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INSTITUTO DE FISIOTERAPIA INTENSIVA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA INTENSIVA

KAMYLLA DE AZEVEDO BRITO

CONTROLE DA DOR EM NEONATOS PRÉ-TERMOS COM


MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS – CONTENÇÃO FACILITADA E
ENROLAMENTO.

RIO DE JANEIRO
2023
INSTITUTO DE FISIOTERAPIA INTENSIVA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA INTENSIVA

KAMYLLA DE AZEVEDO BRITO

CONTROLE DA DOR EM NEONATOS PRÉ-TERMOS COM


MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS – CONTENÇÃO FACILITADA E
ENROLAMENTO.

Artigo científico apresentado ao Curso de Pós-


Graduação em Especialização em Fisioterapia
Intensiva, como requisito parcial para obtenção
do grau de especialista.
Orientadora: Michele Ferreira

RIO DE JANEIRO
2023
INTITUTO DE FISIOTERAPIA INTENSIVA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA INTENSIVA

A COMISSÃO EXAMINADORA, ABAIXO ASSINADA, APROVA O ARTIGO CIENTÍFICO

CONTROLE DA DOR EM NEONATOS PRÉ-TERMOS COM


MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS – CONTENÇÃO FACILITADA E
ENROLAMENTO.

ELABORADO POR
KAMYLLA DE AZEVEDO BRITO

COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM


FISIOTERAPIA INTENSIVA

APROVADO EM: __ / ___ / _____

BANCA EXAMINADORA
NOME COMPLETO UNIVERSIDADE NOTA

1-

2-

3-

RIO DE JANEIRO
2023
CONTROLE DA DOR EM NEONATOS PRÉ-TERMOS COM
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS – CONTENÇÃO FACILITADA E
ENROLAMENTO.
Autor1, Kamylla de Azevedo Brito
1
Acadêmica: Kamylla de Azevedo Brito
2
Orientadora: Michele Ferreira

Curso de Especialização Especialização em Fisioterapia Intensiva.

Resumo:
Introdução: A dor é uma sensação que se caracteriza pela sua complexidade,
imaterialidade e multidimensionalidade, podendo se manifestar por sinais corporais e
fisiológicos de cada indivíduo. Os mais variados métodos não farmacológicos se
mostram eficazes no manejo da dor no neonato, e também apresentam pouco risco,
além de baixo custo, se comparado com intervenções mais invasivas, que devem
ser evitadas. Metodologia: Trata-se de um estudo bibliográfico sobre as técnicas de
contenção facilitada e enrolamento no controle da dor em neonatos pré-termos, de
caráter descritivo, contendo análise de dados e teoria das abordagens. Para a
composição deste artigo foram utilizados ao total 17 artigos científicos originais.
Resultados: Os estudos demonstram efetividade comprovada dos métodos não
farmacológicos de contenção facilitada e enrolamento nos neonatos pré-termos,
quando utilizados antes, durante e após intervenções dolorosas, contribuindo na
diminuição do choro, e trazendo o neonato de volta ao estado de repouso com mais
rapidez. Conclusão: Pesquisas futuras têm a oportunidade de aprimorar ainda mais
esses métodos e expandir seu uso em unidades de terapia intensiva neonatal,
contribuindo assim para a qualidade de vida desses pacientes e suas famílias. O
cuidado centrado na família e a colaboração entre os profissionais de saúde
desempenham um papel fundamental no sucesso do controle da dor em neonatos
pré-termos e na promoção de um ambiente de cuidado humanizado e compassivo.

