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São Paulo
2023
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Escola de Comunicações e Artes
São Paulo
2023
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“A consciência é o melhor livro de moral e o
que menos se consulta.”
- Blaise Pascal
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 5
2 DESENVOLVIMENTO......................................................................................................................5
2.1 Análise da frustração com a campanha da “McPicanha”............................................................ 5
2.2 Conar e McPicanha......................................................................................................................7
3 DECEPÇÃO COM A SHEIN............................................................................................................ 8
3.1 Conar e Shein.............................................................................................................................10
4 CONCLUSÃO................................................................................................................................... 10
5 ANEXOS............................................................................................................................................ 11
6. REFERÊNCIAS................................................................................................................. 12
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1 INTRODUÇÃO
A publicidade tem uma longa história que remonta a civilizações antigas. No entanto,
a publicidade moderna, como a conhecemos hoje, começou a se desenvolver durante a
Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX. Com o aumento da produção em larga escala
e o surgimento de produtos para consumo em massa, as empresas viram a necessidade de
promover seus produtos de maneira mais organizada.
Os jornais desempenharam um papel crucial no surgimento da publicidade moderna.
O primeiro anúncio pago em um jornal foi publicado em 1704 nos Estados Unidos. À medida
que os meios de comunicação evoluíram, a publicidade também se diversificou, abrangendo
rádio, televisão e, mais recentemente, a internet.
Desde então, técnicas para cativar o público e manter sua compra surgem, à medida
em que os consumidores não se sentem mais impactados com determinada forma de
mensagem. Sendo assim, a mensagem foi se modificando e houveram formas diferentes de
chamar a atenção, desde anunciando descontos, dando elogios aos seus produtos e, o mais
recente, usando a narrativa para se destacar. O mercado, no entanto, foi além. Algumas
empresas utilizam a narrativa (storytelling), já destacada como poderosa devido ao alto teor
de manipulação e conexão emocional com o telespectador, para conseguir manipular seu
público e dessa forma converter sua fala como verdadeira quando, na verdade, ocorre alguns
casos, mentira, omissão e manipulação de narrativa..
Logo, neste trabalho utilizaremos os artigos de Laer (2011) e Sher (2016) para
fundamentação das afirmações e também relataremos como a narrativa, associada aos
distratores, foi utilizada no caso do McDonald's e da Shein para construir um cenário propício
para as vendas.
2 DESENVOLVIMENTO
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das redes sociais sobre o fato dos clientes serem induzidos a achar que o lanche teria a carne
picanha, mas se depararem apenas com uma carne normal, enganando-os através do uso
conscientemente inadequado na linguagem publicitária.
Dessa maneira, o comercial conseguiu a primeiro momento atingir o interesse de um
público altamente numeroso e bater altos números de vendas e repercussão do seu novo
lanche em lançamento. Contudo, foi necessário pouco tempo para que as discussões e
denúncias em relação à campanha começassem a serem vistas ao redor da internet.
Ademais, é possível perceber que o nome do lanche por si só cria um desejo
intrínseco pelo produto, mas ao mesmo tempo omitem informações - que a palavra “picanha”
se referia somente ao aroma da picanha - com o intuito de vender, mesmo que para tal se
utilizassem da persuasão enganosa, o que na visão de Sher (2011) gera decepção e a
manipulação do consumidor.
Sobre isso, chegou até ao nível de um blog dedicado a avaliações gastronômicas
ameaçar levar o caso ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR).
Conselho esse que, para cumprimento de sua missão de impedir a publicidade enganosa,
deveria agir exigindo a alteração da campanha e solicitando uma retratação da empresa sobre
suas reais intenções com o uso da palavra “picanha” na campanha.
Assim, seguindo o esquema proposto por Sher (2011) “Is it manipulative?”, ao
anunciar um lanche de carne nobre com um preço abaixo do usual, a marca atinge o público
tanto de classe maior que já consome esse tipo de carne casualmente e portanto, tem a
possibilidade de seguir consumindo-a frequentemente, quanto o público de poder aquisitivo
menor que se vê possibilitado em consumi-la. Ao utilizar essa técnica, a empresa que realizou
o anúncio, explora aspectos de desejo e fragilidades do público-alvo, e assim consegue
induzi-los à compra.
Seguindo com o esquema proposto por Sher (2011), para conseguir entender se uma
ação pode de fato ser taxada como manipulativa ou não, há o questionamento se a
propaganda se utiliza de alguma vulnerabilidade, para definir o processo de compra. E sim, o
comercial do McPicanha utiliza da vulnerabilidade das pessoas de baixo poder aquisitivo que
se vêem finalmente em condições de consumirem carne de qualidade alta a um preço que se
sentem capazes de pagar. Logo, é notório que a propaganda do lanche possui um teor
manipulativo, perante aos consumidores.
Na visão de Laer (2016), o “storytelling produz a suspensão da descrença, possui
efeitos persuasivos duradouros, é involuntariamente afetivo e produz ações reais” (tradução
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livre, p. 2). Ou seja, colocando tal frase em prática no caso do lanche da grande marca, os
consumidores ao verem a imagem de um boi seguido do corte da carne e o nome MC Picanha
suspendem a crença de que a marca não seria capaz de vender essa carne de grande qualidade
em um lanche. Até porque, o preço desse lanche também era outro fator que colabora para a
tese de que o nome seria fiel ao produto.
