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“A verdade em verdade vos digo”

Uma rápida passagem por uma teoria da Criação,


Deus e física, ciência, credo, esoterismo, e tudo mais que
nosso planeta reuniu durante todo o tempo de sua criação.
Começarei pelas teorias de estudiosos e cientistas, de
religiosos e filósofos e bíblicas, que apesar de muitas vezes
ser até infantis e outras muito codificadas, mas se misturam
os, ou batermos num liquidificador, todas as crenças e
religiões, chegará num fim ou denominador comum, já que
todo planeta que circula dinheiro e religião é de todo
atrasado: Deus existe e não existe, sempre existiu e nunca
existirá, Deus é tudo e não é nada...

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“A verdade em verdade vos digo”

Agradecimentos:
Agradeço á minha
família, mãe e irmãos, cunhados e
sogros

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“A verdade em verdade vos digo”

Dedico à minha esposa, Kátia e ao meu filho


Yasser, por estarem sempre ao meu lado, incentivando e me
completado, e à memória de minha amada irmã, Affife.

Tentarei ao longo deste livro elucidar sobre Deus,


o mito, a verdade, as mentiras, as ilusões, as imaginações,
enfim, “a verdade em verdade vos digo”.
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“A verdade em verdade vos digo”

Intercalando nessas páginas, entre artigos e textos


religiosos, incluindo a Bíblia, deixo minhas traduções,
elucidações, explicações, criatividade, imaginação e
coerência acerca de Deus, sem ter cunho religioso, ao
contrário, mesmo porque eu não sigo religião alguma, não
me adapto à elas, e me entedia o debates das mesmas. Não
sou ateísta na essência da palavra, nem agnóstico com
suposições e dúvidas.
Considero-me totalmente avesso à religiões,
sejam elas quais forem. Acho um imbróglio que remonta a
milênios, com o principal intuito de controle, lavagem cerebral
e poder, e o principal, dinheiro, muito dinheiro, retirados de
multidões e estados.
Esse livro representa e reflete o meu pensamento
e conclusões sobre a existência ou não de Deus, nada mais.
Não quero e nem posso recriminar ou julgar religiões e seus
seguidores, ou adeptos de esoterismo e crenças. Nunca foi e
nem será minha intenção, primeiro porque não sou dono da
verdade, nem absoluta nem parcial nesse quesito de fé.
Apenas sopro algumas dúvidas para os céticos,
algumas elucidações para os que pendem de um lado para o
outro, e por fim, um lampejo de sobriedade e coerência a
quem tem um mínimo de inteligência e formação de opinião,
e também, colocar ou acrescentar dúvidas, suspeitas,
desmentidos e afirmações aos que ainda não se decidiram
sobre o tema. Nada de intolerância, pois já temos e tivemos
muita em nome de Deus, que, aliás, é a maior delas.
Basta observarmos certos líderes religiosos. Pois
como disse Ghandi, "nunca conseguirás convencer um rato
de que um gato traz boa sorte", e logo adiante o mesmo
pacifista conclui: "Deus não tem nenhuma religião".
Ao longo da história escrita e escutada da
humanidade que nos foi passado, a ideia ou compreensão
de Deus assumiu várias concepções em todas as sociedades
e grupos já existentes, desde as primitivas formas pré-
clássicas das crenças provenientes e educadas nas
inúmeras tribos da Antiguidade até os dogmas das variadas,
incoerentes e até de certo modo infantis, as
modernas religiões da civilização atual.

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“A verdade em verdade vos digo”

Sempre a procura de Deus foi um ideal. Também


um dilema. Uma equação indissolúvel. Chegando, em muitos
casos, ao desespero. Ninguém deu uma definição precisa
sobre o tema. Em muitos lugares é um tabu, em outros um
dogma, em muito poucos, um tema proibido.
Não sou a verdade e nem tenho essa pretensão.
Tento como mencionei acima, elucidar, ou dar condições de
argumentos para debater, criticar e acabar com mitos criados
pelo homem sobre Deus.
A seguir, definições etimológicas, sinônimos,
adjetivos, conceitos e traduções religiosas, sobre o Criador,
para que os leitores entendam o tanto de diferença que
existe em nome de Deus. Logo adiante, minhas definições e
argumentos. Espero despertar, pelo menos, uma ponta de
dúvida no que nos foi ensinado durante milênios.
Como disse o grande filósofo alemão Nietzsche,
"O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e
semelhança”.

CAPÍTULO 1 – DEUS: IDEIAS E DEFINIÇÕES

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“A verdade em verdade vos digo”

Existência de Deus
Argumentos contra e a favor da existência
de deus têm sido propostos por filósofos, teólogos, cientistas
e outros pensadores ao longo da história. Os que acreditam
na existência de uma ou mais divindades são chamados
de teístas, os que rejeitam a existência de deuses são
chamados ateístas. Os que não duvidam nem acreditam, e
necessitam de uma prova, mantendo-se a dúvida, chamamos
de agnósticos.

A ideia de "Deus"

Existem diferentes definições para Deus, o qual


tanto pode ser um ser com poderes sobrenaturais, amado ou
temido, quanto representar o princípio criador e mantenedor
de todas as coisas do universo, sendo boas ou ruins, certas
e erradas.
A definição de Deus abraâmico é de um Ser
Supremo, um espírito dotado de entendimento e de vontade,
infinitamente perfeito que existe por si mesmo - porque de
ninguém recebeu a existência, ninguém O fez - e de quem
todos os outros seres recebem a existência. É o único Ser
necessário que existe desde toda a eternidade, sempre
existiu e sempre existirá. Deus é Aquele que é. Portanto, um
ser Deus, é impossível. Não há concepção definida de Deus.
Sentimos a sua presença, tanto no bem como no mal.
Nas páginas a seguir, vocês terão várias
interpretações sobre Deus, na visão de estudiosos, teólogos,
ateus, agnósticos e de todas as religiões:
Deus muitas vezes é expressado como o criador
e Senhor do universo. Teólogos têm relacionado uma
variedade de atributos para concepções de Deus muito
diferentes.
Os mais comuns e variados sinônimos de Deus,
entre os quais essas incluem consciência, onisciência,
onipresença, onipotência, benevolência (bondade perfeita),
simplicidade divina, zelo, sobrenatural, eternidade e de
existência necessária.

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“A verdade em verdade vos digo”

Deus também tem sido em muitas definições,


compreendido como sendo incorpóreo, um ser
com personalidade divina, a fonte de toda a obrigação moral,
e o "maior existente". Estes atributos foram todos suportados
em diferentes graus anteriormente pelos filósofos
teológicos judeus, cristãos e muçulmanos, ortodoxos ou não
incluindo Rambam, Agostinho de Hipona e Al
Ghazali, respectivamente.
Muitos filósofos medievais notáveis
desenvolveram durante suas existências, argumentos para a
existência de Deus, tencionando combater as aparentes
contradições implicadas por muitos destes atributos.
Na maioria dos casos, ou posso afirmar, em 100%
deles, esses argumentos e definições foram para dominar,
arbitrar, restringir, controlar e autoritar sobre os povos da
época. E seguem assim a te hoje.

Etimologia e uso

Tanto a forma capitalizada do termo Deus, quanto


seu diminutivo, que vem a simbolizar divindades, deidades
em geral, tem origem no termo latino para Deus, divindade
ou deidade. Português é a única língua românica neolatina
que manteve o termo em sua forma nominativa original com
o final do substantivo em "us", diferentemente do
espanhol dios, francês dieu, italiano dio e do romeno, língua
que distingue Dumnezeu, criador monoteísta e zeu, ser
idolatrado.
O latim Deus e divus, assim como o grego διϝος =
"divino" descendem do Proto-Indo-Europeu* deiwos =
"divino", mesma raiz que Dyēus, a divindade principal do
panteão indo-europeu, igualmente cognato do grego Ζευς
(Zeus). Na era clássica do latim o vocábulo era uma
referência generalizante a qualquer figura endeusada e
adorada pelos pagãos e atualmente no mundo cristão é
usada hodiernamente em frases e slogans religiosos, como
por exemplo, Deus sit vobiscum, variação de Dominus sit
vobiscum, "o Senhor esteja convosco",o hino litúrgico
católico Te Deum, proveniente de Te Deum Laudamus, "A
Vós, ó Deus, louvamos"e a expressão que advém
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“A verdade em verdade vos digo”

da tragédia grega Deus ex machina. Virgílio com Dabit deus


his quoque finem, "Deus trará um fim à isto". Em cada canto
do planeta ouvia-se frases e lemas como o grito de guerra
utilizado no Império Romano Tardio e no Império
Bizantino, nobiscum deus, "Deus está conosco", assim como
o grito das cruzadas Deus vult, "assim quer Deus", "esta é a
vontade de Deus".
Em latim existiam as expressões interjectivas "O
Deus meus" e "Mi Deus", correspondentes ao português (Oh)
meu Deus!, (Ah) meu Deus!, Deus meu!.
Dei é uma forma flexionada ou declinada de Deus,
usada em expressões utilizadas pelo Vaticano, como as
organizações católicas apostólicas romanas Opus Dei (Obra
de Deus, sendo obra oriunda deopera), Agnus Dei (Cordeiro
de Deus) e Dei Gratia (Pela Graça de Deus). Geralmente
trata-se do caso genitivo ("de Deus"), mas é também a forma
plural primária adicionada à variante di. Existe o outro
plural, dii, e a forma feminina deae ("deusas").
A palavra Deus, através da forma declinada Dei, é
a raiz de deísmo, panteísmo, panenteísmo, e politeísmo,
ironicamente tratam-se todas de teorias na qual qualquer
figura divina é ausente na intervenção da vida humana. Essa
circunstância curiosa originou-se do uso de "deísmo" nos
séculos XVII e XVIII como forma contrastante do
prevalecente "teísmo". Teísmo é a crença em um Deus
providente e interferente.
Seguidores dessas teorias e ocasionalmente,
seguidores do panteísmo, podem vir a usar em variadas
línguas, especialmente no inglês o termo "Deus" ou a
expressão "o Deus" (the God), para deixar claro de que a
entidade discutida não trata-se de um Deus teísta. Arthur C.
Clarke usou-o em seu romance futurista, 3001: The Final
Odyssey. Nele, o termo "Deus" substituiu "God" no longínquo
século XXXI, pois "God" veio a ser associado com fanatismo
religioso. A visão religiosa que prevalece em seu mundo
fictício é o Deísmo.
São Jerônimo traduziu a palavra hebraica Elohim (
‫ אלהים‬,‫ )ֱא לֹוִה ים‬para o latim como Deus.
A palavra pode assumir conotações negativas em
algumas utilizações. Na filosofia cartesiana, a expressão
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“A verdade em verdade vos digo”

Deus deceptor é usada para discutir a possibilidade de um


"Deus malévolo" que procura iludir-nos. Esse personagem
tem relação com um argumento cético que questiona até
onde um demônio ou espírito mau teria êxito na tentativa de
impedir ou subverter o nosso conhecimento. Outra é deus
otiosus ("Deus ocioso"), um conceito teológico para
descrever a crença num Deus criador que se distancia do
mundo e não se envolve em seu funcionamento diário. Um
conceito similar é deus absconditus ("Deus absconso ou
escondido") de São Tomás de Aquino.
Ambas referem-se a uma divindade cuja
existência não é prontamente reconhecida nem através de
contemplação ou exame ocular de ações divinas in loco. O
conceito de deus otiosus frequentemente sugere um Deus
que extenuou-se da ingerência que tinha neste mundo e que
foi substituído por deuses mais jovens e ativos que
efetivamente se envolvem, enquanto deus
absconditus sugere um Deus que conscientemente
abandonou este mundo para ocultar-se alhures.
A forma mais antiga de escrita da palavra
germânica Deus vem do Codex Argenteus cristão do século
VI. A própria palavra inglesa é derivada da Proto-
Germânica "ǥuđan". A maioria dos linguistas concordam que
a forma reconstruída da Proto-Indo-Européia (ǵhu-tó-m) foi
baseada na raiz (ǵhau(ə)-), que significa também "chamar"
ou "invocar".[4]
A forma capitalizada Deus foi primeiramente
usada na tradução gótica Wulfila do Novo Testamento, para
representar o grego "Theos". Na língua inglesa, a
capitalização continua a representar uma distinção entre um
"Deus" monoteísta e "deuses" no politeísmo. Apesar das
diferenças significativas entre religiões como
o Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo, a Fé Bahá'í e
o Judaísmo, o termo "Deus" permanece como uma tradução
inglesa comum a todas. O nome pode significar deidades
monoteísticas relacionadas ou similares, como no
monoteísmo primitivo de Akenaton e
Zoroastrismode (Zoroastro).

Nome
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“A verdade em verdade vos digo”

A palavra Deus no latim, em inglês God e suas


traduções em outras línguas como o grego Θεός eslavo Bog,
sânscrito Ishvara, ou arábico Alá, são normalmente usadas
para toda e qualquer concepção. O mesmo acontece no
hebraico El, mas no judaísmo, Deus também é utilizado
como nome próprio, o Tetragrama YHVH, que acredita-se
referir-se à origem henoteística da religião. Na Bíblia, quando
a palavra "Senhor" está em todas as capitais, isto significa
que a palavra representa o tetragrama.
Deus também pode receber um nome próprio em
correntes monoteísticas do hinduísmo que enfatizam sua
natureza pessoal, com referências primitivas ao seu nome
como KrishnaKrishna, Vasudeva, Bhagvata ou
posteriormente Vixnu e Hari, ou recentemente Shakti.
É difícil desenhar uma linha entre os nomes
próprios e epítetas de Deus, como os nomes e títulos de
Jesus no Novo Testamento, os nomes de Deus no
Qur'an ou Alcorão ou Corão, e as várias listas demilhares de
nomes de Deus e a lista de títulos e nomes de Krishna no
Vixnuísmo.

Na antiguidade
Quase todos os povos da Antiguidade
desenvolveram religiões politeístas.
Seus deuses podem ter diferentes nomes, funções
ou grau de importância ao longo dos tempos. Em geral, as
mudanças nos panteões de deuses refletem movimentos
internos dos povos antigos, processos migratórios,
conquistas e miscigenações.

CAPÍTULO 2 – RELIGIÕES: COMO


COMEÇARAM

Religiões do Egito

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“A verdade em verdade vos digo”

Até a unificação dos povos do vale do rio Nilo e o


surgimento das dinastias dos faraós (3.000 a.C.), existem no
Egito vários grupos autônomos, com seus
próprios deuses e cultos. Durante o período dinástico (até
332 a.C.) os egípcios são politeístas.
Os faraós são considerados personificações
de deuses e os sacerdotes constituem uma casta culta e de
grande poder político. O monoteísmo acontece apenas
durante o reinado do faraó Amenofis IV, que muda seu nome
para Akenaton, em homenagem ao deus-sol. As pirâmides e
os templos são alguns dos registros da religiosidade do povo
egípcio, da multiplicidade de seus deuses e do esplendor de
seus cultos.

Divindades egípcias

A principal divindade é o deus-sol (Rá). Ele tem


vários nomes e é representado por diferentes símbolos:
Atom, o disco solar; Horus, o Sol nascente.
Os antigos deuses locais permanecem, mas em
segundo plano, e as diferentes cidades mantêm
suas divindades protetoras.
Várias divindades egípcias são simbolizadas por
animais: Anúbis, deus dos mortos, é o chacal; Hator, deusa
do amor e da alegria, é a vaca; Khnum, deus das fontes do
Nilo, é o carneiro e Sekmet, deusa da violência e das
epidemias, é a leoa. Nas últimas dinastias difunde-se o culto
a Ísis, deusa da fecundidade da natureza, e Osíris, deus da
agricultura, que ensina as leis aos homens.

Religiões da Mesopotâmia

A Mesopotâmia é a região delimitada pelos vales


férteis dos rios Tigre e Eufrates (atual sul da Turquia, Síria e
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“A verdade em verdade vos digo”

Iraque). Ali surgem povos e civilizações tão antigas como a


do Egito: os sumérios e os semitas, estes divididos em
acádios, assírios e babilônios. Os sumérios são os primeiros
a inventar a escrita - os caracteres cuneiformes. Descobertas
arqueológicas e a decifração da escrita cuneiforme têm
revelado as tradições culturais e religiosas desses povos.
Entre os documentos decifrados destacam-se alguns
anteriores ao século XV a.C.: o código de Hamurabi, com as
leis que regem a vida e propriedade dos súditos do
imperador Hamurabi (1.728 a.C.?-1.686 a.C.?); Enuma elis,
poema babilônico da criação, e a Epopéia de Gilgamesh,
relato da vida do lendário soberano de Uruk, cidade suméria
nas margens do rio Eufrates.

Deuses sumérios

Os primitivos deuses sumérios são Anou ou An,


deus-céu; Enki ou Ea, que ora aparece como deus-terra, ora
como deus-água; Enlil, deus do vento e, mais tarde, deus da
terra; Nin-ur-sag, também chamada de Nin-mah ou Aruru, a
senhora da montanha.
A hierarquia entre esses deuses muda com o
tempo. No início da civilização suméria, Anou ocupa a
principal posição. Depois, o deus supremo passa a ser Enlil,
considerado o regente da natureza, o senhor do destino e do
poder dos reis.

Deuses da Babilônia

Os semitas (babilônios e assírios) incorporam


os deuses sumérios, trocam seus nomes e alteram sua
hierarquia. Anou, Enki e Enlil (chamado de Bel) permanecem
como deuses principais até o reinado de Hamurabi. Eles
veneram Sin, o deus-lua, e Ishtar ou Astarté, deusa do dia e
da noite, do amor e da guerra. No reinado de Hamurabi, o
deus supremo passa a ser Marduk, o mesmo Enlil dos

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“A verdade em verdade vos digo”

sumérios e Bel dos primeiros babilônios, porém mais


poderoso.
Chamado de pai dos deuses ou criador, Marduk
sobrevive com o nome de Assur, deus supremo da Assíria,
quando esse povo domina a Mesopotâmia.

Cultos e rituais da Mesopotâmia

A relação com os deuses é marcada pela total


submissão às suas vontades e pelo sentimento de impureza,
expresso nos salmos de penitência para implorar o perdão.
Os deuses manifestam suas vontades através de
sonhos e oráculos. Os antigos sumérios procuram obter as
graças divinas por meio de sacrifícios regulares e oferendas.
Cada deus tem uma festa especial. Os sumérios acreditam
na vida após a morte, mas a alma não passa de uma sombra
que habita as trevas de Kur, espécie de inferno.

Religião grega

A Grécia antiga compreende o sul da península


balcânica, a costa oeste da Ásia Menor (atual Turquia), as
ilhas do mar Jônico e do mar Egeu e as regiões sudoeste e
sul da península itálica (Magna Grécia). Durante o reinado de
Alexandre, o Grande, incorpora também o norte do Egito. Os
povos helênicos estabelecem-se em ondas sucessivas
nessas regiões, assimilam e reelaboram a cultura local.
As divindades evoluem com o tempo e assumem
diferentes significados. Embora exista um panteão
de deuses comum a todos os gregos, cada cidade-estado
tem seu próprio deus protetor, com seus cultos, rituais e
festas específicos.
Deuses gregos

Os deuses gregos representam forças e


fenômenos da natureza e também impulsos e paixões
humanas. Moram no Monte Olimpo e de lá controlam tudo o
que se passa entre os mortais. O panteão grego
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“A verdade em verdade vos digo”

inclui semideuses, heróis e inúmeras entidades, como os


sátiros e ninfas, espíritos dos bosques, das águas ou das
flores.

Deuses olímpicos

O principal deus grego é Zeus, o pai e rei dos


deuses e dos homens.
Cultuado em toda a Grécia, é o guardião da ordem
e dos juramentos, senhor dos raios e dos fenômenos
atmosféricos. Hera, irmã e esposa de Zeus, preside os
casamentos, os partos, protege a família e as mulheres.
Atena, ou Palas Atena, nasce da cabeça de Zeus, já
completamente armada. É a deusa da inteligência, das artes,
da indústria e da guerra organizada. Apolo, filho de Zeus e
da deusa Leto, é o deus da luz da juventude, da música, das
artes, da adivinhação e da medicina. Dirige o "carro do Sol" e
preside os oráculos. Artemis, irmã gêmea de Apolo, é a
deusa-virgem, símbolo da vida livre, das florestas e da caça.
Afrodite, deusa da beleza, do amor e da volúpia sexual, é
casada com Hefestos ou Hefaísto, filho de Zeus e de Hera,
feio e disforme, protetor dos ferreiros e dos ofícios manuais.
Hares (Ares), filho de Zeus e Hera, é o deus da guerra
violenta. Poseidon ou Posídeon, irmão de Zeus, é o deus do
mar. Hades, irmão de Zeus, governa a vida após a morte e a
região das trevas - espécie de inferno grego. Deméter é a
deusa da agricultura. Dionísio, deus da videira e do vinho.
Hermes, filho de Zeus e da ninfa Maia, é o mensageiro dos
deuses, protetor dos pastores, dos negociantes, dos ladrões
e inspirador da eloquência.

Cultos e rituais gregos

A religiosidade grega não se expressa através de


textos sagrados.
Os deuses estão presentes em todos os aspectos
da vida cotidiana, e são reverenciados por um conjunto de
práticas e rituais realizados em bosques sagrados, templos
ou cumes de montanhas. Os sacerdotes consagram a vida

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“A verdade em verdade vos digo”

ao culto de um deus específico e, nos templos, presidem


sacrifícios, transmitem e interpretam oráculos.

Festas e santuários gregos

Os principais santuários do mundo grego são


Delos e Delfos, em homenagem a Apolo; Olímpia, a Zeus;
Epidauro, a Asclépio; Elêusis, a Deméter. Cada cidade grega
tem sua própria festa em homenagem ao deus protetor. As
mais importantes são a Panatenéia, em honra de Atena; as
Olimpíadas, celebradas a cada quatro anos em Olímpia, com
a organização de jogos em homenagem a Zeus; e as
Dionísias, grande festa popular que inclui representações
dramáticas, em homenagem a Dionísio, celebrada em Atenas
e também em áreas camponesas.

Religiões de Roma

A primitiva religião dos romanos é formada pela


fusão das tradições dos povos etruscos e itálicos, antigos
habitantes da península itálica.
Tem acentuado caráter doméstico, expresso
nas divindades protetoras da família (Lares), nas preces e
oferendas rituais cotidianas, nos sacrifícios propiciatórios
pela paz, para pedir bom tempo ou boas colheitas, e no culto
aos mortos.
Cultuam inúmeras divindades menores (Numes),
relacionadas com elementos naturais e com aspectos da vida
humana. Com a expansão da República e do Império, os
romanos incorporam tradições religiosas de povos
conquistados, principalmente dos gregos.
A religião e cultos domésticos permanecem ao
lado de uma sofisticada religião oficial, que inclui até os
imperadores no panteão dos deuses.

Primeiros deuses romanos

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“A verdade em verdade vos digo”

Entre os deuses primitivos destacam-se Janus,


que durante muito tempo reina sobre os demais deuses;
Juno, protetora dos casamentos, das mulheres e dos partos;
Júpiter, deus da claridade e dos fenômenos atmosféricos;
Deméter, deusa da agricultura e da fertilidade; Marte,
considerado o "pai dos romanos", senhor da guerra e das
atividades humanas essenciais; e Quirino, antigo deus da
agricultura, muitas vezes associado a Marte.

Deuses da República e do Império

Durante a República, o panteão romano passa a


ser dominado por uma tríade divina - Júpiter, Juno e Minerva
- e começa a incorporação dos deuses gregos: Júpiter é
Zeus, Juno é Hera, Minerva é Atena, Apolo transforma-se em
Helius e sua irmã, Artemis, em Diana, a caçadora.
Hermes, o mensageiro dos deuses gregos, é o
Mercúrio romano.
Poseidon, deus grego do mar, é assimilado como
Netuno, seu irmão Hades é Plutão, e Cronos, deus primitivo
grego, pai de Zeus, Netuno e Plutão, é associado à Saturno,
também um antigo deus romano.

Cultos romanos

Na Roma primitiva os sacerdotes são pouco


numerosos e os mais importantes são os dedicados ao culto
de Janus. Os cultos são realizados não só em templos, como
também nas próprias casas. Orações, sacrifícios e
promessas compõem os rituais. Aos poucos, os sacerdotes
ampliam seu poder político a ponto de confundirem-se com o
Estado. Na República, o colégio dos pontífices já regula
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“A verdade em verdade vos digo”

completamente a vida religiosa e, na época do Império, o


cargo de pontífice máximo é disputado pelo próprio
imperador.

Religiões do Irã antigo

A mais antiga civilização da região do antigo Irã,


ao norte da Mesopotâmia, data do século XX a.C. Apesar de
sucessivas ocupações pelos povos medas e persas, uma
certa homogeneidade cultural é preservada até a invasão
muçulmana, no século VII da era cristã.
A religião dos antigos iranianos está registrada
nos Avestas, conjunto de textos sagrados escritos a partir do
século VI a.C.

Masdeísmo

Religião naturalista e dualista, centrada no culto a


Ahura-Mazda, deus da luz e criador do universo, que se
opõem a Angra-Mainyu ou Ahrimanunha, senhor do reino
das trevas.
Ahura-Mazda comanda as divindades luminosas e
benévolas, como Mithra, deus-pastor, protetor das chuvas,
mais tarde associado ao Sol, e Anahita, deusa das fontes e
da fecundidade. Mais tarde, com o zoroastrismo, Ahura-
Mazda é elevado a deus único.
Zoroastrismo

Religião centrada na pureza de coração e na


prática das virtudes. Boas palavras, bons pensamentos e
boas ações abririam o caminho para o paraíso, onde o bem
suplantaria definitivamente o mal. Sua doutrina é registrada
por seus discípulos nos Avestas, textos sagrados escritos a
partir do século VI a.C.

Zoroastro
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“A verdade em verdade vos digo”

Ou Zaratustra, profeta e reformador religioso e


social do século VI a.C. Aos 40 anos começa a pregar a
existência de um deus único e a prática da virtude. Converte
o rei meda Histaspes (ou Vishtaspa), pai do imperador Dario,
e conquista grande influência. Realiza uma reforma religiosa:
as divindades secundárias são excluídas e Mazda, um deus
bom e sábio, passa à categoria de deus único.

Zoroastrismo atual

O zoroastrismo sobrevive até hoje em populações


do interior do Irã e na religião dos Parsis, grupo que foge da
antiga Pérsia para a Índia após a invasão muçulmana. A
comunidade parsis, instalada na região de Bombaim, reúne
cerca de 100 mil pessoas. Veneram o fogo, praticam longas
abluções (lavagens) e purificações à beira-mar e preservam
o ritual de deixar os mortos sobre os lugares altos, chamados
de torres do silêncio.

Cultos masdeístas

A terra, o fogo e as águas são sagrados. Para não


poluí-las, os masdeístas não enterram seus mortos,
considerados impuros. Os cadáveres são deixados em torres
para serem devorados por aves de rapina.

Nas religiões monoteístas atuais

(Cristianismo, judaísmo, zoroastrismo, islamismo,


sikhismo e a Fé Bahá'í), o tremo “Deus” refere-se à ideia de
um ser supremo, infinito, perfeito, criador do universo, que
seria a causa primária e o fim de todas as coisas. Os povos
da mesopotâmia o chamavam pelo Nome, escrito
em hebraico como ‫( יהוה‬o Tetragrama YHVH). Mas com o
tempo deixaram de pronunciar o seu nome diretamente,
apenas se referindo por meio de associações e abreviações,
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“A verdade em verdade vos digo”

ou através de adjetivos como "O Salvador", "O Criador" ou "O


Supremo", e assim por diante.
Um bom exemplo desse tipo de associação, ainda
estão presentes em alguns nomes e expressões hebraicos,
como Rafael ("curado por Deus" - El), e árabes, por
exemplo Abdallah ("servo - abd - de Deus" - Allah).
Muitas das diversas traduções das Bíblias
cristãs grafam a palavra, opcionalmente, com a inicial
em maiúscula, ou em versalete (DEUS), substituindo a
transcrição referente ao tetragrama, YHVH, conjuntamente
com o uso de SENHOR em versalete, para referenciar que
se tratava do impronunciável nome de Deus, que na cultura
judaica era substituído pela pronúncia Adonay.
As principais características deste Deus-Supremo
seriam:
 a Onipotência: poder absoluto sobre todas as
coisas;
 a Onipresença: poder de estar presente em
todo lugar;
 a Onisciência: poder de saber tudo.
Essas características citadas foram reveladas aos
homens através de textos contidos nos Livros Sagrados,
quais sejam:
 o Bagavadguitá, dos hinduístas;
 o Tipitaka, dos budistas;
 o Tanakh, dos judeus;
 o Avesta, dos zoroastrianos;
 a Bíblia, dos cristãos;
 o Livro de Mórmon, dos santos dos últimos dias;
 o Alcorão, dos islâmicos;
 o Guru Granth Sahib dos sikhs;
 o Kitáb-i-Aqdas, dos bahá'ís;

Esses livros relatam histórias e fatos envolvendo


personagens escolhidos para testemunhar e transmitir a
vontade divina na Terra ao povo de seu tempo, tais como:

 Abraão e Moisés, na fé judaica,


cristã e islâmica;
 Zoroastro, na fé zoroastriana;
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“A verdade em verdade vos digo”

 Krishna, na fé hindu;
 Buda, na fé budista;
 Jesus Cristo, na fé cristã e islâmica;
 Maomé, na fé islâmica;
 Guru Nanak, no sikhismo,
 Báb e Bahá'u'lláh, na fé Bahá'í

Nomes de Deus

As fés monoteístas acreditam que há e só pode


haver um único ser supremo.
No politeísmo acredita-se na coexistência de
diversas deidaddes (ou divindades). As concepções destes
seres variam enormemente em cada cultura, mas a palavra
Deus em português (e de traduções em línguas neolatinas é
referida para designar todos estes conceitos.

Religiões abraâmicas

Religião abraâmica, também referido


como monoteísmo do deserto, é uma designação genérica
para as religiões que derivam da tradição semítica que têm
na figura do patriarca Abraão o seu marco referencial
inicial. Stricto sensu as religiões consideradas abraâmicas
são: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Muitos nomes de
Deus são comuns entre as três religiões, principalmente
entre o Judaísmo e o Cristianismo, já que este é derivado
daquele.
Judaísmo

Javé ou Jehová sãolo calizações comuns do nome


pessoal de Deus baseados bo tetragrama hebraico.
A maior parte das Bíblias cristãs modernas
removeu este nome em quase todas as sete mil ocorrências
contidas nas Escrituras Hebraicas, normalmente usando a
palavra Senhor ou uma alternativa semelhante.
A remoção foi causada num determinado período,
por uma tradição[1], criada por judeus copistas, que passaram
a ter receio de que o nome sagrado fosse usado ou

20
“A verdade em verdade vos digo”

pronunciado de modo indevido ou sem o devido respeito


pelas pessoas que tivessem acesso aos textos sagrados.
Mais uma variação ou “conserto” em Deus.

Tetragrama

O Tetragrama Sagrado YHVH ou YHWH (mais


usado), (‫יהוה‬, na grafia original, o hebraico), refere-se ao
nome do Deus de Israel em forma escrita já transliterada e,
pois, latinizada, como de uso corrente na maioria das
culturas atuais. A forma da expressão ao declarar o nome de
Deus YHVH ou JHVH (na forma latinizada) deixou de ser
utilizada a milhares de anos, pois na pronuncia correta do
hebraico original (que é declarada como uma língua quase
que completamente extinta). As pessoas perderam ao longo
das décadas a capacidade de se pronunciar de forma
satisfatoria e correta, pois a língua precisaria se curvar
(dobrar) de uma forma em que especialistas no assunto
descreveriam hoje em dia como impossível. Originariamente,
em aramaico e hebraico, era escrito e lido horizontalmente,
da direita para esquerda ‫ ;יהוה‬ou seja, HVHY. Formado por
quatro consoantes hebraicas — Yud ‫ י‬Hêi ‫ ה‬Vav ‫ ו‬Hêi ‫ ה‬ou
‫יהוה‬, o Tetragrama YHVH tem sido latinizado para JHVH já
por muitos séculos.
Algumas versões da Bíblia, traduzem e
transcrevem o Tetragrama como Javé, e algumas outras
como Jeová: A King James Version (autorizada), 1611:
 Transcreve quatro vezes como o nome
pessoal do Deus (todos em textos considerados de
importância),por
exemplo, Êxodo 6:3; Salmo 83:18; Isaías 12:2 26:4;e três
vezes junto a nomes de lugares: Gênesis 22:14; Êxodo
17:15 e Juízes 6:24. A Versão de Padrão Americana,
edição 1901:
 Traduz consistentemente o Tetragrama
como Je-ho’vah em todos os 6.823 lugares onde ocorre
nas Escrituras Hebraicas.
 A Nova bíblia Inglesa:
 Publicada pela imprensa da Universidade
de Oxford, 1970, por
21
“A verdade em verdade vos digo”

exemplo Génesis 22:14; Êxodo 3:15,16; 6:3;


17:15; Juízes 6:24 ;
 A Bíblia Viva: Publicada Tyndale House,
Illinois 1971, por exemplo Génesis 22:14, Êxodo 4:1-27;
Deuteronio 4;19;5;6;5;Levítico 36:
 Deuteronômio 4:29,39;5:5,6; Juízes 6:16,
24; Salmos 83:18 110:1; Isaías 10:1 45.1 18;
 A Versão de João Ferreira de Almeida,
a Almeida Revista e Corrigida, de 1693:
 Empregou milhares de vezes na forma
JEHOVAH, como se pode ver na reimpressão, de 1870,
da edição de 1693. A Edição Revista e Corrigida (1954)
retém o Nome em sua forma moderna (Jeová) em lugares
tais como Salmo 83:18; Isaías 12:2 dentre outros, e
extensivamente, no livro de Isaías, Jeremias e Ezequiel.
 La Santa Bíblia - Version Reina-
Valera (1909):
 Traduz quase todas as vezes
integralmente como Jehova.
 A Tradução do Novo Mundo das
Escrituras Sagradas:
 Publicada pela Sociedade Torre de Vigia
de Bíblias e Tratados, New York, Inc., 1961 e revisada
em 1984. Traduz o Tetragrama quase 7.000 vezes.
Alguns grupos religiosos, como as Testemunhas
de Jeová, aceitam a tradução do Tetragrama como Jeová,. E
esta tradução passou a ser usada entre alguns grupos
cristãos quando a pronúncia exata de (‫ )יהוה‬ainda é
desconhecida. Já alguns grupos evangélicos aceitam
unicamente o nome Javé como correto. Algumas traduções
católicas traduzem para Javé.

Lista de títulos e nomes de Deus (Judaico-


Cristãos)

Aará - Meu Pastor


Adon Hakavod - Rei da Glória
Adonay (‫ )חשם‬- Senhor
Attiq Yômin - Antigo de Dias
Divino Pai Eterno - uma concepção a Deus Pai El (‫ )אל‬- Deus
22
“A verdade em verdade vos digo”

"Aquele que vai adiante ou começa as coisas"


El-Berit - Deus que faz pacto ou aliança
El Caná - O Deus Zeloso
El Deot - O Deus das Sabedorias
El Elah - Todo Poderoso
El Elhôhê Israel- Deus de Israel
El-Elyon (‫)עליון אל‬- Deus que faz pacto ou aliança
El-Ne'eman - Deus de graça e misericórdia
El-Nosse - Deus de compaixão
El-Olan (‫)םאל על‬- Deus eterno, da eternidade
El-Qana - Deus zeloso
El Raí - O Deus que tudo vê
El-Ro'i - Deus que vê (da vista)
El-Sale'i - Deus é minha rocha, o meu refúgio
El-Shadday (‫)שרי על‬- Deus Todo-Poderoso
Eliom - Altíssimo
Elohim – (plural) (‫)אלחים‬- Deus; Criador "implícito o poder
criativo e a onipotência"
Eloah – (singular) (‫)ה׀לא‬- Deus; Criador "implícito o poder
criativo e a onipotência"
Gibbor - Poderoso
Há'Shem – (‫)השם‬- O Nome - Senhor - o mesmo que YHVH
Jehoshua - Javé (ou Jehová) é a Salvação
Javé Jire - também conhecido como Deus de Abraão, Isaque
e Jacó.
Kadosh - Santo
Kadosh Israel - Santo de Israel
Malah Brit - O Anjo da Aliança
Maor - Criador da Luz
Margen - Protetor
Mikadiskim - Que nos santifica
Palet - Libertador
Rofecha - Que te sara
Salvaon - Senhor Todo-Poderoso
Shadday (‫ )שרי‬- Todo Poderoso
Shaphatar - Juiz
Yahweh - Javé
Yaveh (Ha'Shem) El Elion Norah - O Senhor Deus Altíssimo
é Tremendo
Yaveh (Ha'Shem) Tiçavaot - Senhor das Hostes Celestiais
23
“A verdade em verdade vos digo”

Yeshua - Jesus o Nome sobre todo o Nome


YHWH – (‫ )יהוה‬- Tetragrama; Um nome difícil, quase
impronunciável, de Deus; quase sempre traduzido
por Senhor.
Yehoshua - (Jesus)é o Salvador
Javé - (Ha'Shem) é a Salvação
YHWH (Ha'Shem) Eloheka - O Senhor teu Deus
YHWH (Ha'Shem) Elohim – (‫ )יהוה אלהים‬- Senhor (criador) de
todas as coisas
YHWH (Ha'Shem) Hosseu - O Senhor que nos criou
YHWH (Ha'Shem) Jaser - O Senhor é Reto
YHWH (Ha'Shem) Jireh – (‫ )יהוה ידח‬- O Senhor proverá –
Deus proverá
YHWH (Ha'Shem) Nissi – (‫ )יהוה נסי‬- O Senhor é a Minha
Bandeira
YHWH (Ha'Shem) Raah – (‫ )יהוה דעה‬- O Senhor é o Meu
Pastor
YHWH (Ha'Shem) Rafa – (‫ )יהוה דפה‬- O Senhor que te sara
YHWH (Ha'Shem) Sabaoth – (Sebhãôh) – (‫ )יהוה צכאח‬-
Senhor dos Exércitos
YHWH (Ha'Shem) Shalom – (‫ )יהוה שלום‬- O Senhor é Paz
YHWH (Ha'Shem) Shammah – (‫ )יהוה שמה‬- O Senhor está
presente; O Senhor está ali.
YHWH (Ha'Shem) Tsidikenu – (‫ )יהוה צדקנו‬- Senhor
Justiça nossa; O Senhor é a nossa Justiça.
Yochanan (Yehochanan)- João - no sentido de
Deus se compadeceu, Deus teve misericórdia Vários dos
termos acima mencionados são títulos aplicados ao nome
divino, como Shadday (Todo Poderoso), e outros termos. A
palavra El em hebraico significa literalmente "forte",
"poderoso", comumente traduzido pelo título "Deus".
Predominantemente, nas referências feitas nas Escrituras
Hebraicas (Velho Testamento) mencionando a identificação
do nome de Deus (Ex.: Sal. 83:18; Amós 5:8; Isaías 42:8,
etc.), é utilizado o tetragrama ‫יהוה‬, comumente traduzido por
Iavé, Javé, ou Jeová. Nem todas estas traduções são aceitas
por todos os cristãos.

Islamismo

24
“A verdade em verdade vos digo”

Allah (Alá) é o nome mais frequente de Deus


no islamismo. Originalmente a palavra significava apenas "o
Deus" em língua árabe e era usada em épocas pré-islâmicas
para se referir à divindade pagã adorada
em Meca. Allah vem de uma junção de "al" e "illah", que
significa "o deus - na sua forma masculina" e está
paralelamente ligada à forma feminina "al" e "ilaha",
formando o termo Allat, que significa "a deusa". Illah também
significa divindade ou ainda deus. Allah pode ser ainda
formada da junção "al" e "lah", "que significa o único deus" ou
"a única divindade".
Sempre mencionam a expressão Allah U Akbar,
ou seja, Deus é grande (poderoso, único), sempre que
conseguem vencer, principalmente uma guerra ou batalha.
Agora outro impressionante rol de nomes de
Deus, somente na religião Islâmica ou em língua árabe:

Noventa e nove nomes de Alá

Os Noventa e Nove Nomes conhecidos de Alá, al-


asmā' al-husnà ou os melhores nomes são expressões de
louvor e reverência da tradição islâmica que indicam
atributos do ser supremo.
O conjunto dos 99 nomes de Deus recebe em
árabe o nome de al-asmā' al-husnà ou "os melhores nomes".
Algumas tradições afirmam que existe um centésimo nome,
que é objeto de especulações místicas.
Não contentaram com uma só denominação para
Deus, e cada tribo, região, pregador ou até mesmo profeta,
produziu um som diferente. Criou um nome diferente.
Nada que não seja até normal num mundo com
tantas distâncias terrenas, as vozes chegavam atrazadas, ou
chegavam pelos mais variáveis pregadores. Assim como em
qualquer outra religião, temos variações de nomes e de
termos ou citações. Sem contar, claro, com as inúmeras
interpretações. Por isso, o tanto de religiões dentro de uma
religião.

Lista dos nomes

25
“A verdade em verdade vos digo”

Os 99 nomes de Deus, de acordo com a tradição


islâmica são:
1. Alá (‫ )هللا‬O Deus
2. Al Rahman (‫ )ال•••••رحمن‬O Compassivo; O
Beneficente
3. Al Rahim (‫ )الرحيم‬O Clemente; O Misericordioso
4. Al Malik (‫ )الملك‬O Soberano
5. Al Quddus (‫ )القدوس‬O Sagrado
6. Al Salam (‫ )السالم‬A Fonte da Paz
7. Al Mu'min (‫ )المؤمن‬O Guardião da Fé; A Fonte da

8. Al Muhaymin (‫ )المهيمن‬O Protetor
9. Al 'Aziz (‫ )العزيز‬O Poderoso (Onipotente)
10. Al Jabbar (‫ )الجب••ار‬O Irresistível; O que
Compele
11. Al Mutakabbir (‫ )المتكبر‬O Majestoso
12. Al Khaliq (‫ )الخالق‬O Criador
13. Al Bari' (‫ )البارئ‬O que Faz evolui; O que
Concebe
14. Al Musawwir (‫ )المص••ور‬O Formador; O
Modelador
15. Al Ghaffar (‫ )الغفار‬O que Perdoa
16. Al Qahhar (‫ )القهار‬O Dominador
17. Al Wahhab (‫ )الوهاب‬O Doador
18. Al Razzaq (‫ )الرزاق‬O Provedor
19. Al Fattah (‫ )الفتاح‬O que abre
20. Al Alim (‫ )العليم‬O que Tudo Sabe; O
Omnisciente
21. Al Qabid (‫ )القابض‬Aquele que Constringe
22. Al Basit (‫ )الباس•••ط‬O que Expande; O
Magnânimo
23. Al Khafid (‫ )الخافض‬O que Rebaixa
24. Al Rafi' (‫ )الرافع‬O que Exalta
25. Al Mu'izz (‫ )المعز‬O que Honra
26. Al Mudhill (‫ )المذل‬O que Desonra
27. Al Sami' (‫ )السميع‬O que Tudo Ouve
28. Al Basir (‫ )البصير‬O que Tudo Vê
29. Al Hakam (‫ )الحكم‬O Juiz
30. Al 'Adl (‫ )العدل‬O Justo
31. Al Latif (‫ )اللطيف‬O Sutil
26
“A verdade em verdade vos digo”

32. Al Khabir (‫ )الخبير‬O Ciente; O Desperto


33. Al Halim (‫ )الحليم‬O Clemente; O Delicado
34. Al 'Azim (‫ )العظيم‬O Magnificiente; O Infinito
35. Al Ghafur (‫ )الغفور‬O que Tudo Perdoa
36. Al Shakur (‫ )الشكور‬O Apreciador
37. Al 'Ali (‫ )العلى‬O Mais Alto
38. Al Kabir (‫ )الكبير‬O Maior
39. Al Hafiz (‫ )الحفيظ‬O Preservador
40. Al Muqit (‫ )المقيت‬O que Sustenta
41. Al Hasib (‫ )الحسيب‬O que Reconhece
42. Al Jalil (‫ )الجليل‬O Sublime
43. Al Karim (‫ )الكريم‬O Generoso
44. Al Raqib (‫ )الرقيب‬O Vigilante
45. Al Mujib (‫ )المجيب‬O que Responde
46. Al Wasi' (‫ )الواسع‬O que Tudo Abarca
47. Al Hakim (‫ )الحكيم‬O Sábio
48. Al Wadud (‫ )الودود‬O Amante
49. Al Majid (‫ )المجيد‬O Glorioso
50. Al Ba'ith (‫ )الباعث‬O que Ressuscita
51. Al Shahid (‫ )الشهيد‬A Testemunha
52. Al Haqq (‫ )الحق‬A Verdade, Aquele que é
Real
53. Al Wakil (‫ )الوكي•••••ل‬O Confiável; O
Depositário
54. Al Qawiyy (‫ )القوى‬O Mais Forte
55. Al Matin (‫ )المتين‬O Firme, o Leal
56. Al Wali (‫ )ال•••ولى‬O Amigo Protetor, O
Patrono e Ajudante
57. Al Hamid (‫ )الحميد‬O Digno de Louvor
58. Al Muhsi (‫ )المحص•••ى‬O Calculador, O
Numerador de Tudo
59. Al Mubdi' (‫ )المب••دئ‬O que Dá Origem; O
Produtor; O Originador e Iniciador de Tudo
60. Al Mu'id (‫ )المعيد‬O Restaurador; Que Traz
Tudo de Volta
61. Al Muhyi (‫ )المحيى‬o Doador da Vida
62. Al Mumit (‫ )المميت‬O Criador da Morte, O
Destruidor
63. Al Hayy (‫ )الحي‬O Eterno Vivente

27
“A verdade em verdade vos digo”

64. Al Qayyum (‫ )القيوم‬O Auto-Subsistente; O


que a Tudo Sustém
65. Al Wajid (‫ )الواجد‬O que Encontra; O que
Percebe; O Infalível
66. Al Majid (‫ )الماجد‬O Nobre; O Magnificente
67. Al Wahid (‫ )الواحد‬O Único; O Indivízível
68. Al Samad (‫ )الص•••••مد‬O Eterno; O
Impregnável
69. Al Qadir (‫ )القادر‬O Capaz
70. Al Muqtadir (‫ )المقتدر‬O Mais Poderoso; O
Dominante; O que Tudo Determina
71. Al Muqaddim (‫ )المقدم‬O que Adianta; O que
Apressa
72. Al Mu'akhkhir (‫ )الم••ؤخر‬O que Atrasa; O
que Retarda
73. Al Awwal (‫ )األول‬O Primeiro
74. Al Akhir (‫ )األخر‬O Último
75. Al Zahir (‫ )الظاهر‬O Manifesto
76. Al Batin (‫ )الباطن‬O Oculto
77. Al Wali (‫ )الوالي‬O que Governa; O Patrão
78. Al Muta'al (‫ )المتعالي‬O Mais Elevado
79. Al Barr (‫ )البر‬A Fonte da Bondade; O Mais
Generoso e Correto
80. Al Tawwab (‫ )الت•••واب‬O que Aceita o
Arrependimento
81. Al Muntaqim (‫ )المنتقم‬O Vingador
82. Al 'Afuww (‫ )العفو‬O que Perdoa
83. Al Ra'uf (‫ )الرؤوف‬O Compassivo
84. Malik al Mulk (‫ )الملك( )مالك‬O Detentor de
Toda A Majestade; O Eterno Detentor da Soberania
85. Dhu al Jalal wa al Ikram (‫)ذو الجالل و اإلكرام‬
O Senhor da Majestade e da Generosidade
86. Al Muqsit (‫ )المقسط‬O Equitativo
87. Al Jami' (‫ )الج••امع‬O que Reúne; o que
Unifica
88. Al Ghani (‫ )الغ•••نى‬O Auto-Suficiente; O
Independente; O Possuidor de Todas as Riquesas
89. Al Mughni (‫ )المغ••نى‬O Enriquecedor; O
Emancipador

28
“A verdade em verdade vos digo”

90. Al Mani'(‫ )الم••انع‬O que Impede; O que


Defende
91. Al Darr (‫ )الض••••••ار‬O que Causa
Preocupações (Esse atributo só pode ser encontrado
nas hadith. No Corão esse atributo é usado exclusivamente
para Satã na Súra 58, verso 10)
92. Al Nafi' (‫ )النافع‬O que Beneficia
93. Al Nur (‫ )النور‬A Luz
94. Al Hadi (‫ )الهادئ‬O Guia
95. Al Badi (‫ )الب••••ديع‬O Incomparável, O
Originador
96. Al Baqi (‫ )الباقي‬O Perpétuo
97. Al Warith (‫ )الوارث‬O Herdeiro Supremo
98. Al Rashid (‫ )الرشيد‬O Guia para o Caminho
Reto, O Professor Infalível, O Conhecedor
99. Al Sabur (‫ )الصبور‬O Paciente, O Eterno

* * Transliteração, árabe, sem tradução em


Português:

1. Al Latif (‫)اللطيف‬
2. Al Khabir (‫)الخبير‬
3. Al Halim (‫)الحليم‬
4. Al 'Azim (‫)العظيم‬
5. Al Ghafur (‫)الغفور‬
6. Al Shakur (‫)الشكور‬
7. Al 'Ali (‫)العلى‬
8. Al Kabir (‫)الكبير‬
9. Al Hafiz (‫)الحفيظ‬
10. Al Muqit (‫)المقيت‬
11. Al Hasib (‫)الحسيب‬
12. Al Jalil (‫)الجليل‬
13. Al Karim (‫)الكريم‬
14. Al Raqib (‫)الرقيب‬
15. Al Mujib (‫)المجيب‬
16. Al Wasi' (‫)الواسع‬
17. Al Hakim (‫)الحكيم‬
18. Al Wadud (‫)الودود‬
19. Al Majid (‫)المجيد‬
20. Al Ba'ith (‫)الباعث‬
29
“A verdade em verdade vos digo”

21. Al Shahid (‫)الشهيد‬


22. Al Haqq (‫)الحق‬
23. Al Wakil ‫الوكيل‬
24. Al Qawiyy (‫)القوى‬
25. Al Matin (‫)المتين‬
26. Al Wali (‫)الولى‬
27. Al Hamid (‫)الحميد‬
28. Al Muhsi (‫)المحصى‬
29. Al Mubdi' (‫)المبدئ‬
30. Al Mu'id (‫)المعيد‬
31. Al Muhyi (‫)المحيى‬
32. Al Mumit (‫)المميت‬
33. Al Hayy (‫)الحي‬
34. Al Qayyum (‫)القيوم‬
35. Al Wajid (‫)الواجد‬
36. Al Majid (‫)الماجد‬
37. Al Wahid (‫)الواحد‬
38. Al Samad (‫)الصمد‬
39. Al Qadir (‫)القادر‬
40. Al Muqtadir (‫)المقتدر‬
41. Al Muqaddim (‫)المقدم‬
42. Al Mu'akhkhir (‫)المؤخر‬
43. Al Awwal (‫)األول‬
44. Al Akhir (‫)األخر‬
45. Al Zahir ‫)الظاهر‬
46. Al Batin (‫)الباطن‬
47. Al Wali (‫)الوالي‬
48. Al Muta'al (‫)المتعالي‬
49. Al Barr (‫)البر‬
50. Al Tawwab (‫)التواب‬
51. Al Muntaqim (‫)المنتقم‬
52. Al 'Afuww (‫)العفو‬
53. Al Ra'uf (‫)الرؤوف‬
54. Malik al Mulk (‫)الملك( )مالك‬
55. Dhu al Jalal wa al Ikram (‫)ذو الجالل و اإلكرام‬
56. Al Muqsit (‫)المقسط‬
57. Al Jami' (‫)الجامع‬
58. Al Ghani (‫)الغنى‬
59. Al Mughni (‫)المغنى‬
60. Al Mani'(‫)المانع‬
30
“A verdade em verdade vos digo”

61. Al Darr (‫)الضار‬


62. Al Nafi' (‫)النافع‬
63. Al Nur (‫)النور‬
64. Al Hadi (‫)الهادئ‬
65. Al Badi (‫)البديع‬
66. Al Baqi (‫)الباقي‬
67. Al Warith (‫)الوارث‬
68. Al Rashid (‫)الرشيد‬
69. Al Sabur (‫)الصبور‬

Nota-se que com tanta diferença de sons,


sotaques, expressões, dialetos, entendimentos e
compreensões, Deus não é unanimidade entre os povos, já
fazem milênios. Unanimidade como único ser, ou como um
ser.

RESUMO SOBRE DEUS EM DIFERENTES E


DIVERGENTES PONTOS

As concepções sobre Deus têm variado ao longo


do tempo e do espaço, conforme as diferentes culturas que
as adotam. Historicamente é possível encontrar
diversificadas definições sobre a divindade, desde tribos
ancestrais até os princípios dogmáticos das religiões
modernas.
Deus é concebido a maior parte das vezes como o
Criador do Universo, Aquele que tudo rege. Na Teologia Ele
tem sido definido através de atributos como a onisciência, a
onipotência, a onipresença, a suprema bondade, a sagrada
modéstia, o sublime desvelo, Ser transcendente, eterno e
desprovido de corpo, de quem nasce toda a moral. Tanto
judeus quanto cristãos e muçulmanos têm tolerado estes
conceitos com maior ou menor intensidade.
Na Idade Média, vários pensadores, como Santo
Agostinho e Tomás de Aquino, elaboraram teorias
defendendo a existência de Deus, lutando contra ilusórias
incoerências inerentes às qualidades atribuídas à Divindade.
Ao longo da História as ideias sobre Deus revelaram-se bem
diversificadas. Desde o nascimento da Humanidade surgiram
31
“A verdade em verdade vos digo”

as diferentes formas de compreender o Sagrado – como a


percepção abraâmica de Deus, também conhecida como
monoteísmo do deserto; assim se denominam as religiões
provenientes das convenções dos semitas, que têm como
ícone a figura do patriarca Abraão, ou seja, o cabalismo
judaico, o Islamismo e a trindade defendida pelo
Cristianismo.
Outra visão importante de Deus provém dos cultos
indianos, que não são homogêneos em sua forma de
conceber a Divindade, mas se diferenciam de uma doutrina
para a outra, conforme a área da Índia enfocada e a casta
em questão, desde as que possuem uma crença monoteísta
até as que professam o politeísmo. No Budismo Ele não é
percebido do ponto de vista teísta, ou seja, da fé na
existência de um único Deus, criador do Universo, pois
apesar de postular a realidade de vários deuses, esta religião
vê estas entidades tão somente como seres que residem, por
algum tempo, em universos divinos que oferecem aos seus
habitantes uma intensa felicidade, mas que ao mesmo tempo
estão submetidos ao jugo da morte e à ocasional
reencarnação em mundos inferiores.
Hoje aparecem novos conceitos sobre Deus, como
a Teologia do Processo ou Teologia Neoclássica, segundo a
qual esta entidade não pode ser considerada onipotente se
isto indicar que Ele deve ser repressor, e a Divindade não
seria perfeita se fosse restringida pela presença de
determinados atributos, entre outros princípios; e o Teísmo
Aberto, teologia que rejeita a onipotência, a onipresença e a
onisciência de Deus.
No Ocidente, atualmente, chega-se a autores que
defendem a morte de deus, na verdade não do Ser em si,
mas do conceito que predomina sobre a Divindade na esfera
ocidental, revelando o desencanto do mundo, no sentido da
ideia defendida pelo filósofo Max Weber. Isto significa que a
ideia sobre o Divino estaria exilada dos distintos círculos da
existência humana, tanto do social quanto do pessoal.
Alguns também lançam hipóteses sobre uma
origem extraterrena de Deus, na linhagem de escritores
como Erich Von Däniken, autor de Eram os Deuses
Astronautas, enquanto outros, como o também escritor de
32
“A verdade em verdade vos digo”

ficção científica, Arthur C. Clarke, defendem a possibilidade


Dele ser futuramente gerado pelo Homem, como uma
espécie de inteligência artificial. Há igualmente estudiosos
que consideram as religiões e, portanto, Deus, nada mais do
que mitos, frutos do medo da morte e daquilo que não se
conhece.
A visão científica condena os dogmas, rejeitando
assim as religiões que se baseiam nestes princípios, os quais
vão contra as mais recentes descobertas científicas, e assim
não atualizam seus postulados, o que gera um inevitável
confronto entre a Ciência e a Religião. Até mesmo os que
têm fé em Deus hoje questionam determinados
ensinamentos dogmáticos transmitidos pelas crenças que
neles se fundamentam, o que abre um vasto campo para o
crescimento do materialismo e do ateísmo declarado. As
religiões atingem neste momento um impasse nunca antes
vivenciado, pois o desenvolvimento tecnológico invalida, em
nossos dias, muitos dos dogmas até agora considerados
verdadeiros alicerces das crenças partidárias do
dogmatismo.
Este texto escrito por Escrito por H. Wayne House,
traduzido por mim, revela certas definições, de acordo com
várias religiões:
Ao longo de dois milênios, a igreja cristã sempre
manteve uma unidade essencial concernente à natureza de
Deus como proclamado nos credos, sermões e livros. Assim
como é revelado na Bíblia Sagrada, Deus é ilimitado em seus
atributos, contudo pessoal em sua relação com a criação.
Além disso, essa Deidade infinito-pessoal é indivisível em
sua natureza e essência, não obstante existir eterna e
simultaneamente como Pai, Filho e Espírito Santo.
Várias falsas religiões na história da igreja,
inclusive alguns grupos contemporâneos, repudiaram o
verdadeiro conhecimento de Deus apresentado pela Bíblia.
Esses erros geralmente consistem em mudanças
extremistas. Geralmente, os cultos e religiões veem Deus
como infinito, mas não pessoal, ou pessoal, mas não infinito.
Outros cultos e religiões negam a doutrina da Trindade,
compreendendo o divino como consistindo em vários deuses
e, quando não, interpretam a divindade como meras
33
“A verdade em verdade vos digo”

manifestações de uma só pessoa, ou ainda negando a


legítima divindade de Jesus e do Espírito Santo.
Recentemente, até mesmo alguns evangélicos
têm abraçado algumas dessas perspectivas incorretas sobre
Deus. A razão para os erros que surgiram é a tentativa de se
entender Deus sem a ajuda da revelação divina, ou seja, a
razão humana combatendo contra a revelação clara de Deus
encontrada nas Sagradas Escrituras. Assim, estas
compreensões desequilibradas e heréticas acerca de Deus
somente poderão ser evitadas se as pessoas permitirem que
a Bíblia dê seu veredicto, não forçando a interpretação para
que haja uma conformação com a razão humana, mas
aceitando sua sentença como revelação divina. Este foi o
testemunho da igreja ortodoxa pelos séculos e deve ser
nossa posição hoje.