Palavras-chave: Métodos não-farmacológicos, dor em neonatos, contenção


facilitada, enrolamento, humanização na UTIN.
Abstract:
Introduction: Pain is a sensation characterized by its complexity, immateriality and
multidimensionality, and can be manifested by bodily and physiological signs of each
individual. The most varied non-pharmacological methods have proved effective in
managing pain in neonates, and also present little risk and low cost compared to
more invasive interventions, which should be avoided. Methodology: This is a
descriptive bibliographic study on the techniques of facilitated restraint and wrapping
for pain control in preterm neonates, containing data analysis and theoretical
approaches. A total of 17 original scientific articles were used to compose this article.
Results: The studies show proven effectiveness of the non-pharmacological methods
of facilitated tucking and swaddling in preterm neonates, when used before, during
and after painful interventions, contributing to a reduction in crying, and bringing the
neonate back to a state of rest more rapidly. Conclusion: Future research has the
opportunity to further improve these methods and expand their use in neonatal
intensive care units, thus contributing to the quality of life of these patients and their
families. Family-centered care and collaboration between health professionals play a
key role in the success of pain management in preterm neonates and in promoting a
humane and compassionate care environment.

Keywords: Non-pharmacological methods, pain in neonates, facilitated tucking,


swaddling, humanization in the NICU.
INTRODUÇÃO

A dor é uma sensação que se caracteriza pela sua complexidade,


imaterialidade e multidimensionalidade, podendo se manifestar por sinais corporais e
fisiológicos de cada indivíduo. (1) A percepção da dor não está relacionada a uma
experiência anterior, por se tratar de uma sensação primária própria, assim como o
tato, por exemplo. A dor neonatal foi por muito tempo negligenciada pois acreditava-
se que a percepção de dor na criança era incompleta e subdesenvolvida, pela
imaturidade e incapacidade dos neonatos e lactentes em verbalizar a dor. (2,4)

Hoje sabe-se que a dor nos neonatos e lactentes está presente pois a
terminação nervosa cutânea é idêntica à de pacientes adultos, e se caracteriza por
outras alterações fisiológicas, relacionadas com a monitorização da frequência
cardíaca e respiratória, tensão arterial, saturação de oxigênio, tônus vagal, sudação
palmar e alterações hormonais. (2,3) Além disso, os neonatos apresentam também
problemas psiquiátricos, como esquizofrenia, ansiedade e depressão. Fatores esses
que aumentam a taxa de morbidade e mortalidade do neonato enfermo. (4)

O jeito mais efetivo de reduzir a sensação de dor no neonato é diminuir os


procedimentos nele realizados, reduzindo assim a interrupção do repouso. (5) É de
extrema importância enfatizar medidas ambientais e comportamentais que
obtenham a finalidade de diminuir o estresse do neonato pré-termo e a dor por ele
sentida. (6) Essas medidas podem ser farmacológicas ou não farmacológicas, de
acordo com a necessidade da intervenção. As mais variadas intervenções não
farmacológicas se mostram eficazes no manejo da dor no neonato, e também
apresentam pouco risco, além de baixo custo, se comparado com intervenções mais
invasivas, que devem ser evitadas. (5,6)

Dentre os métodos não-farmacológicos mais utilizados no controle da dor em


neonatos pré-termos encontramos a sucção não-nutritiva; o uso de glicose/sacarose
via oral; amamentação; contato pele a pele e a contenção facilitada e o enrolamento.
Sendo especialmente relevantes esses dois últimos, merecendo abordagem de
forma mais detalhada, pois são métodos que visam atenuar as respostas aos
procedimentos dolorosos e facilitando o repouso do neonato pré-termo após o
estresse. (5)
REFERENCIAL TÉORICO

O conceito de dor mais utilizado é o da International Association forthe Study


of Pain (IASP): “experiência sensorial e emocional desagradável, associada a um
dano tissular real ou potencial ou descrita em termos de tal dano”. (1)

A dor no neonato foi negligenciada por muitos anos, principalmente partindo


do princípio de que o neonato, principalmente pré-termo, não possuía o sistema
nervoso completamente desenvolvido, hoje estudos comprovam que desde a partir
16ª semana de gestação os receptores periféricos podem transmitir sensação de dor
até o córtex, e após a 26ª semana de gestação o sistema de desenvolvimento desse
mecanismo é completado. A dor no neonato pré-termo, na verdade, pode ser vista
como uma experiência mais exacerbada do que em adultos e crianças, uma vez que
seu mecanismo do controle inibitório é ainda prematuro. (1,3,5)

Nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é onde o neonato tem de


conviver com as diversas terapias agressivas e invasivas, ou seja, onde ele passa
pelos procedimentos mais dolorosos. (2) É imprescindível que o tratamento da dor
deve ser um dos maiores destaques dentro da UTIN, sendo prioritário durante todo o
período de internação do neonato pré-termo. De acordo com a necessidade do
neonato, abordagens farmacológicas ou não farmacológicas podem ser utilizadas. É
importante que, uma vez utilizada a abordagem, a dor seja reavaliada de 30 minutos
a 1 hora após o procedimento, para que se ateste a sua eficácia. (5)

As abordagens farmacológicas são bastante eficientes no controle da dor no


neonato pré-termo, porém, principalmente no campo da fisioterapia, as abordagens
não farmacológicas são capazes de demonstrar resultados ao ponto de reabilitar o
neonato, onde esses recursos manuais e físicos conseguem minimizar a sensação
dolorosa. (6) Dentre as práticas não farmacológicas, vale ressaltar a contenção
facilitada e o enrolamento, que podem ser utilizados tanto entre os procedimentos
dolorosos quanto durante, proporcionando uma competição com os estímulos
dolorosos, o que permite a autorregulação do neonato. (7)
A contenção facilitada é uma contenção dos membros junto ao tronco, com
flexão de membros inferiores junto com alinhamento em linha média dos membros
superiores flexionados, colaborando para uma promoção de estabilidade
comportamental e fisiológica. Quando os RN’s são envoltos em mantas ou ninho, e
contidos nessa posição durante procedimentos dolorosos, evidencia que os RNPT
choram por menos tempo, normaliza o ciclo de sono -vigília e apresentam menos
alterações no sistema cardiovascular, como alteração de frequência cardíaca. Além
disso favorece o padrão flexor, pois os RNPT normalmente apresentam suas
extremidades posicionadas em padrão de extensão e abdução, que um resultado da
imaturidade neuro motora e o déficit de flexão fisiológica causada pela
prematuridade. (5,9)

O enrolamento é um método que promove analgesia e minimiza o estresse


através de uma estimulação de maneira gentil e constante aos receptores
proprioceptivos, táteis e térmicos. Podendo ser realizado em qualquer RNPT desde
que esteja adequadamente monitorizado e estável hemodinamicamente. É mais
efetivo se for realizado e mantido por um longo período ou antes de um
procedimento doloroso, além de ser de baixo custo e baixo risco. É uma técnica que
utiliza cobertores ou faixas para criar uma sensação de contenção e segurança ao
redor do bebê. Isso pode reduzir o desconforto e o choro durante procedimentos
dolorosos. (5,7,11)
METODOLOGIA

O referido artigo trata-se de um estudo bibliográfico sobre as técnicas de


contenção facilitada e enrolamento no controle da dor em neonatos pré-termos, de
caráter descritivo, contendo análise de dados e teoria das abordagens. Foram
examinados minuciosamente os artigos referenciados e outros estudos relevantes
para avaliar o quão eficazes são a contenção facilitada e o enrolamento como
métodos não farmacológicos de controle da dor em recém-nascidos prematuros.

Foram incluídos artigos científicos publicados em língua portuguesa, língua


espanhola e língua inglesa, além de serem artigos contendo as palavras seguintes
palavras chaves: métodos não-farmacológicos, dor em neonatos, contenção
facilitada, enrolamento, humanização na UTIN. Foram excluídos livros, artigos sem
conteúdo na íntegra e artigos duplicados na base de dados.
RESULTADOS

Foram selecionados na literatura 15 artigos utilizando os descritores Pubmed,


BVS, Scielo, Scholar Google, Biblioteca Virtual em Saúde, ATS Journal e American
Journal Of Critical Care. Dentre os 17 artigos selecionados, para a construção da
discussão foram excluídos 7 artigos, deixando um total de 10 artigos relacionados na
tabela abaixo.

