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All content following this page was uploaded by Jorge Sobral da Silva Maia on 14 January 2020.
Resumo
A formação de um grupo de professores pesquisadores para um processo
de reflexão - ação - reflexão sobre suas práticas e, a partir daí, construir
coletivamente um projeto de educação ambiental na perspectiva sócio-
histórica, constitui o objetivo desse estudo. Seguindo a metodologia da
pesquisa-ação e atuando em uma escola estadual junto a professores
do ensino fundamental, organizou-se um conjunto de estratégias que
permitiram identificar os problemas socioambientais presentes no cotidiano
da instituição. As ações expandiram para a comunidade no entorno
possibilitando o enfrentamento das questões socioambientais definindo um
processo de educação ambiental fundamentada em princípios críticos.
Introdução
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Produção coletiva... - Jorge S. da S. Maia e Marília F. de C. Tozoni-Reis
socioambientais tomamos a lógica dialética como referência, pois
ela nos permite problematizar a realidade socioambiental de forma
contextualizada. Isto porque essa lógica, como método, possibilita
captar o real em sua totalidade, verificar a relação entre as partes e
o todo partindo do concreto capturado de forma imediata pelo sujeito
pensante e submetido à análise por meio da teoria, gerando assim
o aprofundamento da compreensão do real: o concreto pensado.
Essa perspectiva metodológica permite superar por incorporação a
lógica formal de base positivista, considerada um dos fundamentos
epistemológicos da atual crise socioambiental porque separa o sujeito
do objeto, a produção intelectual das condições sociais e históricas
nas quais são produzidas (Maia; Teixeira, 2012).
Munidos desta concepção elencamos a seguinte questão de
pesquisa: é possível a partir do estudo da prática social de professores
da educação básica reconhecer e analisar as concepções de educação
ambiental, de problemas ambientais e as dificuldades para a inserção
da educação ambiental crítica na escola pública?
Objetivos
Investigar, em parceria com um grupo de professores do ensino
fundamental público estadual, sua prática social e como esta viabiliza
a inserção da educação ambiental crítica de caráter sócio-histórico
na escola pública.
Metodologia
A perspectiva metodológica deste trabalho centrou-se na
pesquisa social qualitativa que, segundo Brandão (1999), tem base
empírica e implica na busca de identificação das estratégias de ação
e possíveis soluções para determinados problemas. No caso de nosso
estudo, problemas relacionados à construção da educação ambiental
de forma cooperativa no ensino formal. Há diversas considerações
em relação à pesquisa qualitativa, a opção aqui é pela pesquisa-
ação, pois a consideramos uma metodologia voltada para as ações
do indivíduo que:
Os resultados da investigação
246 Cadernos de Pesquisa: Pensamento Educacional, Curitiba, Número Especial, p.241-259 2018.
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Como preservação:
Conclusão
O estudo cujos resultados estão aqui sintetizados contribuiu
para a formação dos professores para a inserção da educação
ambiental na escola. A ação coletiva permitiu identificar algumas
contradições presentes no cotidiano escolar como: a secundarização
do processo pedagógico em prol do processo administrativo da escola,
a precarização do trabalho docente, as estratégias de formação
continuada limitadas diante da realidade dos estudantes, entre
outras. Observou-se, ainda, como o trabalho coletivo, em alguma
medida, possibilitou uma ação transformadora do pensar e do agir
buscando orientar para a necessidade de apropriação das produções
do gênero humano. Este estudo, partindo dos referenciais do grupo de
professores demonstrou o potencial de enfrentamento das questões
que os aflige em seu cotidiano. No grupo os professores ganharam
força para fazer valer seu modo de pensar em relação aos seus pares,
a instituição e a sua hierarquia. Cada fala se fez ouvir e ganhou
respaldo do e no grupo.
O trabalho coletivo possibilitou discussões sobre as questões
ambientais que, justamente por falta da integração teoria e prática,
mostravam-se superficiais. Descobrimos coletivamente que os
professores não tinham os conhecimentos teóricos para lidarem
com sua prática educativa. Lembremos que, nessas condições, é
fundamental considerar que:
A prática igualmente depende da teoria, já que sua
consistência é determinada pela teoria. Assim, sem a
teoria a prática resulta cega, tateante, perdendo sua
característica específica de atividade humana. Com
efeito, a ação humana é uma atividade adequada a
finalidades, isto é, guiada por um objetivo que se procura
atingir. (Saviani, 2008, p.262).
256 Cadernos de Pesquisa: Pensamento Educacional, Curitiba, Número Especial, p.241-259 2018.
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258 Cadernos de Pesquisa: Pensamento Educacional, Curitiba, Número Especial, p.241-259 2018.
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