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INSTITUTO DE FISIOTERAPIA INTENSIVA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA INTENSIVA

KAMYLLA DE AZEVEDO BRITO

CONTROLE DA DOR EM NEONATOS PRÉ-TERMOS COM


MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS – CONTENÇÃO
FACILITADA E ENROLAMENTO.

RIO DE JANEIRO
2020
KAMYLLA DE AZEVEDO BRITO

CONTROLE DA DOR EM NEONATOS PRÉ-TERMOS COM


MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS – CONTENÇÃO
FACILITADA E ENROLAMENTO.

Artigo científico apresentado ao Curso de


Pós-Graduação em Especialização em
Fisioterapia Intensiva, como requisito
parcial para obtenção do grau de
especialista.
Orientador: Michele Ferreira

RIO DE JANEIRO
2020
INSTITUTO DE FISIOTERAPIA INTENSIVA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA INTENSIVA

A COMISSÃO EXAMINADORA, ABAIXO ASSINADA, APROVA O ARTIGO


CIENTÍFICO

CONTROLE DA DOR EM NEONATOS PRÉ-TERMOS COM


MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS – CONTENÇÃO
FACILITADA E ENROLAMENTO.

ELABORADO POR
KAMYLLA DE AZEVEDO BRITO

COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM


FISIOTERAPIA INTENSIVA

APROVADO EM ___ / ___ / _____

BANCA EXAMINADORA
NOME COMPLETO UNIVERSIDADE NOTA

1-

2-

3-

RIO DE JANEIRO
2023
1- INTRODUÇÃO

2- REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1- Dor em Neonatos:

A dor é uma sensação que se caracteriza pela sua complexidade,


imaterialidade e multidimensionalidade. Podendo se manifestar por sinais
corporais e fisiológicos de cada indivíduo. Sendo uma sensação subjetiva,
dificultando a avaliação na população neonatal. O conceito de dor mais
utilizado é o da International Association forthe Study of Pain (IASP):
“experiência sensorial e emocional desagradável, associada a um dano tissular
real ou potencial ou descrita em termos de tal dano”. (1)

Na década de 80, acreditavam que a percepção de dor na criança era


incompleta e subdesenvolvida, pela imaturidade e incapacidade dos neonatos
e lactentes em verbalizar a dor. Hoje sabe-se que a dor nos neonatos e
lactentes está presente pois a terminação nervosa cutânea é idêntica à de
pacientes adultos, tendo suas respostas despolarizantes de mecanoceptores e
receptores de pressão a estímulos mecânicos, físicos, químicos e mediadores
inflamatórios presentes. Estudos comprovam que desde a partir 16ª semana de
gestação os receptores periféricos podem transmitir sensação de dor até o
córtex, e após a 26ª semana de gestação o sistema de desenvolvimento desse
mecanismo é completado. (1) (2)

A dor é uma sensação que não tem que ser vivenciada para ser sentida
posteriormente, pois ela é um mecanismo primário como o tato, por exemplo,
portanto os neonatos possuem sua sensibilidade aumentada ao estimulo
doloroso, podendo estar mais exacerbado nessa população pois os
mecanismos de controle inibitório são imaturos, tendo uma limitação na
capacidade de modular essa sensação, que permite que os estímulos
dolorosos cheguem em estruturas centrais com mais intensidade. (1)

2.2- Métodos farmacológicos no controle da dor na neonatologia:


Nas UTIN (unidade de terapia intensiva neonatal) os RN’s (recém-nascidos)
são expostos a estresse crônicos pois são submetidos a vários procedimentos
dolorosos por toda equipe multidisciplinar que visam ou diagnóstico e/ou
tratamento. Portanto o uso de métodos farmacológicos visa agir nesse estresse
crônico ou prevenir, reduzir ou eliminar a dor neonatal mediante prescrição
médica. (3)

Os agentes farmacológicos mais utilizados na terapia intensiva neonatal são os


analgésicos que são classificados por não-opióides, opióides e anestésicos
tópicos locais. Os analgésicos não-opióides são antiflamatórios não hormonais
utilizados para dores leves e moderadas e/ou quando a dor é associada a
processos inflamatórios. (4)

Desse grupo recomendado para uso seguro neonatal:

• PARECETAMOL: O início da ação analgésica é lento, cerca de 1 hora. (3) (4)


(5)

Além dos analgésicos citados acima tem os da classe opióides que se


caracterizam por ser mais importante no tratamento de dores de RN’s
criticamente doentes, com dores fortes. (4) (5)
Para utilização na população neonatal desse grupo destaca-se:

• MORFINA: que é potente analgésico e um bom sedativo. Os efeitos colaterais


da morfina destacam-se a liberação histamínica, que leva ao broncoespasmo,
e à supressão do tônus adrenérgico. São observados ainda depressão
respiratória, náuseas, vômitos, e retenção urinária, comuns a todos os opiódes.
(3) (4)