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fere normas e códigos brasileiros e não justifica que não haja uma notificação clara sobre
quais são os ingredientes utilizados para esse alimento.
Entretanto, como já citado, o Conselho de Autorregulamentação Publicitária é o
responsável por não permitir que os consumidores sejam lesados, como aconteceu nesse caso.
Com uma forte publicidade em um reality com alta audiência, é evidente que a decepção foi
causada após o consumidor ser bombardeado por publicidades que ressaltaram o termo de
uma carne de alto nível, sendo uma novidade na rede de fast food porém, ao comprar o
produto, se deparou com algo que não foi o sugestivo. Para alguns consumidores, eles
pagaram por algo e levaram outra coisa sem o consentimento deles, sendo manipulados pelos
distratores da campanha e título.
Como consequência da violação de artigos fundamentais do CONAR, a empresa foi
notificada e refez suas campanhas publicitárias a fim de esclarecer e deixar evidente qual
realmente é o produto ofertado pela empresa de lanches evitando, desse modo, que os clientes
tenham que lidar com a decepção de comprar algo que não era o ofertado. Para isso, refez o
anúncio com o seguinte texto: “Agora é hora dos novos Mac… OPA, opa, opa! Foi mal,
galera! A gente vacilou na escolha do nome do nosso novo sanduíche. Por isso, a gente
resolveu tirá-lo do cardápio”. Concluindo com a promessa de mudança de nome e a volta do
mesmo produto só que, dessa vez, com as especificações corretas (ANEXO 2)
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de e-commerce. E resultou em acordo em que o site internacional concordou
em retirar do ar campanha em que utilizava o slogan ‘tudo brasileiro, feito
para o seu corpo’, referindo-se às roupas que comercializa. Esta peça
constitui propaganda enganosa, já que quase a totalidade dos itens à venda
neste site internacional não são fabricados no Brasil.”
A Shein, por sua vez, retirou o trecho do referido anúncio do ar através de um corte
no vídeo. Contudo, em comunicado, mostrou-se contrariada à situação:
“A Shein informou que não retirou a campanha do ar, mas editou o
comercial. A companhia ressalta que a alegação da Abvtex está
descontextualizada, considerando que a redação original do anúncio
modificado era “Na minha Shein só tem as trends do momento, tem saia,
blusa, jeans. Amor, tudo brasileiro, feito para o nosso corpo.” e que as
alegações de propaganda enganosa partem de má compreensão por parte da
Abvtex dos negócios desenvolvidos pela Shein no Brasil, quanto do próprio
anúncio. Por questão de confidencialidade, a SHEIN não comentará sobre
ajustes específicos do acordo celebrado no Conar.”
Tais alegações da Shein ressoam com a declaração feita em 2023 de nacionalizar 85%
das vendas até 2026, aderindo ao programa do Fisco necessário para garantir a isenção de
compras feitas no exterior de até US$ 50.
Com má interpretação da Associação ou não, de acordo com o modelo proposto por
Sher (2011), “Does the marketer intend to bring about consumer misconception by presenting
false claims” (tradução livre: “O vendedor pretende levar o consumidor ao equívoco
apresentando afirmações falsas”), a campanha da Shein é manipulativa pois intenciona fazer
o consumidor acreditar que “tudo” - que pode compreender desde a nacionalidade da empresa
até seus produtos - é brasileiro, sendo que de fato a marca é de origem chinesa e possui como
ponto forte o baixo preço através de exportações.
Já pensando na pesquisa de Laer et al. (2016), descobre-se que, o número de
contadores de uma história, no caso, a campanha e outros lugares onde a Shein anuncia, como
no seu Instagram, está positivamente relacionado ao sucesso do efeito do transporte narrativo
que se manifesta nas “respostas, crenças, atitudes e intenções afetivas e cognitivas dos
receptores da história, impedindo-os de serem arrebatados por uma história e transportados
para um mundo narrativo que modifica a sua percepção do seu mundo de origem” (LAER et
al. ., 2014, pág. 801). Ou seja, se não fosse a ação da Abvtex, a tempo, a Shein poderia ter
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transmitido essa mensagem a um número maior de canais (o que o artigo chama de “diversas
vozes”), atingindo mais pessoas, obtendo melhores resultados de persuasão.
4 CONCLUSÃO
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marcas exploram as potencialidades do storytelling, o compromisso com a ética torna-se a
bússola que guia a criação de narrativas autênticas, impactantes e socialmente responsáveis.
5 ANEXOS
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6. REFERÊNCIAS
LAER, V. et al. Ethical Implications of Story Domain, Teller, and Receiver for the Narrative
Transportation Effect. City, University of London Institutional Repository: [s.n.].
PODER360. Shein edita campanha após ação do Conar por propaganda enganosa.
Disponível em:
https://www.poder360.com.br/economia/shein-retira-campanha-apos-acao-do-cona
r-por-propaganda-enganosa/. Acesso em: 6 dez. 2023.
PODER360. Shein quer nacionalizar 85% das vendas até 2026, diz diretor.
Disponível em:
https://www.poder360.com.br/economia/shein-quer-nacionalizar-85-das-vendas-ate
-2026-diz-diretor/. Acesso em: 6 dez. 2023.
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Quem Somos. Disponível em: https://www.abvtex.org.br/sobre-a-abvtex/. Acesso
em: 6 dez. 2023.
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