Existência de Deus

Há duas maneiras de estudar e procurar resolver o


problema da existência de Deus.
O primeiro consiste em eliminar a hipótese Deus
do campo das conjecturas plausíveis ou necessárias, por
meio de uma explicação clara e precisa, isto é, por meio de
uma exposição de um sistema positivo do Universo, das suas
origens, dos seus desenvolvimentos sucessivos, dos seus
fins. Esta exposição inutilizaria a ideia de Deus e destruiria
antecipadamente a base metafísica em que se apoiam os
teólogos e os filósofos espiritualistas.
Dado, porém, o estado atual dos conhecimentos
humanos, em tudo o que tem sido demonstrado ou passa a
demonstrar-se, verificado ou verificável, somos forçados a
concluir que nos falta esta exposição e que não existe um
sistema positivo do Cosmos. Existem, é certo, várias
hipóteses engenhosas que não se chocam com o razão;
sistemas mais ou menos aceitáveis que se apoiam numa
série de investigações, que se baseiam na multiplicidade de
observações contínuas e que dão um caráter de
probabilidade impressionante. Também se pode afirmar, sem
receio de ser desmentido, que esses sistemas, essas
hipóteses, suportam vantajosamente as asserções deístas.
34
“A verdade em verdade vos digo”

Mas a falar a verdade, não há, sobre este posto, senão teses
que não possuem ainda o valor da exatidão cientifica; cada
um, no fim das contas, tem a liberdade de preferir tal ou qual
sistema a um outro que lhes é oposto; e a solução do
problema assim apresentado afigura-nos, pelo menos na
atualidade, cheio de reservas.
Os adeptos de todas as religiões aproveitam
assim as vantagens que lhes oferece o estudo deste
problema, bem árduo e bem complexo, não para o resolver
por meio de afirmações concretas ou de raciocínios
admissíveis, mas tão somente para perpetuar a dúvida no
espírito de seus correligionários, que é, para eles, o ponto de
capital importância.
E nesta luta titânica entre o materialismo e o
deísmo, luta em que as duas teses opostas se empenham e
se reforçam para conseguir o triunfo, os deístas recebem
rudes golpes; e, conquanto se encontrem numa postura de
vencidos, ainda tem a petulância de se apresentar à multidão
ignara como dignos cantores da vitória! Uma prova
concludente do seu procedimento baixíssimo encontramo-la
na maneira como se exprimem nos jornais da sua devoção; e
é com essa comédia que procuram manter, com cajado de
pastor, a imensa maioria do rebanho. Também é isto que
desejam ardentemente esses maus pastores.
Todavia, há uma segunda maneira de estudar e
de tentar a resolução da inexistência de Deus: consiste em
examinar a existência de Deus que as religiões apresentam à
adoração dos crentes.
Suponhamos que se nos depara um indivíduo
sensato e refletido, que admite a existência de Deus, um
Deus que não está envolto em nenhum mistério, um Deus
que não se ignora nenhuma particularidade, um Deus que
lhe confiou todo o seu pensamento e lhe transmitiu todas as
suas confidências, e que nos diz:
Ele fez isto e aquilo, e ainda isto e aquilo. Ele tem
precedido e falado com tal fim e com tal razão. Ele quer tal
coisa, mas também quer tal outra coisa. Ele recompensará
tais ações, mas punirá tais outras. Ele fez isto e quer aquilo,
porque é infinitamente sábio, infinitamente justo,
infinitamente poderoso, infinitamente bom!
35
“A verdade em verdade vos digo”

Ah! Que felicidade! Ora aqui está um Deus que se


faz conhecer. Abandona o império do inacessível, dissipa as
nuvens que o rodeiam, desce das alturas, conversa com os
mortais, expõe-lhes o seu pensamento, revela-lhes a sua
vontade e confia a alguns privilegiados a missão de
espalharem a sua Doutrina, de propagarem a sua Lei, de a
representarem enfim, cá em baixo, com plenos poderes para
mandarem no Céu e na Terra.
Este Deus não é, com certeza, o Deus Força,
Inteligência, Vontade, Energia, que, como tudo o que é
Energia, Vontade, Inteligência, Força, pode ser
alternadamente, segundo as circunstancias e, por
consequência, indiferentemente, bom ou mau, útil ou inútil,
justo ou iníquo, misericordioso ou cruel. Este Deus é o Deus
em que tudo é perfeição e cuja existência não é nem pode
ser compatível - visto que ele é perfeitamente sábio, justo,
bom, misericordioso - senão com um estado de coisas criado
por ele e no qual se afirmariam a sua infinita justiça, a sua
infinita sabedoria, o seu infinito poder, a sua infinita bondade
e a sua infinita misericórdia.
Este Deus é o Deus que, por meio de catecismo,
nos insuflam no cérebro quando somos crianças; é o Deus
vivo e pessoal, em honra do qual se erguem templos, a quem
se rezam orações em borda, por quem se fazem sacrifícios
estéreis e a quem pretendem representar, na Terra, todos os
clérigos, todas as castas sacerdotais.
Este Deus não é o “desconhecido”, essa força
enigmática, essa potência impenetrável, essa inteligência
incompreensível, essa energia incognoscível, esse princípio
misterioso: hipótese, enfim, que no meio da impotência para
explicar o “como” e o “porquê” das coisas, o espírito do
homem aceita complacente. Este Deus também não é o
Deus especulativo dos metafísicos: é o Deus que os seus
representantes nos tem descrito abundantemente e
luminosamente detalhado. É o Deus das religiões, e como
estamos na França, é o Deus dessa religião que a quinze
séculos domina o nossa história: a religião católica ou cristã.
É o Deus que nego e que vou discutir. É o Deus que
estudaremos, se quisermos obter, desta exposição filosófica,
algum proveito e algum resultado prático.
36
“A verdade em verdade vos digo”

A dúvida persiste...

Tomemos como ponto de partida, o fato de o


Homem ser mentalmente livre, ou seja, dotado de livre
arbítrio.
Este fato, aparentemente simples, poderá explicar
a razão pela qual Deus não se mostra através de expressões
evidentes, dando lugar ao conceito de fé.
Se Deus se mostrasse visivelmente, não seríamos
verdadeiramente livres, mas apenas bem ou mal
comportados, mais ou menos disciplinados.
Sem a certeza da existência de Deus, existe lugar
para a consciência, para opção entre o Bem e o Mal. Se a
existência de Deus fosse evidente, não teríamos esta
liberdade.
Grande parte dos que que não têm fé, baseiam-se
no fato de não acreditarem no que não veem. Se vissem,
porém, não eram livres.
Esta argumentação não prova a existência de
Deus, mas elimina racionalmente um dos motivos principais
pelo qual muitas pessoas não acreditam na existência de
Deus.
Poderá então deduzir-se que a existência de Deus
não é demonstrável pela razão humana, caso contrário
estaríamos perante uma contradição com o ponto anterior,
pois Deus não se mostrava, mas permitia que fosse provada
a sua existência, caindo novamente na situação de ausência
de livre arbítrio.
Sem a referida liberdade, o Homem teria uma
dignidade mais reduzida, cujo mérito se restringiria à
capacidade de cumprir melhor ou pior, os preceitos
decorrentes de uma determinada noção de Bem e de Mal.
Essa noção não seria necessariamente idêntica
em todos os seres humanos nem sequer coincidente com a
37
“A verdade em verdade vos digo”

atual. Ainda assim é altamente provável que, qualquer que


fosse o grupo social considerado, existisse uma moral
vigente, por duas razões elementares que poderão não ser
dissociáveis: por surgir de modo instintivo e/ou por constituir
condição indispensável para o funcionamento e
sobrevivência desse grupo social. Dado que estamos a supor
a ocorrência de manifestações evidentes da existência de
Deus, a noção de Bem e de Mal seria também
provavelmente influenciada pela forma que essas
manifestações tomassem.
Nesse contexto, e independentemente dos
parâmetros que regessem o comportamento considerado
correto, seria evidente que Deus, o Criador por definição,
“desejaria” que esse conjunto de regras fossem cumpridas
da melhor maneira possível pois tal asseguraria uma maior
prosperidade da sua Criação e portanto seria também
evidente, ou pelo menos altamente receado, que viesse a ser
feita justiça, após a vida, quanto ao maior ou menor
cumprimento dessa moral vigente.
Podemos então interrogar-nos se a possibilidade
do Mal, não será apenas uma consequência indispensável
para o livre arbítrio que foi concedido aos homens e, como foi
dito, para a sua dignidade.
Consideremos as seguintes questões: O Universo
é finito ou infinito? E o tempo?
Não conseguimos imaginar nem uma coisa nem
outra. Não conseguimos sequer perceber integralmente o
conceito de infinito ou a sua aplicação a qualquer situação
real. Também a idealização de um Universo finito gera
paradoxos que não nos é possível resolver.
No entanto, estas questões têm sentido e as
respectivas respostas teriam impacto em múltiplas áreas do
conhecimento. As consequências da incapacidade do
Homem em apreender o conceito de infinito poderão ser
largamente estendidas, ao ponto de levantar a hipótese de
38
“A verdade em verdade vos digo”

este constituir a pedra angular das grandes interrogações e


paradoxos com que a Humanidade se depara.
Se a nossa percepção de espaço e tempo está
posta em causa através desses aparentes paradoxos, como
podemos achar que a racionalidade explica tudo e deve
reger, de modo exclusivo, a nossa cosmo-visão?
Cientes deste fato, deveríamos abrir a
possibilidade de integrar nos nossos raciocínios lógicos,
conceitos não demonstráveis e habitualmente tidos por não
objetivos, tais como a Fé, a Verdade, a Bondade ou porque
não, a Beleza ou o Amor.
Numa era em que o uso da razão constitui um
verdadeiro dogma, é conveniente demonstrar que a sua
utilização exclusiva se traduz numa visão limitada sobre a
realidade ainda que este excesso de objetividade constitua
historicamente uma reação a atitudes, que a antecederam,
em que a sua falta conduzia a perspectivas não menos
limitadas.
Os números imaginários poderão também ajudar a
compreender o conceito de fé.
Resumidamente, um número imaginário foi
definido matematicamente como sendo aquele cujo produto
por si próprio dá o resultado de -1 ou, o mesmo é dizer, a raiz
quadrada de -1. Claro que este número não existe porque
tanto -1 x -1 como 1 x 1 dão o resultado de 1. Podemos, no
entanto, definir que esse número (i) existe, e nesse caso
teríamos por consequência que i x i = -1, i + i = 2i, i x –i = 1
ou ainda que e*xi = cos(x) + sin (x)i (equação de Euler, em
que * significa ‘elevado a’), de demonstração mais complexa.
Estas noções constituem um pilar da Matemática.
Não é possível conceber o mundo científico de hoje sem a
descoberta dos números imaginários e a sua aplicação
prática é enorme, não substituível por um qualquer outro
conceito.

39
“A verdade em verdade vos digo”

E tudo isto a partir de algo que não existe,


segundo a nossa compreensão das operações mais básicas
com número inteiros.
A analogia com o conceito de fé, é direta. Se
partirmos do princípio que Deus existe, ainda que contrária à
nossa tendência para não acreditar no que não nos é dado
ver, poderemos chegar a um tipo de conhecimento não
alcançável de outro modo. Segundo o ponto de vista não
crente, estamos a partir de um princípio errado e portanto as
conclusões que daí tirarmos estarão postas em causa. No
entanto, já se viu que com os números imaginários se passa
o mesmo, o que segundo esse mesmo princípio racional nos
dá a legitimidade para o fazer.
E é de fato extraordinário onde se pode chegar,
refletindo a partir desse princípio que Deus existe. É possível
tirar conclusões que poderão naturalmente parecer estranhas
a quem nunca ‘entrou’ por esse caminho. S. Anselmo dizia
que "acreditava para poder saber".
À semelhança das reflexões anteriores, este
raciocínio não prova a existência de Deus mas contesta um
dos argumentos contra a sua inexistência.
A existência de Deus, quando tentada provar pelo
lado afirmativo baseia-se essencialmente na Criação. Quem
criou o que existe?
Não as plantas ou os animais (estes são
certamente uma consequência) mas sim, o Universo. Tudo
começou ao que parece, com uma enorme explosão há 15
mil milhões de anos mas, o que existia antes? Ou então,
‘quem’ a produziu? Ainda que essa explosão tenha resultado
de um sistema cíclico de implosões e explosões de
Universos, ‘quem’ iniciou este ciclo?
‘Sentimos’ instintiva, e também objectivamente, a
necessidade de existência de um Criador, sensação esta que
é totalmente legítima, na medida em que já vimos que a
racionalidade pura será sempre insuficiente neste âmbito.
40
“A verdade em verdade vos digo”

É essa necessidade que poderá estar na origem


da tendência natural e comum entre povos com diferentes
origens, raças e culturas, para acreditarem na existência de
uma entidade sobrenatural.
É notável que a dúvida sobre a existência ou não
de Deus permaneça ao fim de tanto tempo, de séculos de
reflexão. Existem diversas manifestações externas, como
aparições e milagres, mas que se mantêm na fronteira
extremamente estreita de não provarem inequivocamente a
existência de Deus, apenas reforçarem a convicção dos que
acreditam, sem no entanto, forçarem os não crentes a fazê-
lo. Também a evolução científica produz sucessivamente
novas descobertas que até agora nunca colocaram
realmente em causa o lugar da fé.
Não sendo uma prova da existência de Deus,
estes fatos podem constituir um ponto de partida para a
reflexão.
Surge ainda a grande questão do “porquê” ter
Deus criado o Universo, que por sua vez (com ou sem
intervenção divina) gerou homens capazes de decidir sobre o
Bem e o Mal, auto-conscientes, limitados fisica e
mentalmente, e que se questionam sobre a Sua existência.
Esta questão, por não ter uma resposta óbvia, e no entanto
parecer pertinente, afasta algumas pessoas da fé, face à
ausência de um sentido e de um fim para a Criação.
De um ponto de vista racional, seria certamente
mais fácil chegar à ideia de fé se fosse possível compreender
o objetivo da Criação. Mas este conceito humano de uma
determinada ação ter um fim, não é, neste caso, aplicável.
Um ser todo-poderoso, com a capacidade de criar um
Universo, não tem que ter objetivos pois quaisquer que eles
sejam, deverá poder alcançá-los. O porquê de Deus ter
criado o Universo constitui uma questão que não tem que ter
uma resposta e não deverá portanto constituir um argumento
de não-fé.
41
“A verdade em verdade vos digo”

Quem é Deus?

Visto que os encarregados de seus negócios no


Terno tiveram a amabilidade de no-lo descrever com toda a
pompa e luzimento, aproveitemos a fineza e examinemo-lo
de perto, detidamente: para discutir uma coisa, é preciso,
igualmente, conhecê-la bem.
Com um gesto potente e fecundo, este Deus fez
todas as coisas do nada: o ser do não-ser. E, por sua própria
vontade, substituiu o movimento pela inércia, a vida universal
pela morte universal. É um Deus Criador!
Este Deus é o Deus que, terminada a obra da
criação, em vez de volver à inatividade secular, ficando
indiferente à coisa criada, ocupa-se de sua obra,
interessando-se por ela, intervém nela quando o julga
necessário, rege-a, administra-a, governa-a: é um Deus
Governador ou Providência.
Este Deus é o Deus arvorado em Tribunal
Supremo, obriga, depois da morte, a comparecer à sua
presença todos os indivíduos. Uma vez aí, julga-as segundo
os atos de suas vidas; pesa, na balança, as suas boas e más
ações e pronuncia, em último extremo — sem apelo nem
agravo — a sentença que fará do réu, pelos séculos dos
séculos, o mais feliz ou o mais desgraçado dos seres: É um
Deus Justiceiro ou Magistrado.
Logo, este Deus possui todos os atributos; e não é
somente bom: é a Bondade Infinita; não é somente
misericordioso: é a Misericórdia Infinita; não é somente
poderoso: é o Poder Infinito; não é somente sábio: é a
Sabedoria Infinita.
Em conclusão: tal é o Deus que eu nego e que por
doze provas diferentes (em rigor bastaria uma só), vou
demonstrar a inexistência.
Divido os meus argumentos em três séries: a
primeira trataria particularmente do Deus-Criador e compor-
se-á de seis argumentos; o segundo ocupar-se-á do Deus-
Governador ou Providência, e contém quatro argumentos; a
terceira apresentará o Deus-Justiceiro ou Magistrado, em
dois argumentos. Em suma, seis argumentos contra o Deus-
42
“A verdade em verdade vos digo”

Criador, quatro contra o Deus-Governador e dois argumentos


contra o Deus-Justiceiro. Estes doze argumentos constituem
doze provas da inexistência de Deus.
Com este plano das minhas demonstrações será
mais fácil seguir o curso do meu trabalho.
Na primeira série de argumentos: contra o Deus
criador, escrita pelo francês Sebastien Faure (1858 – 1942),
ele esclarece com fortes argumentos os motivos em que são
incoerentes a existência de um deus, mesmo sendo ele um
pouco cômico em muitos comentários:

 1º argumento: O gesto criador é


inadmissível Que se entende por criar?
É tomar materiais diferentes, separados, mas que
existem, e, valendo-se de princípios experimentados e
aplicando-lhes certas regras conhecidas, aproximá-los,
agrupá-los, associá-los, ajustá-los, para fazer qualquer coisa
deles?
Não! Isso não é criar. Exemplos: podemos dizer
que uma casa foi criada? Não, foi construída; podemos dizer
que um móvel foi criado? Não, foi fabricado; podemos dizer
que um livro foi criado? Não, foi composto e depois impresso.
Assim, pegar materiais que já existem e fazer
qualquer coisa com eles não é criar.
Que é, pois, criar?
Criar… com franqueza, encontro-me indeciso para
poder explicar o inexplicável, definir o indefinível. Procurei,
contudo, fazer-me compreender.
Criar é tirar qualquer coisa do nada; é, com nada,
fazer qualquer coisa do todo; é formar o existente do não-
existente.
Ora, eu imagino que é impossível encontrar-se
uma única pessoa dotada de razão que conceba e admita
que do nada se possa tirar e fazer qualquer coisa.
Suponhamos um matemático. Procurai o calculador mais
autorizado; colocai-o diante de uma lousa e pedi-lhe que
escreva zero sobre zeros. Terminada a operação, solicitai-lhe
que os multiplique da forma que entender que os divida até
se cansar, que faça enfim toda a sorte de operações

43
“A verdade em verdade vos digo”

matemáticas, e haveis de ver como ele não extrairá, desta


acumulação de zeros, uma única unidade.
Com nada, nada se pode fazer; de nada, nada se
obtém. É por isso que o famoso aforismo de Lucrécio ex
nihilo nihil é de uma certeza e de uma evidência manifesta. O
gesto criador é um gesto impossível de admitir, é um
absurdo.
Criar é, pois, uma expressão místico-religiosa, que
pode ter algum valor aos olhos das pessoas a que agrada
crer naquilo que não compreendem e a quem a fé que se
impõe tanto mais quanto menos o percebem. Mas devemos
convir que a palavra criar é uma expressão vazia de sentido
para todos os homens cultos e sensatos, para quem uma
palavra só tem valor quando representa uma realidade ou
uma possibilidade.
Consequentemente, a hipótese de um ser
verdadeiramente criador é uma hipótese que a razão
repudia.
O ser criador não existe, não pode existir.

 2º argumento: O “puro espírito” não


podia determinar o Universo
Aos crentes que, a despeito de todo o raciocínio,
se obstinam em admitir a possibilidade da criação, direi que,
em todo o caso, é impossível atribuir esta criação ao seu
Deus. O Deus deles é puro espírito. Portanto, é inteiramente
impossível sustentar-se que o puro espírito, o imaterial, tenha
podido determinar o Universo, o Material.
Eis o porquê:
O puro espírito não está separado do universo por
uma diferença de grau, de quantidade, mas sim por uma
diferença de natureza, de qualidade. De maneira que o puro
espírito não é, nem pode ser, uma ampliação do Universo,
assim como o Universo não é, nem pode ser, uma redução
do puro espírito. Aqui a diferença não é somente uma
distinção; é uma oposição: oposição de natureza —
essencial, fundamental, irredutível, absoluta.
Entre o puro espírito e o Universo não há somente
um fosso mais ou menos largo e profundo, fosso que possa,
a rigor, encher-se ou franquear-se. Não. Entre o puro espírito
44
“A verdade em verdade vos digo”

e o Universo há um verdadeiro abismo, duma profundidade e


de uma extensão tão imensos, que por colossais que sejam
os esforços que se empreguem, não há nada nem ninguém
que consiga enchê-lo ou franqueá-lo.
Reportando-me ao meu raciocínio, desafio o
filósofo mais sutil, bem como o matemático mais consumado,
a estabelecer uma relação, qualquer que ela seja (e, com a
mais forte razão, uma relação tão direta quanto estreita,
como a que liga a causa ao efeito) entre o puro espírito e o
universo.
O puro espírito não suporta nenhuma aliança
material. O puro espírito não tem forma nem corpo, nem
linha, nem matéria, nem proporções, nem extensão, nem
dureza, nem profundidade, nem superfície, nem volume, nem
cor, nem som, nem densidade. Ora, no Universo, tudo é
forma, corpo, linho, matéria, proporção, extensão, dureza,
profundidade, superfície, volume, cor, som, densidade.
Como admitir que isto tenha sido determinado por
aquilo? Impossível.
Chegando a este ponto da minha demonstração, a
conclusão seguinte:
Vimos que a hipótese de um Deus
verdadeiramente criador é inadmissível; que persistindo
mesmo na crença desse poder, não pode admitir-se que o
Universo, essencialmente material, tenha sido determinado
por um puro espírito, essencialmente imaterial.
Mas se os crentes se obstinam em afirmar que foi
o seu Deus o criador do Universo, nos impõe-se o dever de
lhes fazer esta pergunta: segundo a hipótese Deus, onde se
encontrava a Matéria, na sua origem, no seu princípio?
De duas, uma: ou a matéria estava fora de Deus,
ou era o próprio Deus (a não ser que lhe queiram dar um
terceiro lugar). No primeiro caso, se a matéria estava fora de
Deus, Deus não teve necessidade de criá-la, visto que ela já
existia; e, se ela coexistia com Deus, estava
concomitantemente com ele, do que se depreende que Deus
não é o criador.
No segundo caso, se a matéria não estava fora de
Deus, encontrava-se no próprio Deus.
E, daqui, tiro a conclusão seguinte:
45
“A verdade em verdade vos digo”

1º Que Deus não era puro espírito, porque


encerrava em si uma partícula de matéria — e que partícula!
A totalidade dos mundos materiais!
2º Que Deus, encerrando em si próprio a matéria,
não teve a necessidade de criá-la, porque ela já existia.
Assim, existindo a matéria, Deus não fez mais do que retirá-
la de onde estava; e, neste caso, a criação deixa de ser um
ato de verdadeira criação para se reduzir a um ato de
exteriorização.
Nos dois casos não existe, pois, criação.

 3º argumento: O perfeito não pode


produzir o imperfeito
Estou plenamente convencido de que se eu fizer a
um religioso a pergunta: “Pode o imperfeito produzir o
perfeito?”, ele responderia sem vacilar: - Não, o imperfeito
não pode produzir o perfeito!
Pelas mesmas razões, e com a mesma força de
exatidão, eu posso afirmar — O perfeito não pode produzir o
imperfeito!
Mais: entre o perfeito e o imperfeito não há
somente uma diferença de grau, de quantidade, mas uma
diferença de qualidade, de natureza, uma oposição
essencial, fundamental, irredutível, absoluta.
E mais ainda: entre o perfeito e o imperfeito não
há somente um fosso, mais ou menos largo e profundo, mas
um abismo tão vasto e tão estonteante, que ninguém o pode
franquear ou entulhar. O perfeito é o absoluto, o imperfeito o
relativo. Em presença do perfeito que é tudo, o relativo, o
contingente não é nada; em presença do perfeito, o relativo
não tem valor, não existe. E nem o talento de um matemático
e nem o gênio de um filósofo serão capazes de estabelecer
uma relação entre o relativo e o absoluto: a fortiori
sustentamos a impossibilidade de evidenciar, neste caso, a
rigorosa concomitância que deve necessariamente unir a
Causa ao Efeito.
É, portanto, impossível que o perfeito haja
determinando o imperfeito.
Além disso, há uma relação direta, fatal e até
matemática entre uma obra e seu autor: tanto vale a obra
46
“A verdade em verdade vos digo”

quanto vale o autor, tanto vale o autor quanto vale a obra. E


pela obra que se conhece o autor, como é pelo fruto que se
conhece a árvore.
Se eu examino um texto mal redigido, em que se
abundam os erros de ortografa e as frases são mal
construídas, o estilo é pobre e frouxo, as ideias raras e
banais, e os conhecimentos inexatos, eu sou incapaz de
atribuir este péssimo escrito a um burilador de frases, a um
dos mestres da literatura.
Se observo um desenho malfeito, em que as
linhas estão mal traçadas, violadas as regras da perspectiva
e da proporção, jamais me acudirá o pensamento de atribuir
este esboço rudimentar a um professor, a um grande mestre,
a um grande artista. Bem à menor hesitação direi: isto é obra
de um aprendiz, de uma criança, certo de que pela obra se
conhece o artista.
Ora, a natureza é bela, o Universo é grandioso. E
eu admiro apaixonadamente — tanto o que mais admiro —
os esplendores e as magnificências que nos oferecem estes
espetáculos incessantes. Mas, por muito entusiasmado que
eu seja das belezas naturais, e por grande que seja a
homenagem que eu lhes tribute, não me atrevo o afirmar que
o Universo é uma obra sem defeitos, irrepreensível, perfeita.
E não acredito que haja alguém que me desminta.
Sim, o Universo é uma obra imperfeita.
Consequentemente, digo: há sempre, entre uma
obra e seu autor, uma relação rigorosa, íntima, matemática.
Ora, se o Universo é uma obra imperfeita, o autor desta obra
não pode ser senão imperfeito.
Esse silogismo leva-me a admitir a imperfeição de
Deus, e por consequência a negá-lo.
Mas eu posso ainda raciocinar assim: ou não é
Deus o autor do Universo (exprimo desta forma a minha
convicção), ou o é, na suposição dos religiosos. Neste caso,
sendo o universo uma obra imperfeita, vosso Deus, ó crente,
é também imperfeito.
Silogismo ou dilema, a conclusão do raciocínio é
esta: o perfeito não pode determinar o imperfeito.

47
“A verdade em verdade vos digo”

 4º argumento: O ser eterno, ativo,


necessário, não pode, em nenhum momento, ter estado
inativo ou ter estado inútil
Se Deus existe é eterno, ativo e necessário.
Eterno? É-o por definição. É a sua razão de ser.
Não se pode conceber que ele esteja enclausurado nos
limites do tempo. Não se pode imaginar como tendo tido
começo e venha a ter fim. Não pode haver aparição e
desaparição. É de sempre.
Ativo? É, e não pode deixar de ser. Segundo os
religiosos, foi sua atividade que engendrou tudo quanto
existe, como foi a sua atividade que se afirmou pelo gesto
mais colossal e majestoso que imaginar se pode: a criação
dos mundos.
Necessário? É-o e não pode deixar de ser, visto
que sem a sua vontade, nada existiria: ele é o autor de todas
as coisas, o ponto inicial de onde saiu tudo, a fonte única e
primeira de onde tudo emanou. Bastando-se a si próprio,
dependeu de sua vontade que tudo fosse tudo ou que fosse
nada.
Ele é, portanto: eterno, ativo e necessário.
Mas eu pretendo e vou demonstrar que se Deus é
eterno, ativo e necessário, também deve ser eternamente
ativo, e eternamente necessário. E que, por consequência,
ele não pôde, em nenhum momento, ter sido inativo ou inútil,
e que enfim, ele jamais criou.
Negar que Deus seja eternamente ativo equivale o
dizer que nem sempre o foi, que chegou a sê-lo, que
começou a ser ativo, que antes de o ser não o era. Dizer que
foi pela criação que ele manifestou a sua atividade é admitir,
ao mesmo tempo, que por milhares e milhares de séculos
que antecederam a ação criadora, Deus esteve inativo.
Negar que Deus seja eternamente necessário
equivale a admitir que ele nem sempre o foi, que chegou a
sê-lo, que começou o ser necessário e que antes de o ser
não o era. Dizer que a criação proclama e testemunha a
necessidade de Deus equivale a admitir, ao mesmo tempo,
que, durante milhares e milhares de séculos, que
seguramente precedeu a ação criadora, Deus era inútil.

48
“A verdade em verdade vos digo”

Deus ocioso e preguiçoso! Deus inútil e supérfluo!


Que triste postura para um ser essencialmente necessário.
Na visão religiosa Deus é de todo o tempo ativo e
de todo o tempo necessário.
Mas então Deus não pôde criar, porque a ideia de
criação implica, de maneira absoluta, a ideia de começo, de
origem. Uma coisa que começou é porque nem sempre
existiu. Existiu necessariamente num tempo em que, antes
de o ser, não o era. E, curto ou longo, este tempo foi que
precedeu a coisa criada; é impossível suprimi-lo, visto que,
de todos os modos, ele existe.
Assim, temos de concluir:
a) Ou Deus foi eternamente ativo e eternamente
necessário, e só chegou a sê-lo por causa da criação (e, se é
assim, antes da criação faltavam a este Deus dois atributos:
a atividade e a necessidade; este Deus era um Deus
incompleto; era só um pedaço de Deus e mais nada, que
teve necessidade de criar para chegar a ser ativo e
necessário, e completar-se).
b) Ou Deus é eternamente ativo e eternamente
necessário, e neste caso tem criado eternamente. A criação
é eterna, e o Universo jamais começou — existiu em todos
os tempos, é eterno como Deus, é o próprio Deus, com o
qual se confunde. E, sendo assim, o Universo não teve
princípio — não foi criado.
Em conclusão: No primeiro caso, Deus antes da
criação não era ativo nem era necessário: era um Deus
incompleto, quer dizer, imperfeito, e, portanto, não existia. No
segundo caso, sendo Deus eternamente ativo e eternamente
necessário, não pôde chegar a sê-lo, como não pôde criar.
É impossível sair daqui.
 5º argumento: O ser imutável não criou
Se Deus existe, é imutável, não se desfigura e
nem se pode desfigurar. Enquanto que, na natureza, tudo se
modifica, se metamorfoseia, se transforma; que nada é
definitivo, mas que chega a sê-lo Deus, ponto fixo, imóvel no
tempo e no espaço, não está sujeito a nenhuma modificação,
não se transforma, nem pode transformar-se. É hoje o que
era ontem, será amanhã o que é hoje. E tanto faz procurá-lo

49
“A verdade em verdade vos digo”

nos séculos passados, como nos séculos futuros: ele é, e


será constantemente idêntico em si. Deus é imutável.
No entanto, eu sustento que, se ele criou, não é
imutável, porque, neste caso, transmudou-se duas vezes.
Determinar-se a querer é mudar de posição. Ora,
é evidente que há mudança entre o ser que quer uma coisa e
o que, querendo-a, a põe em execução.
Se eu desejo e quero o que eu não desejava e
nem queria a quarenta e oito horas, é porque se produziu em
mim, ou a minha volta, uma ou várias circunstâncias que me
levaram a querê-lo. Este novo desejo ou querer constitui uma
modificação que não se pode por em dúvida, que é
indiscutível.
Paralelamente: agir, ou determinar-se a agir, é
modificar-se.
Esta dupla modificação — querer e agir — é tanto
mais considerável e saliente quando é certo que se trata de
uma resolução grave, de uma ação importante.
Deus criou, dizeis vós, crentes. Então modificou-se
duas vezes: a primeiro, quando se determinou a criar; a
segunda, quando resolveu por em prática sua determinação,
completando o gesto criador.
Se ele se modificou duas vezes, não é imutável. E,
se não é imutável, não é Deus — não existe.
O ser imutável não criou.

 6º argumento: Deus não criou sem


motivo; mas é impossível encontrar um único motivo que o
levasse a criar
De qualquer forma que se pretende examiná-la, a
criação é inexplicável, enigmática, falha de sentido.
Há uma coisa que salta à vista de todos: se Deus
criou, como vós dizeis, não pôde ter realizado este ato
grandioso — cujas consequências deviam ser, fatalmente,
proporcionais ao próprio ato, e por conseguinte incalculáveis
— sem que fossem determinado por uma razão de primeiro
ordem.
Pois muito bem. Qual foi esta razão? Porque
motivo tomou Deus a resolução de criar? Que móbil o
50
“A verdade em verdade vos digo”

impulsionaria a isto? Que desejo germinaria em seu cérebro?


Qual seria o seu intuito? Que ideia o perseguiria? Que fim
perseguiria ele?
Multiplicais, nesta ordem de ideias, as perguntas;
gravito, conforme quiserdes, em torno deste problema;
examinai-o em todos os seus aspectos e em todos os
sentidos, e eu desafio seja quem for a que o resolve em
outro sentido que não seja o das incoerências.
Por exemplo: Eis uma criança educada na religião
cristã. O seu catecismo afirmou-lhe, e os seus mestres
confirmam, que foi Deus que a criou e a colocou no mundo.
Suponhamos que a criança faz a si própria a pergunta:
porque é que Deus me criou e me lançou no mundo?, e que
quer obter uma resposta judiciosa, racional. Nunca obterá.
Suponhamos ainda que a criança, confiando na
experiência e no saber de seus educadores, persuadida do
caráter sagrado de que eles — padres ou pastores — estão
revestidos, possuindo luzes especiais e graças particulares;
convencido de que, pela sua santidade, estão mais próximos
de Deus e, portanto, melhores iniciados que elas nas
verdades reveladas; suponhamos que esta criança tem a
curiosidade de perguntar aos seus mestres por que e para
que Deus a criou e a pôs no mundo, e eu afirmo que os
mestres são incapazes de contestar a essa simples
interrogação com uma resposta plausível, sensata. Não lhe
poderão dar, porque, em verdade, ela não existe.
Mas, rodeemos bem a questão e aprofundemos o
problema. Com o pensamento, examinaremos Deus antes da
criação. Tomemo-lo mesmo no seu sentido absoluto. Está
completamente só; bastando-se a si próprio. E perfeitamente
sábio, perfeitamente feliz, perfeitamente poderoso. Ninguém
lhe pode acrescentar sabedoria, ninguém lhe pode aumentar
a felicidade, ninguém lhe pode fortificar o poderio.
Este Deus não experimenta nenhum desejo, visto
que a sua felicidade é infinita. Não pode perseguir nenhum
fim, visto que nada falta à sua perfeição. Não pode ter
nenhum intuito, visto que nada falta ao seu poder. Não pode
determinar-se a fazer seja o que for, visto que não tem
nenhuma necessidade.

51
“A verdade em verdade vos digo”

Eia! Filósofos profundos, pensadores sutis,


teólogos prestigiosos, respondei a esta criança que vos
interroga e dizei-lhe por que é que Deus a criou e lançou no
mundo!
Eu estou tranquilo. Vós não lhe podeis responder,
a não ser que lhe digais: “Os mistérios de Deus são
impenetráveis”! — e aceitais esta resposta como suficiente. E
fareis bem, abstendo-vos de lhes dar outra resposta, porque
esta outra resposta — previno-vos caritativamente — cava a
ruína de vosso sistema e o derribamento de vosso Deus. A
conclusão impõe-se, lógica, impiedosa: Deus, se criou, criou
sem motivos, sem saber por que, sem ideal.
Sabeis onde nos conduzem as consequências de
tal conclusão? Vamos vê-las.
O que diferencia os atos de um homem dotado de
razão dos atos de um louco, o que determina que um seja
responsável e o outro irresponsável, é que um homem
dotado de razão sabe sempre — ou pode chegar o sabê-lo
— quando procede, quais são os móbiles que o impulsionam,
quais são os motivos que o levam a praticar aquilo que
pensava. Quando se trata de uma ação importante, cujas
consequências podem hipotecar gravemente as suas
responsabilidades, é preciso que o homem entre na posse de
sua razão, se concentre, se entregue a um sério exame de
consciência, persistente e imparcial, exame que, pelas suas
recordações, reconstitua o quadro dos acontecimentos de
que ele foi agente. Em resumo, é preciso que ele procure
reviver as horas passadas para que possa discernir quais
foram as causas e o mecanismo dos movimentos que o
determinaram a obrar. Frequentemente, não pode vangloriar-
se das causas que o impulsionaram, e que, amiúde, o levam
a corar de vergonha. Mas, quaisquer que sejam os motivos,
nobres ou vis, generosos ou grosseiros, ele chega sempre o
descobri-los.
Um louco, pelo contrário, precede sem saber por
que; e, uma vez realizado o ato, por grandes que sejam as
responsabilidades que dele possam deriva-se, interrogai-o,
encerrai-o, se quiserdes, numa prisão, e apertai-o com
perguntas: o pobre demente não vos balbuciará senão coisas
vagas, verdadeiras incoerências.
52
“A verdade em verdade vos digo”

Portanto, o que diferencia os atos de um homem


sensato de um homem insensato, é que os atos dos
primeiros podem explicar-se, tem uma razão de ser,
distinguem-se neles a causa e o efeito, a origem e o fim,
enquanto que os atos do segundo não se podem explicar,
porque um louco é incapaz de discernir a causa e o que o
levam a realizá-los.
Pois bem! Se Deus criou sem motivo, sem fim,
procedeu como um louco. E, neste caso, a criação aparece-
nos como um ato de demência.

Duas objeções capitais

Para terminar com o Deus da criação, parece-me


indispensável examinar duas objeções.
Os leitores sabem muito bem, sobre este assunto,
abundam objeções. Por isso quando falo em duas objeções,
refiro-me a duas objeções capitais clássicas.
Estas duas objeções têm tanto mais importância
quanto é certo que, com a beldade da discussão, se podem
englobar todas as outras nestas duas.

 1ª objeção: “Deus escapa-


vos!”
Dizem-me:
“O senhor não tem o direito de falar de Deus
segundo a forma que o faz. O senhor não nos apresenta
senão um Deus caricaturado, sistematicamente reduzido a
proporções que seu cérebro abarca. Esse Deus não é nosso
Deus. O nosso Deus não o pode o senhor concebê-lo, visto
que lhe é superior, escapando por isso à suas faculdades
intelectuais. Fique sabendo que o que é fabuloso, gigantesco
para o homem mais forte e mais inteligente, é para Deus um
simples jogo de crianças. Não se esqueça que a
Humanidade não pode mover-se no mesmo plano que a
Divindade. Não perca de vista que é tão impossível ao
homem compreender a maneira como Deus procede, como
os minerais imaginar como vivem os vegetais, como os
vegetais conceber o desenvolvimento dos animais, e como
os animais saber como vivem e operam os homens.
53
“A verdade em verdade vos digo”

Deus paira a umas alturas que o senhor é incapaz


de atingir ocupa montanhas inacessíveis ao senhor.
Qualquer que seja o grau de desenvolvimento de uma
inteligência humana; por muito importante que seja o esforço
realizado por essa inteligência; seja qual for a persistência
deste esforço, jamais poderá elevar-se até Deus. Lembre-se,
enfim, que, por muito vasto que seja o cérebro do homem,
ele é finito, não podendo, por consequência, conceber Deus,
que é infinito.
Tenha pois a lealdade e a modéstia de confessar
que não lhe é possível compreender nem explicar, não o
cabe o direito de negar”.
Eu respondo aos deístas:
Dais-me conselhos de humildade que estou
disposto a aceitar. Fazeis me lembrar que sou um simples
mortal, o que legitimamente reconheço e não procuro olvidar-
me.
Dizeis-me que Deus me ultrapassa e que o
desconheço. Seja. Consinto em reconhecê-lo; afirmo mesmo
que o finito não pode compreender o infinito, porque é uma
verdade tão certa e tão evidente, que não está em meu
ânimo fazer-lhe qualquer oposição. Vede, pois, até aqui
estamos de acordo, com o que espero, ficareis muito
contentes.
Somente, senhores deístas, permiti que, por meu
turno, eu vos dê os mesmos conselhos de humildade, para
terdes o franqueza de me responder estas perguntas: Vós
não sois homens como a mim? A vós, Deus não se depara
como para a mim? Esse Deus não vos escapa como a mim?
Tereis vós a pretensão de moverdes no mesmo plano da
divindade? Tereis igualmente a mania de pensar e a loucura
de crer que, de um voo, podereis chegar às alturas que Deus
ocupa? Sereis presunçosos ao extremo de afirmar que o
vosso cérebro, o vosso pensamento que é finito, possa
compreender o infinito?
Não vos faço a injuria, senhores deístas, de
acreditar que sustentais uma extravagância venal. Assim,
pois, tende a modéstia e a lealdade de confessar que, se me
é impossível compreender e explicar Deus, vós tropeçais no
mesmo obstáculo. Tende, enfim, a probidade de reconhecer
54
“A verdade em verdade vos digo”

que, se eu não posso conceber nem explicar Deus, não o


podendo, portanto, negar, a vós, como a mim, não vos é
permitido concebê-lo e não tendes, por consequência, o
direito de afirmá-lo.
Não julgueis, no entanto, que, por causa disto,
ficamos na mesma situação que antes. Foste vós que,
primeiramente, afirmastes a existência de Deus; deveis, pois,
ser os primeiros a pôr de parte vossas afirmações. Sonharia
eu, alguma vez, com negar a existência de Deus, se vós não
tivésseis começado a afirmá-la? E se, quando eu era criança,
não me tivessem imposto a necessidade de acreditar nele? E
se, quando adulto, não tivesse ouvido afirmações nesse
sentido? E se, quando homem, os meus olhos não tivessem
constantemente contemplado os templos elevados a esse
Deus? Foram as vossas afirmações que provocaram as
minhas negações. Cessai de afirmar que eu cessarei de
negar.

 2ª objeção: “Não há
efeito sem causa”
A segunda objeção parece-nos mais invulnerável.
Muitos indivíduos consideram-na ainda sem réplica. Esta
objeção provém dos filósofos espiritualistas: Não há efeito
sem causa. Ora, o Universo é um efeito; e, como não há
efeito sem causa, esta causa é Deus.
O argumento é bem apresentado; parece, mesmo,
bem construído e bem carpintejado. O que resto saber é se
tudo quanto ele encerra é verdadeiro.
Em boa lógica, este raciocínio chama-se
silogismo. Um silogismo é um argumento composto por três
proposições: a maior, a menor e a consequência, e
compreende duas partes: as premissas, constituídas pelas
duas primeiras proposições e a conclusão, representada pela
terceira. Para que um silogismo seja inatacável, é preciso:
1º que a maior e a menor sejam exatas;
2º que a terceira proposição dimane logicamente
as duas primeiras.
Se o silogismo dos filósofos espiritualistas reúne
estas duas condições, é irrefutável e nada mais me resta
senão aceitá-lo; mas, se lhe falta uma só dessas condições,
55
“A verdade em verdade vos digo”

então o silogismo é nulo, sem valor, e o argumento destrói-se


por si mesmo.
A fim de conhecer o seu valor, examinemos as
três proposições que o compõe.
1ª proposição (maior): “Não há efeito sem causa”.
Filósofos, tendes razão. Não há efeito sem causa:
nada mais exato. Não há, não pode haver, efeito sem causa.
O efeito não é mais do que a continuação, o prolongamento,
o limite da causa. Quem diz efeito diz causa. A ideia de efeito
provoca, necessariamente e imediatamente a ideia de causa.
Se, ao contrário, se concebe um efeito sem causa, isto seria
o efeito do nada, o que equivaleria a crer no absurdo.
Sobre esta primeira proposição, estamos, pois, de
acordo.
2ª proposição (menor): “Ora, o Universo é um
efeito”.
Antes de continuar, peço explicações:
Sobre o que se apoia esta afirmação tão franca e
tão categórica? Qual o fenômeno, ou conjunto de
fenômenos, na qual a verificação, ou conjunto de
verificações, que permitem uma afirmação tão rotunda?
Em primeiro lugar, comecemos suficientemente o
Universo? Temo-lo estudado profundamente, temo-lo
examinado, investigado, compreendido, para que nos seja
permitido fazer afirmações desta natureza? Temos penetrado
nas suas entranhas e explorado os seus espaços
incomensuráveis? Já descemos a profundeza do oceano?
Conhecemos todos os domínios do Universo? O Universo já
nos declarou todos os seus segredos? Já lhe arrancamos
todos os véus, penetramos todos os seus mistérios,
descobrimos todos os seus enigmas? Já vimos tudo,
apalpamos tudo, sentimos tudo, entendemos tudo,
observamos tudo, afrontamos tudo? Não temos nada mais
que aprender? Não nos resta nada mais que descobrir? Em
resumo, estamos em condições de fazer uma apreciação
formal do Universo?
Supomos que ninguém ousará responder
afirmativamente a todas estas questões; e seria digno de
lástima todo aquele que tivesse a tenebridade e a insensatez
de afirmar que conhece o Universo.
56
“A verdade em verdade vos digo”

O Universo! — quer dizer não somente este ínfimo


planeta que habitamos e sobre o qual se arrastam as nossas
carcaças; não somente os milhões de astros que
conhecemos e que fazem parte do nosso sistema solar, ou
que descobrimos com o decorrer dos tempos, mas ainda,
esses mundos, aos quais, com conjectura, conhecemos a
existência, mas cuja distancia e o número restam
incalculáveis!
Se eu dissesse “o universo é uma causa”, tenho a
certeza que desencadeariam imediatamente contra mim as
vaias e os protestos de todos os religiosos; e, todavia, a
minha afirmação não era mais descabelada que a deles. Eis
tudo.
Se me inclino sobre o Universo, se o observo
quanto me permitir o homem contemporâneo, os
conhecimentos adquiridos, verificarei que é um conjunto
inacreditavelmente complexo e denso, uma confusão
impenetrável e colossal de causas e de efeitos que se
determinam, se encadeiam, se sucedem, se repetem e se
interpenetram. Observarei que o todo leva uma cadeia sem
fim, cujos elos estão indissoluvelmente ligados.
Certificar-me-ei de que cada um destes elos é, por
sua vez, causa e efeito: efeito da causa que o determinou,
causa do efeito que se lhe segue.
Quem poderá dizer: “Eis aqui o primeiro elo — o
elo causa”? Quem poderá afirmar: “Eis o último elo — elo
efeito”? E quem poderá ainda dizer: “Há necessariamente
uma causa número um e um efeito número… último”?
À segunda proposição, “ora, o Universo é um
efeito”, falta-lhe uma condição indispensável: a exatidão. Por
consequência, o famoso silogismo não vale nada.
Acrescento mesmo que, no caso em que esta
segunda proposição fosse exata, faltaria estabelecer, para
que a conclusão fosse aceitável, se o Universo é o próprio
efeito de uma Causa única, de uma Causa primeira, da
Causa das Causas, de uma Causa sem Causa, da Causa
eterna.
Espero, sem me inquietar, esta demonstração,
porque é uma demonstração que se tem desejado muitas
vezes, sem que ninguém no-la desse; é também uma
57
“A verdade em verdade vos digo”

demonstração, da qual se pode afirmar, sem receio de


desmentido, que jamais poderá se estabelecer de uma forma
séria, positiva e científica.
Por último: admitindo que o silogismo fosse
irrepreensível, ele poderia voltar-se facilmente contra a tese
do Deus-Criador, colocando-se a favor da minha
demonstração.
Expliquemos: “não há efeito sem causa!” — Seja!
— “o Universo é um efeito!” — De acordo! — “Logo este
efeito tem uma causa e é esta causa que chamamos Deus!
— Pois seja!
Mas não vos entusiasmeis, deístas; escutai-me,
porque ainda não triunfastes.
Se é evidente que não há efeito sem causa, é
também rigorosamente exato que não há causa sem efeito.
Não há, não pode haver, causa sem efeito. Que diz causa,
diz efeito. A ideia de causa implica necessariamente e chama
a ideia de efeito. Porque uma causa sem efeito seria uma
causa do nada, o que seria tão absurdo quanto o efeito do
nada. Que fique, pois, bem entendido: não há causa sem
efeito.
Vós, deístas, afirmais, enfim, que o Deus-Causa é
eterno. Desta afirmação concluo que o Universo-Efeito é
igualmente eterno, visto que a uma causa eterna,
corresponde, indubitavelmente, a um efeito eterno. Se
pudesse ser de outro modo, quer dizer, se o Universo tivesse
começado, durante os milhares e milhares de séculos que,
talvez, precederam a criação do Universo, Deus teria sido
uma causa sem efeito, o que é impossível; uma causa de
nada, o que seria absurdo.
Em conclusão: se Deus é eterno, o Universo
também o é: e, se o Universo também é eterno, é porque ele
nunca principiou, é que jamais foi criado.
É clara a demonstração?

Segunda série de argumentos: Contra o


Deus-governador

58
“A verdade em verdade vos digo”

 7º argumento: O governador nega o


criador
São muitíssimos — formam legiões — os
indivíduos que, apesar de tudo, se obstinam em crer.
Concebo que, a rigor, se possa crer na existência de um
criador perfeito, como também concebo que se possa crer na
existência de um governador necessário. Mas, o que me
parece impossível é que, ao mesmo tempo, se possa crer
racionalmente num e noutro, porque estes dois seres
perfeitos se excluem categoricamente: afirmar um é negar o
outro; proclamar a perfeição do primeiro é confessar a
inutilidade do segundo; sustentar a necessidade do segundo
é negar a perfeição do primeiro.
Por outras palavras: pode-se crer na perfeição ou
na necessidade do outro; mas o que não tem a menor
sombra de lógica é crer na perfeição dos dois. É preciso,
pois, escolher qualquer deles.
Se o Universo criado por Deus tivesse sido uma
obra perfeita; se, no seu conjunto, como nos seus
pormenores, esta obra não apresentasse nenhum defeito; se
o mecanismo desta criação gigantesca fosse irrepreensível;
se a sua perfeição fosse de modo que a ninguém
despertasse a menor suspeita de qualquer desarranjo ou de
qualquer avaria; se, enfim, a obra fosse digna deste operário
genial, deste artista incomparável, desse construtor
fantástico a que chamam Deus, a necessidade de um
governador nunca se teria sentido.
É que é lógico supor que, uma vez a formidável
máquina fosse posta em movimento, nada mais haveria a
fazer do que abandoná-la a si própria, visto que os acidentes
seriam impossíveis. Não seria preciso este engenheiro, este
mecânico, para vigiar a máquina, para a dirigir, para a
reparar, para a afinar, enfim. Não, este engenheiro seria
inútil, este mecânico não teria razão de ser.
E, neste caso, o Deus-Governador era também
inútil. Se o Governador existe, é porque a sua intervenção, a
sua vigilância são indispensáveis. A necessidade do
Governador é como que um insulto, como um desafio
lançado ao Criador; a sua intervenção corrobora o

59
“A verdade em verdade vos digo”

desconhecimento, a incapacidade, a impotência desse


criador.
O Deus-Governador nega a perfeição do Deus-
Criador.

 8º argumento: A multiplicidade dos


deuses prova que não existe nenhum deles
O Deus-Governador é, e não pode deixar de ser,
poderoso e justo, infinitamente poderoso e infinitamente
justo.
Ora, eu afirmo que a multiplicidade das religiões
atesta que falta a este Deus poder ou justiça, se não, ambas
as coisas.
Não falemos dos deuses mortos, dos cultos
abolidos, das religiões esquecidas, que se contam por
milhares e milhares. Falemos somente das religiões de
nossos dias. Segundo os cálculos mais bem fundados, há,
presentemente, oitocentas religiões, que se disputam o
império das mil e seiscentas milhões de consciências que
povoam o nosso planeta. Ninguém pode duvidar que cada
uma destas religiões reclama para si privilégio de que só o
seu Deus é que é o verdadeiro, autêntico, o indiscutível, o
único, e que todos os outros Deuses são Deuses risíveis,
Deuses falsos, Deuses de contrabando e de pacotilha, e que,
portanto, é uma obra piedosa combatê-los e pulverizá-los.
A isto, ajunta: Se em vez de oitocentas religiões,
não houvesse senão cem ou dez, ou duas, o meu argumento
teria o mesmo valor.
Pois bem, afirmo novamente que a multiplicidade
destes Deuses atesta que não existe nenhum, certificando,
ao mesmo tempo, que Deus não é todo-poderoso nem
sumamente justo.
Se fosse poderoso teria podido falar a todos os
indivíduos com a mesma facilidade com que falou
isoladamente a alguns. Ter-se-ia mostrado, ter-se-ia revelado
a todos sem empregar mais esforços do que o que empregou
para se apresentar a poucos.
Um homem — qualquer que seja — não pode
mostrar-se nem falar senão a um número reduzido de
indivíduos: os seus órgãos vocais têm uma persistência que
60
“A verdade em verdade vos digo”

não pode exceder certos limites. Mas Deus… Deus pode


falar a todos os indivíduos — por muito grande que seja o
número — com a mesma facilidade que falaria a uns poucos.
Quando se eleva, a voz de Deus pode e deve perpetuar-se
nos quatro pontos cardeais! O verbo divino não conhece
distâncias nem obstáculos. Atravessa os oceanos, escala as
alturas, franqueia os espaços, sem a menor dificuldade.
E visto que ele quis — é a religião que o afirma —
falar com os homens, revelar-se-lhes, confiar-lhes os seus
desejos, indicar-lhes a sua vontade, fazer-lhes conhecer a
sua lei, bem teria podido fazê-lo a todos e não a um punhado
de privilegiados.
Mas Deus não fez assim, visto que uns o negam,
outros o ignoram, e outros, enfim, opõe tal Deus a tal outro
Deus dos seus concorrentes.
Nestas condições não será mais sensato pensar
que ele não falou a ninguém, e que as múltiplas revelações
que me atribuem, não são, senão, múltiplas imposturas, ou
arma que, se ele falou a uns poucos, é porque era incapaz
de falar com todos?
Sendo assim, eu acuso-o de impotência. E se não
quiserdes que o acuse de impotência, acuso-o de injustiça.
Que pensar, com efeito, de um Deus que se mostra a um
reduzido número e que se esconde das outras? Que pensar
de um Deus que fala para uns e que, para outros, guarda o
mais profundo silêncio?
Não esqueçais que os representantes desse Deus
afirmam que ele é o pai de todos: e que todos, qualquer que
seja o seu título ou grau, são os filhos bem amados desse
Pai que reina lá no céu! Pois, muito bem, que pensais desse
pai que, exuberante da ternura para alguns privilegiados, os
desperta, revelando-se-lhes evitando-se as angustias da
dúvida, arrancando-o das torturas da hesitação, enquanto
que, violentamente, condena a maioria de seus filhos aos
tormentos da incerteza? Que pensais desse pai que, no meio
de seu esplendor de Majestade, se mostra a uma parte de
seus filhos, enquanto que, para a outra, fica envolto nas mais
profundas trevas? Que pensais desse pai que, exigindo de
seus filhos a prática de um culto, com o seu contingente de
respeitos e adorações, chama só alguns deles para
61
“A verdade em verdade vos digo”

escutarem a sua palavra de Verdade, enquanto que, com um


propósito deliberado, nega aos demais esta distinção, este
insigne favor?
Se julgais que este pai é justo e bom, não vos
surpreendas com a minha apreciação, que é muito diferente:
A multiplicidade de religiões proclama que a Deus
faltou poder ou justiça. Ora, Deus deve ser infinitamente
poderoso e infinitamente justo — são os religiosos que o
afirmam. E se lhe falta um destes dois atributos — poder ou
justiça — não é perfeito: não sendo perfeito, não tem razão
de ser, não existe.
A multiplicidade dos Deuses e das religiões
demonstra que não existe nenhum deles.

