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CALCULANDO O CUSTO 5

DE IMPORTAÇÃO
FORMALIZANDO 17
SEU NEGOCIO
COMO COMEÇAR 36
A IMPORTAR
REALIZANDO 48
PAGAMENTOS
ENCONTRANDO UM RAMO 53
DE NEGÓCIOS LUCRATIVO
“NÃO EXISTE ISSO DE IMPORTADOR.”
Uma coisa aprendi em mais de 10 anos lidando com cerca de
1000 empresas que atuam no comércio exterior: Na prática,
ninguém se denomina importador. Se você perguntar a um
importador o que de fato ele é, provavelmente não irá se
reconhecer como tal. Eles acreditam que importadores são
apenas as empresas que fazem trading, ou seja, as que pres-
tam o serviço de importação para outra empresa. Estes que
compram ou vendem mercadorias do exterior não se deno-
minam importadores, são apenas comerciantes. Será?

Parece um conceito simples, mas antes de estudarmos a


fundo como iniciar um negócio baseado em importação, é

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muito útil entender que este negócio é meramente trazer pro-
dutos de fora do Brasil para o território nacional, seja para uso
próprio ou revenda. Ou seja, é somente uma das atividades da
empresa. Conceitualmente, a única coisa que difere uma em-
presa que atua no comércio exterior das outras, é que seus for-
necedores (no caso das que importam) e/ou seus clientes (no
caso das que exportam) estão em outro país.

Imagine uma empresa cujo negócio é vender calçados. Ela im-


porta calçados da China, que custam R$ 10,00 / unidade.
Porém, se em algum momento, um fornecedor nacional garan-
tir uma entrega com um preço, qualidade e prazo mais compe-
titivos, essa empresa não vai hesitar em trocar de fornecedor.
Isso se dá porque o negócio dela não é importar, e sim vender
sapatos.

Entender essa (sutil) diferença é fundamental antes de come-


çar a importar. Importar não é um negócio. Antes de importar
é justamente nisso que você precisa pensar. Apenas importar
produtos não faz a demanda aparecer. Compreende?

Fechar um container e fazer uma grande importação que vai


garantir um preço unitário mais competitivo não é simples.
Exercer a atividade de importar exige conhecimento, e princi-
palmente, investimento. Dessa forma, antes de trazer um con-
tainer e alocar uma grande quantidade de capital em produtos
nacionalizados, será que existe alguma forma de validar a de-
manda por seu novo produto?

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CALCULANDO
O CUSTO DE
IMPORTAÇÃO

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CALCULANDO O
CUSTO DE IMPORTAÇÃO

1. IMPORTAR POR REMESSA


EXPRESSA OU IMPORTAÇÃO FORMAL?

Podemos dizer que existem primordialmente duas formas


de importação: Por remessa expressa; E a importação
formal. Enquanto a primeira é ideal para realizar testes de
produto e de demanda, a segunda é a opção mais indicada
quando há uma demanda estabelecida e você precisa au-
mentar suas margens.

Remessa expressa nada mais é que uma importação com va-


lores que totalizam até 3 mil dólares. Nesse valor devem
estar incluídos o valor do produto em si, os valores de frete e
também o seguro. Uma curiosidade não muito divulgada, é
que até setembro de 2017 não era permitido importar por
remessa expressa para revenda. Porém, a publicação da IN
nº 1.737/2017, que dispõe sobre o tratamento tributário e os
procedimentos de controle aduaneiro aplicáveis às remes-
sas internacionais, trouxe a possibilidade de importação de
produtos via remessa expressa tanto para revenda, como
também para utilização nos processos de industrialização.
Com isso tornou-se possível montar um negócio, ainda que
embrionário, baseado na importação expressa.

Além da limitação de valor, na remessa expressa não pode-


mos trazer produtos que precisam de licença de importação.
É sua responsabilidade consultar a lista de produtos que ne-
cessitam dessa licença antes de realizar sua importação.

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CALCULANDO O
CUSTO DE IMPORTAÇÃO

Vale destacar também, que as importações para revenda


continuam impeditivas nas operações de pessoas físicas.
Sendo permitidas apenas às pessoas jurídicas. Se você ainda
não tem um PJ, a dica é : Crie um MEI. Fique tranquilo! Vou
falar sobre este assunto nos capítulos posteriores.

A principal vantagem da remessa expressa é a redução da


burocracia necessária. Como existe um teto para o valor im-
portado, o governo permite que a operação seja realizada
sem precisar tirar o radar (habilitação para importar) nem
contratar um agente de carga ou despachante aduaneiro.

Quanto à tributação, os impostos são pré-fixados e indepen-


dem da classificação tributária da mercadoria. Ou seja, você
pagará uma alíquota fixa do Imposto de Importação (II) de
60% sobre o valor das mercadorias, frete e seguro. Além do
II, também incide o ICMS do seu estado sobre todos os valo-
res da importação.

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CALCULANDO O
CUSTO DE IMPORTAÇÃO

1.1 CALCULANDO O CUSTO


DE UMA IMPORTAÇÃO EXPRESSA

Antes de fazer a compra das mercadorias, é importante


aprender a calcular o custo de uma importação expressa.
Assim, você conseguirá definir seu preço de venda sem com-
prometer sua margem de lucro.

Não faça a importação antes de calcular o custo total ou você


pode ter prejuízo!!!
Vamos aprender a calcular o custo das mercadorias através
de um exemplo?

Imagine que você vai importar uma mercadoria


de U$ 500,00, nas condições abaixo:

TAXA DE CÂMBIO = R$ 4,00 / U$


FRETE = U$ 70,00
SEGURO = U$ 30,00
II = 60%
ICMS = 20% (ICMS DO RIO DE JANEIRO)
CUSTO DAS CUSTO DAS MERCADORIAS
MERCADORIAS + FRETE + SEGURO = U$ 600,00
= U$ 500,00 CUSTO DAS MERCADORIAS
+ FRETE + SEGURO = R$ 2.400,00
(APLICANDO A TAXA DE CÂMBIO)
AGORA VAMOS CALCULAR
OS IMPOSTOS A SEREM
PAGOS NA SIMULAÇÃO ABAIXO:
II = 60% de R$ 2.400,00 = R$ 1.440,00

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CALCULANDO O
CUSTO DE IMPORTAÇÃO

ATENÇÃO! A base de cálculo do ICMS incide também


sobre o II e também sobre o próprio ICMS. Isso mesmo, o
ICMS está contido em sua própria base. Muita gente erra
esse cálculo, o que pode resultar em multas.

A base do ICMS deve ser calculada dividindo todos os cultos


por 1 - sua alíquota. Se o ICMS, é 18%, divida por 0,82. Se é
20%, divida por 0,80. Voltando a nosso exemplo, a conta
correta a ser feita é:

CUSTO DAS MERCADORIAS, FRETE, SEGURO E II =


R$ 2.400,00 + R$ 1.440,00 = R$ 3.840,00
BASE DE CÁLCULO DO ICMS =
R$ 3.840,00 / (1-20%) = R$ 3.840,00 / (0,8) = R$4.800,00
ICMS = 4.800,00 * 20% = R$ 960,00

Logo, uma mercadoria que custava U$ 500,00, vai custar R$


4.800,00. Teremos a seguinte composição:

ITEM VALOR EM REAIS

CUSTO DAS MERCADORIAS R$ 2.000,00


FRETE R$ 280,00
SEGURO R$ 120,00
II R$ 1.440,00
ICMS R$ 960,00

TOTAL R$ 4.800,00

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CALCULANDO O
CUSTO DE IMPORTAÇÃO

1.2 CALCULANDO O CUSTO DE


UMA IMPORTAÇÃO FORMAL

A importação formal é um “mal necessário”. Ela adiciona


uma grande camada de complexidade a operação, entretan-
to, se você pretende expandir seus negócios, ela é a única
saída. Como os valores são maiores, a burocracia também é
maior. É necessário tirar o radar e contratar um despachan-
te aduaneiro. A tributação vai depender da classificação
fiscal da mercadoria (NCM), e os impostos que incidem são:
IPI, II, PIS, COFINS e ICMS.

Através da importação formal, você conseguirá aumentar


seu volume de importação e baratear seu custo unitário,
possibilitando aumentar suas margens de lucro e se tornar
mais competitivo no mercado.
Calcular o custo de uma importação formal é bem mais com-
plexo. Mas lembre-se, se fosse fácil todo mundo faria. Muitos
desistem de importar pela complexidade, e por esse mesmo
motivo, neste tipo de importação existem grandes oportuni-
dades.