Estudos descrevem que pela imaturidade e da sensibilidade dos receptores de


opióides no período neonatal, os RN’s são mais suscetíveis a depressão do
sistema respiratório, causada pela morfina mais do que nos adultos. Pois os
RN’s possuem os reflexos de proteção respiratórios mais deficitário, o que
eleva o risco de depressão respiratória nessa população, além disso pode
acorrer uma tolerância e síndrome da abstinência ao medicamento. (3)
• FENTANIL: A técnica de administração mais empregada é a infusão continua
devido à estabilidade dos níveis séricos terapêuticos da droga. Pode acontecer
de maneira rápida o aparecimento de tolerância a esse agente. Essa droga
desencadeia poucos efeitos colaterais no sistema cardiovascular. Já a
administração de maneira rápida pode levar à rigidez muscular, principalmente
em região da caixa torácica. E o naloxane que é um efetivo antagonista do
fentanil e da morfina. (3) (5)

Já os agentes Meperidina, Tramal, Metadona, não são da classe de opióides


de primeira escolha no período neonatal; sendo que a metadona tem como
principal indicação o tratamento da síndrome de abstinência aos opióides. (5)

Além dos analgésicos não-opióides e opióides temos os anestésicos tópicos


locais para uso em período neonatal que são:

• EMLA: Que se caracteriza por ser a mistura eutética de prilocaína e lidocaína


que pode produzir anestesia em pele intacta desde que a área de pele não
exceda 100 cm2. É um grande agente na redução da dor da circuncisão, porém
não demostra efeitos no alivio da dor da punção capilar. Porém não é uma
droga corriqueira nas unidades de terapia intensiva neonatal porque é preciso
esperar 60-90 minutos para obter o efeito anestésico. E tendo como efeito
adverso à vasoconstrição, dificultando a punção venosa e a coleta de sangue e
não deve ser utilizado repetidamente pelo risco de metahemoglobinemia. (5)

• LIDOCAÍNA: É recomendado em neonatos submetidos à punção liquórica,


inserção de cateteres, drenagem torácica e, eventualmente, punção arterial. (3)
(5)

2.3- Sedação no recém-nascido

A Sedação é produzida com drogas que agem diminuindo a atividade,


ansiedade, e agitação do paciente podendo levar a diminuição de eventos
dolorosos e não-dolorosos. A sedação em recém-nascidos tem principalmente
indicação em procedimentos que necessitam de algum grau de imobilidade ou
hipoatividade, como na tomografia computadorizada e na ressonância
magnética; suporte ventilatório agressivo em RN’s agitados cursando de
hipoxemia persistente ou em pós-operatório de grandes cirurgias da parede
abdominal. (5)

2.4- Métodos não-farmacológicos no controle da dor na neonatologia:

As intervenções farmacológicas objetiva de aliviar a dor através de analgésicos


opióides, não opióides, anestésicos locais e sedativos. Já as intervenções não-
farmacológicas objetiva diminuir os estímulos agressivos do ambiente nas
UTIN’s, reduzir o estresse crônico, prevenir e minimizar alterações fisiológicas
e comportamentais. (6) (3)

Dentre os métodos não-farmacológicos mais utilizados no controle da dor em


neonatos pré-termos encontramos a sucção não-nutritiva; o uso de
glicose/sacorose via oral; amamentação; contato pele a pele e a contenção
facilitada e o enrolamento. (7)

2.4.1- Contenção facilitada

A contenção facilitada é uma contenção dos membros junto ao tronco, com


flexão de membros inferiores junto com alinhamento em linha média dos
membros superiores flexionados, colaborando para uma promoção de
estabilidade comportamental e fisiológica. Quando os RN’s são envoltos em
mantas ou ninho, e contidos nessa posição durante procedimentos dolorosos,
evidencia que os RNPT choram por menos tempo, normaliza o ciclo de sono -
vigília e apresentam menos alterações no sistema cardiovascular, como
alteração de frequência cardíaca. Além disso favorece o padrão flexor, pois os
RNPT normalmente apresentam suas extremidades posicionadas em padrão
de extensão e abdução, que um resultado da imaturidade neuromotora e o
déficit de flexão fisiológica causada pela prematuridade. (7) (8)

O sistema nervoso central recebe um fluxo continuo de estímulos após uma


contenção firme com a possibilidade de realizar ainda alguns movimentos.
Esses estímulos vão competir de maneira direta com os estímulos dolorosos,
reajustando assim a percepção e intensidade desses estímulos dolorosos,
facilitando então sua autorregulação nesses procedimentos dolorosos de
menor intensidade. (7)