 9º argumento: Deus não é infinitamente


bom: é o inferno que o prova
O Deus-Governador ou Providência é, deve ser,
infinitamente bom, infinitamente misericordioso. Mas a
existência do Inferno demonstra-nos que não é assim.
Atentai bem ao meu raciocínio: Deus podia —
porque é livre — não nos ter criado; mas criou-nos. Deus
podia — porque é todo poderoso — ter-nos criado todos
bons; mas criou-nos bons e maus. Deus podia — porque é
bom — admitir-nos todos, após a morte, no seu Paraíso,
contentando-se, como castigo, com o tempo de sofrimento e
atribulações que passamos na Terra. Deus podia, em suma
— porque é justo — não admitir em seu Paraíso senão os
bons, recusando ali lugar aos perversos; mas, neste caso,
deveria destruir totalmente os maus com a morte, e jamais
condená-lo aos sofrimentos do Inferno. E isto porque quem
pode criar, pode destruir; quem tem poder para dar a vida,
também tem o poder para tirá-la, para aniquilá-la.
Vejamos: vós não sois deuses. Vós não sois
infinitamente bons, nem infinitamente misericordiosos. Sem
vos atribuir qualidades que não possuís, eu tenho a certeza
de que, se estivesse em vossas mãos — sem que isso vos
exigisse um grande esforço, e sem que, de aí, resultasse
para nós algum prejuízo moral ou material — evitar a um ser
humano uma lágrima, uma dor, um sofrimento, eu tenho a
certeza, repito, que o faríeis imediatamente, sem vacilar nem
62
“A verdade em verdade vos digo”

titubear. E, todavia, vós não sois infinitamente


misericordiosos.
Sereis, por acaso, melhores e mais
misericordiosos que o Deus dos cristãos?
Porque, enfim, o Inferno existe. A Igreja faz alarde
dele: é a horrível visão, com a ajuda da qual semeia o pavor
no cérebro das crianças e dos velhos, e entre os pobres de
espírito e os medrosos; é o espectro que se estala na
cabeceira dos moribundos, na hora em que a morte os
arrebata toda a coragem, toda a energia, toda a lucidez.
Pois bem, o Deus dos cristãos, esse Deus que
dizem cheio de piedade, de perdão, de indulgência, de
bondade e de misericórdia, precipita para todo o sempre,
uma parte dos seus filhos, num antro de torturas as mais
cruéis, e de suplicias as mais horrendas.
Oh! Como ele é bom! Como ele é misericordioso!
Vós conheceis certamente estas palavras das
escrituras: “Muitos serão os chamados, mas poucos os
eleitos”. Bem abusos do seu valor, estas palavras significam
que o número de salvos será ínfimo, enquanto que o número
de condenados há de ser considerável. Esta afirmação é de
uma crueldade tão monstruosa que os deístas têm procurado
dar-lhe um outro sentido.
Mas pouco importa: o Inferno existe, e é evidente
que os condenados — muitos ou poucos — aí sofrerão os
mais dolorosos tormentos.
Agora, pergunto eu: a quem podem beneficiar os
tormentos dos condenados? Aos eleitos? — Evidente que
não. Por definição, os eleitos serão os justos, os virtuosos, os
fraternais, os compassivos: e seria absurdo supor que a sua
felicidade, já incomparável, pudesse ser aumentada com o
espetáculo de seus irmãos torturados. Aos próprios
condenados? — também não, porque a igreja afirma que o
suplicio desses desgraçados jamais acabará; e que, pelos
séculos dos séculos, os seus sofrimentos serão tão
horripilantes como no primeiro dia.
Então?… Então, aparte os eleitos e aparte os
condenados, não há senão Deus, não pode haver senão ele.
É, pois, Deus, quem obtém benefícios aos sofrimentos dos
condenados? É, pois, ele, esse pai infinitamente bom,
63
“A verdade em verdade vos digo”

infinitamente misericordioso, que se regozija sadicamente


com as dores e que voluntariamente condena os seus filhos?
Ah! Se isto é assim, esse Deus aparece-nos como
carrasco mais feroz, como o inquisidor mais implacável que
imaginar se pode.
O inferno prova que Deus não é bom nem
misericordioso — a existência de um Deus de bondade é
incompatível com a existência do inferno.
E de duas uma: ou o inferno não existe, ou Deus
não é infinitamente bom.

 10º argumento: O problema do mal


É o problema do mal que me fornece material para
o meu último argumento contra o Deus-Governador, e,
simultaneamente, para o meu primeiro argumento contra o
Deus-justiceiro.
Eu não digo que a existência do mal — mal físico
e mal moral — seja incompatível com a existência de Deus; o
que digo é que é incompatível com o mal a existência de um
Deus infinitamente poderoso e infinitamente bom.
O argumento é conhecido, ainda que o não seja
senão pelas múltiplas refutações — sempre impotentes —
que se lhes tem apresentado. Remontam-no a Epicuro. Tem,
portanto, mais de vinte séculos de existência: mas, por velho
que seja, conserva ainda todo o seu vigor. Esse argumento é
o seguinte:
O mal existe. Todos os seres sensíveis conhecem
o sofrimento. Deus, que tudo sabe, não pode ignorá-lo. Pois
bem, de duas, uma: Ou Deus quer suprimir o mal e não
pode; ou Deus pode suprimir o mal e não quer.
No primeiro caso, Deus pretendia suprimir o mal,
porque era bom, porque compartilhava das dores que nos
aniquilam, porque participava dos sofrimentos que
suportamos. Ah! Se isso dependesse dele! O mal seria
suprimido e a felicidade reinaria sobre a Terra…
Mais uma vez Deus é bom, mas não pode suprimir
o mal — não é todo poderoso.
No segundo caso, Deus podia suprimir o mal.
Bastava que o quisesse para que o mal fosse abolido. Ele é

64
“A verdade em verdade vos digo”

todo poderoso e não quer suprimir o mal; portanto, não é


infinitamente bom.
Aqui, Deus é todo poderoso, mas não é bom;
acolá, Deus é bom mas não é todo poderoso. Para admitir a
existência de Deus, não basta que ele possua uma destas
perfeições: poder ou bondade. É indispensável que possua
as duas.
Este argumento nunca foi refutado. Entendamo-
nos: ao dizer nunca foi refutado quero dizer que,
racionalmente, ninguém a pode ainda refutar, embora
tenham ensaiado isso muitas vezes. O ensaio de refutação
mais conhecido é este:
Vós apresentais em termos errôneos o problema
do mal. É um equivoco atirar para cima de Deus toda a
responsabilidade. Bem, é certo que o mal existe — é
inegável; mas só o homem é responsável por ele. Deus não
quis que o homem fosse um autômato, uma máquina, que
obedece cega e fatalmente. Ao criá-lo, Deus deu-lhe
completa liberdade — fez dele um ser inteiramente livre; e,
conforme com essa liberdade, que generosamente lhe
outorgou, concedeu-lhe a faculdade de fazer dela, em todas
as circunstâncias, o uso que quisesse. E se o homem, em
vez de fazer uso nobre e justiceiro deste bem inestimável, faz
dele um uso criminoso, porque seria injusto: devemos acusar
mais é o homem, o que é razoável.
Eis a clássica objeção. Que é que ela vale? Nada!
Eu explico-me: façamos distinção entre o mal
físico e o mal moral. O mal físico é a doença, o sofrimento, o
acidente, a velhice, com o seu cortejo de vícios e
enfermidades; é a morte, que implica perda de seres que
amamos. Há crianças que nascem e que morrem, dias
depois de seu nascimento, e cuja vida foi um sofrimento
permanente. Há uma enorme multidão de seres humanos
para quem a vida não é mais do que uma longa série de
dores e aflições: seria preferível que não tivessem nascido.
E, na ordem natural, as epidemias, os cataclismos, os
incêndios, as secas, as inundações, as tempestades, a fome,
constituem uma soma de trágicas fatalidades que originam a
dor e a morte.

65
“A verdade em verdade vos digo”

Quem ousará dizer que o homem é o responsável


por este mal físico? Quem não compreende que se Deus
criou o Universo, dotando-o com as formidáveis leis que o
regem, o mal físico não é senão uma destas fatalidades que
resultam de um jogo normal das forças da natureza? Quem
não compreende que o autor responsável destas
calamidades é, com toda a certeza, quem criou o Universo e
quem o governa?
Suponho que, sobre este ponto, não há
contestação possível. Deus que governa o Universo, é o
responsável pelo mal físico. Esta resposta seria suficiente, e,
no entanto, vou continuar.
Eu entendo que o mal moral é tão imputável a
Deus quanto o mal físico. Se Deus existe, foi ele que presidiu
à organização do mundo físico. Por consequência, o homem,
vítima do mal moral, como do mal físico, não pode ser
responsável por um nem por outro.
Vamos, pois, ver agora na terceira e última série
de argumento, o que tenho a dizer sobre o mal moral.

Terceira serie de argumentos: Contra o Deus


justiceiro

 11º argumento: Irresponsável, o homem


não pode ser castigado nem recompensado
Que somos nós? Presidimos às condições de
nosso nascimento? Fomos consultados sobre se queríamos
nascer? Fomos chamados a traçar o nosso destino?
Tivemos, sobre qualquer destas questões, voz ou voto?
Se cada um de nós tivesse voz e voto para
escolher, desde o nascimento, a saúde, a força, a beleza, a
inteligência, a coragem, a bondade, etc…, seguramente que
todos estes benefícios nos teríamos outorgado. Cada um de
nós seria, então, em resumo de todas as perfeições, uma
espécie de Deus em miniatura.
Mas, afinal, que somos nós? Somos aquilo que
queríamos ser? Não, incontestavelmente.
Na hipótese Deus, somos — visto que foi ele que
nos criou — aquilo que ele quis que fôssemos. Deus é livre,
não podia nos ter criado. Ou podia ter-nos criado menos
66
“A verdade em verdade vos digo”

perversos, porque é bom. Ou, então, podia ter-nos criado


virtuosos, bem comportados, excelentes, enchendo-nos de
todos os dotes físicos, intelectuais e morais, porque é todo
poderoso.
Pela terceira vez: Que somos nós? Somos o que
Deus quis que fôssemos, visto que ele criou-nos segundo o
seu capricho e o seu gosto.
Se se admite que Deus existe e que foi ele que
nos criou, não se pode dar outra resposta a pergunta “quem
somos nós?”. Com efeito, foi Deus que nos deu os sentidos,
as faculdades de compreensão, a sensibilidade, os meios de
perceber, de sentir, de raciocinar, de agir. Ele previu, quis
determinar as nossas condições de vida; coordenou as
nossas necessidades, os nossos desejos, as nossas
paixões, as nossas crenças, as nossas esperanças, os
nossos ódios, as nossas ternuras, as nossas aspirações.
Toda a máquina humana corresponde àquilo que ele quis.
Ele arranjou e concebeu todas as peças do meio em que
vivemos, preparando todas as circunstâncias que, a cada
momento, dão um assalto a nossa vontade, determinando as
nossas ações.
Perante este Deus formidavelmente armado, o
homem é, portanto, irresponsável.
O que não está sob a dependência de ninguém é
inteiramente livre; o que está um pouco sob dependência de
um outro é um pouco escravo, e livre só para a diferença; o
que está muito sob a dependência de um outro é muito
escravo, e não é livre senão para o resto; enfim, o que esta
em absoluto sob a dependência de outro, é totalmente
escravo, não gozando de nenhuma liberdade.
Se Deus existe, é nesta última postura — a do
escravo — que o homem se encontra em relação a Deus; e
sua escravidão é tanto maior quanto maior for o espaço entre
o Senhor e ele.
Se Deus existe, só ele é que sabe, pode, quer, só
ele é livre. O homem nada sabe, nada pode, nada quer, a
sua dependência é completa. Se Deus existe, ele é tudo — o
homem, nada.
O homem, submetido a esta escravidão,
aniquilado sob a dependência, plena e inteira de Deus, não
67
“A verdade em verdade vos digo”

pode ter nenhuma responsabilidade. E, se o homem é


irresponsável, não pode ser julgado. Todo o julgamento
implica um castigo ou uma recompensa; mas os atos de um
irresponsável, não possuindo nenhum valor moral, estão
isentos de qualquer responsabilidade. Os atos de um
irresponsável podem ser úteis ou prejudiciais. Moralmente
não são bons nem maus, como não são meritórios nem
repreensíveis; julgados equitativamente, não podem ser
recompensados nem castigados.
Portanto, Deus, erigindo-se em justiceiro,
castigando e recompensando o homem irresponsável, não é
mais do que um usurpador, que se arroga um direito
arbitrário, usando dele contra toda a justiça.

Do que fica escrito, concluo:


a) Que a responsabilidade do mal moral é
imputável a Deus, como igualmente lhe é imputável a
responsabilidade do mal físico;
b) Que Deus é um juiz indigno, porque, sendo o
homem irresponsável, não pode ser castigado nem
recompensado.

 12º argumento: Deus viola as regras


fundamentais de equidade
Admitamos por um instante que o homem é
responsável, e veremos como, dentro desta hipótese, a
justiça divina viola constantemente as regras mais
elementares da equidade.
Se se admite que a prática de justiça não pode ser
exercida sem uma sanção; que o magistrado tem, por
mandato, fixá-la; e que há uma regra, segundo o qual o
sentimento deve pronunciar-se unanimemente, é evidente
que, da mesma forma, tem de haver uma escala de mérito e
culpabilidade, assim como uma escala de recompensas e de
castigos.
Admitindo este princípio, o magistrado que melhor
pratica a justiça é aquele que proporciona o mais exatamente
possível a recompensa ao mérito e o castigo a culpabilidade.
68
“A verdade em verdade vos digo”

E o magistrado ideal, impecável, perfeito, seria aquele que


estabelece uma relação rigorosamente matemática entre o
ato e a sanção.
Eu penso que esta regra elementar de justiça é
acerta por todos. Pois bem, Deus, distribuindo o Céu e o
Inferno, finge conhecer esta regra e viola-a. Qualquer que
seja o mérito do homem, esse mérito é limitado (como o
próprio homem); e, no entanto, a sanção da recompensa não
o é: o Céu não tem limites, ainda que não seja senão pelo
seu caráter de perpetuidade. Qualquer que seja a
culpabilidade do homem, esta culpabilidade é limitada (como
o próprio homem); e, no entanto, o castigo não o é: o Inferno
o é: o Inferno é ilimitado, ainda que não seja senão pelo seu
caráter de perpetuidade.
Há, pois, uma grande desproporção entre o mérito
e a recompensa, entre a falta e a punição: o mérito e a falta
são limitados, enquanto que a recompensa e o castigo são
ilimitados.
Deus viola, pois, as regras fundamentais da
equidade.Finda aqui a minha tese. Resta-me apenas
recapitulá-la e concluí-la.
Vamos a uma breve recapitulação:
Prometi uma demonstração terminante,
substancial, decisiva, da inexistência de Deus. Creio poder
afirmar que cumpri esta promessa.
Não percais de vista que eu não me propus dar-
vos um sistema do Universo que tornasse inútil todo o
recurso à hipótese de uma Força sobrenatural, de uma
Energia ou de uma Potência extramundial, de um Princípio
superior ou anterior do Universo. Tive a lealdade, como era o
meu dever, de vos dizer com toda a franqueza: apresentado
assim, o problema não admite, dentro dos conhecimentos
humanos, nenhuma solução definitiva; e que a única atitude
que convém aos princípios refletidos e razoáveis é a
expectativa.
O Deus que eu quis negar e do qual posso dizer
que neguei a possibilidade é o Deus, é o Deus das religiões,
o Deus Criador, Governador e Justiceiro, o Deus
infinitamente sábio, poderoso, justo e bom, que os padres e

69
“A verdade em verdade vos digo”

os pastores se jactam de representar na Terra e que tentam


impor a sua veneração.
Não há, não pode haver, equívoco. E este Deus
que é preciso defender dos meus ataques.
Toda a discussão sobre outro terreno — e previno-
vos disto, porque é necessário que vos ponhais em guarda
contra as insídias do adversário — será apenas uma
diversão, e, ainda mais: a prova provada de que o Deus das
religiões não pode ser defendido nem justificado.
Provei que Deus, como criador, é inadmissível,
imperfeito, inexplicável; estabeleci que Deus, como
governador, é inútil, impotente, cruel, odioso, despótico;
demonstrei que Deus, como justiceiro, é um magistrado
indigno, pois que viola as regras essenciais da mais
elementar equidade.

Chegamos a esta conclusão:


Tal é, portanto, o Deus que, desde tempos
imemoriais, nos tem ensinado e que ainda hoje se ensina às
crianças, tanto nas escolas como nos lares. E que de crimes
se tem cometido em nome dele! Que de ódios, guerras,
calamidades tem sido furiosamente desencadeados pelos
seus representantes! Esse Deus de tanto sofrimento não tem
sido a causa! E quantos males provoca ainda hoje!
Há quantos séculos a religião traz a humanidade
curvada sob a crença, espojada na superstição, prostrada
resignadamente!
Não chegará jamais o dia em que, deixando de
crer na justiça eterna, nas suas sentenças imaginárias, nas
suas recompensas problemáticas, os seres humanos
começam a trabalhar com um ardor infatigável pelo vento de
uma justiça imediata, positiva e fraternal sobre a Terra? Não
soará jamais a hora em que, desiludidos das consolações e
das esperanças falazes que lhes sugere a crença de um
paraíso compensador, os seres humanos comecem a fazer
do nosso planeta do Éden de abundância, de paz e de
liberdade, cujas portas estejam fraternalmente abertas para
todos?
Há muito tempo que o contrato social é inspirado
num Deus sem justiça, como há muito tempo que ele se
70
“A verdade em verdade vos digo”

inspira numa justiça sem Deus. Há muito tempo que as


relações entre os países e os indivíduos dimanam num Deus
sem filosofia, como há muito tempo que elas dimanam uma
filosofia sem Deus. Há muitos séculos que monarcas,
governos, castas, padres, condutores do povo e diretores de
consciências, tratam a humanidade como um vil rebanho de
cordeiros, para, em último lugar, serem esfolados,
devorados, atirados ao matadouro.
Há séculos que os deserdados suportam
passivamente a miséria e a servidão, graças ao milagre
procedente do Céu e à visão horrorosa do inferno. É preciso
acabar com este odioso sortilégio, com esta burla
abominável.
Caro leitor, que me lê, abra os olhos, examina,
observa, compreende. O Céu de que te falam sem cessar; o
Céu com a ajuda do qual procuram insensibilizar a tua
miséria, anestesiar os teus sofrimentos e afogar os gemidos
que, apesar de tudo, saem do teu peito, é um Céu irracional,
um Céu deserto. Só o seu inferno é que é povoado, que é
positivo.
Basta aos lamentos: os lamentos são vãos! Basta
de prosternações: as prosternações são estéreis! Basta de
preces: as preces são impotentes!
E, direito, altivo, declara guerra implacável a Deus
que, a tanto tempo, impõe aos teus irmãos e a ti próprio uma
veneração embrutecedora!
Teríamos, então, de nos desembaraçarmos deste
tirano imaginário e sacode o jugo dos indivíduos que
pretendem ser os representantes dele na Terra!
Mas, lembra-te bem, que, com este gesto de
libertação, não terás cumprido senão uma das tarefas que te
incumbe.
Não nos esqueçamos de que de nada servirá
quebrar as cadeias que os Deuses imaginários, celestes e
eternos, tem forjado contra nós, se não quebrares igualmente
as cadeias que, contra nós, tem forjado os Deuses
passageiros da Terra.
Estes Deuses giram em torno de ti, procurando
envilecermos e degradarmos. Estes Deuses são homens
como nós.
71
“A verdade em verdade vos digo”

Ricos e governantes, estes Deuses da Terra tem-


na povoado de inúmeras vítimas, de tormentos inexplicáveis.
Possam, enfim, um dia, os condenados da Terra
insurgirem-se contra os seus verdugos, para fundarem uma
Cidade na qual não possa haver destes monstros.
Quando te tiveres emancipado dos Deuses do
Céu e da Terra, quando te tiveres desembaraçado dos
chefes de cima e dos chefes debaixo, quando tiveres levado
à pratica este duplo gesto de libertação, então, mas então
somente, ó meu irmão, sairás do Inferno em que te encontras
para entrar no Céu que tu realizarás! Deixarás as trevas da
tua ignorância, para abraçar as puras claridades da tua
inteligência, desperta, já, das influências letárgicas das
religiões!
É relevante citarmos Jean Paul Satre, onde ele
diz:
Quando pensamos num Deus criador,
identificamo-no quase sempre como superior; e qualquer que
seja a doutrina que consideremos, admitimos sempre que
Deus sabe perfeitamente o que cria.
Assim, o conceito do homem, no espírito de Deus,
é assimilável ao conceito de um corta-papel no espírito do
industrial; e Deus produz o homem segundo técnicas e uma
concepção, exatamente como o artífice fabrica um corta-
papel segundo uma definição e uma técnica. Assim, o
homem individual realiza um certo conceito que está na
inteligência divina.
No século XVIII, para o ateísmo dos filósofos,
suprime-se a noção de Deus, mas não a ideia de que a
essência precede a existência. O homem possui uma
natureza humana; esta natureza, que é o conceito humano,
encontra-se em todos os homens, o que significa que cada
homem é um exemplo particular de um conceito universal – o
homem; para Kant resulta de universalidade que o homem
da selva, o homem primitivo, como o burguês, estão adstritos
à mesma definição e possuem as mesmas qualidades de
base. Assim, pois, ainda aí, a essência do homem precede
essa existência histórica que encontramos na natureza. (…)
O existencialismo ateu, que eu represento, é mais
coerente. Declara ele que, se Deus não existe, há pelo
72
“A verdade em verdade vos digo”

menos um ser no qual a existência precede a essência, um


ser que existe antes de poder ser definido por qualquer
conceito, e que este ser é o homem ou, como diz Heidegger,
a realidade humana.
Que significará aqui o dizer-se que a existência
precede a essência? Significa que o homem primeiramente
existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se
define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se
não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só
depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer.
Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para
concebê-la.
O homem é, não apenas como ele se concebe,
mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da
existência, como ele se deseja após este impulso para a
existência; o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o
primeiro princípio do existencialismo. É também a isso que
se chama a subjetividade, e o que nos censuram sob este
mesmo nome. Mas que queremos dizer nós com isso, senão
que o homem tem uma dignidade maior do que uma pedra
ou uma mesa? Porque o que nós queremos dizer é que o
homem primeiro existe, ou seja, que o homem, antes de mais
nada, é o que se lança para um futuro, e o que é consciente
de se projetar no futuro. (…)
Mas se verdadeiramente a existência precede a
essência, o homem é responsável por aquilo que é.
Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o
de pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir
a total responsabilidade da sua existência. E, quando
dizemos que o homem é responsável por si próprio, não
queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita
individualidade, mas que é responsável por todos os
homens.
Isso, eu postei, somente para dar mais ênfase na
discussão e fazer ter ou extrair mais dúvidas.
Faço mais essas colocações, que pesquisei:
Dois cientistas formalizaram um teorema sobre a
existência de Deus, escrito pelo renomado matemático
tcheco Kurt Gödel (1906-1978). O nome de Gödel pode não

73
“A verdade em verdade vos digo”

significar muito para alguns, mas entre os cientistas ele


possui reputação semelhante a de Albert Einstein - de quem
era um amigo próximo. Os cientistas da Universidade Livre
de Berlim, Christoph Benzmüller e Bruno Woltzenlogel Paleo,
realizaram um trabalho que teve como base o argumento
ontológico (ciência do ser em geral) de Kurt Gödel, que
propôs um teorema matemático para a existência de Deus.
Por conta disso, a notícia foi veiculada, na última semana,
pelo diário alemão Die Welt, sob a manchete “Cientistas
provam a existência de Deus” Obviamente, uma ressalva
significativa deve ser feita sobre a afirmação. Na verdade, o
que os pesquisadores em questão dizem ter realmente
comprovado não é a existência de um "Ser Supremo" em si,
mas como o uso de uma "tecnologia superior" pode resultar
em avanços em vários campos científicos. Quando Gödel
morreu, em 1978, ele deixou uma teoria tentadora baseada
nos princípios da lógica modal - que um ser superior deve
existir. Os detalhes da matemática envolvidos na prova
ontológica de Gödel são complicados, mas, na essência, o
matemático argumentou que, por definição, Deus é aquele
para o qual não poderia ser concebido um ser maior. E,
enquanto Deus existe conceitualmente falando, ele poderia
ser concebido como "o maior", se ele existisse na realidade.
Portanto, para Gödel, Deus deveria existir. Apesar desta
argumentação não ser exatamente nova na época que foi
formulada pelo matemático, ele inovou ao escrever teoremas
- pressupostos que não podem ser comprovados - como
equações matemáticas sobre o assunto. E, a partir daí, isso
poderia ser comprovado. Aí entram Christoph Benzmüller e
Bruno Woltzenlogel Paleo. Com o uso de um MacBook
comum, eles mostraram que a prova de Gödel está correta -
pelo menos em um nível matemático - por meio da lógica
modal superior. Sua apresentação inicial, na publicação
científica arXiv.org, recebeu o título de "Formalização,
mecanização e automação de prova da existência de Deus
74
“A verdade em verdade vos digo”

de Gödel". E, a partir do fato que um teorema complicado


foi comprovado com uso de um equipamento tecnológico de
acesso ao público, isso abre "todos os tipos de
possibilidades", declarou Benzmüller ao jornal Spiegel. "É
totalmente incrível que, a partir deste argumento liderado por
Gödel, tudo isso pode ser provado automaticamente em
poucos segundos, ou até menos em um notebook padrão",
disse ele.

Os que creem e os que não


creem em Deus

Há milênios, a questão da existência de Deus foi


levantada dentro do pensamento do homem, e os principais
conceitos filosóficos que investigam e procuram respostas
sobre esse assunto, são:

Deísmo

Doutrina que considera a razão como a única via


capaz de nos assegurar da existência de Deus, rejeitando,
para tal fim, o ensinamento ou a prática de qualquer religião
organizada. O deísmo é uma postura filosófica-religiosa que
admite a existência de um Deus criador, mas rejeita a ideia
de revelação divina.
Percentagem de pessoas que, na Europa,
afirmaram acreditar num Deus. Note que os países
da Europa Oriental de maioria ortodoxa (como Grécia e
Romênia) ou muçulmano (Turquia) apresentam percentagem
mais elevadas.

Teísmo

O teísmo é um conceito surgido no século


XVII, contrapondo-se ao ateísmo, deísmo e panteísmo.O
teísmo sustenta a existência de um Deus (contra o ateísmo),
ser absoluto transcendental (contra o panteísmo), pessoal,
75
“A verdade em verdade vos digo”

vivo, que atua no mundo através de sua providência e o


mantém (contra o deísmo). No teísmo a existência de um
Deus pode ser provada pela razão, prescindindo da
revelação; mas não a nega. Seu ramo principal é o teísmo
Cristão, que fundamenta sua crença em Deus na Sua
revelação sobrenatural através da Bíblia. Existe ainda o
teísmo agnóstico, que é a filosofia que engloba tanto o
teísmo quanto o agnosticismo. Um teísta agnóstico é alguém
que admite não poder ter conhecimento algum acerca de
Deus, mas decide acreditar em Deus mesmo assim. A partir
do teísmo se desenvolve aTeologia, que é encarada
principalmente, mas não exclusivamente, do ponto de vista
da fé. Embora tenha suas raízes no teísmo, pode ser
aplicada e desenvolvida no âmbito de todas as religiões. Não
deve ser confundida com o estudo e codificação dos rituais e
legislação de cada credo.
 Ateísmo – O ateísmo engloba tanto
a negação da existência de divindades quanto a
simples ausência da crença em sua existência.
 Agnosticismo – Dentro da visão agnóstica, não
é possível provar racional e cientificamente a existência de
Deus, como também é igualmente impossível provar a sua
inexistência. O agnóstico pode ser teísta ou ateísta,
dependendo da posição pessoal de acreditar (sem certeza)
na existência ou não de divindades.
Além de estudos de livros
considerados sagrados como a Bíblia, muitos estudiosos,
curiosos e pesquisadores, argumentam que pode-se
conhecer sobre Deus, e suas qualidades, observando
a natureza e suas criações. Argumentam que existe
evidência científica de uma fonte de energia ilimitada, e que
esta poderia ter criado a substância do universo, e que por
observarem a ordem, o poder e a complexidade da criação,
tanto macroscópica quanto microscópica, muitos chegaram a
admitir a existência de Deus.

Concepções de Deus

76
“A verdade em verdade vos digo”

As concepções de Deus variam amplamente.


Filósofos e teólogos têm estudado inúmeras concepções de
Deus desde o início das civilizações. Se revletirmos todas
tem uma essência, que é Deus, mas difere na forma de ação,
mais propriamente nos castigos de Deus. Castigos que
variam de acordo com as regras de cada uma delas.
As concepções abraâmicas de Deus incluem a
visão cristã da Trindade, a definição cabalística de Deus do
misticismo judaico, e os conceitos islâmicos de Deus.
As religiões indianas diferem no seu ponto de vista do divino:
pontos de vista de Deus no hinduísmo variam de região para
região, seita, e de casta, que vão desde as monoteístas até
as politeístas; o ponto de vista de Deus no
budismo praticamente não é teísta. Nos tempos modernos,
mais alguns conceitos abstratos foram desenvolvidos, tais
como tecnologia do processo e teísmo aberto. Concepções
de Deus formuladas por pessoas individuais variam tanto que
não há claro consenso sobre a natureza de Deus. O filósofo
francês contemporâneo Michel Henry tem proposto
entretanto uma definição fenomenológica de Deus como a
essência fenomenológica da vida:
 Doutrina espírita – Considera Deus a
inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas,
eterno, imutável, imaterial, único, onipotente e
soberanamente justo e bom. Todas as leis da natureza são
leis divinas, pois Deus é seu autor.
 Martinismo – Nesta doutrina, podemos
encontrar no livro Corpus Hermeticum a seguinte citação:
"vejo o Todo, vejo-me na mente… No céu eu estou, na terra,
nas águas, no ar; estou nos animais, nas plantas. Estou no
útero, antes do útero, após o útero -estou em todos os
lugares."
 Teosofia, baseada numa interpretação não
ortodoxa das doutrinas místicas orientais e ocidentais, afirma
que o Universo é, em sua essência, espiritual e o homem é
um ser espiritual em progresso evolutivo cujo ápice é
conhecer e integrar a Realidade Fundamental, que é Deus.
 Algumas pessoas especulam que Deus ou os
deuses são seres extraterrestres. Muitas dessas teorias
sustentam que seres inteligentes provenientes de outros
77
“A verdade em verdade vos digo”

planetas visitaram a Terra no passado e influenciaram no


desenvolvimento das religiões. Alguns livros, como o livro
"Eram os Deuses Astronautas?" de Erich von Däniken,
propõem que tanto os profetas como também os messias
foram enviados ao nosso mundo com o objetivo exclusivo de
ensinar conceitos morais e encorajar o desenvolvimento da
civilização.
 Especula-se também que toda a religiosidade
do homem criará no futuro uma entidade chamada Deus, a
qual emergirá de uma inteligência artificial. Arthur Charles
Clarke, um escritor de ficção científica, disse em uma
entrevista que: "Pode ser que nosso destino nesse planeta
não seja adorar a Deus, mas sim criá-Lo".
 Outros especulam que as religiões e mitos são
derivados do medo. Medo da morte, medo das doenças,
medo das calamidades, medo dos predadores, medo do
desconhecido. Com o passar do tempo, essas religiões
foram subjugadas sob a tutela das autoridades dominantes,
as quais se transformaram em governantes divinos ou
enviados pelos deuses. Dessa forma, a religião é
simplesmente um meio para se dominar a massa. Napoleão
Bonaparte disse que: "o povo não precisa de Deus, mas
precisa de religião", o que quer dizer que a massa necessita
de uma doutrina que lhe discipline e lhe estabeleça um rumo,
sendo que Deus é um detalhe meramente secundário.

Abordagens teológicas

Teólogos e filósofos atribuíram um número de


atributos para Deus, incluindo onisciência, onipresença,
onipotência, amor perfeito, simplicidade e eternidade
necessária.
Deus tem sido descrito como incorpóreo, um ser
personalidade, a fonte de todas as obrigações morais e
concebido como o melhor ser existente. Estes atributos
foram tidos em diferentes graus por acadêmicos judeus (eles
de novo!), cristãos, muçulmanos, desde as épocas
anteriores, incluindo Santo Agostinho, Al Ghazal e
Maaimonides

78
“A verdade em verdade vos digo”

Muitos argumentos desenvolvidos por filósofos


medievais para a existência de Deus, tentaram compreender
as implicações precisas dos atributos de Deus. Conciliar
alguns desses atributos gerou problemas filosóficos e
debates importantes. Por exemplo, a onisciência de Deus
implica que Deus sabe como agentes livres irão escolher
para agir. Se Deus sabe isso, a aparente vontade deles pode
ser ilusória, ou o conhecimento não implica predestinação, e
se Deus não sabe, então não é onisciente.[10]
Os últimos séculos de filosofia tem-se visto
vigorosas perguntas sobre a argumentos para a existência
de Deus levantadas pelos filósofos, tais como Immanuel
Kant, David Hume e Antony Flew, apesar de Kant considerar
que o argumento de moralidade era válido.
A resposta teísta tem sido de questionamentos,
como Alvin Plantinga, que a fé é "adequadamente básica", ou
a tomar, como Richard Swinburne, a posição evidencialista.
Alguns Teístas concordam que nenhum dos
argumentos para a existência de Deus são vinculativos, mas
alegam que a fé não é um produto da razão, mas exige risco.
Não haveria risco, dizem, se os argumentos para a existência
de Deus fossem tão sólidos quanto as leis da lógica, uma
posição assumida por Pascal como: "O coração tem razões
que a razão não conhece."
A maior parte das grandes religiões consideram a
Deus, não como uma metáfora, mas um ser que influencia a
existência de cada um no dia-a-dia. Muitos fiéis acreditam na
existência de outros seres espirituais, e dão-lhes nomes
como anjos, santos, demônios e devas.

Teísmo e Deísmo

O teísmo sustenta que Deus existe realmente,


objetivamente, e independentemente do pensamento
humano, sustenta que Deus criou tudo; que é onipotente e
eterno, e é pessoal, interessado, e responde às orações.
Afirma que Deus é tanto imanente e transcendente, portanto,
Deus é infinito e de alguma forma, presente em todos os
acontecimentos do mundo.
79
“A verdade em verdade vos digo”

A teologia católica sustenta que Deus


é infinitamente simples, e não está sujeito involuntariamente
ao tempo. A maioria dos teístas asseguram que Deus é
onipotente, onisciente e benevolente, embora esta crença
levante questões acerca da responsabilidade de Deus para o
mal e sofrimento no mundo. Alguns teístas atribuem a Deus
uma auto-consciência ou uma proposital limitação da
onipotência, onisciência, ou benevolência.
O Teísmo aberto, pelo contrário, afirma que,
devido à natureza do tempo, a onisciência de Deus não
significa que a divindade pode prever o futuro. O "Teísmo" é
por vezes utilizado para se referir, em geral, para qualquer
crença em um Deus ou deuses, ou seja, politeísmo ou
monoteísmo.
O Deísmo afirma que Deus é
totalmente transcendente: Deus existe, mas não intervém no
mundo para além do que era necessário para criá-lo. Em
vista desta situação, Deus não é antropomórfico, e não
responde literalmente às orações ou faz milagres
acontecerem. É comum no deísmo a crença de que Deus
não tem qualquer interesse na humanidade e pode nem
sequer ter conhecimento dela.
O pandeísmo e o panendeísmo, respectivamente,
combinam as crenças do deísmo com o panteísmo ou
panenteísmo.

Posições científicas e críticas a respeito da


ideia de Deus

Stephen Jay Gould propôs uma abordagem


dividindo o mundo da filosofia no que ele chamou de
"magistérios não sobrepostos". Nessa visão, as questões
do sobrenatural, tais como as relacionadas com
a existência e a natureza de Deus, são não-empíricas e
estão no domínio próprio da teologia. Os métodos da ciência
devem ser utilizadas para responder a qualquer questão
empírica sobre o mundo natural, e a teologia deve ser usada
para responder perguntas sobre o propósito e o valor moral.
Nessa visão, a percepção de falta de qualquer passo

80
“A verdade em verdade vos digo”

empírico do magistério do sobrenatural para eventos naturais


faz da ciência o único ator no mundo natural.
Outro ponto de vista, exposto por Richard
Dawkins, é que a existência de Deus é uma questão
empírica, com o fundamento de que "um universo com um
deus seria um tipo completamente diferente de um universo
sem deus, e poderia ser uma diferença científica ".
Carl Sagan argumentou que a doutrina de um
Criador do Universo era difícil de provar ou rejeitar e que a
única descoberta científica concebível que poderia trazer
desafio seria um universo infinitamente antigo.

Antropomorfismo

Pascal Boyer argumenta que, embora exista uma


grande variedade de conceitos sobrenaturais encontrados ao
redor do mundo, em geral seres sobrenaturais tendem a se
comportar tanto como as pessoas. A construção de deuses e
espíritos como as pessoas é um dos melhores traços
conhecidos da religião. Ele cita exemplos de mitologia grega,
que é, na sua opinião, mais como uma novela moderna do
que outros sistemas religiosos. Bertrand du Castel e Timothy
Jurgensen demonstram através de formalização que o
modelo explicativo de Boyer corresponde ao que
a epistemologia física faz ao trabalhar com entidades não
diretamente observáveis como intermediários.
O antropólogo Stewart Guthrie afirma que as
pessoas projetam tais características humanas para os
aspectos não-humanos do mundo, porque isso torna esses
aspectos mais familiares. Sigmund Freud também sugeriu
que os conceitos de Deus são projeções de um pai. Da
mesma forma, Émile Durkheim foi um dos primeiros a sugerir
que os deuses representam uma extensão da vida social
humana para incluir os seres sobrenaturais.
Em linha com esse raciocínio, o psicólogo Matt
Rossano afirma que quando os humanos começaram a viver
em grupos maiores, eles podem ter criado os deuses como
um meio de garantir a moralidade. Em pequenos grupos, a
81
“A verdade em verdade vos digo”

moralidade pode ser executada por forças sociais, como a


fofoca ou a reputação. No entanto, é muito mais difícil impor
a moral usando as forças sociais em grupos muito maiores.
Ele indica que, ao incluir sempre deuses e espíritos atentos,
os humanos descobriram uma estratégia eficaz para a
contenção do egoísmo e a construção de grupos mais
cooperativos.
O anarquista Mikhail Bakunin critica a ideia de
Deus como sendo uma ideia criada pelas elites (reis,
senhores de escravos, senhores feudais, sacerdotes,
capitalistas) que busca justificar a sociedade autoritária
projetando ideologicamente as relações de dominação para o
universo como um todo (Deus como senhor ou rei e o
universo como escravo ou súdito). A ideia de Deus serviria
como um instrumento de dominação cuja função seria fazer
os dominados aceitarem sua exploração como se fosse um
fato natural, cósmico e eterno, ou seja, um fato do qual não
podem fugir, restando-lhes apenas a opção de resignarem-
se.

Ateísmo

Ateísmo, num sentido amplo, é a rejeição ou


ausência da crença na existência de divindades e outros
seres sobrenaturais.[1] O ateísmo é contrastado com oteísmo,
[2][3]
que em sua forma mais geral é a crença de que existe
pelo menos uma divindade.[3][4][5][6] Num sentido mais restrito,
o ateísmo é precisamente a posição de que não
existem divindades.[7]
O termo ateísmo, proveniente do grego
clássico ἄθεος (transl.: atheos), que significa "sem Deus", foi
aplicado com uma conotação negativa àqueles que se
pensava rejeitarem os deuses adorados pela maioria
da sociedade. Com a difusão do pensamento livre,
do ceticismo científico e do consequente aumento
do criticismo à religião, a aplicação do termo foi reduzida em
seu escopo. Os primeiros indivíduos a identificarem-se como
"ateus" surgiram no século XVIII.[8]
Os ateus tendem a ser céticos em relação a
afirmações sobrenaturais, citando a falta de
82
“A verdade em verdade vos digo”

evidências empíricas. Os ateus têm oferecido vários


argumentos para não acreditar em qualquer tipo de
divindade. Estes incluem o problema do mal, o argumento
das revelações inconsistentes e o argumento de descrença.
Outros argumentos do ateísmo são filosóficos, sociais e
históricos. Embora alguns ateus adotem filosofias seculares,
não há nenhuma ideologia ou um conjunto de
comportamentos a que todos os ateus aderem. Na cultura
ocidental, assume-se frequentemente que os ateus
são irreligiososembora outros ateus sejam espiritualistas.
Ademais, o ateísmo também aparece em certos sistemas
religiosos e de crenças espirituais, como o janismo, budismo
e hinduísmo. O jainismo e algumas formas de budismo não
defendem a crença em deuses, enquanto o hinduísmo
mantém o ateísmo como um conceito válido, mas difícil de
acompanhar espiritualmente.
Como as conceções sobre o ateísmo variam, é
difícil determinar quantos ateus existem no mundo
atualmente. Segundo uma estimativa, cerca de 2,3% da
população mundial descreve-se como ateia, enquanto 11,9%
descreve-se como não-religiosa. De acordo com outra
estimativa, as taxas de ateísmo auto-relatado são mais altas
em países ocidentais, embora também varie bastante em
grau - Estados
Unidos (4%), Itália (7%), Espanha (11%), Reino Unido (17%),
Alemanha (20%) e França (32%).

Argumentos pela existência de Deus

O assim denominado argumento ontológico da


existência de Deus foi desenvolvido por Santo Anselmo de
Canterbury na obra "Proslogion". Os passos do raciocínio
anselmiano são os seguintes:
 Existe na mente de todo homem a ideia de um
ser que não se pode pensar outro maior;
 Existir só na mente é menos perfeito do que
existir na mente e também na realidade;
 Se o ser maior do que o qual não se pode
pensar outro só existisse na mente seria menor do que
qualquer outro que também existisse na realidade;
83
“A verdade em verdade vos digo”

 Logo, o ser do qual não se pode pensar outro


maior deve existir também na realidade (existência real
necessária), logo conclui-se que existe Deus e esse ser é
perfeitíssimo.
Defenderam esta tese com argumentos distintos
São Boaventura, Duns, Descartes Leibiniz, Hegel, Isaac
Newton quando citou a mecânica celeste ou gravitação
universal, Karl Bath e N. Malcolm.
Como veem acima, já impostaram nas mentes
humanas a ideia de que se prensar em outro ser que não
Deus, estará condenado ás penas eternas.

As Cinco Vias de São Tomás de Aquino

Santo Tomás de Aquino, na sua obra Suma


Teológica ensina que Deus é o princípio e o fim de todas as
coisas e que, fazendo apenas o uso da luz natural da razão a
partir das coisas criadas, é possível demonstrar a Sua
existência, sem ter de recorrer a nenhum outro argumento de
natureza religiosa ou dogmática, para isto propõe cinco vias
de demonstração de natureza exclusivamente filosófico-
metafísica.
As cinco vias são provas a posteriori, que têm
como ponto de partida as criaturas enquanto entes causados
para se atingir como termo de chegada a necessidade da
existência de Deus; são demonstrações metafísicas
(causalidade do ser) e não científico-positivas (causalidade
apenas dos fenômenos), mesmo partindo da experiência
sensível e, aplicando o princípio da causalidade, mostram ser
impossível se proceder ao infinito na cadeia de causas.

1ª via - Primeiro Motor Imóvel Nossos sentidos


atestam, com toda a certeza, que neste mundo algumas
coisas se movem. Tudo o que se move é movido por alguém,
é impossível uma cadeia infinita de motores provocando o
movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria
ao movimento presente, logo há que ter um
primeiro motor que deu início ao movimento existente e que

84
“A verdade em verdade vos digo”

por ninguém foi movido, e um tal ser todos entendem: é


Deus.
O movimento aqui é considerado no sentido
metafísico, isto é passagem da potência - como sendo
aquilo que uma coisa pode vir a ser, para oato - aquilo que a
coisa é no momento. Deus é ato puro e não sofre mudança.
O seu Ser confunde-se com o Agir.

2ª. via - Causa Primeira ou Causa


Eficiente Decorre da relação "causa-e-efeito" que se observa
nas coisas criadas. Não se encontra, nem é possível, algo
que seja a causa eficiente de si próprio, porque desse modo
seria anterior a si próprio: o que é impossível. É necessário
que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido
causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do
contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria
uma outra numa sequência infinita e não se chegaria ao
efeito atual. Logo é necessário afirmar uma Causa eficiente
Primeira que não tenha sido causada por ninguém. A esta
Causa todos chamam Deus. Assim se explica a causa da
existência do Universo.

3ª. via - Ser Necessário e Ser


Contingente Existem seres que podem ser ou não ser,
chamados de contingentes, isto é cuja existência não é
indispensável e que podem existir e depois deixar de existir.
Todos os seres que existem no mundo são contingentes, isto
é, aparecem, duram um tempo e depois desaparecem. Mas,
nem todos os seres podem ser desnecessários, caso
contrário o mundo não existiria. Alguma vez nada teria
existido, logo é preciso que haja um Ser Necessário que
fundamente a existência dos seres contingentes e que não
tenha a sua existência fundamentada em nenhum outro ser.
Igualmente, tudo o que é necessário tem a causa da sua
necessidade noutro. Aqui também não é possível continuar
até o infinito na série das coisas necessárias que têm uma
causa da própria necessidade. Portanto, é necessário afirmar
a existência de algo necessário por si mesmo, que não
encontra em outro a causa de sua necessidade, mas que é
causa da necessidade para os outros: O que todos
85
“A verdade em verdade vos digo”

chamam Deus. Do Nada não surge e nem advém o Ser.


Como se observa que as coisas existem, não pode ter havido
um momento de Nada Absoluto, pois daí não se brotaria a
existência de algo ou coisa alguma.

4ª. via - Ser Perfeito e Causa da Perfeição dos


demais Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns
são mais perfeitos que outros, o universo está
ontologicamente hierarquizado - seres racionais corpóreos,
animais, vegetais e inanimados) qualquer graduação
pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser
que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa
da Perfeição dos demais seres.
Platão e Aristóteles (por Rafael Sanzio, 1509)
concluíram pela necessidade da existência de uma
inteligência ordenadora do universo.

5ª. via - Inteligência Ordenadora Existe uma


ordem admirável no Universo que é facilmente verificada, ora
toda ordem é fruto de uma inteligência ordenadora, não se
chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser
inteligente que dispôs o universo na forma ordenada. Com
efeito aquilo que não tem conhecimento não tende a um fim,
a não ser dirigido por algo que conhece e que é inteligente,
como a flecha pelo arqueiro. Logo existe algo inteligente pelo
qual todas as coisas naturais são ordenadas ao fim, e a isso
nós chamamos Deus.
Há uma ordem em todos os seres, o menor
vegetal, por exemplo, tem órgãos para cada função
ordenados para a preservação da espécie. Esta ordem
pressupõe uma Inteligência ordenadora, pois a ordem não
vem do caos e nem do acaso. Da mesma forma as letras de
um livro não são colocadas ao acaso. Logo a ordem
existente no mundo prova a existência de uma Inteligência
que ordenou todas as coisas nos mínimos detalhes. É
necessário que exista uma Inteligência Suprema que tenha
ordenado o Universo criado.

O Mal no Mundo

86
“A verdade em verdade vos digo”

A existência do "mal" tem sido usada como


argumento para a inexistência, ou pelo menos, da
incongruência da existência de Deus. Hume (1711-1776)
adianta: "Quererá [Deus] impedir o mal, mas não é capaz?
então é impotente. Será que é capaz, mas não o deseja?
então é malévolo. Terá tanto o desejo como a capacidade?
então porque é que existe o mal?".
Em relação a estes argumentos, Santo Tomás
explica que "Deve-se dizer com Santo Agostinho: 'Deus
soberanamente bom, não permitiria de modo algum a
existência de qualquer mal em suas obras, se não fosse
poderoso e bom a tal ponto de poder fazer o bem a partir do
próprio mal'. Assim, à infinita bondade de Deus pertence
permitir males para deles tirar o bem".
Ora, não seria mais fácil permanecer optando pelo
bem?
"O mal é ideia do homem, não de Deus. Ele, que
deu ao homem o livre-arbítrio e pôs em marcha o Seu plano
para a humanidade, não interfere continuamente para tirar ao
homem o dom da liberdade. Se o inocente e o justo têm
de sofrer a maldade dos maus, a sua recompensa no final
será maior, os seus sofrimentos serão superados com sobra
pela felicidade futura".
O mal, ou infortúnio, decorre do fato da criatura
ser limitada e imperfeita, porque dele pode tirar um bem
maior: aprendizados que geram novas virtudes e méritos
pela superação das condições adversas. Assim, o mal teria a
função de ensinar aos homens os seus próprios limites,
corrigindo e reordenando a criatura pela aplicação de provas
e expiações.
Essa é a função do mal, do demônio, satanás, ou
qualquer outro. Nos ajudar na evolução, nos atos e
pensamentos puros. É Deus também, o mal!

Imagem e semelhança de Deus

A existência de deficiências físicas nos humanos,


ou a presença de órgão vestigiais têm sido usados como
argumentos contra a existência de Deus, no entanto,
87
“A verdade em verdade vos digo”

segundo Santo Tomás de Aquino deve-se dizer que o


homem é a imagem de Deus, não segundo seu corpo, mas
segundo aquilo pelo que o homem supera os outros animais.
O homem é superior aos outros animais pela razão e pelo
intelecto. Portanto, é segundo o intelecto e a razão, que são
incorpóreos, que o homem seria a imagem de Deus.
Sendo assim, acredito que São Tomás reduziu o
intelecto de Deus a ínfimos pensamentos, pois nossa
capacidade intelectual é absurdamente minúscula em
relação ao universo, não em relação a Deus. Deduzo que
nós podemos agir e pensar como Deus, nem que seja
demorado, pois somos a imagem intelectual de Deus.
Acredito que o certo seria dizer que somos uma centelha de
Deus, e que somos Deus também, porém em estado de
evolução, por isso nunca o alcançaremos, que cada vez que
evoluímos, Deus também evolui, ele depende da nossa
evolução para a dele. Somos o pensamento de Deus, a
imaginação criadora, a inspiração, o sopro divino. Nós e tudo
que nos rodeia, dentro e fora da nossa galáxia.

