Você está na página 1de 7

CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTIFICO

O conhecimento cientifico, se diferencia de outros, porque ele é transmitido


através de estudos e treinamento. Temos como exemplo o camponês que sabe a
época certa do plantio e da colheita, demonstrando assim que tanto o camponês
quanto um homem que estuda sabem bem o tipo certo de plantio quanto o tempo e
colheita.
O conhecimento popular se diferencia do cientifico através dos métodos e dos
instrumentos do conhecer.
Para Bunge a descontinuidade radical existente entre a ciência e o
conhecimento popular em numerosos aspectos, não nos deve fazer ignorar certa
continuidade em outros aspectos, principalmente quando limitamos o conceito de
conhecimento popular. Tanto o bom-senso quanto a ciência almejam ser racionais e
objetivas: aspiram à coerência e procuram adaptar-se aos fatos em vez de
especulações sem objetividade. Entretanto, o ideal de racionalidade, compreendido
como uma sistematização coerente de enunciados fundamentados e passiveis de
verificação, é obtido por intermédio de teorias, que constituem o núcleo da ciência,
do que pelo conhecimento comum que é formulado por partes soltas.
Pode-se dizer que o conhecimento popular é o modo comum, corrente e
espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres
humanos.
Para Ander-Egg o conhecimento popular caracteriza-se por ser: Superficial,
ou seja, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar estando
junto das coisas; Sensitivo, isto é, referente a vivencias, estado de ânimo e
emoções da vida diária do indivíduo. Subjetivo, é o próprio sujeito que organiza
suas experiências e conhecimentos os que adquire por vivencia própria ou por ouvir.
Assistemático, não visa a uma sistematização das idéias, tanto para adquiri-las
como na tentativa de valida-las; Acrítico, verdadeiros ou não, a pretensão de que
esses conhecimentos ou sejam não se manifesta sempre de uma forma critica.
Conhecimento Popular – É valorativo fundamenta-se numa seleção com base
em estados de ânimo e emoções: de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o
objeto conhecido. É reflexivo, estando limitado pela familiaridade com o objeto.
Também é assistemático baseia-se na organização particular das experiências
propias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das idéias. É
verificável, esta limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode
perceber no dia-a-dia. E por fim é falível e inexato, conforma-se com a aparência e
com o que se ouviu a respeito do objeto a formulação de hipóteses sobre a
existência de fenômenos situados além das percepções objetivas.
Conhecimento Filosófico – É valorativo do seu ponto de partida consiste em
hipóteses que não poderão ser submetidas a observação: as hipóteses filosóficas
baseiam-se na experiência e não na experimentação; é um conhecimento não
verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas ao contrário do campo
cientifico, não podem ser confirmadas nem refutadas. É também sistemático, pois
suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade
estudada. É infalível e exato, já que quer na busca da realidade capaz de abranger
todas as outras.
Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão
pura para que questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o
errado.
Conhecimento Religioso ou Teologico – Apóia-se em doutrinas sagradas
(valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional), por tais
motivos são considerados infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento
sistemático do mundo como obra divina; suas evidências não são verificadas: existe
uma atitude de fé mediante um conhecimento revelado.
Conhecimento Cientifico – É real porque lida com ocorrências ou fatos. É
contingente, pois suas proposições ou hipóteses tem a sua veracidade ou falsidade
através da experimentação e não apenas pela razão.
É também sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente,
formando um sistema de ideias. Caracteriza-se pela verificabilidade, a tal ponto que
as afirmações que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da
ciência. É falível, visto que não pode ser definitivo, absoluto ou final e por esse
motivo é aproximadamente exato, já que novas proposições e o desenvolvimento de
técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
A ciência é um conjunto de conhecimento racionais, certos ou prováveis,
obtidos metodologicamente sistematizados e verificáveis que fazem referência a
objetos de uma mesma natureza.
Conhecimento racional, isto é, tem exigências de método e está constituído
por uma serie de elementos básicos, tais como sistema conceitual, hipóteses,
definições.
Certo ou provável, já que não se pode atribuir a ciência a certeza indiscutível
de todo saber que a compõe.
Obtidos metodologicamente, pois não se adquire ao acaso ou na vida
cotidiana, mas mediante regras lógicas e procedimentos técnicos.
Sistematizadores, isto é, não se trata de conhecimentos dispersos e
desconexos, mas de um saber ordenado logicamente, constituindo um sistema de
ideias (teoria).
Verificáveis, pelo fato de que as afirmações que não podem ser comprovadas
ou que não passam pelo exame de experiência não fazem parte do âmbito da
ciência, que necessita, para incorporá-los, de afirmações comprovadas pela
observação.