Para facilitar, vou dividir o cálculo do custo em três passos


menores.

PASSO 1: CUSTO DO PRODUTO (VMLE)


O primeiro passo para se chegar ao custo da mercadoria im-

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CALCULANDO O
CUSTO DE IMPORTAÇÃO

portada e nacionalizada é calcular o VMLE, ou seja, o valor


da mercadoria no local de embarque. Esse passo é relativa-
mente simples, pois trata-se do custo comercial que depende
exclusivamente da negociação entre sua empresa e o forne-
cedor. Basta solicitar uma cotação com seu fornecedor e
aplicar a taxa de câmbio.
Pronto, esse é o VMLE. Simples, não? Infelizmente, o que
vem pela frente é um pouco mais complicado. Está prepara-
do?

PASSO 2: IMPOSTOS E OUTRAS TAXAS

As três primeiras coisas que você precisa saber sobre impos-


tos na importação são:

São 4 tributos federais: II, IPI, PIS E COFINS;


Um tributo estadual: ICMS;
As alíquotas variam de produto para produto.

Para conhecer as alíquotas dos impostos, você precisará des-


cobrir qual o NCM das mercadorias que irá importar. As
mercadorias comercializadas internacionalmente no Brasil,
são obrigatoriamente classificadas por seu NCM desde 1996.
A receita disponibiliza um site que ajuda na hora de encon-
trar a classificação correta da mercadoria.

Com o NCM definido, você poderá calcular os impostos da

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CALCULANDO O
CUSTO DE IMPORTAÇÃO

operação. Mas calma, se tratando de impostos não poderia


ser tão simples assim, certo? Não adianta apenas aplicar as
alíquotas sobre o VMLD (valor da mercadoria no local de
destino). Existe uma hierarquia na aplicação dos impostos.

A tabela abaixo mostra como encontrar a base de cálculo de


cada um dos impostos.

ITEM VALOR EM REAIS

II VMLD
PIS VMLD
COFINS VMLD
IPI VMLD + II

VMLD + II + IPI + PIS + COFINS


ICMS + TX SISCOMEX + AFRMM
(MARINHA MERCANTE) + ICMS

*Obs 1: VMLD = VMLE + Frete + Seguro


*Obs 2: Assim como na remessa expressa, na importação direta, a base de
cálculo do ICMS inclui todos os valores e o próprio ICMS. Sendo assim,
após somar todos os valores, divida por (1 - Alíquota ICMS) para encontrar
sua base. Por exemplo, se o ICMS do estado for 20%, divida por 0,80.

Se você quer ver um passo a passo sobre como calcular os


impostos em uma importação formal, clique aqui para aces-
sar um artigo com um passo a passo sobre como calcular os
impostos e emitir a nota fiscal de importação.

Nesse link a receita disponibiliza um simulador de trata-


mento tributário e administrativo das importações:

http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/

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CALCULANDO O
CUSTO DE IMPORTAÇÃO

Por fim, deixo aqui o link de uma planilha que desenvolvi


que já ajudou mais de 5 mil empresários a calcular os im-
postos e a nota fiscal de importação:
Planilha de Cálculo de NF-e de Importação.

PASSO 3: CUSTO DE SERVIÇOS ACESSÓRIOS

Para importar, você vai precisar contratar uma série de ser-


viços acessórios. Alguns são obrigatórios, outros recomenda-
dos. Entretanto, ao montar uma planilha de custos na impor-
tação, é importante prever todos esses itens. Os mais
comuns são:

1. Frete Internacional: Você vai precisar para trazer a mer-


cadoria para o Brasil.
2. Seguro de Transporte Internacional: Você não vai querer
perder todo seu investimento caso exista algum problema
com o navio, certo? Nesse caso é melhor assegurar sua
carga.
3. Inspeção no Fornecedor: Serviço indispensável reduzir
riscos com seu fornecedor. Imagina descobrir que caiu
numa fraude somente no dia que sua mercadoria chega?
Falaremos mais a frente sobre os serviços de inspeção.
4. Despesas Bancárias: É necessário para realizar o fecha-
mento do câmbio, dedução em conta dos valores dos impos-
tos em conta corrente, entre outros serviços.
5. Taxas Portuárias: São despesas relacionadas ao manuseio
em terminal portuário, a famosa capatazia.
6. Taxa de Armazenagem: A taxa de armazenagem varia de
acordo com o tempo que a mercadoria ficará armazenada
no estabelecimento. Alguns locais de armazenagem já divul-

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CALCULANDO O
CUSTO DE IMPORTAÇÃO

gam nos sites suas tarifas, como é o caso do Aeroporto de


Guarulhos.
7. Despachante Aduaneiro: O despachante aduaneiro é o
profissional responsável por intermediar as questões legais,
como documentos dos órgãos federais e outros procedimen-
tos, para que as importações transcorram sem dores de
cabeça em relação à legislação. Aqui você encontra algumas
dicas de como contratar um bom despachante aduaneiro.
9. Frete Interno: Frete para transportar a carga do recinto
alfandegado até seu local de armazenagem.
ERP: Você vai precisar a partir do momento que a mercado-
ria chegar no país, tanto para emitir uma Nota Fiscal de
Importação quanto para gerenciar o estoque realizar suas
vendas depois.
10. Emissão da Nota Fiscal: a maioria dos ERPs não lidam
bem com as especificidades da nota fiscal de importação. A
vezes, ao invés de passar dias quebrando a cabeça com seu
ERP, é mais fácil pedir para seu contador emitir. Ah, mas ele
vai cobrar um valor extra pelo serviço.

DICA IMPORTANTE: você consegue juntar os itens 9 e 10


em um só se contratar um ERP que emita NF-e de Importa-
ção, além da vantagem de emitir a nota rápido e não correr
o risco de pagar armazenagem extra no porto (pois você tem
prazo para retirar a mercadoria e ela só pode circular pelo
território nacional com nota fiscal).

CUSTO DA REGULAMENTAÇÃO

Não incluí esse custo como uma etapa pois, dependendo do


produto que está sendo importado, esse custo pode ou não

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CALCULANDO O
CUSTO DE IMPORTAÇÃO

existir. Se você for importar algum brinquedo, por exemplo,


precisará certificar o produto no INMETRO. Quanto custa?
Nem o próprio INMETRO disponibiliza essa informação pu-
blicamente. Veja o que seu site diz:

“NÃO É POSSÍVEL DETERMINAR EXATAMENTE O


CUSTO DE UMA CERTIFICAÇÃO E O TEMPO PARA QUE
ESSE PROCESSO SEJA CONCLUÍDO, DE MANEIRA GENÉ-
RICA, UMA VEZ QUE ISSO VARIA DE PRODUTO PARA
PRODUTO...”

Outro ponto a atentar, é quanto ao direito de uso de marca.


Por exemplo, conheço um importador que teve sua carga
apreendida porque não possuía licença de marca do produ-
to. Qual era seu produto? Minions de pelúcia, (Sim, aqueles
personagens do filme Meu Malvado Favorito). É preciso pes-
quisar se seu produto tem a necessidade de regulamentação
ou licenciamento antes de importar. Isso, para não ser sur-
preendido com multas ou até apreensão das mercadorias e
ter prejuízos imensuráveis.

1.3 CONCLUSÃO
Vimos até aqui existem dois tipos de importação: a expressa
e a formal. E cada uma dessas modalidades tem sua impor-
tância. Depende também da fase do seu negócio. Se você
ainda está buscando testar um novo produto, seja de forma

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CALCULANDO O
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técnica, ou para validar o mercado, recomendo que você uti-


lize a importação expressa. Ela será menos burocrática, e
possibilitará você ter amostras do produto em mãos.

Agora se você já conhece o produto, conseguiu através de


ferramentas de pesquisa ter um bom “cheiro” que há de-
manda, e quer aumentar o volume e às margens de lucro,
minha sugestão é que você estude como fazer uma importa-
ção formal.

O importante aqui, é que cada uma das fases tem a sua im-
portância. Você pode iniciar seu negócio criando um MEI
(Micro Empreendedor Individual) e realizar uma importa-
ção expressa. Se você perceber que o mercado é promissor,
então tire seu radar para importar valores maiores e expan-
dir seus negócios.

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FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO
FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

2.1 ENQUADRAMENTO
DA EMPRESA

Você ainda não tem uma empresa? A primeira coisa que


você precisa fazer é entender as modalidades e enquadra-
mentos existentes para abrir sua empresa.

