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Gestão de Empresas Farmacêuticas

Economia voltada ao mercado farmacêutico


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Nesta webaula, você vai compreender a farmacoeconomia como ferramenta de gestão.

Farmacoeconomia
O termo farmacoeconomia surgiu pela primeira vez em artigo publicado por Townsend (1987) . No texto sobre
pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, o autor define a farmacoeconomia como a descrição e análise de
custos da terapêutica medicamentosa para os sistemas de saúde e para a sociedade. De maneira mais completa,
poderíamos defini-la como a descrição e análise dos custos da terapia farmacêutica aplicada ao sistema de
assistência à saúde e à sociedade como um todo, buscando identificar, medir e comparar os custos e as
consequências de produtos farmacêuticos e serviços.

É importante compreender como os gastos com medicamentos podem impactar nas despesas de serviços de
saúde privados ou públicos.

Os gastos em saúde no Brasil, em 2019, alcançaram 114,18 bilhões de reais, com um orçamento total de 127
bilhões ( BRASIL, c2019 ). Deste total, os medicamentos representaram 11 bilhões de reais, algo em torno de
10% do montante.

A farmacoeconomia é uma importante ferramenta de gestão, pois se baseia na aplicação da economia ligada ao
estudo dos medicamentos com foco na otimização da utilização dos recursos financeiros, sem prejuízo à
qualidade do tratamento de saúde. Nela são utilizados como métodos a descrição, a análise e a comparação entre
custos e consequências das terapias medicamentosas para pacientes, sistemas de saúde e sociedade. Dessa
maneira, mostra-se como valioso instrumento de apoio para tomada de decisões nos serviços de saúde.
Principais características da evolução da farmacoeconomia

Década de 1970

A partir da década de 1970 a farmacoeconomia ganhou espaço nas universidades. As instituições


introduziram os conceitos dessa área em suas matrizes curriculares, visando dar aos alunos subsídios para
entenderem o contexto do custo-benefício e do custo-efetividade dos medicamentos.

Década de 1980

A farmacoeconomia passou a ser considerada uma disciplina no campo das avaliações econômicas em
saúde e emergiu devido ao agravamento da crise financeira do setor da saúde. As ferramentas da
farmacoeconomia passaram a ser utilizadas para medir os resultados das empresas.

Década de 1990

Na década de 1990, a pressão por resultados e pela adequação dos custos à atenção à saúde motivou a
farmacoeconomia a sair da condição de ciência para ser efetivamente colocada em prática nos sistemas de
saúde.

Custos e análises econômicas


O objetivo de utilização dos conceitos de farmacoeconomia é realizar a identificação, a medição e a comparação,
que buscam melhorar os custos para alcançar qualidade, efetividade e segurança no uso de medicamentos. A
farmacoeconomia enxerga o custo como uma despesa ocorrida na compra de produtos de assistência à saúde ou
de serviços.

Assim, pode-se ter os “custos fixos”, que não variam com a quantidade ou montante de resultados gerados em um
período aproximado um ano, por exemplo aluguel e gastos com salários; e os “custos variáveis”, que são aqueles
que variam em decorrência do volume de resultados, por exemplo os sistemas de pagamento de reembolso.

Na farmacoeconomia podemos identificar quatro tipos de análises econômicas para os medicamentos:

Minimização dos custos (o mais simples dos quatro métodos).

Custo-efetividade (compara custos líquidos de uma intervenção).

Custo-utilidade (onde o custo-efetividade e os valores são demostrados de diferentes maneiras nos


resultados de saúde para as pessoas).

Custo-benefício (enumera e compara os custos líquidos de uma intervenção versus os benefícios líquidos
encontrados).

Cada tipo vai comparar os custos e as consequências da utilização de medicamentos ou tratamentos de


determinada doença.
Saiba mais
Pode-se avaliar o desempenho financeiro de uma empresa por meio da análise dos demonstrativos
financeiros produzidos por ela. Esse processo se inicia pelo parecer dos auditores, que verificam se os
princípios contábeis, geralmente aceitos, foram seguidos e se os pressupostos e práticas contábeis utilizados
pela empresa estão adequados e verificados, ainda que por amostragem. Em seguida, são analisados o
relatório da diretoria e seu parecer. A partir daí, são observados os relatórios, que devem vir acompanhados
das notas explicativas. Alguns bons balanços apresentam também determinados indicadores num horizonte
dos três últimos anos, no mínimo ( ZUCCI; FERRAZ, 2010 ).

Papéis da farmacoeconomia
A farmacoeconomia tem papel fundamental no gerenciamento de empresas farmacêuticas. O farmacêutico,
dentro de seu espectro de trabalho, deve organizar a forma de gerir os recursos financeiros, envolvendo a tomada
de decisões sobre compras, estoques e planejamento das ações de marketing e comercialização dos produtos de
sua empresa.

A aplicação dos conceitos de farmacoeconomia pode, então, ser percebida em todos os segmentos do mercado
farmacêutico. Dentro de farmácias e drogarias, a aplicação da farmacoeconomia como ferramenta de gestão
envolve noções de epidemiologia do medicamento (farmacoepidemiologia), conhecimento das particularidades de
uma microrregião (clínicas, hospitais, comércio, serviços, população, nível socioeconômico, geolocalização),
percepção das mudanças na demanda em relação a períodos do ano, novos serviços, mudanças no perfil da
população local e os serviços oferecidos pela empresa.

Já no ambiente hospitalar, o farmacêutico clínico e o farmacêutico hospitalar devem promover a


farmacoeconomia como forma de gestão dos recursos terapêuticos e também com foco nas decisões sobre a
farmacoterapia racional. Faz-se necessário, então, profundo conhecimento técnico das questões ligadas à
farmacoterapia, das patologias e das alternativas terapêuticas, e uma boa comunicação com a equipe clínica. Por
diversas vezes a tomada de decisões em um ambiente clínico hospitalar deve envolver o corpo clínico, uma vez
que muitas questões técnicas estão associadas às particularidades e às necessidades específicas de cada
especialidade.

O que percebemos é que os medicamentos são ferramentas indispensáveis aos serviços de saúde, tanto privados
como públicos, e que os profissionais envolvidos na gestão desses recursos podem e devem garantir o acesso
total da população a eles.

Pesquise mais
Para ampliar seus conhecimentos, sobre os temas relacionados à farmacoeconomia, recomenda-se a leitura
do artigo de Mota, Fernandes e Coelho (2003), chamado “Farmacoeconomia: um instrumento de eficiência
para a política de medicamentos do Brasil”.

Além disso, para complementar as discussões, leia também o trabalho de Silvia Regina Secoli e colaboradores
(2005), “Farmacoeconomia: perspectiva emergente no processo de tomada de decisão”.

MOTA, D. M.; FERNANDES, M. E. P; COELHO, H. L. L. Farmacoeconomia: um instrumento de eficiência


para a política de medicamentos do Brasil. Acta Farm. Bonaerense, v. 22, n. 2, p. 177-86, 2003.

SECOLI, S. R. et al. Farmacoeconomia: perspectiva emergente no processo de tomada de decisão. Ciência


& Saúde Coletiva, v. 10, p. 287-296, 2005.

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