Título Autor Ano Objetivo Resultado Conclusão

1 Abordagem Falcão 2012 Analisar a A escala de avaliação Ainda há pouca intervenção,


terapêutica da ACMP, produção mais utilizada para na prática, para
dor em neonatos Souza ALS, científica diagnóstico da dor tratar a dor vivenciada por
sob cuidados Stival MM, brasileira sobre neonatal foi a NIPS. neonatos durante
intensivos: uma Lima LR avaliação e Dentre as principais procedimentos dolorosos no
breve revisão abordagem medidas para alívio da ambiente da UTIN. O
terapêutica da dor, encontra-se a estabelecimento de métodos
dor em neonatos administração de para avaliação e o
sob cuidados analgésicos e o uso tratamento da dor associado
intensivos. combinado de sucção à sistematização da
não nutritiva e glicose assistência de
oral. enfermagem podem
contribuir positivamente para
uma assistência mais
humanizada.
2 Dor neonatal: a Alves FB, 2013 Discutir a A utilização de escalas necessidade de uma maior
percepção da Fialho FA, percepção da de dor discussão, capacitação,
equipe de Dias, IMAV, equipe de não é uma realidade, e treinamento para que estes
enfermagem na Amorim TM, enfermagem em que os profissionais profissionais possam
unidade de Salvador M. relação à dor do apesar de considerar a dor neonatal
terapia intensiva neonato identificarem a dor do como quinto sinal vital,
neonatal identificando as recém-nascido, tornando sua avaliação e
atitudes desses reconhecendo-a, na manejo sistematizado e seu
profissionais maior parte, de forma tratamento realizado
frente ao empírica, vinculam o mediante protocolos
recém-nascido tratamento da dor como previamente
com dor na uma ação dependente da estabelecidos, diminuindo o
Unidade de prescrição médica. empirismo e o
Terapia Intensiva subtratamento.
Neonatal (UTIN).

8 Prevenção e Motta GCP, 2014 Apresentar os Uma variedade de A utilização de métodos não
manejo não Cunha MLC. principais intervenções não farmacológicos de alívio da
farmacológico métodos não farmacológicas se mostra dor é essencial para
da dor no recém- farmacológicos de efetiva, apresentando garantir um cuidado
nascido alívio da dor no baixo risco para os qualificado e humanizado ao
recém-nascido neonatos e baixo custo recém-nascido, além de
disponíveis para operacional, sendo as evitar possíveis danos
utilização mais discutidas na devido à exposição
na Unidade de literatura: uso de prolongada à dor.
Tratamento glicose/sacarose via oral,
Intensivo sucção não nutritiva,
Neonatal. amamentação, contato
pele a pele, contenção
facilitada e enrolamento.