Montar uma empresa é ter um CNPJ. E na hora de montar


um CNPJ, você precisará escolher a modalidade de empresa
mais adequada para você. Embora existam diversos tipos de
empresa, vou me ater nesse artigo aos enquadramentos
mais comuns: MEI, ME, EPP ou Normal.

2.1.1 MEI
O MEI foi criado pelo governo com o objetivo de regularizar
a informalidade. É a maneira mais fácil de se ter um CNPJ
atualmente. Um MEI não é obrigado a emitir nota fiscal, a
não ser que seu cliente solicite ou por algum outro motivo
específico. Para abrir um MEI basta acessar o portal do em-
preendedor e seguir o passo a passo.

O MEI pode ter, no máximo, 1 funcionário registrado. Ele


está submetido às mesmas regras que qualquer outra em-
presa em relação a importação, ou seja, é necessário ter
radar (habilitação para importar) para importar acima de
U$ 3.000,00.

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É possível habilitar radar para um MEI, mas é importante


fazer uma ressalva: O MEI possui um limite de faturamento
de R$ 81.000,00, dentro de um período de 12 meses. Vamos
supor se você tira um radar e importa 50 mil dólares. É difí-
cil crer que uma empresa que importa 50 mil dólares não irá
faturar mais que 81 mil reais com a revenda de seus produ-
tos. Isso certamente chamará atenção da receita, pois é um
forte indicativo de uma possível sonegação.

Um MEI não paga imposto sobre as vendas, incidindo


somente uma taxa mensal em torno de R$50,00. Mas é bom
lembrar que, na importação, um MEI é tributado como qual-
quer outra empresa, conforme apresentamos no capítulo
anterior deste livro.

Um MEI não é obrigatório possuir contador, entretanto, é


recomendado contratar um. Mesmo que seja apenas para
serviços esporádicos, como contratação ou demissão de fun-
cionários.

2.1.2 ME (MICRO EMPRESA)


Uma ME é um empreendimento que tem receita bruta anual
igual ou menor que R$ 360 mil. Para formalização é necessá-
rio optar entre uma das formas de tributação (Simples Na-
cional, Lucro Real ou Lucro Presumido) e realizar o registro
em uma Junta Comercial.

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2.1.3 EPP (EMPRESA DE PEQUENO PORTE)


EPPs são negócios com limite de faturamento anual de R$ 4,8
milhões (atualizado em 2019). Da mesma forma que a ME, o
titular de uma Empresa de Pequeno Porte deve formalizar o
negócio em uma Junta Comercial, optando por um dos regi-
mes tributários Simples Nacional, Lucro Real ou Lucro Pre-
sumido.

2.1.4 NORMAL
Caso a empresa passe a faturar mais que R$ 4,8 milhões, ela
não pode mais ser enquadrada como ME ou EPP e, por isso,
não poderá optar pelo regime do Simples Nacional, sendo
necessário optar por Lucro Real ou Lucro Presumido.

2.2 TIPOS DE EMPRESA


Ao abrir uma empresa você deverá optar por um dos tipos
de empresa a seguir:

EIRELI (para sociedades individuais);


Sociedade Limitada (LTDA);
ou Sociedade Anônima (SA).

O quadro a seguir resume todas as modalidades e enquadra-


mentos que vimos anteriormente, com um breve resumo.

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ENQUADRAMENTO/ SÓCIO/ OPÇÕES ONDE


OBSERVAÇÕES
TIPO DE FATURAMENTO ANUAL TITULAR TRIBUTÁRIAS FORMALIZAR
EMPRESA
MEI ME EPP NORMAL

EMPRESÁRIO ATÉ 81 PORTAL DO


UM TITULAR SIMPLES
INDIVIDUAL MIL EMPREENDEDOR
A PESSOA FÍSICA
QUE SE COLOCA
POR OPÇÃO COMO TITULAR E
OU COM SIMPLES, RESPONDE DE
ATÉ 360 ATÉ 4,8 FATURAMEN- LUCRO FORMA LIMITADA
UM TITULAR JUNTA
MIL MILHÕES TO ACIMA DE PRESUMIDO PELOS DÉBITOS
COMERCIAL
R$ 3,6 OU LUCRO DO NEGÓCIO.
MILHÕES REAL

POR OPÇÃO SIMPLES,


OU COM LUCRO
ATÉ 360 ATÉ 4,8 FATURAMEN- JUNTA O EMPRESÁRIO
EIRELI UM TITULAR PRESUMIDO
MIL MILHÕES TO ACIMA DE COMERCIAL RESPONDE SOBRE
OU LUCRO
R$ 3,6 REAL O VALOR DO
MILHÕES CAPITAL SOCIAL.
NECESSÁRIO
CAPITAL SOCIAL
POR OPÇÃO DE 100X O
SIMPLES, SALÁRIO MÍNIMO
OU COM LUCRO
SOCIEDADE ATÉ 4,8 DOIS OU VIGENTE
ATÉ 360 FATURAMEN- JUNTA
LIMITADA MAIS PRESUMIDO
MIL MILHÕES TO ACIMA DE COMERCIAL
SÓCIOS OU LUCRO
R$ 3,6 REAL
MILHÕES

NECESSÁRIO PARA
OPTAR PELO SIMPLES
PAGAMENTO NACIONAL, OFERECE
SOCIEDADE DE IMPOSTOS VANTAGENS EM
LIMITADA POR GUIA DE LICITAÇÕES PÚBLICAS
VALOR FIXO E NÃO EXISTE A
CONTRATAÇÃO DE
JOVEM APRENDIZ.

Observação: Os limites de faturamento para enquadramen-


to podem ser alterados anualmente pelo governo.

2.3 REGIMES TRIBUTÁRIOS


De acordo com a legislação vigente, a apuração dos impostos
e a adoção dos critérios tributários, pode ser feita por quatro
regimes, todos com suas vantagens e desvantagens.

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2.3.1 SIMEI
SIMEI é o sistema de recolhimento de valores fixos mensais.
Não há muito mistério aqui, basicamente é o Regime que
permite a uma empresa MEI recolher seus tributos.

2.3.2 SIMPLES NACIONAL


Neste caso não existe um valor fixo. O cálculo do imposto a
ser pago, é feito de acordo com a atividade exercida pela em-
presa, o chamado CNAE. É ele quem determina em qual
anexo e qual a alíquota percentual a empresa irá pagar sob
cada nota emitida. Entretanto, por ainda se tratar de um tipo
de regime simplificado, os impostos (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS,
INSS, IPI, ICMS e ISS), ainda são pagos em uma única guia
mensal, a DAS. Imposto este que corresponde ao valor calcu-
lado sobre a somatória de todas as notas fiscais emitidas
pela empresa ao longo do mês.

Em resumo, nem todas as pessoas jurídicas podem optar


pelo Simples. Ele é um sistema especial, dedicado a benefi-
ciar apenas as micro e pequenas empresas. Apenas podem
participar desse regime empresas que tenham faturamento
de até R$ 4.800.000 por ano, como falamos acima.

2.3.3 LUCRO PRESUMIDO


É indicado para empresas com faturamento bruto anual

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SEU NEGÓCIO

superior à 48 milhões e de no máximo 78 milhões. Aqui a


apuração do IRPJ (Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas) e
da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), adotam
como base do cálculo do valor a ser pago, ou seja, uma
margem de lucro pré-fixada (presumida). Esta margem é cal-
culada a partir da presunção do lucro da empresa, por meio
de uma aproximação fiscal determinada a partir de sua
receita bruta e outras receitas sujeitas à tributação.

As empresas optantes por esta modalidade, não podem


aproveitar os créditos gerados por PIS e COFINS, por não se
enquadrarem no sistema não cumulativo. Porém elas têm a
vantagem de poder recolher ambas as contribuições com alí-
quotas mais baixas do que a modalidade de Lucro Real.

2.3.4 LUCRO REAL


O Lucro Real traz o cálculo exato de quanto sua empresa
ganhou ao longo do ano, descontando-se as despesas. Desse
modo, para se apurar quanto deverá ser pago em impostos,
a empresa precisa saber exatamente qual foi o seu lucro. A
empresa deverá usá-lo como a base de cálculo do Imposto de
Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL). Eles são apurados pela pessoa jurídica e acrescido de
ajustes (positivos e negativos) requeridos pela legislação
fiscal. Por este motivo, tende a gerar mais despesas em im-
postos e cumprimento de obrigações acessórias.

