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Guia de Avaliação Psicológica

WAIS

Ficha Técnica

Nome Wechsler Adult Inteligence Scale


Autor D. Wechsler
Aplicação Individual
Tempo +/- 90 mins
População Adultos

NOTA: Nunca dar a informação quantitativa do QI já que para os sujeitos leigos


os números são interpretados como rótulos.

1. Aplicação e Cotação:

Erro padrão da medida:

100
97 ________________| |________________ 100
2,60 2,60
92 ___________________________| |____________________________ 108
3x2,60 3x2,60

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RNP (Resultados Normalizados Padronizados): Padronizado tendo em conta


o grupo etário com resultados mais elevados (20-30 anos).

RNP/Get (Resultados Normalizados Padronizados por Grupo Etário): Ten-


do em conta a faixa etária do grupo a que o sujeito pertence.

O Cálculo do QI faz-se SEMPRE através do RNP; para a comparação dos


resultados e análise dos itens utiliza-se o RNP/Get.

Depois para a classificação do QI há normas consoante a faixa etária. Pelo que


a idade é sempre tida em conta – As tabelas estão organizadas por faixa etária.

Para interpretar os resultados utiliza-se o RNP/Get; Para calcular o QI utili-


za-se o RNP

Média: 10
Sd: 3

A análise da WAIS inicia-se geralmente pela análise dos QIs que dá uma ideia
sobre a funcionalidade global.

2. Homogeneidade/Heterogeneidade dos resultados:

• Uma diferença de 10 pontos é suficiente para α= 0,05


• Uma diferença de 13 pontos (grupo etário 18-19, 25-34 anos) para α=0,01
• Para o nível etário 45-54anos É necessário uma diferença de 12 pontos, α=0,01
• Uma diferença de 10 pontos é normal (1 em cada 30)
• Uma diferença de 25 pontos aparece 1 em cada 100 vezes

Logo:

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• Uma diferença de 10 pontos permite considerar a existência de uma


diferença entre Qiv e Qir

• Uma diferença de 25 ou mais pontos, pode assumir um valor de diag-


nóstico e permite levantar as seguintes hipóteses:

QIv > QIr


- Lesão hemisfério cerebral direito ou lesão cerebral difusa;
- Depressão

QIv < QIr


- Lesão hemisfério cerebral esquerdo
- Padrão encontrado em delinquentes juvenis e sociopatas

NOTA: As diferenças entre QIv e o QIr são sinais de um desvio da expecta-


tiva normal. O significado desse desvio só pode ser definido através do recurso
a outros elementos de diagnóstico mais específicos e diferenciadores.

A heterogeneidade pode também ser observada entre os resultados dos


subtestes.

10
7| 1dp | | 1dp |13

3. Sub-testes

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Parte Verbal

INFORMAÇÃO
Informação geral, absorvida do meio ambiente. Reflecte um certo envolvimento no
meio e o grau de escolaridade. É pouco afectada pela idade, embora em casos gra-
ves de deterioração mental se possam encontrar esses efeitos na deterioração.
É uma das melhores medidas de g na WAIS, e está saturada também do factor de
compreensão verbal.
A nível da análise da resposta, em princípio os itens deste sub-teste não suscitam
respostas estranhas ou de carácter pessoal, pelo que quando estas aparecem, deve
tentar compreender-se o que está por detrás.
Pode ser afectado pela ansiedade, no sentido de poderem verificar-se lacunas na
memória – p.ex. falhar em itens muito iniciais (geralmente revela ansiedade).

COMPREENSÃO
Integrações das regras sociais e a capacidade de actuar de acordo com essas
regras.
Subteste menos dependente da educação formal do que o da informação. Mais
rico em informações clínicas.
A análise factorial revela-o como uma boa medida de g e da factor de compreen-
são verbal.

ARITMÉTICA
Cálculo e raciocínio

DISPOSIÇÃO DE GRAVURAS
Teste saturado em Factor g

SEMELHANÇAS
Afectado por qualquer processo que perturbe o pensamento. Reduzido em casos
de organicidade. Boa medida de g. Vulnerável à idade.

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É raro o aparecimento de preocupações pessoais, pelo que quando estas ocorrem


têm um valor significativo.

MEMÓRIA DE DÍGITOS
Fraca medida de g e boa capacidade da medida de atenção, concentração e
medida auditiva de memória imediata.
Há o sentido directo e o sentido inverso. Indivíduos impositivos tendem a ter difi-
culdades no sentido inverso. Indivíduos muito inteligentes acham monótona a tarefa
no sentido directo preferindo o sentido inverso.

VOCABULÁRIO
Melhor medida de g. Subteste menos sensível à deterioração mental. O leque de
vocabulário tende mesmo a aumentar com a idade – bom índice do funcionamento
pré-mórbido do indivíduo. É uma boa medida do factor de compreensão verbal... Útil
para a avaliação de aspectos qualitativos (sensibilidade a sentimentos, associações
bizarras...).
Todavia, apesar de tender a ser afectado com a idade, o rigor das definições pode
ser afectado com a idade, não permanecendo exactamente igual.

Parte Realização

CÓDIGO
Fraca medida de g. Coordenação grafo-perceptiva. Aprendizagem de uma tarefa
não familiar num curto espaço de tempo. A velocidade de execução é importante
(bem como a destreza e a perseverança do indivíduo). Tende a levar a resultados
mais rápidos se o indivíduo memorizar a chave (mas não é um subteste de memó-
ria). A memória beneficiará, mas resultados baixos não implicam más/boas capacida-
des de memória...
Sendo uma tarefa de papel e lápis pode levantar problemas aos indivíduos pouco
escolarizados...