11 Fluxograma Querido DL, 2017 Descrever e A partir desta O fluxograma assistencial do


assistencial para Christoffel discutir o metodologia ocorreu uma manejo da dor, construído a
manejo da dor MM, Almeida processo de capacitação em serviço e partir de evidências
em Unidade de VS, Esteves desenvolvi-mento a discussão de pontos científicas, forneceu meios
Terapia Intensiva APVS, de um fluxograma chaves do manejo da dor para facilitar a tomada de
Neonatal Andrade M, construído pela equipe de saúde, decisão da equipe de saúde
Junior JA. coletivamente que serviram de frente à dor do recém-
pela equipe de subsídios para nascido. Sugere-se a
saúde de construção do aplicação
uma Unidade de fluxograma. do fluxograma com
Terapia Intensiva frequência para promover a
Neonatal para o educação permanente da
manejo da dor equipe e identificar possíveis
neonatal. pontos a serem ajustados.
12 Efeitos da Reis, SM. 2022 Analisar a eficácia Houve um Conclui-se que ambas as
contenção dos efeitos da predomínio do sexo intervenções,
facilitada e do contenção feminino; que a média de contenção facilitada e
enrolamento na facilitada e do peso na primeira coleta enrolamento, são estratégias
redução de dor enrolamento para foi de 1596g; não farmacológicas efetivas
no recém- a redução da dor que todos os prematuros no manejo da dor de
nascido em recém- apresentavam Apgar prematuros submetidos à
prematuro: nascidos maior ou igual a sete no coleta de sangue arterial. No
Ensaio clínico prematuros 5º minuto de entanto, a condição
cruzado durante a coleta vida. Quanto ao experimental evidenciou
de sangue procedimento para a melhor controle no escore de
arterial. coleta de sangue arterial, dor e no padrão de
contatou-se que, em organização de
ambas as condições, a desenvolvimento.
coleta ocorreu em menos
de 60 segundos e a
artéria de
escolha foi a braquial.
Em relação aos
parâmetros fisiológicos
(frequência cardíaca,
frequência respiratória e
saturação de oxigênio) e
à avaliação da dor pela
escala PIPPR, não houve
diferença
estatisticamente
significante entre as
condições em estudo.
13 A review of Mangat AK, 2018 Analisar a eficácia A maioria dos estudos A maioria dos métodos não
non-pharmacolo- Oei JL, Chen e a segurança dos resultou em algum grau farmacológicos de analgesia
gical treatments K, Quah- métodos não de analgesia, mas muitos proporciona um mínimo de
for pain Smith I, farmacológicos de foram ineficazes e alguns alívio para bebês
management in Schmölzer alívio da dor em foram até prejudiciais. A prematuros, mas nenhum é
newborn infants GM. bebês recém- sacarose, por exemplo, totalmente eficaz e não há
nascidos e muitas vezes foi ineficaz, um método claramente
identificar aqueles mas foi mais eficaz do superior. Também são
que são mais que a musicoterapia, a necessários estudos para
mais eficazes. massagem, leite materno avaliar as possíveis
(para bebês consequências de longo
extremamente prazo de qualquer um
prematuros) ou desses métodis.
acupuntura com
estimulação elétrica não
invasiva. Também houve
resultados conflitantes
para acupuntura,
cuidados pele a pele e
terapia musical.

14 Métodos não Pereira TS, 2022 Conhecer os Foi possível observar as Algumas estratégias de
farmacológicos Silva PF, métodos não seguintes técnicas não alívio da dor que podem ser
no alívio da dor Pacheco farmacológicos no farmacológicas para utilizadas e aplicadas pela
em neonatos STA, Marta alívio da dor nos alívio de dor: sacarose, equipe responsável pelos
prematuros CB, Silva LJ, recém-nascidos leite materno, contenção cuidados na unidade de
Araújo BBM. prematuros facilitada, cuidado pele a terapia intensiva neonatal,
internados na pele, glicose oral 25%, ampliando a visão de que
Unidade de sucção não nutritiva, alternativas simples podem
Terapia Intensiva método canguru, ser eficazes para trazer
Neonatal canções de ninar, conforto a esses bebês.
produzidos na enrolamento, método
literatura científica mãe-canguru, ruído
sobre o tema. branco, amamentação,
chupeta etc. Destaca-se
que 16,17% dos estudos
referem-se ao potencial
de analgesia com
sacarose, tanto
isoladamente quanto em
combinação com algum
outro método.

