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Conforme as palavras de XXX, os Juizados foram criados com a finalidade de propiciar

um maior acesso à justiça ante a dificuldade econômica e burocráticas que afastavam os


brasileiros de adentrar ao Judiciário.

Isso porque a disparidade de forças existentes nessa espécie de


demanda torna -se particularmente mais enfática quando se permite
que o segurado -autor compareça em Juízo desassistido, sem o auxílio
técnico de um advogado. Nesse sentido, importa destacar que na ação
previdenciária, se, por um lado, o polo passivo é ocupado pelo INSS,
autarquia federal, dotada de infraestrutura própria e autonomia
financeira, representada por procuradores capacitados, selecionados e
contratos por meio de concurso público; por outro, o polo ativo, a seu
turno, é ocupado por um jurisdicionado que, a priori, deve ser
considerado como hipossuficiente

São, grosso modo, as camadas mais sensíveis e excluídas da sociedade


que têm de recorrer à via judicial para alcançarem as benesses da
Previdência Social, uma vez que administrativamente tal possibilidade
já lhes fora negada. Essa presumida situação adversa dos
jurisdicionado fica bem evidenciada justamente por esse fato de que,
para baterem às portas do Poder Judiciá- rio, necessariamente antes já
lhes cerraram as do Poder Executivo, tendo em vista a negativa do
pleito no âmbito interno do Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS, autarquia federal responsável pela implementação e
manutenção dos benefícios previdenciários (SERAU JUNIOR,
2004, p.19)3

Corroborando o acima exposto, ressalta -se o posicionamento de dois


Juízes Federais da 2ª Região, que quando entrevistados pelo Conselho
de Estudos Judiciários (CEJ) acerca da assistência judiciária prestada
no âmbito dos Juizados Especiais Federais, afirmaram: O advogado é
essencial nos processos dos Juizados Especiais Federais. Há uma
diferença básica entre os processos dos Juizados da justiça Estadual e
da Federal. Nos primeiros, a Fazenda Pública está completamente
excluída da competência. Os procuradores das autarquias são
profissionais competentes, com cursos de mestrado, doutorado,
pessoas com conhecimento técnico inegável. Então não é correto
permitir que a parte enfrente esses profissionais desassistidos (...) -
CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL. Centro de Estudos
Judiciários. Secretaria de Pesquisa e Informação Jurídica. Diagnóstico
da estrutura e funcionamento dos Juizados Especiais Federais.
Brasília, DF, 2003. p. 71.

Também nesse sentido, a opinião do então coordenador dos Juizados


Especiais Federais da 4ª Região quando entrevistado, que afirmou: Os
advogados do INSS são bons profissionais e estão ali para atuar pela
autarquia. Os juízes, que precisam ser imparciais, ficam incomodados
com a disparidade de informações. Se sentem mal quando notam que
o jurisdicionado não está sabendo formular adequadamente o pedido.
Acabam solicitando aos advogados que conhecem para atuarem
gratuitamente. Não compete aos servidores da Justiça, nem aos juízes,
fazer o papel de advogados e é constrangedor ver o jurisdicionado se
prejudicando pela falta de assistência judiciária - CONSELHO DA
JUSTIÇA FEDERAL, 2003, p. 72.

Nesse mesmo diapasão, Fernando da Costa Tourinho Neto e Joel Dias


Figueira Júnior trazem interessante comparação acerca da lide que se
instaura entre o segurado e a União: Sem dúvida, podemos comparar a
lide instaurada entre o jurisdicionado leigo desacompanhado de
advogado e a Fazenda Pública, com a mitoló- gica cena do homem
comum tentando combater o Leviatã. O desequilíbrio existente entre
as partes, nesses casos, será absolutamente evidente, afrontando a
regra básica e o princípio constitucional da igualdade entre as partes, a
respeito do qual o juiz tem o dever de assegurar o equilíbrio
processual (art. 125, I, CPC). - TOURINHO NETO, Fernando da
Costa; FIGUEIRA JUNIOR, Joel Dias. Juizados especiais federais
cíveis e criminais: comentários a Lei 10.259/2001. São Paulo: RT,
2002. p. 192

