVA DO OFENDIDO aplicados (quando necessário) sanções oriundas do Código Penal.

PRIVADA Direito Internacional: ligação ao Direito Penal através dos Tratados e Convenções
CONDICIONADA
QUEIXA Internacionais, os quais determinam as diretrizes penais equivalentes.
DIREITO PENAL COMUM - ESPECIAL FORMAL
Refere-se a expressão da lei face a sociedade. Encontra-se nas seguintes formas:
DIREITO PENAL COMUM
1. IMEDIATA: única e exclusivamente a Lei, somente a mesma é responsável por
Refere-se aquele imposto a todas as pessoas, de modo geral. definir ou extinguir um crime.
Crimes nesse âmbito são julgados pelos Órgãos Jurisdicionais comuns, ou seja, 2. MEDIATA: costumes, como reflexo das necessidades da sociedade. Atentar-se ao
Justiça Estadual e/ou Justiça Federal. fato de que, segundo o STJ, o desuso de uma lei face a um crime ou contravenção
penal não extingue a configuração de crime, ademais, ainda determina que policiais
DIREITO PENAL ESPECIAL jamais devem ausentar-se da posição tutelar face as situações criminosas.
Aplicável somente a determinados indivíduos, com categorias previstas na
Constituição, a exemplo do Código militar, o qual incidirá somente aos militares, o
mesmo possui inclusive Órgão Jurisdicional próprio, a Justiça Militar. As Medidas Provisórias são normas com força de lei, editadas pelo Presidente
da República em situações de relevância e urgência. Atentar-se ao fato de que,
pela regra e de acordo com a Constituição Federal (Art. 62. Inciso I, alínea b) as
O Direito Penal Especial diferencia-se da Legislação Penal Especial, visto mesmas não poderão versar sobre matéria de Direito Penal, no entanto, de
que, o último termo corresponde as tipificações atualizadas de crimes, as quais acordo com o entendimento do STF, poderão, desde que, em benefício do réu.
não estão inseridas no Código Penal por não haver previsão qualificadora no
próprio código.

CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA
FUNÇÕES DO DIREITO PENAL
Refere-se a seletividade do Direito Penal brasileiro, manifestada através da formulação
Proteção dos bens jurídicos fundamentais: o Direito Penal tutela em última instância, a das normas pelo legislador, as quais possuem caracteristicas padronizadas como
vida, a liberdade a propriedade, o casamento, a família, a honra, a saúde, enfim, todos os inversão de valores e direcionamento de aplicabilidade, a exemplo pode-se mencionar a
valores importantes para a sociedade, o faz quando nenhum outro ramo do Direito consegue
duração e a rígidez das penas aplicáveis ao dano contra o patrimônio face ao crime de
administrar as mencionadas matérias, com isso o Direito Penal é acionado para que haja a
homício culposo, nítidamente, prioriza-se os bens materiais em detrimento a vida.
prevenção e/ou regulação através das sanções penais.
Ademais, visualizando o cenário brasileiro é notório que o sistema penitenciário é
Limitação do poder punitivo do Estado: esta função assegura que o Estado somente composto majoritariamente por jovens, negros, periféricos e carentes de um sistema
poderá aplicar penas de acordo com as previsões do Código Penal e da Constituição educacional.
Federal.

CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA
FONTES DO DIREITO PENAL
Esta etapa corresponde a criminalização executada através dos agentes da Justiça
MATERIAL (policiais, delegados...), os quais assim como na Criminalização Primária selecionam os
indivíduos pelos estigmas e rotúlos (Teoria do Entiquetamento Social) previamente
É aquela responsável pela criação da legislação penal, criada somente pela União encontrados na sociedade brasileira.
através do Legislador Penal Federal.
Atentar-se ao fato de que, a regra define que Estados e Municípios não possuem
competência para legislar sobre matéria de Direito Penal. No entanto, a União poderá PRINCIPÍOS LIMITADORES DO PODER PUNITIVOS ESTATAL
através de lei complementar autorizar os estados a legislarem sobre matéria de Direito
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
Penal específica, isto é, autorização para criação de lei para situação especifica em
localidade específica. De acordo com este Princípio há a preservação dos direitos fundamentais do
condenado, salvo aquele(s) lesionado(s) pela pena. Também determina a vedação das
seguintes penas: morte, prisão perpétua, trabalho forçado, banimento, cruel.
OBJETIVOS
A pena de morte pode ser relativizada, a constituição dispõe sobre a matéria no
1. Desafogar a Justiça Penal;
Art. 5°, inciso XLVII.
2. Tornar estritamente necessária a intervenção do Direito Penal;
3. Buscar a descarcerização.
Segundo entendimento do STF, as prisões brasileiras são inconstitucionais,
pois devido a sua insalubridade viola os direitos fundamentais dos indivíduos
NATUREZA JURÍDICA
condenados.
Tem como objetivo afastar a tipicidade penal de um delito cometido, visto que, o conceito
analítico do crime é definido pela tripartição, isto é, a combinação obrigatória dos
seguintes elementos:
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL OU ESTRITA LEGALIDADE
Define que somente a lei é capaz de tipificar crimes, extingui-los ou a eles aplicar as ILICITUDE FATO TÍPICO CULPABILIDADE
penas correspondentes.

PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE
Define a não retroação da lei penal, salvo para beneficiar o réu. Isto é, aquele individuo
cujo processo transitou em julgado e já está cumprindo a pena não será atingido por
novas leis, ou seja, estas não poderão interferir na sua condenação, SALVO, se o
beneficiar, de modo que, haja a redução da pena. ILICITUDE CRIME CULPABILIDADE

PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
Define que um indivíduo só pode ser punido, se na época do fato por ele praticado, já
estava em vigor a lei que descrevia a conduta como ilícita.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU BAGATELA TIPICIDADE

Corresponde a solicitação da atuação negativa no tocante a intervenção do Direito Penal


mediante alegação de que, a conduta praticada é incapaz de lesionar ou colocar em
perigo o bem jurídico tutelado.

Exemplo: João roubou a caneta de Maria sem uso de violência e sem que ninguém FORMAL MATERIAL
percebesse.

A conduta acima é interpretada e tipificada pelo Código Penal como furto, no entanto,
por não oferecer nenhuma lesividade considerável a vítima aplica-se então o Princípio da perfeita adequação entre a corresponde a efetiva lesão ou
Insignificância/Bagatela. conduta praticada e a violência ao bem jurídico
tipificação no Código Penal; tutelado.

Veja a seguir os objetivos, requisitos e a natureza jurídica para a aplicação do princípio:

FATO TÍPICO: significa que um determinado ato executado por um indivíduo é tipificado
como um crime, uma vez aplicado o Princípio da Insignificância a conduta torna-se atípica
e anula a tipicidade material, desta forma, extingue-se a responsabilização penal.
REQUISITOS Ausência de periculosidade da ação;
Reduzido grau de reprovabilidade;
SUBJETIVOS: são aqueles relacionados aos SUJEITOS DO CRIME. Mínima ofensividade da conduta;
Inexpressividade da lesão jurídica.
1. INDIVÍDUO INFRATOR
APLICABILIDADE
Reincidente: é aquele indivíduo que possui condenação definitiva no Tribunal de
Justiça, ou seja, o processo já transitou em julgado, não comporta mais recursos. DELITOS INCOMPATÍVEIS - nos quais não há possibilidade de aplicação do
Princípio da Insignificância ou Bagatela.
Doutrina: não aplica o Princ. da Insignificância, visto que, incentivaria a prática de
novos crimes; ❌ 1. Roubo e demais crimes cometidos com violência ou grave ameaça a pessoa;
STJ: aplica o princípio, desde que, não seja uma reincidência específica, ou seja, o 2. Racismo;
indivíduo voltando a praticar o mesmo delito pelo qual já foi condenado anteriormente; 3. Tortura.