15 Medidas de Silva MD, 2022 Analisar as Os parâmetros como a A participação da família de


alívio da dor em Silveira ALD, evidências expressão facial, choro, forma direta foi, em sua
neonatos com a Christoffel científicas das padrão e qualidade do maioria, vinculada à figura
participação da MM, Paiva medidas não sono, padrão materna, com o contato pele
família: revisão ED, Santos farmacológicas de respiratório, aumento dos a pele. Com relação a
integrativa JBN. alívio da dor batimentos cardíacos, participação indireta, o leite
utilizadas nos saturação de O2, humano ordenhado foi a
neonatos na coloração da pele, principal medida. As
Unidade de postura, movimentação medidas não farmacológicas
Terapia Intensiva corporal, qualidade da abordadas de forma isolada
Neonatal com a interação ou associadas são efetivas.
participação da com a equipe e duração
família. do choro em quatro
estudos, de forma
combinada entre eles ou
associada à alguma
escala.
A participação direta da
família foi a mais
observada, seguida da
participação
indireta. Em sua maioria,
a participação da família
esteve vinculada à figura
materna,
e apenas um estudo
abordou a participação
materna e paterna.

16 Facilitated Reis SM, 2022 Analisar a eficácia Considerando as A realização desse estudo
containment and Nóbrega MS, dos efeitos da análises mediante ao revelou eficácia nas
winding for pain Ferreira EB, contenção tempo de duração do intervenções não
management in Felipe AOB, facilitada e do procedimento doloroso, farmacológicas, contenção
preterm infants: Moreira DS. enrolamento para alterações de frequência facilitada e enrolamento,
randomized redução da dor cardíaca, frequência demonstrando sua
crossover em recém- respiratória e saturação importância no manejo da
clinical trial. nascidos de dor durante procedimentos
prematuros oxigênio e, da que suscitam no recém-
organização de acordo nascido sensibilidade
com os subsistemas de dolorosa de baixa
desenvolvimento intensidade.
autônomo, motor e de
estados
comportamentais do
recém-nascido,
evidenciou-se que não
houve diferença
estatisticamente
significante entre as
intervenções contenção
facilitada e enrolamento.
No entanto, no período
de aplicação da
contenção facilitada,
observou-se uma
estabilidade fisiológica e
comportamental mais
precoce, que promover a
reorganização, diminuiu
a agitação e alterações
hemodinâmicas,
comparado ao
enrolamento.

17 Implicações Alfredo ER. 2015 Avaliar a As alterações Os neonatos que


da contenção implicação da comportamen-tais foram receberam a contenção
facilitada contenção avaliadas através da facilitada apresentaram
durante a facilitada no escala NFCS de menos alterações
punção venosa neonato, dor neonatal, os comportamentais,
periférica em durante o parâmetros fisiológicos minimizando seu estresse
neonates procedimento de (frequência cardíaca e durante o procedimento
hospitaliza-dos: punção venosa saturação de doloroso, e os que
Ensaio clínico periférica para a oxigênio) foram receberam a
randomizado realização de registrados por monitor técnica de contenção
coleta de multiparamétrico e o facilitada e tomaram banho
sangue. padrão de sono e vigília de imersão mantiveram seu
foi avaliado através dos estado de sono e vigília e
critérios de Pretchel. O sua organização
resultado do cruzamento comportamental.
das variáveis mostrou
que os neonatos que
estavam há mais dias
hospitalizados, e que
receberam a técnica de
contenção facilitada,
tiveram menos
alterações
comportamentais em
relação ao grupo
controle.

DISCUSSÃO

Avaliar a dor no neonato é tarefa difícil. Segundo Falcão et al. (2012), o


neonato, considerado pré-verbal, transmite a sensação de dor por alterações
comportamentais e fisiológicas, como choro, rigidez muscular, expressão facial,
entre outros. Também se nota que, embora haja essa inabilidade do neonato de
verbalizar a dor, tal inabilidade não interfere na sua avaliação, devido aos vários
parâmetros fisiológicos, e também devido à existência de inúmeras escalas de
avaliação da dor em neonatos, o que facilita o manejo da dor nesses frágeis
pacientes.