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FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

No Lucro Real, o Programa de Integração Social (PIS) e a Con-


tribuição para Financiamento da Seguridade Social (CO-
FINS) são determinados por meio do regime não cumulativo.
Ou seja, podem ser creditados os valores das aquisições rea-
lizadas para compensação tributária, de acordo com os pa-
râmetros legais. Há algumas exceções de atividades, que
mesmo optantes pelo Lucro Real, sujeitam-se ao regime
cumulativo do PIS e da COFINS, de acordo com os termos da
legislação. Existem empresas que são obrigadas a adotar
esse regime, como bancos e entidades que tenham rendi-
mentos no exterior.

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FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

2.4 COMO ESCOLHER MEU ENQUADRAMENTO,


MODALIDADE E REGIME TRIBUTÁRIO
PARA MEU NEGÓCIO DE IMPORTAÇÃO?
Agora que você já conhece os enquadramentos, modalidades
e regimes tributários, deve estar pensando: “Tudo bem Edu-
ardo, mas por onde eu começo?”

2.4.1 FASE PRÉ-OPERACIONAL


Se você ainda não tem CNPJ e ainda pretende validar seu
mercado, comece com um MEI fazendo importação expres-
sa. Quando você estiver prestes a estourar o limite do MEI,
isso pode ser um bom sinal que há mercado para seus pro-
dutos e é hora de migrar para o Simples Nacional.

2.4.2 FASE OPERACIONAL


Agora que você está no Simples Nacional, começará a ter
cara de “empresa de verdade”.
O simples é uma fase transitória, que permite que você
possua um custo de folha de pagamento menor. É hora de
experimentar a primeira importação formal. Mas atenção,
ainda que a apuração dos impostos do Simples seja via DAS
(documento simplificado que reúne todos os tributos numa
única guia), na importação os impostos devem ser calcula-
dos exatamente da mesma forma que qualquer empresa.
Acontece que, no Simples Nacional, não há um sistema de

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FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

aproveitamento de créditos de impostos. Então não espere


alcançar o limite do Simples para sair. Se você pretende im-
portar com frequência, pode ser mais vantajoso ir logo para
o Lucro Presumido ou Lucro Real.

O governo disponibiliza uma ferramenta que permite fazer


uma comparação entre o Simples Nacional e o Lucro Presu-
mido: http://www.fgv.br/fgvtec/sebrae/simulador/index.aspx

2.4.3 FASE DE EXPANSÃO


Agora a “brincadeira ficou séria”. Você traz pelo menos 1
container a cada 2 meses, já otimizou sua operação com um
ERP que saiba lidar com os nuances da importação, é a hora
de expandir seus negócios. No Lucro Presumido ou Lucro
Real não existe limite de faturamento, o céu é o limite (ou até
estourar seu radar).

LUCRO PRESUMIDO
No Lucro Presumido, o ICMS e IPI possuem regime de crédi-
to e débito. Por exemplo quando você importa, paga ICMS na
importação. Esse valor pago na entrada da mercadoria, é
revertido em crédito. Ou seja, ao apurar o ICMS, você totali-
za o ICMS das vendas e deduz do ICMS das entradas dentro
de um mesmo período de apuração.

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FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

No Lucro Presumido, como o próprio nome diz, o governo


presume sua margem de lucro. Sendo assim, os impostos que
incidem sobre o lucro, são calculados baseados no lucro pre-
sumido, não no Lucro Real. Para conhecer as alíquotas de im-
postos que incidem sobre o lucro, primeiramente, é preciso
identificar a atividade da empresa dentre os grupos a seguir:

GRUPO TIPOS DE ATIVIDADE CSLL

I Revenda para consumo de combustível derivado de petróleo, ácool elítico


carburante e gás natural

Venda de mercadorias - Transpor de Cargas - Serviçoes hospitalares -


Atividades imobiliárias - Atividade Rural - Construção por empreitada com
II emprego de material próprio - Industrialização com material fornecido pelo
encomendante - Outras atividades sem percentual especifico.

Serviços de transporte (exceto cargas) - Serviços em geral cuja receita bruta


III anual seja inferior a R$ 120.000,00 (exceto hospitalares, de transporte, de
profissão regulamentada)

Serviços em geral (inslusive mão-de-obra para construção civil e profissão


IV regulamentada) - Intermediação de negócios - Administração, locação ou
cessão de bens móveis, imóveis e de direitos de qualquer natureza.

LUCRO PRESUMIDO IRPJ CSLL CSLL


(Percentual sobre (Aliquota 15%) (Percentual sobre (Aliquota 9%)
ATIVIDADE a receita Bruta)
(Percentual prático a receita Bruta) (Percentual sobre
sobre a receita) a receita Bruta)

I 1,6% 0,24% 12% 1,08%

II 8% 1,20% 12% 1,08%

III 16% 2,40% 12% 1,08%

IV 32% 4,80% 12% 1,08%

Importante: Empresas que fazem importação


geralmente se enquadram no grupo II (Venda de mercadoria).

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
27
FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

Caso a empresa venha a apurar um "Lucro Presumido" supe-


rior a R$ 60.000,00 (R$ 750 mil de faturamento) no trimestre,
deve ainda calcular o valor do “Adicional de Imposto de
Renda”. Aplica-se então a alíquota de 10% sobre o excesso de
lucro.

LUCRO REAL
No Lucro Real não há presunção sobre o lucro. Isto é, os im- CSLL

postos que incidem sobre tal, são calculados sobre o lucro


apurado da empresa, ou seja, o Lucro Real. Optar pelo Lucro
Real vale a pena se a empresa possui um lucro líquido menor
que o presumido pelo governo: 8%, no caso do comércio. En-
tretanto, é preciso fazer as contas. Como a contabilidade deve
ser muito mais apurada, é comum os escritórios de contabili-
dade cobrarem mais caro para realizar o trabalho. Então, se
o ganho for pequeno, pode não valer a pena.

Na importação, uma das vantagens do Lucro Real é que todos


os impostos são apurados no regime de crédito e débito,
inclusive o PIS e COFINS.

Agora que você conhece todos os regimes, deve estar pensan-


do: Nossa, eu realmente preciso fazer contas agora. Sim, e por
isso, recomendo que você busque um bom contador. Um bom
profissional faz você ganhar dinheiro, e evita multas. Muito

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
28
FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

cuidado nessa hora, pois o barato pode sair caro. Então aqui
vão algumas dicas para contratar um contador:

Não contrate apenas pelo preço, o barato sai caro.


Visite o escritório antes e avalie se é um local organizado e
que utiliza tecnologia.
O contador já atende empresas que fazem importação em
seu portfólio?
O que usa em termos de tecnologia? Quais sistemas? Tem fer-
ramentas para troca de arquivos digitais? Lembre-se: Hoje
em dia é tudo eletrônico.
Por último, converse com ele e avalie se ele tem propriedade
no que fala. Use o que você aprendeu neste guia para validar.

2.5 RAMO DE ATIVIDADE


A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) é
uma forma de classificar a sua empresa de acordo com as
operações ou atividades realizadas. Trata-se de uma forma
padronizada de identificar as atividades econômicas em todo
o país, facilitando também o enquadramento tributário.

Para uma empresa que faz importação, é preciso lembrar no-


vamente: Não existe atividade de importação. O CNAE é rela-
cionado ao produto que você vai comercializar, e não ao país
do seu fornecedor.

Você pode possuir mais de um CNAE, caso a empresa realize

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
29
FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

mais de uma atividade. Para as empresas de comércio exte-


rior, é muito comum utilizar o CNAE de comércio atacadista
e seus subgrupos. A atividade que mais colabora para a gera-
ção do valor adicionado é considerada a atividade principal,
enquanto as demais atividades podem ser incluídas como ati-
vidades secundárias.

Depois de definidas as atividades que serão executadas, você


pode consultar a tabela do CNAE através da internet pelo site
www.cnae.ibge.gov.br.

É prudente que você tenha na sua atuação, a atividade de


comércio exterior. Não é necessário constar na razão social,
mas muita gente faz. Exceto se você for uma trading, então de
fato você é uma empresa de importação e exportação, então
é bastante recomendado.

2.6 HABILITAÇÃO NO RADAR


O RADAR, também conhecido como Registro e Rastreamento
da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros, é o sistema da Re-
ceita Federal que permite que empresas possam importar e
exportar. Ou seja, é a habilitação no Radar tornar sua empre-
sa uma importadora.