Nesse diapasão, ressalta -se o entendimento da Desembargadora


Federal Selene Maria de Almeida: A previsão constitucional de
assistência judiciária aos necessitados não está sendo observada. A só
gratuidade do processo não resolve o problema de acesso ao processo.
A presença do advogado público ou particular é essencial para a
defesa dos interesses em conflito, porque a assistência judiciária é
instrumento de acesso à ordem jurídica. É quimera cogitar -se da
plenitude da igualdade jurídica, na experiência concreta, sem que as
partes tenham acesso à informação a respeito de seus direitos e
deveres. - ALMEIDA, Selene Maria de. Juizados Especiais Federais: a
justiça dos pobres não pode ser uma pobre justiça. Revista do Tribunal
Regional Federal 1ª Região, Brasília, v. 15, n. 2, fev. 2003. Disponível
em: . Acesso em: 11 ago. 2010

Nesse diapasão, Mamede dispõe que:


[...] a pessoa que desconhece a complexidade do Direito e, ainda assim, põe-se a agir nos
complicados procedimentos judiciários, provavelmente não exercerá cidadania: verá seu direito
perder-se na técnica de seus atos. O próprio aparelho Judiciário de Estado beneficia-se da
presença do advogado. Basta imaginar-se o caos que seriam os trabalhos de qualquer juízo se
neles atuassem pessoas que desconhecem as regras procedimentais, improvisando atos [...] para
desespero do juiz. - MAMED, Gladston apud ANTUNES RIBEIRO, Igor Coelho. Capacidade
postulatória das partes: garantia jurisdicional ou inadequação processual?. Disponível em:
<http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13844>
Acesso em: 09 jun. 2014.

Uma das razões da existência do advogado é a possibilidade de atuar sem qualquer apego
emocional à causa. Inclusive, mesmo o advogado podendo atuar em causa própria, é
aconselhável que o mesmo constitua um representante, pois é muito comum alteração dos
ânimos dos envolvidos no conflito, principalmente em audiências.

Ora, estamos a tratar do usuário dos Juizados, pessoas que o próprio legislador
reconheceu como hipossuficiente ao prever regras diferenciadas para a condução do processo

Diante desse quadro, a definição do uso do Jus Postulandi como uma faculdade concedida
ao autor revela -se uma falácia quando analisadas as condições sociais e econômicas dos
usuários dos Juizados Especiais Federais, em especial nas ações que tenham por objeto a
concessão de benefícios previdenciários, substitutos que são do salário3
Sendo assim, cumpre afirmar que, diante da previsão legal de exercício do Jus Postulandi,
os Juizados Especiais Federais, embora frutos de dita “boa intenção legislativa”, atualmente
constituem -se em instrumentos de perpetuação de práticas que afastam a jurisdição do conceito
de verdadeiro ato de justiça

Por outro lado, a parte que se encontra representada por advogado, ao perceber que a
parte contraria está sem procurador, pode se utilizar de ferramentas para que o ludibrie e
assim obtenha vantagens.

É pela falta dessa técnica que a parte pode ser prejudicada, tendo que muitas vezes
passar pelo constrangimento em ter que desistir do processo pela falta de alguma
informação que o servidor não soube formular corretamente o pedido, podendo até
mesmo ter o seu pedido indeferido pela falta de provas relevantes que não foram
devidamente juntadas no termo de queixa.

Dispensar o advogado significa restringir as possibilidades de argumentos e


compreensão da lide, tornando o processo bem mais complexo para àqueles que não
conhecem as técnicas jurídicas processuais, seja pelo vocabulário jurídico ou pela
prática de atos processuais extremamente complexos. Por não possuir conhecimento
jurídico ao seu favor, o leigo encontra-se desprotegido. O advogado é, sem dúvida
nenhuma, peça fundamental para o equilíbrio entre a justa composição do litígio.

Algumas situações, que demo

A parte que diretamente defende seus direitos não consegue, como quase sempre ocorre,
dominar os aspectos emocionais que podem comprometer o exame sereno da questão.
Há temas jurídicas complexos cuja solução depende de formação jurídica, um vez que
envolvem conceitos técnicos que não são conhecidos pelos leigo, inclusive interpretação
de matéria constitucional, bem como de problemas, quase sempre delicados, de natureza
processual. MUDAR PALAVRAS

É notório, conforme Santos (2009), que os serviços jurídicos de um profissional


altamente treinado têm um alto custo tanto para um cliente particular quanto para o
Estado, e, de acordo com a realidade de mercado, a remuneração não é adequada para os
pobres, os serviços jurídicos tendem a ser pobres também, pois o empenho de um
advogado que se dispõe a servi-los não será tão rigoroso.

