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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
ANÁLISE INSTRUMENTAL I

SÍNTESE DE UM AZOBENZENO

Discentes:
Docente:

Maringá
2023
INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
A diferenciação entre tintas naturais e tintas artificiais apenas se consolidou no
decorrer do século XIX, mais precisamente por volta de 1856. Foi nesse período que as tintas
começaram a ser produzidas através da combinação de compostos químicos em ambientes de
laboratório, em contraste com o método anterior de obtenção a partir de plantas e substâncias
animais. Essa mudança foi impulsionada pela limitação dessas fontes naturais, que ofereciam
uma gama restrita de cores [1]; [2].
Em relação aos corantes sintéticos, é bem estabelecido que a maioria deles é derivada
de produtos petrolíferos, o que, por sua vez, apresenta preocupações significativas para a
saúde humana. Esses corantes não apenas possuem propriedades tóxicas, mas também
exibem potencial carcinogênico, mutagênico e alergênico. Como resultado, eles têm a
capacidade de causar disfunções em diversos órgãos do corpo humano, incluindo rins,
sistema reprodutor, fígado, cérebro e sistema nervoso central [3].

2.2 Reação de diazotação


As aminas alifáticas primárias reagem com ácido nitroso por meio de uma reação
conhecida como diazotação, resultando na formação de sais alifáticos de diazônio altamente
instáveis. Mesmo em temperaturas baixas, esses sais de diazônio alifáticos decompõem-se
espontaneamente, liberando nitrogênio e gerando carbocátions. Esses carbocátions
subsequente passam por decomposição, originando misturas contendo alquenos, álcoois e
haletos de alquila [4].
A reação de maior relevância entre aminas e ácido nitroso é, sem dúvida, a reação das
arilaminas primárias. Nesse processo, as arilaminas primárias reagem com ácido nitroso,
resultando na formação de sais de arenodiazônio. Ainda que os sais de arenodiazônio
possuam instabilidade, eles são consideravelmente mais estáveis em comparação com os sais
de diazônio alifáticos. Isso é devido à sua menor tendência em decomporem-se a uma taxa
significativa em solução, desde que a temperatura da mistura reacional seja mantida abaixo
de 5°C [4].
A diazotação de uma amina primária ocorre por meio de uma sequência de passos.
Quando há presença de um ácido forte, o ácido nitroso se dissocia para gerar íons +NO. Esses
íons reagem com o nitrogênio da amina, resultando na formação de um íon N-nitrosoaminio
como um intermediário que é instável. Posteriormente, esse intermediário perde um próton,
transformando-se em uma N-nitrosoamina. Essa N-nitrosoamina então sofre tautomerização
para se converter em um diazoidróxido, processo análogo à tautomerização ceto-enólica.
Finalmente, na presença de um ácido, o diazoidróxido libera água, resultando na formação do
íon diazônio, conforme mostra o Anexo 1.

1.3 Reação de acoplamento


Os íons arenodiazônio demonstram ser eletrófilos de baixa intensidade; eles engajam-
se em reações com compostos aromáticos altamente reativos, como fenóis e arilaminas
terciárias, resultando na formação de compostos azo. Esse processo de substituição
eletrofílica em moléculas aromáticas é comumente denominado reação de acoplamento diaza
e segue o padrão da reação geral presente no Anexo 2.
De maneira geral, os compostos azo exibem cores intensas devido à presença de
ligações com o grupo azo (diazenodiila) -N=N-, as quais promovem uma conjugação que
abrange ambos os anéis aromáticos. Isso resulta em um sistema expandido de deslocalização
de elétrons π, permitindo a absorção de luz na faixa visível do espectro. Por conta de sua
vivacidade cromática e de sua síntese a partir de materiais relativamente acessíveis, os
compostos azo são amplamente empregados como corantes [4].
No ano de 1858, Peter Griess elucidou o processo de geração de íons contendo o
grupo diazônio (N2+) que posteriormente se acoplam aos anéis aromáticos para estabelecer
uma ligação dupla entre os átomos de nitrogênio na estrutura orgânica. Esse método,
conhecido como reação diazo ou diazotação, foi crucial para a descoberta de corantes azo
pioneiros por Carl Alexander Martius em 1864. A partir do uso de anilina e outras aminas
aromáticas, Martius conseguiu sintetizar os primeiros corantes azo. A técnica de diazotação
foi amplamente empregada para a criação de diversos corantes azo, o que explica a ampla
gama de corantes desenvolvidos, uma tradição que persiste até os dias de hoje [5].
As duas etapas, reação de diazotação (a) seguida de um acoplamento (b), são
ilustrados pelo anexo 3.