Para requisitá-lo é necessário preencher o formulário de soli

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
30
FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

citação da receita federal e entregá-lo na unidade da receita


federal mais próxima, juntamente com os seguintes docu-
mentos:

SODEA – Formulário de Solicitação de Dossiê Digital de Aten-


dimento com firma reconhecida de acordo com o modelo da
Receita Federal;
Requerimento de Habilitação com firma reconhecida de
acordo com o modelo da Receita Federal;
Termo de Responsabilidade com firma reconhecida de
acordo com o modelo da Receita Federal;
Contrato social e últimas alterações;
Cópia autenticada do CPF e RG do responsável legal;
Certidão Cadastral da Junta Comercial;
Certidão Simplificada da Junta Comercial (Ficha cadastral
simplificada);
Certidão negativa de débitos (referente a tributos federais,
dívida ativa da união e débitos trabalhistas);
É necessário possuir um certificado digital da empresa.

TAMBÉM PODEM SER SOLICITADOS OS


SEGUINTES DOCUMENTOS ADICIONAIS:
Alvará de funcionamento;
IPTU último ano;
Contrato de locação do imóvel da empresa;
Cópia da conta de energia elétrica ou telefone com nome e
endereço da empresa;
Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais
(DCTF), conforme estabelecido no art. 3º da Instrução Nor-
mativa SRF nº 583/05 (ReceitaNet).

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
31
FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

Basicamente, dentre os critérios de decisão para concessão


ou não do RADAR (exceto o expresso), a receita vai analisar
as seguintes informações no pedido da habilitação:

Estrutura física compatível com a operação;


Capacidade financeira da empresa.

É importante saber que empresas com pendências com o


fisco terão o Radar negado. Caso a empresa tenha impostos
refinanciados, este não será um impeditivo para a aquisição
do mesmo.

Durante o processo de concessão do Radar, a capacidade


financeira da sua empresa será analisada. É uma forma de
controle da receita federal para saber quem pode importar e
quem não pode.

Muitas vezes o contador pode fazer sua habilitação no Radar,


pois ele já tem a sua documentação na mão. Por isso é impor-
tante ter um contador experiente em comércio exterior.

Uma vez sua empresa habilitada no radar, você deverá fazer


o registro da sua empresa no SISCOMEX, o sistema da receita
que controla todo comércio exterior no Brasil. Quem opera o
SISCOMEX é o despachante aduaneiro. É ele quem vai regis-
trar todos os dados da sua importação. Na Importação
Formal é obrigatório ter um despachante aduaneiro.

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
32
FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

A norma que trata do Radar é a IN1603, que você pode verificar


no link abaixo.

http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=70354.

Antes de enviar os arquivos para a Receita Federal através


do portal e-CAC, é preciso renomeá-los. Isso serve para
manter o padrão dos documentos e realizar o upload dos
mesmos. Sem os nomes corretos, o processo será indeferido.

Veja abaixo os nomes dos documentos:

GRUPO RENOMEAR PARA

REQUERIMENTO DE Petição 1
HABILITAÇÃO

REQUERIMENTO DE Petição 2
HABILITAÇÃO DE USUÁRIO

DOCUMENTOS DE IDENTIFI-
CAÇÃO DO RESPONSÁVEL LEGAL Documento de Identificação

CONTRATO SOCIAL Comprobatório 1

ÚLTIMA ALTERAÇÃO Comprobatório 2


CONTRATUAL

CERTIDÃO DA Comprobatório 3
JUNTA COMERCIAL

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
33
FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

2.6.1 TIPOS DE HABILITAÇÃO


Existem basicamente 3 tipos de habilitação de RADAR:

Expressa Até 50 mil dólares (VMLD) num período de 6 meses


Limitada Até 150 mil dólares (VMLD) num
período de 6 meses
Ilimitada Acima de 150 mil dólares
(VMLD) num período de 6 meses

Dificilmente uma empresa que nunca importou vai conse-


guir RADAR ilimitado. A dica é começar pela habilitação ex-
pressa, que é mais fácil de ser conseguida, e se precisar, solic-
itar a revisão do radar para limitada ou ilimitada.

Lembrando que só é possível importar sem o radar nas im-


portações simplificadas. Os valores são limitados até U$
3.000,00 e a importação deve ser via courier (DHL, FEDEX).
Estes produtos não podem requerer licença de importação
específica.

2.6.2 Aumentando o limite do Radar

É muito comum (inclusive recomendo) que uma empresa


comece com Radar expresso, evolua para limitado, e por fim,
ilimitado. Isso inclusive ajuda na obtenção do Radar ilimita-
do, pois a empresa vai demonstrando aos poucos, capacidade

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
34
FORMALIZANDO
SEU NEGÓCIO

operacional e financeira para a receita federal.

Nesse caso, é necessário realizar uma novo requerimento de


habilitação, e dessa vez, selecionando a opção “REVISÃO DE
ESTIMATIVA”.

2.7 CHECKLIST
Vou facilitar seu trabalho! Aqui vai um checklist para abertu-
ra de uma empresa habilitada a fazer Importação Formal.
Segue o passo a passo:

1. Escolher o contador
2. Entregar os documentos
3. Contrato Social
4. Registrar o Contrato Social na Junta Comercial
5. Criação do CNPJ
6. Cadastro na Receita Estadual (inscrição estadual)
7. Alvará de funcionamento na prefeitura
8. Certificado Digital
9. Conta bancária
10. Habilitação no RADAR
11. Sistema Emissor de NF-e (se for simples tem muitas
opções, regime normal é preciso encontrar um sistema que
faça corretamente os cálculos e apuração dos impostos).

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
35
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR

Agora que você já sabe como se formalizar e conhece as


formas de começar a operar operações de importação, está
na hora de aprender a iniciar seu negócio. Uma das princi-
pais dúvidas de quem está nessa etapa é qual segmento de
produtos importar.

Nesse momento, é comum a pessoa recorrer a pesquisas


superficiais na internet e tentar descobrir produtos com
maior margem de lucro. Entretanto, nem sempre essa é uma
boa opção. Por exemplo: Imagine que você descobrisse que
importar roteadores Fortinet Fortigate-300c desse uma ex-
celente margem de lucro. Pois bem, então você importou
1000 roteadores desses. Pra quem você vai vender? Parece
difícil, certo? Agora imagine que você trabalhou durante 10
anos numa empresa de que presta serviços de segurança em
TI, e fez uma enorme rede de contatos na área. Ficou mais
fácil?

Nem sempre a margem de lucro é o mais importante. Pro-


cure escolher produtos para um segmento de mercado que
você possa utilizar seu conhecimento, experiência e net-
working a seu favor. Dessa forma será mais fácil vender e
mais difícil ser copiado por concorrentes.

Além disso, é importante verificar:

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
37
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR

A margem de lucro;
Barreiras tarifárias e não tarifárias;
Possuir fornecedores confiáveis;
Tendência de mercado;

Também não adianta iniciar com muita variedade de produ-


tos. O melhor é começar com uma linha de no máximo até 10
itens. Dessa forma você terá um projeto mais simples, seg-
menta melhor o mercado e reduz o risco de ficar com produ-
tos encalhados.

3.1 ENCONTRANDO FORNECEDORES


Algumas pessoas acham que para iniciar um negócio na área
de importação é preciso ter muito dinheiro. Mas já mostrei
aqui nesse guia formas de você começar pequeno, por exem-
plo, como MEI, importando por remessa expressa. Assim
você consegue validar o mercado antes de fazer investimen-
tos maiores.

Uma vez que você já tenha definido o segmento de mercado


que quer atuar, o site mais famoso do mundo para se encon-
trar produtos e fornecedores é o Alibaba. O Alibaba é a maior
empresa de e-commerce do mundo (sim, maior do que a
Amazon e o eBay juntos) e é também o diretório mais comple-
to que conecta fornecedores (em sua maioria da Ásia) a com-
pradores de todo o mundo. O Alibaba tem, literalmente, mil-

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
38
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR

hões de produtos de centenas de milhares de fornecedores,


por isso é possível encontrar de tudo no diretório.

Ao se pesquisar um produto, é necessário ter atenção às car-


acterísticas a seguir.

3.1.1 FOB
Uma das coisas que precisa ter em mente é o preço. No Aliba-
ba, geralmente você verá o preço FOB, que significa Free On
Board, ou seja, é o custo do produto sem incluir o frete inter-
nacional e o seguro.

3.1.2 QMP
(QUANTIDADE MÍNIMA PARA PEDIDOS)
QMP é o menor pedido que o fabricante está disposto a aceit-
ar. Nesse momento é importante verificar se, incluindo as
despesas de frete e seguro, o limite da sua importação por
remessa expressa (ou do seu radar) não vai estourar.

