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A RESPOSTA À CRISE

Kuhn afirma que as crises são uma “pré-condição necessária para a emergência de novas teorias”, pois

os cientistas nunca renunciam ao paradigma dominante desde que tenham vivenciado todas as fases de

uma crise: (1) aparições de anomalias “prolongadas e graves” (2) tentativa de aproximação da teoria aos

fatos (3) concepção articulações e modificações “ad loc” da teoria dominante (4) quebra cabeça ou

contra-exemplo? (5) instalação da insegurança pela falta de fé – mal na academia – (6) percepção do

estado de crise (7) consideração da possibilidade de aceitar alternativas (8) surgimento de teorias

concorrentes (9) questionamentos do problema e de suas respostas nos grandes e variados debates (10)

estudo da aceitação do problema e da resposta do paradigma concorrente (11) comparação entre

paradigma dominante com o paradigma concorrente (12) experimentação para eliminação de conflitos

(13) aceitação de um novo paradigma.

“… tolerar crises… Tal como os artistas, os cientistas criadores precisam, em determinadas ocasiões, ser

capazes de viver em um mundo desordenado – descrevi esta necessidade e como a tensão

essencial implícita na pesquisa científica” (KUHN. 2006. Pg 109).

Nenhum paradigma dominante resolve com clareza todos os problemas da ciência normal, por isso

Kuhn os chama de quebra cabeças. E quando os paradigmas dominantes conseguem chegar a este

patamar de solucionar todos os problemas existentes, o que Kuhn afirma ser raridade, deixa de produzir

desafios e problemas relevantes a serem pesquisados, tornando-se “instrumentos para tarefas técnicas”

(pg.110).

Kuhn discute que para alguns cientistas uma situação problema apresentada pode ser classificada

como um quebra cabeça a ser desvendado e para outros cientistas, a mesma situação problema, poderá

ser enfrentada como um “contra-exemplo e assim uma fonte de crise”, porém destaca que mesmo que a

crise seja instalada, ela não transformará o quebra cabeça em um contra-exemplo, não sendo aceito

como uma exceção ao problema solucionado pelo paradigma dominante. “O fracasso em alcançar uma

solução desacredita somente o cientista e não a teoria”. (pg.111).

As anomalias nem sempre atraem estudos específicos sobre elas, pois se os cientistas o fizessem

não sairiam do mesmo lugar, e “dificilmente realizarão um trabalho importante”, pois surgir situações

anormais no meio do caminho faz parte de qualquer pesquisa científica.

Não existe, segundo Kuhn, condições claras para que anomalias pareçam mais que um simples quebra-

cabeças e dêem origem a um estado de crise que alimente a busca coordenada de solução dos
problemas apontados, porém em seus exemplos ele destaca algumas (pg.113), como segue:

 Uma anomalia sem importância fundamental aparente, pode provocar uma crise, caso as

aplicações que ela inibe possuam uma importante prática espacial;

 O desenvolvimento da ciência normal pode transformar em uma fonte de crise uma anomalia

que não passava de um incômodo;

 Também, uma fonte de crise pode ser simplesmente o longo espaço de tempo que os cientistas

lutam, sem sucesso, para tentar reduzir discrepâncias residuais existentes entre a teoria e suas

práticas;

“Todas as crises iniciam com o obscurecimento de um paradigma e o conseqüente relaxamento das

regras que orientam a pesquisa normal”.(Pg.115). Quando o estado de crises se inicia, um número maior

de cientistas eminentes da área passa a preocupar-se e a dedicar “uma atenção sempre maior” para as

anomalias, buscando respostas que possam ser aceitas pela academia. Neste período de busca surgem

diversas e divergentes enfoques do problema e de seus possíveis caminhos para o encontro de soluções

aceitáveis, mas ainda nenhum que de tão seguro e certo pode ser aceito sem ressalvas pelos

pesquisadores.

Assim se instala o estado de crise, as vezes a penas em uma área, as vezes em toda uma escola da

ciência normal questiona-se todas as respostas, os padrões e os caminhos até agora base para o

conhecimento científico.

E como as crises terminam? Para Kuhn elas podem terminar de três maneiras:

 “Algumas vezes a ciência normal acaba revelando-se capaz de tratar do problema que provoca a

crise” encontrando respostas dentro do próprio paradigma dominante com uma nova articulação

entre teoria-prática;

 Outra maneira possível de acabar com uma crise é a percepção de que o problema existe e o

paradigma dominante dá conta de resolvê-lo, porém os instrumentos ora existentes não podem

solucioná-los. Assim, o problema é posto de lado para futuras análises quando “surgirem

instrumentos mais elaborados”;

 E finalmente o fim de uma crise pode ser exatamente a percepção da “emergência de um novo

paradigma e conseqüente batalha para sua aceitação”, foco do trabalho de Kuhn.

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