A administração de medicamentos analgésicos e sedativos em neonatos é


uma prática delicada devido à imaturidade de seus sistemas orgânicos, que pode
resultar em riscos significativos. Falcão et al. e Alves et al. (2013) concordam que
medicamentos sedativos e analgésicos podem interferir nas respostas
comportamentais da dor. Muitos medicamentos farmacológicos têm efeitos
colaterais que podem ser prejudiciais para neonatos, incluindo alterações no sistema
cardiovascular, respiratório e neurológico. A utilização inadequada de medicamentos
nessa população vulnerável pode resultar em complicações graves.

Querido et al. (2017) descrevem que existe uma lacuna no conhecimento para
a avaliação e o manejo da dor em neonatos, além de uma desvalorização, com tais
fatos sendo evidenciados na falta de interesse por parte da equipe pela busca de
informações sobre dor na literatura, e a própria falta de registros sobre o assunto. A
própria falta de conhecimentos das ferramentas disponíveis são motivos para a sua
não utilização.

A abordagem não farmacológica, como a contenção facilitada e o


enrolamento, minimiza a exposição a substâncias farmacológicas, reduzindo assim
os riscos potenciais associados, e aumentando o tempo de repouso do neonato, de
acordo com Motta e Cunha (2014), que também afirmam que tais abordagens não
farmacológicas se mostram efetivas para prevenir e aliviar a dor aguda em
neonatos, além de apresentar baixo custo operacional.

Reis (2022) demonstra em seus estudos que, por se tratar de cuidados que
apresentam fácil aplicação, a contenção facilitada e o enrolamento também são
recomendados antes de um procedimento doloroso. O enrolamento consiste na
utilização de um tecido leve ou cueiro, para envolver o neonato com flexão nas
extremidades inferiores e alinhamento na linha média dos membros superiores
flexionados, posicionando a mão próximo da boca, com a face e cabeça expostas.

Enrolamento
Reis explica também que tal abordagem deve ser utilizada em neonatos
monitorados e clinicamente estáveis, pois tal método favorece o estímulo de
receptores táteis e térmicos, que geram uma competição com a dor e o estresse, se
tornando efetivo antes do procedimento a perdurando até que o neonato volte ao
estado de repouso.

Ainda de acordo com Reis, a contenção facilitada é outra estratégia que a


equipe assistencial pode realizar, e consiste no controle delicado dos membros
flexionados junto ao tronco e as mãos próximas a boca, e tem o objetivo de
promover maior tranquilidade ao neonato e consequentemente redução das
alterações fisiológicas causadas pela intervenção dolorosa.

Contenção Facilitada

Mangat et al. (2018) afirmam que a maioria das intervenções não


farmacológicas para os neonatos pré-termos não se mostra eficaz, embora mostre
um alívio mínimo para os pacientes. Porém seu estudo mostra resultados positivos
para o enrolamento e contenção facilitada, onde tais métodos se mostraram uma
efetiva diminuição do choro em pacientes submetidos a intervenções dolorosas.

Segundo o delineamento dos estudos de Pereira et al. (2022), os métodos


não farmacológicos contribuem de forma efetiva para o manejo da dor, trazendo
uma melhor qualidade para a assistência nas UTINs, em prol da redução da dor nos
neonatos pré-termos, assim possibilitando a ampliação do campo de visão dos
acadêmicos sobre tais métodos.

Silva et al. (2022) também afirmam a eficácia das medidas não


farmacológicas, e demonstra a participação da família de forma direta realizando tais
métodos, e embora não tenha se mostrado nenhum resultado concreto se houve
algum aumento da efetividade de tais medidas quando realizadas pelos pais, é
importante no contexto geral que a família participe do cuidado do neonato, sob
orientação da equipe na UTIN.

Para Reis et al. (2022), é mais que evidente a importância das intervenções
não farmacológicas no manejo da dor nos neonatos, sendo o enrolamento, por
exemplo, demonstrando ser uma intervenção eficaz durante o processo de
fisioterapia respiratória, diminuindo a sensibilidade dolorosa. A contenção facilitada
também é grande aliada para diminuir a expressão de dor nos procedimentos de
punção de calcanhar, venosa e aspiração endotraqueal, de acordo com os autores.