A IDÉIA DE MICRO E MACRO COSMO: TEORIA


DE SERMOS DEUS TAMBÉM

O microcosmo somos nós. O macrocosmo é


DEUS. Ou seja, o universo, num todo é DEUS. Sempre foi
sempre será.
Então como microcosmos que somos, temos de
evoluir para poder evoluir também o macrocosmo, o
universo. Quanto mais sabemos, mais ficamos ignorantes, já
que aumentam o conhecimento que teremos de ter, e ele até
então é infinito.
“Um tolo sábio é mais tolo que um tolo ignorante.”
Jean-Baptiste P. Moliére (Dramaturgo francês)

Imagine um ignorante total, um retardado, por


exemplo, ele não sabe de quase nada. Não tem noção de
física, de leis da relatividade, de ópera, de grandeza... ele só
sabe o que necessita para sobreviver, como comida, água, e
alguns até falam coisas, mesmo que desconexas, mas falam.
Isto posto, imaginamos que qualquer criança, por mais nova
88
“A verdade em verdade vos digo”

que seja, sendo perfeitamente normal, sabe muito mais que


ele. Imaginemos nós então, com toda a nossa “sapiência”!
Este anormal, coitado, simplesmente tem a capacidade de
discernimento igual ao de um bebê, no muito. Daí deduzimos
que ele nada sabe, nada entende, nada compreende.
Bem, de acordo com minha dedução é
exatamente ao contrário. Esse anormal, sabe muito mais que
nós, que teoricamente somos perfeitos mentalmente, pois se
ele sabe somente aquele pouco, ou tanto para ele, nós
sabemos muito menos ainda diante do tamanho do universo,
de DEUS, de nós mesmos, enfim de tudo. Pois temos muito
que aprender, que evoluir, somos o microcosmos, e o
macrocosmos, se distancia em conhecimento, cada vez que
sabemos ou aprendemos algo novo.
Como um estudante de pré-escola, que quando
aprende as cores, ou as formas, acha que já sabe de tudo.
Se ele soubesse o que viria até chegar a faculdade, ou
doutorado, ou pela vida afora, entraria em depressão.
Acontece isso com muitos de nós diante da impotência em
tentar descobrir DEUS, ou mesmo a origem ou fim, que não
existem nenhum dos dois.
Somos uma fagulha do criador, um grão de areia
em todo o oceano. Mas somos peças fundamentais, somos
parte dessa engrenagem fantástica e perfeita, que é o
universo, que é DEUS, e sem nós, ou algum de nós, ele não
funciona, não move, não evolui, que é o principal motivo de
existência, não sabemos ainda porque devemos evoluir se
poderíamos ser todos evoluídos. Só sabemos que perderia a
graça totalmente!
Imaginemos um átomo. Isso mesmo uma partícula
de elemento químico. A menor conhecida, quase indivisível.
O átomo, é como se fosse a nossa galáxia, tem um núcleo,
tem um elétron que gira em seu redor. Isso nos lembra em
exatidão o sistema solar com o sol no centro, e os planetas
girando ao seu redor. È uma miniatura do nosso sistema. È
um microcosmos, diante do macrocosmo. Só para se Ter
uma idéia.
Esse mesmo átomo, se conseguido detonar seu
núcleo, ocorre uma explosão atômica, já conhecida da
humanidade terráquea, e possivelmente de outros planetas.
89
“A verdade em verdade vos digo”

Essa pequena partícula, pode destruir imensidões. Daí,


concluo que podem Ter acertado sobre a teoria do “Big
Bang”, a grande explosão que criou tudo. Mas se criou tudo,
criou DEUS também, se criou DEUS, ele não existia, ou do
contrário, essa teoria não está correta ou definida ainda. Ou
DEUS seria esse Big Bang.
Mas mesmo que seja, o que existia antes dessa
explosão? Vácuo? Então DEUS é vácuo também, ou então,
de novo essa teoria só explica parte da criação, ou não
explica nada. De novo o microcosmo correndo atrás do
macrocosmos.
De novo saliento a necessidade de um depender
do outro, do Criador depender da Criação.
Então acredito que sejamos DEUS, quando somos
o bem, e somos o diabo, quando somos o mal. Não havendo
então injustiça nem justiça, bem ou mal, tudo está dentro de
nós, junto com o Criador. Se você nunca fizer o mal para
ninguém, ninguém nunca te fará o mal, e se fizer assim
mesmo, é pagamento de vidas passadas. Se DEUS tem nós
todos como filhos, ele não deve gostar de um mais que outro,
portanto por que nascem uns sãos e outros dementes, por
exemplo? Já que nascemos todos puros e sem nada saber
ainda? E vejamos outro exemplo: um estudante para tentar
um vestibular, estuda quase 24 horas por dia. Ele não reza,
nem pede a DEUS para passar no vestibular. Ele passa.
Méritos.
Já outro aluno, tenta o vestibular e não passa,
mesmo rezando quase as mesmas 24 horas por dia. DEUS
foi injusto? Deveria passar o acreditou mais nele, na
existência dele? Ou foi justo que premiou o que estudou
mais? Nada disso, nem uma coisa nem outra. DEUS não
ajuda ninguém, porque não tem esse poder, e nem quer tê-
lo! Ou você estuda, ou não passa. Se fosse o contrário
nenhum ateu se formaria, ou teria nada nessa vida, nem em
outras. Tampouco o agnóstico. Devemos sempre caminha
com retidão, com seriedade, objetivando tudo dentro e
conforme a Lei de DEUS, que é nada mais que a Lei do
cosmos, Lei da ação e reação, isso é a Lei divina!
Não adianta estar no pé do padre, pastor, rabino,
aiatolá, Buda, ou outro mentor espiritual qualquer, se você
90
“A verdade em verdade vos digo”

não fizer a coisa certa, nada conseguirá. Pare de rezar e


pedir a DEUS as coisas, e faça tudo correto, que suas
chances de sucesso serão bem maiores que a maioria.
Se DEUS existir, como imaginamos, ele não é
injusto. Ou do contrário não existe, ou existe imperfeito.
Assim como não existe o demônio. Pois se foi
criado um anjo que rebelou, prova que DEUS é imperfeito
que fez uma criatura imperfeita, e depois não conseguiu
trazer esse anjo de volta ao lado bom, mais imperfeito ele foi
ainda. Então não existe demônio, nem feito por DEUS nem
por ninguém. DEUS não faria a antítese dele. Acho que ele
não é brincalhão para fazer o mal só para depois nos salvar
dele. Ele de Ter coisas bem mais importantes neste universo
infinito. Muitas galáxias para serem evoluídas, não só nosso
ínfimo planetinha, que ainda circula dinheiro e religião!
E para concluir, imagine um acidente grave, que
morrem algumas pessoas e salvam-se outras. Logo dizem:
”Foi DEUS quem nos salvou”. Muito bonito, DEUS salva uns
e deixa outros na mão. Por quê? Que puxação de saco é
essa? E ainda: por que ele jogaria todos nesse acidente, já
que ele tem o controle sobre tudo, e tudo acontece de acordo
com sua vontade, só para depois salvar todos ou parte
deles? Será que DEUS gosta destas brincadeiras? Será que
ele não trata seus filhos por igual? Ou será que nosso dia
chegado é de acordo com a Lei natural do cosmos? De
acordo com nossas vidas passadas? Que traçamos de uma
forma ou outra nosso destino?
DEUS é tudo, já que o universo todo é ele, e é
nada ao mesmo tempo, já que nunca saberemos quem é ele,
e nunca o alcançaremos!
Volto ao que disse antes, tudo é em dimensões
diferentes, porém paralelas. Nada existe e tudo está aí, em
nosso espírito, que é eterno e indestrutível, como DEUS.
Somos uma centelha de DEUS, à medida em que evoluímos,
DEUS evolui também, então somente por isso nunca o
alcançaremos, mesmo porque fisicamente ou materialmente
ele nunca existiu, ou virá a existir em qualquer tempo....
A mesma força gravitacional que mantém os
planetas em órbita, sem despencarem no infinito, a mesma
força que nos faz tender para o bem, a mesma força que cria
91
“A verdade em verdade vos digo”

e destrói galáxias inteiras, é a mesma força que criou o


universo. Essa força que é DEUS. A nossa inspiração, o dom
da música, da pintura, das artes em geral, dos esportes, do
mestre, do arquiteto, do médico, da natureza animal e
vegetal, do reino mineral, da beleza das pedras preciosas, do
brilho do diamante, das explosões solares, dos objetos
voadores não identificados, das pirâmides astecas e
egípcias, da cidade de Cydônia, em Marte, dos anéis de
Saturno, dos planetas distantes só descobertos agora, e dos
que irão ser descobertos, do heliocentrismo, geocentrismo e
até antropocentrismo, enfim, tudo isso que aconteceu e
acontecerá é o próprio DEUS, e não feito por DEUS.
0Isto quer dizer o demônio, ou o capeta ou o
“inimigo”. Ou seja, é como se essa teoria explicasse DEUS e
o demônio, já que o demônio nunca existiu, nem existirá, pois
DEUS, nessa forma ou imagem que sempre nos venderam
as religiões, também nunca existiu nem existirá. E o demônio
não existe também, porque DEUS não faria sua própria
antítese, ele não é louco ou sádico, mas criar e destruir, só
pelo prazer de provar que ele existe. O universo já é prova
suficiente, e certamente ele tem muito mais o que se
preocupar e fazer do que pregar essas “peças nas criaturas”.
Assim como somos os únicos responsáveis por
nós mesmos, e consequentemente, pelos nossos atos, posso
sugerir essa questão:
Se DEUS sabe totalmente nosso passado e nosso
futuro, se Ele sabe se vamos ou não para o céu inferno, se
sabe exatamente, e ainda controla o dia em que vamos
morrer ou nascer, por que então nós viemos no mundo? Para
sermos brinquedos de DEUS? Já que Ele sabe se vamos ao
inferno ou ao céu, por que então, temos de passar por coisas
boas e ruins, por que temos de sofrer, se vamos para o céu?
Por que temos de passar por coisas boas se vamos para o
inferno?
DEUS não criaria sua antítese, seria incoerente, e
pelo que nos consta, Ele é perfeito.
Isso as religiões vigentes no nosso planeta não
nos explica nem corretamente, nem detalhadamente...
Só nos fazem de idiotas, ou nos tomam por
imbecis, estúpidos, ou simplesmente, tontos, pois querem
92
“A verdade em verdade vos digo”

que acreditemos que DEUS, o demônio, o céu e o inferno


existem fora do nosso orbe.
Além do mais, duvido que DEUS, mesmo existindo
da maneira que as religiões pregam, aceita que usam o seu
santo nome em vão, como por exemplo:
“A igreja católica, ninguém sabe de onde, recebeu
poderes - e que poderes! - para nomear santos. Isso mesmo,
declaram quem quer que desejam para ser santo. Ou melhor
explicando, quando beatificam e canonizam alguém que pelo
nosso planeta passou, automaticamente dão a essa pessoa
o supremo poder de fazer milagres. Apartir da canonização,
está autorizado a fazer milagres, curas, mandar ou retirar do
céu. Como pode a humanidade ser tão ingênua a esse
ponto? Imagine um papa, como esse atual que até nazista
foi, e não adianta tentarem por na minha cabeça que foi
forçado, beatificar ou dar a glória de santo para quem quer
que seja ou que tenha feito?
E mais paradoxalmente ainda, até hoje o Brasil,
maior nação católica do mundo, não tem um santo até hoje,
genuinamente brasileiro. E olhe bem, que temos até santos
paraguaios. Isso mesmo, paraguaios genuínos, não
adquiridos em Ciudad del Leste!
Tem santos de países muçulmanos, protestantes,
e se duvidar teremos santos completamente ateus ou
agnósticos.
E os protestantes, com seus suntuosos templos e
certeiras lavagens cerebrais, que se auto intitulam bispos, e
até sabemos de alguns que são discípulos diretos de Jesus
encarnados. E ainda, tem no centro-oeste brasileiro, até um
apóstolo. Bispo ou discípulo para ele não tem status algum.
É pouca coisa!
Se ocorrem acidentes ou catástrofes, é porque o
Cosmos quer, ou seja, DEUS, estava escrito na criação
desde orbe. Ou então DEUS seria maldoso, destruindo o que
criou, deixando órfãos, infelizes, sofredores, e em outros
lugares, preservando a felicidade...
Nunca vi um pai gostar mais de um filho que de
outro!
Ou então, repetindo, por que nascem pessoas
ricas, bonitas, felizes, e no mesmo dia nascem, pobres,
93
“A verdade em verdade vos digo”

doentes, aleijados, infelizes? Seria DEUS um puxa-saco? Os


europeus e norte-americanos são os filhos prediletos de
DEUS, e os africanos, os patinhos feios da história?
Ora, caros leitores, o sol não nasce igual para
todos, ele nasce todos os dias, mas de óticas diferentes...
tudo depende das nossas vidas passadas, e, se perguntarem
como essas vidas começaram, ou qual foi a primeira vida,
responderei que assim que eu ou qualquer pessoa souber,
estará sendo o próprio DEUS, e como nós nunca seremos
DEUS, logo ele nunca existiu, nem existirá. Não do jeito que
pensamos. Já que fomos feito sua imagem e semelhança,
ele deve ter tido um pai e uma mãe, do contrário nós não
precisaríamos de uma mãe e um pai para nascermos.

A Organização universal do Cosmo (DEUS)

Comecemos explicando uma organização perfeita,


que é o Universo, de se inicia desde as nossas células, e vai
até o infinito. È uma organização que sempre este ao nosso
alcance, mas quase não percebemos a relação entre elas, e
a conexão e continuidade. Tudo funciona como um efeito
cascata e também de baixo para cima simultaneamente.
Explicarei:
As nossas células têm uma organização
complexa, mas extremamente perfeita. Tem um núcleo, um
plasma, citoplasma, membrana plasmática, como uma gema
de ovo, que, aliás, é a maior célula q existe, e todas essas
partes formam um todo. Sem uma delas funcionando, ou
funcionando mal, prejudica o andamento normal e saudável
da célula toda. O núcleo comandando tudo, como sempre.
Juntando milhões de células teremos um corpo humano, ou
animal, ou até mesmo vegetal. Mas tem que ser todas juntas,
unidas, funcionando entre si. Quando todas funcionam, o
corpo que as detém funciona normalmente, crescendo e
evoluindo.
Depois partimos para o nosso corpo humano, que
formado milhões de células, tem uma família que vive unida,
com todas as células também, formando uma família, que
vivem em um lar, e com suas regras, horários de almoço,
jantar, banho, etc., onde tem um chefe de casa, que tanto
94
“A verdade em verdade vos digo”

pode ser o pai ou a mãe, ou os dois em conjunto. Quando


um lar vai tudo funcionando certo, harmonioso, tende a
evoluir, a ser próspero, bondoso, equilibrado. Mas, se um
dos moradores, sai da linha ou desta harmonia, tudo
desanda. Foge ao controle e esse lar, certamente não
evoluirá.
Logo em seguida, vem um condomínio, por
exemplo, com suas regras, leis, horários, etc. Onde tem um
síndico que administra tudo, com a participação de uma
diretoria e de também, os moradores, que são donos. Se
todos pagam o condomínio, se resolvem sem delongas as
situações ou demandas, se são organizados e competentes,
o apartamento ou condomínio será próspero, organizado,
funcionará todos os sistemas hidráulicos, elétricos, etc. Mas,
se um atrasa, ou causa problemas, ou atrapalha o
andamento normal por qualquer motivo, esse condomínio
passa a Ter problemas, nada funcionará direito, ou
funcionará precário. E este condomínio não evoluirá.
O conjunto de células, pessoas e condomínios
formam um bairro. Onde tem um presidente de associação
de bairro, com objetivos e metas de proporcionar melhorias
para o mesmo, com o apoio de moradores que o elegeram.
Tudo também, formado por uma diretoria ou comissão que
levam os projetos, pedidos, e reivindicações para a
prefeitura, para ser analisados ou executados. Se tudo
funcionar com harmonia e conjunto, esse bairro prosperará e
terão seus pedidos com maiores chances de serem
atendidos.
E o conjunto de bairros forma uma cidade, com
um prefeito, vereadores, assessores, lideres comunitários,
policias, etc. Todos vivem entre si, e com quais os mesmos
objetivos, sendo atendidos os pedidos e anseios do povo,
para que haja uma melhoria para a coletividade. Se tudo
funcionar bem, com empregos, leis, segurança, harmonia,
essa cidade vai funcionar perfeitamente, será próspera e
evoluirá.
Daí vem um estado com várias cidades, como
células, onde se todas seguir os mesmos requisitos, será
prospera, rica, evoluirá, pois seu governo com deputados,

95
“A verdade em verdade vos digo”

assessores, etc., farão dos anseios de cada cidade, um


desenvolvimento.
De vários estados, origina-se um país, com os
mesmos cargos, problemas e soluções, onde se levar a sério
a administração, sem corrupção ou desmando, será um país
próspero, rico, organizado, com atendimento a seus
habitantes com qualidade, com todos os sistemas
funcionando harmoniosamente, então esse país, evoluirá.
Sendo assim, vários países formam continentes,
com os mesmos cargos, problemas e soluções para os
países, onde sempre tem uma organização de países ou
blocos, como são conhecidos, com todos os mesmos
sistemas de organização, seguem o princípio que enumerei
antes, se organizado, prospera se competente, segue
adiante, evolui.
Vários continentes formam um planeta, que é um
ser vivo, como nós somos. E se esse planeta também, segue
tudo isso enumerado anteriormente, será próspero e
evoluirá.
Vários planetas formam um sistema solar, com
tudo que se enumerou desde as células, será um sistema
solar próspero e evoluirá.
Assim segue sendo o mesmo com galáxias, e o
infinito.
Isso tudo anteriormente falado, é DEUS. Se nós,
juntamente com essa complexidade, seguirmos
harmoniosos, DEUS evoluirá, por isso nunca o
alcançaremos, nunca saberemos quem ele é! Ele segue
crescendo, expandindo, pois é o próprio Universo, o próprio
Cosmo.
Então, como podemos perceber, tudo que
acontece nesse mundo, ou em outros tantos, sempre existiu
e segue uma ordem, uma lei e uma seqüência. Se tem um
prefeito, vereadores, assessore, por exemplo, é porque o
Cosmos determina, e não foi criado ou inventado pela
humanidade. Pelo contrário, a humanidade que foi criada
pelo Cosmo, o Universo. Assim sendo, mesmo DEUS, segue
uma ordem crescente, onde do mesmo jeito que é
administrado uma casa ou condomínio, é administrado um
formigueiro, uma manada de elefantes, uma alcatéia, e até o
96
“A verdade em verdade vos digo”

crime organizado, até chegarmos ao macrocosmo, o


universo.
Nada do que acontece é por acaso ou porque
DEUS quis como nossas ignorantes religiões ensina ou
entende. Tudo foi programado ou criado por nós mesmos. A
nossa vida é como um espelho, quando você olha num
espelho, você vê quem? Você mesmo! Então tudo que você
faz de bom ou de ruim para alguém, está automaticamente
fazendo a você mesmo.
É como o eco, você grita, e a reprodução é
unicamente o que você gritou. Então, se você não gosta do
que ouve, pense bem no que está falando.
Como já mencionei anteriormente, nada do que
acontece, é obra de DEUS ou do diabo, já que nem mesmo
esse último existe, nem vai existir. DEUS não faz nada de
errado com alguém para depois consertar ou provar que ele
existe, seria uma falta de afirmação de DEUS ou crise
existencial. DEUS é o Universo, é o planeta, é o ar, o vento,
a noite, o sol, as emoções, a força gravitacional, o bem, o
mal, a justiça e a injustiça...
Está dentro de cada um de nós, e está fora de
cada um de nós também, já que quanto mais evoluímos, Ele
também evolui, somos parte dele, uma centelha divina, uma
célula ou átomo do criador, que é a própria criação.

A imagem de Deus

Esta imagem não se refere a uma pintura ou


estátua em que Deus seja retratado, mas sim à imagem
interior de Deus que cada ser humano carrega dentro de si.
De acordo com o Guia, as crianças experimentam
o primeiro conflito com autoridade numa idade bastante
precoce. Elas também aprendem que Deus é a mais alta
autoridade.
Portanto, não é surpreendente que as crianças
projetem a sua experiência subjetiva com autoridade sobre a
imagem a respeito de Deus. Uma imagem é formada e o que
quer que a criança e, mais tarde o adulto, relacione com
autoridade, a atitude dele ou dela para com Deus, será,

97
“A verdade em verdade vos digo”

muito provavelmente, colorida e influenciada por esta


relação.
Crianças experimentam todas as formas de
autoridade. Quando são proibidas de fazer algo de que
gostam muito, elas experimentam autoridade como algo
hostil. Quando a autoridade dos pais é indulgente com a
criança, autoridade para ela será sentida como algo benigno.
Quando há predominância de um tipo de autoridade na
infância, a reação a ela virá a ser a atitude inconsciente para
com Deus. Em muitas circunstâncias, entretanto, as crianças
experimentam uma mistura de ambas. Então, a combinação
destes dois tipos de autoridade formará a sua imagem a
respeito de Deus. O grau em que uma criança experimenta
medo e frustração será o mesmo grau de medo e frustração
que ela inconscientemente sentirá com relação a Deus.
Então Deus será visto com punitivo e severo, freqüentemente
até mesmo como uma força injusta e desleal, com a qual
uma pessoa deve lutar.
De acordo com o Guia, no trabalho do Caminho
somos convidados a encontrar as reações emocionais que
não correspondem a todos os nossos conceitos conscientes.
Quanto menos conceitos inconscientes coincidirem com
aqueles conscientes, maior será o choque quando a pessoa
compreende a discrepância.
Todos estamos fadados a encontrar injustiça
humana no curso da nossa vida, tanto na infância quanto na
idade adulta. Se estas injustiças são perpetradas por
pessoas que ocupam posição de autoridade, e são, portanto,
inconscientemente associadas com Deus, a crença
inconsciente na severa injustiça de Deus é fortalecida.
Tais experiências também intensificam o medo de
Deus. Tudo isto forma uma imagem que, se melhor
analisada, faz de Deus um monstro. Esse Deus, vivendo na
sua mente inconsciente é realmente mais do que um Satã.
A sua alma está impregnada com similares
conceitos errados? Se e quando um ser humano no seu
processo de desenvolvimento se torna consciente de tal
impressão, ele não entende que este conceito de Deus é
falso e que Deus não é aquilo que é experimentado na
psique. Então a pessoa se retira totalmente de Deus, não
98
“A verdade em verdade vos digo”

querendo a parte do monstro descoberto, pairando sobre a


sua mente.
Isto é, muitas vezes, a verdadeira razão para o
ateísmo de algumas pessoas. A retirada é tão errônea
quanto o extremo oposto de temer a um Deus que é severo,
injusto e cruel.
Sabemos que pais excessivamente indulgentes
satisfazem todos os caprichos da criança. Eles não instilam
na criança um senso de responsabilidade. A imagem de
Deus resultante de tal condição pode, à primeira vista, estar
mais próxima de um conceito verdadeiro de Deus – bom,
amável, indulgente.
Isto induz a personalidade a, inconscientemente,
pensar que uma pessoa pode escapar dos olhos de Deus,
pode enganar a vida e esquivar-se de sua própria
responsabilidade.
Iniciando desse modo, a criança sentirá muito
menos medo. Mas uma vez que a vida não pode ser
enganada, e o seu próprio plano de vida não pode ser
escamoteado, esta atitude errada produzirá conflitos e então
o medo será gerado por uma reação em cadeia de
pensamentos, sentimentos e ações erradas. Uma confusão
interior surgirá, uma vez que a vida real não corresponde à
imagem inconsciente e ao conceito de um Deus indulgente.
Muitas subdivisões e combinações destas duas
categorias podem existir numa mesma alma. A imagem não
apenas depende do tipo particular de autoridade
predominantemente experimentada na infância, mas também
das características que cada entidade espiritual
individualmente trouxe para esta vida. Quanto mais a
entidade já tiver desenvolvido muitos padrões de
encarnações nessa área, menor será a influência da psique.
A imagem do Deus indulgente não é simplesmente
adicionada à imagem do monstro, mas é freqüentemente
uma reação e compensação para o conceito falso. A
personalidade deve lutar entre estes dois conceitos,
inconscientemente tentando achar qual é certo, e nunca
vencendo a batalha porque ambos os conceitos são falsos.

99
“A verdade em verdade vos digo”

É muito importante encontrar o que a sua imagem


de Deus é. Esta imagem é básica e determina todas as
outras atitudes, imagens e padrões por toda a sua vida.
A sua imagem de Deus reflete toda a escala entre
os dois pólos opostos, - da desesperança e desespero,
acreditando que o Universo é injusto -, para a auto-
indulgência, rejeição da própria responsabilidade, e a
expectativa de que Deus o favorecerá e mimará você. Agora
a questão que surge é como dissolver semelhante imagem.
Primeiro você deve tornar-se plenamente
consciente do conceito errado. Embora você deva estar
consciente da imagem em algum grau, você não consegue
reconhecer todas as implicações, efeitos e influências sobre
a sua personalidade.
Este deve ser o primeiro passo. Você pode estar
consciente de uma imagem, mas muitas vezes você não está
consciente de que ela é falsa. Na sua concepção intelectual
você está parcialmente convencido que a imagem-conclusão
é correta.
Formule o conceito certo. Então estes dois
conceitos podem ser comparados. Você precisa
constantemente comparar o quanto ainda está desviado
emocionalmente do conceito intelectual correto. Faça isto
calmamente, sem ansiedade ou raiva de si mesmo porque
suas emoções não seguem seus pensamentos tão
rapidamente quanto você gostaria.
Compreenda que suas emoções precisam de
tempo para ajustar-se. Enquanto isso faça tudo o que estiver
em seu poder para dar-lhes a oportunidade de crescer. Isso
é melhor alcançado pela constante observação e
comparação entre o conceito certo e o errado. Observe
também sua resistência para mudar. O eu sombrio da
personalidade humana é muito astuto. Seja sábio com ele.
As emoções resistentes não se preocupam se o conceito
apropriado é óbvio ou não. Em ambos os casos elas
encontrarão caminhos e significados para tentar esquivar-se
de uma mudança interior de atitude. Mas tão logo o seu
entendimento Intelectual seja alcançado, você deve
diferenciar entre os dois tipos de conceitos: aqueles que são
óbvios se você pensar a respeito deles e os que requerem
100
“A verdade em verdade vos digo”

entendimento interno, iluminação interior que tem de ser


alcançada, de modo a formular o conceito apropriado
igualmente em seu intelecto.
O Guia nos ensina que rezar por reconhecimento
é importante. Quando você reza, observe o quão
sinceramente você deseja a resposta. Você deve
respeitosamente rezar pelo reconhecimento de suas
concepções erradas, mas no interior há um bloco de
resistência que você pode sentir se procurá-lo.
Então, finalmente, você aprende que você mesmo
obstrui a luz e a liberdade, não Deus. Então você pode
começar argüindo com aquela parte em você que persiste
em ser infantil e irracional.
Finalmente o conceito apropriado de Deus é
percebido, esta é certamente uma das mais difíceis
conscientizações de se alcançar, porque ela é a mais
preciosa. O que quer que você imagine a esse respeito, é por
aí que você deve começar. Se você está convencido de
injustiça, então é porque você não pode ver, factualmente,
que esta convicção é errada. O remédio é encontrar na sua
própria vida, como você tem causado acontecimentos que
parecem inteiramente injustos. Quanto mais você
compreender a força magnética das imagens e a poderosa
força de todas as correntes psicológicas inconscientes,
melhor você compreenderá e experimentará a verdade
destes ensinamentos e profundamente será convencido de
que não há injustiça. Encontre a causa e o efeito de suas
ações interiores e exteriores. O Guia nos recorda ainda que
se fizermos a metade do esforço que usualmente fazemos
para achar as falhas dos outros, para reconhecer nossas
próprias falhas, veremos a conexão de nossa própria lei de
causa e efeito.
Perceberemos então que não é Deus, não são os
fatos, não é um mundo ordenado injustamente, onde temos
que sofrer as conseqüências das imperfeições de outras
pessoas, mas a nossa ignorância, nosso medo, nosso
orgulho e nosso egoísmo, que direta ou indiretamente,
causam aquilo que estava distante demais para vir ao nosso
encontro sem que o tivéssemos atraído. A apropriada e
construtiva atitude para com nossas próprias imperfeições é
101
“A verdade em verdade vos digo”

a chave para a dissolução deste e de todos os outros


círculos viciosos que devemos cortar.
Deus é, entre muitas outras coisas, vida e força
vital. Pense nessa força vital como uma corrente elétrica
dotada de inteligência suprema. Esta “corrente elétrica” está
em você, ao redor de você, fora de você. Esta corrente de
poder é um importante aspecto de Deus.
As leis de Deus são feitas de modo a conduzir
você finalmente para a luz e a felicidade, não importa o
quanto você se desvie delas. O amor da lei, e, portanto, de
Deus, está também contido no fato de que Ele deixa você se
desviar, se você quiser. Que você é feito à imagem e
semelhança dele, significa que você é completamente livre
para escolher como desejar.
Pense em Deus como o Grande Poder Criador à
sua disposição. Por essa razão, não é Deus que é injusto,
como o seu inconsciente deve acreditar, mas sim o seu uso
errado da corrente de poder à sua disposição.
Tente encontrar onde você tem abusado dessa
corrente de poder e conecte estas instâncias com as
injustiças das quais você se queixa. Você não tem idéia do
que esta descoberta significará para você. Quanto maior for
a sua resistência inicial para aceitar isso, maior será a sua
vitória.
Você compreenderá completamente a maravilha
da criação dessas leis que deixam você com o poder para
criar a sua própria vida da maneira que desejar. Isto lhe dará
confiança e o profundo e absoluto conhecimento de que você
não tem nada a temer. Reflita sobre a interpretação mística
do Hexagrama I do I Ching, O CRIATIVO:

Argumento da existência do universo

O mundo exige uma causa de si, que se chama


Deus. Não há efeito sem causa. Todo o ser que começa a
existir tem uma causa. O universo tem um grau de
complexidade superior a qualquer obra humana conhecida.
Logo não se pode admitir que tenha aparecido sem que um
102
“A verdade em verdade vos digo”

Ser lhe tenha dado a existência, Assim como a existência de


um edifício pressupõe a existência de um engenheiro, ou a
de um quadro a do pintor. Esse Ser chama-se Deus. Esse
Ser, é o próprio universo, ou o que houver e se houver além
dele. Um ser não existiu antes, um ser não fez tudo isso
sozinho, um ser não se fez sozinho. Isso é Deus, tudo e
nada.
Ora, em cada lugar deste universo habita Deus. Já
que ele mesmo é o próprio universo. Ele controla tudo
porque ele é o próprio controle. É o próprio controlado. Digo
controlado porque quando nós nos evoluímos nos
controlamos, e somos centelha, parte, faísca de Deus, então
o controlamos também.
Os Sinais do Cosmos (Deus) na Criação do
Universo, até onde a mente humana alcançou –
argumento cosmológico.

Argumento Cosmológico – Uma Primeira


Causa
A. Se alguma coisa existe, deve haver o que se
requer para que essa coisa exista.
B. O universo existe.
C. Deve haver o que se requer para que o
universo exista.
D. O que se requer para que o Universo exista não
pode estar limitado dentro do espaço e do tempo.
E. Por isso, o que se requer para que o Universo
exista deve transcender tanto o espaço quanto o tempo.
Immanuel Kant, o famoso filósofo da Prússia
(1724-1804), justificava seu agnosticismo bem definido e
comedido, com o que ele via como as seguintes contradições
quanto ao tempo (A) e a causalidade (B):
A. Tempo:
Tese: O universo deve ter tido um começo, senão
um infinito número de momentos transcorreram. Mas isto é
impossível, já que o infinito não pode ser atravessado.
Contraposição: Mas o universo não pode ter começado no
tempo, senão houve um tempo anterior, o que é impossível.
B. Causalidade:

103
“A verdade em verdade vos digo”

Tese: Nem toda causa tem uma causa, senão as


séries nunca começariam o que acontece. Então deve haver
uma primeira causa.
Contraposição: Mas as séries não podem ter um
começo, já que tudo tem uma causa. Então não deve haver
uma primeira causa.
C. Análise:
No que diz respeito à antinomia (contradição real ou
aparente entre dois princípios ou leis, paradoxo) da
causalidade de Kant, nem tudo precisa de uma causa,
apenas casuais ou seres finitos. O Necessário ou primeiro ou
Ser eterno não precisa de uma causa.
Kant raciocinava que um Ser Infinito podia se
refletir apenas em um universo infinito. Como o universo que
veio a ser é imaterial já que não pode ser conhecido através
de nossos sentidos (sensibilidade). Para Kant as
propriedades universais que formam cada aparência das
coisas diante de nossa mente são as condições
transcendentais de aparência a priori, as quais aparecem
análogas às formas de Platão (Eidos) ou universais com
subjacentes aparências físicas.
Ainda de acordo com Kant, existem duas
condições que se aplicam a cada percepção: espaço e
tempo. Nem espaço, nem tempo podem ser considerados
como uma realidade existente completamente fora de nós.
Não observamos o espaço ou o tempo simplesmente como
espectadores. Eles são de alguma maneira uma parte de
nossa programada consciência interna.
Para Kant o espaço deve ser pressuposto. Não
podemos conceber o espaço como algo que existe fora de
nós mesmos sem pressupormos a própria coisa que estamos
tentando conceber. A representação original de espaço é
uma intuição a priori. Espaço é um conceito que existe em
nossas mentes antes da experiência. Tempo não é um
conceito empírico que deriva de qualquer experiência. Do
mesmo modo o tempo é um conceito que existe em nossa
mente a priori antes da experiência. Só porque
experimentamos espaço e tempo em um nível empírico não
significa que eles são objetivamente reais. Eles são parte de
uma estrutura de nossa consciência, não coisas que a
104
“A verdade em verdade vos digo”

consciência descobre originalmente fora de si mesma. Kant


expressa isto ao dizer que espaço e tempo são
transcendentalmente ideais.
O conceito de Kant de um universo infinito
(adotado por Aqui nas que sustentava que não havia razão
para Deus preceder sua própria criação no tempo) está
basicamente de acordo com o modelo do Estado Contínuo, o
qual sugere um universo infinito. Um universo onde a criação
da matéria é um ato natural, mesmo uma lei da natureza, não
um milagre absoluto de uma natureza exterior. Há uma
autocriação contínua e espontânea da nova matéria. Para
Fred Hoyle, um dos três britânicos astrofísicos que
inventaram o modelo do Estado Contínuo, "o Universo é o
todo". Nada pode transcender o reino da natureza.
Nas últimas três décadas passadas a Ciência
usando a teoria da relatividade geral de Einstein tem refutado
a visão de espaço e tempo de Kant, de um universo infinito,
mostrando que espaço e tempo são propriedades físicas e
desta maneira são finitas. Estas propriedades irreconhecíveis
ou "noumena" como Kant as rotulou tornaram-se empíricas
(observáveis e como tal mensuráveis)

Argumento da Lei Moral

Dá-se o nome de Lei Moral ao conjunto de


preceitos que o homem descobre na sua consciência e que o
fazem distinguir o bem do mal, o certo do errado,
o justo do injusto e o impelem a praticar o bem e a evitar o
mal. A lei moral, segundo os teólogos Ricardo Sada e Pablo
Arce, teria três condições:
1) Obriga a todos os homens, por
exemplo prescreve-lhes o respeito à vida e à propriedade
alheia, proíbe o assassinato e o roubo.
2) É superior ao homem, ninguém
pode mudá-la ou revogá-la, por exemplo, ninguém poderá
fazer com que o estupro de uma criança seja algo bom.
3) Obriga em consciência, isto é
quando a cumprimos, sentimos a satisfação do dever
cumprido; quando a transgredimos, mesmo que às
105
“A verdade em verdade vos digo”

ocultas, sentimos remorsos. A lei moral supõe um


legislador que atenda a estas três condições, que seja
superior ao homem, que possa obrigar a todos e que lhes
possa ler na consciência, a este legislador chamamos
Deus.
Essa Lei que é Deus, o próprio Deus. Essa Lei
está dentro de nós, já que somos uma porção de Deus. A
nossa consciência é Deus, boa ou má, é Deus. Tudo que
fazemos de bom ou ruim não é culpa nem obra de Deus.
Temos de parar com esse jogo de empurra para cima de
Deus, basta fazer “a coisa certa”, que nunca seremos a
porção ruim de Deus. Por isso não podemos transgredir essa
Lei. O bem e o mal, são essa Lei. Os nossos atos e os atos
de Deus são essa Lei. Deus é essa Lei. Imutável, infinito,
eterno...

Argumento Psicológico

Conhecido também como argumento


eudenomológico, funda-se na afirmação de Agostinho de
Hipona: «Criaste-nos para vós, Senhor, e o nosso coração
anda inquieto enquanto não descansar em
Vós»(Confissões). Funda-se na constatação de que todo
homem busca a felicidade e que esta felicidade plena e
eterna não dura se alcança, e mesmo quando se alcança
não dura pois um dia chega a morte. Logo deve existir um
bem cuja posse seja capaz de dar ao homem a felicidade
infinita e eterna que tanto busca.
Partindo desse prisma, não precisaríamos passar
pela terra. Deveríamos ser criados e ficado logo no “nirvana”,
direto com Deus, perenes e sem moléstias ou infelicidades.
Temos de passar por aqui, e depois a outros planetas, outros
mundos, pois todos são habitados. Senão volto na parte que
verão adiante da nossa prepotência em relação a outros
mundos.

Argumento Histórico

Cícero, senador e o grande orador romano, parte


da constatação da universalidade do fenômeno religioso.
106
“A verdade em verdade vos digo”

Não se tem notícia de sociedade humana que não tivesse


culto à divindade, este grande consenso histórico e quase
universal tem grande probabilidade de ser retrato da
realidade existente.
Assim, minha interpretação de que sempre
precisaram de um deus para coibir e governar. Desde os
tempos de crianças que recebemos ensinamento de que
Deus vai castigar se não fizer isso ou aquilo que uma
sociedade achasse correto. É a parte ditatorial de Deus.
Aliás, Deus inventado pelos seres humanos. Por que não nos
ensina o que é correto em relação à virtude, honestidade,
obediência e respeito, beleza, pureza, aspirações, carinho e
amor? Porque é mais fácil impor o medo do que a liberdade
em escolher.

Deus Está Morto

"Deus está morto" ("Gott ist tot" em alemão) é uma


frase muito citada do filósofo alemão Friederich Niestzsche
(1844-1900). Aparece pela primeira vez em A gaia ciência,
na seção 108 (Novas lutas), na seção 125 (O louco) e uma
terceira vez na secção 343 (Sentido da nossa alegria). Uma
outra instância da frase, e a principal responsável pela sua
popularidade, aparece na principal obra de Nietzsche, Assim
falava Zaratustra.
Deus está morto! Deus permanece morto! E quem
o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós
os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora,
de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos
golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse
sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de
desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A
grandiosidade deste acto não será demasiada para nós? Não
teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos
apenas dignos dele? Nunca existiu acto mais grandioso, e,
quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte,
mercê deste acto, de uma história superior a toda a história
até hoje! - NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência, §125.
"Deus está morto" é talvez uma das frases mais
mal interpretadas de toda a filosofia. Entendê-la literalmente,
107
“A verdade em verdade vos digo”

como se Deus pudesse estar fisicamente morto, ou como se


fosse uma referência à morte deJesus Cristo na cruz, ou
ainda como uma simples declaração de ateísmo são ideias
oriundas de uma análise descontextualizada da frase, que se
acha profundamente enraizada na obra nietzscheana. O dito
anuncia o fim dos fundamentos transcendentais da
existência, de Deus como justificativa e fonte de valoração
para o mundo, tanto na civilização quanto na vida das
pessoas — segundo o filósofo, mesmo que estas não o
queiram admitir. Nietzsche não se coloca como o assassino
de Deus, como o tom provocador pode dar a entender: o
filósofo enfatiza um acontecimento cultural, e diz "fomos nós
que o matamos".
A frase não é nem uma exaltação nem uma
lamentação, mas uma constatação a partir da qual Nietzsche
traçará o seu projeto filosófico de superar Deus e suas
dictomias assentes em preconceitos metafísicos que julgam
o nosso mundo – na opinião do filósofo, único existente - na
opinião do filósofo, o único existente - a partir de um outro
mundo superior e além deste. A morte de Deus metaforiza o
facto de os homens não mais serem capazes de crer numa
ordenação cósmica transcendente, o que os levaria a uma
rejeição dos valores absolutos e, por fim, à descrença em
quaisquer valores. Isso conduziria ao niilismo, que Nietzsche
considerava um sintoma de decadência associada ao facto
de ainda mantermos uma "sombra", um trono vazio, um lugar
reservado ao princípio transcendente agora destruído, que
não podemos voltar a ocupar. Para isso ele procurou, com o
seu projecto da "transmutação dos valores", reformular os
fundamentos dos valores humanos em bases, segundo ele,
mais profundas do que as crenças do cristianismo.
Segundo ele, quando o cheiro do cadáver se
tornasse inegável, o relativismo, a negação de qualquer
valoração, tomaria conta da cultura. Seria tarefa dos
verdadeiros filósofos estabelecer novos valores em bases
naturais e iminentes, evitando que isso aconteça. Assim, a
morte de Deus abriria caminho para novas possibilidades
humanas. Os homens, não mais procurando vislumbrar uma
realidade sobrenatural, poderiam começar a reconhecer o
valor deste mundo. Assumir a morte de Deus seria livrar-se
108
“A verdade em verdade vos digo”

dos pesados ídolos do passado e assumir sua liberdade,


tornando-nos eles mesmos deuses. Esse mar aberto de
possibilidades seria uma tal responsabilidade que, acreditava
Nietzsche, muitos não estariam dispostos a enfrentá-lo. A
maioria continuaria a necessitar de regras e de autoridades
dizendo o que fazer, como julgar e como ler-o-mundo.
Podemos então concluir que o próprio Nietzsche, pelo menos
de maneira indireta, reconheceu o caráter utópico desse seu
raciocínio.
Outra célebre frase de Nietzsche foi: "O homem,
em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança."
O que na verdade Nietzsche tentou enfatizar foi a
ideia de que Deus era para ter inflitrado em nossas mentes,
com oamor, como atos e ações de benevoçência, de retidão
de prestesa e abdicação de certos surpéfulo. Coisa que
ainda conseguiremos, pois um dia seremos um Jesus de
qualquer outro palneta, assim como Jesus já foi um Hitler de
algum, e Hitler será um Jesus de outro (usei Hitler, por ser
um ser, vindo de Deus, como nós, e foi taxado, muitas vezes
injustamente, de ant-cristo. Provando que a evolução faz
parte da nossa existência, assim como faz parte da
existência de Deus).
No espiritismo, Allan Kardec “quase abriu o bico”,
vulgarmente falando, mas como acontece nas religiões e
entendedores, ainda não era o tempo para falar a verdade
nua e crua. Bem, ele respondeu estas perguntas em “O Livro
dos Espíritos”, Parte Primeira – As Causas Primárias,
Capítulo 1 – Deus, Deus e o infinito – Provas da existência
de Deus – Atributos da Divindade – Panteísmo, Deus e o
infinito:

1- O que é Deus?
– Deus é a inteligência suprema, causa primária
de todas as coisas.

2- O que devemos entender por infinito?


– O que não tem começo nem fim; o
desconhecido; tudo o que é desconhecido é infinito.

3- Poderíamos dizer que Deus é infinito?


109
“A verdade em verdade vos digo”

– Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos


homens, que é insuficiente para definir as coisas que estão
acima de sua inteligência. Deus é infinito em suas perfeições,
mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é infinito é
tomar o atributo2 de uma coisa por ela própria, é definir uma
coisa que não é conhecida por uma outra igualmente
desconhecida.
Provas da existência de Deus

4- Onde podemos encontrar a prova da existência


de Deus?
– Num axioma que aplicais às vossas ciências:
não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não
é obra do homem, e a vossa razão vos responderá. Para
acreditar em Deus, basta ao homem lançar os olhos sobre as
obras da criação. O universo existe, portanto ele tem uma
causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo
efeito tem uma causa e admitir que o nada pôde fazer
alguma coisa.

5- Que conclusão podemos tirar do sentimento


intuitivo que todos os homens trazem em si mesmos da
existência de Deus?

– A de que Deus existe; de onde lhes viria esse


sentimento se repousasse sobre o nada? É ainda uma
consequência do princípio de que não há efeito sem causa.

6- O sentimento íntimo que temos em nós da


existência de Deus não seria o efeito da educação e das
ideias adquiridas?
– Se fosse assim, por que vossos selvagens
teriam também esse sentimento? Se o sentimento da
existência de um ser supremo fosse o produto de um
ensinamento, não seria universal. Somente existiria naqueles
que tivessem recebido esse ensinamento, como acontece
com os conhecimentos científicos.

7- Poderemos encontrar a causa primária da


formação das coisas nas propriedades íntimas da matéria?
110
“A verdade em verdade vos digo”

– Mas, então, qual teria sido a causa dessas


propriedades? Sempre é preciso uma causa primária. Atribuir
a formação primária das coisas às propriedades íntimas da
matéria seria tomar o efeito pela causa, porque essas
propriedades são elas mesmas um efeito que deve ter uma
causa.

8- O que pensar da opinião que atribui a formação


primária a uma combinação acidental e imprevista da
matéria, ou seja, ao acaso?
– Outro absurdo! Que homem de bom senso pode
conceber o acaso como um ser inteligente? E, além de tudo,
o que é o acaso? Nada. A harmonia que regula as
atividades do universo revela combinações e objetivos
determinados e, por isso mesmo, um poder inteligente.
Atribuir a formação primária ao acaso seria um contra-senso,
porque o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a
inteligência produz. Um acaso inteligente não seria mais um
acaso.

9- Onde é que se vê na causa primária a


manifestação de uma inteligência suprema e superior a todas
as inteligências?
– Tendes um provérbio que diz: “Pela obra
reconhece-se o autor.” Pois bem: olhai a obra e procurai o
autor. É o orgulho que causa a incredulidade. O homem
orgulhoso não admite nada acima dele; é por isso que se
julga um espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus
pode abater! Julga-se o poder de uma inteligência por suas
obras. Como nenhum ser humano pode criar o que a
natureza produz, a causa primária é, portanto, uma
inteligência superior à humanidade.
Quaisquer que sejam os prodígios realizados pela
inteligência humana, essa inteligência tem ela mesma uma
causa e, quanto mais grandioso foro que ela realize, maior
deve ser a causa primária. É essa inteligência superior que é
a causa primária de todas as coisas, qualquer que seja o
nome que o homem lhe queira dar.
Atributos da Divindade

111
“A verdade em verdade vos digo”

10- O homem pode compreender a natureza


íntima de Deus?
– Não, falta-lhe, para isso, um sentido.

11- Um dia será permitido ao homem


compreender o mistério da Divindade?
– Quando seu Espírito não estiver mais
obscurecido pela matéria e, pela sua perfeição, estiver mais
próximo de Deus, então o verá e o compreenderá. A
inferioridade das faculdades do homem não lhe permite
compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da
humanidade, o homem O confunde muitas vezes com a
criatura, da qual lhe atribui as imperfeições; mas, à medida
que o senso moral nele se desenvolve, seu pensamento
compreende melhor o fundo das coisas e ele faz uma ideia
de Deus mais justa e mais conforme ao seu entendimento,
embora sempre incompleta.

12- Se não podemos compreender a natureza


íntima de Deus, podemos ter ideia de algumas de suas
perfeições?
– Sim, de algumas. O homem as compreende
melhor à medida que se eleva acima da matéria. Ele as
pressente pelo pensamento.

13- Quando dizemos que Deus é eterno, infinito,


imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente
justo e bom, não temos uma ideia completa de seus
atributos?
– Do vosso ponto de vista, sim, porque acreditais
abranger tudo. Mas ficai sabendo bem que há coisas acima
da inteligência do homem mais inteligente e que a vossa
linguagem, limitada às vossas ideias e sensações, não tem
condições de explicar. A razão vos diz, de fato, que Deus
deve ter essas perfeições em grau supremo, porque se
tivesse uma só de menos, ou que não fosse de um grau
infinito, não seria superior a tudo e, por conseguinte, não
seria Deus. Por estar acima de todas as coisas, Ele não pode
estar sujeito a qualquer instabilidade e não pode ter

112
“A verdade em verdade vos digo”

nenhuma das imperfeições que a imaginação possa


conceber.
Deus é eterno. Se Ele tivesse tido um começo
teria saído do nada, ou teria sido criado por um ser anterior.
É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e
à eternidade.
É imutável; se estivesse sujeito a mudanças, as
leis que regem o universo não teriam nenhuma estabilidade.
É imaterial, ou seja, sua natureza difere de tudo o
que chamamos matéria; de outro modo não seria imutável,
porque estaria sujeito às transformações da matéria.
É único; se houvesse vários deuses, não haveria
unidade de desígnios, nem unidade de poder na ordenação
do universo.
É todo-poderoso, porque é único. Se não tivesse o
soberano poder, haveria alguma coisa mais ou tão poderosa
quanto Ele; não teria feito todas as coisas e as que não
tivesse feito seriam obras de um outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A sabedoria
providencial das Leis Divinas se revela nas menores como
nas maiores coisas, e essa sabedoria não permite duvidar de
sua justiça nem de sua bondade.

Panteísmo

14- Deus é um ser distinto, ou seria, segundo a


opinião de alguns, resultante de todas as forças e de todas
as inteligências do universo reunidas?
– Se fosse assim, Deus não existiria, porque seria
o efeito e não a causa; Ele não pode ser ao mesmo tempo
uma e outra coisa.
Deus existe, não podeis duvidar disso, é o
essencial. Crede em mim, não deveis ir além, não vos
percais num labirinto de onde não podereis sair, isso não vos
tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos,
porque acreditaríeis saber e na realidade não saberíeis nada.
Deixai de lado todos esses sistemas; tendes muitas coisas
que vos tocam mais diretamente, a começar por vós
mesmos. Estudai vossas próprias imperfeições a fim de vos
113
“A verdade em verdade vos digo”

desembaraçar delas, isso vos será mais útil do que querer


penetrar no que é impenetrável.

15- O que pensar da opinião de que todos os


corpos da natureza, todos os seres, todos os globos do
universo, seriam parte da Divindade e constituiriam, pelo seu
conjunto, a própria Divindade, ou seja, o que pensar da
doutrina panteísta?
– O homem, não podendo se fazer Deus, quer
pelo menos ser uma parte d’Ele.
16 Aqueles que acreditam nessa doutrina
pretendem nela encontrar a demonstração de alguns
atributos de Deus. Sendo os mundos infinitos, Deus é, por
isso mesmo, infinito; não havendo o vazio ou o nada em
nenhuma parte, Deus está, portanto, em toda parte; Deus,
estando por toda parte, uma vez que tudo é parte integrante
de Deus, dá a todos os fenômenos da natureza uma razão
de ser inteligente. O que se pode opor a esse raciocínio?
– A razão. Refleti maduramente e não vos será
difícil reconhecer o absurdo disso.
Esta doutrina faz de Deus um ser material que,
embora dotado de uma inteligência suprema, seria em
tamanho grande o que nós somos em tamanho pequeno.
Uma vez que a matéria se transforma sem parar, se assim
for, Deus não teria nenhuma estabilidade, estaria sujeito a
todas as mudanças e variações, a todas as necessidades da
humanidade, e lhe faltaria um dos atributos essenciais da
Divindade: a imutabilidade. Não se pode imaginar que são as
mesmas as propriedades da matéria e a essência de Deus,
sem O rebaixar na nossa concepção. Todas as sutilezas do
sofisma3 não conseguirão resolver o problema na sua
natureza íntima. Não sabemos tudo o que Deus é, mas
sabemos o que não pode deixar de ser, e a teoria do
panteísmo está em contradição com suas propriedades mais
essenciais; ela confunde o criador com a criatura,
exatamente como se afirmasse categoricamente que uma
máquina engenhosa fosse parte integrante do mecânico que
a concebeu.
A inteligência de Deus se revela em suas obras
como a de um pintor em seu quadro, mas as obras de Deus
114
“A verdade em verdade vos digo”

não são o próprio Deus, assim como o quadro não é o pintor


que o concebeu e executou.
OS FILÓSOFOS E PENSADORES DA GRÉCIA
ANTIGA TENTANDO EXPLICAR DEUS

De acordo com filósofos e pensadores antigos,


como Aristóteles, por exemplo, Deus é pensamento; é o
pensamento do pensamento.
Assim, a ação de Deus sobre o mundo não pode
ser a de um criador, nem a de uma providência: motor móvel
atrai todas as coisas só pelo atrativo de sua perfeição.
Aristóteles está de acordo com Sócrates e com
Platão no entender que só há ciência do geral. A essa
fórmula, cuja aplicação Sócrates limitava ás coisas morais,
Aristóteles dá mais ampla extensão.
Para Aristóteles, a idéia geral não existe senão
nas coisas e nos seres individuais, dos quais exprime a
semelhança. A idéia geral de homem não é realizada senão
nos homens individuais. Toda a ciência do geral não
chegaria a construir a individualidade de Sócrates.
Para Schiller, o universo é um pensamento de
Deus.
Para Sêneca, Deus existe em todo seio de um
homem virtuoso.
Para Swedenborg, a consciência é a presença de
Deus.
Para Cícero, grande orador, não se vê Deus, e no
entanto conheces por meio de suas obras.
Para Santo Agostinho, no íntimo do Homem existe
Deus.
E, por fim, de acordo com a gênesis, Devemos ser
como Deus:conhecendo o Bem e o Mal.
Recusando a separar o mundo sensível do mundo
inteligível, Aristóteles procura determinar o ponto de vista no
qual cumpre considerar o mundo sensível para torná-lo
inteligível. Sua metafísica “ciência do ser enquanto ser, ou
dos princípios ou causa do ser”, procura ser tal qual é.
Explica-o pela intervenção de quatro causas:
Causa material ou matéria; causa formal ou forma; uma
115
“A verdade em verdade vos digo”

causa eficiente, princípio do movimento que dá forma a


matéria; uma causa final ou fim, isto é, objetivo.
Uma estátua tem por matéria, por forma a imagem
de um deus, por causa eficiente o trabalho de um escultor,
por causa final o fim colimado pelo artista. O mármore teria
podido servir para outro uso; a matéria é simples
possibilidade, está em potência. A forma consiste na
transformação dessa possibilidade em realidade: é ato.
As três últimas causas, distintas quando se trata
de obra humana, confundem-se no domínio da natureza. Por
isso, segundo Aristóteles, as coisas e os seres aspiram todos
a revestir uma forma superior; a forma é a causa eficiente e
causa final. O fim último é o bem supremo, cuja atração
explica o movimento que faz a passar a matéria por formas
cada vez mais perfeitas.
Daí a hierarquia, na cada qual realidade é matéria
em relação a que lhe é superior, forma em relação a que lhe
é inferior, sem que jamais ocorra, nessa série contínua,
separação absoluta: minerais, plantas, animais, homens,
seres superiores ao homem.
Ada se age como causa eficiente e como causa
final sobre os seres inferiores a ele. Mas nessa ascensão de
causa em causa, de fim em fim, “cumpre deter-se”. Deve
haver um primeiro motor, um motor imóvel, forma sem
matéria, forma que não é senão forma: é Deus de Aristóteles.
Esse ser absolutamente perfeito é caracterizado
pela mais alta atividade que possamos conhecer: ele pensa.
Mas seu pensamento em ato não pode ter senão um objeto
pensamento, isto é, ele mesmo.
Não pode senão pensar a si mesmo: Deus é
pensamento; é o pensamento do pensamento.
Assim, a ação de Deus sobre o mundo não pode
ser a de um criador, nem a de uma providência motor imóvel,
atrai todas as coisas só pelo atrativo de sua perfeição.
Nenhuma realidade tem valor, nem mesmo
existência verdadeira senão pela participação do bem
supremo. “Todos os seres naturais têm vida, assim, algo de
divino”. Daí uma forma interessante, na qual pode ser
resumida a mais alta concepção se Aristóteles: “O mundo é

116
“A verdade em verdade vos digo”

um pensamento que não se pensa, suspenso do


pensamento que se pensa”.

A CIÊNCIA E OS CIENTISTAS TENTANDO


EXPLICAR DEUS

Tentam explicar de uma maneira que quase


ninguém, ou ninguém mesmo, exceto eles, ou nem eles
mesmos, conseguem traduzir ou entender o que disseram:

 telescópio Schmidt usado por Fritz Zwick


em 1930 para de determinar a massa dos aglomerados
de galáxias foi o segundo projetado pelo ótico e
astrônomo amador Bernhardt Voldemar Schmidt (1879-
1935), para observar grandes campos do céu.

 A teoria eletrofraca se separa em


eletromagnética e fraca para energias mais baixas que
100 GeV, o que ocorre 10-12 segundos depois do Big
Bang, mas já foi testado em laboratórios na Terra. As
maiores energias atingíveis nos grandes aceleradores
atuais são da ordem de 10 000 GeV. A força fraca age a
distâncias subnucleares, menores que 10-15 cm.

 A repulsão elétrica entre dois prótons é


1036 vezes maior do que a atração gravitacional entre
eles.

 Da mesma maneira que cargas elétricas


cancelam campos elétricos, monopolos magnéticos
cancelariam campos magnéticos. A existência de um
campo magnético na nossa Galáxia requer que o número
de monopolos, se existirem, seja pequeno.

 O matemático inglês Charles Lutwidge


Dodgson (1832-1898) escreveu o livro Alice no País das
Maravilhas em 1865, com o nome artístico de Lewis
Carroll, chamando de "toca de coelho" a passagem para o
outro Universo.
117
“A verdade em verdade vos digo”

 Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.)


propôs que a matéria na Terra era composta por quatro
elementos básicos: terra, ar, fogo e água. Propôs também
que a matéria celeste era composta por um tipo de
matéria especial, a quinta-essência, ou quintessência.
Nos últimos anos se tem usado o termo quintessência
para descrever a matéria (energia) dominante no
Universo, seja ela matéria escura ou energia do vácuo
(constante cosmológica).

 Chen Ning Yang (1922-) e Tsung-Dao


Lee (1926-) receberam o prêmio Nobel em 1957 por suas
investigações da paridade.

 Na Teoria do Estado Estacionári Fred


Hoyle (1915-2001), Geoffrey Burbidge (1925-) e Jayant
Vishnu Narlikar (1938) propuseram em 1993 a Teoria do
Estado Quase Estacionário, em um Universo eterno e
infinito, alternando expansões que duram cerca de 40
bilhões de anos, com contrações. A massa é eternamente
criada em buracos brancos com massa de Planck [ch/G]
= 1019 bárions. A mini-criação causa uma expansão do
Universo, que reduz o valor médio do campo de criação,
reservatório de energia negativa. Após a expansão, o
valor do campo se reduz, tornando-se difícil uma nova
mini-criação. A gravidade então supera a expansão e o
Universo se contrai, aumentando o campo até que nova
criação ocorra.
Isto talvez seja uma vaga, longínqua e imagem de
DEUS, ou mesmo um cheiro de DEUS... Mas ainda
terminantemente inexplicável ou incompreensível. Pois ainda
temos muito que andar, nascer e morrer, talvez, milhares ou
milhões de anos-luz, para podermos sentir um leve sinal de
DEUS, ou seja, do segredo do Cosmo, que é o próprio
DEUS.

Algumas frases de filósofos, pensadores,


intelectuais, esotéricos e religiosos sobre o criador, a
criação ou DEUS, adequadas ao meu raciocínio:
118
“A verdade em verdade vos digo”

"Todas as coisas estavam juntas, ilimitadas em


número e pequenez; pois o pequeno era ilimitado. E
enquanto todas elas estavam juntas, nenhuma delas podia
ser reconhecida devido sua pequenez. Pois o ar e o éter
prevaleciam sobre todas as coisas, ambos ilimitados. Pois no
conjunto de todas as coisas, estas são as maiores, tanto em
quantidade como em grandeza. Antes, contudo, de se
separarem, quando todas as coisas ainda estavam juntas,
nenhuma cor se podia distinguir, nem uma única. Após terem
sido estas coisas assim separadas, devemos reconhecer que
todas as coisas juntas não são nem menos nem mais (pois é
impossível que sejam mais do que todas), e que todas são
sempre iguais."
Anaxágoras – filósofo grego, pré-Socrático, 500 a.
c.

