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1 INTRODUÇÃO

Enquanto o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo,


segue sendo o primeiro entre as mulheres, diz o Instituto Nacional do Câncer, o
INCA. E, embora, raro, também afeta a população masculina, sendo 1 a cada 100
casos femininos, dos diagnosticados. É este diagnóstico, obtido através do exame
de imagem, que pode, principalmente, identificar estágios iniciais da doença, se
tornando a melhor forma de prevenção secundária.
Em 1913, foram feitos os primeiros exames, em peças de mastectomia. Mas
só em 1931, as primeiras radiografias de mama em aparelhos comuns de raios-X
foram realizadas, tornando possível o diagnóstico precoce. Mais de trinta anos
depois, em 1966, foi construída a primeira máquina dedicada à mamografia.
Já no final da década de 70, um projeto que reduziria consideravelmente o
tempo de exposição dos pacientes aos raios-X, usados nestes exames, foi
desenvolvido, o que proporcionou, também, mais resolução e precisão nas imagens
finais.
Durante essa evolução dos equipamentos, foi que surgiu, por exemplo, o
mamógrafo de alta resolução na década de 90 e o mamógrafo digital em 2000, o
que é considerado o maior avanço na área da mamografia nos últimos 30 anos.
Outra tecnologia que surge para auxiliar na investigação das mamas, é a
tomossíntese mamária, uma técnica inovadora que, adquire informações mais
detalhadas de possíveis patologias, através de dados tridimensionais, eliminando ou
reduzindo a sobreposição de tecidos, tornando o processo mais detalhado e preciso.
Este avanço tecnológico, permite, também, uma melhoria no que diz respeito
à otimização, um dos princípios da proteção radiológica, no que envolve exames que
utilizam raios ionizantes, o que possibilita a obtenção de melhores imagens, sem
uma exposição desnecessária, tanto do paciente, quanto do profissional, o que
reduz o problema da incidência de tumor na população exposta à radiação.
Para mostrar e analisar esta evolução que se deu com a tecnologia usada no
exame de mamografia, salientando as melhorias e benefícios para o paciente, o
presente trabalho faz uma revisão bibliográfica de artigos e outros textos sobre o
tema.
Sendo, o capítulo um, uma introdução com um apanhado geral sobre o que
será apresentado nesta análise, o capítulo dois, um registro histórico deste avanço
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tecnológico, o capítulo três, um contraste entre as modalidades convencional e
digital, o capítulo quatro, uma exposição sobre a importância que este avanço tem
para a proteção radiológica, e o quinto e último capítulo, as considerações finais que
concluem este escrito.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 HISTÓRICO DE EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA USADA EM MAMOGRAFIA

Em 1895, o físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen descobriu raios


invisíveis, até então desconhecidos. Sem saber o que eram, os nomeou de raios X.
Tais experimentos, deram origem a primeira imagem gerada pelos raios: a
mão de Anna Berta Roentgen, esposa do cientista, que ficou exposta durante cerca
de 15 minutos.
O primeiro equipamento, consistia em um tubo de vidro, no qual um condutor
metálico aquecido emitia elétrons.
Roentgen publicou as descobertas em seu relatório “One a New Kind of
Rays”, publicado em 28 de dezembro de 1895. Os estudos ficaram populares,
principalmente no meio médico. E em fevereiro de 1896, os princípios começaram a
ser usados clinicamente. Na época a proteção contra a radiação era feita por
grossas couraças usadas pelos radiologistas.
Uma das primeiras máquinas, foi a Roentgen X-ray machine, nomeada em
homenagem ao cientista que descobriu a técnica. De grande porte, ele foi, inclusive,
montado em tendas, que atendiam soldados feridos durante a Primeira Guerra
Mundial.
A importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, só foi reconhecida
em meados do século XVIII, quando Henri François Ledran, na França, sugeriu que
aquele tumor era uma doença localizada, automaticamente se espalhando pela
circulação linfática.
Em 1913, foi realizado um estudo com mais de 3 mil peças de mastectomias,
pelo cirurgião alemão Albert Salomon, comparando as imagens obtidas, com os
sinais indicativos de doenças. E em 1920, por meio desta técnica, começaram as
primeiras tentativas de se diagnosticar patologias mamárias.

