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1
Sófocles, Antígona, trad. Lawrence Flores Pereira, 680-723, pp. 62-63.
2
Hannah Arendt, A dignidade da política, p.96.
3
Hannah Arendt, A dignidade da política, p. 97.
1
“Falso é dizer que o ser não é ou que o não-ser é; verdadeiro é dizer que o ser é e
que o não-ser não é.”4
“Está nevando é uma sentença verdadeira se e somente se está nevando.”5
“A verdade é o todo” (Hegel).
Aristóteles
“O bem da razão é a verdade.”6
“Todo ser humano tem qualquer coisa de particular a contribuir à verdade.”7
“É impossível a um ser humano apreender toda a verdade e igualmente
impossível não apreender nenhuma parte dela. De fato, se cada um pode dizer algo a
respeito da realidade, e se, tomada individualmente, essa contribuição pouco ou nada
acrescenta ao conhecimento da verdade, todavia, da união de todas as contribuições
individuais decorre um resultado considerável.”8
“Os seres humanos são por natureza capazes de verdade, e, na maior parte dos
casos, alcançam a verdade.” 9
“Por natureza, as coisas verdadeiras e justas são mais fortes que os seus
contrários.”10
4
Aristóteles, Metafísica IV, 7, 1011b.
5
Alfred Tarski, A concepção semântica da verdade, p. 23.
6
Aristóteles, Ética a Nicômaco VI, 2, 1138b.
7
Aristóteles, Ética a Eudemo, I, 6, 1216b.
8
Aristóteles, Metafísica II, 1, 993 a 30-b 8.
9
Aristóteles, Retórica I, 1, 1355a.
10
Aristóteles, Retórica, I, 1, 1355a.
11
Popper, A sociedade aberta e seus inimigos II, p. 342.
12
Popper, Después de la sociedad abierta, p. 402. De agora em diante, DSA.
2
confiar no que nos parece certo ou verdadeiro ou moralmente correto, porque pode
acontecer que não seja certo, verdadeiro ou moralmente correto.
Mas isto supõe que existe algo assim como a verdade e que há ações que são
moralmente corretas ou estão muito perto de sê-lo. O falibilismo certamente supõe que
a verdade e a bondade são frequentemente, difíceis de alcançar, e que sempre devemos
estar dispostos a descobrir que cometemos um erro. Por outro lado, o falibilismo
implica que podemos nos aproximar da verdade ou de uma boa sociedade.
Não podemos evitar agir ou tomar partido, posto que inclusive uma inação é uma
ação e equivale a tomar partido. O que isto nos ensina é que nunca devemos deter nossa
busca crítica da verdade, que devemos procurar sempre aprender daqueles que
sustentam uma opinião diferente. Devemos escutar os demais e aprender deles, e
concretamente, de nossos oponentes, se queremos seriamente aproximar-nos da verdade
ou descobrir o melhor tipo de ação a nosso alcance. E precisamente por esta razão,
devemos rechaçar o relativismo.”13
13
DSA, pp. 397-398.
14
DSA, p. 408.
15
DSA, p. 402.
16
DSA, p. 399.
17
DSA, p. 400.
3
“O objetivo (...) é o descobrimento da verdade e não incentivar as paixões ou a
vitória em um debate.”18
a)Verdade
“Dizer a verdade é a excelência do orador.”20
“Ficai sabendo que só vos direi a verdade.”21
“A verdade jamais é refutada.”22
“Eu creio que é necessário que todos nos esforcemos em saber qual é o
verdadeiro e o falso do que estamos falando, pois isto será um bem comum a todos que
estão participando na discussão. Se algum de vocês considerar que eu sustento algo que
não é verdadeiro, deve tomar a palavra e refutar-me. Tampouco eu tenho certeza de que
é verdade o que eu digo, mas investigo juntamente com vocês; por conseguinte, se meu
opositor tenha qualquer coisa de válido a dizer, eu serei o primeiro a concordar com
ele.”23
“Sócrates não sabe mais que os outros, sabe apenas que não há saber absoluto e
que é por isso que estamos abertos à verdade.”24
b)Amizade
“Alguns não querem me dizer a verdade porque não tem interesse por mim, com
tu [Cálias] o tem.”25
“O maior bem que pode haver para um ser humano é, todos os dias, discorrer
sobre a excelência (...), examinando-se a si como aos demais. Uma vida não examinada
não é digna de ser vivida pelo ser humano.”26
“Tentei persuadir a cada um de vós a não cuidar primeiro das coisas da cidade,
mas a cuidar antes da própria cidade, cuidando dos outros como de si próprio.”27
c)Isegoria
18
DSA, p. 401.
19
Hannah Arendt, Dignidade da Política, p. 96
20
Apologia 18a.
21
Apologia 20d.
22
Górgias 473b.