3.1.3 FORMAS DE PAGAMENTO


Existem vários métodos comuns de pagamento. Cada um tem
seus prós e contras tanto para o comprador quanto para o
vendedor. Abaixo, vamos dar uma olhada nas formas de pag-

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
39
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR

amento mais comuns e o nível de risco associado para você


como comprador:

ADIANTAMENTO (TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA)

Com uma transferência bancária, o fornecedor receberá o


pagamento total antes da produção começar. Este método de
pagamento carrega um alto nível de risco para o comprador
e geralmente não é recomendado quando se está lidando
com um fornecedor desconhecido. Há pouco ou nenhum
recurso para obter o seu dinheiro de volta se algo der errado.

CARTA DE CRÉDITO

Uma Carta de crédito é razoavelmente segura para ambos os


envolvidos. No entanto, ela carrega alguns procedimentos
complexos e, geralmente, só é recomendada para compras
maiores (20 mil dólares ou mais).

WESTERN UNION

Um método de pagamento arriscado para o comprador que


não é recomendado quando se trata de pagar fornecedores se
o pagamento não estiver protegido por um depósito em ga-
rantia. Geralmente, a Western Union só deve ser usada ao
lidar com pessoas que você conhece muito bem. Não há
recurso se algo der errado.

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
40
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR

PAYPAL

O Paypal é um método de pagamento popular para os com-


pradores já que apresenta um risco muito menor, facilidade
de uso e uma ótima proteção ao comprador. Apesar de ser
uma opção popular entre os consumidores, é menos popular
entre os fornecedores devido às dificuldades de retirar din-
heiro, as elevadas taxas de impostos e potenciais pedidos de
reembolso de compradores desonestos.

DEPÓSITO EM GARANTIA

Ao usar um serviço de Depósito em Garantia, o dinheiro do


comprador é retido por terceiros e só é pago ao fornecedor
depois que o comprador confirmar a entrega satisfatória do
seu pedido. O depósito em garantia é um método de paga-
mento razoavelmente seguro para comprar e vender online,
pois ele protege tanto o comprador quanto o fornecedor.

Geralmente, quando se está apenas começando, é bom procu-


rar fornecedores, ou negociar com eles, que aceitem PayPal
ou algum tipo de serviço de depósito em garantia para ofere-
cer o maior nível de proteção.

3.1.4 PROTEÇÃO
O Alibaba tem o seu próprio programa de verificação de for-

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
41
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR

necedores, que inclui vários níveis de verificação. Abaixo


está uma tabela que resume os três diferentes níveis de veri-
ficação que o Alibaba tem. Esses distintivos de verificação
aparecerão na listagem de produtos e nos perfis dos fornece-
dores. Procurar essas verificações é um bom primeiro passo.

Para além das verificações do Alibaba, também existem


serviços independentes de terceiros localizados na Ásia que
visitarão fábricas em seu nome para verificar a qualidade do
fornecedor e do produto. Falaremos novamente desses
serviços de verificação a seguir.

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
42
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR

3.2 SERVIÇOS DE INSPEÇÃO


Serviços de inspeção são serviços contratados pelo compra-
dor onde uma empresa isenta (que não seja ligada ao ser for-
necedor) vai enviar um funcionário ao fornecedor para
checar alguns pontos de controle acordados. Uma empresa
de inspeção profissional já tem um checklist criado a partir
da sua própria experiência, mas você ainda pode personal-
izar e incluir novos pontos de controle.
Serviços de inspeção são muito importantes, especialmente
para quem está começando a importar, ou quando inicia-se o
trabalho com um fornecedor novo. Basicamente, servem
para dar a certeza de que tudo o que foi negociado está sendo
cumprido. Ele praticamente garante (nenhum serviço é 100%
seguro) que as informações passadas pelos fornecedores são
verídicas.

A inspeção substitui a visita presencial. Dependo do volume


da importação, se você quiser fazer uma viagem pra China, é
muito bom, mas também muito caro.

A inspeção pode ser feito de duas formas:

Empresas de auditoria ou inspeção profissional;


Freelancers ou pessoas de sua confiança.

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
43
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR

Caso opte por realizar a inspeção com um freelancer, saiba


que ele precisará receber mais informações sobre os pontos
de controle. Geralmente estes possuem menor experiência.
Numa inspeção profissional o relatório costuma ser melhor e
mais detalhado.

3.2.1 PONTOS DE CONTROLE


Afinal, quais pontos de controle devem ser inspecionados?
Vamos ao checklist:

Certificar-se que a fábrica existe (sim, golpistas existem);


A fábrica tem os registros e certificados padrões chineses
para operar;
O número de funcionários compatível com a capacidade pro-
dutiva informada;
Possui maquinário compatível com a capacidade produtiva
informada;
A fábrica é limpa e organizada;
Possui capacidade de produção e entrega;
O produto final atende às especificações técnicas;
Você ainda pode adicionar ao checklist padrão itens person-
alizados, como por exemplo: Possui clientes no Brasil.

3.2.2 INSPEÇÕES TRADICIONAIS


X INSPEÇÕES ACREDITADAS
Como já percebemos, as inspeções tradicionais são realizadas
basicamente para dar mais segurança ao comprador. Mas em
alguns casos o órgão regulador brasileiro pode exigir um cer-

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
44
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR

tificado de inspeção. Nesse caso, devemos utilizar inspeção


acreditada.

Inspeção acreditada é quando o certificado de inspeção emiti-


do pela prestadora do serviço serve como válido pelo órgão
certificador no Brasil. Como o próprio nome sugere, nas
inspeções acreditadas o órgão fiscalizador acredita no laudo
do inspetor.

Por exemplo, se você vai importar brinquedos, o INMETRO já


possui um padrão de pontos de controle que devem ser checa-
dos. Esses pontos são definidos pelo INMETRO, e não por você.
Nesse caso, a prestadora de serviço que vai inspecionar, preci-
sa emitir um certificado de acreditação do INMETRO brasile-
iro. Se você contratar uma empresa que não possui esse cer-
tificado, o INMETRO não acreditará no laudo dessa empresa.

3.2.3 TIPOS DE INSPEÇÃO


Existem diversos tipos de inspeção que podem ser contrata-
dos. As mais comuns são:

Auditoria de fábrica: É a primeira auditoria e deve ser feita


antes de enviar qualquer remessa de dinheiro ao fornecedor.
Ela verifica itens de controle básicos, por exemplo: Se a fábri-
ca existe, se possui todos os certificados, e se a documentação
está em dia.

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
45
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR

Dica: Pode ser que a fábrica não aceite a inspeção. Nesse caso,
é melhor cancelar o negócio. Uma empresa profissional
aceita inspeção, pois entende que é parte do processo. Se a
fábrica pedir 30% antes de aceitar a auditoria, tenha quase
certeza de que é uma fraude. Geralmente o fato de a fábrica
aceitar a inspeção já implica em uma grande redução do
risco da operação.

Inspeção pré-embarque: Nesse tipo, o inspetor verifica o seu


lote de produto pronto (ou pelo menos 80% pronto). O objeti-
vo é realizar testes técnicos, por exemplo, de espessura,
gramatura, e outras especificações. Geralmente é feita antes
de pagar os últimos 70% da fatura. As inspeções também
podem tirar fotos, gravar vídeos do produto e até enviar uma
amostra em via aérea para o Brasil.

Existem também outras inspeções não tão comuns. São elas:

Inspeção de carregamento: É uma inspeção importante, mas


não muito utilizada. Serve para acompanhar a carga até o
lacre do container. O objetivo é garantir que todas as caixas
serão embarcadas corretamente. Como essa inspeção é feita
quando a fatura já está liquidada, muita gente prefere não
fazer. Acontece que quando a mercadoria é frágil ou quando
as condições de transporte são importantes, pode ser
necessário verificar como essa mercadoria está disposta no

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
46
COMO COMEÇAR
A IMPORTAR

container para evitar surpresas desagradáveis.

Auditoria social: Essa é mais rara, mas considero muito im-


portante para construção de uma marca sólida no mercado.
É solicitada para saber se na cadeia de produção não há tra-
balho infantil, trabalho escravo ou análogo, como carga
horária abusiva.

Inspeção de fabricação. É possível inspecionar o produto du-


rante a fabricação. Não é muito usada para produção em lote,
mas é muito útil para produção contínua. Se a fábrica sempre
produz para você, essa inspeção é uma boa ferramenta para
gestão da qualidade do produto.