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Em 1931, quando nem se pensava em equipamentos próprios para as
radiografias de mama, M. Romagnoli, na Itália, fez as primeiras radiografias de
mama em aparelhos comuns.
Então, só em 1966 Charles Gross, em Estrasburgo, construiu a primeira
máquina dedicada à mamografia o senógrafo. E em 1969, “Senographe I”, da
companhia CGR, que incluía características inovadoras como o anodo de
molibdênio, com filtro de molibdênio com a finalidade de solucionar altas doses de
exposição e obter imagens de qualidade, começou a ser comercializada.
Em 1975, a Du Pont, introduziu uma combinação tela-filme fluorescente
especialmente para a mamografia, e, em 1977, surgiu o modelo com tubo de raios X
possuindo dois pontos focais: para a mamografia convencional.
Em 1980, surge a segunda geração de mamógrafos, reduzindo
significativamente o tempo de exposição. Foi então que nessa segunda geração de
mamógrafos, surgiram os equipamentos motorizados específicos para compressão,
reduzindo a espessura da mama possibilitando a observação de mais detalhes na
imagem.
A partir da segunda geração, os esforços para a melhoria da qualidade das
imagens proporcionaram constantes avanços tecnológicos, dando início a aparelhos
cada vez mais precisos, como o mamógrafo de alta resolução na década de 90,
quando a tecnologia usada na radiologia digital passou a ser mais estudada e
desenvolvida como uma alternativa para as limitações da tecnologia analógica até
então usada em mamografia.
Em 1996, elevou-se o número de adesão ao exame, por conta da melhora de
técnica implantada nos equipamentos, como anodos giratórios, controle automático
de exposição e sistema de aquisição de dados digitais, deixando os técnicos mais
capazes para realizar exames de alta qualidade com rapidez.
Em 1998, surge no mercado, o mamógrafo com cassete digital único,
permitindo a troca da imagem por ponto digital em uma máquina especifica, e,
finalmente, no ano 2000, aparece o primeiro sistema de mamografia digital de
campo total.

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2.2 MAMOGRAFIA CONVENCIONAL X MAMOGRAFIA DIGITAL

2.2.1 COMO FUNCIONAM OS EQUIPAMENTOS EM AMBAS AS MODALIDADES

O aparelho de mamografia analógico usa o sistema de écran-filme, ligado a


um equipamento específico para o exame de mamografia, a gravação da imagem na
película é feita por reações de agentes químicos, e, então, é revelada de maneira
semelhante a um negativo de fotografias analógicas
Por esse motivo apresentam algumas limitações como o processamento lento
e grande probabilidade de geração de artefatos, assim como a dificuldade para a
padronização da qualidade da imagem em função de uma gama enorme de
combinações filme, écran e processamento possíveis. Existe ainda a possibilidade
de dano ou extravio do documento diagnóstico.
Na mamografia computadorizada, a imagem é alcançada através de um
aparelho de radiologia convencional e apenas os receptores, chamados cassetes,
possuem tecnologia digital.
É utilizado no cassete uma placa de fósforo que armazena os raios X
residuais, esta placa é denominada imaging plate (IP), que recebe a imagem obtida
pelos raios X e logo em seguida é “escaneado” em um “escâner” apropriado,
gerando uma imagem computadorizada, que pode ser lida em um monitor e
impressa em filme. Tem a capacidade de ser usada em múltiplos equipamentos de
radiologia em uma mesma clínica, tratando-se da sua qualidade ele é dependente
da resolução da imagem. É exigida uma alta resolução para a mamografia. Devido a
seu múltiplo uso e por envolver tecnologia menos complexa, tem custo muito inferior
ao da radiologia digital.
Nas imagens computadorizadas, o brilho e o contraste da imagem podem ser
ajustados, podendo ser arquivadas e submetidas a pós-processamento digital, sem
adicionar qualquer informação além daquelas contidas na imagem originalmente
obtida por mamografia analógica.
Já na mamografia digital, a imagem é obtida através de Raios x que saem de
um aparelho especialmente desenhado para este fim: o detector é individual para o
equipamento e a imagem alcançada é digitalizada e não “escaneada”, como na
radiografia computadorizada, podendo ser visualizada tanto em monitor quanto
impressa em filme.
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2.2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MAMOGRAFIA DIGITAL (DR)

A diferença principal consiste na substituição do uso de filmes, que, para


serem revelados ou processados, exigem atenção à temperatura, tempo e taxa de
reposição dos químicos usados para isso, por um detector digital, que age de
maneira direta no controle dos parâmetros radiográficos, proporcionando rapidez,
simplicidade e qualidade constantes, representando um avanço em relação à
mamografia analógica, além da diminuição de gastos com materiais.
Esta modalidade traz vantagens, como, imagens que podem ser analisadas e
manipuladas na tela do computador; áreas de interesse podem ser vistos com mais
facilidade e atenção, sem a necessidade de mais pontos de vista mamográfico (e
desconforto extra e radiação para o paciente); inúmeras cópias podem ser feitas
com facilidade; imagens podem ser enviadas de locais diferentes, o que pode ser
uma vantagem particular em áreas rurais; pode ser usado com CAD, o computer
aided design, um software que faz uma “segunda leitura” da mamografia e destaca
as áreas a serem observadas.
Ainda assim, ela também tem suas desvantagens, como, o equipamento
especializado possuir um valor muito mais caro do que os outros dois – o preço
equivalente de 3 a 4 vezes a mais que o analógico; além de que os arquivos
grandes podem dificultar o armazenamento do computador.

