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3 Capitulo
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Uma das razões da existência do advogado é a possibilidade de atuar sem qualquer apego
emocional à causa. Inclusive, mesmo o advogado podendo atuar em causa própria, é
aconselhável que o mesmo constitua um representante, pois é muito comum alteração dos
ânimos dos envolvidos no conflito, principalmente em audiências.
Ora, estamos a tratar do usuário dos Juizados, pessoas que o próprio legislador
reconheceu como hipossuficiente ao prever regras diferenciadas para a condução do processo
Diante desse quadro, a definição do uso do Jus Postulandi como uma faculdade concedida
ao autor revela -se uma falácia quando analisadas as condições sociais e econômicas dos
usuários dos Juizados Especiais Federais, em especial nas ações que tenham por objeto a
concessão de benefícios previdenciários, substitutos que são do salário3
Sendo assim, cumpre afirmar que, diante da previsão legal de exercício do Jus Postulandi,
os Juizados Especiais Federais, embora frutos de dita “boa intenção legislativa”, atualmente
constituem -se em instrumentos de perpetuação de práticas que afastam a jurisdição do conceito
de verdadeiro ato de justiça
Por outro lado, a parte que se encontra representada por advogado, ao perceber que a
parte contraria está sem procurador, pode se utilizar de ferramentas para que o ludibrie e
assim obtenha vantagens.
É pela falta dessa técnica que a parte pode ser prejudicada, tendo que muitas vezes
passar pelo constrangimento em ter que desistir do processo pela falta de alguma
informação que o servidor não soube formular corretamente o pedido, podendo até
mesmo ter o seu pedido indeferido pela falta de provas relevantes que não foram
devidamente juntadas no termo de queixa.
A parte que diretamente defende seus direitos não consegue, como quase sempre ocorre,
dominar os aspectos emocionais que podem comprometer o exame sereno da questão.
Há temas jurídicas complexos cuja solução depende de formação jurídica, um vez que
envolvem conceitos técnicos que não são conhecidos pelos leigo, inclusive interpretação
de matéria constitucional, bem como de problemas, quase sempre delicados, de natureza
processual. MUDAR PALAVRAS
Não basta o fácil acesso à justiça, o jurisdicionado precisa ter a certeza de que o sistema
oferecerá a ele as melhores condições para verem efetivados seus direitos. E assim
essencial é a assistência judiciária gratuita, não se resumindo esta em simples isenção de
custas judiciárias, mas também no fornecimento de profissionais qualificados para fazer
valer as normas jurisdicionais. TROCAR PALAVRAS – COLOCAR ANTES DA
PARTE DE INICIAR A DEFENSORIA
o que levou a vários estudos sobre o tema, Cappelletti e Garth afirmam que "existem
limites sérios na tentativa de solução pela assistência judiciária. Antes de mais nada,
para que o sistema seja eficiente, é necessário que haja grande número de advogados,
um número que pode até exceder a oferta, especialmente em países em
desenvolvimento." (CAPPELLETTI; GARTH, 2002, p. 47)
o cidadão não possui o conhecimento técnico jurídico necessário para levar adiante o
processo a fim de alcançar o melhor resultado possível, tendo garantido os direitos
constitucionais ao Contraditório e a Ampla Defesa.
COLOCAR NO CAPÍTULO 1
O DIREITO DE AÇÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
O Princípio do contraditório e da ampla defesa
COLOCAR CAPÍTULO 3
DA INEXISTÊNCIA DE AMPARO ESTATAL – FALAR DAS SOLUÇÕES
PRÁTICAS
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Paulo Cezar Pinheiro Carneiro também realiza a mesma crítica quanto ao direito
de demandar no Juizado desacompanhado de advogado, afirmando que “a improvisação
é a tônica nesse campo: estagiários e serventuários, em regra não adequadamente
preparados, exercem funções de orientação jurídica, bem como elaboram a petição
inicial, sem qualquer supervisão” CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheir. Acesso à justiça:
Juizados Especiais Cíveis e Ação Civil Pública. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 180.
Não existe isonomia quando uma parte, atuando em sua causa, tem como
adversário o INSS representado por um Advogado Geral da União. Dessa forma o
processo terá o seu equilíbrio ceifado por uma das partes ter mais conhecimento jurídico
em detrimento da outra.
Ainda nesta mesma linha de considerações, Beatriz Rego Xavier (1992, p. 62)
defende que “partindo do pressuposto de que só há demanda de natureza jurídica se
houver reconhecimento dos direitos garantidos, evidencia-se que o Acesso à Justiça só
se efetiva se houver educação jurídica”.
Com isso, fica fácil entender que embora a criação dos Juizados Especiais
Federais tenha sido um avanço no que tange a aproximação da justiça com a população,
há a necessidade da informação jurídica ser levada às comunidades para a efetividade
do real acesso à justiça, já que para Jorge Miranda (1998, p.229) “a primeira forma de
defesa dos direitos é a que consiste no seu conhecimento. Só quem tem consciência dos
seus direitos tem consciência das vantagens e dos bens que pode usufruir com o
exercício ou com sua efetivação (...)”.
A despeito disso, afirma Inês do Amaral Buschel (2009, p.150-151) que:
Se a ignorância da lei não escusa ninguém, como dispõe o artigo 3º da
Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, é preciso que os
detentores desse conhecimento o compartilhem com os demais
cidadãos que nada sabem a esse respeito.
Dessa forma, se a população não recebe instruções básicas de cidadania que lhe faça
conhecer os seus direitos e a respectiva forma de exercê-los, como exigir que consiga
litigar em pé de igualdade com a Fazenda Pública?