O imaginário de todos nós segue em direção de


DEUS. Imagino que todos também imaginam um DEUS, que
sabe de tudo sente tudo, vê tudo, controla tudo, etc.
Pode ser que sim, mas acredito que o verdadeiro
DEUS está no próprio universo, ou seja, na própria criação,
sendo ele o criador, então ele é a criatura e a criação
também.
"Deus nos ama porque foi ele quem nos criou !".
"Foi o homem quem criou Deus!" - réplica dos sutis.
(Friedrich Nietzsche)
Sendo assim, não acredito que ele dita as regras,
ou puni quem as não cumpre, como também, deixa a receita,
toma o remédio quem quer. Sendo assim, não temos que
clamar por justiça ou injustiças, por ajuda, por pedidos
impossíveis, que sabemos nunca ser atendidos, pois ele não
é injusto de nos ajudar e deixar os outros filhos na mão.
"A busca do impossível deve ser sempre que
possível uma possibilidade." (Lorenzo Giuliano)
Seguindo essa linha, poderemos então enumerar
vários exemplos ou acontecimentos ao longo de toda
humanidade, que provam isso. Se olharmos para nós
mesmos veremos exemplos concretos que independem de
acreditar ou não, já que conosco mesmo, é fato. E contra os
119
“A verdade em verdade vos digo”

fatos, não tem argumentos: Logo ao nascermos, com certeza


nasceram milhares de crianças. E muitas destas crianças,
nasceram sadias, perfeitas, ricas, com amor da família, e
tudo mais! E nasceu, com certeza, muitas outras aleijadas,
deficientes, pobres, na miséria, e muitas vezes nunca verão
suas mães biológicas, por diversos motivos. Então, pergunto
eu, como pode DEUS ser injusto com seus próprios filhos?
Como pode ele dar a boa vida, a riqueza, o conforto, o calor
familiar para uns e para outros não? Somos todos filhos dele,
não é mesmo?
Exemplifiquei isso acima, somente para tentar
explicar a reencarnação, que não é fato religioso, e sim
científico, que não precisamos entrar em religião nenhuma,
para entendermos, a não ser os fanáticos religiosos, das
mais diferentes correntes cristãs, muçulmanas, ou outra
qualquer. Somos o que fizemos antes, somos nossas vidas
passadas...
O futuro e o passado caminham juntos, em
paralelo, na mesma velocidade, com o mesmo intuito e fim.
São dois mundos paralelos, contínuos sem fim e de começo
inexplicável ainda. Isso é DEUS também. Pois quanto mais
nós evoluímos, Ele também evolui, então nunca vamos
alcançá-lo! Somos parte dele... somos uma fagulha do
criador (Ramatís), somos criação também! “À medida que o
conhecimento aumenta, o espanto se aprofunda.” (Charles
Morgan - Escritor inglês).
Desde a antigüidade, lá nos primórdios da
humanidade, a criação do universo, que existe DEUS, existe
o passado e o futuro ao mesmo tempo. E nada foi criado por
acaso, nada existe por acaso, tudo foi criado pelo sopro
divino. OS dinossauros, e os homens pré-históricos, todos já
eram essa fagulha de DEUS, então DEUS existe evoluindo
junto de tudo.
DEUS não pode existir como um ser que o
catolicismo imagina ou os evangélicos, muçulmanos, etc., se
DEUS nos fez a semelhança e a imagem como prega a
bíblia, ele teve também uma mãe e um pai, senão não somos
nem imagem nem semelhança, ou então DEUS precisou de
mãe e pai para ser criado. E, se não precisou, é porque ele
não teve início nem terá fim. Então deduzo que ele é tudo e
120
“A verdade em verdade vos digo”

não é nada ao mesmo tempo, como o próprio tempo o é. O


passado e futuro caminham juntos, tudo é imaginário, tudo
não existe, tudo é uma ilusão, tudo é nada, ao mesmo
tempo. “Se os triângulos tivessem um deus, ele teria três
lados. Montesquieu”. ( Filósofo francês)
As invenções começaram a ser inventadas e lá
estava o sopro divino. Por que DEUS sopra em alguns
poucos e outros não? Por que DEUS coloca uns poucos
inteligentes e outros não? Ele não gosta de seus filhos por
igual? Prefere uns aos outros? Nada disso. Tudo fruto das
vidas passadas, dos nossos créditos e coisas boas que
fizemos, assim como dependeram das coisas ruins também.
“O homem nunca sabe do que é capaz até que é
obrigado a tentar.
Charles Dickens” (escritor inglês).
Tudo sempre esteve na natureza, bastou ser
descoberto, já que nada foi inventado. Então tudo esteve
sempre em DEUS já que a natureza também é o Próprio. E
como somos DEUS também, tudo faz parte de nós mesmos.
Somos inventores e inventados.
As leis e as normas são baseados nos
ensinamentos do Cosmos, ou seja, DEUS. Essa nossa
vontade e consciência coletiva de fazer o bem, o certo, é
uma imaginação divina. Se não fazemos, também é uma
imaginação, divina, pois o bem e o mal, andam
paralelamente como o passado e o futuro. O mal não existe,
o que existe é a falta do bem, em alguns casos. E isso
também foi criado por DEUS, aliás é uma parte de DEUS,
pois o mal sempre vem para explicar um bem passado ou
futuro. “Deus não apenas joga dados. Ele os joga, às vezes,
onde não podem ser vistos.” . Stephen Hawkings (Filósofo
inglês)
Não que DEUS seja o mal, mas se somos, tudo,
mas totalmente tudo, uma parte de DEUS, somos o mal
também, porém como qualquer doença, o mal é curado um
dia. Um dia Hitler será um Jesus, assim como Jesus já foi um
Hitler, guardando as devidas proporções!
“O universo não é tão estranho como supomos,
mas tão estranho quanto somos capazes de supor .” John B.
S. Haldane ( Fisiologista inglês )
121
“A verdade em verdade vos digo”

O homem das cavernas, descobriram o fogo, que


sempre esteve presente e sempre estará. Foi um ato de
sorte? Talvez, já que as circunstâncias da época
proporcionava tal fato, e não temos como certificar a origem
do fogo, nem como os seres passaram a usá-lo. Eles
seguiam seus instintos. Mas eram instintos bem avançados
para a época, pois inventavam armas, faziam das cavernas
suas casas, e quando não tinham cavernas faziam o que?
Não haviam tantas cavernas assim, e eles não se entendiam
muito bem, devido ao ambiente hostil dos primórdios, então
deveriam Ter outra alternativa para Ter casas e se proteger
não só do frio, mas dos irmãos dinossauros. Será que eles
inventaram as armas só por instintos? Só por necessidades?
Ou evoluíram, como DEUS evolui sempre?
Os egípcios antigos tinham um sistema de
governo avançados para a época. Tinham escolas, leis,
ciências, religião, medicina, arquitetura, etc., tudo muito
avançado para a época deles. Quem os ensinou? Quem
soprou para eles e não soprou para outros povos daquele
tempo? Com certeza foram seres mais evoluídos que
ensinaram. Esses mesmos seres que já foram atrasados um
dia. Mas quem? Talvez os Atlantes...
Como construíram as pirâmides, e os templos de
adoração numa época sem nenhuma tecnologia adiantada, a
não ser aquela deles? Ou seria somente aquela deles? Ou
seria aquela tecnologia somente deles? Não vamos nos valer
das explicações bíblicas, que na verdade é apenas um best-
seller, uma história cheia de códigos e fantasias, cheias de
maravilhas dos judeus, já que foi escrita por eles, não
poderia ser diferente... Na verdade a bíblia não passa de
uma história mal contada, por razões óbvias dos religiosos
da época: vender uma doutrina para a humanidade onde eles
tivessem o domínio da mesma. Uma verdadeira mentira, em
muitas passagens, até absurdas, que desmerecem a nossa
inteligência e ‘as vezes, atiçam o nosso humor.
Mas deixando a bíblia com suas brincadeiras e
contos de fadas em sua maioria, sigamos com o raciocínio
anterior:
O universo. Será que só existe o nosso mísero
planeta habitado? O Criador somente fez o nosso planeta
122
“A verdade em verdade vos digo”

habitado para depois encher o céu de estrelas para os


namorados apreciarem melhor a lua?
O nosso planeta ainda é muito atrasado, vive de
religião e dinheiro, as duas piore pragas de todo o universo.
Todo planeta onde circula isso, é um planeta de passagem e
de evolução para nós.
Winfried Corduan colocou a questão da seguinte
maneira:"...nós podemos olhar para o mundo e ver se o
mundo é construído de tal maneira que seja razoável
acreditar que deve existir um Deus". Assim como o caçador
segue a trilha de um animal que ainda vai ver - pegadas,
tufos de pêlo, galhos quebrados - estamos procurando
impressões digitais de Deus no mundo físico.
Vários sinais (linhas de raciocínio) têm sido
sugeridos ao longo dos últimos séculos. Vamos
resumidamente considerar três deles. Primeiro, o mundo
parece funcionar de acordo com uma lei universal de causa e
efeito, isto é, todo efeito observável deve ter um "empurrão"
inicial de algum agente ou causa. Todas as "coisas" (um
termo altamente científico) que observamos são
dependentes de outras "coisas" para sua existência. Se
pensarmos sobre lá atrás, voltando ao primeiro evento,
poderia ser perguntado: Quem foi a causa? É ai que parece
existir um ser que não foi "causado". Filósofos gostam de
chamar isso de um ser necessário. Isso poderia ser Deus?
Um segundo sinal que deve ser considerado é o
que os cientistas hoje chamam de indícios de uma "Criação
Inteligente". A sugestão é que o universo exibe propósito,
projeto e intenção. Essa não é uma idéia nova. William Paley
sugeriu que se você estivesse andando por um campo e
achasse um relógio no chão reconheceria que ele é uma
máquina que tinha um propósito e que não cresceu na
floresta como plantas e árvores. Uma conclusão racional
seria a de que alguém intencionalmente construiu um relógio.
O universo é infinitamente mais complexo que um relógio e
como resultado, aponta muito mais para um criador
inteligente.
Um terceiro indício tem a ver com o fundamento
moral do universo. C. S. Lewis se referiu a isso como a "lei
da natureza humana". Isso não quer dizer que pessoas em
123
“A verdade em verdade vos digo”

todos os lugares concordem em todos os valores morais,


mas todo mundo tende a viver de acordo com certos
princípios morais comuns. Por exemplo, pessoas e culturas
têm idéias diferentes sobre quando é apropriado tirar a vida
de outra pessoa, mas ninguém (que fosse considerado são)
sustentaria que assassinar indiscriminadamente a sangue
frio sem razão alguma seria apropriado. Parece que a
humanidade foi intencionalmente criada com um compasso
moral interno.
Todas os três sinais apelam para o nosso senso
comum e se encaixam em observações que podem ser feitas
sobre o mundo. Nem todo mundo pode ser convencido por
esse raciocínio, mas parece fazer mais sentido acreditar que
Deus é real do que afirmar que não. Se isso é verdade, então
talvez existam outras coisas que se pode saber sobre Deus.
Por que não seguir a trilha e ver onde ela vai dar?

Descartes Tenta Provar a Existência de Deus


usando a Razão

Dentre as questões que se ocupa a filosofia, a


existência de Deus tem sido, durante séculos, uma incógnita
que intrigou e continua a intrigar pensadores. Dentre os
filósofos que se empenharam na tentativa de provar a
existência de Deus, destacamos Descartes, pois suas
reflexões puseram o sagrado ao alcance da razão. Sendo
que durante muito tempo o conhecimento sobre Deus foi
exclusivo da religião, cujo instrumento para o conhecimento é
a fé.
René Descartes, filósofo francês do século XVII,
no livro Meditações, desenvolveu um método que julgou ser
capaz de conhecer a verdade sem engano. Entendeu que
somente a razão poderia trazer um conhecimento seguro.
Até mesmo um conhecimento sobre Deus, poderia ser
verdadeiro se ao invés da fé, fosse usada a razão.

124
“A verdade em verdade vos digo”

No livro, Descartes mostra que a experiência é


enganosa e que tudo o que até aquele momento considerava
verdadeiro, por ter usado a experiência para obter o
conhecimento, era na verdade, enganoso, pois os sentidos o
enganavam.
Não querendo cometer novamente os mesmos
erros que outrora, quanto usou a experiência para chegar à
verdade, entendeu ser necessário se desvencilhar de todas
as certezas que até então concebia como verdadeiras,
dizendo a si mesmo: “o menor índice de dúvida que eu nelas
encontrar será suficiente para impelir-me a repelir todas”
(Descartes, Meditações).
Descartes chega a uma conclusão: pode-se
duvidar da existência do corpo, da exatidão dos sentidos, da
existência de Deus, do mundo, dos outros seres e objetos,
porém não se pode duvidar da ação de duvidar, ou seja, não
se pode duvidar do fato de estarmos duvidando. Se
estivermos duvidando, estaremos pensando. Diz Descartes:
“o pensamento é um atributo que me pertence; somente ele
não pode ser separado de mim” (Descartes, Meditações). A
própria existência é confirmada através do pensamento. O
que somos? Somos alguma coisa que pensa. O pensamento
é a única pedra segura na qual se pode alicerçar um edifício.
Essa reflexão leva a sua mais famosa frase – cogito ergo
sum – penso logo existo. Somente por meio da razão se
pode chegar a algo confiável.
Descartes defende a existência de ideias inatas
em nossa mente, como o cogito ergo sum, sendo percebido
principalmente em relação a existência de Deus. Deus existe
para Descartes por existir em nós a ideia de perfeição,
quando não somos perfeitos; a ideia de infinito, quando
somos finitos, etc. Não poderíamos ser os autores dessas
ideias, uma vez que não existem em nós essas qualidades.
Faz-se necessário que alguém tenha colocado essas ideias
em nós. Ainda, se não sou o criador de mim mesmo, logo
125
“A verdade em verdade vos digo”

sou criado. Ser criado requer a existência de um criador, da


mesma forma que ser imperfeito e finito requer a existência
de algo perfeito e infinito.
Assim, Deus deixa de ser um objeto da fé e passa
a ser um objeto da razão, podendo a filosofia compreender
este fenômeno a partir do uso do seu mais forte instrumento,
segundo Descartes, o pensamento. Dessa forma, o
pensamento lógico pode formular uma hipótese da existência
de Deus, sendo uma ideia atingida pelo exercício do
pensamento e não apenas uma ideia fruto da crença mítica
de explicações vazias, cujo fundamento se alicerça
exclusivamente na tradição, dependente da fé ingênua, que
não resiste ao questionamento. Na filosofia Deus pode ser
discutido.
Apesar da contribuição que Descartes fez ao
pensamento filosófico, concernente a reflexão sobre a
existência ou não de Deus, teóricos posteriores falaram que
Descartes deu um tiro no próprio pé, pois definiu a razão
como método e buscou mostrar como poderíamos chegar a
ideia de Deus, usando a razão. O problema foi que sua
reflexão gerou algumas contradições: Se o homem é finito,
limitado, temporal... A razão, sendo humana, também é finita,
limitada e temporal. Assim, a única ideia que podemos ter
sobre Deus, necessariamente será finita, limitada e temporal,
porém Deus, como propôs Descartes, é definido por
qualidades que escapam a natureza humana como:
eternidade, infinitude e ilimitado. E essa contradição só é
resolvida com a crença de que as ideias contrárias a
natureza humana tenham sido colocadas em nossa mente
pelo próprio Deus. Caso não, a ideia de Deus também deve
ser considerada humana, portanto, dependente da razão.
Mas uma vez ficamos entre a razão e a fé.
Nesse sentido, a filosofia pretenderá discutir a
ideia de Deus usando a razão, por isso, Deus no
racionalismo cartesiano não é um fenômeno em si, mas um
126
“A verdade em verdade vos digo”

produto da capacidade racional do homem. Dessa forma, o


mesmo método negou a existência de Deus, pelo menos de
um Deus autônomo. Por fim, podemos dizer que o Deus de
Descartes depende de uma faculdade humana para existir,
estando sob a razão. Será que só a fé liberta Deus? Será
que a razão pode provar a existência de Deus? O uso da fé é
a impossibilidade da discussão filosófica. O uso da razão é a
possibilidade da discussão filosófica.
O impacto dessa reflexão estende-se para o
cotidiano. Quem de nós não fica intrigado com a forma como
as respostas são frágeis. A existência de Deus é
questionável, a fé é questionável, a razão é questionável, a
ciência também é questionável. As pessoas agem, vivem e
matam por Deus. Guerras surgem em nome de Deus, regras
são criadas como se Deus as fizesse. É impossível
deixarmos de lado a discussão sobre Deus, sendo assunto
tão importante para a humanidade. Por isso filósofos como
Descartes contribuíram com suas reflexões, buscando
compreender de forma mais coerente esse fenômeno.
O que Descartes fez foi tentar discutir esse
fenômeno que intriga, filósofos, teólogos e de uma forma
geral, todos nós. Buscando compreendê-lo com o
pensamento lógico e não a partir da fé. A diferença está no
fato de que a fé está submissa a imposição da tradição, da
moral, portanto, sobre Deus, usando a fé, cabe tão somente
aceitar as conclusões já construídas. Enquanto a razão
permite discutir a existência de Deus, sua natureza,
qualidades e atributos de forma mais aberta. E somente
assim a filosofia pode contribuir com considerações sobre o
intrigante mistério, Deus.

Um Deus pessoal e infinito

127
“A verdade em verdade vos digo”

O apóstolo Paulo, em sua primeira epístola aos


cristãos de Corinto, disse: “Porque, ainda que haja também
alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra
(como há muitos deuses e muitos senhores), todavia para
nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós
vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas
as coisas, e nós por ele” (1Co 8.5,6).
O que Paulo deixou claro nessas palavras é que
somente o fato de usar o termo Deus ou Senhor, ou ter
objetos de adoração, não significa, necessariamente, estar
falando do mesmo ser divino. A importância de conhecer e
adorar o verdadeiro Deus, o único revelado pela Bíblia, é
essencial nestes dias de pluralismo religioso que estamos
vivendo. Esta relação entre a fé bíblica e as religiões não-
cristãs pode ser perigosa para a promoção da verdade e
causar confusão para o entendimento do verdadeiro
evangelho.
A concepção histórica de Deus mantém um
equilíbrio de ideias que revelam sua majestade de maneira
contrária ao que é apresentado nas religiões não cristãs do
mundo.
Esta matéria demonstrará que a concepção que
Deus retratou na Bíblia está entre os extremos teológicos
dentro das falsas religiões e especialmente nos cultos. O
Deus da Bíblia é pessoal e infinito, a Trindade é a união de
três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, em uma única
divindade, sendo iguais, eternas, da mesma substância,
entretanto distintas, sendo Deus cada uma dessas pessoas
(Mt 28.19; Ef 4.4-6). Examinaremos as perspectivas das
várias religiões, contrastando suas visões com os ensinos
bíblicos e sugestionando razões para tais erros doutrinários.

Conceitos errôneos sobre Deus

Apontaremos alguns grupos religiosos


representando-os por meio dos conceitos pelos quais
distorceram a natureza e a personalidade de Deus.

128
“A verdade em verdade vos digo”

Crença em uma deidade


pessoal-finita.

Se desejamos ter comunhão com Deus e


acreditamos em sua ação em nossos momentos de
necessidade, o reconhecimento de que Ele é pessoal torna-
se fundamental. Até mesmo a própria designação de Deus
como “Pai” revela que Ele ama e cuida de seus filhos, atitude
esta que o título “Criador” não consegue denotar. Além disso,
Jesus, o filho de Deus, nos diz que devemos orar ao “Pai”,
pois Ele nos imputa imenso valor (Mt 10.29) e que este
mesmo “Pai” galardoará aqueles que lhe pedirem (Mt 7.11).
Esse aspecto de Deus é concordado pela maioria dos grupos
“cristãos”.3 Já os grupos influenciados pelo gnosticismo4 ou
pelas religiões orientais parecem rejeitar a natureza pessoal
de Deus, enquanto aqueles que a aceitam acabam
erroneamente enxergando esta deidade com várias
limitações.
Concepções de um deus finito são cridas pelos
mórmons e pelas testemunhas de jeová. A teologia mórmon
necessita de um deus finito, pois creem que deus evoluiu e
que ele realmente foi um homem assim como nós: “Deus foi
uma vez como somos agora, ele é um homem exaltado...”.5
Além disso, possuindo corpos físicos, 6 os deuses mórmons
também não são onipresentes: “Deus não é onipresente [...]
não pode estar fisicamente presente em mais de um lugar ao
mesmo tempo”. 7 E este conceito inclui o Espírito Santo.8 O
deus mórmon também é limitado em outros sentidos, pois
não é onisciente, 9 não é eterno, 10 e não é imutável.11
A falha das testemunhas de jeová em expor os
atributos de Deus não é tão explícita quanto vemos no
mormonismo; no entanto, elas também rejeitam alguns dos
atributos infinitos da Deidade. Embora aceitem a onipotência
de Deus, 12 as testemunhas de jeová revelam dificuldades
com sua onisciência13 e onipresença. 14 De acordo com o
pesquisador David Sherril, apologista que estuda o jeovismo,
a rejeição à onipresença de Deus se deve à convicção da
Sociedade Torre de Vigia (STV) em ensinar que todos os
seres têm de possuir algum tipo de corpo, seja físico ou
espiritual, fazendo que seus seguidores concebam Deus
129
“A verdade em verdade vos digo”

localizado em um determinado lugar.15 Considerando que


Deus seguramente está em um trono no céu, Ele não pode
estar em todos os outros lugares; por conseguinte, é o poder
dele que está em todos os lugares, não sua pessoa.16

Crença em uma deidade impessoal-infinita

Os tipos de grupos religiosos discutidos


anteriormente são considerados heterodoxos, pois distorcem
a concepção da Deidade; entretanto, mesmo com tais
divergências, podem ser classificados, em certo sentido,
como grupos que observam “cultos cristãos”.17 Isso se deve
à semelhança de nomenclatura cristã empregada por tais
grupos em seus cultos. Por outro lado, religiões que
proclamam uma deidade impessoal, mas infinita, geralmente
refletem uma concepção gnóstica ou oriental de Deus,
utilizando a terminologia cristã para se enredar com maior
facilidade na cultura ocidental.
Defensores de um deus impessoal e infinito são
facilmente encontrados nos campos da “metafísica” ou
“ciência da mente”; também compartilham dessa concepção
os diversos segmentos da Nova Era, que têm se proliferado
rapidamente nas últimas décadas sob a máscara de uma
ampla variedade de nomes. Esses compartilham a
perspectiva de que Deus não é pessoal, 18 conceituando-o
como a essência de toda a realidade que está na mente ou
na consciência.19 Essa visão geralmente se identifica com o
panteísmo, ensinamento que prega que Deus é infinito
porque tudo é Deus e Deus é tudo. A Ciência Cristã, um dos
grupos que creem na chamada “ciência da mente”, também
não acredita em Deus como um ser pessoal e define a
Trindade nos termos de vida, verdade e amor.20
A espiritualidade da Nova Era vem em grande
parte da religião oriental e, por conseguinte, envolve o
monismo21 e o panteísmo. Isso acabou “ocidentalizando” a
perspectiva religiosa oriental que acredita que Deus é tudo
aquilo que existe e que tudo e todo mundo é Deus. Vemos
esse conceito demonstrado de forma interessante em uma
declaração famosa do Upanishads, antiga escritura do
130
“A verdade em verdade vos digo”

hinduísmo, repetida pelo “guru” Maharishi Mahesh Yogi: “Eu


sou aquilo, você é aquilo, tudo isso é aquilo, aquilo sozinho
está, e não há mais nada além daquilo”.

Crença no modalismo

Conforme esta crença, o Pai, o Filho e o Espírito


Santo são apenas três aspectos da divindade, sendo,
portanto, uma só Pessoa, ou seja, ensinam que as três
pessoas da Trindade se manifestavam de vários modos, daí
o nome modalista, conhecido atualmente como Sabelianismo
por ter sido um ensino propagado pelo bispo Sabélio.
A Igreja Local, fundada por Witness Lee, é um
claro exemplo da visão modalista de Deus. Outros grupos
que possuem a mesma concepção são: Tabernáculo da Fé,
fundado por William Marrion Braham; Só Jesus, fundado por
John Schepp; e Voz da Verdade, 23 fundado por Carlos
Moysés, entre outros.

Crença no politeísmo

Provavelmente, nenhum culto contemporâneo é


mais famoso em sua posição politeísta do que a Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Os mórmons
crêem na existência de milhões de deuses: “Existem mais
deuses do que partículas de matéria”.24 Entretanto, apenas
três — Pai, Filho e Espírito Santo — são objetos da adoração
mórmon.

Crença no arianismo

A última divergência doutrinária que inserimos


nesta perspectiva histórica do cristianismo é a heresia do
arianismo. Essa concepção foi condenada no famoso
Concílio de Nicéia (325 d.C.).26 Na ocasião, o bispo Ário
defendeu a doutrina de que o Filho de Deus era um ser
131
“A verdade em verdade vos digo”

criado, mas seu ensinamento foi veementemente combatido


por Atanásio que, por sua vez, teve seus argumentos aceitos
pelo Concílio. Atanásio ensinou que o Filho possuía a
mesma essência do Pai, sendo, portanto, igualmente Deus.
Meio século depois (381 d.C.), o Concílio de Constantinopla
afirmou a igualdade da Deidade do Espírito Santo; Deus,
então, é uma essência indivisível em três pessoas.
Sem dúvida nenhuma, o culto arianista mais
difundido está atualmente representado pela Sociedade
Torre de Vigia, mais conhecida pela identidade de seus
seguidores, as testemunhas de Jeová. A estratégia utilizada
pela organização das Testemunhas de Jeová foi subverter a
doutrina da Trindade aproveitando a grande discussão cristã
acerca desse ensinamento. Igualmente ensinam que Jesus
foi o primeiro ser criado por Deus, sendo um deus de
categoria “inferior”, poderoso, mas não Todo-Poderoso.
Raciocínio semelhante a este também pode ser
encontrado entre o grupo dos cristadelfianos.

Avaliação dos conceitos errôneos e


incoerências bíblicas sobre Deus

Podemos observar nesta breve matéria que os


vários cultos e falsas religiões aqui apresentados não
mantêm o equilíbrio bíblico da concepção de Deus.
Avaliando a questão, logicamente concluímos que há um só
Deus (Dt 6.4, 1Co 8.6). E que o Pai, o Filho e o Espírito
Santo são chamados de Deus e possuem os atributos da
Deidade (Ef 5.20; Rm 9.5; At 5.4).
Da minha concepção, esse único Deus é o
universo em questão, não um ser. Isso é mais um código ou
ingenuidade da bíblia, que mais parece uma historinha para
relaxar, um desenho animado.
Quando um culto é apresentado biblicamente com
base nessas duas declarações ortodoxas, os seguidores das
falsas religiões concluem que uma delas necessariamente
está errada, ou seja, que existe mais de um deus (politeísmo,
como vimos no mormonismo), que as três pessoas devem
ser a mesma pessoa (modalismo, como vimos na Igreja
132
“A verdade em verdade vos digo”

Local) e/ou que o Pai é Deus e o Filho e o Espírito não


possuem a mesma essência, sendo diferentes de Deus
(arianismo, como vimos nas testemunhas-de-jeová). Todavia,
a concepção bíblica e histórica de Deus está bem declarada
no Credo de Atanásio (no qual inserimos alguns versículos
bíblicos que comprovam suas declarações):
“Assim, o Pai é Deus (Ef 5.20), o Filho é Deus (Rm
9.5) e o Espírito Santo é Deus (At 5.4). E, no entanto, não
são três deuses, mas um só Deus (Dt 6.4; 1Co 8.6).
Igualmente, o Pai é Senhor (Ap 21.22), o Filho é Senhor (Jd
4; 1Co 8.6), o Espírito Santo é Senhor (2Co 3.17). E, no
entanto, não são três senhores, mas um só é Senhor (Ef
4.5). Pois, da mesma forma que somos compelidos pela
verdade cristã a reconhecer cada Pessoa, por si mesma,
como Deus e Senhor, assim também somos proibidos pela
religião católica (universal) de dizer: existem três deuses ou
três senhores”.
O mesmo pode ser esclarecido sobre o fato de
Deus ser infinito e pessoal ao mesmo tempo. A Bíblia revela
que Deus é transcendente sobre todo o universo (Sl 57.11;
Zc 14.9) e que Deus está intimamente envolvido com o
universo (Gn 1.1; Sl 113.6). Ele é o Criador do tempo e do
espaço, por isso Ele transcende o universo. Como pode tal
Deus realmente estar interessado em nós ou se envolver
com nossas vidas, até mesmo a ponto de enviar seu Filho
(Deus) para compartilhar nossa humanidade e sofrimento?
Não podemos compreender o amor de Deus, mas a Bíblia,
infalível em suas declarações, nos conduz à conclusão de
que ambas as dimensões de Deus são verdadeiras. A
doutrina bíblica inspirada por Deus tem capacidade plena de
conciliar harmoniosamente os “elementos divergentes” (para
alguns) da infinidade divina com o relacionamento pessoal,
elementos indispensáveis para o genuíno sentido da
adoração.
Temos de nos centrar em Deus, não no homem.
Os cristãos ortodoxos estão dispostos a aceitar o
ensinamento bíblico sobre Deus até mesmo quando eles não
podem explicar todos os aspectos de sua revelação. Às
vezes, podemos entender o “qual”, mas não podemos
entender o “como”, ou, frequentemente, o “porquê”. Deus
133
“A verdade em verdade vos digo”

simplesmente quer que confiemos em sua Palavra. A


diferença entre a verdadeira religião e a falsa religião é a
adesão à ego-revelação de Deus na Bíblia, ou seja, as
interpretações que revelam um deus que satisfaça nossas
limitações em entendê-lo. É a rejeição da adoração ao Deus
Santo apresentado pela Bíblia para fabricar um deus sob as
concepções humanas, o que, como analisamos, podemos
considerar a causa dos erros que se desenvolveram desde o
início da igreja primitiva e continua nos assolando até hoje.
Diante deste texto, concluo mais uma vez a
ditadura em torno do nome de Deus. Onde já se viu somente
Jesus ser filho de Deus, ou o único que nos leva até ele? Se
o próprio Jesus é um filho de Deus como nós o somos,
porém mais evoluído, como nós o seremos. E, por que, Deus
mandaria seu filho sofrer para provar sua existência? Por que
não provou de outra maneira mais simples, já que ele é
onipotente e onipresente? Por que tem de fazer coisas
estranhas e muitas vezes maldosas para que o aceitamos.
Seria essa a intenção de Deus, ou o nosso livre arbítrio é a
intenção de Deus?
Deus precisa de nossa evolução tanto quanto
precisamos da dele. E nunca existiu nem existirá milagre.
Nunca terá um filho sentado à direita de Deus Pai.
Simplesmente porque Deus, como ser, não existe. Ninguém
senta ao lado do nada e do tudo ao mesmo tempo. Nem do
lado de um cheiro ou de uma inspiração. Isso é Deus.
Só para não perder a sequencia, veja algumas
contradições da Bíblia:
Alguns estudiosos da bíblia declaram que há
milhares de contradições em suas páginas explícitas ou
implícitas. A seguir estão algumas delas. Para perfeito
entendimento é preciso acompanhar as passagens citadas
em cada ítem da listagem.
1. A Bíblia nos fala que toda a escritura foi
inspirada por Deus (II Timóteo 3:16). Mas em alguns trechos
é negada a inspiração divina (I Coríntios 7:6;5:12) (II
Coríntios 11:17).
2. Os Gigantes existiam antes da inundação
(Gênesis 6:4). Somente Noé, sua família, e os animais da
Arca sobreviveram à inundação (Gênesis 7:23). Mesmo
134
“A verdade em verdade vos digo”

depois da Inundação os gigantes continuaram existindo


(Números 13:33).
3. Deus diz para Noé que tudo o que se move e
tem vida servirá de alimento para ele, e também toda a
vegetação. Só não poderá comer da carne ainda com vida,
ou seja, com sangue (Gênesis 9:3-4). Deus diz que nem
todos os animais podem ser consumidos (Deuteronômio
14:7-20).
4. Toda a terra tinha uma só língua e as mesmas
palavras, até que Deus criou vários idiomas diferentes,
fazendo com que ninguém entendesse um ao outro (Gênesis
11:1,6-9). Anterior a isto, a Bíblia fala de diversas nações,
cada um com sua própria língua (Gênesis 10:5).
5. Deus admitiu que Ele é a causa da surdez e da
cegueira (Êxodo 4:11). Contudo, Deus não aflige os homens
por vontade própria (Lamentações 3:33).
6. Deus envia Moisés para o Egito resgatar os
filhos de Israel (Êxodo 3:10. 4:19-23). No caminho, Deus
ameaçou Moisés de morte. (Êxodo 4:24-26). Não proveu de
explicação.
7. Deus mata todos os animais dos egípcios com
uma forte pestilência. Nenhum sobreviveu à pestilência
(Êxodo 9:3-6). Deus mata todos os animais dos egípcios com
uma chuva de granizo (Êxodo 9:19-21,25). (Mas eles já não
haviam morrido com a pestilência?)
8. Deus não foi conhecido por Abraão, Isaac e
Jacó pelo nome de Javé (Êxodo 6:2-3). O nome do Senhor já
era conhecido (Gênesis 4:26).
9. Deus proíbe que seja feito a escultura de
qualquer ser (Êxodo 20:4). Deus ordenou a fabricação de
estátuas de ouro (Êxodo 25:18).
10. Proibição do assassinato (Êxodo 20:13). Deus
manda Moisés matar todos os homens de Madiã (Números
31:7).
11. Proibição do roubo (Êxodo 20:15). Deus
manda roubar os egípcios (Êxodo 3:21-22).
12. Proibição da mentira (Êxodo 20:16) Deus
permiti a mentira (I Reis 22:22)

135
“A verdade em verdade vos digo”

13. Você tem que julgar o próximo com justiça


(Leviticus 19:15). Não julgue ninguém para não ser julgado
(Mateus 7:1).
14. Deus jamais se arrepende (I Samuel 15:29).
Deus se arrepende (Gênese 6:6) (Êxodo 32:14) (I Samuel
15:11,35) (Jonas 3:10).
15. Deus não pode mentir (Números 23:19). Deus
deliberadamente enviou um "espírito" mentiroso (I Reis
22:20-30) (II Crônicas 18:19-22). Deus faz pessoas
acreditarem em mentiras (II Tessalonicenses 2:11-12). O
Senhor engana os profetas (Ezequiel 14:9).
16. Aarão morreu no monte Hor. Imediatamente
depois disso, os israelitas foram para Salmona e Finon
(Números 33:38). Aarão morreu em Mosera. Depois disso, os
isralelitas foram para Gadgad e Jetebata (Deuteronômio
10:6-7). Deus diz a Moisés que Aarão morreu no monte Hor
(Deuteronômio 32:50).
17. Nós temos que amar Deus (Deuteronômio 6:5)
(Mateus 22:37). Nós temos que temer Deus (Deuteronômio
6:13) (I Pedro 2:17).
18. Deus escreveu nas tábuas as dez palavras da
aliança (Deuteronômio 10:1-2,4).
Deus ditou e Moisés escreveu (Êxodo 34:27-28).
19. Josué queimou a cidade de Hai e reduziu-a a
um monte de ruínas para sempre (Josué 8:28). Hai ainda
existe como uma cidade (Neemias 7:32).
20. Josué destruiu totalmente os habitantes de
Dabir (Josué 10:38-39). Os habitantes de Dabir ainda
existem (Josué 15:15).
21. Saul destruiu completamente os amalecitas (I
Samuel 15:7-8,20). David destruiu completamente os
amalecitas (I Samuel 27:8-9). Finalmente os amalecitas são
mortos (I Crônicas 4:42-43).
22. Isaí teve sete filhos além de seu mais jovem,
David (I Samuel 16:10.11). David foi o sétimo filho (I Crônicas
2:15).
23. Saul tentou consultar o Senhor (I Samuel
28:6). Saul nunca fez tal coisa (I Crônicas 10:13-14).

136
“A verdade em verdade vos digo”

24. Saul cometeu suicídio (I Samuel 31:4-6) (I


Crônicas 10:4-5). Saul foi morto por um amalecita (II Samuel
1:8-10). Saul foi morto pelos filisteus (II Samuel 21:12).
25. Davi tomou 1.700 cavaleiros de Adadezer (II
Samuel 8:4). Davi tomou 7.000 cavaleiros de Adadezer (I
Crônicas 18:4).
26. Davi matou aos arameus 700 parelhas de
cavalos e 40.000 cavaleiros (II Samuel 10:18). Davi matou
aos arameus 7.000 cavalos e 40.000 empregados (I Crônicas
19:18).
27. Israel dispõe de 800.000 homens aptos para
manejar espadas, enquanto que Judá dispõe de 500.000
homens (II Samuel 24:9). Israel dispõe de 1.100.000 homens
aptos para manejar espadas, enquanto que Judá dispõe de
470.000 homens (I Crônicas 21:5).
28. Satã provocou Davi a fazer um censo de Israel
(I Crônicas 21:1). Deus sugeriu Davi a fazer um censo de
Israel (II Samuel 24:1).
29. Davi pagou 50 siclos de prata por gados e pelo
terreno (II Samuel 24:24). Davi pagou 600 siclos de ouro pelo
mesmo terreno (I Crônicas 21:25).
30. Rei Josias foi morto em Magedo. Seus servos
o levam morto para Jerusalém (II Reis 23:29-30).
Rei Josias foi ferido em Magedo e pediu para seus
servos o levarem para Jerusalém, onde veio a falecer (II Reis
23:29-30).
31. Foram levados 5 homens dentre os mais
íntimos do rei (II Reis 25:19-20). Foram levados 7 homens
dentre os mais íntimos do rei (Jeremias 52:25-26).
32. São citados os nomes de 10 pessoas que
vieram com Zorobabel (Esdras 2:2) São citados os nomes de
11 pessoas que vieram com Zorobabel (Neemias 7:7)
33. (Esdras 2:3 & Neemias 7:8) Estas passagens
pretendem mostrar a quantidade de pessoas que voltaram do
cativeiro babilônico. Compare o número para cada família: 14
deles discordam.
34. A terra vai durar para sempre (Salmos 104:5)
(Eclesiastes 1:4). A terra perecerá (II Pedro 3:10) (Hebreus
1:10-11).

137
“A verdade em verdade vos digo”

35. Deus fala a respeito de sacrifícios com os


filhos de Israel libertos do egito (Levítico 1:1-9). Deus nega
que houvesse dito algo sobre sacrifícios naquela ocasião
(Jeremias 7:22).
36. O filho não deve ser castigado pelo erro do
pai, ou vice-versa (Deuteronômio 24:16) (Ezequiel 18:20) (II
Crônicas 25:4). Deus vinga a crueldade dos pais nos filhos
até a quarta geração (Êxodo 20:5) (Deuteronômio 5:9).
Todos os homens são culpados pelo pecado de Adão. A
culpa passou de pai para filhos por diversas gerações
(Romanos 5:12).
37. Jesus foi filho de José, que o foi de Jacob
(Mateus 1:16). Jesus foi filho de José, que o foi de Heli
(Lucas 3:23).
38. O pai de Salathiel foi Jeconias (Mateus 1:12).
O pai de Salathiel foi Neri (Lucas 3:27)
39. Abiud é filho de Zorobabel (Mateus 1:13).
Resa é filho de Zorobabel (Lucas 3:27). São citados os
nomes de todos os filhos de Zorobabel, mas nem Resa e
nem Abiud estão entre eles (I Crônicas 3:19-20).
40. Jorão era o pai de Ozias que era o pai de
Joathão (Mateus 1:8-9). Jorão era o pai de Occozias, do qual
nasceu Joás, que gerou Amazias, que foi pai de Azarias que,
finalmente, gerou Joathão (I Crônicas 3:11-12).
41. Josias era o pai de Jeconias (Mateus 1:11).
Josias era o avô de Jeconias (I Crônicas 3:15-16).
42. Zorobabel era filho de Salathiel (Mateus 1:12)
(Lucas 3:27). Zorobabel era filho de Fadaia. Salathiel era tio
dele (I Crônicas 3:17-19).
43. Sale era filho de Cainan, neto de Arfaxad e
bisneto de Sem (Lucas 3:35-36). Sale era filho de Arfaxad e
neto de Sem (Gênese 11:11-12).
44. Ninguém jamais viu a Deus (João 1:18, 6:46) (I
João 4:12). Jacob viu Deus cara a cara (Gênesis 32:30).
Moisés e os anciões de Israel viram Deus (Êxodo 24:9-11).
Deus falou com Moisés cara a cara (Êxodo 33:11)
(Deuteronômio 34:10). Ezequiel viu Deus em uma visão
(Ezequiel 1:27-28).
45. Jesus curou um leproso depois de visitar a
casa de Pedro e Simão (Marcos 1:29,40-42). Jesus curou o
138
“A verdade em verdade vos digo”

leproso antes de visitar a casa de Pedro e Simão (Mateus


8:2-3,14).
46. O Diabo levou Jesus primeiro ao topo do
templo e depois para um lugar alto para ver todos os reinos
do mundo (Mateus 4:5-8). O Diabo levou Jesus primeiro para
o lugar alto e depois para o topo do templo (Lucas 4:5-9).
47. Quem crê no filho de Deus tem vida eterna
(João 3:36). Quem ama a Deus e ao seu próximo tem vida
eterna (Lucas 10:25-28). Quem guarda os 10 mandamentos
tem vida eterna (Mateus 19:16-17).
48. O sermão conteve 9 beatitudes (Mateus 5:3-
11). O sermão conteve 4 beatitudes (Lucas 6:20-22).
49. Jesus adquiriu Mateus como discípulo depois
de acalmar a tempestade (Mateus 8:26). Jesus adquiriu
Mateus (Levi) como discípulo antes de ter acalmado a
tempestade (Marcos 2:14, 4:39) Obs: O contexto identifica
Levi como outro nome para Mateus. Compare [Mateus 9:9-
17] com [Marcos 2:14-22] e com [Lucas 5:27-39].
50. O centurião se aproximou de Jesus e pediu
ajuda para um criado doente (Mateus 8:5-7). O centurião não
se aproximou de Jesus. Ele enviou amigos e os anciões dos
judeus (Lucas 7:2-3,6-7).
51. Jairo pediu a Jesus que ajudasse a sua filha,
que estava morrendo (Lucas 8:41-42). Ele pediu para que
Jesus salvasse a filha dele que já havia morrido (Mateus
9:18).
52. Jesus disse aos seus discípulos que deveriam
andar calçados com sandálias (Marcos 6:8). Jesus lhes disse
que não deveriam andar descalços (Mateus 10:10).
53. Deus confiou o julgamento a Jesus (João 5:22)
(João 5:27,30 8:26) (II Coríntios 5:10) (Atos 10:42). Jesus,
porém, disse que não julga ninguém (João 8:15,12:47). Os
santos hão de julgar o mundo (I Coríntios 6:2).
54. A transfiguração de Jesus ocorreu 6 dias após
a sua profecia (Mateus 17:1-2). A transfiguração ocorreu 8
dias após (Lucas 9:28-29).
55. A mãe de Tiago e João pediu a Jesus para
que eles se assentassem ao seu lado no reino (Mateus
20:20-21). Tiago e João fizeram o pedido, ao invés de sua
mãe (Marcos 10:35-37).
139
“A verdade em verdade vos digo”

56. Ao sair de Jericó, Jesus se encontrou com dois


homens cegos (Mateus 20:29-30). Ao sair de Jericó, Jesus
se encontrou com somente um homem cego (Marcos 10:46-
47).
57. Dois dos discípulos levaram uma jumenta e
um jumentinho para Jesus da aldeia de Bethfagé (Mateus
21:2-7). Eles levaram somente um jumentinho (Marcos 11:2-
7).
58. Jesus amaldiçoou a árvore de figo depois de
ter deixado o templo (Mateus 21:17-19). Ele amaldiçoou a
árvore antes de ter entrado no templo (Marcos 11:14-15,20)
59. Um dia após Jesus ter amaldiçoado a figueira,
os discípulos notaram que ela havia secado (Marcos 11:14-
15,20) A figueira secou imediatamente após a maldição ser
posta (Mateus 21:19).
60. Jesus disse que Zacarias era filho de
Baraquias (Mateus 23:35). Zacarias era filho de Joiada (II
Crônicas 24:20-22).
61. Jesus manda amarmos uns aos outros (João
13:34-35). Você não pode ser um discípulo de Jesus a
menos que já tenha aborrecido seus pais, seus irmãos, seus
filhos ou sua esposa (Lucas 14:26).
62. Vestiram Jesus com um manto carmesim
(Mateus 27:28). Vestiram Jesus com um manto púrpura
(Marcos 25:17) (João 19:2).
63. Após Pedro ter negado Jesus, o galo cantou
pela segunda vez (Marcos 14:30,57-72). O galo só cantou
uma vez (Lucas 22:34,60-61) (Mateus 26:34,69-74)
Deus é infinito em seus atributos. É perfeito e suas
obras também. Como pode o Senhor Criador do Mundo
arrepender-se de suas obras, de seus atos?
Pois está escrito:
(Gen. 6: 6) "arrependeu-se o Senhor de ter feito o
homem";
(Ex. 32:14) "Então se arrependeu o Senhor do mal
que dissera havia de fazer ao povo";
(1ª Sam.15:11 e 35) "Arrependeu-se o Senhor de
haver constituído rei a Saul sobre Israel"; (2ª Sam.24:16) "O
Senhor se arrependeu de mandar o anjo destruir os povos de
Jerusalém"
140
“A verdade em verdade vos digo”

(Amós 7:3) "O senhor se arrepende de mandar


gafanhotos destruir a colheita".
Encontramos também em (Deut. 10:18 e 32:4) a
afirmação de que Deus é de justiça e amor. No entanto
encontramos os seguintes dizeres:
(Dt. 20:13, 14 e 16) manda "passar a fio de
espada todo ser que tiver fôlego";
(Ex. 32:27) manda "passar a fio de espada seus
amigos, vizinhos e irmãos"; e nesse dia mataram cerca de
três mil homens (Ex.32:28);
(Ex. 32:35) "O senhor feriu aqueles que fabricaram
o bezerro de ouro, menos Arão, o irmão de Moisés".
O paradoxo de tudo isso é que na tábua dos dez
mandamentos está escrito:
- 5º mandamento: "não matarás".
Com o pretexto de que o Senhor pelejava por
Israel, (Jos. 10:42) Josué conquista parte da prometida
Canaã "destruindo tudo que tinha fôlego" e tomando tudo
para si, (Jos. 11:20 e 23); "pois o Senhor é homem de
guerra". (Ex. 15:3).
E como fica o 5º mandamento?
(juízes 12:6) Jefté, juiz em Israel, mata 42.000
(quarenta o dois mil) efraimitas; (Juizes 20:35) Os israelitas
matam 25100 (vinte e cinco mil e cem) homens da tribo de
Benjamim.
(2ª Sam. 24:15) O Senhor mandou uma peste a
Israel que matou 70.000 (setenta mil homens);
(Ezeq. 4:12) "O Senhor mandou que o profeta
Ezequiel comesse pão cozido sobre fezes humanas".
E como explicar que os israelitas, 7.000(sete mil)
homens, conforme (1ª Reis 20:15) que "eram como dois
rebanhos de cabras", (1ª Reis 20:27) conseguiram ferir e
matar, num só dia, 100.000 (cem mil) sírios à espada (1ª
Reis 20:29) e ainda, na sequência, o muro da cidade tenha
caído sobre os 27.000 (vinte e sete mil) restantes matando-
os (1ª Reis 20:30).
Fazendo uma grosseira comparação entre os dois
fatos, a matança dos cem mil sírios em um só dia e o
ocorrido em Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9/8/1945, vemos
que a farta documentação a respeito não registrou a morte
141
“A verdade em verdade vos digo”

de cem mil japoneses com as mais modernas armas


nucleares lançadas sobre a população de duas grandes
cidades. O registro mais recente a esse respeito está na
revista VEJA, edição 1848, de 07.04.2004, pág.118, onde
Roberto P. de Toledo arredonda estes dados para 100 000
japoneses mortos.
Só nos cabe perguntar: Será que foi mesmo o
Senhor que praticou todas essas sandices?
Terá sido Ele mesmo que inspirou tudo que está
escrito na Bíblia? Que cada um tire suas conclusões. De
preferência à luz da razão.
Você acredita que:
O "Anjo do senhor tenha, numa só noite,
exterminado 185000 (cento e oitenta e cinco mil) assírios?"
(2ª Reis 19:35);
Cerca de 300 (trezentos) israelitas já cansados
(Juízes 8:4), venceram os 120000 (cento e vinte mil)
midianitas em guerra? (Juízes 8:10);
Alegando que 120000 (cento e vinte mil) homens
poderosos da tribo de Judá, tenham abandonado o Senhor
Deus de seu País, os judeus os tenham eliminado num só
dia? (2ª Crônica 28:6);
Como pode, O Senhor ser evocado e ajudar a
destruir 1.000.000 (hum milhão, sim) de etíopes? ( 2ª Crônica
14 : 9 - 15).
OBS.: O absurdo é tamanho que analisando as
bíblias encontramos alterações do mesmo tradutor, João
Ferreira de Almeida. Em duas Bíblias traduzidas por Almeida,
editadas pela sociedade bíblica do Brasil, o Cap 14, verso 13
da segunda Crônicas, (1966) consta o "absurdo" transcrito
acima. Já na revisão e correção de 1969 (È preciso revisar e
corrigir a Bíblia?) o texto foi alterado para "caíram tantos
etíopes que já não havia neles vigor algum..."
E aqui cabe mais uma pergunta: Pode o homem
alterar assim "a palavra de Deus.

Outras discrepâncias da Bíblia

Enumerei 14 discrepâncias Bíblicas, dentre as


milhares contidas nela, somente para que os leitores tenham
142
“A verdade em verdade vos digo”

ideia de como as coisas mudam escritas, imaginem faladas.


A Bíblia foi escrita e prensada pela primeira vez com
Gutemberg, alemão inventor d prensa – ancestral das
gráficas e editoras modernas, e porque não dizer, das
impressoras a laser de hoje – um alemão judeu, daí concluo
o porque de tanto ser o povo judeus o escolhido:

1 - Como pode Deus criar a luz antes do Sol? –


(Gênesis 1:3 14). Como separou Ele a luz das trevas
(Gênesis 1:4), se estas nada mais são do que a privação da
luz? Como fez o dia antes que o sol fosse criado?
2 - Como afirmar que do Éden saia um rio que se
dividia em outros quatro, um dos quais, o CIOM, que corria
no país de Cuse (Etiópia) (Gênesis, 2:13) só podia ser o Nilo,
cuja nascente distava mais de mil léguas da nascente do
Eufrates?
3 - Por que a proibição de comer do fruto da
“árvore da ciência do bem e do mal” (Gênesis 2:17), se é fato
que, dando a razão ao homem, Deus só poderia encoraja-lo
a instruir-se? Acaso preferia Ele ser servido por um tolo?
4 - Por que se atribuiu a serpente o papel de Satã
(Apoc. 12:9), se a Bíblia apenas diz que “a serpente era o
mais astuto dos animais” (Gênesis 3:1)? Que língua falava
essa serpente, e como andava ela antes da maldição de que
passaria a arrastar-se sobre o ventre e comer pó? (Gênesis
3:14) E como explicar a desobediência da serpente, se
nunca se ouviu falar de cobra que comesse pó? E como
explicar que tantas mulheres possam hoje dar a luz sem dor
e tantos homens comam o seu pão sem precisarem de suar
o rosto? (Gen. 3:16/19)
5 - Como pode ser punido com tanto rigor um ente
primitivo como Adão, que não sabia discernir entre o bem e o
mal? (e a prova disso se encontra no verso 22: 'Eis que o
homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal'). Caim
cometeu um fratricídio e não mereceu uma pena tão severa;
a despeito da maldição: “Fugitivo e vagabundo será na Terra”
(Gênesis 4:12) foi para Node, onde constituiu família e até
construiu uma cidade (Gênesis 4:17) e “seus descendentes
foram mestres em varias artes” (Gênesis 4:20/22)

143
“A verdade em verdade vos digo”

6 - Os teólogos pretendem que a morte entrou no


mundo em consequência do pecado de Adão (pelo menos
este é o ensino de Santo Irineu no 1o Século, confirmado por
Santo Agostinho). Pergunta-se: como estaria hoje a
população da Terra se a humanidade só fizesse nascer? E
por que a punição teve de se estender aos animais, que
nada tiveram a ver com o pecado de Adão?
7 - Como poderam encerrar “casais de todos os
animais da Terra” (Gênesis 6:19) numa arca de 300 côvados
(198 m) de comprimento por 50 de largura e 30 de altura
(Gênesis 6:15) ? Como conseguiram apanhar todos esses
animais e reunir tantos e tão variados alimentos e de que
modo se houveram as 8 pessoas a bordo (Gênesis 7:13)
para alimentar todos eles (e limpar todos os dejetos) durante
mais de um ano? Note-se que o diluvio começou a 17 do 2º
mês (Gênesis 7:11) e os que nela haviam entrado sete dias
antes (Gênesis 7:10) só saíram da Arca a 27 do segundo
mês (do ano seguinte é obvio) (Gênesis 8:14), e como Noé
encontrou todos os tipos de animais, de todos os cantos da
terra, estando ele somente no oriente Médio de hoje?
8 - Se Deus é justo e se foi Ele próprio que
endureceu o coração do Faraó para que não permitisse a
saída dos israelitas (Êxodos 11:10), por que teria de matar
todos os primogênitos do Egito, inclusive muitos milhares de
inocentes crianças e até os primogênitos de todos os
animais? (Êxodo 12:29)
9 - Como teriam os magos egípcios transformado
a água do Nilo em sangue (Êxodo 7:22), se Moisés já o fizera
antes? (Êxodo 7:20). E como puderam perseguir os israelitas
com o seu exercito desfalcado de todos os primogênitos
(Êxodo 12:29) e empregando a sua cavalaria (Êxodo 14:23),
se na 5.a praga haviam sido mortos todos os cavalos?
(Êxodo 9:6)
10 - Se o mar tragou todo o exercito do Faraó,
este inclusive (Êxodo 14:28) não é de se estranhar que com
a decifração dos hieróglifos, que permite hoje conhecer toda
a história do antigo Egito, não se tenha encontrado uma só
referência a tão espantosa calamidade?
11 - Como entender que os autores do Antigo
Testamento, tão precisos ao citar pelos nomes dezenas de
144
“A verdade em verdade vos digo”

pequenos reis das cidades vencidas, como Adonizedeque


(Josué 10-1), Hoão, Pira, Zafia, Debir (Josué 10:3), Hoão
(Jos. 10:33), Jabim, Jobab (Josué 11:1), Seom (Josué 12:2),
Igue (Josué 12:4), Jeeb (Juizes 7:25), Salmuna e Zeba
(Juizes 8:5), Agag (I Samuel 15:8), Aquis (I Samuel 21:10),
etc., não tenham mencionado o nome do Faraó que reinava
ao tempo da fuga dos israelitas, o qual é citado tantas vezes
nos primeiros 14 capítulos do livro de Êxodo?
14 - Como entender que fossem eleitos e
protegidos por Deus assassinos como Eude, que apunhalou
a traição o rei Eglom (Juizes 3:21), Davi, que fez morrer
Urias, para tomar-lhe a mulher (II Samuel 11:15) e Salomão,
que tendo 700 mulheres e 300 concubinas (I Reis 11:3),
mandou matar seu irmão Adonias só porque este lhe pedira
uma? (I Reis 2:21 e 25)
A história de todos os povos está repleta de
lendas, crendices, mitos, alegorias, superstições. Por que a
dos judeus teria que ser diferente? Quando o historiador
pertence a outra comunidade, ou se encontra afastado dos
acontecimentos no tempo e no espaço, ainda se pode
esperar alguma imparcialidade. Mas, se quem narra a
historia é um dos próprios interessados, é natural que
procure exagerar os feitos dos compatriotas, sejam
contemporâneos ou antepassados, e subestimar os dos seus
adversários. Isso ocorre até nos tempos atuais, em que os
eventos ficam registrados na imprensa, em livros, nos filmes,
nas fitas de vídeo, etc.
Mesmo fatos contemporâneos, amplamente
divulgados e documentados por todos os meios de registro
disponíveis, se prestam a interpretações diferentes, ao sabor
das conveniências de cada grupo. A paternidade do avião,
inventado já no início deste século, não é atribuída pelos
norte-americanos aos irmãos Wright, com evidente
indiferença aos méritos do nosso Santos Dumont? Imagine-
se o que não ocorreria nos tempos primevos, quando os
acontecimentos eram transmitidos por tradição oral, e só
muito depois vinham a ser registrados por escrito...
Não há evidente exagero em afirmar que os
israelitas num só dia mataram 100 mil sírios? (I Reis 20:29).
A nosso ver, cem mil homens não morrem num só dia nem
145
“A verdade em verdade vos digo”

com as mais devastadoras armas modernas. Com as


bombas nucleares existe a possibilidade, mas até o momento
não nos conta tenha de fato ocorrido. As lançadas sobre
Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9-8-45 não chegaram a
exterminar tanta gente, pelo menos não no primeiro dia. E
note-se que não foram arremessadas contra exércitos
aguerridos, mas contra populações civis. Se com os recursos
altamente sofisticados da tecnologia atual a empresa não é
fácil, imagine-se o que não seria nos tempos em que as
armas mais letais eram espadas e lanças, e os veículos mais
velozes eram carros puxados por cavalos e camelos...
Pela mesma razão não nos parece muito
verossímil que o "Anjo do Senhor" tenha numa só noite
exterminado 180 mil assírios (II Reis 19:35), nem que 120 mil
“midianitas” tenham sido mortos pelos 300 de Gedeão
(Juizes 8:10), nem que os judeus tenham eliminado em um
só dia 120 mil da tribo de Judá, “todos homens poderosos,
por terem abandonado o Senhor Deus de seus pais” (II
Crônicas 28:6), e ainda levado cativas 200 mil mulheres e
crianças do seu povo irmão (II Crônicas 28:8). E o que dizer
dos “500 mil homens escolhidos que caíram feridos em
Israel” (II Crônicas 13:17). E o que dizer do 1 milhão (1
milhão!) de etíopes que 'foram destroçados sem restar nem
um sequer' ? (II Crônicas 14:9 e 13). Será que a Etiópia já
dispunha naquele tempo de 1 milhão de habitantes? (nota no
rodapé da página: Temos duas bíblias traduzidas Almeida,
ambas editadas pela Sociedade Bíblica Brasileira, com
redação diversa do cap. 13. A de 1966 diz como esta acima.
A de 1969 (edição revista e CORRIGIDA) reza: “caíram
tantos etíopes que já não havia neles vigor algum”... Veja-se
como vão aos poucos alterando o texto!)
(...) jamais nos passaria pela ideia o intuito de
amesquinhar o papel da Bíblia como regra de fé da
Cristandade, e nem seriam pigmeus como nós que ousariam
tão inexequível tarefa. Sabemos e proclamamos que ela é o
fanal de todos os povos cristãos, e que os preciosos
ensinamentos morais nela contidos brilharam e continuarão a
brilhar por muitos séculos concorrendo para dissipar as
trevas da ignorância dos homens sempre que eles estiverem
a altura de os assimilar. Aquilo que unicamente contestamos
146
“A verdade em verdade vos digo”

é a tese da “inerrancia” da Bíblia, a ideia de que ela encerra


toda a Verdade e de tudo quanto contém é a palavra saída
dos lábios do próprio Deus. O que afirmamos é que a Bíblia
foi escrita por homens e por isso mesmo esta repleta de
falhas resultantes da imperfeição humana. Pretender que ali
esteja a Verdade como um bloco monolítico, é semear
confusão na mente de homens que já aprenderam, ou pelo
menos deviam ter aprendido, a raciocinar."

Interpretação da bíblia - hermenêutica e


exegese
Eu vou comentando com meu raciocínio:

Hermenêutica é uma palavra de origem grega que


significa interpretação no sentido literal do texto. Esta
maneira de estudo tem sido a mais preferida dos teólogos e,
talvez por isso têm-se as ideias mais absurdas a respeito dos
textos sagrados. É preciso que se busque a mensagem
divina com coerência. Daí ser preciso a prática da exegese.