2. OBJETIVO
A prática experimental tem como objetivo a síntese de um azobenzeno por meio da
reação de diazotação seguida da reação de acoplamento.

3 PROPRIEDADES E TOXICIDADE [6]


Sulfanilamida (C6H8N2O2S): Massa molar 172,2 g/mol, densidade 1,08 g/cm 3, temperatura
de fusão 165 °C, solubilidade em água 7,5 g/L em 25 °C. Precaução: Evitar contato com a
pele e com os olhos.

• Nitrito de sódio (NaNO2): Massa molar 68,99 g/mol, densidade 2,17 g/cm3, temperatura
de fusão 271 °C, solúvel em água.
• Ácido nitroso (HNO2): Massa molar 47,013 g/mol, densidade 1 g/cm3, temperatura de
ebulição 158 °C.
• 2-naftol (C10H8O): Massa molar 144,17 g/mol, densidade 1,22 g/cm 3, temperatura de
ebulição 285 °C, temperatura de fusão 123 °C, solubilidade em água 0,74 g/L. Nocivo por
inalação e ingestão. Muito tóxico para os organismos aquáticos.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Parte I - Reação de diazotação
Preparação da solução (A): Em um erlenmeyer de 125 mL, foram adicionados 2,0 mL de
água; 15 gotas de HCl concentrado e 0,35 g de sulfanilamida. A solução foi agitada até a
dissolução e resfriada à 5 °C, por imersão em banho de gelo.
Preparação da solução (B): Em um erlenmeyer de 125 mL, foram adicionados 2,0 mL de
água e 0,13 g de NaNO2, agitou-se.
Obtenção do sal de diazônio: A solução B foi adicionada sobre a solução A, com constante
agitação e mantendo a temperatura em 5 °C.
Parte II - Reação de acoplamento
Preparação da solução (C): Em um béquer de 50 mL, foram dissolvidos 0,27 g de 2-naftol em
2 mL da solução de NaOH 1 mol/L, resfriou-se essa mistura à 5 °C em banho de gelo. O sal
de diazônio foi adicionado sobre a solução C, vagarosamente e sob agitação. Agitou-se por
30 minutos e filtrou-se em buchner com papel filtro previamente pesado, lavando a
precipitado com água gelada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

REFERÊNCIAS
[1] BAFANA, A.; DEVI, S.; CHAKRABARTI, T. Azo dyes: past, present and the future.
Environmental Reviews, Ottawa, v. 19, p. 350-370, 28 set. 2011.
[2] BERMOND, Jhon. Apostila Intuitiva de Pigmentos Naturais. Rio de Janeiro: Arte da
Terra, 2017. 12 p.
[3] KADIRVELU K, KAVIPRIYA M, KARTHIKA C, RADHIKA M, VENNILAMANI N,
PATTABHI S. Utilization of various agricultural wastes for activated carbon preparation and
application for the removal of dyes and metal ions from aqueous solutions. Bioresour
Technol, 2003; 87(1):129–132.
[4] SOLOMONS, T.w Graham. Química Orgânica. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002.
[5] CÂMARA, Arthur Medeiros. Corantes azo: características gerais, aplicações e toxicidade.
2017. 60f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) - Curso de Nutrição,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

ANEXOS

Anexo 1: Reação de diazotação


Anexo 2: Reação geral de acoplamento

1.

2.
Figura 5: Possibilidades de ressonância para o produto orto.
Anexo 3: Reação de diazotação (a) seguida da reação de acoplamento (b).

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