Não basta o fácil acesso à justiça, o jurisdicionado precisa ter a certeza de que o sistema
oferecerá a ele as melhores condições para verem efetivados seus direitos. E assim
essencial é a assistência judiciária gratuita, não se resumindo esta em simples isenção de
custas judiciárias, mas também no fornecimento de profissionais qualificados para fazer
valer as normas jurisdicionais. TROCAR PALAVRAS – COLOCAR ANTES DA
PARTE DE INICIAR A DEFENSORIA

o que levou a vários estudos sobre o tema, Cappelletti e Garth afirmam que "existem
limites sérios na tentativa de solução pela assistência judiciária. Antes de mais nada,
para que o sistema seja eficiente, é necessário que haja grande número de advogados,
um número que pode até exceder a oferta, especialmente em países em
desenvolvimento." (CAPPELLETTI; GARTH, 2002, p. 47)

A assistência judiciária deve ser para os hipossuficientes jurídicos, bem como os


hipossuficientes econômicos, ou seja, não basta somente ser pobre, mas ser
juridicamente desinformado já seria candidato a assistência judiciária. MUDAR
PALAVRA E PROCURAR FALA DO MARINONI SOBRE ISSO

o cidadão não possui o conhecimento técnico jurídico necessário para levar adiante o
processo a fim de alcançar o melhor resultado possível, tendo garantido os direitos
constitucionais ao Contraditório e a Ampla Defesa.

Mas a realidade é que, o que verdadeiramente ocorre é uma confusão de conceitos,


ONDEacesso á justiça acaba por se confundir com o acesso ao judiciário, e como
mencionado no referido trabalho, não são a mesma coisa. COLOCAR NA
CONCLUSÃO?

COLOCAR NO CAPÍTULO 1
O DIREITO DE AÇÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
O Princípio do contraditório e da ampla defesa

COLOCAR CAPÍTULO 3
DA INEXISTÊNCIA DE AMPARO ESTATAL – FALAR DAS SOLUÇÕES
PRÁTICAS

Por derradeiro, a assistência jurídica integral é uma manifestação do princípio da ação e


mais ampla que a assistência judiciária, consistindo na consultoria, auxílio extrajudicial
e assistência judiciária.

TÓPICOS SOBRE AUDIÊNCIA, PROVAS E ACORDO

Vencida a batalha inicial de identificar todos os seus direitos elencados em


tantos dispositivos legais e proposta a demanda, o exercício do jus postulandi
proporciona novos obstáculos no decorrer de uma nova fase: a instrução processual.
Na audiência, a parte autora do processo estará de frente com a parte ré, que no
âmbito do Juizado Especial Federal vai ser uma entidade federal, portanto, assistida por
um advogado defendendo os seus interesses

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Paulo Cezar Pinheiro Carneiro também realiza a mesma crítica quanto ao direito
de demandar no Juizado desacompanhado de advogado, afirmando que “a improvisação
é a tônica nesse campo: estagiários e serventuários, em regra não adequadamente
preparados, exercem funções de orientação jurídica, bem como elaboram a petição
inicial, sem qualquer supervisão” CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheir. Acesso à justiça:
Juizados Especiais Cíveis e Ação Civil Pública. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 180.

Não existe isonomia quando uma parte, atuando em sua causa, tem como
adversário o INSS representado por um Advogado Geral da União. Dessa forma o
processo terá o seu equilíbrio ceifado por uma das partes ter mais conhecimento jurídico
em detrimento da outra.

Como preceitua Elias Henrique dos Santos Filho – site


https://eliashenriqueadv.jusbrasil.com.br/artigos/240311715/a-capacidade-postulatoria-
nos-juizados-especiais-civeis
“Imagine tornar-se facultativa a atuação do engenheiro para a
concessão do "habite-se" das moradias de pequeno valor. Como os
honorários do engenheiro são relativamente expressivos, muitos
cidadãos se arriscarão a erigir por si próprios seus lares e, como só
aquele profissional tem capacidade técnica suficiente para calcular
fundações, muitas casas irão ruir. Portanto, não há qualquer relevância
social em se tornar facultativa a atuação deste profissional, pois é
inegável que o cidadão dará mais importância ao dinheiro que à
segurança. A situação não é diferente da indispensabilidade do
advogado.”