STF: aplica o princípio.

DELITOS COMPATÍVEIS - passíveis de aplicação do referido princípio.


Criminoso habitual: é aquele que pratica diversos crimes corriqueiramente.
LEI 11.343/2006 - LEI DE DROGAS
Não é permitida a aplicação do princípio a essa espécie de indivíduo. ❌ STF STJ
TRÁFICO DE DROGAS sim não
Militar: para este indivíduo não será possível a aplicação do Princípio, visto que, ao
PORTE PARA CONSUMO sim sim
mesmo é atribuído o dever de resguardar o Estado, impedindo-o assim da prática de
crimes. ❌
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2. VÍTIMA STF STJ DOUTRINA
sem
sim não
posicionamento
Condições da vítima: refere-se ao âmbito financeiro.

Extensão do dano: se ocasionou de fato um prejuízo a vítima.


CONTRABANDO
Valor sentimental do bem: se possuir, impossibilita a aplicação do princípio. STF STJ DOUTRINA
não não não

OBJETIVOS: correspondem aos FATOS, ou seja, como o crime ocorreu e quais


requisitos estão ou não contidos no mesmo. O STF fixou os referidos requisitos que VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
viabilizam a aplicação do Princípio da Insignificância: STF STJ DOUTRINA
proibiu a aplicação
não não
do princípio.

P R O L
CRIMES AMBIENTAIS
PERICULOSIDADE REPROVABILIDADE OFENSIVIDADE LESIVIDADE STF STJ DOUTRINA
sim sem
pronunciamento
não
(uma única vez)
A quem compete valorar a incidência do Princípio da Insignificância ou Atentar-se quanto ao contrario da afirmação anterior, isto é, tudo aquilo considerado
Bagatela? ilícito para o Direito Penal também será para os demais ramos do Direito.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
DELEGADO DE
NÃO Este princípio determina que a pena deverá ser proporcional à gravidade da pena.
POLÍCIA
Ademais, também define uma penalidade justa e que expresse reprovação e prevenção
de novos crimes. Portanto, define que deve haver um equilíbrio entre o delito cometido e
a pena aplicada ao mesmo.

PODER 1. Crimes + graves = penas + severas


SIM
JUDICIÁRIO 2. Crimes + brandos = penas + leves

Outras determinações:
O princípio proíbe o excesso de pena para crimes mais brandos.
Proíbe também a proteção insuficiente do bem jurídico tutelado, isto é, para crimes
PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
com alto teor de lesividade a outrem haverá maior e mais severa penalidade, para
Define que ninguém poderá ser punido por causar dano a si próprio. que assim haja o êxito quanto a proteção.
Penas abstratas, referem-se aquelas que possuem especificidade quanto a um limite
mínimo e um limite máximo para a pena de um crime.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
Exemplo: Homicídio simples (Art.121 CP): reclusão de 6 a 20 anos.
Configura o Direito Penal enquanto “última ratio” ou último recurso, delegando ao Direito
Penal a regulação de uma determinada conduta apenas em última instância.

PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

Oriundo do Princípio da Intervenção Mínima, define que nem todos os ilícitos serão
Consiste em extrair da norma penal seu exato alcance e real significado. De modo que, o
considerados ilícitos penais.
aplicador do Direito não pode desvincular-se do Ordenamento Jurídico, ou seja, daquilo
que já está previsto na legislação. A interpretação poderá se dar de três formas:
Ilícitos gerais
QUANTO AO SUJEITO
Ilícitos Penais Refere-se a interpretação realizada por alguém e pode ser:
e
Contrav.Penais
INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA
Realizada pelo próprio legislador, é obrigatória e pode ser contextual ou posterior.

