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PRONOMES CLÍTICOS,

FORTES E NULOS

Natali Fontes
LET2627 - 2023.2
PRONOMES
Os pronomes têm características morfo-fonológicas, sintáticas e semântico-
pragmáticas específicas

o pronome retoma um grupo nominal. A Ana falou com ele. (Pronome forte)
A Ana viu-o. (Pronome clítico)
Pronomes: os fortes, clíticos e nulos Ø vi a Ana. (Pronome nulo)

os pronomes clíticos têm uma distribuição diferente da dos pronomes fortes, os


clíticos ocupam posições específicas na frase, os fortes ocupam a mesma
posição que qualquer outro grupo nominal

A Teoria da Ligação
o estudo da aquisição do pronome
pronome forte é ambiguo
Segundo a teoria linguística, já que o texto não traz segundo a psicolinguística
Busca analisar como as crianças conseguem chegar a um determinado conhecimento,
avaliando a capacidade linguística. Investiga se as crianças dominam os contextos onde se
coloca os pronomes, que baseia-se no conhecimento sobre as formas pronominais

É sobre saber: TDL --> Pode ocorrer a omissão de pronomes

O quão precocemente as crianças conseguem fixar os parâmetros

Se as crianças têm noção dos diferentes tipos de pronomes e distinguí-los

Se as crianças lidam com o conhecimento que se relaciona com diferentes


propriedades morfológicas e sintáticas (relevância lexical).

Entender se as crianças conhecem todas as restrições semântico-pragmáticas que


condicionam a interpretação dos pronomes e anáforas
VARIAÇÃO INTERLINGUÍSTICA
1 Francês: os clíticos podem estar ou na posição de sujeito, ou na de objeto, no entanto, não
admite os nulos.
2 Língua portuguesa (PB e PE): possuem formas nulas em contexto de sujeito e contexto de
objeto
3 Inglês: Pode haver dificuldades na interpretação de alguns pronomes (diferentemente do
Francês e PE).

4 Português Brasileiro (PB): vem perdendo alguns clíticos. É Dentro de um contexto forte. O
pronome forte possui uma maior dificuldade de compreensão. Os fortes ocupam a mesma
posição que qualquer outro grupo nominal

5 Português europeu (PE): Contexto clítico. A posição dos pronomes é variável e


sintaticamente condicionada, diferente do pronome forte.

Amanda chamou ele.’’ ‘‘Amanda chamou-o.’’


LÍNGUA PORTUGUESA: EUROPÉIA E BRASILEIRA

As crianças portuguesas produzem pronomes clíticos desde cedo. As crianças brasileiras


encontraram dificuldades na compreensão de pronomes, assim como crianças de língua
materna inglesa. Diferentemente do que acontece em inglês, as crianças portuguesas não
indicam ter dificuldades na compreensão de pronomes.

As crianças brasileiras encontram dificuldades na compreensão de pronomes, pois os pronomes


fortes induzem problemas de compreensão devida a característica ambígua. Já as crianças
portuguesas não indicam ter dificuldades na compreensão de pronomes por serem
predominantemente clíticos

As crianças portuguesas conhecem e entendem que existem pronomes clíticos e que a


sua língua admite objetos nulos. Entretanto, ainda não conseguem dominar os contextos
específicos em que o objeto nulo é legitimado
INVESTIGAÇÃO CLÍNICA
Resultados mostraram que a compreensão do pronome forte é menor do que a dos pronomes
clíticos ou dos pronomes nulos. Isso sustenta a hipótese de que os mecanismos de legitimação
dos pronomes fortes são dependentes de aspectos semântico-pragmáticos e não apenas de
restrições sintáticas. Além disso, indica que as crianças conhecem desde cedo os princípios da
Teoria da Ligação, mas que podem desconhecer os princípios de legitimação semântico-
pragmática

Em certas línguas, o estudo sobre a produção dos pronomes para conseguir identificar se
existe ou não alguma dificuldade nas crianças pode ter maior destaque. Por exemplo, na
língua italiana ou francesa, as crianças não têm muitos problemas na colocação dos pronomes
clíticos, o que indica que pode existir um bom conhecimento das propriedades dessas formas
pronominais. Caso uma criança apresente algum problema com o uso sintático dos pronomes,
já é um enorme indicativo de que sua aquisição da linguagem pode ser atípica.
AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM DE CRIANÇAS NA
CLÍNICA

Os estudos para a compreensão de pronomes estão presentes em duas principais áreas: a


compreensão de pronomes nas variedades de línguas e a compreensão e aceitabilidade da
construção de objeto nulo.

Pesquisas indicam que as crianças típicas (ex. portuguesas) têm apenas dificuldades no domínio
de propriedades pragmáticas (interpretação das formas pronominais e uso em contexto social) e
não nos princípios sintáticos. Não apresentam dificuldades com a referência que é sempre
fixada sintaticamente. Uma criança atípica, por outro lado, poderia apresentar problemas
tanto com o uso pragmático, quanto sintáticas dos pronomes/anáforas.
O PRONOME PODE SER ÚTIL NA AVALIAÇÃO CLÍNICA, POIS:
as crianças típicas tratam os pronomes clíticos de forma diferenciada, elas podem dominar
as restrições sintáticas que regulam a interpretação dos pronomes, como os princípios da
Teoria da Ligação ou os parâmetros que preveem a utilização de categorias nulas. Então,
pode-se supor que durante a aquisição, já existe algum conhecimento sobre suas
propriedades específicas. Crianças que possuem alguma dificuldade com a produção e
aquisição podem apresentar o uso incorreto ou confuso dos pronomes, sendo um possível
indicativo de problemas de linguagem (sujeitas a estrutura de cada língua).
O Pedro não ele tinha visto. (sentença incorreta) O menino lava-se.
O Pedro não tinha visto ele. (PB) O menino lava-o. (PE)

Portanto, evidências apontam que esse conhecimento linguístico faz parte de um


conhecimento inato e independente de aprendizagem, podendo estar sujeito a algum
problema ou compor uma linguagem ‘‘comprometida’’ em crianças, por exemplo, com
problemas de linguagem como o TDL sintático.
NO PT BR

A aquisição de pronomes para a avaliação clínica em crianças é inconsistente, por


conta dos pronomes fortes serem ambíguos e estarem sujeitos a serem
compreendidos de forma inconsistente pelas crianças (típicas). Portanto, os
pronomes não são indicativos de problema de linguagem e não são essenciais para a
analise clinica. O português brasileiro não ter marcações de TDL, o que torna a
identificação desse transtorno um processo mais complexo.
Obrigada
Costa, J. & Grolla, E. (2017). Pronomes, clíticos e
objetos nulos: dados de produção e compreensão. Em
Freitas & Santos (eds.)

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