3.2.3 QUANTO CUSTA UMA INSPEÇÃO


Normalmente, um serviço de inspeção custa em torno de 300
dólares. Dependendo de alguns fatores pode variar, como o
tipo de inspeção, a região onde a fábrica está localizada, e etc.
Por isso, é importante sempre buscar mais de uma cotação.

Algumas empresas são bastante conhecidas inclusive é pos-


sível visualizar os valores e serviços em seu site. São elas:

Sunplus (http://www.sunplusinspection.com/)
Qima (https://www.qima.com)
Vtrust (https://www.v-trust.com)

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
47
REALIZANDO
PAGAMENTOS

BILL
$
BILL
$$
BANK

1234 5678 1234 5678

PAY
REALIZANDO
PAGAMENTOS

4.1 TIPOS DE NEGOCIAÇÃO DE PAGAMENTO


Existem basicamente três tipos de negociação possíveis com
os fornecedores. São eles:

ANTECIPADA

A negociação de pagamento antecipada, é quando 100% do


pagamento é realizado antes do embarque. Como é muito
difícil e caro cobrar dívidas nas câmaras de arbitragem inter-
nacionais, essa é a forma de negociação mais comum. Esta
negociação é a que oferece mais segurança para o exporta-
dor. Normalmente o fornecedor pede 30% do pagamento
para iniciar a produção, e 70% antes do embarque.

À VISTA

A negociação à vista ocorre quando 100% do pagamento é


realizado até o desembaraço aduaneiro. O exportador pode
utilizar esse tipo de negociação, tendo como garantia a
emissão de documentos necessários para o desembaraço. Ou
seja, se ele não receber o dinheiro, sua mercadoria não sai do
porto.

À PRAZO

A negociação à prazo, é quando parte ou todo o pagamento é


realizado após o desembaraço aduaneiro. É muito incomum,

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
49
REALIZANDO
PAGAMENTOS

pois exige muita confiança. Geralmente só ocorre quando há


um relacionamento comercial de anos com um fornecedor.

4.2 COMO REALIZAR O PAGAMENTO


O pagamento ao exportador é realizados através de contratos
de câmbio, que nada mais são que contratos para compra e
venda de moeda estrangeira negociado e firmado entre um
exportador e qualquer banco estabelecido no Brasil autoriza-
do a operar em câmbio pelo Banco Central.

Além dos bancos existem diversas corretoras também autor-


izadas a executar os contratos. É sempre bom fazer uma
cotação com seu banco e com algumas corretores, pois elas
geralmente oferecem taxas melhores que a dos bancos.

Enviar dinheiro para o exterior sem justificativa caracteriza


crime de evasão de divisas.
A corretora ou banco que opera o contrato de câmbio respon-
de como co-responsável. Por isso, é necessário que o contrato
de câmbio esteja vinculado com a importação. Qualquer sus-
peita de fraude, a corretora certamente irá informar às auto-
ridades.

Muitas cooperativas de crédito não enviam dinheiro para


fora do Brasil, então, é interessante verificar isso antes de
abrir a conta bancária numa cooperativa. Nos bancos essa
operação é relativamente simples, podendo ser executada

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
50
REALIZANDO
PAGAMENTOS

através do internet banking.


O cenário mais comum é realizar 2 pagamentos ao exporta-
do: 30% na entrada e 70% após a produção (e antes do envio).
Por isso, geralmente no primeiro pagamento o documento
que demonstra a remessa de dinheiro que está sendo envia-
da é a Proforma invoice. Já no segundo pagamento, é a Com-
mercial invoice.

A Proforma invoice é o documento que dá início ao negócio.


Ela é uma espécie de “orçamento” que formaliza e confirma
a negociação. O documento é emitido pelo exportador após
os primeiros contatos. Já a Commercial invoice é o documen-
to de natureza contratual que espelha a operação de compra
e venda entre o importador brasileiro e o exportador
estrangeiro. É como se fosse, de fato, a nota fiscal.

O câmbio utilizado, será o oficial do dia. Entretanto, antes de


realizar a operação, verifique essas informações com o banco
ou corretora. Fique atento também em relação ao valor da
taxa de emissão do contrato de câmbio.
Geralmente o pagamento é realizado em 48 horas. Após isso,
é possível emitir o swift de pagamento, que nada mais é que
o comprovante que demonstra que o dinheiro já está na
conta do exportador.

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
51
REALIZANDO
PAGAMENTOS

4.3 CRÉDITO VIA FINIMP


FINIMP é uma modalidade de financiamento a partir do
repasse de uma linha de crédito concedida por um banco
estrangeiro. Através dele, é permitido efetuar o pagamento à
vista ao exportador no exterior.

Com esta linha de crédito, você consegue financiar uma im-


portação com taxas de juros internacionais. Trata-se de uma
lei do governo, então todo banco é obrigado a disponibilizar.
Acontece que, por oferecer taxas de juros menores, não é um
produto atrativo para o banco. Então é comum que seu ger-
ente “não conheça” esse produto ou dificulte o acesso a ele.
Mas saiba que ele existe. Então, se preciso, pesquise sobre
FINIMP na internet no site do seu banco, que certamente
você encontrará informações para confrontar seu gerente.

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
52
ENCONTRANDO
UM RAMO
DE NEGÓCIOS
LUCRATIVO
ENCONTRANDO UM RAMO
DE NEGÓCIOS LUCRATIVO

Um dos motivos pelo qual vale a pena realizar um bom tra-


balho de pesquisa, é encontrar um bom retorno sobre o capi-
tal investido. Como já vimos ao longo deste guia, importar
não é uma área de negócios, e sim, uma das atividades de
uma empresa que busca oportunidades com fornecedores
internacionais. Assim como qualquer atividade empreende-
dora, trata-se de um negócio que envolve risco, logo, é preci-
so que o lucro seja muito maior que às opções existentes de
mercado mais seguras, como aplicações de renda fixa, e até
mesmo ações.

Ser empresário não é coisa para pessoas muito conservador-


as. Não quer correr riscos? Coloque seu capital aplicado no
tesouro direto, em títulos pós fixados, e seja feliz com seus
rendimentos de IPCA + 5%.

Ao empreender, você precisa


responder a algumas perguntas:

E se der errado, como fica minha vida?


Qual é o retorno satisfatório que eu espero com esse em-
preendimento?
Em quanto tempo espero esse retorno?
Quanto tempo tenho para me dedicar a esse negócio?
Quanto preciso de capital inicial? Quanto de capital de giro?
Devo ter um pró labore pela minha dedicação, ou estou dis-
posto a me dedicar a espera do lucro das operações?
O que vou fazer com o lucro? Retirar ou reinvestir?
Preciso de um sócio?

GUIA DE IMPORTAÇÃO
PARA EMPRESAS
54
ENCONTRANDO UM RAMO
DE NEGÓCIOS LUCRATIVO

Repare que a maioria das perguntas são questões inerentes a


qualquer negócio. Todas essas questões precisam ser respon-
didas, e esse capítulo vai lhe ajudar a entender melhor as
variáveis que vão levar você a encontrar essas respostas.

5.1 ESCOLHENDO O PRODUTO IDEAL


No item 3.1 falamos um pouco sobre a escolha dos fornece-
dores. O site mais recomendado para se encontrar bons for-
necedores, se você não possui relacionamento com algum, o
Alibaba certamente irá te ajudar!

A escolha do produto deve contemplar uma série de fatores


que vamos abordar a seguir.
Vamos falar sobre: Oportunidades de negócio, margens de
lucro, canais de venda, regulamentações, etc. Vamos nessa?

5.1.1 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO


Margem de Contribuição é a diferença entre a receita obtida
através da venda de um produto e seu custo variável. Por ex-
emplo, se o custo para adquirir um produto é de R$ 80,00 e
você vende por R$ 120,00, a margem de contribuição é de R$
40,00.

A margem de contribuição deve ser utilizada como um fator


de corte na escolha dos produtos. O lucro é pré-requisito de

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qualquer negócio, ele precisa existir para que o negócio


possa expandir. E também, para que possa dar satisfação e
retorno aos sócios, investidores e colaboradores.

Mas como calcular a margem de contribuição dos meus pro-


dutos? Já vimos nos capítulos anteriores como calcular o
custo de um produto importado. Acontece que, como você
deve ter percebido, calcular o custo exato implica em classifi-
car o produto, encontrar as taxas e impostos relativas a essa
classificação, e realizar todos os cálculos. De fato, enquanto
estamos analisando muitas opções, esse método por ser
pouco eficaz.