2.3 PRINCÍPIO DA OTIMIZAÇÃO NA MAMOGRAFIA

O Técnico de Radiologia deve estar ciente de vários parâmetros que


contribuem diretamente para a qualidade da imagem e possibilitam a melhoria da
qualidade de uma imagem para um bom diagnóstico com a mais baixa dose
possível, ou seja, levando em conta o princípio da otimização.
Um exemplo que a evolução da tecnologia e dos equipamentos traz esse
benefício é o encaixe de um filtro de molibdênio na saída do tubo de raios-X, que
permite a eliminação dos fótons de energia reduzida, fazendo com que seja possível
esta redução de radiação, formando uma imagem com maior contraste e menor
absorção radioativa.

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Já em mamas com mais densidade, e mais tecido glandular, o contraste será
menor. Então, para a melhoria deste fator, filtros diferentes podem ser usados, tal
como alvo de molibdénio e filtro de ródio, permitindo maior penetração.
Também usado a favor deste princípio, tem-se a colimação, que utiliza
lâminas de chumbo ajustáveis para delimitar a área de incidência de radiação à
bandeja de suporte da mama.
Além disso, há o dispositivo de compressão, cuja força adequada impede a
superposição de um tecido a outro, o alcance de uma faixa adequada de contraste
da imagem, a redução da perda de definição das estruturas da mama, redução da
dose de radiação e uma melhoria da visibilidade das lesões (RAMOS, 2008).
Outra tecnologia de grande importância para a otimização é o controle
automático de exposição, que controla o tempo de exposição através de sensores,
que entendem a densidade do objeto comprimido, determinando a radiação a ser
usada. Em equipamentos modernos, o AEC, do inglês automatic exposure control,
consiste em microprocessadores que agem durante a exposição.
Para verificar se há otimização, segundo a CNEN, um dos três princípios da
proteção radiológica, existe um controle de qualidade. Este avalia se os
equipamentos usados realizam o exame com alto nível de qualidade, e geram
diagnósticos suficientemente capazes de detectar o câncer de mama usando menor
dose de radiação possível (PERRY et al., 2008).

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3 CONCLUSÃO

O objetivo geral deste trabalho foi apresentar um histórico de evolução da


tecnologia usada na detecção de doenças da mama usando os raios x, com isso foi
mostrado a descoberta desses raios, sua aplicação na medicina, e mais tarde a
invenção de um equipamento especifico para o exames feitos nessa região do
corpo, o mamógrafo. Depois disso, ainda, a modernização deste equipamento, ao
longo das décadas. Para tanto foi realizada uma revisão bibliográfica para que a
partir desta se construísse tal explanação.
Com a pesquisa, fica nítido como a modernização de tais equipamentos -
tanto em questão de materiais usados interna e externamente a esses
equipamentos, como os filtros de radiação e o CAE ou controle automático de
exposição, quanto processos que permeiam o exame, como os receptores para a
obtenção de imagem, e a revelação da mesma, que foi em sua maioria substituída
pela digitalização desta - trouxe mais benefícios do que desvantagens.
Para a população, pode-se frisar a otimização trazida com a modernização de
tais equipamentos, diminuindo os danos que a radiação pode causar ao tecido do
paciente, e, também, o tempo de realização do exame, o que diminuí ou limita o
desconforto que pode ser causado, tornando, cada vez mais, o pré-diagnóstico, um
método a que se adira com mais facilidade. Para os profissionais, o uso do
equipamento se torna mais fácil, a repetição de exame em um mesmo paciente se
faz menos necessária, ou descartável, e ele mesmo otimiza seu tempo, por não
precisar ficar refém de processos demorados como a, já mencionada, revelação.
A desvantagem mesmo, fica por conta do custo, pois aparelhos cada vez mais
modernos, e que usam matérias menos nocivas, acabam sendo mais caros, o que
se pensar a longo prazo, acaba nem sendo uma desvantagm, já que uma economia
com filmes e químicos, por exemplo, será feita. De qualquer forma, ainda não é algo
que torne a evolução da mamografia, observada desde 1931, quando as primeiras
radiografias de mama foram feitas em aparelhos comuns de radiografia, na Itália,
algo mais desvantajoso que o contrário. Ou seja, as respostas aos benefícios que a
evolução da tecnologia em equipamentos para mamografia traz são positivas.

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