Além disso a contenção pode ser um meio de criar ou estreitar os vínculos


familiares quando realizada pelos pais, o que vai auxiliar nessa interação do
RN com a família pois vai inclui essa família nas rotinas de cuidados, como
preconiza o cuidado centrado nas famílias. (9)

A contenção facilitada e o posicionamento no leito tende a ajudá-lo a se


organizar, devendo ser mantida por no mínimo 10 minutos após o
procedimento doloroso ou até que o RNPT fique estável, recuperando os
parâmetros fisiológicos e o estado comportamental normal. (10)

2.4.2- Enrolamento

O enrolamento é um método que promove analgesia e minimiza o estresse


através de uma estimulação de maneira gentil e constante aos receptores
proprioceptivos, táteis e térmicos. Podendo ser realizado em qualquer RNPT
desde que esteja adequadamente monitorizado e estável hemodinamicamente.
É mais efetivo se for realizado e mantido por um longo período ou antes de um
procedimento doloroso, além de ser de baixo custo e baixo risco. (7) (10)

3- METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliográfico sobre as técnicas de contenção facilitada e


enrolamento no controle da dor em neonatos pré-termos, de caráter descritivo,
contendo análise de dados e teoria das abordagens.

Sendo utilizado também um questionário de escolha formulada através de


pesquisas de artigos sobre a doença para a equipe multidisciplinar, contendo
as seguintes perguntas: Quais Métodos Não Farmacológicos para o Alívio da
Dor nos neonatos pré-termos que você conhece? Utiliza o enrolamento ou
contenção facilitada para controle da dor nos neonatos? Na sua opinião, os
Métodos Não Farmacológicos para o Alívio da Dor são uma opção eficaz?
Quais costuma utilizar e porquê? Para controle da dor na sua rotina de trabalho
utiliza mais métodos farmacológicos ou não-farmacológicos? Esta é uma
prática frequente no seu dia a dia de trabalho?
Usando busca de palavras-chaves: “métodos não-farmacológicos”, “dor em
neonatos”, “contenção facilitada”, “enrolamento”, “humanização na UTIN”.
Critérios de inclusão dos artigos foram utilizados apenas artigos que se tratava
de forma direta ou indiretamente do tema do trabalho ou com o objetivo do
mesmo e os critérios de exclusão dos artigos dos temas que não eram
relacionados ao trabalho.

4- RESULTADO

5- REFERÊNCIAS

1- DO PRADO FALCÃO, Anne Caruline Mendes et al. Abordagem


terapêutica da dor em neonatos sob cuidados intensivos: uma breve
revisão. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, 2012.
2- ARAUJO, Gabriella Carvalho et al. Dor em recém-nascidos:
identificação, avaliação e intervenções. Revista Baiana de
Enfermagem, v. 29, n. 3, p. 261-270, 2015.
3- MEDEIROS, Marlene das Dores; MADEIRA, Lélia Maria. Prevenção e
tratamento da dor do recém-nascido em terapia intensiva
neonatal. Revista Mineira de Enfermagem, v. 10, n. 2, p. 118-124,
2006.
4- COSTA, Priscila et al. Analgesia e sedação durante a instalação do
cateter central de inserção periférica em neonatos. Revista da
Escola de Enfermagem da USP, v. 47, n. 4, p. 801-807, 2013.
5- SILVA, Yerkes Pereira et al. Sedación y analgesia en
neonatología. Revista brasileira de anestesiologia, v. 57, n. 5, p.
575-587, 2007.
6- PRESBYTERO, Raphaela; DA COSTA, Mércia Lisieux Vaz; SANTOS,
Regina Célia Sales. Os enfermeiros da unidade neonatal frente ao
recém-nascido com dor. Revista da rede de enfermagem do
Nordeste, v. 11, n. 1, p. 125-132, 2010.
7- MOTTA, Giordana de Cássia Pinheiro da; CUNHA, Maria Luzia
Chollopetz da. Prevenção e manejo não farmacológico da dor no
recém-nascido. Revista brasileira de enfermagem. Vol. 68, n. 1
(jan./fev. 2015), p. 131-5, 2015.
8- DA MOTA, Luciana Andrade; DE SÁ, Fabiane Elpídio; FROTA, Mirna
Albuquerque. Estudo comparativo do desenvolvimento sensório-motor
de recém-nascidos prematuros da unidade de terapia intensiva
neonatal e do método canguru. Revista Brasileira em Promoção da
Saúde, v. 18, n. 4, p. 191-198, 2005.
9- CORRÊA, A. R. et al. As práticas do Cuidado Centrado na Família na
perspectiva do enfermeiro da Unidade Neonatal. Esc Anna Nery
[Internet], 2015.
10- QUERIDO, Danielle Lemos et al. Flujograma asistencial para manejo
del dolor en Unidad de Terapia Intensiva Neonatal. Revista Brasileira
de Enfermagem, v. 71, p. 1281-1289, 2018.

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