23
Platão, Górgias 506a
24
Merleau-Ponty, Elogio da filosofia, p. 51.
25
Platão, Górgias, 487a.
26
Apologia 38a
27
Apologia 36c.
4
Potencialmente, todos os seres humanos e pontos de vista podem participar do
diálogo.
-Aspásia (Xenofonte, Memoráveis)
-Diotima (Platão, Banquete)
-Artesãos (Platão, Apologia)
-Escravo (Platão, Teeteto)
-As “leis” (Platão, Críton)
“Atenas, o lugar da Grécia onde há maior liberdade para falar (isegoria)”.28
“Se um homem, ao chegar ao Hades (...) melhor será – como aqui fiz – examinar
e questionar os que aí estão (...). Conversar com eles seria uma felicidade inconcebível.
E não há dúvida que lá não se mata ninguém por causa disso.”29
d)Consistência (não-contradição)
“Cálicles, tu não estarás de acordo contigo mesmo, mas estarás em desacordo
contigo mesmo durante toda a tua vida. Entretanto, eu acredito que é melhor que muitos
homens não estejam de acordo comigo e me contradigam do que eu, que sou um, esteja
em desacordo comigo mesmo e me contradiga.”30
2. A tendência à conformidade
“Noventa e nove por cento das pessoas educadas, mesmo as que são capazes de
demonstrar com fluência suas opiniões, encontram-se nessa situação de nunca terem
tido contato com a posição mental dos que pensam diferentemente delas, e jamais
consideram o que tais pessoas podem ter a dizer.”32
“Em proporção à falta de confiança em seu próprio julgamento, a pessoa se
baseia, com implícita confiança, no ‘mundo’ em geral. E o ‘mundo’, para cada
28
Platão, Górgias 461e.
29
Apologia 41b-c.
30
Platão, Górgias 482b.
31
Mill, Liberdade, p. 21.
32
Mill, Liberdade, p. 58
5
indivíduo, significa a parte deste com a qual entra em contato: seu partido, sua seita, sua
igreja, sua classe social (...), seu país ou sua época.”33
3. Razões e preferências
“Ninguém, com efeito, admite a si mesmo que seu padrão de julgamento seja seu
próprio gosto. Porém, uma opinião que não esteja apoiada em razões pode ter
importância somente como preferência pessoal; e se as razões, quando apresentadas,
constituírem um mero apelo a preferências semelhantes de outras pessoas, são ainda
somente preferências.”34
“O ser humano que for incapaz de refutar as razões do lado contrário, não possui
fundamentos para preferir sua opinião à outra.”35
4. A intolerância
“A intolerância é tão natural ao homem em tudo quanto de fato lhe interessa, que
na prática possivelmente a liberdade religiosa não se tenha concretizado em lugar
algum, exceto onde a indiferença religiosa, que detesta ver sua paz perturbada por
conflitos teológicos, fez pender a balança a seu favor.”36
33
Mill, Liberdade, p. 30
34
Mill, Liberdade, p. 12
35
Mill, Liberdade, p. 57
36
Mill, Liberdade, p. 15
37
Mill, Liberdade, p. 29
38
Mill, Liberdade, p. 30
39
Mill, Liberdade, p. 34.
6
“As crenças mais aceitas não se firmam em outra garantia senão no permanente
convite ao mundo inteiro para provar que não possuem fundamento. Com isso, teremos
realizado o que de melhor podemos fazer: nada negligenciamos que nos pudesse dar
uma chance de esperar a verdade. Podemos crer, assim, tanto quanto é possível em
nossos dias, a proximidade da verdade. Esta é a única certeza que pode alcançar um ser
falível, e o debate, o único meio de alcançá-la.”40
7. O serviço da verdade
“Revelar ao mundo uma verdade ignorada ou provar que ele se enganou acerca
de algum ponto importante, constitui o mais importante serviço que o ser humano pode
prestar a seus semelhantes.”41
“Constitui imperativo e dever protestar contra a exclusiva pretensão de uma parte
da verdade a se fazer passar pela verdade inteira.”42
BIBLIOGRAFIA
40
Mill, Liberdade, p. 35
41
Liberdade, p. 44.
42
Liberdade, p. 79.
43
Liberdade, p 55; p. 70.
44
Liberdade, p. 59
7
SÓFOCLES. Antígona. (Trad. Lawrence Flores Pereira). Rio de Janeiro: Topbooks,
2006.
TARSKI, Alfred. A concepção semântica da verdade. São Paulo: Unesp, 2007.
POPPER, Karl. Después de la sociedad abierta. Escritos sociales y políticos.
Barcelona: Paidós, 2010.
_____________. A sociedade aberta e seus inimigos. Lisboa: Edições 70, 2012.
PLATÃO. Êutifron, Apologia de Sócrates, Críton. Lisboa: Imprensa Nacional, 1993.