Quando se está na fase de prospecção utilizamos um método


mais simples: O dobro. O método do dobro, é uma simplifi-
cação feita para facilitar a busca de boas oportunidades de
negócio. Ele prevê que o custo de um produto no Brasil (na-
cionalizado), será o dobro do seu custo no local do embarque.
Apesar de uma aproximação simplista, a margem de erro é
pequena e, geralmente, erra-se para menos. Dessa forma, o
erro acaba aumentando a margem de lucro no fim das
contas.

Uma vez calculado o custo aproximado, é hora de descobrir


se existe real oportunidade para uma boa margem. Caso o
produto gire muito, você pode aceitar uma margem pequena,
mas é preciso ter um grande volume de investimento. Por

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isso, para quem está começando, é melhor encontrar nichos


lucrativos, ao invés de concorrer em volume.

5.1.2 REGULAMENTAÇÕES
Outro fator utilizado na escolha dos produtos, é se os mesmos
possuem ou não a necessidade de regulamentação de órgãos
anuentes. Essa necessidade de regulamentação não é um im-
peditivo, mas adiciona uma camada de complexidade (e
custos) ao seu processo.

Para saber se um produto possui ou não regulamentação, é


preciso consultar a estes órgãos. Cada um deles tem sua
própria lista. Alguns são mais óbvios, como medicamentos
(ANVISA), brinquedos (INMETRO) e drones (ANAC). Mas caso
tenha dúvidas, consulte seu despachante aduaneiro (ou
alguma assessoria).

5.2 ESCOLHENDO O CANAL DE VENDAS


Existem diversos possíveis canais para vender seus produtos.
Dependendo do canal utilizado, a margem projetada deve ser
diferente. Abaixo listamos os principais:

5.2.1 REPRESENTANTES
Utilizar canais de representantes (ou representações comer-

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ciais), é a maneira mais rápida para dar giro aos produtos im-
portado. Representantes buscam vender seus produtos para
varejistas, por isso, utilizando esses canais, a margem de lucro
é menor. Porém o giro dos produtos é maior. Além disso, os
representantes recebem de 5% a 10% do valor das vendas
como comissão.

Encontrar bons representantes com experiência prévia em


um determinado mercado é fundamental para o negócio ser
bem sucedido. Geralmente eles já possuem uma história em
seu segmento, além da sua própria carteira de clientes. Isso
que faz com que consigam tracionar vendas rapidamente. Um
bom lugar para começar as buscas é no CORE (conselho
regional dos representantes comerciais do estado) do seu
estado.

Encare os representantes como empresários de micro ou


pequeno porte. Se o seu produto for bom e apresentar mar-
gens boas, você irá atrair profissionais que estarão dispostos a
dividir riscos e oportunidades na busca de negócios para sua
empresa. Em via de regra, a margem de contribuição pratica-
da nesse canal, geralmente, é de 100%. Ou seja, um produto
que custa R$ 50,00 deve ser comercializado por R$ 100,00.

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5.2.2 LOJA FISICA (VAREJO TRADICIONAL)


Uma das formas mais tradicionais de vendas é o varejo físico,
ou seja, a loja. A loja física permite que sejam melhor tra-
balhados atributos como relacionamento com o cliente, ex-
periência, atendimento, além de permitir fixar melhor sua
marca. Também permite atingir todo público transitivo da
região. Entretanto, tudo isso tem um preço.

Montar uma loja física não é barato, então aumenta-se con-


sideravelmente o investimento a ser realizado. Muitos em-
presários utilizam a própria experiência como guia para
escolha da localidade. Como não há nenhum dado de merca-
do que embase essas decisões, as chances de falhar são altas.

Abrir uma loja física demanda entender os detalhes sociode-


mográficos dos arredores do local escolhido. Avaliar as pes-
soas que moram e trabalham naquela região, sua renda,
faixa etária, classe social etc.

Em via de regra, a margem de contribuição praticada nesse


canal, geralmente, é de 200%. Ou seja, um produto que custa
R$ 50,00 deve ser comercializado por R$ 150,00. Apesar do
lucro ser maior, é importante lembrar que o varejo possui
um giro menor. Nesse caso, você precisa dessa margem para
pagar seus custos fixos por mais tempo.

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5.2.3 LOJA VIRTUAL (VAREJO ONLINE)


O varejo online é um mercado que vem crescendo dois dígi-
tos ao longo dos últimos anos, e é uma estratégia muito prom-
issora. Para quem está começando, o mundo online permite
que se tenha menores custos fixos. Entretanto, uma das
grandes armadilhas é acreditar que as pessoas vão natural-
mente visitar seu site e comprar seu produto. Isso não vai
acontecer.

Para ter sucesso é preciso uma estratégia de marketing


online. Você vai precisar contratar um profissional de mar-
keting ou uma agência. Será demandado investimento em
anúncios online, posts patrocinados, dentre outros canais de
aquisição pagos. No mundo online, troca-se o custo fixo pelo
custo variável. Por isso, é muito importante medir o CAC
(custo de aquisição de clientes) e manter uma relação
saudável entre o valor investido em anúncios e o faturamen-
to.

Outra vantagem do mundo online são os marketplaces. Mar-


ketplaces são sites que já dispõem de audiência (submarino,
americanas, etc.) onde você pode anunciar seus produtos. Os
marketplaces são uma ótima forma de distribuir seus produ-
tos para um público que você jamais imaginou que alca-
nçaria.

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Os marketplaces geralmente cobram de 11% a 25% do valor


da venda, dependendo do tipo de produto. Na média, o mer-
cado livre vai abocanhar em torno de 16% da sua margem e
a B2W 20% (dados de 2019). Devido a esse alto custo variável,
os marketplaces são muito utilizados como uma forma de dar
mais giro ao estoque.

5.2.4 OMNICHANNEL
Omnichannel se baseia na utilização de canais online e
offline, de forma que o consumidor não veja diferença entre
esses dois mundos, aumentando todas as possibilidades de
interação.

Essa tendência é uma evolução do conceito de multicanal,


pois é completamente focada na experiência do consumidor
nos canais existentes de uma determinada marca.

Como exemplo, existem os aplicativos móveis, que combi-


nam o layout do site com a temática interna das lojas físicas.
De forma prática, isso propicia ao consumidor, utilizar todos
os canais disponibilizados pela organização e a quebra das
barreiras entre o mundo físico e o digital.

Por meio da integração de canais, o consumidor satisfaz suas

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necessidades onde e quando desejar. Decide o momento mais


confortável para ele, não havendo restrições de local, horário
ou meio.

O omnichannel coloca o consumidor como o “centro do uni-


verso”, criando uma percepção positiva de sua experiência
com a empresa. É marcado principalmente pela facilidade de
acesso proporcionada, tanto pela presença digital da marca
como suas (Redes sociais, mobile e etc), quanto por suas
instalações físicas (Lojas, estandes, quiosques, etc).

5.3 CONCLUSÃO
Negócios baseados em importação representam uma grande
oportunidade, mas necessitam de planejamento. Esse plane-
jamento passa pela escolha dos produtos, estratégias de mar-
keting e um bom controle financeiro dos custos.

Dentre as estratégias de distribuição existem as de menor


giro, menor faturamento, maior margem e custo fixo maior,
geralmente ligadas ao varejo (físico ou online). Para esses
negócios, a margem de contribuição deve ser de, no mínimo,
200% (vender pelo triplo), e a margem de lucro esperada de
15% a 30%.

Já as estratégias baseadas em B2B (business to business), ba-

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seadas em distribuição (atacado), possuem maior giro, maior


faturamento, menor margem e custo fixo menor. Para esses
negócios a margem de contribuição deve ser de, no mínimo,
100% (vender pelo dobro do custo).

Também é necessário uma boa dose de paixão pelo negócio.


Nada substitui o brilho nos olhos do empreendedor. A paixão
faz com que o empreendedor tenha uma excelente execução
de seu projeto, e por esse motivo, produtos que não deram
certo para um empreendedor podem dar certo para outros.

O que você sabe vender? O que tem a ver com você? O que te
motiva? Talvez essas perguntas sejam tão importantes
quanto todo o planejamento. Mas, claro, sem esquecer de
fazer as contas. Só paixão não basta.

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AUTOR
Eduardo Ferreira é formado em Ciência da Computação pela
UFRJ, pós graduado na PUC em Gerência de Projetos e
Soft-ware. Em 2007 fundou a Mainô na Incubadora de Em-
presas da COPPE.

Através da Mainô já ajudou mais de 1.000 empresas de


comércio exterior e distribuição a digitalizarem a gestão do
seu negócio.

Eduardo Ferreira
CEO e Co-Fundador da Mainô

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