EXEGESE:

É o significado moral e espiritual dos textos


sagrados. Tentaremos facilitar o entendimento com os
seguintes exemplos:
"No princípio Deus criava as águas e a terra" (Gn.
1 : 1).
Entendemos seu significado facilmente pelo seu
sentido literal (Hermenêutica).
"Porque reparas no cisco que está no olho de teu
irmão e não percebes a trave que está no teu?" (Mt. 7 : 3)
Não é possível entender essa mensagem de
forma literal (Hermenêutica), mas sim do ponto de vista da
exegese quando interpretamos que enxergamos os
pequenos defeitos dos outros e não vemos os nossos, às
vezes, bem maiores .

147
“A verdade em verdade vos digo”

Outros exemplos são as parábolas. Escritas em


sentido literal, mas entendíveis somente pela exegese. Ex.:
Moisés: Por ele Deus nos mandou a lição de
justiça junto com os dez mandamentos;
Jesus: Deus mandou que Ele nos ensinasse
noções de paz, fraternidade e principalmente de amor.
Acreditamos ainda que Deus manda as revelações
de acordo com a capacidade do homem para entender tais
mensagens, conforme (Hebreus 5:13-14) e (Mc. 4:33).

Meu comentário:
Ora, pra quê Deus precisa de um humano, criado
por ele, para mandar ensinamentos? Ele não é poderoso
suficiente para fazer isso de sua maneira? E por que ele
mandou para um homem que só abrangeria uns punhados
de sem-terra, que eram os hebreus na época. E, por que,
Deus apareceria para Moisés, que era impuro, e nunca
apareceu para Maria, mãe de “seu único filho”?

Texto:
Sabemos que a evolução da humanidade é
constante, logo, não está estagnada e nem parou em
determinada época. Ora, se a revelação é dada na medida
em que o homem esteja preparado para entendê-la, e como
a primeira foi com Moisés (Justiça) e tempos depois veio a
segunda com Jesus trazendo a lição de amor e,
considerando o que disse Jesus: "Tenho ainda muitas coisas
a dizer-vos, mas vós não as podeis suportar agora" (João
16:12) e mais adiante nos promete enviar, no momento
oportuno "o espírito de verdade, que testificará de mim e vos
guiará em toda a verdade; ele vos ensinará todas as coisas e
vos fará lembrar de tudo que vos tenho dito" (João 14:26 e
16:12-13).

Meu comentário:
Pode-se perceber que tudo que Jesus pregou, os
apóstolos e escribas da Bíblia ocultaram com a desculpa de
que ninguém à época entenderia. Ora, se não foi para isso
que Deus mandou Jesus?
148
“A verdade em verdade vos digo”

Texto:
Entendemos que essa promessa de Jesus foi
cumprida há mais de um século com a terceira revelação que
vem procurando lembrar aos homens a doutrina de amor
empregada por Ele, Jesus.
Com humildade, sem rituais ou práticas exteriores,
seus adeptos se esforçam para levar a cada coração a
mensagem de perdão e de misericórdia, conscientes de que
só por meio da reforma íntima de cada ser se obterá a
transformação de toda a humanidade.
A primeira revelação, com Moisés, tem os dez
mandamentos como ponto de destaque. Para muitos,
principalmente para aqueles de parcos conhecimentos, é
uma revelação de Deus a Moisés em primeira mão. No
entanto, se dermos uma olhada mais profunda na história da
Índia antiga, encontraremos no livro dos vedas, antes da
Bíblia, os mesmos mandamentos classificados como:
Pecados do corpo (bater, matar, roubar, violar
mulheres);
Pecados da palavra (ser falso, mentir, injuriar);
Pecados da vontade (desejar o mal, cobiçar, não
ter dó dos outros).
Conforme THEODORE ROBINSON, em
"Introduction de L`Histoire dês religions", cit. Por Mário
Cavalcanti de Mello em "da Bíblia aos nossos Dias", Ed.
1972, pág 207.

Meu comentário:
Esse pecados que Moisés pregou não
praticarmos, foram todos praticados por ele. Matou
principalmente todos os que não queriam segir as suas leis.
E em nome de Deus. Ele só teve dó de seu irmão, quando
adorou um bezerro de ourro, pois com outros do grupo, ele
mataria.
Texto:
Isso não tira o caráter de revelação de Deus por
meio de Moisés, sugere apenas maior reflexão e moderação

149
“A verdade em verdade vos digo”

para quem acha que a Bíblia é a única revelação de Deus


aos homens.
Vale salientar que a Bíblia trouxe revelações
divinas aos homens, mas também que outras revelações têm
sido mostradas por Deus, utilizando outros meios.
A própria ciência pode ser considerada como um
meio de revelações, pois nos tem mostrado com frequência
novos conhecimentos que faz impulsionar o progresso da
humanidade, tal qual a vontade de Deus, ensinada por
Jesus.

Meu comentário:
A bíblia foi escrita pelos hebreus e judeus. Só
falam maravilhas deste povo escolhido... escolhido para
sofrer? Pois sofrem com atentados até hoje. Já que a ciência
pode ser considerada uma revelação, as drogas, os
assassinatos, as armas de destruição em massa, enfim, tudo
são revelações, pois nos chegaram da mesma maneira que
nos chegou o progresso: Pela inspiração de Deus nos
homens!
Sendo Deus criador de todos nós, Pai de infinito
amor, bondade, sabedoria, justiça, etc, iria criar pequena
parte dos seus filhos como "o povo eleito de deus", conforme
se intitularam os hebreus e muitos de nossos irmãos nos dias
atuais? E o restante da humanidade? Estão todos
condenados ao sofrimento eterno?
É bom lembrar que os escritores da Bíblia eram
todos judeus, tal qual os hebreus. Que cada leitor tire suas
conclusões a respeito.
Ao examinar cuidadosamente o Antigo
Testamento o leitor chegará a duas alternativas:
Ou era o próprio legislador quem, com o propósito
de obter o devido respeito, atribuía à divindade todos aqueles
rompantes de ferocidades contidos no A.T., ou;
O Deus, nosso pai, revelado por Cristo, que hoje
adoramos, respeitamos e admiramos, etc, cujos atributos são
em graus infinitos, é o mesmo descrito no Antigo
Testamento?
"Eis que o homem é como um de nós, sabendo o
bem e o mal" (Gen. 3:22).
150
“A verdade em verdade vos digo”

A divindade de Jesus

A questão da divindade de Jesus, rejeitada por


três concílios, dos quais o mais importante foi o de Antioquia
(269) foi, em 325, proclamado pelo de Nicéia. Após a
declaração de que Jesus era Deus, vem para encaixá-lo o
dogma da Santíssima Trindade. Mas somos levados a crer,
que esta trindade nada mais foi que uma cópia da base
fundamental de outras religiões, bem mais antigas que o
cristianismo. Podemos citar o constante do Livro "O
Redentor", de Edgard Armond, pág. 15 e 16:
Brahma, Siva e Vischnu – dos hindus
Osiris, Isis e Orus – dos egípcios
Ea, Istar e Tamus – dos babilônios
Zeus, Demétrio e Dionísio – dos gregos
Orzmud, Arimam e Mitra – dos persas
Voltan, Friga e Dinas – dos celtas.
Parece que tudo se encaixa na tradição cristã a
respeito de Jesus, talvez até fosse necessário, considerando
a cultura da época, torná-lo um Deus para que as pessoas
pudessem acreditar mais em seus ensinos, entretanto,
achamos que para os dias de hoje isto poderá causar mais
incrédulos, por uma coisa bem simples: é que o homem
moderno coloca a razão e a lógica como base para acreditar
ou não em algo, e agindo assim também em relação à
crença religiosa terá uma fé inabalável.
Com relação a Jesus, podemos afirmar com
absoluta certeza que era um ser superior a nós humanos,
sem, entretanto, chegar a ser um Deus, principalmente pelos
seus ensinos e exemplos de vida, virtudes essas que serão o
nosso passaporte para o "Reino dos Céus", pois somente
através dele é que chegaremos ao Pai, conforme suas
palavras: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém
vai ao Pai senão através de mim". Ele tentava explicar que
não existia o “Pai”, e sim, a inspiração de sermos coesos,
honestos, sérios, sabedores do perdão, etc.
O Mestre nunca afirmou ser Deus, o criador. Muito
pelo contrário, Ele habitualmente se intitulava "filho do
Homem" cuja citação encontra-se oitenta vezes nos
151
“A verdade em verdade vos digo”

Evangelhos, sendo (30 em Matheus, 14 em Marcos, 26 em


Lucas e 10 em João). Poucas vezes Ele se disse filho de
Deus. E se é filho, não pode ser o Pai. Os teólogos
costumam apresentar como prova da divindade de Jesus a
frase: "Eu e o Pai somos um" (João 10:30). Não sabemos o
porquê de ignorar o enunciado logo adiante (João 17:11) "Pai
Santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que
sejam um, assim como nós" e também em (João 17:21) "para
que também eles sejam um em nós", referindo-se também
aos seus discípulos. Daí, o próprio Jesus tenta usar de meios
linguísticos e explicativos à época, para elucidar o papel dele
e Deus no universo. Como eram todos semi bárbaros, ele
teve pouco sucesso, tanto que podemos confirmar o seu fim.
Se fosse o caso de seu pai ter sido somente Deus,
ele não teria sofrido daquela maneira. Pois qual pai deixaria
seu filho passar por aquilo tudo, observando do trono
celestial? E não serve o argumento de que era preciso ele
passar por aquilo para mostrar o seu amor por nós. Santa
imaginação!
Em outras passagens, Jesus se coloca na
condição de subordinado a Deus, prestando-lhe obediência e
cumprindo-lhe a vontade. Como sugestão deixamos as
indicações seguintes para que o leitor se inteire mais do
assunto:
João 4, 34: Jesus afirmou: "Meu alimento é fazer a
vontade daquele que me enviou a levar a cabo a sua obra"
João 5, 19: "Eu vos afirmo e esta é a verdade: o
Filho nada pode fazer por si mesmo, a não ser o que vê o Pai
fazer".
João 5, 30: "Não posso fazer nada por mim
mesmo. Julgo segundo o que ouço; e o meu julgamento é
justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade
daquele que me enviou".
João 6, 37-38: "Tudo o que o Pai me dá, virá a
mim e não jogarei fora o que vem a mim, porque desci do
céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele
que me enviou".
João 7, 28: "Se me amásseis, vos alegraríeis de
que eu vá ao Pai, porque o Pai é maior do que eu".

152
“A verdade em verdade vos digo”

Nessa última passagem, é bem taxativa a


superioridade do Pai sobre Jesus. Não há como contestar.
Outras citações semelhantes, contidas no evangelho
segundo João: (João 5:24; 6:29: 6:44; 7:29; 8:26; 12:45;
17:3), etc.
Assim, caros leitores, mais uma vez codificada, a
Bíblia se expõe às incoerências, de insinuar que Deus é o
Espírito Santo que fez Jesus, e que Jesus, ao mesmo tempo,
é Deus. O espírito que Maria recebeu, era um espírito de luz,
já que ela era vidente. E o filho, Jesus, foi gerado por ela e
por José. Nada de engravidar por espírito e continuar virgem,
ora essa. E, quando Jesus diz que desceu dos céus, ele veio
de um plano superior, mandado, não pelo pai – Deus -, mas
por entidades mais gabaritadas do que ele, e que comandam
obedecendo hierarquicamente a Forças Maiores.
Ao estudarmos a história do cristianismo, veremos
que Jesus nunca foi considerado como Deus. Tudo começou
no Concílio de Nicéia no ano de 325 com as decisões sendo
obedecidas segundo a vontade do Imperador Constantino,
por questões políticas, acrescendo-se que ele era pagão e
que só veio a ser batizado quando estava próxima a sua
morte, ocorrida em 337.

AS PENAS ETERNAS

Deus é Amor (João 4:16)


Se Deus é amor, tudo que Ele faz, que Ele cria é
com muito amor. E nós, seres humanos, fomos criados por
Deus? Partindo deste princípio que entendemos ser
verdadeiro, cabe perguntar: Como o Pai de infinito amor,
bondade, sabedoria, justiça, etc., pode permitir que seus
filhos possam arder eternamente no fogo do inferno?
(1ª Tim. 2:3 e 4) "Deus quer que todos os homens
se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade". Ora, o
que Deus quer sempre se realiza. E mais, Jesus nos ensinou
a amar os nossos inimigos; a perdoar quantas vezes for
necessário.
Vejam que nós, que ainda somos pequenos e
imperfeitos, temos essas recomendações e muitos as
praticam, imaginem nosso Pai Celestial, de infinita
153
“A verdade em verdade vos digo”

misericórdia, amor, bondade, etc., vai condenar suas


criaturas ao fogo eterno?
Algumas contradições à ideia do sofrimento
eterno:
Na primeira epístola de Pedro, Cap. 3: 18-20, está
escrito que Jesus desceu ao inferno para pregar seu
evangelho aos espíritos em prisão. Isso vem provar mais
uma vez que não existem penas eternas, condenação
perpétua no fogo do inferno, etc. Se assim fosse, o que
Jesus iria fazer ali? Que nós pagamos pelos nossos erros,
não tenho dúvidas. É como está na (2ª carta de Paulo aos
gálatas, 6: 5-9) "Porque cada qual carregará seu próprio
fardo".
(Salmo 22:27) "Toda terra se converterá ao
Senhor e todas as Nações adorarão sua face";
(Isaias 31:34) "Por um momento te desamparei,
mas tornarei a acolher-te com grande misericórdia";
(Ezeq. 33:11) " não quero a morte do ímpio, mas
que ele se converta e viva";
(Miquéias 7:18) "O Senhor não retém sua ira para
sempre porque tem prazer na misericórdia";
(Joel 2:32 e Rom 10:13) "Todo aquele que invocar
o nome do Senhor, será salvo";
(Mt 18:14) "Não é da vontade do Pai que nenhum
destes pequeninos se perca";
(Salmo 103: 8-9) "O Senhor é misericordioso,
compassivo e benigno. Não repreende perpetuamente, nem
conserva para sempre a sua ira".
Queremos lembrar que São Jerônimo, o mesmo
que antes de traduzir a Bíblia por ordem do Papa Dâmaso I,
mandou-lhe uma carta afirmando que era impossível dizer a
verdade de fatos desencontrados, disse ele: "Muitos
sustentam que os tormentos terão um fim, mas no momento
isso deve ser dito aqueles para os quais o temor é útil, a fim
de que, pelo terror dos suplícios, parem de pecar. (" Obras
de S. Jerônimo", Ed. Bened. Vol III. Pág. 514).
"Deus quer que todos os homens se salvem e
venham ao conhecimento da verdade" (1ª Paulo 2:4).
"Porque a graça de Deus se há manifestado,
trazendo a salvação a todos os homens" (1ª Paulo 2:11).
154
“A verdade em verdade vos digo”

"e toda carne verá a salvação de Deus" (Lucas


3;6).
"A vontade de Deus está aí expressa. Será que
a vontade de Deus não é soberana? Se Ele quer,
consequentemente Ele conseguirá. Deus fez o mundo e todo
o universo por ato de sua vontade. Bastou Ele querer e tudo
se fez. Então, se Ele quer que todos os homens se salvem,
não é uma frase solta do Antigo Testamento que vai mudar
essa soberana vontade".
Jesus ao dizer:
(Mt. 5: 26) "daí não sairá, enquanto não pagar até
o último centavo" ;
(Mt 18:34) "O patrão indignou-se, e mandou
entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse
toda a sua dívida". Ora, isso deixa claro que até pagar a
dívida ou o último centavo seria o tempo necessário em que
o devedor ficaria preso ou entregue aos torturadores, não
mais que isso, abolindo, portanto, a ideia das penas eternas
e do inferno eterno.
Um fato histórico importante foi que durante a
longa residência na Pérsia, os judeus travaram conhecimento
com um novo sistema religioso, o zoroastrismo, Religião dos
Persas e Medos que se caracterizava pela consagração
divina das forças naturais. Os persas seguiam um grande
mestre de nome Zaratustra, ou Zoroastro. Fundamentava, o
zoroastrismo, o triunfo do bem sobre o mal.
"Zoroastro considerava que o deus do
Bem, Ormuzd, estava sempre em guerra com o deus do mal
- Ariman. Ora, isto era uma ideia nova para a maior parte dos
judeus".
"Até então haviam os judeus, reconhecido um
Senhor único ao qual deram o nome de Jeová. Quando as
coisas corriam mal, quando eram derrotados nas batalhas,
etc., invariavelmente atribuíam o desastre à falta de devoção
do povo.
A ideia de que o pecado proviesse da interferência
de um espírito do mal, nunca lhes ocorrera. A própria
serpente no Paraíso parecia-lhes menos culpada que Adão e
Eva, os quais conscientemente haviam desobedecidos a
vontade divina".
155
“A verdade em verdade vos digo”

"Sob a influência das doutrinas de Zaratustra, os


judeus começaram a crer na existência de um espírito que
procurava desfazer a obra de Jeová. E a esse adversário
deram o nome de Satã".
"Passaram a odiá-lo e temê-lo, e no ano 331a. C.
convenceram-se de que Satã andava pela terra".

EXISTE INFERNO?

O inferno – tido como lugar subterrâneo para onde


vão as almas dos mortos – não ficou somente na mitologia.
Invadiu várias religiões desde a antiguidade até os nossos
dias. A influência continua tão intensa, que mesmo não
pertencendo a uma religião, faz-se uso desse conceito para
expressar as mais diversas situações do nosso dia-a-dia.
Na mitologia grega, após a vitória do Olimpo sobre
os titãs, foi feita a partilha do universo entre os três irmãos,
filhos de Cronos e Réia. A Zeus coube o Céu; a Posseidon, o
Mar; a Hades, o tártaro.
Na tradição cristã, a conjunção luz-trevas
simboliza os dois opostos: Céu e o inferno.
Os pagãos antigos concebiam o tártaro como um
lugar de suplício para as almas errantes da terra. Plutão era
o administrador-chefe daquele local e de seus sofredores.
Ele não se comprazia com o suplício alheio e nem
saía a fazer tentações para arregimentar pessoas para
aumentar sua população de miseráveis, a respeito do que
fazia ou faz o lendário satã.
Vê-se que os pagãos dessa época não tinham a
ideia do inferno, criada tempos depois pelos cristãos nos
moldes atuais.
Paulo Alves Godoy, em sua obra intitulada "O
Evangelho Pede Licença", 2ª edição, 1990, pág 235-236, nos
mostra que nas circunvizinhanças de Jerusalém, mais
especificamente ao sul da cidade, existia um buraco, vale ou
um abismo provocado pela erosão das chuvas,
denominado geena, onde se jogavam os detritos (lixo)
recolhidos da cidade e também os cadáveres de animais e
de indigentes encontrados nas ruas e estradas próximas.

156
“A verdade em verdade vos digo”

Era um local terrível onde o fogo, a exemplo do


fogo de monturo, ardia incessantemente e os vermes
corroíam os corpos em decomposição.
Com o objetivo de propiciar aos homens da época
uma visão de local de sofrimento, Jesus disse, como
simbolismo da geena: "onde o bicho não morre, mas corrói
incessantemente, e o fogo jamais se extingue". Daí, para o
homem formar uma ideia de inferno, não demorou muito.
Arquitetou-se um império de trevas e elegeram belzebu,
lúcifer, diabo ou o demônio e importou-se do zoroastrismo a
figura lendária de satã ou satanás como o seu chefe terrível.
E rapidamente a geena, que de um simples
buraco, vale ou precipício, passou à condição de inferno.
Esse inferno dos cristãos era muito mais terrível do que o
tártaro dos pagãos. Para os cristãos, satã saía (ou sai) a
perseguir as pessoas, induzindo-as ao erro para aumentar
cada vez mais a sua população de sofredores, enquanto que
plutão apenas administrava o tártaro e seus aflitos.
O autor nos conta ainda que São Thomaz de
Aquino, afirmou que os anjos contemplavam o sofrimento
terrível dos condenados nos caldeirões de óleo ferventes,
repletos de alegrias e rendendo graças ao Senhor por sua
própria felicidade.
Sobre essa questão de inferno, recorreremos ao
Dr. Severino C. da Silva, que nos traz:
"Satanás"
"Satanás é uma figura muito controvertida na
Bíblia. A palavra ‘Satã’ significa também acusador,
adversário, etc".
"Aparece, pela primeira vez no livro de Jó. A sua
intimidade com Deus e o direito de entrar no ‘Céu’, de ir e vir
livremente e dialogar com Ele torna-o uma figura de muito
destaque. Veja o livro de Jó 1:6 ‘Um dia em que os filhos de
Deus se apresentaram diante do Senhor, veio também
Satanás entre eles’".
"O livro de Jó foi escrito depois do Exílio
Babilônico. Sabemos que o povo judeu tendo retornado a
Israel com a permissão de Ciro, rei persa, no ano de 538
a.C., assimilou muitos costumes dos persas.

157
“A verdade em verdade vos digo”

Isso ocorreu devido à simpatia e apoio que


receberam do rei, que inclusive permitiu a construção do
Segundo Templo judaico e ainda devolveu muitos de seus
tesouros, que haviam sido roubados".
"A religião dos persas, o Zoroastrismo, influenciou
sobremaneira o judaísmo".
"No Zoroastrismo, existe o Deus supremo ‘Ahura-
Mazda’ que sofre a oposição de uma outra força poderosa,
conhecida como ‘Ahriman’, ‘o espírito mau’. Desde o começo
da existência, esses dois espíritos antagônicos têm-se
combatido mutuamente".
"O Zoroastrismo foi uma das mais antigas religiões
a ensinar o triunfo final do bem sobre o mal. "E foi do
Zoroastrismo que os judeus aprenderam a crença em
um ‘Ahriman’, um diabo pessoal, que, em hebraico, eles
chamaram de ‘Satanás’. Por isso, o seu aparecimento na
Bíblia só ocorre no livro de Jó e nos outros livros escritos
após o exílio Babilônico, do ano de 538 a.C. para cá. Nestes
livros, já aparece a influência do Zoroastrismo persa.
Observe ainda que a tentação de Adão e Eva é feita pela
serpente e não por Satanás, demonstrando assim, que o
escritor do Gênesis não conhecia a ideia de Satanás.
Assim, está evidenciado que Satanás não é um
conceito original da Bíblia, e sim, introduzido nela, a partir do
Zoroastrismo Persa". "E assim, a Bíblia continua sendo
alterada pela vontade do homem".

"Demônios"

"A palavra demônio não implica na ideia de


Espírito mau senão na sua significação moderna, porque a
palavra grega ‘daimon’, da qual se origina, significa, ‘Deus’,
‘poder divino’, ‘gênio’, ‘inteligência’, e se emprega para
designar os seres incorpóreos, sem distinção". Sócrates já
dizia que ouvia o seu "daimon" nas orientações". Demônio
não é o mesmo que satanás.
"Segundo a significação vulgar, a
palavra ‘demônios’ significa seres essencialmente malfazejos
e seriam, como todas as coisas, criação de Deus. Ora, Deus
que é soberanamente justo e bom não pode ter criado seres
158
“A verdade em verdade vos digo”

predispostos ao mal por sua natureza e condenados por toda


a eternidade. Se não são obras de Deus, seriam, pois, como
Ele, de toda a eternidade, ou então haveria várias potências
soberanas".
"Compreende-se que, na crença dos povos
antigos e atrasados, que não conheciam os atributos de
Deus, fossem admitidas as divindades malfazejas, como
também os demônios, mas, é ilógico e contraditório, para
aqueles que fazem da bondade de Deus um atributo por
excelência, suporem que Ele possa ter criado seres
devotados ao mal e destinados a praticá-lo perpetuamente.
Isso seria uma negação da bondade divina.
Demônio, por uma questão de semântica, derivou-
se da palavra daimon, pois desde o séc. 5ºa.C. Sócrates já
fazia referências ao seu protetor e orientador, o bom daimon.
A ideia de satanás surgiu, como vimos, após a influência
sofrida pelos judeus em seus contatos com os persas e o
zoroastrismo, por volta de 538 a.C..
Provado está que Jesus nunca expulsou satanás.
Vejam:
Eis que eu expulso demônios, e efetuo curas, hoje
e amanhã, e no terceiro dia sou consumado (Lucas 13.32).
E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão
se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. (Mt 9.33).
Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de
Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus. (Mt 12.28).
As passagens colocadas provam exatamente que
Jesus não expulsou satanás de ninguém, pois isto não
existe, apenas demônios, que nada mais são que espíritos
impuros no momento, embrutecidos, mas que são todos
criaturas de Deus, a caminho da evolução, tal qual nós, seus
irmãos um pouquinho mais evoluídos.
"Lúcifer"
"Do latim, lux, fero= que traz luz, que dá claridade,
luminoso".
"O versículo 12 do capítulo 14 de Isaías deu
origem à palavra Lúcifer quando da tradução da Vulgata.
Alguns teólogos citam ainda Ezequiel 37: 2-11, como
referentes a ele. No entanto, nos textos da Bíblia hebraica e

159
“A verdade em verdade vos digo”

grega, esta palavra (Lúcifer) não aparece. Acompanhamos


as diversas traduções":
Tradução correta:
"Como caíste dos céus, estrela filha da manhã.
Foste atirada na terra como vencedora das nações".
"Veja o versículo no latim, onde São Jerônimo
coloca a palavra Lúcifer: ‘quomodo cecidisti de caelo
LUCIFER (astro brilhante, ou luz matutina) qui mane
oriebaris corruisti in terram qui vulnerabas gentes’. ‘Como
caíste do céu, ó estrela d’alva, filha da aurora! Como foste
atirada à terra, vencedora das nações’. (Is. 14:12)".
A Bíblia anotada traz o seguinte: "Como caíste do
Céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado
por terra, tu que debilitava as nações!". (Is. 14:12)
"Assim, fica constatado que o termo é latino, e
lançado por São Jerônimo, quando da tradução da Vulgata,
no século III da era cristã. É o homem, a seu bel prazer,
alterando a Bíblia.
Alguns tentam ligar esta passagem ao Apocalipse
8, 10 como sendo aí a queda de Lúcifer, mas a história de
que seria o chefe dos anjos caídos, citados na II epístola de
Pedro 2:4 e Judas 6, não tem fundamento comprovado no
Antigo Testamento, como podemos observar".
"O capítulo 14 de Isaías do versículo 3 ao 22
refere-se a queda e destruição do rei Nabucodonosor, da
Babilônia. Foram os padres e teólogos da igreja católica que
lançaram o versículo 14:12 como sendo referente a queda do
príncipe dos demônios, LÚCIFER".
"Uma vez mais nos deparamos com a questão das
traduções, dos folclores e das crenças pessoais!". E tome
alterações humanas na "palavra de Deus".
E como ficam as mensagens de perdão, de
salvação da humanidade pelo Pai? Dentre inúmeras
mensagens bíblicas, citaremos apenas os seguintes
exemplo:
(Mc 3: 28) "Tudo será perdoado aos filhos dos
homens: os pecados e as blasfêmias";
(Lc 17: 21) "Eis que o reino do Céu está entre (ou
dentro de) vós";

160
“A verdade em verdade vos digo”

(Isaias 43: 7) "Deus criou o homem para sua


glória";
(1ª Timóteo 2: 3-4) "Deus quer que todos se
salvem e cheguem à verdade";
(Oséias 6: 6) "Disse o Senhor: Misericórdia quero,
não o sacrifício" ;
Vejam o capítulo anterior, das penas eternas.

Pedro - Primeiro Papa

Os católicos nos criticam (e também aos


protestantes) por não aceitarmos os Papas como sucessores
de Pedro e inspirados pelo Espírito Santo.
Vejamos os argumentos usados por eles:
"Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela" (Mateus 16:18)
Na Epístola aos Efesios, Cap II, v.20, está escrito
claramente que a Igreja está fundamentada sobre a fé dos
apóstolos e Profetas, sendo Jesus Cristo a principal pedra do
angulo. S. Cirilo escreveu: "A rocha ou pedra de que nos fala
Mateus, é a fé imutável dos apóstolos". S. Crisóstomo
quando, em sua homilia 56 a respeito de Mateus, escreve:
"Sobre esta rocha edificarei minha igreja: e esta rocha é a
confissão de Pedro."
E qual foi a confissão de Pedro?
Está no versículo 16: "Tu es Cristo, o Filho de
Deus vivo". Santo Agostinho se expressa assim sobre a
Primeira Epistola de S. João: "Edificarei minha igreja sobre
esta rocha, significa claramente que é sobre a fé de Pedro".
No seu tratado 124 sobre o mesmo S. João,
encontra-se essa frase: "Sobre esta rocha, que acabais de
confessar, edificarei minha igreja; e a rocha era o próprio
Cristo, filho de Deus".

161
“A verdade em verdade vos digo”

Tanto esse santo não acreditava que a Igreja


fosse edificada sobre São Pedro, que disse em seu sermão
no 13:
"Tu és Pedro, e sobre esta rocha ou pedra que me
confessaste, que reconheceste, dizendo: Tu és o Cristo, o
Filho de Deus vivo, edificarei a minha igreja, sobre mim
mesmo; pois sou o Filho de Deus vivo. Edificarei sobre mim
mesmo, e não sobre ti."
Haverá coisa mais clara??
Dizem as escrituras que Cristo até proibiu Pedro e
seus colegas de reinarem ou exercerem senhorio (Lucas,
XXII, 25 e 26). Cristo prometeu tronos aos apóstolos
(Mateus, Cap. XIX, v. 28), sem dizer que o de Pedro seria
mais elevado que os dos outros. Os concílios do quatro
primeiro séculos nunca deram, nem reconheceram o poder e
a jurisdição que os bispos de Roma queriam ter.
Claro que Pedro, depois de Jesus desencarnar,
seria o ponto de partida para as futuras pregações
evangélicas. E assim, depois da crucificação, vamos
encontrar Pedro em Jerusalém, como centro irradiador de
forças espirituais e de ensinamentos para o Cristianismo
nascente. E mais tarde, ao lado de Paulo em Roma, Pedro
articula os trabalhos evangélicos que se desenvolviam na
grande cidade, trabalhando fielmente até cair vítima da
perseguição. Atendendo à sua fé franca e sincera e ao seu
espírito ponderado e humilde com muita coragem de lutar,
Jesus confia a Pedro a orientação dos primeiros passos do
Cristianismo e a direção dos primeiros trabalhos da
disseminação do Evangelho. Mas onde está escrito que
Pedro teria sucessores, escolhidos pelos homens, e que
esses sucessores viveriam da religião e não para a religião?
Onde diz que os sucessores seriam considerados infalíveis e
seriam chamados "santidade"? Não disse isso, nem que os
padres seriam sucessores dos apóstolos com poder de
perdoar pecados. Disse que apóstolos perdoassem, pois
esses eram médiuns, estavam preparados, sabiam
reconhecer quem tinha realmente fé, quem estava realmente
transformado e merecia ser perdoado, como fazia Jesus,
inclusive CURANDO os enfermos após perdoar, obviamente

162
“A verdade em verdade vos digo”

livrando eles das enfermidades causadas pelos pecados de


que agora eram perdoados.
É um absurdo comparar o exemplo de humildade
e luta de Pedro com os Papas ao longo da História. Pedro
jamais aceitaria o título de "Santidade", muito menos ser
considerado infalível. Maior absurdo ainda dizer que o Papa
é representante de Jesus ou Deus (o que para os católicos e
evangélicos é a mesma coisa) na Terra. Só podemos
considerar isso como uma enorme PRESUNÇÃO. Cristo
disse: "O filho do homem não tem uma pedra para reclinar a
cabeça, embora as aves do céu tenham seus ninhos e os
lobos tenham os seus covis". Nasceu numa manjedoura,
num lugar modesto, numa gruta. Morreu na cruz. Toda a sua
vida foi muito simples. Ele é o chefe da Igreja Católica. Não
mais do que isso. O século IX é conhecido pelos escândalos
pontificiais. O tempo em que os papas, sanguinários e
mundanos, eram designados por mulheres dissolutas, como
Teodora e Marozzia. O Papa Gregório, o Grande, condenou
o culto aos ídolos e Bonifácio III e IV restabeleceram o
mesmo culto. Quais destes era mais infalível e inspirado pelo
Espírito Santo?
No início do século V, o padre João Huss, mártir e
herói nacional da antiga Checoslováquia, reitor da
Universidade de Praga, foi mandado para fogueira pela
Igreja, por causa dos seus trabalhos negando a autoridade
do Papa, censurando os vícios do clero, as indulgências, etc.
Apelam os católicos para o fato de Jesus ter prometido
assistência para sua Igreja e que as portas do inferno não
prevaleceriam contra ela. Mas Jesus certamente não foi
conivente com os absurdos cometidos pela Igreja Católica ao
longo da História. Sua Igreja é a de "um só rebanho e um só
pastor", e não exclusivamente a Católica ou uma das
diversas igrejas evangélicas, cada uma delas dizendo ser a
Verdade. Jesus falava da VERDADEIRA IGREJA DO
CRISTO, a que leva a reforma íntima, a transformação do
indivíduo e, por fim, de toda a Humanidade. O inferno não
prevalecera contra os que colocarem seus ensinos em
prática, e não os dessa ou daquela Igreja.
Jesus não criou uma Igreja com uma hierarquia
baseada em valores materiais, e sim espirituais.
163
“A verdade em verdade vos digo”

A Bíblia é Infalível?

Queremos deixar claro, de início, que a Bíblia é


um conjunto de bons livros, os quais, devem ser lidos e
refletidos em suas mensagens. Eu leio as diferentes Bíblias
que chegam ao meu alcance, conforme se verifica na
bibliografia. Busco analisa-las, comparando-as e tirando
minhas conclusões, de acordo com o meu grau evolutivo. Daí
a razão maior deste trabalho. Por isso é que lanço aqui um
S.O.S. a quem possa e queira, ainda que de acordo com seu
ponto de vista trazer-me os esclarecimentos necessários, em
conformidade com as divergências, no nosso entendimento,
aqui apresentadas.
Se a humanidade lesse a Bíblia e procurasse
seguir seus ensinamentos, dentro das recomendações do
apóstolo Paulo ao dizer: "conheceis de tudo e tirai proveito
do melhor", com toda certeza teríamos um Mundo, também
melhor. Sua leitura, então, é recomendada. Só que os
tempos mudaram e estamos mais esclarecidos. Não é
qualquer imposição, sem o crivo da razão, que estamos
aceitando. Portanto, bom senso nas leituras.
Se temos mais de uma versão bíblica, acreditar
mais em qual delas?
Por que será que a Bíblia católica tem setenta e
três livros; a protestante tem sessenta e seis e a hebraica,
texto original, tem somente trinta e nove? Estão todas
corretas?
Basicamente temos, na origem, três Bíblias
diferentes:
A Bíblia judaica, ou o Velho Testamento, ou O
Tanách, com 39 livros;
A Bíblia protestante com 66 livros;
A Bíblia católica com 73 livros.
Você lê a Bíblia, acredita nela, segue seus
mandamentos e a defende como a "palavra de Deus". Qual,
afinal, a Bíblia que você segue? Para você ela é a correta.
Ótimo! E o que dizem os outros irmãos a respeito das outras

164
“A verdade em verdade vos digo”

Bíblias que eles adotam? Provavelmente o mesmo. Vejam


outras diferentes Bíblias:
A Bíblia Sagrada. (Sociedade Bíblica do Brasil)
Tradução de João Ferreira de Almeida;
A Bíblia de estudo pentecostal (Assembleia de
Deus). Também traduzida por João F. de Almeida.
Tradução do novo mundo das Escrituras Sagradas
(Testemunhas de Jeová);
A Bíblia de Jerusalém (traduzida por católicos e
protestantes);
A Bíblia, tradução Ecumênica, traduzida por
irmãos de várias crenças, inclusive do judaísmo. (É bom
registrar que as leis do judaísmo têm 613 mandamentos).
Bíblia judaica com 39 livros (não contém o novo
testamento).
O original bíblico foi escrito em hebraico,
considerado pelos judeus como a língua sagrada, com a qual
Deus criou o Mundo.
Vejam mais citações de outras Bíblias na
bibliografia.
Vamos citar um mesmo fato, registrado em duas
passagens diferentes nas Bíblias, e que o leitor (a) conclua a
respeito. (2º Samuel 24: 1) "Tornou-se a ira do Senhor a
acender-se contra os Israelitas, e incitou a David contra eles,
dizendo: vai, levanta o censo de Israel e de Judá."; (1ª
Crônicas 21: 1) " Então satanás se levantou contra Israel, e
incitou a David a levantar o censo de Israel e de Judá (21:
5)".
Os fatos são os mesmos. Na primeira passagem é
a ira do Senhor contra Israel. Na segunda, já é satanás. Isso
pode levar a interpretação de algumas pessoas de que o
Senhor (1ª citação) tenha virado satanás na segunda citação.
É claro que Deus, o Senhor não é igual a satanás, que nem
mesmo existe. (vide o zoroastrismo). E por que essa
mudança nas Bíblias?
Vejamos então alguns fatos que possam explicar o
motivo divergente, mas que deixam marcas indeléveis na
credibilidade das Bíblias como num todo.
Os livros de Samuel foram escritos no ano 622
a.C., antes da influência Persa. E foi do zoroastrismo, uma
165
“A verdade em verdade vos digo”

das mais antigas religiões, que os judeus passaram a


acreditar na figura de um diabo pessoal que em hebraico
chamaram de satanás (lenda). Por isso, seu aparecimento
nas Bíblias só ocorre do livro de Jób 1: 6 em diante, após o
exílio babilônico, do ano 538 a.C. para cá.
Imaginem se o escritor do Gênesis conhecesse as
figuras de satanás ou do diabo. Será que seria mesmo a
serpente a autora da tentação de Adão e Eva?
Já o livro de Crônicas foi escrito no início dos anos
300 a.C., portanto, sob a influência do zoroastrismo Persa.
E o que era o Senhor no livro de Samuel, passa a
ser satanás no livro de Crônicas. Deduz-se disso tudo que
satanás não é um conceito de origem Bíblica.
"Os filhos não pagarão pelos pecados dos pais,
nem os pais pelos pecados dos filhos" (Dt. 24:16); (Jer.
31:29- 30); (Ezeq. 18:20), o que é uma questão de justiça.
No entanto, foi escrito que "Deus visitará a
iniquidade dos pais, nos filhos, até a terceira e quarta
gerações" (Ex. 34:7; Num. 14:18; Deut. 5:9), no que consiste
uma contradição bíblica, pois quem consultar o texto original
da vulgata latina de são Jerônimo verá que mais uma
alteração foi processada na Bíblia, pois onde constava
"na terceira e na quarta geração", como menciona Paulo
Finotti em seu livro "ressurreição", edit. Edigraf, 1972, pág
45, passou a constar "até a terceira e quarta gerações", o
que muda em muito o seu significado.
E os desencontros continuam. Para quem afirma
que a Bíblia é infalível, analise, do ponto de vista da razão,
as seguintes passagens:
Deus fala para Arão e Miriam que se fazia
conhecer-lhes em visão ou falava-lhes em sonho (Nm.12:6) e
não é assim com o servo Moisés (Nm. 12:7) pois falo com ele
boca a boca e não por enigmas, pois ele vê a forma do
Senhor (NM. 12:8);
(Ex. 33:18) Moisés disse: "rogo-te que me mostre
a tua glória";
(Ex. 33:20) "E acrescentou o Senhor: não me
poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha
face e viverá". Afinal, Moisés viu ou não viu a face do
Senhor? A conclusão é do leitor.
166
“A verdade em verdade vos digo”

E por que será que Nadabe e Abiú (Ex. 24:9-11)


morreram queimados (Levítico 10:1-2)? E de acordo com (Lv.
10:5), suas roupas e seus corpos não foram queimados pelo
fogo que os matou ".
(João, 1:17) "Porque a lei foi dada por meio de
Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus";
(João 1:18) "Ninguém jamais viu a Deus: o Deus
unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou";
(Ex. 24:9-11) "... Moisés, Arão, Nadabe, Abiu e
setenta anciões de Israel viram a Deus).
Diante das contradições dos textos acima,
segundo meu pequeno entendimento, e salvo melhor juízo
do leitor, fico com a mensagem de (João 1:18).
Concordando também que no atual estágio em
que nos encontramos no momento, é impossível vermos a
face de Deus. Estamos de acordo que vemos seus enviados,
espíritos evoluidíssimos, que trazem as mensagens divinas
até nós. Até porque Deus é onipresente (está em todo lugar,
a qualquer momento e não iria Ele prender-se a um
atendimento pessoal, conforme determinados textos bíblicos
nos insinuam). É a nossa humilde opinião.
Mateus 27, 32: Ao saírem, encontraram um
cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a
cruz.
Marcos 15, 21: E obrigaram a Simão Cireneu, que
passava, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz.
Lucas 23, 26: E como o conduzissem,
constrangendo um cireneu, chamado Simão, que vinha do
campo, puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que a
levasse após Jesus.
João 19, 17: Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele
próprio, carregando a sua cruz, saiu para o lugar chamado
Calvário, Gólgota em hebraico.
Obs.: Mateus, Marcos e Lucas dizem que o
cireneu, chamado Simão, foi obrigado a carregar a cruz de
Jesus, enquanto que João diz que foi o próprio Jesus quem
levou a cruz. Afinal, mais alguém, além de Jesus, carregou a
cruz ou não ?
Acreditar mais em qual Bíblia?

167
“A verdade em verdade vos digo”

Por que será que a Bíblia católica tem setenta e


três livros; a protestante tem sessenta e seis e a hebraica,
texto original, tem somente trinta e nove? Estão todas
corretas?
Basicamente temos, na origem, três Bíblias
diferentes:
A Bíblia judaica, ou o Velho Testamento, ou O
Tanách, com 39 livros;
A Bíblia protestante com 66 livros;
A Bíblia católica com 73 livros.
Você lê a Bíblia, acredita nela, segue seus
mandamentos e a defende como a "palavra de Deus". Qual,
afinal, a Bíblia que você segue? Para você ela é a correta.
Ótimo! E o que dizem os outros irmãos a respeito das outras
Bíblias que eles adotam? Provavelmente o mesmo.
A Bíblia Sagrada. (Sociedade Bíblica do Brasil)
Tradução de João Ferreira de Almeida;
A Bíblia de estudo pentecostal (Assembleia de
Deus). Traduzida por João F. de Almeida.
Tradução do novo mundo das Escrituras Sagradas
(Testemunhas de Jeová);
A Bíblia de Jerusalém (traduzida por católicos e
protestantes);
A Bíblia, tradução Ecumênica, traduzida por
irmãos de várias crenças, inclusive do judaísmo. (É bom
registrar que as leis do judaísmo têm 613 mandamentos).
Bíblia judaica com 39 livros (não contém o novo
testamento).
O original bíblico foi escrito em hebraico,
considerado pelos judeus como a língua sagrada, com a qual
Deus criou o Mundo.
Vejam mais citações de outras Bíblias na
bibliografia.
Sobre as alterações na Bíblia, assim se
manifestou o notável teólogo H. BETESSON, em
("Documentos da Igreja Cristã", pág 28): "A autoridade da
sagrada escritura não depende do testemunho de qualquer
homem ou Igreja, mas totalmente de Deus, o seu autor (...).
Nada nunca deve ser acrescentado, quer por novas
revelações do espírito, quer por tradições de homens. A
168
“A verdade em verdade vos digo”

regra infalível da interpretação da escritura é a própria


escritura".
A esse respeito, vejamos as palavras do Cristo:
"Ainda tenho muito a vos dizer, mas vós não podeis suportar
agora (João 16:12). Mas o espírito de verdade vos guiará e
fará lembrar de tudo que eu disse" (João 14:26).
Obs: Nós acreditamos nas palavras de Jesus e
respeitamos o pensamento do notável teólogo.
A Septuaginta

No Século III a.C. importante colônia judaica vivia


em Alexandria, no Egito, onde a língua predominante era a
grega. Era necessário que o povo judeu possuísse a bíblia
nesse idioma.
Ptolomeu Filadelfo II, Rei egípcio, tinha um
bibliotecário (Demétrio Falário) que solicitou e recebeu do
sumo sacerdote de Jerusalém, setenta e dois sábios,
representantes das doze tribos de Israel, com a incumbência
de traduzirem a Bíblia do idioma hebraico para o grego.
Durante a tradução, alguns livros foram
acrescentados aos originais hebraicos, conforme segue:
Livro de Daniel e Éster. (suplementos);
Livro de Judite;
Livros de Tobias;
I e II livros dos Macabeus;
Livro do Eclesiástico;
Livro de Baruc;
Carta de Jeremias.
A Igreja católica admitiu-os como inspirados. No
entanto, na época da reforma religiosa, os protestantes
recusaram tais livros por não fazerem parte da Bíblia original,
a hebraica. Esse episódio nos dá a certeza de que os textos
bíblicos atuais contam com diversas alterações, sempre de
acordo com os interesses dos seus tradutores. Por isto que
as Bíblias dos protestantes e dos católicos contam com uma
diferença de sete livros.

A Vulgata de São Jerônimo

169
“A verdade em verdade vos digo”

Vulgata (divulgada) é a denominação dada a


tradução da Bíblia, do idioma grego para o Latim, realizada
por São Jerônimo.
Tudo começou no Séc. III d.C. com as divergentes
interpretações a respeito dos Evangelhos e do próprio Cristo.
O Mundo judaico vivia verdadeiro desencontro de opiniões,
com as paixões, preconceitos e sanguinolentas perturbações
no Império Romano. Foi então que o Imperador Teodósio,
por influência do Bispo de Roma, confere supremacia ao
papado.
A partir daí e para dirimir as dúvidas que
causavam discórdias, resolveu-se unificar o velho e o novo
testamento, formando assim, uma única Bíblia com o texto
em Latim.
Na obra de Severino C. da Silva, citada acima,
página 43, está transcrita a ordem que o Papa Dâmaso
confere a São Jerônimo, em 384, a missão de redigir uma
tradução latina do antigo e do novo testamento, do qual será
transcrita aqui somente uma parte.
"A fim de pôr termo a essas divergências de
opinião, no momento em que vários concílios acabam de
discutir acerca da natureza de Jesus, uns admitindo, outros
rejeitando a sua divindade, confio-lhe a missão de redigir
uma tradução latina do Antigo e do Novo testamento. Essa
tradução deverá ser, daí por diante, a única reputada
ortodoxa e tornar-se-á a norma das doutrinas da Igreja".
São Jerônimo sentiu o peso da responsabilidade e
respostou ao Papa demonstrando sua preocupação com as
divergências existentes nos textos a serem traduzidos, já
àquela época. Será transcrito aqui, somente um parágrafo da
carta de São Jerônimo, exarado da página 43 da citada obra
de Severino C. da Silva.
... "Qual, de fato, o sábio e mesmo o ignorante
que, desde que tiver nas mãos um exemplar, depois de o
haver percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em
desacordo com o que está habituado a ler, não se ponha
imediatamente a clamar que eu sou um sacrilégio, um
falsário, porque terei tido a audácia de
acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigos
livros".
170
“A verdade em verdade vos digo”

Na honestidade de São Jerônimo, fica muito claro


seu testemunho de que ele alterou e adaptou a Bíblia que,
antes de executar seu trabalho, já havia muitas divergências
no que existia no idioma grego.
Feitas as traduções e adaptações, ainda que com
a melhor das intenções, o assunto ganhou repercussão
negativa. Tanto que no ano de 395, Santo Agostinho, bispo
de Hipona, escreve a São Jerônimo, demonstrando sua
preocupação com relação àquela tradução e atestando haver
alteração no conteúdo bíblico. (na página 44 da obra citada
encontra-se a íntegra da carta de Santo Agostinho).
Em 1590, Xisto V achou-a insuficiente e errônea,
ordenando uma nova revisão. Esta nova versão foi também
modificada por Clemente VIII, cuja edição serviu de base
para as traduções existentes em diferentes línguas, conforme
Paulo Finotti em sua obra "ressurreição", ed. Edigraf, pág 42.
Podemos identificar muitas outras alterações nas
Bíblias atuais. Ex:
Do Salmo 10 ao 148, existe diferença numérica
com o texto original. Algumas versões reúnem os salmos 9 e
10 em um só, também os salmos 114 e 115 formaram um só.
Já os salmos 116 e 147, foram divididos em dois, cada um;
Na Bíblia judaica temos o II livro das crônicas
como o último;
Na vulgata, o último livro do A.T. é o segundo livro
dos Macabeus;
Nas Bíblias Ocidentais (católica e protestante), o
último livro do A.T. é o livro de Malaquias.
A tradução de João F. de Almeida foi muito
controvertida e discutida porque apresentava vários erros. O
próprio João F. de Almeida catalogou uma lista de dois mil
erros. Muitos desses erros foram atribuídos à comissão
holandesa que procurou harmonizar a tradução de Almeida
com versão holandesa.

A Reencarnação

A doutrina das vidas sucessivas ou reencarnação


é chamada também de palingenesia, que se origina do grego
palin (novo) e gênese (nascimento). Ela também era aceita,
171
“A verdade em verdade vos digo”

estudada e difundida na Índia antiga, conforme se encontra


no livro dos Vedas: "Da mesma forma que nos desfazemos
de uma roupa usada para pegar uma nova, assim a alma se
descarta de um corpo usado para se revestir de novo corpo."
Os estudiosos do assunto afirmam que o princípio
da reencarnação já era conhecido e divulgado desde a
antiguidade pelos hindus, na Ásia; pelos egípcios, na África;
pelos Hebreus, no Oriente; pelos gregos e romanos na
Europa e, pelos Druidas, na França, etc.
A doutrina da reencarnação foi introduzida na
Grécia por Pitágoras. Sócrates e seu discípulo Platão
adotaram as ideias de Pitágoras sobre as vidas sucessivas.
A escola platônica da Alexandria ensinava a reencarnação
precisando a vantagem desta evolução progressiva para as
condições da alma.
"Toda a terra se converterá ao Senhor e todas as
nações adorarão a sua face" (Salmos 22:27).
"Pense nisso! Não abdique de sua capacidade de
raciocinar. A inteligência nos foi dada por Deus para ser
usada. Observe o verbo está no futuro ‘se converterá’,
‘adorarão’. Coisas somente alcançáveis mediante a evolução
do Espírito. E para que o Espírito evolua, a ponto de todas as
nações virem a adorar a Deus, só por meio da reencarnação
isto é possível. Ao dizer todas as nações, está claro que são
todos os homens que as compõem".

A reencarnação e a Igreja Católica

Há, na Antiguidade, outros adeptos da doutrina


das vidas sucessivas, como Plotino, que a cita várias vezes
no curso de suas Eneidas. É um dogma, disse ele, muito
antigo e universalmente ensinado que, se a alma comete
faltas, é condenada a expiá-las submetendo-se a punições,
depois é admitida a voltar em um novo corpo para recomeçar
suas provas. Diz ele que "a providência de Deus assegura a
cada um de nós a sorte que lhe convém e que é harmônica
com seus antecedentes, segundo suas existências
sucessivas."
Os judeus tinham uma ideia muito confusa a
respeito da reencarnação, mas há indícios no Talmude de
172
“A verdade em verdade vos digo”

que o assunto não era desconhecido dos iniciados: "A alma


de Abel passou ao corpo de Set e mais tarde ao de Moisés".
Além disso, acreditavam que o retorno de Elias sobre a Terra
devia preceder ao grande dia do Messias.
Também alguns padres da Igreja Católica
admitiram a teoria das vidas sucessivas. O Pe. Didon, em
suaVida de Jesus, diz o seguinte: "Então se crê, entre o povo
(judeu) e mesmo nas escolas, no retorno à vida da alma dos
mortos".
O sábio beneditino Dom Calmet se exprime assim
em seu Comentário: "Vários doutores judeus crêem que as
almas de Adão, Abraão e Phinées animaram sucessivamente
vários homens de sua nação."
Alguns teólogos da Igreja Católica também foram
simpáticos à ideia. Ainda no século quinze, o cardeal Nicolas
de Cusa sustentava em pleno Vaticano a teoria da
pluralidade das existências da alma e dos mundos habitados.
Contava com o apoio de dois papas: Eugênio IV e Nicolau V.
Por que, então, a Igreja combate tão
veementemente a doutrina da reencarnação? Trata-se de um
erro histórico.
Segundo o pesquisador Severino C. Silva, em sua
obra "Analisando as traduções bíblicas", pág. 144 e 145, o
Imperador Justiniano tomou como esposa uma ex-prostituta,
de nome Teodora. Esta, na tentativa de libertar-se de seu
passado, mandou matar as cerca de quinhentas antigas
"colegas". Mais tarde, alertada de que havia criado para si
um débito que poderia ser quitado em outras encarnações,
ela se empenhou em eliminar da exegese católica toda a
crença na reencarnação como se, dessa forma, estivesse
eliminando, de fato, as vidas sucessivas e, por extensão, o
seu débito.
Seu marido, então, mandou sequestrar o Papa
Virgílio em Roma e o manteve prisioneiro durante oito anos.
Nesse período, convocou o Segundo Concílio de
Constantinopla em 553. Do total de 165 bispos presentes,
159 eram do Oriente, o que tornou fácil o trabalho do
Imperador para conquistar os votos de que necessitava.
Todavia, de acordo com a doutrina católica, as
decisões de um concílio ecumênico somente têm valor se
173
“A verdade em verdade vos digo”

assinadas pelo papa. E Virgílio recusou-se terminantemente


a assinar o documento aprovado pelos bispos. Os Papas que
o sucederam, embora se referissem ao Segundo Concílio de
Constantinopla, também não o assinaram. Dessa forma, a
Igreja Católica não dispõe de um documento oficial contra a
reencarnação.
Hoje, as provas de reencarnações são, em geral,
obtidas pela ciência, por meio da terapia de vidas passadas
(TVP). O homem aprendeu que, pela hipnose, pode fazer a
pessoa regredir mentalmente a vidas anteriores. Entre os
pesquisadores que trabalham com a TVP estão: Dr. Morris
Netherton, psiquiatra americano; Dr. Dehtlesfsen, catedrático
de Psicologia da Universidade de Munique, Alemanha; Dra.
Helen Wambach, psiquiatra americana e autora de
"Recordando Vidas Passadas"; Dr. Roger Woolger,
destacado psiquiatra americano, autor de "As Várias Vidas
da Alma"; Dr. Ken Wilber, célebre psicológico americano,
com grande influência na Psicologia Moderna, e autor de "O
Espectro da Consciência"; Dr. Joel Whitton, catedrático de
Psicologia da Universidade de Toronto, Canadá, e autor de
"Vida - Transição - Vida".
Se a reencarnação é objeto de análise no mundo
científico, o mesmo não acontece no mundo religioso
ocidental, porque padres e pastores dizem que a Bíblia fala
de céu e de inferno e que ambos seriam incompatíveis com a
doutrina da reencarnação.
A razão indica que a doutrina reencarnacionista,
aceita sempre pela igreja, é altamente consoladora porque,
com ela, o homem compreende melhor que Deus é justo,
misericordioso, e sempre se tem novas oportunidades para
reparação dos erros cometidos. E, se, deus te dá a chance
de reparar esses erros é porque ele também errou ao nos
criar imperfeitos, ou tem uma grande vocação contraditória e
irônica. Erramos por nós mesmos, e nos corrigimos por nós
mesmos, sem a interferência de Deus no erro ou no acerto.

Reencarnação na Bíblia

174
“A verdade em verdade vos digo”

Se prestarmos muita atenção, com isenção de


preconceitos, à seguinte pergunta feita pelos discípulos à
Jesus: "Mestre, quem pecou para que esse homem nascesse
cego, ele ou seus pais?" (João 9: 2), veremos que está bem
clara a ideia de vidas sucessivas, sem a qual a pergunta não
teria sentido. Observe que o pecado veio antes do
nascimento do cego. Mais ainda, se fosse algo errado, Jesus
mesmo, naquele momento teria feito qualquer observação a
respeito com um ensinamento apropriado. Logo, se Ele nada
disse é porque a ideia das vidas sucessivas era natural à
época.
Nas Bíblias antigas, inclusive na vulgata de São
Jerônimo, está escrito: (Ex. 20: 5) "... visito a iniquidade dos
pais nos filhos NA 3ª e NA 4ª geração. . . ".
Significa que o espírito faltoso, após duas, três ou
quatro gerações está de volta à Terra (reencarnação) para
que a justiça divina faça reparar tais faltas, tal como dizemos
habitualmente: " tudo que aqui se faz, aqui se paga". Só não
dizemos quando isso ocorre por falta de conhecimento da
maioria de todos nós.
E mais uma vez, alteraram a Bíblia. Onde
constava na 3ª e na 4ª geração, passou a constar: "ATÉ a 3ª
e 4ª gerações", conforme consta em (Ex. 34: 7), na Bíblia
anotada, tradução de João F. de Almeida, 1ª ed., Edit. Mundo
Cristão, 1994, dos nossos irmãos evangélicos. Fica patente
mais uma vez que a Bíblia está recheada de alterações
tendenciosas feitas pelo homem em diferentes épocas.
Para confirmar a ideia da justiça divina e das
alterações feitas, conforme explicitadas acima, mostraremos
somente algumas, dentre outras passagens bíblicas,
enfatizando que cada um paga pelos seus erros praticados,
não importa se nesta ou em outras vidas.
(Dt. 24:16) " Os pais não serão mortos em lugar
dos filhos e , nem os filhos em lugar dos pais: cada qual será
morto pelo seu pecado".
(Jó 8: 8 e 9) "Pergunta a gerações passadas, e
examina a experiência de seus pais, pois somos de ontem e
nada sabemos".