Interp. Autent. Contextual: corresponde a edição da lei conjuntamente com a sua


interpretação;
Exemplo: estacionar em uma vaga destinada a pessoas deficientes é um ilícito, mas não
Interp. Autent. Posterior: refere-se a criação de uma nova lei interpretativa, isto é, a
do tipo penal.
nova lei sendo criada apenas com o intuito de interpretar uma outra já existente.
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA
Com relação a nova lei penal cuja interpretação é autêntica posterior, esta
Ocorre numa lei onde há demasiado uso de termos, ou seja, a lei é muito relativa e
é retroativa ou irretroativa?
abrangente, por este motivo, utiliza-se a interpretação restritiva a fim de restringir termos
Se a mesma for meramente interpretativa poderá retroagir e alcançar os fatos
e encontrar o seu real significado.
passados, de modo que, não fere o princípio da legalidade, visto que, uma lei já
existe e somente está sendo alvo de nova interpretação, ou seja, é uma extensão no
alcance da norma. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
No entanto, se a nova edição trouxer algo inédito, ela é irretroativa, salvo para Ocorre quando uma determina lei contém restrição de termos, então faz-se presente a
beneficiar o réu. necessidade da ampliação do sentido das palavras, encontrando deste modo o real
alcance da norma.

INTERPRETAÇÃO JURISPRUDENCIAL
É aquela realizada pelos Tribunais, não é obrigatória, salvo se a mesma alcançar o ANALOGIA NO DIREITO PENAL
status de Súmula Vinculante (que são fixadas pelo STF).
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
INTERPRETAÇÃO DOUTRINÁRIA É a extração do conteúdo da norma penal por meio de um procedimento de comparação
Refere-se as interpretações realizadas pelos autores/pesquisadores jurídicos, e estas entre os seus próprios termos, estendendo-se o seu alcance. Inexiste ofensa à
possuem particularidades e entendimentos diversos. legalidade, pois a própria lei prevê essa analogia interna, que não supre lacunas, mas
preenche significados existentes.

QUANTO AO MODO
ANALOGIA
INTERPRETAÇÃO GRAMÁTICAL É um instrumento usado para suprir uma lacuna na lei, advém de uma outra lei ou de um
Leva em consideração o significado exato das palavras contidas na lei. O seu uso Princípio Geral do Direito aplicável a um outro caso semelhante. Via de regra, atentar-se quanto
individual acaba sendo inviável pelo fato de não ampliar o sentido, de modo que, a impossibilidade de uso desta interpretação no Direito Penal, visto que, fere diretamente o
impossibilita a real extração do significado da norma, o que não significa que não é Princípio da Estrita Legalidade, excepcionalmente, se em rara utilização beneficiar o réu.
utilizada, ela é, em conjunto com outros modos de interpretação.

INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA ANALOGIA BONAM PARTER


Refere-se ao contexto no qual a lei foi criada, especificando as necessidades da época. Utiliza-se essa analogia a fim de beneficiar o acusado.

INTERPRETAÇÃO LÓGICA ou TELEOLÓGICA ANALOGIA MALLAM PARTER


Corresponde a uma interpretação contextualizada, ou seja, leva em consideração a Analogia in malam partem é aquela onde adota-se lei prejudicial ao réu, reguladora de caso
maior extensão possível da norma a fim de obter a sua real intenção. semelhante, em caso de omissão do legislador quanto a determinada conduta. No Brasil, é
vedada (proibida) a utilização dessa analogia.

QUANTO AO RESULTADO

INTERPRETAÇÃO DECLARATIVA
Consiste no comum entendimento entre a descrição da lei e a interpretação sobre ela,
isto é, há somente
LEI PENAL EM BRANCO 1. No tempo do crime a lei em questão estava em vigência;
2. For mais benéfica ao réu.
Configura-se como toda a norma que, ao tipificar um crime, traz no seu corpo uma definição
genérica, indeterminada e, sobretudo, incompleta. Por serem incompletas, portanto, as normas
penais em branco precisam, necessariamente, receber algum tipo de complementação. Divide-
ABOLITIO CRIMINIS
se em duas espécies: É quando uma nova lei penal é criada e determina a extinção de uma conduta
considerada crime, deste modo, todos os efeitos penais antes aplicados aquela conduta
1. Norma penal não incriminadora: é aquela que não define a conduta como crime ou serão imediatamente cessados, incide inclusive nos casos que já transitaram em julgado.
contravenção penal, refere-se as normas encontradas na primeira parte do Código Penal
(Art. 1 a 120).
Exemplificando, se um indivíduo teria praticado somente um crime e este foi extinto,
2. Norma penal incriminadora: é aquela que conceitua a conduta como delituosa e a mesma
incide a pena correspondente. É composta por dois preceditos: voltará a ser réu primário, com ausência de antecedentes criminais.