Relativos a objetos de uma mesma natureza, ou seja, objetos pertencentes a
determinada realidade, que guardam entre si certos caracteres de homogeneidade.
Entende-se, conforme Trujillo, por ciência uma sistematização de
conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o
comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar.
Em conformidade com a visão geral dos conceitos, a ciência apresenta-se
como um pensamento racional, objetivo, lógico e confiável, não final e definitivo;
contribuindo para a compreensão a respeito das preocupações de Ogbum e Nimkoff
e Caplow, ao apontar a sociologia como ciência inserida no universo mais amplo das
Ciências Sociais ou Humanas, aproximando-se das ciências exatas.
Entende-se a ciência sob duas acepções: lato sensu, significando
conhecimento e strictu sensu não se referindo a um conhecimento qualquer, mas
aquele que, além de apreender ou registrar fatos, os demonstra.
Em se tratando de analisar a natureza da ciência explicita-se duas dimensões
inseparáveis: a compreensiva (contextual) e a metodológica (operacional).
A ciência, portanto, constitui-se em um conjunto de proposições e
enunciados.
Pode-se relacionar como componente da ciência: a) Objetivo ou finalidade:
distinguir a característica comum que rege determinado evento; b) Função:
aperfeiçoamento da relação do homem com seu mundo; c) Objeto: subdivide-se em:
material (aquilo que pretende estudar) e formal (enfoque especial).
A existência de uma grande diversidade de ramos de estudo e ciências
especificas fazem emergir a necessidade de uma classificação, quer de acordo com
sua ordem de complexidade, quer de acordo com seu conteúdo: objeto ou temas, de
enunciados e metodologia empregada.
Uma das primeiras classificações foi estabelecida por Augusto Comte,
apresentando as seguintes formas: matemática, astronhomia, física, química,
biologia, sociologia e moral.
Segundo um critério misto, utilizando a complexidade crescente aliado ao
conteúdo: matemática (teóricas e aplicadas), físico-química (física, química,
mineralogia, geologia, geografia física), biológicas (botânica, zoologia, antropologia),
morais (psicológicas, históricas, sociais e políticas) e metafísicas (cosmologia
racional, psicologia racional e teologia racional).
Conforme a classificação de Carnap, o conhecimento pode ser: a) Formais: a
verdade depende do significado de seus termos ou de sua estrutura lógica; b)
Factuais: Além dos enunciados analíticos, contêm os sintéticos, cuja verdade
depende não só do significado de seus termos, mas igualmente dos fatos a que se
referem.
Enquanto isso, a classificação de Bunge aponta: a) Formal (lógica e
matemática); b) Factual (natural e cultural).
Para Wundt, a classificação corresponde a: a) Formais (matemática); b) Reais
(ciências da natureza – fenomemológicas, genéticas e sistemáticas; ciências de
espírito – fenomenologia, genética e sistemáticas).
A diferença fundamental entre as ciências diz respeito as ciências formais,
estudo das ideias e as ciências factuais, estudo dos fatos.
Entre os aspectos relacionados a divisão em ciências formais e factuais,
pode-se inferir: a) objeto ou tema das respectivas disciplinas: as formas preocupam-
se com o enunciado e as factuais tratam de objetos empíricos. b) diferença de
espécie entre enunciados: formais consistem em relações entre símbolos e os
factuais a entes extracientificos. c) método através do qual se comprovam os
enunciados: as formais contentam-se com a lógica e as factuais necessitam de
observação ou experimento. d) grau de suficiência em relação ao conteúdo e
método de prova: as formais são suficientes em relação aos seus conteúdos e
métodos de provas,enquanto que as factuais dependem do fato. e) o papel da
coerência para se alcançar a verdade: além da racionalidade, exige-se que os
enunciados sejam verificáveis pela experiência (direta ou indiretamente). f) resultado
alcançado: as formais demonstram ou provas, as factuais verificam hipóteses
provisórias.
O conhecimento cientifico, no âmbito das ciências factuais, caracteriza-se por
ser: racional, objetivo, factual, transcendente aos fatos, analítico, claro e preciso,
comunicável, verificável, dependente de investigação metódica, sistemática,
acumulativo, falível, explicativo, preditivo, aberto e útil.
Conhecimento racional: constituído por conceitos, juízos e raciocínios e não
por sensações, imagens, modelos de conduta, etc, permitindo que as ideias que o
compõem possam combinar-se segundo um conjunto de regras lógicas, com a
finalidade de produzir novas ideias, contendo assim, ideias que se organizam em
sistemas.