175
“A verdade em verdade vos digo”

(Jó 14: 14). "Morrendo um homem tornará a viver?


Todos os dias da PRESENTE VIDA esperarei que chegue a
minha mudança".
(Jeremias 1 : 5). "Antes que te formasse no ventre
materno, eu te conheci...".
(Ezeq. 37: 9) "Vem dos quatro ventos, ó espírito e
assopra sobre esses mortos, para que vivam".
Obs.: dos quatro ventos é o mesmo que dos
quatro quadrantes do Universo. Não se sabiam de onde
vinha o espírito, mas já se sabia que havia de ter um espírito
para que o corpo tivesse vida.
(Jeremias 31: 29-30) "... cada um, porem, será
morto pela sua iniquidade...";
(Ezequiel 18:4) "... a alma que pecar, essa
morrerá";
(Ezequiel 18:20) "A alma que pecar, essa morrerá:
o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai a iniquidade
do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade
do perverso cairá sobre este".
(Jó 34:11) "Pois retribuirá ao homem segundo
suas obras, e faz que a cada um toque segundo seu o
caminho";
(Salmo 28:4) "Paga-lhe segundo suas obras,
segundo a malícia de seus atos...";
(Mt. 16: 13-17) Jesus interroga seus discípulos a
respeito da opinião do povo e deles mesmos sobre quem
achavam que ele era. E a resposta é que alguns dizem que
sois João Batista, outros, que és Elias, outros ainda, que és
Jeremias ou algum dos profetas. Fica bem claro, pela
resposta, que eles acreditavam plenamente na
reencarnação. Se assim não fosse, Jesus teria combatido
aquela ideia.
(Isaias) "Mas ai do ímpio, do homem mau! Porque
será tratado segundo suas obras"
(Isaias 26: 19) "Os teus mortos tornarão a
viver, . . .); É praticamente a mesma ideia vista em (Daniel
12: 2) que diz: "Muitos dos que dormem no pó da terra
ressuscitarão . . .". Numa interpretação harmônica com a
ciência, temos a volta dos mortos sobre a Terra,
caracterizando a reencarnação".
176
“A verdade em verdade vos digo”

(Malaq. 4: 5) "Eis que vos enviarei o Profeta Elias,


antes que venha o grande dia do Senhor".; (3:23) em
algumas bíblias.
(Mt. 11: 14) "Se puderes compreender, ele mesmo
(J. Batista) é o Elias que havia de vir";
(Mt. 17: 12 e 13). "Mas eu vos declaro que Elias já
veio e não o reconheceram, antes lhe fizeram tudo que
quiseram". "Então compreenderam que era de João Batista
que ele falava".
Obs.: É bom que se analise em conjunto e na
sequência cronológica os dizeres de Malaquias e de Mateus
para se notar que não há dúvidas de que o espírito de João
Batista é o mesmo que encarnou como Elias em tempos
passados.
Os judeus acreditavam tanto na reencarnação que
enviaram sacerdotes e levitas para interrogarem e terem
certeza se João Batista era mesmo o Elias de vidas
passadas:
(João 1:21) "E lhe perguntaram: És tu Elias?
Respondeu ele: não. És tu o profeta? Não"
É claro que a princípio nenhum de nós sabe quem
fomos em vidas passadas, isso para facilitar o nosso convívio
e resgate com aqueles que fizemos sofrer ou que foram
nossos algozes, salvo o que a ciência vem demonstrando
ultimamente pela TVP.
Vejam no A. T. em (Isaias 40: 3) "Voz do que
clama no deserto: preparai o caminho do Senhor; endireitai a
vereda ao senhor". E no N.T. em (João 1:23) "Eu sou a voz
do que clama no deserto: endireitai o caminho do senhor,
como disse o profeta Isaias".
Temos aí João Batista respondendo aos Levitas e
Sacerdotes e confirmando a previsão de Isaias muitos anos
antes da vinda de Jesus, quando ele ainda vivia como Elias.
Como negar estas provas irrefutáveis? Entender,
todos entendem, mas . . .
"Toda a terra se converterá ao Senhor e todas as
nações adorarão a sua face" (Salmos 22:27).
"Pense nisso! Não abdique de sua capacidade de
raciocinar. A inteligência nos foi dada por Deus para ser
usada. Observe que o verbo está no futuro ‘se converterá’,
177
“A verdade em verdade vos digo”

‘adorarão’. Coisas somente alcançáveis mediante a evolução


do Espírito. E para que o Espírito evolua, a ponto de todas as
nações virem a adorar a Deus, só por meio da reencarnação
isto é possível. Ao dizer todas as nações, está claro que são
todos os homens que as compõem".

Tudo isso prova que:

O Profeta Malaquias previu a volta a outro corpo


material do espírito de Elias;
Os discípulos e o povão julgavam que Jesus era a
reencarnação de Elias, Jeremias ou outro Profeta.
Jesus deixou bem claro que João Batista é que
era a reencarnação de Elias.
Jesus pergunta aos discípulos: "Quem dizem os
homens quem eu sou?" E responderam: "Uns dizem ser João
Batista, outros, que és Elias, Jeremias ou algum profeta. (Mt.
16: 13 e 14).
"... Se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus" (João 3:3);
"Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer
de novo" (João 3 : 7);
"Tu és mestre em Israel e ignoras estas cousas?"
(João 3 : 10).
São trechos alusivos ao diálogo de Jesus com
Nicodemos, quando este foi se ter com o Mestre na calada
da noite para saber melhor como se processava o princípio
do renascimento (reencarnação), visto que, por ser ele um
Doutor do Sinédrio, tinha acesso aos mistérios contidos na
cabala, dentre eles, o da imortalidade da alma, vidas
sucessivas, etc.
Atente à diferença de tratamento (João 3:7):
"dizer-TE" no singular e, "é-VOS" no plural. Deixando patente
que o renascimento é para todos, não apenas para ele,
Nicodemos.
Fica claro, pelos textos dos Evangelhos, que a
ideia dos renascimentos era familiar aos Hebreus e Judeus,
dentre outros povos. Porem era tida como mistério que
somente "os iniciados" tinham conhecimento.

178
“A verdade em verdade vos digo”

Reencarnação na história
Jayme de Andrade, em sua importante obra
intitulada "O espiritismo e as Igrejas Reformadas", 1983, pág.
175, noticia que as noções de imortalidade da alma e de
renascimentos reportam a 14 séculos a C., na Índia, quando
um sábio Bráhmane registrou tal assunto, pela primeira vez,
no livro "cânticos sagrados dos vedas".
O "Código de Manu" é o mais antigo compêndio
de Leis que se tem notícia. Ele inspirou o "Corpus Júris
Civilis" de Justiniano. E no "Brahma-Sondra" III e I, §§ 4 e 6,
consta que: " Os espíritos voltam a ocupar um novo corpo,
trazendo consigo a influência resultante de suas primeiras
obras", conforme cita Mario Cavalcanti de Melo em sua
excelente obra "Como os teólogos refutam", pág 38.
Leon Denis, em "Depois da morte", pág 37 nos
mostra que Buda, que viveu também na Índia 600 anos antes
de cristo, ensinava que ". . . enquanto não adquire o amor, o
ser está condenado a prosseguir na série de reencarnações
terrestres". Tal qual nos ensinou Jesus Cristo, conforme
consta nos Evangelhos.
Como vemos nessas poucas citações, a ideia da
reencarnação está e sempre esteve viva em muitos autores
renomados, não espíritas. Inclusive na Bíblia ela está
registrada de forma bem clara. É só se despir dos dogmas
contrários para aceitar, pois entender, todos entendem.

Comunicação entre vivos e mortos

Para aqueles que dizem que a Bíblia condena a


prática mediúnica, é bom que reflitam melhor sobre os
procedimentos das Igrejas e Templos, que leiam a Bíblia com
a inteligência dada por Deus, sem dogmas e preconceitos.
Para uma melhor reflexão indicamos, a seguir, alguns
registros:
(1ª Sam. 28: 3 a 25) " O Rei Saul procura uma
médium (pitonisa) e fala por seu intermédio com o Rei
Samuel, seu antecessor morto. O espírito de Samuel
antecipa ao Rei Saul que este e toda sua família estariam
179
“A verdade em verdade vos digo”

com ele, no mundo espiritual, no dia seguinte. Assim


aconteceu. Os filisteus venceram os israelitas, mataram seus
familiares e cortaram o pescoço de Saul e queimaram seu
corpo";
(Isaias 8: 19) ". . . acaso o povo não pode
consultar os seus deuses e seus mortos em favor dos vivos"?
(Jó 4: 15-16) Elifaz diz textualmente: "Um espírito
passou diante de mim e fez-me arrepiar; parou ele, mas não
o discerni; houve silêncio e ouvi sua voz".
Será que o episódio da "transfiguração no monte
tabor" (Mt. 17: 1 a 8), tão claro, não constitui um exemplo
nítido entre o mundo físico e o espiritual? Lá estavam a
conversar os apóstolos João, Pedro e Tiago, além de Jesus
(ainda vivos sobre a terra); Do plano espiritual vieram Moisés
e Elias, além da voz do Senhor que veio de uma nuvem.
Se realmente fosse uma proibição Divina, ele
mesmo, Moisés, não poderia aparecer juntamente com Elias
a Jesus e seus discípulos Pedro, Tiago e João, no episódio
acima citado.
Santo Agostinho, em sua obra intitulada "De Cura
Pro Mortuis" afirma: "Os espíritos dos mortos podem ser
mandados aos vivos, aos quais podem desvendar o futuro
que ficaram conhecendo por outros espíritos ou pelos anjos,
ou pela revelação divina". Fonte: (História do Espiritismo,
Artur Conan Doylle, Ed. Pensamento, pág 453)

Outras provas de mediunidade nas bíblias:

Dentre tantas citações contidas nas Bíblias,


alusivas à mediunidade psicofônica (quando Deus, Jeová,
Iahvé, Anjo, etc, fala com alguém por meio de uma pessoa),
vamos citar, aqui, algumas passagens onde os textos
bíblicos registram a palavra vidente, tal qual o assunto é
tratado nos dias de hoje.
(1ª Sam 9: 9) "Antigamente, em Israel, indo
alguém consultar a Deus, dizia: vinde, vamos ter com o
vidente; porque, ao profeta de hoje, antigamente se chamava
vidente.";
(Isaias 30: 10) "Eles dizem aos videntes: não
tenhais visões; . . .);
180
“A verdade em verdade vos digo”

(1ª Sam. 9: 18-19) "Saul pede a Samuel para


mostrar-lhe a casa do vidente. Este responde-lhe que era ele
o vidente.";
(1ª Crônicas 9: 22) Samuel é confirmado como
vidente;
(1ª Crônicas 29: 29) além de Samuel, Gade
também é citado como vidente;
(2ª Sam. 24: 11 e 1ª Crôn. 21: 9) Gade é
confirmado como vidente do Rei David;
(2ª Sam. 12: 27) o Rei David chama o sacerdote
Sadoc de vidente;
(1ª Crôn. 25: 5) Hemã ou Hamon é citado como
vidente do Rei David;
(2ª Crôn. 9: 29) nos mostra outro vidente: Ido ou
Ado;
(2ª Crôn. 12: 15) Ido é novamente citado como o
vidente que escreveu a história de
Salomão e Roboão; (2ª Crôn. 35: 15) temos outro
vidente do Rei David. Seu nome é Jedutum, o vidente;
(Isaias 32: 3) "Os olhos dos que vêem não se ofuscarão, e os
ouvidos dos que ouvem, estarão atentos". Aqui, Isaias se
refere não só aos videntes (plural), mas também à
mediunidade auditiva (psicofonia), muito comum hoje, como
naquela época, ouvir vozes. Vide a história de Santa Joana
Dar´c;
(2º Reis 17: 13) O senhor adverte Israel e Judá
pela boca de seus profetas e videntes.
O Profeta Joel viveu até o ano 750 a.C. e
escreveu no seu livro, Cap. 3: 1-5 ou 2: 28 em outras Bíblias
sobre a previsão dos dons proféticos, dizendo: "Depois disto
derramarei o meu espírito sobre toda a carne: vossos filhos e
filhas profetizarão e vossos jovens terão visões, . . .". Essa
visão do Prof. Joel deixa bem claro o que se vê hoje e que
Moisés já desejara há muito tempo ao dizer para Josué,
quando este veio pedir-lhe que proibisse a Eldad e Medade
que profetizassem (Num. 11: 27-29)"Quem dera todo povo
de Deus fosse profeta".
Para provar a verdade do desejo de Moisés e as
previsões de Joel, Jesus promete o envio de outro

181
“A verdade em verdade vos digo”

Consolador, o espírito da verdade, conforme se vê em (João


14: 16).
(João 16: 12-13) ". . . mas o espírito da verdade
viria nos ensinar e fazer-nos relembrar o que Ele havia
dito, porque não falará por si mesmo.".

A Bíblia condena o espiritismo?

No seu original em hebraico, não. Na versão grega


ou septuaginta, também não.
Na versão em Latim ou vulgata, também não.
Depreende-se, com isto, que durante suas várias
traduções, os textos foram mudados, sempre de acordo com
a tendência e interesses de seus tradutores.
Severino C. da Silva, Doutor em educação,
escritor, etc., afirma, em sua obra intitulada ANALISANDO
AS TRADUÇÕES BÍBLICAS, 2ª ed. 2000, página 13, que
pertence a uma família católica e que durante vinte e sete
(27) anos esteve ligado ao catolicismo. Seu profundo
conhecimento dos idiomas Grego e Latino levou-o a
pesquisar sobre o tema religião, culminando com a
publicação de suas pesquisas na obra acima explicitada.
Outro autor renomado é o eminente escritor
JAYME ANDRADE. Profundo conhecedor da Bíblia, foi criado
no seio da igreja evangélica, estudou em escolas
protestantes e publicou o livro intitulado O ESPIRITISMO E
AS IGREJAS REFORMADAS, com suas pesquisas e
comparações direcionadas, segundo ele, aos irmãos
evangélicos mostrando as razões que o levaram a
convicções plenas das respostas convincentes encontradas
na literatura espírita.
A Bíblia de Jerusalém, Edições Paulinas,
considerada a melhor edição das Sagradas Escrituras em
português, traz, em sua apresentação, a informação de que
sua tradução foi realizada por uma equipe de católicos e
protestantes. No entanto, em Dt. 18:11 consta a proibição de
interrogação dos espíritos (mortos). Segundo o autor, tal
proibição não se verifica nos textos originais. E o que acha o
leitor?

182
“A verdade em verdade vos digo”

A Bíblia não condena o espiritismo

Há imensa confusão por parte de muitos dos


nossos irmãos que não conhecem bem o que é o Espiritismo.
O mais grave é que muitos julgam sem o devido
conhecimento de causa. Se ao menos entendessem que
nem todo espiritualista é espírita, já teríamos um avanço para
um melhor entendimento do assunto em pauta.
Nós, espíritas, não temos preconceitos religiosos,
só não entendemos o porquê de pessoas que se dizem
cristãs, condenarem seus semelhantes, irmãos, só porque
não comungam com todo o seu pensamento. E como fica o
ensinamento de Jesus sobre o "amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo?";
(Mt. 18: 20) "Onde estiverem dois ou três reunidos
em meu nome, ali estarei com eles".
Vejam os irmãos que esses dois ou três, no nosso
humilde entendimento, podem ser quaisquer que se
disponham a estudar, conversar sobre Jesus, aceitar e seguir
seus ensinamentos. E é isso que a Doutrina Espírita nos
propõe.
Das Bíblias consultadas a mais contundente nas
proibições é a dos nossos irmãos testemunhas de Jeová, 35ª
edição, realizada pelo centro bíblico católico, Ed. Ave Maria.
Nessa Bíblia, em (Levítico 19:31) consta: "Não vos dirijais
aos espíritas, nem aos adivinhos: não os consulteis, para que
não sejais contaminados por eles".
Queremos informar que nos textos originais não
constam os termos "espíritas, espiritismo, etc.", até mesmo
por inexistirem à época em que a Bíblia foi escrita. Também
em outras edições das Bíblias, mesmo atuais, encontra-se o
seguinte texto: "Não vos voltareis para os necromantes, nem
para os adivinhos, para não vos contaminarem, eu sou vosso
Deus".
Como no espiritismo não existe a figura de
necromantes, de cartomantes, adivinhos, etc, muito embora
respeitamos nossos irmãos que as praticam, o que se nota é
a falta de melhores conhecimentos por parte daqueles que
condenam os estudos e as práticas espíritas.
183
“A verdade em verdade vos digo”

Analisemos agora (Dt. 18: 9–11), os mais citados


por todos os críticos do espiritismo:
Na 35ª edição da Bíblia citada anteriormente está
escrito:
"... nem quem se dê a adivinhações, à astrologia,
aos agouros, ao feiticeiro, à magia, ao espiritismo, ou à
evocação dos mortos".
Em outra Bíblia, dos irmãos testemunhas de
Jeová, está assim escrito: "... nem adivinhos, magia,
feiticeiro, médium espírita, prognosticador ou consultar os
mortos").
A tradução desprovida de preconceito é a
seguinte: "... nem adivinhador, feiticeiros, agoureiro,
cartomantes, bruxo, mago, nem quem exija a presença dos
mortos".
Vale lembrar que Moisés conduzia um povo rude,
saído de um regime de escravidão no Egito, onde toda essa
prática proibida era praticada. Sua preocupação era de abolir
o politeísmo, a idolatria, o uso indevido de tais práticas, etc.
Atentemos para o fato de que Moisés proibiu
a exigência da presença dos mortos, totalmente de acordo
com as recomendações e práticas espíritas de hoje. (Livro
dos Médiuns, Cap. XXV. Questões 273 a 275).
"Um espírito repousou sobre Eldade e Medade e
eles profetizavam. Então Josué, filho de Num, foi se ter com
Moisés e pediu-lhe que os proibissem. Este o respondeu:
tens ciúmes por mim? Quem dera todo o povo fosse profeta".
(Números 11: 26-30).
Afinal, Moisés proibia ou não a mediunidade? A
conclusão é do leitor.
Como Moisés poderia condenar o espiritismo,
surgido oficialmente somente em 18.04.1857, se foi por volta
de dois mil anos antes de Cristo, segundo os pesquisadores,
que lhe é atribuída a autoria dos cinco primeiros livros
contidos na Bíblia?
Mais ainda, nos dicionários das línguas hebraica,
grega e latina não existem a palavra espiritismo. E como foi
aparecer nas proibições das Bíblias de edições mais
recentes?

184
“A verdade em verdade vos digo”

Severino C. da Silva, em suas pesquisas e


excelente obra "analisando as traduções bíblicas", pág. 82 e
83, cita as declarações do eminente Pastor Nehemias
Marien, teólogo renomado e profundo conhecedor das
escrituras, na parte que diz: "a doutrina Espírita é
essencialmente cristã e sempre integrou a doutrina da Igreja
até que no concílio de Constantinopla, em 553, foi retirado
precipitadamente.". O grande reformista Martinho Lutero,
disse, durante a "Dieta de Worms", na Alemanha, que "os
concílios erram e torpedeiam a liberdade de consciência".
Quanto à proibição de se exigir a presença dos
mortos, justifica-se porque era frequênte e sem finalidades
elevadas. Mas uma coisa é certa: existia e continua a existir
a comunicação entre vivos e mortos, do contrário não se iria
proibir algo inexistente. Vejam outras contradições:
(1ª Sam. 28:7-19) onde o Rei Saul, que proibia
essa prática, vai consultar a Pitonisa de Endor (médium),
disfarçado de pessoa simples do povo, a fim de falar com o
Rei Samuel, já morto. A Pitonisa o identifica mediunicamente,
(desmascara-o) e atende seu pedido.
Mais ainda, se são os espíritos que se
comunicam, logo, não são demônios. Aliás, Moisés não cita
nem uma vez em seus escritos a palavra demônio.
Nos dez mandamentos, considerados por todos
como a lei divina, trazida por Moisés, nada consta proibindo
o espiritismo. Depreende-se disso que o grande profeta
buscou corrigir o abuso de um povo específico e em
determinado tempo.
No livro "O Céu e o Inferno, cap XI, item 10", Allan
Kardec nos ensina que quando os espíritos querem a
comunicação, eles vêm espontaneamente, sem mesmo
serem chamados.
Queremos recomendar àqueles que não aceitam a
ideia da comunicação entre vivos e mortos, que reflitam
sobre o evangelho de (Mateus 17:1-8) quando da
transfiguração no Monte Tabor, onde estavam vivos Tiago,
Pedro, João e Jesus que falava com Moisés e Elias, ambos
já mortos.
E como explicar e justificar que era proibido falar
com os mortos se Jesus veio provar, na prática, falando com
185
“A verdade em verdade vos digo”

dois mortos e tendo três pessoas vivas para servirem como


testemunha?
Paulo, em sua primeira carta aos coríntios, Cap.
12:4-11, diz que há vários dons, mas que o espírito é o
mesmo;
O apóstolo João, em sua primeira carta, cap. 4: 1-
3, nos alerta sobre as comunicações dos espíritos
impostores;
Paulo, em sua primeira carta aos tessalonicenses,
cap. 5:19 - 21, diz: "não extingais os espíritos; não
desprezeis as profecias; discernir tudo e ficai com o melhor".
Que Deus, Pai de infinita bondade, perdoe nossos
irmãos que ignoram ou que não aceitam tais coisas.
Sabemos, Senhor, que o egoísmo e o orgulho impedem a
busca de novos conhecimentos e de certas práticas que
impulsionam a nossa evolução espiritual. Mesmo sabendo
que o conhecimento vem no seu devido tempo, tal como
afirmou o Mestre Jesus, rogamos ó Pai que esses irmãos
possam alcançar o quanto antes a luz do conhecimento e por
meio dela, possam conhecer melhor o significado do que é a
humildade e a simplicidade tão ensinada e recomendada
pelo Mestre Jesus.

Revisões da Bíblia

Revisar significar rever, corrigir erros, etc. Se a


Bíblia é confiável, é porque está correta, sem erros, etc. Mas
se tudo isto é verdade, por que revisar, corrigir, alterar algo
que está certo, que inspira confiança em seus fiéis?
Confira algumas alterações:
1945: A Sociedade Bíblica do Brasil nomeou uma
comissão para revisar a Bíblia;
1967: Revisão da tradução de João Ferreira de
Almeida;
1995: Revisão e correção da Bíblia Pentecostal.
Fica patente que através dos tempos, a Bíblia
utilizada por todos nós, sofre alterações pela vontade e
iniciativa de pessoas que querem colocar sua convicção, as
vezes errada, para incutir na cabeças de inocentes criaturas
que é a vontade de Deus e que devemos aceitar sem buscar
186
“A verdade em verdade vos digo”

a razão. Isto nos faz repensar até que ponto se deve confiar
em tudo que nela está escrito e defendê-la com a autoridade
de um fiel seguidor da "palavra de Deus".
Católicos e Protestantes nos criticam por não
crermos na Bíblia como a Palavra de Deus inquestionável.
Realmente, damos importância apenas a Jesus, pois nada
há de útil no Velho Testamento para os dias de hoje, exceto
os Dez Mandamentos. O próprio Jesus afirmou: “Respondeu-
lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo,
semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti
mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os
profetas”. (Mateus 22:37-40)
No Sermão da Montanha, Jesus revogou algumas
coisas do Antigo Testamento, retificando o que era humano
nas leis mosaicas: “Ouvistes que foi dito: olho por olho, dente
por dente. Eu, porém, vos digo...” (Mateus 5:38 a 42)
“Ouvistes o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu
inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai
pelos que vos perseguem.” (Mateus 5:43 e 44). Paulo
também disse: “Com efeito: Não adulterarás; não matarás;
não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro
mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu
próximo como a ti mesmo.” (Romanos 13:9)
O que aí não se inclui, são quinquilharias
humanas. Jesus não trabalhou aos sábados; não permitiu
que apedrejassem a adúltera; foi contra o divórcio,
contrariando Moisés, pois, afinal, eram leis de Moisés, leis
para doutrinar aquele povo, e não leis divinas, que nunca se
alteram. A expressão “a palavra de Deus” é de origem
judaica. Foi naturalmente herdada pelo Cristianismo, que a
empregou para o mesmo fim dos judeus: dar autoridade à
Igreja. A Bíblia, considerada a "palavra de Deus", reveste-se
de um poder mágico: a sua simples leitura, ou simplesmente
a audiência dessa leitura, pode espantar o Demônio de uma
pessoa e convertê-la a Deus. Claro que o Espiritismo não
aceita nem prega essa velha crendice, mas não a condena.
A cada um, segundo suas convicções, desde que haja boa
intenção. As pesquisas históricas revelam que os livros que
187
“A verdade em verdade vos digo”

compõem a Bíblia tem origem na literatura oral do povo


hebreu. Só depois do exílio na Babilônia foi que Esdras
conseguiu reunir e compilar os livros orais (guardados na
memória) e proclamá-los em praça pública como a lei do
judaísmo, ditada por Deus. É impossível provar que "de capa
a capa" a Bíblia é divinamente inspirada. O "credo quia
absurdum" (acredito mesmo que absurdo) é fruto do
dogmatismo, criação humana dos concílios, enquanto o
Espiritismo é a doutrina do livre-exame e consiste na fé
raciocinada, apta a "encarar a razão face a face em todas as
épocas". Somente às religiões dogmáticas, que se
apresentam como vias exclusivas de salvação, interessa o
velho conceito da Bíblia como palavra de Deus. Primeiro,
porque esse conceito impede a investigação livre.
Considerada como a palavra de Deus, a Bíblia é indiscutível,
deve ser aceita literalmente ou de acordo com a
"interpretação autorizada da igreja". Por isso, as igrejas
sempre se apresentam como "autoridade única na
interpretação da Bíblia". Segundo, porque essa posição
corresponde aos tempos mitológicos, ao pensamento
mágico, e não a era de razão em que vivemos.
Há contradições insanáveis em que se afundam
os hermeneutas religiosos. Veem-se eles obrigados a
perigosas ginásticas de raciocínio, apoiadas em fórmulas
pré-fabricadas, para se safarem das contradições do texto.
Mas não escapam jamais a contradição fundamental que é
esta: consideram a Bíblia como a palavra de Deus, mas
estabelecem, para sua interpretação, regras humanas.
Dessa maneira, é o homem que faz Deus dizer o que lhe
interessa. As supostas condenações do Espiritismo pela
Bíblia, por exemplo, decorrem das interpretações
sacerdotais, até alterando os textos, moldando a "Palavra de
Deus" segundo suas conveniências. A Bíblia é um dos
maiores repositórios de fatos espíritas de toda bibliografia
religiosa. E os textos bíblicos estão eivados de passagens
tipicamente espíritas. (leia o item sobre a proibição bíblica e
a comunicação com mortos)
Emmanuel, trabalhador incansável do Cristo,
através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, nos diz:
"O ato de crer em alguma coisa demanda a necessidade do
188
“A verdade em verdade vos digo”

sentimento e do raciocínio, para que a alma edifique a fé em


si mesma. Admitir as afirmativas mais estranhas, sem um
exame minucioso, é caminhar para o desfiladeiro do absurdo,
onde os fantasmas dogmáticos conduzem as criaturas a
todos os despautérios." (O Consolador, Ed. FEB, pág. 201)
Será mesmo que tudo na Bíblia tem inspiração
divina? A despeito da expressa proibição: "Em ti não se
achará quem faça passar pelo fogo seu filho ou a sua filha"
(Deut. 18:10), os judeus de vez em quando queimavam seus
filhos em sacrifício (II Reis 17:17) e até alguns reis
cometeram esse crime hediondo, como Manasses (II Reis,
21:16) e Acaz (II Cron. 28:3), e até o grande libertador Jefté,
que foi Juiz em Israel por seis anos, foi "cheio de espírito e
ofereceu a sua filha em holocausto a Deus" (Juizes 11:29 e
39). Alguns textos levam a supor que os sacrifícios humanos
tinham o beneplácito de Jeová, uma vez que "o homem
consagrado a Deus nao poderá ser resgatado, será morto"
(Lev. 27:29). Jeu, rei de Israel por 28 anos, matou 2 reis
israelitas, Acazias e Jorão (II Reis 9:24-33), bem como toda a
linhagem do ex-rei Acab, inclusive seus 70 filhos (II Reis
10:7) e mais 42 irmãos de Acazias (II Reis 10:14), além de
inúmeros adoradores de Baal (II Reis, 10:25) e apesar de tão
zeloso "não se apartou dos pecados do ex-rei Joroboão e
nem destruiu os bezerros de ouro" (II Reis 10:29). Pois foi a
esse rei idólatra e sanguinário que Jeová afirmou: "Bem
obraste em fazer o que é reto aos meus olhos" (II Reis
10:30)
Samuel era vidente de Deus (I Samuel 9:19), mas
mandou que o rei destruísse totalmente os amalequitas,
"matando desde o homem até a mulher, desde os meninos
até os de mama, desde os bois até as ovelhas e desde os
camelos até os jumentos" (I Samuel, 15:3). Mas Saul poupou
os animais e por isso foi castigado (I Sam., 15:26).
Moisés, que "era o mais manso de todos os
homens que havia na Terra" (Num. 12:13), desce do Sinai
com as "Tábuas da Lei", onde constava o mandamento "Não
Matarás" e logo, para passar da teoria à prática, manda
matar 3 mil dos seus compatriotas e ainda por cima pede a
benção de Deus para os assassinos (Êxodo 32:28/29). Josué
conquistou todas as cidades da prometida "Canaã destruindo
189
“A verdade em verdade vos digo”

totalmente a toda alma que nelas havia" (Jos. 10:35),


"destruindo tudo que tinha fôlego, como ordenara o Senhor
Deus" (Jos 10:42), o que não é de se admirar, uma vez que
Jeová é "homem de guerra" (Êxodo 15:3).
"Cada um tome a sua espada e mate cada um a
seu irmão, cada um a seu amigo, cada um a seu vizinho"
(Êxodo 32:27) "Nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com
vida" (Deut. 20:16) "Se o povo de uma cidade incitar os
moradores a servir outros deuses, destruirás ao fio de
espada tudo quanto nela houver, até os animais" (Deut.
13:12/15). Nossa, até os inocentes animais!!
Veja também que havia diversos "Deuses", não só
Jeová . Este, claro, era o "Deus" oficial do povo e, sob o seu
nome, houve de fato manifestações de espíritos enviados por
Deus. Isaías 8:19 também sugere a mesma coisa.
Está escrito em Deuteronômio, capítulo 21,
versículo 23: "o que for pendurado em um madeiro é maldito
de Deus". Logo, se Jesus passou por semelhante apróbio
pode-se concluir que as "Escrituras Sagradas" estão
denominando o Mestre de "maldito de Deus". Se a Bíblia não
pode ser discutida para um cristão dogmático, como sair
dessa??
Quando se tem acesso ao livro de Jonas, nota-se
um paradoxo: "Deus" se apieda da cidade de Nínive, a
grande inimiga de Israel, mandando o profeta Jonas pregar
aos seus habitantes, em detrimento dos amalequitas,
assassinados por ordem "divina", sem chance de
arrependimento. Afinal, há preferência de "Deus" por alguns
de seus filhos ? Portanto, que "Deus" é esse? Prejulga
merecer o povo de Nínive a sua misericórdia, enquanto os
amalequitas foram cruelmente assassinados por sua ordem;
Vemos em Levítico 21:16-24: 16
Disse mais o Senhor a Moisés: 17Fala a Arão,
dizendo: Ninguém dentre os teus descendentes, por todas as
suas gerações, que tiver defeito, se chegará para oferecer o
pão do seu Deus. 18Pois nenhum homem que tiver algum
defeito se chegará: como homem cego, ou coxo, ou de nariz
chato, ou de membros demasiadamente compridos, 19ou
homem que tiver o pé quebrado, ou a mão quebrada, 20ou
for corcunda, ou anão, ou que tiver belida, ou sarna, ou
190
“A verdade em verdade vos digo”

impigens, ou que tiver testículo lesado; 21nenhum homem


dentre os descendentes de Arão, o sacerdote, que tiver
algum defeito, se chegará para oferecer as ofertas
queimadas do Senhor; ele tem defeito; não se chegará para
oferecer o pão do seu Deus. 22Comerá do pão do seu Deus,
tanto do santíssimo como do santo; 23contudo, não entrará
até o véu, nem se chegará ao altar, porquanto tem defeito;
para que não profane os meus santuários; porque eu sou o
Senhor que os santifico. 24Moisés, pois, assim falou a Arão e
a seus filhos, e a todos os filhos de Israel. Raciocinem um
pouco: um ato tão desumano de PRECONCEITO teria vindo
do próprio Deus?? Também em Levítico, "Deus" não parece
ser o grande Fisiologista, o Supremo Criador da natureza
humana, desconhecendo que o processo da menstruação é
natural, não podendo lhe ser imposto a pecha de imundo.
Assim está escrito: "Se um homem se deitar com
uma mulher no tempo da enfermidade dela, e lhe descobrir a
nudez, descobrindo a sua fonte, e ela descobrir a fonte do
seu sangue, ambos serão eliminados no meio do seu povo".
Menstruação é enfermidade? O próprio "Criador"
desconhecendo o que criou? Um "Deus" preconceituoso,
anatematizando uma função normal do aparelho sexual
feminino? Ainda por cima, violento, ao ponto de expulsar o
casal de seu povo? Em Deut. 13:6, 9 e 10, há uma ordem de
matar a pedradas os adeptos de outras crenças. Uma
apologia à intolerância religiosa. Em Levítico 22:17-18 "Deus"
ordena que a oferta a ser oferecida no altar seja de animais
sem defeito. E é mais exigente ainda, quando determina que
não devam ser ofertados bichos que tiverem testículos
machucados, ou moídos, ou arrancados, ou cortados
(Levítico 22:24). Os sacrifícios de animais na Bíblia lembram
bem o que acontece no Candomblé e Quimbanda nos
nossos dias.
Paulo afirmou: "Vós recebestes a lei por mistérios dos anjos"
(Atos 7:53), explicando ainda em Hebreus 2:2: "Por que a lei
foi anunciada pelos anjos", e confirmando na mesma
epistola, 1:14: "Espíritos são administradores, enviados para
exercer o ministério". Também em Hebreus, (1:7) Paulo
afirma: "o que faz os seus anjos espíritos e os seus ministros
chamas de fogo". Está claro que os anjos são espíritos
191
“A verdade em verdade vos digo”

reveladores das leis de Deus aos homens, como afirma o


Espiritismo. Paulo vai ainda mais longe, afirmando em Atos
7:30-31, que Deus falou a Moisés através de um anjo na
sarça ardente. Os anjos são, portanto, espíritos, ministros de
Deus, que os faz chama de fogo nas aparições mediúnicas.
Em Hebreus, 12:9, Paulo se refere a Deus como
"Deus dos Espíritos". Houve casos estudados de
manifestações de espíritos que eram na forma de línguas de
fogo. Essas manifestações confirmam que os fenômenos de
Pentecostes e o anjo da sarça ardente foram mediúnicos. O
Espiritismo reconhece a ação de Deus na Bíblia, mas não
pode admiti-la como a "Palavra de Deus". Na verdade, como
ensinou o apóstolo Paulo, foram os mensageiros de Deus, os
Espíritos, que guiaram o povo de Israel, através dos
médiuns, então chamados profetas. O próprio Moisés era um
médium, em constante ligação com Iavé ou Jeová, o deus
bíblico, violento e irascível, tão diferente do Deus Pai do
Evangelho. Devemos respeitar a Bíblia no seu exato valor,
mas nunca fazer dela um mito, um novo bezerro de ouro.
Deus não ditou nem dita livros aos homens.
Em Números, 11:23-25, temos a descrição de dois
fatos mediúnicos valiosos. Primeiro, o Senhor fala a Moisés.
Depois, Moisés reúne os setenta anciãos, formando uma
roda, e o Senhor se manifesta materialmente descendo
numa nuvem. Temos a comunicação pessoal de Jeová a
Moisés, e a seguir o fenômeno evidente de materialização de
Jeová, através da mediunidade dos anciãos, reunidos para
isso na Tenda, cedendo ectoplasma para o fenômeno. A
nuvem é a formação de ectoplasma na qual o espírito se
corporifica. Só os que não conhecem os fenômenos espíritas
podem aceitar que ali se deu um milagre, um fato
sobrenatural. E podem aceitar, também, a manifestação do
próprio Deus. Longe disso. Jeová era o espírito protetor de
Israel, que se apresentava como Deus, porque a mentalidade
dos povos do tempo era mitológica, e os espíritos eram
considerados deuses. O filósofo Tales de Mileto já dizia, na
Grécia, cinco séculos antes do Cristo: "O mundo é cheio de
deuses". Os espíritos elevados eram considerados deuses
benéficos, e os espíritos inferiores eram deuses maléficos. O
Capítulo V do Deuteronômio é inteiramente mediúnico. Mas
192
“A verdade em verdade vos digo”

convém lembrar que os sucessos desse capítulo são melhor


compreendidos quando lemos o Êxodo, caps. 18 a 20. Nos
versículos 13 a 16, do capítulo 18, vemos Moisés diante do
povo, para ser o mediador, o interprete – mas na verdade o
médium –, entre Deus e o povo. Nos versículos 22 a 31, Cap.
V, do Deuteronômio, temos uma bonita descrição de
conhecidos fenômenos mediúnicos: o monte Horebe envolto
em chamas, a nuvem de fluídos ectoplasmáticos
(materializantes), e a voz-direta de Jeová. que falava do meio
do fogo, sem se apresentar ao povo. E Moisés, como
sempre, servindo de intermediário, na sua função mediúnica.
Por fim, Jeová recomenda a Moisés que mande o povo
embora, mas permaneça com ele, para receber as demais
instruções. (Vers. 31, cap. 5 de Deut.)
No famoso cap. 18 de Deuteronômio, tão citado
contra o Espiritismo, logo após os versículos das proibições,
temos a promessa de Jeová, de que suscitará um grande
profeta para auxiliar e orientar o povo. Como fazia com
Moisés, o próprio Jeová promete que porá as suas palavras
na boca desse médium. Não obstante, sabendo que todo
médium está sujeito a envaidecer-se e dar entrada a
espíritos perturbadores, Jeová determina que o profeta seja
morto: "Se falar em nome de outros deuses". Esta passagem
(vers. 20 do cap. XVIII) é mais uma confirmação bíblica do
ensino espírita de que, naquele tempo, os espíritos eram
chamados "deuses". Jeová era espírito-guia do povo hebreu,
e por isso considerado como o seu Deus, o único verdadeiro.
Mas os profetas (médiuns) de Jeová podiam receber outros
deuses, como Baal, Apolo ou Zeus, pelo que a proibição
bíblica nesse sentido é terrível e desumana, como podemos
ver nos textos. A evolução espiritual do povo hebreu
permitiria a Jesus vir corrigir esses abusos e substituir a
concepção bárbara de Deus dos Exércitos pela concepção
evangélica do Deus-Pai, cheio de amor com todas as
criaturas. O Espírito que ditou os Dez Mandamentos a
Moisés desempenhava uma elevada missão, preparando o
povo hebreu para o monoteísmo, a crença num só Deus,
pois os deuses da Antiguidade eram mitos. Através da
mediunidade, ensinava aos homens rudes do tempo as
verdades espirituais que deveriam frutificar no futuro. E por
193
“A verdade em verdade vos digo”

isso que encontramos, nas páginas da Bíblia, não só o relato


de fenômenos espíritas ocorridos com o povo hebreu, mas
também ensinamentos precisos e claros sobre a
mediunidade. No Capitulo XII, do Livro de Números, vemos
Jeová dar aos Hebreus uma das lições que só mais tarde
apareceriam de novo, mas então no O Livro dos Médiuns, de
Allan Kardec.
Mirian e Aarão falavam mal de Moisés, por haver
ele tomado uma nova mulher, de origem cusita. Jeová não
gostou disso e subitamente "desceu da nuvem", para
repreende-los. Descer da nuvem é materializar-se, pois a
nuvem é simplesmente a formação de ectoplasma, como a
Bíblia deixa bem claro nos seus relatos. Imagina se o Senhor
do Universo, o Deus-Pai do Evangelho, faria este papel de
alcoviteiro!! Seria absurdo tomarmos este Jeová, sempre
imiscuído nos assuntos domésticos, pelo próprio Deus!
Como espírito-guia, podemos compreendê-lo. E é como
espírito-guia que ele repreende os maldizentes, castiga
Mirian, mas antes ensina.
Primeiro, diz ele que pode manifestar-se aos
profetas (médiuns) por meio de visão (vidência) ou de
sonhos. Depois, lembrando que Moisés é o seu instrumento
para direção do povo, esclareceu: "Não é assim com o meu
servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa". E
acrescenta: "Boca a boca fale com ele, claramente e não por
enigmas".
Cinco formas de mediunidade figuram nesse
ensino bíblico:
1) vidência;
2) a de desprendimento, ou sonambúlica;
3) a de materialização;
4) a de voz-direta;
5) a de audiência.
O próprio Jeová ensinava a mediunidade, como o
apóstolo Paulo, em sua Primeira Epistola aos Coríntios,
ensinaria mais tarde a fazer uma reunião mediúnica. Quem
examinar com isenção o texto bíblico, observará que aquele
Jeová do Antigo Testamento nada tem de comum com o
Deus apresentado por Jesus no Novo. Tudo faz crer que o
protetor imediato da nação judaica era uma Entidade mais ou
194
“A verdade em verdade vos digo”

menos identificada com a índole guerreira da raça. Cada


homem, cada povo, tem o Guia Espiritual que merece,
compatível com o seu grau de evolução moral. Podia ser,
talvez, um dos antepassados, com autoridade para impor seu
domínio sobre os homens. Tais entidades, por atrasadas que
sejam, não ficam ao desamparo da Espiritualidade Superior,
mas é claro que esta não pode impor ensinamentos que os
assistidos não estejam ainda em condições de assimilar. A
evolução tem que vir naturalmente, sempre respeitando o
livre-arbítrio de cada ser. O mesmo ocorre ainda hoje, com
os "pretos-velhos" e "orixás" que orientam os cultos
africanos. Quando se dedicam ao bem, trabalhando em favor
dos que sofrem, recebem assistência e orientação dos
Espíritos elevados. Se preferem a prática do mal, tornam-se
vitimas de entidades malévolas e ficam entregues a própria
sorte até que, caindo em si, percebam a voz da consciência
e, arrependidos, se voltem para Deus. O exame do Velho
Testamento nos leva a duas alternativas: ou era o próprio
legislador quem, com o propósito de infundir respeito,
atribuía a Divindade todos aqueles rompantes de ferocidade
de que o Antigo Testamento está repleto, ou Deus se fazia
representar ante o povo por uma deidade tribal, talvez ate
mais de uma, como se infere de Gen. 3:22: "Eis que o
homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal". E a
prova de se tratar de espirito ainda um tanto materializado é
que "habitava no tabernáculo" (II Sam. 7:6), ou "de tenda em
tenda" (I Cron. 17:5) e "se comprazia com o cheiro dos
animais imolados em holocausto" (Números 29:36) O Deus
que amamos e adoramos não pode estar sujeito as paixões
humanas. Não se concebe um Deus de infinita perfeição
tomado de rancor, pronto a descarregar sobre suas criaturas
a sua tremenda ira. E no entanto, embora Ele se diga
"misericordioso e piedoso, tardio em se irar e grande em
beneficência e verdade" (Êxodo 34:6), contam-se para mais
de 60 acessos de cólera entre os livros Êxodo e II Reis.
O Jeová do Antigo Testamento, que deu ao seu
povo o mandamento "não matarás", mandava exterminar os
inimigos (e ate os amigos...) com incrível ferocidade. Como
explicar tamanha contradição? O apóstolo João afirmou:
"Deus nunca foi visto por ninguém" (João 1:18) e "ninguém
195
“A verdade em verdade vos digo”

jamais viu a Deus" (I João 4:12), o que foi confirmado por S.


Paulo: "(aquele) a quem nenhum dos homens viu nem pode
ver" (I Timóteo 6:16) e pelo próprio Jesus: "Não que algum
homem tenha visto o Pai" (João 6:46). Mas lemos no Antigo
Testamento que Deus disse: "Eu apareci a Abraão, Isaac e
Jaco" (Êxodo 6:3) e que Moisés, Arao, Nadib e Abiu e mais
70 anciãos viram Deus (Êxodo 24:9-11).
"Falava Deus a Moisés face a face, como qualquer
homem fala ao seu amigo" (Êxodo 33-11) e contudo o
advertiu: "Não poderás ver a minha face, porque homem
nenhum verá a minha face e viverá" (Êxodo 33:20) e em
seguida abriu uma concessão: “ver-me-ás pelas costas, mas
a minha face não se vera” (Êxodo 33:23). E no entanto o
próprio Deus afirmou: “Eu falo com Moisés boca a boca e ele
vê a forma do Senhor” (Num. 12:8) e mais: “Cara a cara o
Senhor falou conosco no monte, no meio do fogo” (Deut. 5:4)
e "(Moisés) a quem o Senhor conhecera cara a cara" (Deut.
34:10). Finalmente, "Deus por duas vezes apareceu a
Salomão" (I Reis 11:9). Afinal, Deus foi visto ou
não? Afirmando que a Bíblia é a palavra de Deus, se
baseiam nos versículos abaixo:
16Toda Escritura é divinamente inspirada e
proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para
instruir em justiça; 17para que o homem de Deus seja
perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra. (II
Timóteo 3) Pois bem, a minha João F. de Almeida de 1948
diz: "Toda escritura divinamente inspirada é proveitosa para
ensinar..." Paulo se referia as escrituras que realmente são
inspiradas, não considerando outras. E se fosse como
querem, também seria uma contradição. Não dizem os
católicos e protestantes que nem tudo é inspirado, e chamam
de "apócrifos" livros que não constam em suas bíblias? Ainda
por cima, a Bíblia protestante exclui livros que estão na Bíblia
dos católicos... E gostaria de saber em que toda aquela
guerra e, principalmente, aquela demonstração de
PRECONCEITO contra deficientes físicos, poderia ser
"proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para
instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito,
e perfeitamente preparado para toda boa obra.". Não creio
MESMO que Paulo estivesse falando de toda a Bíblia.
196
“A verdade em verdade vos digo”

Outras argumentações dos que afirmam ser a


Bíblia a "Palavra de Deus":
"Jesus: a. leu-a (Lc 4:16-20); b. ensinou-a (Lc
24:27);"
Mas também a resumiu em "Amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Nós,
espíritas, acreditamos que a Bíblia CONTÉM a Palavra de
Deus, mas não é inteiramente a Palavra de Deus, infalível,
inquestionável... “Jesus afirmou que elas eram a verdade”
(Jo 17:17); Diz o versículo 14: "Eu lhes dei a tua palavra; e o
mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu
não sou do mundo." Jesus se referia a palavra que Ele
trouxe. Essa, sim, veio de Deus. Jesus amou-a "A Palavra
de Deus" (Mc 7:13); Novamente, não toda a Bíblia. "Jesus
viveu e procedeu de acordo com ela" (Lc 18:31); "Tomando
Jesus consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a
Jerusalém e se cumprirá no filho do homem tudo o que pelos
profetas foi escrito;" Se referia as profecias sobre o Messias,
que se cumpriam com Ele.
"Declarou que o escritor Davi falou pelo Espírito
Santo" (Mc 12:35,36); Inspiração mediúnica (leia o item
Espírito Santo) "Jesus cumpriu-a (Lc 24:44). Jesus põe sua
aprovação em todas as Escrituras do Antigo Testamento
pois" Leis, Salmos e Profetas "eram as três divisões da Bíblia
nos dias em que o Novo Testamento ainda estava sendo
formado. "44Depois lhe disse: São estas as palavras que vos
falei, estando ainda convosco, que importava que se
cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de
Moisés, nos Profetas e nos Salmos. 45Então lhes abriu o
entendimento para compreenderem as Escrituras; 46e disse-
lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao
terceiro dia ressurgisse dentre os mortos;" (Lc 24:44-46)
Mais uma vez, se referia apenas as profecias a
seu respeito.
"Em cada pessoa que aceita a Jesus como Salvador, o
Espírito Santo põe em seu espírito a certeza quanto à autoria
da Bíblia. É uma coisa automática. Não é preciso ninguém
ensinar isso. Quem de fato aceita a Jesus, aceita também a
Bíblia como a Palavra de Deus, sem argumentar."
Ora, isso é um convite a fé cega!
197
“A verdade em verdade vos digo”

Em Jo 7:17, Jesus mostra como podemos ter


dentro de nós o testemunho do Espírito Santo quanto a
autoria divina da Bíblia: “Se alguém quer fazer a vontade de
Deus
“14Estando, pois, a festa já em meio, subiu Jesus
ao templo e começou a ensinar. 15Então os judeus se
admiravam, dizendo: Como sabe este letras, sem ter
estudado? 16Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é
minha, mas daquele que me enviou. 17Se alguém quiser
fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele,
ou se eu falo por mim mesmo. 18Quem fala por si mesmo
busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele
que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.
(João 7:14-18)
Mostra Jesus que não é Deus, mas um enviado de
Deus, trazendo a palavra de Deus. E diz o óbvio: que
devemos reconhecer o que é a sua palavra e a palavra de
Deus, para procurar cumprir essa última. Não diz nada sobre
a Bíblia ser divina.

Adão, Eva, Caim, Abel

Aos irmãos de outros credos religiosos que


souberem e se dispuserem a explicar-me as passagens
bíblicas seguintes ficarei grato, pois não tive o entendimento
para aceitar como coerentes os fatos narrados a seguir.
A Bíblia nos diz que "Deus formou o homem do pó
da terra" (Gn. 2:7). E disse o Senhor: "Não é bom que o
homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja
idônea". (GN. 2:18) e, Deus retirou uma das suas costelas
(Gn. 2:21) "e transformou-a numa mulher e a trouxe para
Adão (Gn. 2:22). E naturalmente ao se coabitarem, tiveram
dois filhos: Caim, que foi lavrador, e Abel, que foi pastor de
ovelhas. (Gn. 4:1-2). Ocorreu que ambos fizeram ofertas do
que possuíam ao Senhor. Mas o Senhor agradou-se mais de
Abel e de sua oferta, o que provocou ciúmes e ira em Caim,
levando-o a matar seu irmão Abel (Gn. 4:8).
Os fatos, até o presente momento, são aceitáveis,
porém, como explicar que "Caim tenha coabitado com sua
198
“A verdade em verdade vos digo”

mulher e esta tenha dado à luz a um filho que foi chamado


de Enoque, e ainda: Caim edificou uma cidade" (Gn. 4:17).
A pergunta é: De onde surgiu essa mulher, se na
Bíblia, até aquele momento, só havia uma única mulher,
originada da costela do único homem, os quais eram seus
legítimos pais biológicos?
Após matar seu irmão, Caim sai a edificar uma
cidade. Com quem? Para quem? Teria a Bíblia omitido a
existência de outros povos?
Aos cento e trinta anos de idade Adão e Eva
tiveram o terceiro filho, o qual foi dado o nome de Sete. (Gn.
4:25 e 5:3). (Não vamos questionar o fato de uma mulher dar
à luz aos 130 anos de idade, pois a vida continuou e após
seus cento e trinta anos, ainda tiveram outros filhos e filhas.
(Gn. 5:4), vindo a falecer aos 930 anos de idade. (Gn. 5:5). É
com você, leitor, a reflexão sobre esses fatos narrados na
Gênesis.
Até nos dias de hoje, seguem barbaridades:
No século XVIII as ideias moralizadoras da igreja
ganharam mais adeptos, aumentando, com isso, as ideias
antitrinitárias. As reações contra aqueles que não
acreditavam na ideia trina foram as seguintes:
1575 – Foram queimados os "batistas arianos";
1612 – Foram queimados os últimos ingleses por
motivos de fé;
1717 – Alguns pastores presbiterianos foram
obrigados a decidirem entre a ortodoxia (ideia trina) e o
arianismo;
1813 – O Parlamento britânico extinguiu as penas
contra os negadores da Santíssima Trindade.
Por último, mais recentemente, (1977), sete
teólogos ingleses publicaram um livro com o título: "O Mito do
Deus encarnado", combatendo a crença de muitos religiosos
que aceitam a ideia de que Jesus é ou foi Deus.
Será que Deus deixaria qualquer ser, não somente
humano, morrer em seu nome desse jeito? Sem nada fazer?
Ele não é amor, perdão e eternidade?
E, volto a questionar sobre Caim e Abel, qual
deles era hermafrodita ou gay, ou mulher com nome de
homem, pois que gerou esses filhos deles?: E que povos
199
“A verdade em verdade vos digo”

eram esses que Caim foi dado como escravo para pagar seu
pecado, se na Bíblia menciona somente, Eva, Adão, Caim e
Abel?

As perguntas mais frequentes sobre


ESTUDANDO A BÍBLIA. ( resumo )

O que é a Bíblia ?
- È o conjunto dos livros que compõe o Velho e o
Novo Testamentos. (pág 03);

Pode haver contradições bíblicas ?


De acordo com os textos seguintes, sim.
a – Considerando que Deus é de infinita sabedoria
e que suas obras são perfeitas, como pode, Ele, arrepender-
se do que fez ? (pág 06);
b – O 5º mandamento diz: "Não matarás". No
entanto, manda matar os amigos, vizinhos e todo aquele que
tiver fôlego. Veja mais citações na Pág 06.

Jesus e Deus são uma só pessoa ?


Não. Esta questão foi rejeitada por três concílios
consecutivos. No entanto, foi aprovada no concílio de Nicéia
em 325 d.C. Talvez, para a época, se justificasse atribuir a
Jesus a divindade do Pai. Hoje porém o homem está mais
esclarecido e só aceita certas coisas se estiverem coerentes
com a razão e a lógica. (pág 07)

Como provar que Jesus não é Deus ?


- Nas pág. 07 e 08 constam várias citações
bíblicas em que Jesus se coloca na condição de filho de
Deus. Ex.:
A – "... ninguém vai ao Pai, senão por mim";
B – "Tudo que o Pai me dá, ...";
C – "... O Pai é maior que Eu ...".

Existem penas eternas ?


- Entendemos que não. Vejam as citações
bíblicas:
200
“A verdade em verdade vos digo”

A – "Deus quer que todos os homens se


salvem ..." (1ª Timóteo 2:3-4) pág 08;
B – "Toda Terra se converterá ao Senhor ...";
C – "Não quero a morte do ímpio, mas que ele se
converta e viva" (Ezq. 33:11);
D – "Não é da vontade do Pai que nenhum desses
pequeninos se percam" (Mt 18:14) pág 09;

E o inferno, existe ?
- Antigamente, com o objetivo de se fazer com que
as pessoas não errassem tanto (pecassem), amedrontavam-
nas com ameaças das penas eternas no fogo do inferno. Não
existe inferno; (pág 10) .

E o que dizer então de satanás, demônio,


diabo, etc.?
A – Para os cristãos antigos não existia essa
figura de satã ou satanás. É sabido que os judeus saíram do
exílio babilônico por volta do ano 538 a.C.. Trouxeram de lá
muitos costumes. E foi do zoroastrismo, religião dos persas,
que trouxeram a ideia de satã. É bom frisar que a primeira
citação de satanás na Bíblia está no livro de (Jó 1:6) e nos
livros escritos após o ano de 538 a.C.. Satanás, não é, então,
um conceito bíblico. Não existe.. pág 10.
B – Do Grego, "daimon" significa inteligência,
gênio, etc.. Modernamente lhe é dado o significado de
espírito do mal. Não é o mesmo que satanás. Espíritos
perversos existem e muitos. Vale lembrar que segundo os
evangelhos, Jesus expulsou "demônios" (espíritos maus) e
nunca satanás, pois este não existe.
C – A figura de lúcifer foi incluída na Bíblia por São
Jerônimo, (Isaias 14:12), quando da vulgata. Vejam (Isaias
14:3-22) que o tema versa sobre o Rei babilônico
Nabucodonossor.

A Bíblia é falível (contém falhas)?


Não diria somente a Bíblia, mas as Bíblias. Elas
contêm vários textos contraditórios e muitas alterações
procedidas por seus tradutores, tudo de acordo com suas
convicções. Isto nos leva a crer que ela é falível sim. Repito:
201
“A verdade em verdade vos digo”

A Bíblia deve ser lida, mas com cuidado para não aceitar
tudo que outras pessoas querem que acreditemos sem
buscar a razão e a coerências. Cuidado com o fanatismo!
Basta usar o bom senso e buscar melhor esclarecimento à
luz da razão. Por exemplo: comparem as seguintes citações:
A – (2ª Sam. 24:1) com (1ª Crônicas 21:1);
B – (Dt. 24:16) com ( Num. 14:18) e (Jeremias
31:29-30) com (Dt. 5:9).