Todavia, se o processo estiver tramitando também na esfera civil, os efeitos civis


PRECEITO é aquele encarregado de descrever
detalhadamente a conduta considerada delituosa permanecem.
PRIMÁRIO

Discussão doutrinária: alguns doutrinadores consideram que o Abolitio Criminis deve


PRECEITO é aquele que fica encarregado de individualizar a ser aplicada já durante a vacatio legis (momento entre publicação e vigência da lei).
pena correspondente ao delito cometido No entanto, para os Tribunais somente aplica-se a lei a partir da sua vigência.
SECUNDÁRIO

Lei penal complementada por outra lei: lei penal em branco em sentido homogêneo;
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE - TÍPICO NORMATIVO
Lei penal complementada por exceção: lei penal em branco em sentido heterogêneo.
Corresponde a atualização da conduta delituosa, ou seja, é o deslocamento de um crime
para um outro, com modificação do tipo penal (outro termo).
Atentar-se quanto ao fato da permanência da conduta delituosa no Código Penal, não há
LEI PENAL NO TEMPO um Abolitio Criminis.

A Lei Penal, assim como qualquer outra lei, é inserida no mundo jurídico em um determinado
momento e permanece em vigor até a sua revogação, regulando todos os fatos praticados NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA
nesse período. Como o ser humano está em constante evolução, sempre está havendo Corresponde a novas tipificações de condutas delituosas, ou seja, criação de novos
mudanças sobre quais condutas são consideradas como crime. Alguns crimes são criados e crimes. Configura-se como irretroativa, somente incidirá sobre os fatos cometidos a
outros são extintos, sempre por meio de leis. Porém, durante esse processo de mudança, há partir da sua vigência.
algumas situações em que essas leis penais entram em conflito, gerando diferentes
consequências para cada tipo de cenário. Estudaremos a seguir qual lei e ou princípio
poderá incidir sobre caso concreto. NOVATIO LEGIS IN PEJUS
Corresponde a uma lei nova mais severa do que a anterior, consiste no aumento da
PRINCÍPIOS PASSÍVEIS DE APLICAÇÃO severidade nas penalidades. É irretroativa, visto que, piora a situação do réu.
Irretroatividade: via de regra, estabelece que a lei não retroage, salvo, para beneficiar o
réu. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS
Ocorre quando uma nova lei, mantendo a incriminação do fato, torna menos gravosa a
Retroatividade da lei penal mais benéfica: aplicação da lei penal a fato ocorrido antes
situação do réu.
da sua vigência.

Ultratividade da lei penal mais benéfica: refere-se a aplicação de uma lei revogada a
um determinado caso concreto. Somente poderá ser aplicada, se:
A QUEM COMPETE APLICAR A LEI PENAL MAIS BENÉFICA? 1. Lei Geral da copa do mundo
2. Lei Geral das olímpiadas
1. Inquérito policial: juízo de primeiro grau.
2. Primeira instância: juízo de primeiro grau.
LEI PENAL EXCEPCIONAL
3. Fase recursal: Tribunal competente, ou seja, onde está tramitando o processo.
4. Fase de execução penal: de acordo com a súmula 611 do STF, somente o juiz da São leis editadas para reger fatos ocorridos em períodos anormais, não contém
vara de execução penal é responsável pelo acompanhamento da execução da pena expressa a data para a sua auto revogação, pois irar perdurar até que a situação seja
do então indivíduo condenado. normalizada.

