Tomando como exemplo, uma situação de coerção de mães dirigida à
filhos, pode-se demonstrar as desvantagens da coerção.
Em um estudo de Práticas educativas coercitivas e crenças sobre a coerção
em mães de diferentes níveis socioeconômicos (Carmo, 2009) definiu-se categorias comportamentais de coerção como: punição verbal, ameaça de punição física, ameaças religiosas ou fictícias e retirada de privilégios/castigo. A coerção exercida por mães também é reforçada socialmente e produz a consequência de cessação imediata do comportamento inadequado.
Entretanto este tipo de coerção traz desvantagens como:
-O não estabelecimento de práticas não coercitivas
-Perpetuação do modelo coercitivo
-Efeitos negativos como as emoções de raiva, medo, tristeza e ansiedade
-Condicionamento de comportamentos de fuga-esquiva (por meio de
reforçamento negativo)
Skinner (1953/2000) ressalta que ao aplicar frequentemente a coerção e
obter a remoção do comportamento indesejado há um aumento da probabilidade de os pais repetirem medidas coercitivas semelhantes e inibe a aprendizagem de outras estratégias não coercitivas na relação com a criança através da variabilidade no repertório comportamental. Respostas emocionais negativas são eliciadas, há um aumento da agressividade e condutas anti-sociais. Além disso, os comportamentos indesejados podem permanecer no repertório da criança, fazendo apenas com ela evite emiti-los na presença do agente punidor, mas reproduzindo- os em outros ambientes (Carmo, 2009). Ex. 2: Relacionamento Professor-Aluno
Outro contexto que se pode citar, de coerção, é no relacionamento entre
aluno e professor. A coerção, é um instrumento comum usado em nossa sociedade para persuadir o comportamento dos outros (Sidman, 1995) e também está presente na sala de aula. No estudo de Viecili & Medeiros (2000) A coerção e suas implicações na relação professor-aluno, observou-se que os professores usavam mais medidas coercitivas com alunos que tinham história de fracasso escolar do que com alunos sem história de fracasso escolar. As categorias comportamentais definidas como coercitivas por parte dos professores foram: prometer castigos, dar tarefas adicionais para realizar, dar livros para ler, criticar os alunos e depreciar as atividades realizadas por ele.
Foram apontadas as seguintes desvantagens deste tipo de coerção:
-fator determinante que influencia no fracasso escolar
-aumento de comportamentos não acadêmicos
-prejuízos psicológicos e comportamentais
Skinner (1972, 1990) propõe que a aplicação da coerção na relação entre o
professor e o aluno produz o contracontrole, no qual, o comportamento de “não aprender” seria emitido como sendo uma defesa contras as agressões coercitivas utilizadas pelo professor. Há um aumento dos comportamentos de distrair-se, recusar-se a realizar as atividades que o professor coloca, depredar a escola, conversar com os colegas, ficar indiferente às explicações, atrasar-se e faltar às aulas e abandonar a escola. A coerção como prática disciplinar tem sido descrita na literatura como prejudicial ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. Aspectos emocionais como baixa auto-estima, sentimentos de impotência e incapacidade, desamparo adquirido e depressão também se constituem desvantagens da coerção neste tipo de relacionamento (Viecili & Medeiros, 2000).