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COMPLETAMENTO DE GRAVURAS
Considerado a melhor medida de g dos subtestes de realização. Descoberta de
aspectos comuns numa figura familiar. Distinção entre o essencial e o acessório.
Capacidades de atenção e concentração requeridas. A análise qualitativa pode ser
importante.
Certos comentários podem ser sugestivos de uma postura mais desconfiada (ex:
“não falta nada!... Falta Mesmo???”)
Alguns processos patológicos podem levar a muito boas notas (características
mais obsessivas (minuciosidade), hipervigilância (dos paranóides)... Mas não é por ter
uma nota elevada que o indivíduo é obsessivo ou paranóico.
Resultados heterogéneos nas respostas podem significar ansiedade. Respostas
absurdas remetem para a perda do exame da realidade. Também há indivíduos que
têm resultados baixos por alguma oposição/desconfiança (“não falta nada...”).
Pode ser influenciado por ansiedade relativa à ansiedade corporal (os objectos
não estão completos...)
Normalmente em casos de simulação há sempre um exagero porque o indivíduo
não tem noção do que é necessário para indicar patologia...

CUBOS
Medida razoável de g. Saturado no factor de organização perceptiva. Capacidade
para relações significativas. Avaliar e aplicar relações entre objectos abstractos. Sen-
sível à velocidade e deterioração psicológica (com a idade a velocidade diminui). Boa
medida do raciocínio não verbal (analítico). Juntamente com o completamento de
objectos é uma medida do pensamento analítico.
Subteste em que a memória não está muito implicada (trabalha com o modelo à
frente). A própria forma como o sujeito trabalha é importante (cuidadoso... impulsi-
vo...)

COMPOSIÇÃO DE OBJECTOS

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Medida relativamente pobre de g. Boa medida de organização perceptiva. Capaci-


dade de planeamento (o modelo tem de ser antecipado). A velocidade é bastante
importante – notas de acordo com a rapidez de execução.

4. Deterioração Mental

DETERIORAÇÃO FISIOLÓGICA:
Declínio normal da eficiência intelectual com a idade.

DETERIORAÇÃO MENTAL:
Diminuição da eficiência intelectual do indivíduo relativamente ao seu nível anterior
e que é mais acentuada do que a própria dos indivíduos da sua idade.

O conceito de deterioração mental não implica qualquer diagnóstico etiológico


nem qualquer prognóstico.

A avaliação da deterioração mental (DM) implica a comparação de dois resultados:


um relativo à eficiência anterior e outro relativo à eficiência actual. Existem três méto-
dos possíveis:

1. Método LONGITUDINAL: Método ideal, não obstante não se revela viável.

2. Método INDIRECTO: Aplicação de um só teste (PM38). Estudo de modo a


permitir a precisão do resultado individual em função da idade e do nível cultural.
A partir de determinada diferença entre o resultado esperado e o resultado obti-
do, levanta-se a hipótese de deterioração. Todavia, a sua precisão é menor –
grau de inferência elevado.

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2. Método BABCOCK: Comparação dos resultados individuais obtidos em tes-


tes não sensíveis à deterioração (que se mantêm) e testes que não são sensí-
veis (nãos e mantêm – velocidade, aprendizagem de experiências novas...).
Com estudos adequados a partir dos resultados obtidos em testes que se man-
têm (p.ex. vocabulário), pode prever-se os resultados em testes que não se
mantêm (Ex. Benton, D48). A partir de certa diferença entre os resultados, levan-
ta-se a hipótese de deterioração.

DP = DF + DM

DP= Deterioração psicológica


DF= Deterioração fisiológica
DM= Deterioração mental

Sendo que DF é relativamente fácil de aceder e sendo esta contemplada nas nor-
mas dos testes, a DP exprime correctamente a DM:

DP = DF + DM

DP = DM

O Cálculo da deterioração mental na WAIS, baseia-se no método de Babcock.

QUOCIENTE DE DETERIORAÇÃO MENTAL NA WAIS:

Subtestes que se mantêm: Representativos da eficiência óptima anterior


- Informação
- Vocabulário
- Completamento de Gravuras

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- Composição de Objectos

Subtestes que NÃO se mantêm: Medida da eficiência actual


- Semelhanças
- Memória de dígitos
- Código
- Cubos

QD = Subtestes que se mantêm – Subtestes que NÃO se mantêm


Subtestes que se mantêm

Para o cálculo do QD utilizam-se os RNP/Get eliminando-se o efeito de deteriora-


ção fisiológica normal.

SIGNIFICADO DO VALOR OBTIDO DO QD:

Uma pessoa normal tem:


• 20% de probabilidade de obter uma valor >0,12
• 10% de probabilidade de obter uma valor >0,18
• 5% de probabilidade de obter uma valor >0,23
• 1% de probabilidade de obter uma valor >0,35

Note-se que este estudo revela a probabilidade do sujeito na população normal ser
deteriorado e não a probabilidade do sujeito ser deteriorado...

Considera-se que há deterioração mental com resultados superiores a 0,12

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Este Quociente de Deterioração tem sido muito contestado. Este indicador deve
ser utilizado coma consciência que é limitado e falível, muito mais para a população
portuguesa, para a qual não foi aferido...

Há também autores que defendem diferentes agrupamentos de testes que se


mantêm e testes que não se mantêm, consoante a patologia me causa.

Alguns dos subtestes escolhidos como “os que se mantêm” são também afectados
pela deterioração fisiológica (ex: completamento de gravuras e composição de objec-
tos, já que a parte verbal é sempre mais estável...). Mas houve uma necessidade de
equilibrar com subtestes verbais e não verbais, pois caso contrário este quociente
poderia indicar algo sem ser a deterioração...

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