O conhecimento é objetivo, à medida que concorda com seu objeto e verifica
a adequação das ideias aos fatos.
O conhecimento cientifico é factual, pois, ele parte dos fatos e sempre volta a
eles, captando ou recolhendo fatos, da mesma forma como se produzem ou se
apresentam na natureza ou na sociedade, segundo quadros conceituais ou
esquemas de referencias, partindo de fatos, inferindo neles, mas sempre retornando
a eles, e utilizando como matéria-prima da ciência os dados empíricos.
O conhecimento cientifico é transcendente aos fatos: a) quando descarta
fatos, produz novos fatos e os explica; b) quando seleciona os fatos considerados
relevantes, controla-os, sempre que possível, os resproduz; c) quando não se
contenta em descrever as experiências, mas sintetiza-as e compara-as com o que já
se conhece sobre outros fatos; d) quando leva o conhecimento além dos fatos
observados, inferindo o que pode haver por trás deles.
O conhecimento cientifico é analítico: a) ao abordar um fato, processo,
situação ou fenômeno, decompor o todo em suas partes componentes; b) serem
parciais os problemas da ciências, e em conseqüência, também suas soluções; c) o
procedimento cientifico de análise conduzir a síntese.
O conhecimento cientifico é claro e preciso: a) o cientista esforça-se para ser
exato e claro; b) os problemas, na Ciência, devem ser formulados com clareza; c) o
cientista como ponto de partida utiliza noções simples; d) para evitar ambigüidade na
utilização dos conceitos, a ciência os define; e) ao criar uma linguagem artificial,
inventando sinais, a eles atribui significados determinados por intermédio de regras
de designação.
O conhecimento cientifico é comunicável, pois, a) sua linguagem deve poder
informar a todos os seres humanos que tenham sido instruídos para entendê-la; b)
deve ser formulado de tal forma que outros investigadores possam verificar seus
dados e hipóteses; c) deve ser considerado como propriedade de tida a
humanidade.
O conhecimento cientifico é verificável em virtude de a) ser aceito como
válido, quando passa pela prova ou da demonstração; b) o teste das hipóteses
factuais ser empírico; c) uma das regras do método cientifico ser o preceito de que a
hipótese cientificas devem ser aprovadas ou refutadas mediante a prova da
experiência.
O conhecimento cientifico é dependente de investigação metódica, já que o
mesmo é planejado, baseando-se em conhecimento anterior e obedecendo a um
método prestabelecido que determina a aplicação de normas e técnicas.
O conhecimento cientifico é sistemático porque é constituído por um sistema
de ideias, logicamente correlacionadas; o inter-relacionamento das ideias que
compõem o corpo de uma teoria, pode qualificar-se de orgânico, contendo sistema
de referência, teorias e hipóteses, fontes de informações, quadros que explicam as
propriedades relacionadas.
O conhecimento cientifico é acumulativo á medida que seu desenvolvimento é
uma conseqüência de um continuo selecionar de conhecimentos significativos e
operacionais; novos conhecimentos podem substituir os antigos; o aparecimento de
novos conhecimentos pode ter como resultado a criação ou apreensão de novas
situações.
O conhecimento cientifico é falível, pois não é definitivo, absoluto ou final e a
própria racionalidade permite que o progresso cientifico também se efetue por
revoluções.
O conhecimento cientifico é geral em decorrência de situar os fatos singulares
em modelos gerais, procurando a uniformidade e a generalidade, a descoberta de
leis ou princípios gerais permitir a elaboração de modelos ou sistemas mais amplos.
O conhecimento cientifico é explicativo, em virtude de ter como finalidade
explicar os fatos em termos de leis e as leis em termos de princípios; além de inquirir
como são as coisas, intenta responder ao porquê; apresentar as seguintes
características, típicas da explicação: aspecto pragmático, semântico, sintático,
ontológico, epistemológico,genérico e psicológico.
O conhecimento cientifico é preditivo, em virtude de baseando-se na
investigação dos fatos,assim como no acumulo das experiências, fundamentando-se
em leis já estabelecidas e em informações, fidedignas sobre o estado ou o
relacionamento das coisas, seres ou fenômenos, poder, através da indução
probabilística.
O conhecimento cientifico é aberto, pois não conhece barreiras que limitem o
conhecimento; a ciência não é um sistema dogmático e cerrado, mas controvertido e
aberto, dependendo dos instrumentos de investigação disponíveis e dos
conhecimentos acumulados.
O conhecimento cientifico é útil em decorrência de sua objetividade e mater a
ciência uma conexão com a tecnologia.

Você também pode gostar