Pode citar algum exemplo de alteração da


Bíblia ?
a – Na tradução do hebraico para o grego foram
acrescentados sete livros; (pág 16)
b – Na tradução do grego para o latim, São
Jerônimo mandou uma carta ao Papa dando conta de que
iria acrescentar, substituir, suprimir e corrigir textos, etc.;
c - Revisões e correções de 1945, 1967 e 1995
(pág 25);

Em que língua foi escrita a primeira Bíblia ?


Na língua hebraica.

Quais as traduções seguintes ?


a – Septuaginta (do hebraico para o grego);
b – Vulgata (do grego para o latim); e:
c – Do latim para outros idiomas.

Daí todas essas interpretações sobre Deus, e as


mais variadas religiões. Se Deus está em todas como
pregam, ele não existe em nenhuma! E a Bíblia escrita em
hebraico, língua judia, só beneficia o s judeus, que são
exaltados pelos evangélico e até certa veia do catolicismo,
como o “povo eleito”. Elei to para quê mesmo?

Os espíritas acreditam na reencarnação.


Este tema é também recente ?

Não é recente. Reencarnação, vidas sucessivas,


palingenesia, etc., é assunto bem antigo. Desde muito antes
202
“A verdade em verdade vos digo”

de Cristo que o assunto é estudado, aceito e divulgado na


Índia antiga, com o livro dos vedas, na Ásia; pelos egípcios,
na África; pelos hebreus, no Oriente; pelos gregos e romanos
na Europa e pelos druidas, na França. (pág. 17).

Mas a igreja católica é contra a reencarnação.

Diria que parte dos católicos apenas, não todos.


Mesmo assim, nos dias atuais, pois até o segundo concílio
de Constantinopla, em 553 d.C., a igreja católica aceitava e
divulgava para seus fiéis esse princípio (pág 17). Por
problemas puramente políticos foi retirado do cânone
religioso. Mas nem o Papa da época, Virgílio, nem outras
autoridades religiosas quaisquer assinaram o documento
reprovando a reencarnação. E olhe que o Papa Virgílio ficou
preso em Roma durante oito anos (pág 17 e 18). Na
sequencia serão citados alguns nomes de ilustres dirigentes
religiosos sensatos que assumiram a responsabilidade de
trazer a verdade até seus fiéis:
A – Plotino, em sua obra "Eneidas";
B – Os judeus, no livro "O Talmude" (indícios);
C – Padre Dindon, na obra "Vida de Jesus";
D – O sábio beneditino D. Calmet, na obra
"comentários";
E – O Cardeal Nichollas de Cusa em seu trabalho
"Teoria da pluralidade das existências das almas";
Obs.: Os Papas Eugênio IV e Nicolau V apoiaram
o Cardeal Nichollas e suas ideias.

Mas na Bíblia não consta nada sobre a


reencarnação.

Consta sim. Às páginas 18 a 20 do presente


trabalho indicam outras citações, a exemplo das seguintes:
A – (João 9:2) "Quem pecou para que este homem
nascesse cego, ele ou seus pais?"

203
“A verdade em verdade vos digo”

Obs.: Como pode alguém pecar antes de nascer


se não for em outra vida?
B – (Jò 8:8-9) "Pergunta à gerações passadas,
examina a experiência dos pais, somos de ontem e nada
sabemos"
C – (Jó 14:14) "Morrendo um homem, tornará a
viver? ..."
D – (Mt 16:13-17) Algumas pessoas achavam que
Jesus era João Batista, outros, que era Elias, Jeremias, ou
algum dos profetas. Fica bem claro que acreditavam nas
vidas sucessivas (reencarnação). Caso contrário não diriam
que uma pessoa já morta fazia tempo, estivesse viva em
carne e osso naquele momento;
E - (Isaias 26:19) "Os teus mortos tornarão a
viver ..."
F – (João 3:3) "... se alguém não nascer de novo,
não pode ver o reino de Deus";
G – (João 3:7) "Não te admires de eu te dizer:
importa-vos nascer de novo".

Como acreditar na prática mediúnica, ou seja,


na comunicação entre vivos e mortos se a igreja e a
Bíblia condenam essa prática ?
Alguns membros das igrejas podem até não
aceitar, mas por falta de orientação correta ou de
compromisso com a verdade. Quanto à Bíblia, pode haver
algum paradoxo por causa de algumas alterações
tendenciosas de algumas pessoas. A Bíblia não proíbe a
prática mediúnica ou prática espírita, muito pelo contrário,
cita várias passagens, tais como as amostras seguintes, pois
a Bíblia está recheada de citações mediúnicas. Ex.: (pág 21)
A – (1ª Sam. 28:3-25) O Rei Samuel consulta uma
médium e fala com o espírito de um morto;
B – (Isaias 8:19) "...acaso o povo não pode
consultar seus deuses e seus mortos em favor dos vivos?";
C – (1ª Sam. 9:9) Versa sobre a consulta ao
vidente...;
D – (Isaias 30:10) Eles dizem aos videntes...;
E – (1ª Crônicas 29:29) Samuel e Gade são
citados como videntes.
204
“A verdade em verdade vos digo”

E por que dizem que a Bíblia condena o


espiritismo ?
A Bíblia não condena o espiritismo. Alguns
religiosos é que tentam omitir a verdade a seus fiéis. Vejam
por exemplo:
A – No seu original, não condena;
B – Na versão grega, também não;
C – No texto latino, idem.
Na Bíblia de Jerusalém, edição paulinas, na
tradução para a língua portuguesa colocaram em
Deuteronômio 18:11, a proibição de se interrogar os mortos.
Allan Kardec, por volta de 1854 já combatia a
consulta indevida aos mortos, tal qual fez Moisés (Livro dos
médiuns Cap. 25, questões 273 a 275)
A 35ª edição da Bíblia dos irmãos testemunhas de
Jeová, editora Ave Maria, consta, em Levítico 19:31 "Não vos
dirijais aos espíritas, ..."
(Mt 18:20) "Onde estiver dois ou mais reunidos em
meu nome, ali estarei".
Obs: Jesus exclui alguém com estas palavras ?
Com as citações seguintes tiraremos possíveis
dúvidas se é a Bíblia ou o homem que tenta combater a
doutrina espírita, por falta de conhecimento ou por outro
motivo qualquer.
(Nm. 11:26-30) "...quem dera todo mundo fosse
profeta" (médium);
(1ª Sam. 28:3-19) O Rei Saul consulta uma
médium e fala com o espírito de um morto.;
(Mt 17:1-8) Jesus reúne Pedro, João e Tiago e
sobe ao monte tabor onde conversa com os espíritos de
Elias e de Moisés.; (Será que Moisés proibiu falar com os
mortos, etc ?)
(1ª carta de Paulo aos coríntios 12:4-11) diz que
há vários dons, mas que o espírito é o mesmo.;
(1ª aos Tessalonicenses 5:19-21) "Não extingais
os espíritos, discerni tudo e ficai com o melhor".;
(João, na sua 1ª carta, 4:1-3) nos alerta sobre a
comunicação dos espíritos impostores. A mesma orientação
de Allan Kardec.
205
“A verdade em verdade vos digo”

Diante de algumas citações acima, pode-se


afirmar que a Bíblias condena o espiritismo?
Obs.:
Estas foram as perguntas que mais me foram
direcionadas por conta da presente pesquisa. Por favor,
qualquer sugestão com o intuito de sanar possíveis
equívocos, será bem aceita.

MINHA PARTE

Diante de tudo isso, venho apresentar minha visão


sobre Deus:
Ora, é humanamente e eteriamente impossível
existir UM Deus. Um Deus que cuida de tudo e de todos
sozinho. Aliás, não existe fisicamente um deus, nem vários
deuses.
Deus é tudo que está no universo, ou seja, ele é o
universo! - veja logo mais uma breve explanação sobre o que
é o universo, física, científica e astronomicamente falando,
do universo.
Deus não dá nada a ninguém, nem mesmo tira de
alguém. Tudo de bom ou ruim que nos acontece, é fruto dos
nossos atos nesta e em outras vidas. Sim, porque é
impossível que tenhamos somente esta vida, pois se for
assim, Deus foi ingrato e injustos com alguns, e
demasiadamente generoso e benevolente com outros.
Ora, se Deus dá fome e doenças na África negra e
condições ideias de vida nos países nórdicos, ele é um puxa
saco deles?
Por que quando há um acidente de ônibus, por
exemplo, morrem alguns ou muitos, e outros escapam,
muitas vezes ilesos? Deus escolheu alguns de seus filhos e
desdenhou outros? Que pai faria isso?
Deus causou o acidente, já que ele tem o domínio
de tudo e de todos. E o mesmo acidente ele faz mães
chorarem desesperadas pelos seus filhos e outras clamam a
ele o salvamento de outros.

206
“A verdade em verdade vos digo”

Por que umas mães são melhores que outras na


concepção de Deus?
Aí vem alguém dizer que os desígnios de Deus
não são para nossa compreensão. Boa desculpa para os
religiosos, que exploram a fé dos incautos.
Por que no mesmo dia que nasce uma criança
sadia, em berço de ouro, com todo o futuro promissor, nasce
também uma criança pobre, deficiente física ou psíquica,
sem futuro ou perspectiva alguma? Sem motivo algum, pois
já que nasceram no mesmo dia, puros, inocentes, que mal
fizeram a Deus ou alguém? Vidas passadas!!!!!!!!
Por isso minha afirmação de que Deus não dá
nada nem tira de ninguém. Mesmo porque não pode nunca
ter existido um Deus físico. Se pensarmos bem, a bíblia, que
é a maior farsa de todos os tempos, já que privilegia somente
o povo judeus (que não sei se é para rir ou chorar), diz que
somos feitos a imagem e semelhança de Deus. Pronto! Se
isso é verdade Deus precisou de um pai e uma mãe para
nascer, senão não somos imagem e semelhança coisa
nenhuma. E era para sermos todos homens, já que Deus
supostamente é homem.
E ainda, vou mais adiante: Jesus precisou de uma
mãe e um pai. A conversa de que Maria engravidou de um
anjo, é pra boi dormir. Para que deus usaria um anjo
engravidando uma mulher terrena, se ele poderia com todos
os poderes a ele atribuídos, ter colocado Jesus diretamente
na terra sem precisar de mãe. Se precisou de mãe, precisou
de pai também, senão vira histórias de criancinhas.
Tudo de bo0m agradecemos a Deus, tudo de ruim,
reclamamos, mas não recriminamos Deus, falando que foi
ele que quis.
Partindo desse pressuposto, concluo que Deus é
ditador, autoritário e nos obriga a crer e seguir o que ele
deseja, senão sofreremos, como está escrito em todas as
religiões! Ele nos obriga a aclamar o povo judeu, daí a
discriminação para com os outros povos, principalmente com
os árabes, os maldoso da história. Pois nem os romanos que
crucificaram Jesus, a mando dos judeus, ele castigou, já que
a Itália é um país rico e evoluído.

207
“A verdade em verdade vos digo”

Na Bíblia fala que Deus pedia autorização a


Moisés para matar quem não o seguisse. Desde quando
Deus precisa de autorização de alguém para fazer alguma
coisa?
Alguns atos da humanidade são atribuídos a
Deus, em qualquer religião ou lugar. Em nome de Deus a
Igreja Católica matou, queimou durante a inquisição. Em
nome de Deus os evangélicos pregam a abstinência de
muitas coisas, mas nunca a abstinência do dizimo. Os
muçulmanos, em nome de Deus, explodem outros irmãos
pregando a Jihad – guerra santa. Até em nome de Deus os
ateus pregam a sua inexistência sob qualquer forme, e os
agnósticos, pregam a dúvida sobre a existência de Deus.
Nenhum deles, Deus pune ou castiga, porque é da
natureza de Deus o amor, a vida e o livre arbítrio, que nós e
Deus temos.
Ora, a vida é um espelho, tudo que fazemos de
bom ou de ruim, fazemos para nós mesmo. Pois, quando
olhamos num espelho, a gente se enxerga nele, não
enxergamos ninguém mais.
Deus é o tudo e o nada. O tudo pois, ao nosso
redor o que vemos e sentimos, é Deus. E o nada, porque
nunca o alcançaremos nem chegaremos a senti-lo. Não
fisicamente.
Deus não teve começo nem terá fim, assim como
nós, que somos uma centelha dele. Deus é a criação, o
criador, o mundo, o universo, somos nós, são os animais,
plantas, minérios o ar, o fogo, etc.
Quando estamos fazendo o bem, estamos alegres
e otimistas somos Deus, quando estamos o contrário, somos
o demônio.
Aliás, por falar em demônio, coitado, nunca existiu
nem existirá! Deus não faria sua antítese. A história de que o
demônio foi um anjo que rebelou, Lúcifer, e Deus não o
trouxe de volta, me faz deduzir o seguinte:
Primeiro – Deus é imperfeito, já que fez um filho
malfeito, que não seguiu sua formatação, e se rebelou
querendo ser ele, Deus.
Segundo – Deus é mais imperfeito que eu
imaginei, pois além de ter errado na “fabricação” deste filho
208
“A verdade em verdade vos digo”

ingrato, ele não conseguiu consertá-lo, fazendo voltar a ser


bom.
A verdade é que Deus é totalmente perfeito, nunca
existiu demônio, capeta, diabo, duba-dubá, ou qualquer outro
ser parecido. O diabo está dentro de nós assim como Deus
está. O bem e o mal são Deus. Deus é tudo. Ou então ele
não existe e as coisas surgiram do nada.
Aliás, falando em nada, a teoria do big bang que
criou o mundo - outra idiotice -, por onde andava Deus
antes? Ou o big bang é Deus. Antes de Deus, o que existia,
antes de tudo surgir, quem fez Deus?
Deus, sempre esteve, pois ele não é nada, já que
nunca o veremos, e é tudo, já que tudo que está aí é Deus.
Não prego o ateísmo nem o agnosticismo. Pois a
força criadora existe. O nosso pensamento de bem ou de
mal, o voo de um pássaro, avião ou disco voador, é Deus.
Os esportes, as armas, os salvamentos, os
assassinatos, os foguetes, a lua, a galáxia. Sim as galáxias,
pois todos os planetas e rincões desse universo é habitado.
Seria muita prepotência nossa achar que somente a Terra é
habitada. Ou para que serviria todos os outro planetas e
astros? Para enfeitar as noites de namorados? Ou Deus não
tinha mais o que fazer depois de nos criar na Terra, ele
resolveu encher o céu de penduricalhos e bugigangas? Ou
seria a versão dos evangélicos, somente para iluminar as
noites escuras? O sol serve para que mesmo? Deus tem
muitas habitações e lugares para tomar conta, não pode
somente se preocupar com a Terra.
E para que serve a morte? Para que Deus nos tira
a vida que ele mesmo nos dá? Seria ele um zombador?
Por que das dificuldades que passamos? Por que
o mundo não é um paraíso? Seria a interpretação de Adão e
Eva? E seus filhos, Caim e Abel?: Qual dos dois era mulher
ou hermafrodita? Pois tiveram filhos, e Caim, depois de
matar Abel, foi vendido a outros povos, como forma de
castigo. Que outros povos eram esses, já que somente
existia, Eva, Adão, Caim e Abel?
São fatos que nos leva a imaginar o quanto fomos
enganados todo esse tempo, por aproveitadores religiosos,

209
“A verdade em verdade vos digo”

que dominaram e dominam o mundo até hoje, usando a


nossa “boa-fé”!
Como Sigmund Freud disse um dia, “a crença em
Deus vem do desejo de um pai protetor e imortalidade, ou
como um ópio contra a miséria e sofrimento da existência
humana”. Pode ser um pouco radical demais, mas em
síntese é isso mesmo que sempre ocorreu na história
religiosa da humanidade, junco com a sede, o desejo e a
necessidade de controlar o povo.

“Atos” de Deus na Terra

Desde a criação do nosso planeta, vem


acontecendo mudanças, transformações e revisões. Tudo
por parte de Deus. Mesmos as nossas intervenções na
natureza, foram feitas por Deus, já que somos as mãos dele
aqui.
Os terremotos em quase todo o planeta,
excluindo, quase que exclusivamente o Brasil, os maremotos
e os vulcões, idem. Por que nós fomos privilegiados sem
esses fenômenos naturais? Nós que somos uma nação
nova, poderíamos sofrer muitas coisas, pois nações antigas,
já sofreram bastante.
Não me entra na cabeça o fato de Deus ser tão
mesquinho e discrepante.
Não existe justiça ou injustiça. Perfeição ou
imperfeição. Com Deus tudo é correto. Ele nunca causaria
dano a alguém em benefício de outrem.
Um pai não castiga um filho e deixa outro livre,
sendo os dois com o mesmo índice de bondade ou maldade.
Por que alguns são presos por serem maus, delinquentes e
tenebrosos? Por que outros não são assim? Imperfeição de
Deus? Não! Vidas passadas!
Por que outras pessoas tentam a vida toda
conseguir um futuro confortável, batalha é honesto, trabalha,
faz sempre o bem, e não consegue atingir esse patamar.
Conquanto que outros recebem tudo facilmente?
È de se imaginar que toda a bondade e
compreensão dessa força tem um limite, um fim. Isso é a
razão de coisas boas e más, de gente boa e má, precisamos
210
“A verdade em verdade vos digo”

desses preceitos para evoluirmos. Você pode perguntar, se


Deus é bondade, por que dessas situações? Respondo que
ele é bondade e maldade, ele sopra o bem, e nós temos a
autonomia de seguir ou não. Essa autonomia só atrasa a
nossa evolução, já que não somos bons o tempo todo. Por
isso que Deus não dá nem tira, você cava ou não sua própria
sepultura, falando metaforicamente. Como disse uma vez o
célebre escritor espanhol, Miguel de Cervantes, "Deus tem
paciência com os maus, mas não para sempre".
Seria um despropósito de Deus. Já que ele nos
colocou no mundo com igualdade de condições e
competitividade. Não justifica ajudar uns e não outros. Então
Deus não dá mesmo nada ninguém, nem tira de ninguém.
Deus criou as doenças, algumas ele ensinou a
cura, e outras não. Por que? Alguns povos da Terra têm mais
sabedoria, inteligência e destino melhores que outros. Por
que se somos todos filhos dele? Não justifica trabalharmos,
construirmos um patrimônio, educar os filhos, ter uma
aposentaria digna, e outros irmãos fazer o mesmo trabalho e
nunca ter nada.
Os simples mortais sofrem as mazelas dos dias,
as rotinas de pegar um trânsito ruim nas grandes cidades,
longas distâncias percorridas, e alguns privilegiados políticos,
roubarem, desviar fundos de saúde, burlar a lei, e
continuarem soltos, ricos, felizes e com imunidade. Isto é
Deus quem fez? Sim, partindo do princípio de que Lê tudo
vê, foi ele sim.
Aí eu entro no tema: Deus não dá nem tira nada
de ninguém. Tudo que acontece com o nosso planeta, é obra
nossa junto com o que está escrito pelos engenheiros
planetários, há milênios.
Não culpemos Deus. Também não devemos dar
crédito a ele pelas coisas virtuosas. Porque as coisas
virtuosas ou ruins acontecem com todos, e não há
interferência divina. Deus não é injusto, porque ele não criou
justiça. Ele não é puro, já que não criou impurezas, ele não
certo porque não criou o errado. Ele simplesmente é uma luz
que não teve começo nem terá fim, então nunca existiu e
sempre esteve aí.

211
“A verdade em verdade vos digo”

O próprio Jesus disse certa vez: "O que queres


que os homens façam por ti, faça igualmente por eles."
O que podemos fazer para sermos felizes sem
Deus? Tudo, pois tudo está a nossa frente. bom e ruim.
Assim como elucidou o escritor, poeta e artista parisiense,
Jean Cocteau, "Deus não teria alcançado nunca o grande
público sem a ajuda do Diabo."
Não adiante você passar os dias rezando, orando,
fazendo referências a Allah, Jeová, Buda, Pai de Santo, ou
qualquer expressão de fé, se você não faz as coisas certas.
Costumo usar um simples exemplo: Faço uma aposta com
qualquer pessoa, faremos uma inscrição em um concurso ou
vestibular. Passarei um mês estudando e o meu oponente
apostador, passará um mês rezando somente, pedindo a
Deus para passar. Veremos quem terá melhor sorte e
sucesso. Escreveu Mikhail Bakunin: “A existência em Deus
implica necessariamente a escravidão de tudo abaixo dele.
Assim se Deus existisse, só haveria um meio de servir a
liberdade humana: seria o de deixar de existir.”
Isso prova que Deus não interfere em nada nesse
universo. Tudo está dentro de nós. Cada um temos uma
aptidão, ou dom. Isso é parte de Deus, como somos, pois
precisamos de todas as aptidões, de médicos, engenheiros,
taxistas, pedreiros, garimpeiros, padeiros, cozinheiros, para
que tenhamos uma sociedade e uma vida sequencial. Isso é
Deus evoluindo junco conosco, as centelhas.
Há uma vasta e elucidante explicação sobre Deus,
no livro O Evangelho Á Luz do Cosmo, de Ramatís, onde em
uma linguagem “terrena”, ele esclarece algumas verdades.
Vale a pena lerem.
Se você considerar Deus um ser que nos
influencia e influencia o cotidiano do universo, estaremos
deixando na mão de um ser que falhou antes, e falhará de
novo, correndo o risco do fim da existência. Falo de um ser
pregado para nós ao longo da humanidade terrena, pois
criou um anjo, e esse anjo rebelou. Criou o paraíso, colocou
simples mortais lá, e eles acabaram com o mesmo. Criou
através, de um outro humano, os mandamentos que
tornaram-se obsoletos diante dos avanços e as
consequências trazidas por eles. Então é ou não é um ser
212
“A verdade em verdade vos digo”

que falhou? Ou então esse ser não é Deus, já que ele não
falha nunca. Essa força criadora, esse pensamento, essa
inspiração, esperança, ideal, correção e exatidão nunca
falharam. Por isso o mundo é Deus, e não feito por Deus.
Nós que somos centelhas, fagulhas por assim dizer, é que
falhamos, como as vezes nossos movimentos, cálculos ou
pensamentos são falhos, e somos sentenciados por isso,
acontece o mesmo com Deus, quando nós falhamos. A sua
sentença é a não evolução momentânea. Imagine todo o
universo evoluindo e |Deus precisando dessa evolução.
Como nos ditou bem o grande inglês Victor Hugo, "Deus é a
evidência invisível”.
Precisamos também de “outras” aptidões, como
ladrões, malfeitores, inescrupulosos, corruptos, doentes, etc,
para que as profissões acima tenham efeito de existirem.
Isso também é Deus.
Precisamos dos animais, das plantas, dos astros e
asteroides, chuvas e das secas, pois desenvolvimentos
ocorrerão com estes fenômenos, e os seres vivos citados
nos ajudam na evolução espiritual, como os animais
domésticos, principalmente – nossos irmãos.
Essas necessidades descritas acima, são
inerentes e referentes ao nosso planeta Terra.
Aos outros, bilhões deles, cada um com suas
necessidades. Porém, todas sevem para evoluirmos. Para
chegarmos no que Deus é hoje, e o que ele foi ontem, pois
assim ele chegará mais distante, mais evoluído. Até quando?
Esse é o verdadeiro segredo de Deus. Como disse Ayran
Rand, "Deus... um ser cuja única definição é que ele está
além do poder do entendimento humano".
Buda disser outrora: "A Vida não é uma pergunta a
ser respondida. É um mistério a ser vivido”, no caso, Deus é
a vida, é o mundo, é o vento, são as plantas, as galáxias, etc,
pois como o próprio Jesus disse, “no reino de meu pai,
existem várias moradas”, para um bom entendedor...

Deus e o Infinito

213
“A verdade em verdade vos digo”

Não é pelos sentidos que podemos chegar ao


infinito, assim como não é através dos olhos que podemos
ver a substância ou essência. Não é pelos sentidos que
chegamos a esta conclusão, porque o infinito não pode ser
objeto dos sentidos. E quem nega o infinito por não ser
sensível, nega o próprio ser. Por isso resta apenas ao
intelecto julgar e dar razão sobre aquilo que é afastado do
tempo e do espaço.
Se o mundo é finito e fora do mundo nada existe,
onde está o mundo? Onde está o universo? Estarão o céu e
o mundo em parte alguma?
O que está além do mundo? Se a resposta é
nada, então é certo dizer que há o vácuo. E que o vácuo não
possa ter limites senão o limite que separa ele mesmo do
mundo. Pois um nada limitado seria muito mais difícil de
imaginar.
Por não haver limite, nem termo ou superfície, é
dito com razão que o universo onde o nada e o mundo estão
(se é que se pode afirmar que o nada está em algum lugar) é
“Todo Infinito”, porque não possui limite e nem termo. Porém
não pode ser dito que é “Totalmente Infinito”, pois dizer isso
é o mesmo que afirmar que cada parte tomada do universo é
infinita também. E não é pois, como dito, o mundo finito é
parte do universo infinito. E sobre ser “Todo Infinito”, digo
que Deus também é, por excluir de si qualquer termo ou
limite e também por que cada um de seus atributos é uno e
infinito. Mas Deus também é “Totalmente Infinito” porque
está inteiramente em todo o mundo e em cada uma de suas
parte, diferente da infinitude do Universo que existe
totalmente no “todo”, e não nas “partes”.
Logo, por todas as razões segundo as quais se
afirma ser conveniente, justo e necessário este mundo,
considerado como finito, assim também devem ser
considerados convenientes e justos todos os outros
inumeráveis mundos, aos quais, pelo mesmo raciocínio, a
onipotência concede a existência; e sem os quais ela mesma
viria a ser acusada de deixar um vácuo, em outras palavras,
por não querer ou não poder, onde não há a existência do
ser há o universo infinito de nada.

214
“A verdade em verdade vos digo”

Que motivo nos levaria a acreditar que o agente,


podendo fazer um bom infinito, o faça finito?
E se o faz finito, por que devemos acreditar que
possa fazê-lo infinito, sendo nele a mesma coisa o poder e o
fazer? Pelo seguinte:
-se é imutável, não há contingência nem na
operação, nem na eficácia, mas de uma de uma determinada
e certa eficácia depende imutavelmente determinado e ceto
efeito;
-daí não poder ser outra coisa senão aquilo que é,
nem poder ser aquilo que não é;
-nem pode ser senão aquilo que pode;
-não pode querer outra coisa senão aquilo que
quer;
-e necessariamente, não pode fazer outra coisa
senão aquilo que faz;
-porquanto, possuir a potência distinta do ato é
próprio somente das coisas mutáveis.
Certamente não é sujeito de possibilidade ou
potência aquilo que nunca existiu, não existe e nunca
existirá;
Se o primeiro eficiente não pode querer nada mais
além daquilo que quer, também não pode realizar nada além
daquilo que faz.
Por isso não há como crer na potência ativa
infinita, à qual não corresponda potência passiva infinita,
pretendo que faça apenas um e finito aquele que, no infinito
e imenso, pode fazer inumeráveis, sendo sua ação
necessária, porque precede de tal vontade que, por ser
imutabilíssima, antes, a própria imutabilidade, é ainda a
própria necessidade. E por isso é necessário afirmar das
duas uma;
-ou que o eficiente seja reconhecido como causa
e princípio de um imenso universo que contém inumeráveis
mundos;
-ou que dependendo dele um universo finito, com
astros de números determinados, seja atribuído a uma
potência ativa e determinada, como é determinado e finito o
ato, pois tal é a vontade e tal é a potência, qual é o ato.

215
“A verdade em verdade vos digo”

Se o universo for Infinito e Imóvel, não é


necessário procurar o motor dele. E mais, se infinitos são os
mundos contidos no universo, todos se movem pelo princípio
interno, que é a própria alma. E também cada mundo, ou
astro, assim como esta Terra, não estão fixos em parte
alguma, e giram em volta de seu próprio eixo ou em torno de
um sol, movidos pelo instinto animal interno e tais mundos,
inumeráveis, são similares ao do sistema solar.
Porém, o movimento dos astros não seria esférico
como Copérnico havia apresentado. Bruno suprime a esfera
das estrelas fixas conservada por Copérnico e alarga o
universo ao infinito. O universo não tem limites nem
referência absoluta e, portanto, as várias imagens dele são
relativas: qualquer ponto é centro - periferia.
Como no exemplo onde: algo que suba da terra
em direção a lua, para quem estiver na lua lhe parecerá que
está caindo da terra em direção ao solo lunar e não subindo.
E assim é tão certo afirmar que algo que esteja caindo está
subindo ao mesmo tempo, quanto afirmar sobre a
impossibilidade de o infinito ser tão verdadeiro quanto
afirmar que o universo é infinito, mesmo que pareça absurdo,
e também é por isso que de forma alguma é oportuno
destruir a filosofia alheia para confirmar a própria, pois na
verdade são apenas argumentos e palavras jogadas ao
vento.
No Universo de Giordano bruno - teólogo, filósofo
e frade dominicano italiano, que viveu na Idade Média e foi
executado na fogueira da Inquisição, acusado de herege
(isso prova mais uma vez minha teoria de que Deus pregado
pelas religiões ´é um autoritário, déspota e ditador
sanguinário), pronunciou antes de morrer: "Ainda que isso
seja verdade, não quero crê-lo; porque não é possível que
esse infinito possa ser compreendido pela minha cabeça,
nem digerido pelo meu estômago..." - o movimento de todas
as coisas não seria de natureza puramente mecânica, como
se o mundo fosse um jogo de partículas móveis, cujo
deslocamento seria resultado de um movimento inicial
gerado por um ser superior, – como Aristóteles apresenta –
um primeiro motor que possa gerar movimento e mesmo
assim ser imóvel, que explicado por São Tomás de Aquino
216
“A verdade em verdade vos digo”

seria Deus. Assim, a ortodoxia cristã, apoiada na metafísica


aristotélico-tomista, coloca Deus como a primeira causa e
transcendente, ou seja, tem existência plena e separada de
suas criaturas. Bruno, ao contrário, considera Deus como
aquilo que consiste na própria essência de todo Universo e
idêntico a ele. Deus seria o próprio mundo, não podendo ser
o criador do Universo.
Mas a Igreja interpretou de outra forma suas
afirmações. Com pensamentos como este de que o universo
é formado por inumeráveis mundos onde as coisas são
relativas e por isso não podem ser confirmadas, a igreja
conclui que Bruno afirma que além da bondade ser relativa,
Deus também é assim como pode ter havido um Jesus em
cada mundo.
Bruno causa inquietação na Igreja Católica que,
por ordem papal, decide e aprova o suplício de Bruno em
1600, executado "sem que o sangue fosse derramado", isto
é, Bruno foi queimado vivo na fogueira em praça pública,
visto por todos inclusive pelo governador da cidade. O que
causou enorme desconfiança da ciência para com a Igreja.
Até hoje a Igreja Católica só deplorou a execução, mas não
os motivos da sua condenação. E o Pontificam Consilium
Cultura que reabilitou Galileu Galilei, somente em 1992,
ainda não tomou uma decisão favorável a Giordano Bruno. A
obra de Bruno por sua vez só foi retirada do Index dos livros
proibidos aos católicos em 1948, mostrando mais uma vez
como foi mal visto pela Igreja por apresentar uma ideia de
mundo que depois foi tão fácil aceita por tantos outros
pensadores como: Newton, Koyré e Einstein.
Por ser assim, todo movimento relativo, no todo
nada é imóvel, nem mesmo a terra, – como Copérnico viera
confirmar com seu heliocentrismo – e os astros,
erroneamente tomados por estrelas fixas, são sóis de
longínquos sistemas solares copernicanos.
O porque de tudo isso é que nos faz querer o bem,
a o amor, as coisas corretas. É a esperança de que Deus
veja isso, a evolução veja isso. Sem esse segredo que um
dia, nem que leve bilhões de anos, começaremos a entender.
E quando isso acontecer, outros segredos e outros tipos de
evoluções surgirão. Isso é Deus. O segredo, a fé, a
217
“A verdade em verdade vos digo”

esperança, o bem e o mal, a fé e a falta dela, o demônio e o


anjo, o tudo e o nada, o infinito...

O Universo

A palavra Universo deriva do francês


antigo Univers que por sua vez deriva do latim universum. A
palavra latina foi usada por Cícero e posteriormente outros
autores com o mesmo sentido que é usada atualmente. A
palavra latina é derivada da contração poética Unvorsum -
usada primeiramente por Lucrécio no Livro IV (linha 262) de
seu De rerum natura (Sobre a Natureza das coisas) - que
conecta un, uni (a forma combinada de unus, ou "one")
com vorsum, versum (um substantivo derivado do particípio
passivo perfeito de vertere, que significa "algo rodado, rolado
ou mudado"). Lucrécio usou a palavra com o sentido "tudo
em um só, tudo combinado em um".
Uma interpretação alternativa de unvorsum é "tudo
girando como um" ou "tudo girando através de um". Nesse
sentido, pode ser considerada a tradução de uma palavra
para Universo no grego antigo, περιφορα, "algo transportado
em um círculo", originalmente utilizada para descrever o
percurso de uma refeição, a comida sendo carregada em
torno de um círculo de mesas. Esta palavra grega refere-se
a um modelo grego antigo do universo, onde toda matéria
está contida dentro de esferas giratórias centradas na Terra;
de acordo com Aristóteles, a rotação da esfera
ultraperiférica era responsável pelo movimento e mudança
de tudo. Era natural para os gregos assumir que a Terra era
estacionária e que os céus giravam sobre a ela, porque
cuidadosas medidas astronômicas e físicas (como o Pêndulo
de Foucault) são necessárias para provar o contrário.
O Universo é constituído de tudo o que
existe fisicamente, a totalidade do espaço e tempo e todas as
formas de matéria e energia. O termo Universo pode ser
218
“A verdade em verdade vos digo”

usado em sentidos contextuais ligeiramente diferentes,


denotando conceitos como o cosmo, o mundo ou natureza.
A palavra Universo é geralmente definida como
englobando tudo. Entretanto, usando uma definição
alternativa, alguns cosmologistas têm especulado que o
"Universo", composto do "espaço em expansão como o
conhecemos", é somente um dos muitos "universos",
desconectados ou não, que são chamados multiversos. Por
exemplo, em Interpretação de muitos mundos, novos
"universos" são gerados a cada medição quântica. Acredita-
se, neste momento, que esses universos são geralmente
desconectados do nosso, portanto, impossíveis de serem
detectados experimentalmente. Observações de partes
antigas do universo (que situam-se muito afastadas) sugerem
que o Universo vem sendo regido pelas mesmas leis físicas e
constantes durante a maior parte de sua extensão e história.
No entanto, na teoria da bolha, pode haver uma infinidade de
"universos" criados de várias maneiras, e talvez cada um
com diferentes constantes físicas.
Ao longo da história,
varias cosmologias e cosmogonias têm sido propostas para
explicar as observações do Universo. O primeiro
modelo geocêntrico quantitativo foi desenvolvido
pelos gregos antigos, que propunham que o Universo possui
espaço infinito e tem existido eternamente, mas contém um
único conjunto de círculos concêntricos esferas de tamanho
finito - o que corresponde a estrelas fixas, o Sol e
vários planetas – girando sobre uma esférica mas
imóvel Terra. Ao longo dos séculos, observações mais
precisas e melhores teorias levaram ao modelo
heliocêntrico de Copérnico e ao modelo newtoniano do
Sistema Solar respectivamente. Outras descobertas na
astronomia levaram a conclusão de que o Sistema Solar está
contido em uma galáxia composta de milhões de estrelas,
a Via Láctea, e de que outras galáxias existem fora dela, tão
219
“A verdade em verdade vos digo”

longe quanto os instrumentos astronômicos podem alcançar.


Estudos cuidadosos sobre a distribuição dessas galáxias e
suas raias espectrais contribuíram muito para a cosmologia
moderna. O descobrimento do desvio para o vermelho e
da radiação cósmica de fundo em micro-ondas revelaram
que o Universo continua se expandindo e aparentemente
teve um princípio.
De acordo com o modelo científico vigente do
Universo, conhecido como Big Bang, o Universo surgiu de
um único ponto ou singularidade onde toda a matéria e
energia do universo observável encontrava-se concentrada
numa fase densa e extremamente quente chamada Era de
Planck. A partir da Era Planck, o Universo vem
se expandindo até sua atual forma, possivelmente com
curtos períodos (menos que 10−32 segundos) de inflação
cósmica. Diversas medições experimentais independentes
apoiam teoricamente tal expansão e a Teoria do Big Bang.
Esta expansão tem-se acelerado por ação da energia escura,
uma força oposta à gravidade que está agindo mais que esta
devido ao fato das dimensões do Universo serem grandes o
bastante para dissipar a força gravitacional. Porém, devido
ao escasso conhecimento a respeito da energia escura, é
ainda pequeno o entendimento do fenômeno e sua influência
no destino do Universo.
Atuais interpretações de observações
astronômicas indicam que a idade do Universo é de 13,73
(± 0,12) bilhões de anos, e seu diâmetro é de 93 bilhões
de anos-luz ou 8,80 ×1026 metros. De acordo com a teoria
da relatividade geral, o espaço pode expandir-se tão rápido
quanto a velocidade da luz, embora possamos ver somente
uma pequena fração do universo devido à limitação imposta
pela velocidade da luz. É incerto se a dimensão do espaço é
finita ou infinita.
E para finalizar, deixo este texto extraído da obra
de Baruch Spinoza, também conhecido Bento de Espinoza e
220
“A verdade em verdade vos digo”

Benedito Espinoza, nasceu em Amsterdã em 1632 e faleceu


em Haia em 1677, aos 44 anos, de tuberculose. Foi um
grande racionalista do século XVII da Filosofia Moderna. Seu
nome hebreu era Baruch, significando abençoado, e, em
suas obras publicadas em Latim, Benedictus, nas palavras a
seguir ele estava inspirado da sabedoria divina, estava em
estado de ser Deus:
“Para de ficar rezando e batendo o peito! O que eu
quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua
vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes
de tudo o que Eu fiz para ti.
Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e
frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha
casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios,
nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu
amor por ti.
Para de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca
te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou
que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente
que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu
êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te
fizeram crer.
Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas
que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num
amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos
olhos de teu filhinho… Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como
fazer meu trabalho?
Para de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo,
nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te
castigo. Eu sou puro amor.
Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar.
Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de
prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências,

221
“A verdade em verdade vos digo”

de livre arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo


que eu pus em ti?
Como posso te castigar por seres como és, se Eu
sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para
queimar a todos meus filhos que não se comportem bem,
pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer
tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te
controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e
não faças o que não queiras para ti.
A única coisa que te peço é que prestes atenção a
tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia. Esta vida não
é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho,
nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é
o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem
castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um
placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre
para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida,
mas posso te dar um conselho. Vive como se não o
houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de
aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás
aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te
perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se
tu gostaste, se te divertiste… Do que mais gostaste? O que
aprendeste?
Para de crer em mim – crer é supor, adivinhar,
imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me
sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua
amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu
cachorro, quando tomas banho no mar.
Para de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu
acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me

222
“A verdade em verdade vos digo”

cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o


cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?… Expressa tua
alegria! Esse é o jeito de me louvar. Para de complicar as
coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre
mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e
que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres? Para que
tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás.
Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti.”

Definindo Deus- Sigam-me...

O próprio Cosmos já é Deus, e se explica


obviamente. Tudo que nos acontece ou acontece no
universo, é sempre relacionado à existência do Criador.
Ou de uma criadora. Porque mesmo se aceitarmos o Big
Bang como ponto inicial, o que aconteceu ou existiu antes
dele? O vácuo, então o vácuo é Deus também. Não teve
princípio e nem terá fim, nunca. E se o Big Bang existiu
desta maneira pregada pela ciência, ele passa a ser Deus
imediatamente, daí não pode nunca ter existido um ser
Deus, e sim uma consciência, uma razão, uma força, um
sopro... O sopro divino!
Se o universo não é infinito como sugeriu
artigos científicos anteriormente citados, o que tem depois
do universo? O que tem depois do fim? Outro universo?
Outro infinito? Então ele nunca terá fim, nunca terá
também um começo!
É dele que procedem todas as realidades. Em
quem é perfeito, e nada pede, nada possui, de nada
precisa, há uma como superfluidade; e esse excesso
produziu outra coisa...
Desde que um ser chega ao ponto de perfeição,
vemos que engendra; não suporta confinar-se em si
mesmo, mas cria outro ser. Como, pois, o ser mais
perfeito, o Bem, ficaria imóvel em si mesmo? É por

223
“A verdade em verdade vos digo”

vontade? É por impotência? Ele que é a potência de todas


as coisas? E como, então, seria o princípio? Cumpre, pois,
que alguma coisa venha dele.
Uma luz irradiada e difusa sai dele, enquanto
ele permanece como o esplendor que cerca o sol é
perpetuamente engendrado por ele, que permanece o que
é. O ser perfeito é impessoal. Não criou coisas distintas
dele; envolve, compreende em si tudo quanto existe. É
universidade e totalidade. È Deus, a natura naturante,
como unidade; é o mundo, conjunto de mundos, a natura
naturata, como totalidade.
Portanto, nada é mais útil ao homem que o
próprio homem. Os homens nada podem desejar mais
vantajoso para conservar seu ser que concordarem todos,
de tal modo que as almas e os corpos de todos não
formem, de certo modo, mais que uma só alma e um só
corpo; e todos juntos, com todo o poder, se esforcem por
conservar por conservar seu ser; e todos juntos procurem
a utilidade comum a todos. Donde resulta que os homens
governados pela razão, isto é, os que buscam o que lhes é
útil conduzido pela razão, nada desejam para si que não
desejam também para os outros homens e, em
conseqüência, são justos, de boa fé e honestos.
O homem é um Deus para o homem.
Deus não é apenas a causa de todo o
conhecimento; é, também, a causa de todas as
modificações que se produzem no universo.
“A causa verdadeira é uma causa entre a qual e
seu efeito o espírito percebe ligação necessária”. Ora, não
se percebe ligação necessária entre causa e efeito no
mundo dos corpos: sem a experiência, o mais vigoroso
espírito não advinharia o que vai acontecer quando uma
bola bate noutra. E, nem há ligação necessária no mundo
dos espíritos, nem nas relações entre espíritos e corpos.
Não há qualquer ligação necessária entre meu desejo de
mover o braço e o movimento desse braço.
Não há senão o ser infinitamente perfeito entre
cuja vontade e os efeitos o espírito perceba uma ligação
necessária. Só Deus, pois, é a verdadeira causa...

224
“A verdade em verdade vos digo”

As causas não naturais são verdadeiras


causas, não passam de causas ocasionais, que só agem
pela força e eficácia da vontade de Deus (Cosmos). Os
homens querem mover o braço e só Deus pode e sabe
move-lo. Por isso se o homem move o mesmo, é porque
Deus quis e se Deus quis e esteve dentro do homem para
movê-lo naquele momento, somos uma fagulha, uma
centelha de Deus, por isso somos Deus também e
estamos com deus dentro de nós. O tempo todo e todo o
tempo!
Deus, onipresente nos corpos e nas almas, pôs
no homem inclinações a que se referem paixões variáveis
segundo os indivíduos. Uma inclinação profunda nos
orienta para felicidade: “Não me pergunteis por que eu
quero ser feliz, perguntai-o á aquele que me fez, pois isso
absolutamente não depende de mim (Jesus de Nazareth).
A moral dará a essa causa inclinação e
orientação conveniente, revelando relações de perfeição
que Deus concebe e que, impondo silêncio a nossas
paixões, nele podemos descobrir.
Assim tudo vem de Deus, tudo leva a Deus.
Tudo é Deus, todos somos Deus. Tanto no bem ou no
mal, no certo ou no errado, pois não existe nada anterior a
Deus que possa ter o mesmo mo poder, tanto de fazer o
bem como o mal. Deus é o ser sem restrições, todo o ser,
o ser infinito e universal.
Se o espírito é algo de divino em relação ao
homem, essa vida é divina em relação á vida humana.
Não se deve, contudo, seguir o conselho dos que querem
que não nos elevemos acima da humanidade porque
somos homens, que nos contentamos com o destino de
uma criatura mortal porque somos mortais em carne;
devemos aplicar-nos, tanto quanto possível, em nos
tornarmos dignos da imortalidade do espírito, e esforçar-
nos por conformar com a vida que nos foi emprestada,
com o que há, em nós, de mais sublime.
Essa força absolutamente perfeita, que
conhecemos por Deus, é caracterizada pela mais alta
atividade que possamos conhecer: Ele pensa. Mas seu
pensamento em ato não pode ser senão um objeto
225
“A verdade em verdade vos digo”

perfeito, isto é, ele mesmo. Não podemos pensar em nós


mesmos: Deus é pensamento; é o pensamento do
pensamento.
Assim, a ação dessa força sobre o mundo não
pode ser a de um criador, nem de uma providência: Motor
imóvel atrai todas as coisas só pelo atrativo de sua
perfeição.
Nenhuma realidade tem valor, nem mesmo
existência verdadeira senão pela participação do bem
Supremo. “Todos os seres naturais têm, assim, algo
divino”. Tem Deus dentro, ou é parte de Deus. Daí uma
fórmula interessante, na qual pode ser resumida a mais
alta concepção do magnífico Aristóteles: “O mundo é um
pensamento que não se pensa, suspenso de um
pensamento que se pensa”.
A progressão dos seres começa na potencia em
que toda oposição está envolvida; acaba na ação superior
a toda oposição; o movimento preenche todo o intervalo.
Do seio da indeterminação e da infinidade do possível, a
natureza se eleva por degraus para o fim e atrai e, á
medida que aproxima, nela domina o ser sobre o não-ser,
o bem e o belo sobre o mal; o lado negativo da dupla série
dos contrários mergulha cada vez mais na sombra, o outro
brilha cada vez mais, da luz divina do ser e do bem
absoluto...
O mal não é, pois, como o bem, um princípio e
o mundo não está repartido entre dois princípios inimigos.
O mal tem sua fonte na potência e não se manifesta senão
no desenvolvimento da oposição que ela encerra; é a
privação do bem e, pois, o próprio bem em potência. Não
é um ser e não há mal que subsista em si mesmo, fora
dos seres; é, como o infinito (indeterminado), aquilo que
não é e que vem a ser, é a imperfeição, a falta, a
impotência resultante da própria potência e da qual aspira
a desprender-se...
O mal não existe por si mesmo e também não é
Deus a causa do mal. Deus é o bem absoluto, sem
gradação ou diferença: cada ser recebe de Deus (a força)
segundo seu poder, o bem com a vida. Deus é a razão
única de tudo quanto há de bem em todo o ser; pois o bem
226
“A verdade em verdade vos digo”

de uma coisa é seu fim e não há senão pelo fim. A razão


da desigualdade entre os seres na participação do bem é
a necessidade invencível e a fatalidade da matéria, e a
matéria é o possível que envolve a impotência e a
imperfeição.
Tudo não pode, pois, atingir o fim supremo; pelo
menos tudo aspira a isso e para isso marcha sem cessar...
Nunca! Sem cessar o mal é vencido pelo bem e o mundo
(universo), tal como é, é o melhor dos mundos possíveis.
O universo, a ciência, a virtude, o mundo do
corpo e da alma, tudo não passa de instrumento, de órgão
feito para servir o pensamento divino; e além do universo
pensa-se o pensamento, no eterno de sua atividade
uniforme e de sua felicidade suprema. Assim sendo, o
mundo inteiro se abre ao homem sábio para o bem; pois a
pátria de uma alma elevada é o universo infinito do
Cosmos (Deus).

227
“A verdade em verdade vos digo”

Referências
1.↑ a b Swinburne, R.G. "God" in Honderich,
TedThe Oxford Companion to Philosophy, Oxford University
Press, 1995.
2.↑ Edwards, Paul. "Deus e os filósofos"
em Honderich, Ted. (ed)The Oxford Companion to
Philosophy, Oxford University Press, 1995.
3. ↑abcd
a sua Existência," Enciclopédia Routledge de Filosofia,
Routledge, 2000.
4. ↑ A etim
hipótese improvável de adoção de uma língua estrangeira, o
OTeut. "ghuba" implica como seu tipo pretérito também
"*ghodho-m" ou "*ghodto-m". O anterior não parece admitir
explicação; mas o posterior representaria o neutro "pple" da
raiz "gheu-". Existem duas raízes arianas da forma requerida
("*g,heu-" with palatal aspirate) uma significando 'invocar'
(Skr. "hu") a outra "a derramar, para oferecer sacrifícios" (Skr
"hu", Gr. χεηi;ν, OE "geotàn" Yete v). OED Compact Edition,
G, p. 267
5. ↑ Micha
"1 O Ser supremo; o espírito infinito e eterno, criador e
preservador do Universo. 2 Teol Ente tríplice e uno,
infinitamente perfeito, livre e inteligente, criador e regulador
do Universo. 3 Cada uma das pessoas da Santíssima
Trindade. 4 Indivíduo ou personagem que, por qualidades
extraordinárias, se impõe à adoração ou ao amor dos
homens. 5 Objeto de um culto, ou de um desejo ardente que
se antepõe a todos os outros desejos ou afetos.
6. ↑ Barto
Social and Religious. [S.l.]: Kessinger Publishing, 2006.ISBN
142861575X
7. ↑ Hasti
8. ↑ R. Cu

228
“A verdade em verdade vos digo”

9. ↑ DOES
Critique. by Paul Froese and Christopher Bader. Página
visitada em 2007-05-28.
10. Wierenga, Edward R. "Divino conhecimento",
em Audi, Robert. The Cambridge Companion to
Philosofy. Cambridge University Press, 2001.
10. ↑ BEAT
Philosophers". The Christian Century. Página visitada em
2007-02-20.
11. ↑ Pasc
12. ↑ Philo
Theism, Atheism, and Agonisticism. Philosophy of
Religion.info. Página visitada em 16 de julho de 2008.
13. ↑ Theis
Online Dictionary, Thesaurus and
Encyclopedia.TheFreeDictionary. Página visitada em 16 de
julho de 2008.
14. ↑ DAWK
Britain:, 2006. ISBN 0-618-68000-4
15. ↑ Dawk
Certainly Is No God. The Huffington Post. Página visitada em
2007-01-10.
16. ↑ SAGA
p.278. New York: Ballantine Books, 1996. ISBN 0-345-40946-
9
17.↑ BOYER, Pascal. Religion Explained,,
2001. 142–243 p. ISBN 0-465-00696-5
18.↑ DU CASTEL, Bertrand. Computer Theology,.
Austin, Texas: Midori Press, 2008. 221–222 p. ISBN 0-
9801821-1-5
19. ↑ BARR
Anthropomorphism in God Concepts".
20. ↑ ROSS
Social Life: Religion and the Evolution of Human
Cooperation". Página visitada em 2009-06-25.
21. ↑ Mikha
que usei todos estes fatos e passagens da Bíblia? Porque é
nela que fala mais em Deus e suas normas, citações, regras
e autoridade.

229
“A verdade em verdade vos digo”

Notas:

 Consulte Norman L. Geisler, H. Wayne House e Max


Herrera, A batalha por Deus; respondendo ao desafio do neoteísmo.
Grand Rapids: Kregel, 2001.
 Consulte os vários credos cristãos no apêndice de Wayne Grudem,
Teologia Sistemática: uma introdução à doutrina bíblica. Edições Vida
Nova.
 Os “grupos cristãos” como apontado nesta citação podem ser
definidos como “um grupo de pessoas que reivindicam ser cristãs,
abraçando um sistema doutrinário particular ensinado por um líder
individual, grupo de líderes ou organização (sistema) que nega
(explicitamente ou implicitamente) uma ou mais das doutrinas centrais da
fé cristã como ensinado dentro dos 66 livros da Bíblia”. Alan W. Gomes,

230
“A verdade em verdade vos digo”
Unmasking the cults. Zondervan Guide to cults and religious moviments,
ed. Alan W. Gomes. Grand Rapids: Zondervan, 1995.
 Ecletismo filosófico-religioso surgido nos primeiros séculos da nossa
era e diversificado em numerosas seitas, e que visava a conciliar todas
as religiões e a explicar-lhes o sentido mais profundo de deus por meio
da gnose, que quer dizer conhecimento.
 Teachings of the prophet Joseph Smith. Salt Lake City: Deseret, 1973,
p. 345.
 “O Pai possui um corpo de carne e ossos tão tangível como o do
homem, o Filho também”. The doctrine and covenants. Joseph Smith.
Salt Lake City: Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1986, 130:22.
 A study of the articles of faith. James E. Talmage. Church of Jesus
Christ of Latter-day Saints, 1987, p. 43, 48.
 Mormon doctrine. Bruce R. McConkie. Salt Lake City: Bookcraft, 1977,
p. 752.
 Milton R. Hunter, uma autoridade da Igreja Mórmon, escreveu:
“Indubitavelmente, Deus tirou proveito de todas as oportunidades para
aprender as leis da verdade [...] Ele adquiriu seus conhecimentos por
esforços e contínua persistência [...] Seu entendimento das leis universais
continuaram crescendo...”, The gospel through the age. Salt Lake City:
1958, p. 114-5.
 “Eu vou lhe contar como Deus veio a ser Deus. Nós temos imaginado
e suposto que Deus é Deus desde a eternidade. Eu irei refutar esta
ideia… Teachings of the prophet Joseph Smith, p. 345.
 “Infinito como Deus é, Ele deveria ter sido menos poderoso no
passado do que ele é hoje”. A rational Theology as taught by the Church
of Jesus Christ of Latter-day Saints, 7th ed. John A. Widtsoe. Salt Lake
City: Deseret, 1968, p. 24. Grand Rapids: Baker, 2000, p. 28.
 “Sendo o todo-poderoso-onipotente, Jeová usou seu poder para
superar os obstáculos que poderiam bloquear seu cumprimento na
promessa feita a Abraão, permitindo que o patriarca tivesse seu filho,
Isaque”. Watchtower, 15 Maio, 1986, 4, citado em David Sherrill, What
Jehovah’s Witnesses Believe about God.
 “Jeová Deus não planejou as coisas deste modo. Ele teve de se
adaptar às novas circunstâncias do jogo”. God’s Eternal Purpose Now
Triumphing for Man’s Good, 1974, p. 97.
 Watchtower, 15 de fevereiro de 1981, p. 5-7
 At-One-Ment between God and Man, 1899, p. 339.
 Ibid., p. 269.
 Devido ao uso e semelhança aparente com os genuínos grupos
cristãos, o ICP (Instituto Cristão de Pesquisas) classifica esses grupos
heterodoxos como pseudocristãos. Ver mais detalhes na nota 3.
231
“A verdade em verdade vos digo”
 “Deus não é uma pessoa, Deus é uma Energia personificada em nós”.
The Science of Mind. Ernest Holmes e Maude Allison Lathem. New York:
Dodd, Mead, 1938, p. 308.
 Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é tudo-
em-tudo. Science and Health with Key to the Scriptures. Mary Baker G.
Eddy. Boston: First Church of Christ, Scientist, 1906, p. 468.
 “A Vida, a Verdade e o Amor constituem a Pessoa trina e uma
chamada Deus, isto é, princípio triplamente divino, o Amor. Eles
representam a trindade na unidade, três em um, idênticos em essência,
entretanto multiforme em suas funções...”. Science and Health with Key to
the Scriptures Mary Baker G. Eddy: Scientist, 1906, p.331.
 Doutrina filosófica segundo a qual o conjunto das coisas pode ser
reduzido à unidade, quer do ponto de vista da substância, quer do ponto
de vista das leis pelas quais o Universo se ordena.
 The science of being and art of living. Maharishi Mahesh Yogi. New
York: Signet, 1968, p. 33.
 Seita modalista omitida pelo escritor na matéria original por não ter
projeção fora do Brasil e, por isso, inserida entre os grupos religiosos da
mesma categoria para a tradução no português.
 Journal of Discourses, 2:345, citado em References for Mormon and
Biblical Beliefs about God.
 Mormon doctrine. Apostle Bruce McConkie. p. 576-7.
 Charts of Christian Theology and Doctrine. H. Wayne House. Grand
Rapids: Zondervan, 1992, p. 43,44.
 Let God be true. Brooklyn: Watchtower Bible and Tract Society of New
York, 1952, p. 100.
 “Ele [a Palavra] foi criado por Deus antes de todos os seus filhos
espirituais. Ele foi o único criado diretamente por Deus”. You can live
forever in paradise on earth,: Watchtower Bible and Tract Society of New
York, 1982, p. 58.
 “A palavra estava com Deus, e a Palavra era divina, ou era um deus,
quer dizer, a palavra ou o verbo era alguém divino, poderoso”. Ibid., p.
40.
 Charts of Christian Theology and Doctrine. H. Wayne House. Grand
Rapids: Zondervan, 1992, Charts of Cults. Wayne House, p. 38,39 e 287-
90.

232
“A verdade em verdade vos digo”

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