Como afirmaram Mauro Cappelletti e Bryan Garth (2002, p.32), revela-se


essencial o auxílio de um defensor para:
decifrar leis cada vez mais complexas e procedimentos misteriosos,
necessários para ajuizar uma causa. Os métodos para proporcionar a
assistência judiciária àqueles que não a podem custear são, por isso
mesmo, vitais.
Inicialmente, cabe destacar as dificuldades enfrentadas pelo jurisdicionado antes
mesmo de propor o litígio, já que as primeiras barreiras comumente a serem enfrentadas
pelo cidadão hipossuficiente decorrem do desconhecimento dos seus próprios direitos,
da inacessibilidade do linguajar jurídico empregado de forma técnica, da intimidação
perante o formalismo do órgão do judiciário e a consequente inexistência de um sistema
de assistência jurídica.
Isso porque, além da barreira socioeconômica perfeitamente pensada pelo
legislador:
[...] outras barreiras existem quanto ao acesso à justiça. Não apenas
econômicas e sociais, mas também culturais. É verdadeiro truísmo
afirmar que este país apresenta diferentes estágios de
desenvolvimento, conforme as suas variadas regiões. O
subdesenvolvimento com as suas seqüelas, como o analfabetismo e
ignorância e outras, campeia com maior ou menor intensidade nos
variados quadrantes do Brasil. Isso implica reconhecer que em certas
regiões o acesso à justiça não chega sequer a ser reclamado por
desconhecimento de direitos individuais e coletivos. (ARMELIN, p.
181, 1989)

Como o trecho acima faz notar, quanto maior o nível de informação de um


sujeito, maior será a possibilidade de conhecer os seus direitos e os respectivos
mecanismos existentes para exercê-los ou judicializá-los. Porém, a carência de
conhecimento dos direitos assegurados pelo ordenamento jurídico impede que o próprio
cidadão ingresse no Judiciário, e obtenha a tutela jurisdicional.
Ao referir-se sobre tal assunto, André Luís Santos Meira (2003, p.4) sustentou
claramente que:
O baixo nível cultural constitui mais um fator de marginalização e de
frustração da efetividade da própria ordem jurídica, na medida em que
se torna patente as desvantagens para os analfabetos ou semi-
analfabetos na competição que se trava no processo, a começar pela
falta de informação verificada na grande maioria da população, em
especial as classes menos aquinhoadas, dificultando sobremaneira, até
mesmo vedando por completo qualquer noção de direitos, bem como
da possibilidade de reclamar uma atuação do Estado para a satisfação
e salvaguarda dos mesmos pelas vias legais.

Ainda nesta mesma linha de considerações, Beatriz Rego Xavier (1992, p. 62)
defende que “partindo do pressuposto de que só há demanda de natureza jurídica se
houver reconhecimento dos direitos garantidos, evidencia-se que o Acesso à Justiça só
se efetiva se houver educação jurídica”.
Com isso, fica fácil entender que embora a criação dos Juizados Especiais
Federais tenha sido um avanço no que tange a aproximação da justiça com a população,
há a necessidade da informação jurídica ser levada às comunidades para a efetividade
do real acesso à justiça, já que para Jorge Miranda (1998, p.229) “a primeira forma de
defesa dos direitos é a que consiste no seu conhecimento. Só quem tem consciência dos
seus direitos tem consciência das vantagens e dos bens que pode usufruir com o
exercício ou com sua efetivação (...)”.
A despeito disso, afirma Inês do Amaral Buschel (2009, p.150-151) que:
Se a ignorância da lei não escusa ninguém, como dispõe o artigo 3º da
Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, é preciso que os
detentores desse conhecimento o compartilhem com os demais
cidadãos que nada sabem a esse respeito.

Dessa forma, se a população não recebe instruções básicas de cidadania que lhe faça
conhecer os seus direitos e a respectiva forma de exercê-los, como exigir que consiga
litigar em pé de igualdade com a Fazenda Pública?

Ao lado da ignorância jurídica, o quadro psicológico do jurisdicionado que


exerce o jus postulandi acaba por agravar a dificuldade de propor a ação. Ora, não se
pode exigir da parte que teve seus direitos lesados e friamente indeferidos, a clareza
necessária para descrever a situação por ela vivida e arrazoar os direitos ameaçados.

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