Nos estudos de Alfredo (2015), é possível notar a credibilidade que os


profissionais de saúde dão para os métodos não farmacológicos, pois estes
promovem estabilidade e boa organização do neonato, conservando sua energia e
contribuindo para uma recuperação mais rápida. O autor também cita a adoção da
diminuição de métodos farmacológicos, como consequência diminuindo os estímulos
dolorosos e as alterações que tais medicamentos podem causar nos organismos
prematuros.

Nos estudos é importante perceber que as medidas farmacológicas (uso de


medicamentos sedativos, analgésicos, entre outros) são evitados e até mesmo
vistos como extremamente nocivos, causando alterações nos pacientes que podem
levar a problemas e até mesmo atrasos no desenvolvimento (Falcão et al. 2012;
Alves et al. 2013; Motta e Cunha 2014)

Alguns estudos mostram outras intervenções não farmacológicas que


funcionam bem em conjunto com a contenção facilitada e o enrolamento, como
amamentação, sucção não nutritiva e sacarose por exemplo, demonstrando que o
uso combinado dessas intervenções se mostra eficaz no manejo e alívio da dor nos
neonatos (Motta e Cunha 2014; Pereira et al. 2022)

CONCLUSÃO

Garantir um desenvolvimento saudável em neonatos pré-termo é de extrema


importância, e o controle da dor desempenha um papel fundamental nesse
processo. A utilização de métodos não farmacológicos, como a facilidade na
contenção e o envolvimento cuidadoso, tem se mostrado eficiente na redução da dor
e do desconforto desses pacientes.

A implementação adequada dessas técnicas, juntamente com o envolvimento


dos profissionais de saúde e familiares, pode proporcionar um ambiente menos
doloroso e mais acolhedor para os neonatos. Além de aliviar o sofrimento imediato,
essas técnicas têm o potencial de contribuir para um desenvolvimento saudável e
um futuro mais promissor para esses pequenos pacientes.

Pesquisas futuras têm a oportunidade de aprimorar ainda mais esses


métodos e expandir seu uso em unidades de terapia intensiva neonatal, contribuindo
assim para a qualidade de vida desses pacientes e suas famílias. O cuidado
centrado na família e a colaboração entre os profissionais de saúde desempenham
um papel fundamental no sucesso do controle da dor em neonatos pré-termos e na
promoção de um ambiente de cuidado humanizado e compassivo.
REFERÊNCIAS

1- Falcão ACMP, Sousa ALS, Stival MM, et al. Abordagem terapêutica da dor em
neonatos sob cuidados intensivos: Uma breve revisão. R. Enferm. Cent. O. Min.
[Internet]. 13º de julho de 2012; Disponível em:
http://www.seer.ufsj.edu.br/recom/article/view/130

2- Alves FB, Fialho FA, Dias IMAV et al. Dor neonatal: a percepção da equipe de
enfermagem na unidade de terapia intensiva neonatal. Rev Cuid. 2013 Jan; 4(1):
510-515. Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S2216-09732013000100011&lng=en

3- Araujo GC, Miranda JOF, Santos DV, et al. Dor em recém-nascidos: identificação,
avaliação e intervenções. Rev. baiana enferm. 28º de setembro de 2015 29(3):261-
70. Disponível em:
https://periodicos.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/13695

4- Sant’Ana LG, Toledo MLSA, Silveira EA. A Sensação de Dor ao Manuseio


Fisioterapêutico em Neonatos sob Cuidados Intensivos: Uma Revisão Integrativa de
Literatura. Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 3. 4:
p. 44-56. 2021. DOI 10.37885/211006432

5- Nicolau CM, Pigo JDC, Bueno M, et al. Avaliação da dor em recém-nascidos


prematuros durante a fisioterapia respiratória. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. 8 (3).
Set 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1519-38292008000300007

6- Romualdo, LIB. Avaliação da dor em recém-nascidos submetido à procedimentos


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