Os efeitos penais permanecem mesmo após a revogação da lei, ou seja, se um indivíduo


LEI PENAL INTERMEDIÁRIA contrariar a referida lei no momento da sua vigência, ainda será passível de
Corresponde a lei que não era vigente ao tempo do fato e nem ao tempo do julgamento, responsabilização penal posteriormente a sua extinção.
porém, vigorou durante o processo criminal, se for mais benéfica ao réu, poderá ser
aplicada, segundo entendimento fixado pelo STF. Veja a ilustração abaixo:
CRIMES PERMANENTES E CONTÍNUADOS

CRIME PERMANENTE
A B C
É aquele que se consuma de forma prolongada, ou seja, não é apenas um resultado
imediato à ação
lei vigente no tempo lei intermediária lei vigente na Exemplo: crime de sequestro, o qual tem inicio com a captura da vítima mas prolonga-
do crime atualidade
se ao decorrer de todo o tempo em que a vítima permanece em cárcere privado.

O aplicador do direito (juiz) poderá aplicar a lei intermediária ao caso concreto


pautado no Princípio da Ultratividade, visto que, a referida lei não mais se encontra CRIME INSTANTÂNEO
no Ordenamento Jurídico, e do Princípio da Retroatividade, alegando maiores É aquele que é executado em um momento específico.
benefícios ao réu. Exemplo: crime de homicídio, onde há a execução do crime imediatamente.

(IM)POSSIBILIDADE DA COMBINAÇÃO DE LEIS CRIME CONTÍNUADO


Corresponde ao crime instantâneo contínuo, isto é, a execução do crime é imediata e
Não será possível a combinação de leis (revogada e em vigência), retirando de ambas
realizada diversas vezes, ou seja, o indivíduo repete a prática do fato muitas vezes com
os melhores benefícios para o réu, visto que, o ato resultaria na criação de uma nova lei
a mesma pessoa ou com diversas, no mesmo local, com o mesmo meio de execução.
e não compete ao Poder Judiciário legislar. Portanto, deverá ser selecionada e aplicada
a lei que mais beneficiar o réu. No tocante ao posicionamento do STF, STJ (através da Exemplo: crime de estupro de vulnerável, onde o agente é o pai e a vítima a filha. O
Súmula 501) e CPM (Código Penal Militar), ambos definem a impossibilidade. agente pratica o ato criminoso contra a vítima todos os dias após a saída da mãe.

CRIMES PERMANENTES E CONTÍNUADOS


LEI PENAL TEMPORÁRIA E EXCEPECIONAL Súmula 711 - STF
Define que, se durante a execução de um crime permanente ou continuado houver
LEI PENAL TEMPORÁRIA
previsibilidade de uma nova lei, ainda que prejudicial ao indivíduo infrator, esta
Configuram-se como leis auto-revogáveis, isto é, em sua própria edição contém a incidirá sobre o mesmo.
duração previamente estabelecida. Portanto, não há necessidade de criação de uma
nova lei para revogá-la ou que haja um Abolitio Criminis.
Ressaltando ainda que, ao fim da sua vigência, a conduta passa a ser atípica, no
entanto, os efeitos penais permanecem, a fim de que haja a eficácia da lei.

No Brasil, somente existiu em dois momentos:


TEMPO DO CRIME

Refere-se ao marco adotado para estabelecer o momento (tempo) do cometimento de


um crime. Existem três teorias que definem qual seria o tempo do crime:

1. ATIVIDADE: para esta teoria, o tempo do crime refere-se ao momento da ação ou


omissão, mesmo que outro seja o do resultado.
2. RESULTADO: corresponde ao momento em que foi produzido o resultado.
3. MISTA: considera-se o crime desde o momento da ação até a produção do
resultado.

O Ordenamento Jurídico brasileiro adota a Teoria da Atividade.

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